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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA II

Professor Esp. Luiz Guilherme Guimarães de Jesus


Universidade de Marília
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001
CEP 17.525–902- Marília-SP

Reitor Pró-reitor Administrativo


Márcio Mesquita Serva Marco Antonio Teixeira
Vice-reitora Direção do Núcleo de Educação a Distância
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Paulo Pardo
Pró-Reitor Acadêmico Coordenação Pedagógica do Curso
Prof. José Roberto Marques de Castro Ana Lívia Cazane
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
Comunitária B42 Design
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva

F385m sobrenome, nome


nome livro / nome autor. nome /coordenador (coord.) - Marília:
Unimar, 2021.

PDF (00p.) : il. color.

ISBN xxxxxxxxxxxxx

1. tag 2. tag 3. tag 4. tag – Graduação I. Título.

CDD – 00000

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que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A
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Penal.

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BOAS-VINDAS
Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos
nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR –
Universidade de Marília.

Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não


conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino
superior bem feito.

A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base


na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão
de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade,
capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio,
a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização
e da solidariedade humanas.

A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos


sonhos, conquistas e desafios.

A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de


350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também
do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais
de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram
suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR.

Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR


com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática
e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa
de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa
está ligada de forma indissociável à educação.

Nós nos comprometemos com essa educação transformadora,


investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja
ofertada e esteja acessível a todos.

Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu


futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos
parceiros neste momento e não mediremos esforços para
o seu sucesso!

Não vamos parar, vamos continuar com investimentos


importantes na educação superior, sonhando sempre. Afinal,
não é possível nunca parar de sonhar!

Bons estudos!

Dr. Márcio Mesquita Serva


Reitor da UNIMAR

3
Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida!

Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado


em um curso de ensino superior em uma Universidade de
excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada
minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino,
a pesquisa e a extensão universitária.

Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as


oportunidades, faça amizades e viva as experiências que
somente um ensino superior consegue proporcionar.

Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede


do campus universitário localizado na cidade de Marília,
navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog
e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR!

Muito obrigada por escolher esta Universidade para a Profa. Fernanda


Mesquita Serva
realização do seu sonho profissional. Seguiremos,
Pró-reitora de Pesquisa,
juntos, com nossa missão e com nossos valores, Pós-graduação e Ação
sempre com muita dedicação. Comunitária da UNIMAR

Bem-vindo(a) à Família UNIMAR.

Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu


projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são as
pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam
se estiverem capacitadas para isso.

Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação


pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo,
inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você
tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso,
que você possa desenvolver as competências e habilidades
necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu
presente, neste momento mágico em que vivemos.

A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de


sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para
apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo
seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você
tem a gente para seguir junto com você. Prof. Me. Paulo Pardo
Coordenador do Núcleo
Sucesso sempre! EAD da UNIMAR

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007 Aula 01: Juros Compostos e Operações Comerciais

013 Aula 02: Taxa de Custo do Capital

018 Aula 03: Análise de Investimentos

024 Aula 04: Análise de Investimentos

029 Aula 05: Índices Contábeis

035 Aula 06: Análise de Investimentos

040 Aula 07: Fluxo de Caixa

044 Aula 08: Demonstração do Fluxo de Caixa

050 Aula 09: Riscos

055 Aula 10: Inflação e Correção Monetária

061 Aula 11: Sistemas de Amortização

066 Aula 12: Sistemas de Amortização

071 Aula 13: Sistemas de Amortização

075 Aula 14: Projetos

081 Aula 15: Projeção de Resultados

085 Aula 16: Viabilidade de Projetos

5
Introdução
Em um mercado globalizado, o gestor deve se atentar a inúmeros fatores
macroeconômicos, microeconômicos e os da própria empresa. A concorrência,
os fornecedores, os clientes e o sistema financeiro é mundial, aumentando a
complexidade nas tomadas de decisões. Decisões diárias e de rotina, bem
como orçamentos e planejamentos estratégicos anuais sofrem interferência de
fatores econômicos e financeiros, portanto, é de extrema importância o amplo
conhecimento de cada fator, bem como a interconexão entre eles.
Conhecimentos em matemática financeira, como o efeito do tempo sobre o
dinheiro, juros simples e compostos, taxas de custo e risco de capital e sistemas
de amortização compõem uma base matemática essencial para avançar nas
demais questões de fluxo de caixa, orçamentárias e de investimentos.
Relacionar os fatores financeiros com os fatores produtivos, de vendas e
operacionais exigem uma visão ampla do negócio, o que em um primeiro
momento pode parecer complexo, mas ao analisar e compreender cada item
de forma individual, ao consolidar as informações e desenvolver um orçamento
e/ou planejamento, fica fácil juntar as peças e ter assertividade nas tomadas de
decisões.
O mercado financeiro é uma fonte importante de financiamento para as
empresas e que está sujeito a interferências constantes de questões, como o
cenário político mundial e nacional, como guerras, pandemias e demais
instabilidades políticas em geral, que aumentam as taxas básicas de juros e,
consequentemente, o custo da aquisição de capitais. Ou seja, o gestor, além de
conhecer bem o core do seu negócio, deve estar atento aos cenários para ter
melhores resultados em buscar ou quitar recursos oriundos do mercado
financeiro.
Além disso, o gestor deve relacionar essas informações com a situação
econômica e financeira da empresa no presente por meio da análise das
demonstrações contábeis, tais como Balanço patrimonial, Demonstração do
Resultado do Exercício e Demonstração do Fluxo de Caixa, bem como os
índices gerados através dessas demonstrações, mas também analisar as
projeções dessas demonstrações de cada projeto, verificar os prós e contras. E,
por fim, após analisar o contexto da empresa em si, da economia e do país para
tomar decisões. Afinal, a empresa, obrigatoriamente, está inserida em um país,
um mercado, e os cenários em que está inserida afetam diretamente seus
resultados.

6
01

Juros Compostos e
Operações Comerciais
Juros Compostos
Contexto econômico
A maioria das operações no Mercado de Crédito, um dos componentes do
Mercado Financeiro por meio da qual são realizadas as operações de
financiamentos, arrendamentos mercantis e operações de empréstimos dos
mais variados portes, para pessoas físicas e jurídicas, é realizada através de
cálculos com juros compostos, que possuem como característica um efeito
cumulativo de resultados anteriores a cada incidência de juros sobre o
montante, chamado também de capitalização composta. Veja:

Figura 1 – Relação entre juros compostos e simples

Montante ($)
Juros Compostos

Juros Simples

C Tempo (n)
1

Fonte: Vianna (2018, p. 24).

8
Perceba que o crescimento da curva dos Juros Simples é linear, ou seja, a
incidência dos juros será sempre sobre o valor do Capital Inicial, por isso, ela irá
apenas acrescentar a parcela dos juros do período em questão ao montante. Já
nos juros compostos, a incidência dos juros será sobre o valor atualizado do
Montante, ou seja, os juros serão maiores, gerando uma curva de montante
cada vez mais progressiva e exponencial. Fato este que conseguimos visualizar
por meio do gráfico, mas no cálculo também há essa distinção, já que no
cálculo dos Juros Simples há apenas multiplicação e adição, enquanto no dos
Juros Compostos temos o cálculo realizado de forma exponencial.

PARA GABARITAR

A compreensão da sistemática dos Juros Compostos é de extrema


importância para todas as pessoas, independentemente de serem
gestoras de empresas ou não. Eles estão presentes na maioria das
aplicações bancárias, bem como nos juros cobrados em
financiamentos, de contas garantidas, cheques especiais e de cartão
de crédito, em que, caso o correntista não se atentar à sistemática
dos juros, sofrerá com um endividamento cada dia maior.

9
Cálculo dos Juros Compostos
Para calcular os juros compostos, usamos a seguinte fórmula:

M = C (1+i) n

Onde:
M = Montante
C = Capital Inicial
i = taxa de juros por período
n = número de períodos no qual o capital inicial foi aplicado

Perceba que o n relativo ao número de períodos da aplicação do capital está de


forma exponencial e não de multiplicação, dessa forma, promovendo um
montante exponencial e progressivo.

10
Podemos ter, como exemplo, a compra de uma máquina
no valor de R$ 100.000,00 com pagamento em 48 meses a
uma taxa de juros mensal de 1,00% ao mês, logo, temos:
M=?
C = R$ 100.000,00
i = 1,00%
n = 48

M = 100.000 x ( 1+0,01) ^48


M = 100.000 x ( 1,01) ^48
M = 100.00 x 1,61222
M = 161.222,00
Logo, o valor encontrado do montante final é de R$
161.222,00. Ao termos o valor do Montante, podemos
deduzir o valor do Capital Inicial e encontrar o valor
referente aos juros:

J=M–C
J = 161.222,00 – 100.000,00
J = 61.222,00

Logo, o valor dos juros nessa operação foi de R$ 61.222,00.

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NA PRÁTICA

No dia a dia de uma empresa, o gestor não irá realizar os cálculos de


forma manual, sendo comumente realizado de três formas: Através
da calculadora do Windows, da “Calculadora do Cidadão” do Banco
Central – disponível através do link a seguir, ou também, na
calculadora HP12C, sendo realizado da seguinte forma o cálculo do
montante:
[CHS] [PV] (valor do capital inicial)
[ i ] (taxa de juros)
[ n ] (tempo)
[ f ] [ int ]

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02

Taxa de Custo do Capital


Custo Médio de Capital
Para todo recurso disponível na empresa, deverá ter uma origem deste recurso.
Fazendo uma alusão à frase “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma” de Antoine-Laurent de Lavoisier, temos a mesma afirmativa para os
recursos de uma empresa. O próprio balanço patrimonial propõe este equilíbrio
entre Ativos: Bens e Direitos e o Passivo: Obrigações, ou seja, para cada recurso
empregado no Ativo, a empresa possui um valor equivalente no passivo, seja
com os acionistas ou com terceiros.
Ao buscar recursos financeiros, a empresa pode ter seu capital oriundo de seus
sócios e acionistas, ou de terceiros, como instituições financeiras, sendo que
com cada um deles haverá um custo de capital. O Custo Médio do Capital
encontra a média do custo de cada fonte de recursos, sintetizando a uma
porcentagem para que os gestores decidam se os resultados obtidos com a
operação se sobrepõem ou não, ao Custo Médio do Capital.

CONECTE-SE

No site do Banco Central estão disponíveis as estatísticas das taxas de


juros por período, por tipo de operação, por tipo de taxas, e por
instituição bancária. É interessante ter essas informações sintetizadas,
pois permitem ao gestor avaliar se historicamente é mais interessante
trabalhar com taxas pré-fixadas, ou pós-fixadas; ou ainda, avaliar se é
mais vantajoso optar por um capital de giro ou trabalhar com uma
conta garantida.

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Fórmula do Custo médio do Capital
A fórmula básica se dá através do Custo Médio Ponderado de Capital – CPMC:

CPMC = [Cd . Kd . (1 – t)] + (Cs . Ks)

Sendo:
Cd = Participação do financiamento de terceiros no total do passivo.
Kd = Custo do financiamento do capital de terceiros.
t = Alíquota do Imposto de Renda e Contribuição Social.
Cs = Participação do capital próprio no total do passivo.
Ks = Custo do capital próprio.

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Exemplo

Uma empresa LTDA deseja encontrar o Custo Médio de


Capital para analisar a viabilidade do negócio. Atualmente,
a empresa possui uma taxa de Juros sobre o capital
próprio a uma taxa de 6,0% ao ano sobre o valor de capital
de R$ 10.000.000,00, sendo a participação dos recursos
próprios no passivo de 50%, já o capital de terceiros está
representado por: Debêntures no valor de R$ 6.000.000,00
a uma taxa de 12,0% ao ano e Financiamento junto ao
BNDES no valor de R$ 4.000.000,00 a uma taxa de 14,0%
ao ano, totalizando os R$ 10.000.000,00 da participação de
terceiros no passivo, representando um passivo total de R$
20.000.000,00 e uma alíquota de Imposto de Renda e
Contribuição social de 34,0%
Primeiramente, devemos encontrar o custo médio do
capital de terceiros através de uma média ponderada.

CCT = (6.000.000,00 . 0.12) + (4.000.000,00 . 0,14) /


10.000.000,00
CCT = 720.000,00 + 560.000,00 / 10.000.000,00
CCT = 1.280.000,00 / 10.000.000,00
CCT = 0,128

Ou seja, o custo do capital de terceiros é de 12,8% ao ano.


Posteriormente, já possuindo o valor do capital de
terceiros, vamos encontrar o Custo Médio do Capital:
Sendo:
Cd = 50,0%
Kd = 12,8%
t = 34,0%
Cs = 50,0%
Ks = 6,0%

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CPMC = [ 0,50 . 0,128 . (1 – 0,34) + (0,50 . 0,06)
CPMC = [0,064 . 0,66 + 0,03]
CPMC = 0,04224 + 0,03
CPMC = 0,07224

Ou seja, o Custo Médio de Capital da Empresa de Marília


LTDA. é de 7,224% ao ano. Nesse sentido, os gestores
precisam avaliar se o retorno das atividades da empresa
será superior ao custo do capital encontrado.

PARA GABARITAR

A apuração do Custo Médio do Capital deve ser uma ferramenta


utilizada por todas as empresas, independentemente do seu porte. O
Micro e Pequeno Empresário também investe capital na empresa,
em que a mesma deverá promover uma rentabilidade superior ao de
um investimento de baixo risco, por exemplo. Dessa forma, o
empreendedor, ao encontrar o CMPC, decide a viabilidade do
negócio. Devendo apenas considerar questões como potencial de
crescimento – goodwill, valorização do patrimônio da empresa –
equity, além de outras questões que devem ser avaliadas além do
retorno do capital.

17
03

Análise de Investimentos
Demonstrações Contábeis
A análise de investimentos tanto do ponto de vista do gestor quanto doponto
de vista do investidor exige conhecimentos financeiros e decontabilidade. A
análise analítica e comparativa das demonstraçõescontábeis é uma excelente
ferramenta para decidir a realização deinvestimentos na empresa, ou observar
se os investimentos realizadospromoveram melhoras nos resultados. A
comparabilidade entre as contasdentro de um determinado período, ou a
comparação de uma mesmaconta entre períodos, permite observar os
impactos no resultado decada ação tomada.
As demonstrações contábeis fornecem informações para diversos usuários da
contabilidade, como acionistas, investidores, credores, governos, gestores e até
mesmo a sociedade. Para quem os prepara, é importante desenvolver a
empatia por esses usuários, tornando a compreensão, análise, comparação e
extração de dados e informações o mais objetivas possível. Além das
obrigações legais, como a Lei 6.404/76, o Comitê de Pronunciamentos
Contábeis estabeleceu regras e diretrizes a serem seguidas na elaboração dos
demonstrativos, proporcionando uniformidade e padronização no Brasil.
As Demonstrações Contábeis essenciais e obrigatórias para qualquer porte de
empresa são o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do
Exercício, pois possuem os elementos básicos utilizados nas análises de
investimentos, os quais podemos dispor da seguinte forma:

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Elementos das Demonstrações Contábeis

Elementos
Mensuração
relacionados

Patrimonial Desempenho

Ativo Receitas

Passivo Despesas

Patrimônio
Líquido

Fonte: o autor.

20
PARA GABARITAR

Compreender os elementos e suas mensurações na composição das


demonstrações contábeis é elementar tanto para quem as elabora,
quanto para quem as interpreta. Conhecer e ter fácil visualização da
correlação de origem e destino de recursos econômicos e financeiros
nas demonstrações proporciona uma análise mais assertiva de quem
a faz. Para ser um bom investidor, ou gestor, não tem como, é preciso
entender de contabilidade.

Análise horizontal
A análise horizontal mostra a evolução ou redução de cada conta contábil
relacionada, comparando entre períodos. Por meio dessa análise, é possível
comparar se as evoluções ou regressões entre projetos são compatíveis entre si.
Ou seja, a análise horizontal é a comparação entre períodos de uma ou
determinadas contas contábeis.

Balanço Patrimonial
No Balanço Patrimonial, por meio da análise horizontal, podemos entender a
evolução ou retorno dos ativos e a evolução ou retorno dos passivos no
patrimônio da empresa, além de comparar essas evoluções ou regressões com
os resultados operacionais obtidos na demonstração de resultados do exercício.
O período anterior será 100% baseado no período em análise.

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Modelo de análise horizontal no Balanço Patrimonial

2020 2021

Ativo 1.000 1.200


Circulante 700 100% 600 85,71%
Disponível 700 100% 600 85,71%

Não circulante 300 100% 600 200%


Imobilizado 300 100% 600 200%

Passivo 1.000 1.200


Circulante 500 100% 700 140%
Fornecedores 500 100% 700 140%

Patrimônio líquido 500 100% 500 100%


Capital social 500 100% 500 100%

Fonte: Autoral.

Demonstração do Resultado do Exercício


Na Demonstração do resultado do exercício, cada componente deverá ser
comparado com o mesmo componente do período anterior. Desta forma,
permite ao usuário observar se a evolução ou regressão de cada um condiz
com as demais contas. Por exemplo, analisar se a evolução da conta “despesas
com vendas” é compatível com a evolução das receitas. Os valores do ano
anterior serão a base de 100% para o ano em análise.

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Modelo de análise horizontal da Demonstração do Resultado do Exercício

Demonstração do resultado do exercício R$ em 2020 % 2020 R$ em 2021 % 2021

Receita de vendas 1.000,00 100% 1.200,00 120%

(-) Custo de vendas 300,00 100% 500,00 166%

= Resultado bruto 700,00 100% 700,00 100%

(-) Despesas com vendas 100,00 100% 50,00 50%

(-) Despesas administrativas 50,00 100% 100,00 200%

(-) Despesas em geral 100,00 100% 150,00 150%

= Lucro operacional 450,00 100% 400,00 88%

Fonte: Autoral.

NA PRÁTICA

A análise horizontal é comumente utilizada para avaliar a evolução ou


regressão do desempenho da empresa entre períodos. Para o setor
de controladoria é extremamente útil para abordar a evolução ou
redução das despesas e custos entre períodos. Para o departamento
de vendas, acompanhar a evolução das receitas, já para o investidor,
um dos fatores é compreender o cenário em que a empresa está
inserida, se é de expansão, retração, aumento ou redução de margens
entre períodos.

23
04

Análise de Investimentos
Análise Vertical
A análise vertical permite comparar diferentes contas dentro de um mesmo
período, analisando o quanto cada uma representa dentro do todo.
Extremamente útil para compreender as principais fontes de receitas, de custos
e despesas na Demonstração do Resultado do Exercício, bem como
compreender a composição do Balanço Patrimonial, se seu ativo é de maior
liquidez ou não, ou se seu passivo é exigível no curto ou longo prazo, por
exemplo.

Balanço Patrimonial
No Balanço patrimonial, através da análise vertical, o usuário consegue
evidenciar o quanto cada conta representa no ativo ou no passivo. Sendo o
ativo total representado por 100%, tendo cada item sua porcentagem
representada, o mesmo vale para o passivo. Além da comparação entre os itens,
é interessante que sejam acrescentados na análise os valores e os percentuais
do período anterior para comparar o quanto cada item representava no período
anterior e o quanto representa no atual. Sendo mantida sua estrutura padrão,
adicionados apenas as porcentagens para a comparação.
Exemplo de análise vertical no Balanço Patrimonial:

25
R$ 2020 %2020 R$ 2021 % 2021

Ativo 1.000 1.200 50%


Circulante 700 70% 600 50%
Disponível 700 70% 600
50%
Não circulante 300 30% 600 50%
Imobilizado 300 30% 600

Passivo 1.000 1.200


Circulante 500 50% 700 58,33%
Fornecedores 500 50% 700 58,33%

Patrimônio líquido 500 50% 500 41,67%


Capital social 500 50% 500 41,67%

Demonstração do Resultado do
Exercício
Na Demonstração do Resultado do Exercício, cada conta contábil deverá ter
seus valores e percentuais apresentados, sendo o valor da receita representado
por 100% e as demais contas de deduções, custos, despesas e lucros
relacionadas com a receita. Desta forma, temos, por exemplo, o quanto as
despesas com vendas representam em porcentagem perante a receita. Além
da comparação entre as contas, é interessante que sejam acrescentados na
análise os valores e os percentuais do período anterior para comparar o quanto
cada item representava no período anterior e o quanto representa no atual.

26
É de extrema importância que os gestores e investidores
façam a análise vertical da DRE, pois desde decisões tais
como precificação e apuração de tributos até a
lucratividade e rentabilidade da empresa têm suas
informações derivadas da DRE.

Exemplo de análise vertical da Demonstração do Resultado do Exercício

Demonstração do resultado do exercício R$ em 2020 % 2020 R$ em 2021 % 2021

Receita de vendas 1.000,00 100% 1.200,00 100%

(-) Custo de vendas 300,00 30% 500,00 41%

= Resultado bruto 700,00 70% 700,00 58%

(-) Despesas com vendas 100,00 10% 50,00 4%

(-) Despesas administrativas 50,00 5% 100,00 8%

(-) Despesas em geral 100,00 10% 150,00 12%

= Lucro operacional 450,00 45% 400,00 33%

Fonte: Autoral.

27
PARA GABARITAR

Após compreender como as análises horizontais e verticais são


ferramentas importantes na análise das demonstrações contábeis, o
investidor e gestor devem interpretar os valores, suas variações e
composições levantando questionamentos de quais ações, fatos
internos e externos da empresa que motivaram tais variações. Um
segundo passo é levantar pontos de melhoria para que o resultado
obtido no ano de exercício atual seja superior aos anteriores. A partir
desse ponto, elaborar os planejamentos estratégicos, táticos,
operacionais e o orçamento da empresa.

28
05

Índices Contábeis
Índices Contábeis
Os Indicadores Contábeis são múltiplos obtidos através das Demonstrações
Contábeis, podendo ser de uma única demonstração, ou com informações
obtidas de várias demonstrações contábeis. Através dos indicadores, a
interpretação dos resultados e da situação do patrimônio da empresa é feita de
forma prática e intuitiva.

Índices de liquidez - Apresentam a


capacidade de a entidade cumprir
seus compromissos com terceiros
através de sua situação financeira,
podendo ser denominado como
grau de solvência. Os índices de
liquidez sozinhos não garantem que
as quitações das dívidas irão ocorrer,
pois a quitação em dia possui outras
variáveis, como novas dívidas,
renovações de prazos e fluxos de
caixa.

As informações para o cálculo dos índices são retiradas do Balanço Patrimonial,


sem informações de fluxo de caixa. O valor apresentado representa em
porcentagem a capacidade de cumprir com os compromissos na data do
encerramento do Balanço Patrimonial.
Para os índices de liquidez, essencialmente, quanto maior o valor apresentado,
maior a liquidez da empresa e, consequentemente, melhor sua situação
financeira. Porém, não é comum tal disponibilidade em caixa sem aplicações em
materiais, mercadorias ou demais recursos que possam promover a operação da
entidade.
Índice de Liquidez Geral - LG – Indica a capacidade de pagamento da entidade
como um todo, seja imediatamente, no curto e longo prazo. Ou seja, consolida
todas as dívidas assumidas no curto e longo prazo, bem como o que será
convertido em dinheiro no curto e longo prazo.

30
LG = Ativo Circulante + Realizável em longo prazo
Passivo Circulante

Índice de Liquidez Corrente – LC – Indica a capacidade de a empresa cumprir


com seus pagamentos no curto prazo.

LC = Ativo Circulante
Passivo Circulante

Índice de Liquidez Seca - LS – indica todos os valores que estão disponíveis para
cumprir com os pagamentos da empresa. Ou seja, sem realizar novas vendas
qual a capacidade de cumprir com suas obrigações.

LS = Ativo Circulante - Estoques


Passivo Circulante

Índices de endi damento


Os índices de endividamento apresentam as relações de seus componentes do
passivo (dívidas) com outros componentes, por exemplo, o quanto a empresa
possui de dívidas perante os seus ativos, ou se a composição do endividamento é
de seu passivo circulante ou não, se a dívida é composta em sua maior parte
com terceiros ou com os sócios. Dessa forma, os credores analisam o quão
endividada está a entidade na data em questão, os prazos para pagamentos das
dívidas e quem são os credores.
Índice de Garantia de Capital de Terceiros - GT – Indica o endividamento
perante terceiros em comparação com o capital próprio. Ou seja, demonstra aos
terceiros se há segurança devido à garantia dada pela entidade.

31
GT = Patrimônio Líquido
Passivo Exigível

Índice de Endividamento Total – ET – O Endividamento Total indica a proporção


dos ativos totais que são financiados por terceiros.

ET = Passivo Exigível
Ativo Total

PARA GABARITAR

Analisar múltiplos índices contábeis e financeiros, realizar as análises


horizontais e verticais, identificar contas relevantes para a empresa são
excelentes ações para avaliar a tomada de decisão em investir na
empresa, ou em investir em um determinado processo específico.

Índices de rentabilidade
Estes índices demonstram o quanto o capital investido na empresa promove de
rentabilidade, diferentemente dos índices de liquidez e endividamento. Os
índices de rentabilidade não são calculados, unicamente, com valores
constantes no Balanço Patrimonial, mas também com informações constantes
no Demonstrativo de Resultado do Exercício.

32
Afinal, trata-se de rentabilidade e está atrelada ao desempenho da empresa, não
somente com sua situação patrimonial. Podemos, através destes índices,
concluir a rentabilidade da empresa, sua eficiência em converter capitais
aplicados em resultados, sua capacidade de evolução e potencial de vendas.
Rentabilidade sobre o Ativo Total - RAT – Apresenta o quanto todos os bens e
direitos da empresa promoveram de lucro no período analisado.

RAT = Lucro Líquido x 100


Ativo Total

Playback - Apresenta em anos, quanto tempo o valor investido no Ativo Total


será recuperado, de acordo com o resultado do lucro no período.

Playback = 100
RAT

Margem Líquida de Vendas - ML – Demonstra o Lucro Líquido perante as


Receitas Operacionais Líquidas.

ML = Lucro Líquido x 100


Receita Operacional Líquida

Rentabilidade sobre o Capital Próprio – RC – Evidencia o retorno que os


proprietários obtêm sobre o valor investido.

RCP = Lucro Líquido x 100


Patrimônio Líquido

33
CONECTE-SE

O Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul – CRC/RS


disponibilizou uma apresentação a qual evidencia a importância dos
índices contábeis na contabilidade gerencial, bem como as análises
horizontais e verticais. Há também material sobre índices de mercado
que irão ampliar ainda mais seus conhecimentos sobre avaliações de
empresas.

34
06

Análise de Investimentos
Taxa Interna de Retorno - TIR
A Taxa Interna de Retorno é a taxa que define qual será o retorno em valor
presente em entradas de recursos no caixa, referente às despesas que geraram
saídas de recursos. Ou seja, através da mensuração em taxas de juros é
encontrada a rentabilidade ou o custo do projeto, com o retorno dos recursos
financeiros ao caixa da empresa em todo o período em que ocorrem as
entradas de recursos ou saídas referentes ao projeto ou à operação em si.

Cálculo - TIR
〖FC〗_0=∑_(j=1)^n〖FC〗_j/〖(1+i)〗^j

Sendo:
〖FC〗_0 é o momento inicial do fluxo de caixa mensurado em valor;
〖FC〗_j é a previsão de fluxo de caixa em valores no período total;

i é a taxa de retorno de investimento, ou taxa de financiamento.

36
Podemos ter, como exemplo, o caso de um empréstimo
de R$ 50.000 com pagamento em três parcelas de R$
20.000,00 mensais:
Sendo:
〖FC〗_0 R$ 50.000,00

〖FC〗_j R$ 60.000,00

i o valor a ser encontrado

Com a fórmula, temos:


50.000,00 = 20.000/ 〖 (1+i) 〗 ^1 20.000/ 〖 (1+i) 〗 ^2 20.000/
〖(1+i)〗^3

Calculando, temos uma taxa de Juros mensal de 9,70%.


Quanto à Taxa de Retorno do Investimento, nos três
meses, temos:
Valor Futuro – VF = R$ 60.000,00
Valor Presente - VP = R$ 50.000,00
TIR = 60.000,00 / 50.000,00 – 1,00
TIR = 1,20 - 1,00
TIR = 0,20

Ou seja, neste caso, a Taxa de Retorno do Investimento


nos três meses foi de 20%.

37
Valor Presente Líquido - VPL
O efeito do tempo sobre o dinheiro, também conhecido como inflação, leva a
uma perda do poder de compra ao longo do tempo. Empresas que têm
operações que envolvem moedas estrangeiras também estão sujeitas a
variações do poder de compra com o efeito do tempo. Por isso, tais variações
devem ser previstas na elaboração de projetos, principalmente nos de longo
prazo.
O cálculo do valor presente analisa os fluxos de caixa futuros que serão gerados,
descontando uma taxa de desconto, que pode representar riscos, variações
cambiais, inflações, ou outro fator que faça sentido no projeto.
VPLs que apresentam resultados positivos indicam que os valores de caixa que
o projeto irá promover ao longo do tempo, atualizada a data atual, de acordo
com a taxa definida, é superior ao valor aportado inicialmente no projeto, ou
seja, a operação é vantajosa. Caso contrário, se o resultado for negativo,
considerando a taxa definida, o projeto não é vantajoso.

Cálculo - VPL
O cálculo do Valor Presente Líquido se dá pela fórmula abaixo:

VPL=∑_(j=1)^n +〖FC〗_j/〖(1+i)〗^j -〖FC〗_0

Sendo:
〖FC〗_0 o valor do fluxo de caixa do momento inicial;

〖 FC 〗 _j são os fluxos previstos de entrada ou de saídas de caixa,


dado o período de tempo;
i a taxa adotada.

38
Podemos ter, como exemplo, um projeto incremental em
uma empresa com custo estimado de R$ 100.000,00 que
irá promover entradas de caixa no primeiro ano, no valor
de R$ 45.000,00 e no segundo ano, de R$ 70.000,00.
Considerando uma taxa anual de desconto de 12,0%,
vamos calcular o VPL:

VPL = [45.000/((1,12)) + 70.000/〖(1,12)〗^2 ]-100.000


VPL = [40.178,57 + 55.803,57] – 100.000
VPL = 95.982,14 – 100.000,00
VPL = -4.017,86
Ou seja, considerando uma taxa anual de 12,0%, não é
vantajosa a operação.

PARA GABARITAR

Considerando que tanto o VPL quanto a TIR são formas de analisar a


viabilidade de projetos ou financiamentos, cabe ao gestor definir qual
ferramenta utilizar para analisar o projeto. Poderão, também, serem
utilizadas ambas para trazer maior assertividade na tomada de
decisão. Porém, deve compreender que a VPL pode trazer o fluxo de
caixa futuro para o presente, descontando uma taxa e a TIR analisa a
taxa do rendimento comparando as entradas futuras de caixa com o
valor que saiu do caixa da empresa inicialmente com o projeto.

39
07

Fluxo de Caixa
Contextualização
O Fluxo de Caixa, como o nome sugere, é um instrumento em que podemos
visualizar as entradas e saídas de recursos financeiros da empresa. O Fluxo de
Caixa traz as movimentações financeiras, diferentemente do Balanço
Patrimonial que possui um resultado estático, ou seja, uma “fotografia” da
situação da empresa em uma determinada data, ou da Demonstração do
Resultado do Exercício, que trata das movimentações ocorridas na empresa em
um determinado período, porém, em regime de competência.

Periodicidade
O Fluxo de Caixa pode ter seus intervalos de tempo de entradas e saídas de
recursos de forma periódica ou não. Ou seja, o intervalo de tempo é igual entre
cada movimentação. Empresas que possuem receitas recorrentes, como
mensalidades, possuem a característica de um Fluxo de Caixa com
periodicidade, trazendo previsão na entrada de recursos financeiros.

Valores do fluxo – Variação do valor do dinheiro no tempo


Quando há o reconhecimento da perda do valor do dinheiro no tempo, a
conhecida inflação, os gestores reconhecem e projetam essa perda ao elaborar
o fluxo de caixa. Isso ocorre quando o fluxo é realizado em uma moeda instável
e com cenários políticos e econômicos de um país em constante inflação, esse
tipo de situação é considerado quando os valores constantes no fluxo são
variáveis. Já quando o fluxo é projetado em uma moeda historicamente forte,
como o dólar, não é comum ocorrer tal projeção da perda do valor do dinheiro
no tempo, de forma que esses valores são considerados constantes.

41
PARA GABARITAR

A contextualização macroeconômica mais uma vez se mostra


relevante aos gestores e investidores das empresas, uma vez que são
premissas iniciais para determinar a forma com que serão
considerados os valores no fluxo, por exemplo. Empresas de grande
porte, em geral, realizam seus fluxos de caixa com valores variáveis,
considerando a inflação histórica para ter uma maior assertividade
nos fluxos projetados, determinados e estimados.

Duração do fluxo
Os fluxos de caixa podem ser projetados de forma finita ou infinita. Sendo os
finitos com prazo determinado para encerramento do projeto e os mais
utilizados nas projeções das empresas. Já os fluxos de caixa infinitos são
aqueles que não possuem uma determinação para o encerramento do projeto.

Períodos de ocorrência dos fluxos


Os períodos de ocorrência dos fluxos podem ser postecipados, antecipados ou
diferidos. Sendo os postecipados os casos nos quais o primeiro recebimento ou
pagamento ocorre no primeiro período do fluxo de caixa, contado do
investimento inicial. Os antecipados ocorrem quando o primeiro recebimento
ou pagamento ocorre na data inicial do projeto, já os diferidos são os casos em
que o primeiro recebimento ou pagamento acontece após um período de
carência determinado.

Uma síntese visual do que é um fluxo de caixa, diante dos componentes de


fluxo de caixa acima apresentados, pode ser representada de forma visual
através da imagem a seguir:

42
Entrada de recursos

Saída de recursos n - tempo

Fonte: Autoral.

CONECTE-SE

No site da Caixa Econômica Federal está disponível um material de


apoio, desenvolvido em parceria com o SEBRAE, para gestão de fluxo
de caixa de empresas, no qual há cartilhas e planilhas para o cálculo e
gestão do fluxo de caixa.

43
08

Demonstração do Fluxo
de Caixa
Demonstração do Fluxo de Caixa
- DFC
A Demonstração do Fluxo de Caixa pode ser analisada e elaborada de duas
formas: o método direto e o indireto. Tanto a elaboração da demonstração
quanto a projeção do fluxo de caixa podem ser realizadas através dos dois
métodos.
O Fluxo de caixa empresarial, utilizado para gestão dos recursos financeiros ao
longo do tempo, não deve ser confundido com a Demonstração do Fluxo de
Caixa, já que o primeiro consiste em dispor as entradas e saídas de recursos ao
longo do tempo, enquanto o segundo é elaborado apenas com uma síntese de
forma posicional no fim do período.

Demonstração do Fluxo de Caixa – Método


Direto
Neste formato, a Demonstração do Fluxo de Caixa é elaborada apurando os
valores diretamente no caixa da empresa, ou seja, buscando as informações, de
acordo com as reais movimentações financeiras que ocorreram.
Na elaboração de projetos, ela se dá através da previsão da diferença entre os
recebimentos projetados das possíveis receitas e dos possíveis pagamentos a
serem realizados no projeto.

45
Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto

Saldo Inicial

Entradas
Receita operacional recebida
Receitas financeiras
Recebimento de coligadas
Vendas de investimentos
Novos financiamentos
Aumento de capital
Total de entradas

Saídas
Compras pagas
Despesas de vendas pagas
Despesas administrativas
Despesas financeiras
Imposto de renda
Dividendos pagos
Total de saídas

Saldo final

Fonte: o autor.

46
Demonstração do Fluxo de Caixa – Método
Indireto
Diferentemente da DFC pelo método direto, a DFC pelo método indireto não
busca as informações analisando o fluxo financeiro de entradas e saídas de
recursos da empresa, mas sim através de saldos, e diferença de valores entre o
período inicial e final do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado
de Exercício. Dividindo em três formas:

1) Atividades Operacionais, ou seja, recursos financeiros que entraram ou saíram


da empresa ligados à operação da empresa em si;
2) Atividades de investimentos, valores relacionados às atividades de
investimento em coligadas; e
3) Atividades de financiamento são referentes a recursos buscados junto a
terceiros ou sócios, como novos financiamentos, aumento de capital e
dividendos.

47
Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto
a) Atividades operacionais
Lucro Líquido
(+) Depreciação
(+/-) Duplicatas a receber
(+/-) Estoques
(+/-) Fornecedores
(+/-) Salários a pagar
(+/-) Impostos a recolher
A1) Caixa líquido das atividades operacionais

b) Atividades de investimentos
Venda de ações de coligadas
Recebimento de empresas coligadas
B1) Caixa líquido das atividades de investimentos

c) Atividades de financiamentos
Novos financiamentos
Aumento de capital em dinheiro
Dividendos
C1) Caixa líquido das atividades de financiamentos

Aumento / redução de caixa (a1 + b1 + c1)


Saldo Inicial de caixa
Saldo final de caixa

Fonte: o autor.

48
PARA GABARITAR

A Demonstração do Fluxo de Caixa traz um retrato do passado e deve


ser utilizada para fins contábeis. Já o fluxo de caixa gerencial traz uma
linha do tempo com as entradas e saídas de recursos que ocorreram,
ou que vão ocorrer na empresa. Sua utilização é fundamental para o
gestor compreender se deve tomar iniciativas para adequar o fluxo
financeiro, buscando recursos, antecipando títulos, ou fazendo
promoções, e conseguir concretizar os pagamentos no prazo.

49
09

Riscos
Introdução
Acadêmico, em um projeto, além de olhar os números diretamente envolvidos
no projeto, é necessário considerar os possíveis riscos e, também, se possível,
mensurá-los. Assim, os riscos que afetam uma organização ou um projeto são
divididos em riscos sistêmicos e próprios.

Riscos próprios – são aqueles ligados diretamente às atividades da empresa e


do projeto, como os relacionados ao fluxo de caixa da organização,
fornecedores de matéria-prima e insumos, mão de obra fabril.
Riscos sistêmicos – são aqueles macroeconômicos, políticos e culturais da
região onde se encontra a empresa ou projeto.

Classificação dos riscos


Os riscos, conforme Bonomi e Malvessi (2004), são comumente divididos em
Financeiros, Políticos, de Negócios, Operacionais e Legais, veja:

51
Preço dos insumos e mão de obra;
Falha no abastecimento de fornecedores;
Operacionais Falha nos processos operacionais
e de produção
RISCOS
Taxas de juros e de câmbio;
Acesso ao crédito;
Financeiros
Imprevistos no fluxo de caixa como
falta de recebimentos

Responsabilidade Civil;
Legais: Patrimoniais;
ambientais, responsabilidade Ambiental e tóxico;
civil e de patrimônio Insalubridades, acidentes e saúde
Proteção de Dados Pessoais

Regulamentações;
Políticos e de negócio Reputação;
Político/País

CONECTE-SE

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Estado de Minas Gerais,


disponibiliza em seu site uma cartilha de Compliance, ou seja, nos
conformes, como guia para as organizações brasileiras. Nessa cartilha,
são abordados os conceitos de compliance, governança corporativa,
os riscos e benefícios, além da implantação de um programa de
Compliance, os objetivos, a prevenção, benefícios e atuação em cada
área da empresa.

52
Como lidar com os riscos?
Os riscos, após serem encontrados, mensurados e definidos seus segmentos,
devemos classificá-lo quanto à probabilidade da ocorrência e da relevância
desse risco diante do impacto, caso o evento ocorra.

Critérios de Riscos para a Probabilidade de Ocorrência

Classificação do Risco Definição Qualitativa Significado

Praticamente certo Frequente Provável ocorrer frequentemente

Possível Remoto Improvável, com possibilidade de ocorrer

Improvável Improvável Muito improvável

Logo, os gestores de projetos devem ter foco nos riscos com Classificação de
Risco: Possível e Praticamente Certo, de forma que aloquem recursos e tempo
naquilo que realmente apresenta riscos para a empresa ou projeto.
Porém, além de analisar a probabilidade, deve-se observar a relevância do
impacto, caso o risco ocorra, conforme disposto:

Critérios de Riscos para o Impacto do Evento

Classificação Definição Exemplos

O impacto pode prejudicar de forma severa a reputação da


Os efeitos podem ser empresa e das pessoas.
Alto
consideráveis. O impacto pode comprometer a autorização de
funcionamento da empresa.

O impacto pode gerar danos temporários à reputação da


Os efeitos podem ser empresa e das pessoas.
Moderado
notáveis. O impacto pode prejudicar as vendas em uma determinada
região ou produto.

O impacto pode não gerar efeitos externos à empresa.


Os efeitos são limitados e
Baixo O impacto pode atingir um produto ou região sem
aceitáveis.
relevância para a empresa.

53
Diante da análise dos riscos envolvidos na operação de uma empresa, projeto,
ou investimento, repare que os riscos irão existir, porém, deve ser sempre
analisada a probabilidade de o risco ocorrer e qual será seu impacto antes de
decidir mitigá-lo ou eliminá-lo.

NA PRÁTICA

Há empresas que trabalham com ambientes extremamente


insalubres ou perigosos ao trabalhador, ligados intrinsecamente à
atividade, como usinas nucleares, perfurações, indústrias químicas e
de combustíveis, por exemplo, quando não é possível eliminar o risco
por completo, já que é da própria atividade. Porém, o que essas
empresas fazem é mitigar o risco, ou seja, diminuir a probabilidade
que ele ocorra e, também, seus impactos, como o uso intenso de
Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, de sistemas de controle
e segurança. Além disso, após mitigar, é necessário mensurar qual
será o impacto, caso ocorra. Dessa forma, é comum a contratação de
seguros para que os impactos financeiros que este risco gerar sejam
cobertos.

54
10

Inflação e Correção
Monetária
Inflação
A Inflação é um fenômeno de aumento no preço de produtos e serviços, por
um desajuste econômico, seja por questões político-econômicas, ou questões
de oferta e demanda. De uma forma simplória, a Inflação reduz o poder de
compra ao longo do tempo. Por isso, no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) desenvolve índices para medir essa variação de preços e
serviços, que são o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice de
Preços ao Consumidor (INPC).
Enquanto o IPCA, como o nome sugere, é de um espectro amplo, ou seja,
abrange famílias com renda mensal de um até quarenta salários-mínimos, o
INPC abrange família com renda mensal de um até cinco salários-mínimos
apenas, cuja renda dessas famílias é consumida com itens básicos, como
transporte, medicamentos e alimentação. Esses índices são calculados
mensalmente e tem sua divulgação de forma isolada do mês em que foi
apurado e, também, como o saldo acumulado dos últimos doze meses.
Segundo o IBGE, os índices IPCA e INPC apurados no Brasil e nas capitais dos
principais estados do país, para o mês de março de 2022, se distribuem de
acordo com a tabela a seguir:

56
Local IPCA INPC

Brasil 1,62% 1,71%

Aracaju (SE) 1,43% 1,49%

Belém (PA) 1,47% 1,44%

Belo Horizonte (MG) 1,44% 1,49%

Brasília (DF) 1,41% 1,46%

Campo Grande (MS) 1,73% 1,85%

Curitiba (PR) 2,40% 2,54%

Fortaleza (CE) 1,69% 1,67%

Goiânia (GO) 2,10% 2,13%

Grande Vitória (ES) 1,50% 1,56%

Porto Alegre (RS) 1,61% 1,71%

Recife (PE) 1,53% 1,64%

Rio Branco (AC) 1,35% 1,55%

Rio de Janeiro (RJ) 1,67% 1,77%

Salvador (BA) 1,53% 1,66%

São Luís (MA) 2,06% 2,05%

São Paulo (SP) 1,46% 1,58%

Fonte: IBGE, abril de 2022.

Ao analisar os dados apresentados pelo IBGE, os gestores de empresas devem


ter muita atenção em dois fatores: na variação por região do país e do IPCA para
o INPC em que, na maioria dos casos, o INPC foi maior que o primeiro. Portanto,
além da localização geográfica da empresa, deve se levar em conta o público-
alvo para a escolha do índice mais adequado para a correção da inflação.

57
Além dos dois índices já apresentados, existem outros índices, como por
segmentos, que é o caso do Índice Nacional da Construção Civil (INCC), esse
utilizado em contratos do segmento da construção civil, que deve, portanto, ser
analisado historicamente no momento da assinatura de contratos dentro deste
segmento, para que não ocorram surpresas com os valores corrigidos a serem
pagos ao longo do tempo do contrato do imóvel. Também, podendo tornar
inviável o investimento da operação, dependendo do INCC do período.
Outro índice de grande relevância é o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M)
que é apurado e divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia
da Fundação Getúlio Vargas. Esse índice é amplamente utilizado em contratos
comerciais, e, também, em contratos de locação de imóveis. Ou seja, os
gestores, contadores e analistas de investimentos devem estar sempre atentos
aos índices de correção de mercado, desde o momento de elaboração de
contratos, com a escolha do índice mais adequado para ambas as partes e
situação, bem como monitorar, periodicamente, se os valores corrigidos estão
de acordo com os índices apurados no período, evitando prejuízos para a
empresa ou projeto.

CONECTE-SE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta


mensalmente os índices de IPCA e INPC. Além disso, disponibiliza
uma calculadora on-line em que basta apresentar o mês inicial, o mês
final e o valor original a ser corrigido pela inflação que o site irá corrigir
automaticamente pela inflação através do IPCA.

58
Fórmula de Fischer
A Fórmula de Fischer apresenta a taxa nominal de juros de um contrato com a
relação entre a inflação do período e a taxa real de juros estabelecida. Ou seja, a
perda do poder de compra ocasionada pela inflação é considerada nessa
operação, encontrando o real retorno sobre o investimento.
Fórmula do cálculo:
(1 + r) = ((1 + π) / (1 + i)) -1

Sendo:
i - a taxa de juros nominal
r - a taxa de juros real
π - a taxa de inflação

Exemplo:
Um fundo de investimento apresentou uma rentabilidade de 4,50% no período
anterior. Porém, neste mesmo período, a inflação foi de 1,50%. Qual foi a
rentabilidade real do investimento?

Sendo:
i – 4,50%
r – Taxa real a ser encontrada
π – 1,50%

(1 + i) = ((1 + 0,045) / (1 + 0,02)) -1


(1+ i) = ((1,045) / (1,02)) -1
(1+ i) = 1,024 – 1
i = 0,024 ou 2,4%

59
PARA GABARITAR

A Fórmula de Fischer faz a correção correta da inflação em um


período de investimento, ou financiamento, indo contra o senso
comum de que bastar realizar um desconto simples entre as taxas
contratuais e de inflação, devendo ser utilizada principalmente em
períodos em que a inflação ultrapassa o acumulado em doze meses
acima de 10%, para garantir a real rentabilidade, ou custo total do
projeto a ser investido no final do período.

60
11

Sistemas de
Amortização
Introdução
Antes de conhecer os sistemas de amortização existentes é importante termos
de forma clara a definição de amortização. A Amortização é o pagamento do
valor devido, seja uma fração ou em sua totalidade. Quando é feito um
empréstimo, por exemplo, parte de uma parcela do pagamento será composto
de amortização e de juros, ou apenas de um dos componentes. O fator que
determina as condições de composição da parcela varia de acordo com o
sistema de amortização definido.
Os sistemas de amortização mais comuns são o Sistema de Amortização
Francês, conhecido como Sistema Price, em virtude do seu criador Richard
Price e, também, o Sistema de Amortização Constante.

Sistema de Amortização
Constante
O Sistema de Amortização Constante, como o nome sugere, nele, as
amortizações são constantes, com valores iguais em todas as parcelas. Dessa
forma, o valor das parcelas varia ao longo do tempo e podemos encontrar o
valor de cada parcela através do seguinte cálculo:

R₁ = A + J₁ = A + Pᵢ
R₂ = A + J₂ = A + (P – A) i = A + Pi - Ai
R₃ = A + J₃ = A + (P – 2A) i = A + Pi - 2 Ai
{...}
Rո = A + Jո = A + [P – (n – 1)A] i = A + Pi –(n- 1)Ai

62
Ou seja, o valor de cada parcela deverá ser encontrado individualmente, de
acordo com o número da parcela correspondente.

CONECTE-SE

Em algumas situações em que o devedor consegue levantar o valor


de quitação da dívida, antes do prazo previsto, é realizada a quitação
antecipada. Nestes casos, se previsto em contrato, deverá ser reduzido
o valor dos juros incidentes sobre as parcelas antecipadas, trazendo-as
para o valor presente. O Banco Central disponibiliza em seu site um
banco de perguntas frequentes sobre liquidação antecipada para
várias modalidades de crédito e financiamento.

Já para o valor da amortização, o cálculo se dá por:

Amortização = PV / n

Podemos ter como exemplo um empréstimo de um Valor Presente de R$


30.000,00 que será pago em cinco meses a uma taxa de juros de 2,00 ao mês.

63
N° Valor da parcela Amortização Juros Saldo devedor

1 R$ 6.600,00 R$ 6.000,00 R$ 600,00 R$ 24.000,00

2 R$ 6.480,00 R$ 6.000,00 R$ 480,00 R$ 18.000,00

3 R$ 6.360,00 R$ 6.000,00 R$ 360,00 R$ 12.000,00

4 R$ 6.240,00 R$ 6.000,00 R$ 240,00 R$ 6.000,00

5 R$ 6.120,00 R$ 6.000,00 R$ 120,00 R$ 0,00

Totais: R$ 31.800,00 R$ 30.000,00 R$ 1.800,00 R$

Fonte: O autor.

Repare que as parcelas têm a tendência de ter seus valores de forma


decrescente ao longo do tempo, já que o valor da parcela é composto por
amortização acrescida de juros e o valor dos juros incide sobre o montante
devido, é natural que o valor da parcela decresça conforme a dívida diminui. Na
figura a seguir, temos uma representação gráfica de parcelas no Sistema de
Amortização Constante:

Prestação

J1
J2 J3
Jn

A A A A

0 1 2 3 ... n Tempo

Fonte: HAZZAN; POMPEO, 2014.

64
PARA GABARITAR

O cálculo da amortização constante pode ser realizado além da


fórmula apresentada manualmente, através da divisão do Valor
Presente pela quantidade de parcelas, acrescido do valor dos juros,
aplicando a taxa de juros sobre o saldo devedor na parcela que está
sendo calculada. Além disso, ter de forma clara os conceitos de
prestação e amortização são essenciais para realizar, com clareza, os
cálculos necessários.

65
12

Sistemas de
Amortização
Sistema de Amortização
Constante com Carência
Apesar das semelhanças com o tradicional Sistema de Amortização Constante,
a Amortização Constante com Carência dá um período de intervalo entre o ato
de tomar o empréstimo e iniciar a amortização da dívida. Alguns bancos
chamam esse sistema de crédito rotativo, no qual o tomador paga
mensalmente apenas um valor de juros sobre o montante, sem realizar
amortizações.
Podemos calcular um financiamento nessa modalidade conforme o exemplo:
Um produtor rural toma crédito de R$ 10.000,00 para a aquisição de uma
máquina com taxa de juros de 1,00% ao mês, com carência de cinco meses e
prazo total de dez meses, com o pagamento dos juros mensalmente antes de
iniciar a amortização:

67
Mês Saldo devedor Amortização Juros Prestação

0 R$ 10.000,00

1 R$ 10.000,00 R$ 100,00 R$ 100,00

2 R$ 10.000,00 R$ 100,00 R$ 100,00

3 R$ 10.000,00 R$ 100,00 R$ 100,00

4 R$ 10.000,00 R$ 100,00 R$ 100,00

5 R$ 10.000,00 R$ 100,00 R$ 100,00

6 R$ 8.000,00 R$ 2.000,00 R$ 100,00 R$ 2.100,00

7 R$ 6.000,00 R$ 2.000,00 R$ 80,00 R$ 2.080,00

8 R$ 4.000,00 R$ 2.000,00 R$ 60,00 R$ 2.060,00

9 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 40,00 R$ 2.040,00

10 R$ 0,00 R$ 2.000,00 R$ 20,00 R$ 2.020,00

Total R$ 10.000,00 R$ 800,00 R$ 10.800,00

Essa modalidade é muito comum entre empresários, pessoas físicas e


produtores rurais que possuem renda e recursos financeiros, mensalmente,
para realizar o pagamento dos juros. Entretanto, há outra modalidade em que
os juros são pagos na primeira parcela da amortização, sem qualquer
pagamento durante o período de carência. No mesmo exemplo citado, as
parcelas seriam calculadas da seguinte forma:

68
Mês Saldo devedor Amortização Juros Prestação

0 R$ 10.000,00

1 R$ 10.100,00 R$ 100,00

2 R$ 10.201,00 R$ 101,00

3 R$ 10.303,01 R$ 102,01

4 R$ 10.406,04 R$ 103,03

5 R$ 10.510,00 R$ 104,06

6 R$ 8.000,00 R$ 2.000,00 R$ 510,00 R$ 2.510,00

7 R$ 6.000,00 R$ 2.000,00 R$ 80,00 R$ 2.080,00

8 R$ 4.000,00 R$ 2.000,00 R$ 60,00 R$ 2.060,00

9 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 40,00 R$ 2.040,00

10 R$ 0,00 R$ 2.000,00 R$ 20,00 R$ 2.020,00

Total R$ 10.000,00 R$ 800,00 R$ 10.800,00

No exemplo proposto, o tomador do empréstimo começa a pagar os juros


apenas no fim do período de carência. Essa modalidade é muito utilizada por
quem não possui fluxo de caixa mensal disponível e deseja iniciar o pagamento
no fim de um período. É muito utilizada por produtores rurais que fazem
plantio de uma cultura de longo prazo e que não terá receitas antes da
formação da cultura, por isso, deseja ter saída de recursos financeiros apenas
após o início da colheita.
Também é utilizada por produtores de colheitas anuais, ou empresas de ciclos
sazonais, nas quais a receita se concentra em apenas uma determinada época
do ano.

69
PARA GABARITAR

Antes de iniciar a contratação do crédito é necessário ao gestor ter a


previsão do fluxo de caixa da empresa ou do projeto. Dessa forma, irá
optar pelo sistema de amortização que será mais adequado às
entradas de recursos financeiros, uma vez que não importa apenas o
valor a ser pago, mas quando e com qual frequência irá ocorrer esses
pagamentos.

70
13

Sistemas de
Amortização
Sistema PRICE
O Sistema PRICE, também conhecido como Sistema Francês de Amortização,
foi desenvolvido por Richard Price, na França, no ano de 1771, e apresentado na
obra “Observações sobre pagamentos remissivos”, no mesmo período da
Revolução industrial. Diferentemente do Sistema de Amortização Constante, o
sistema PRICE possui as amortizações e os juros variáveis em cada parcela,
sendo o valor da parcela em si fixo. Como o valor das parcelas é fixo, o cálculo
para todas as parcelas é um só, ao contrário do Sistema de Amortização
Constante. O cálculo para encontrar o valor das parcelas é feito através da
fórmula:
n
i(1+i)
P MT = V P n
(1+i) −1

Podemos ter, como exemplo, um empréstimo de R$ 100.000,00 com prazo para


pagamento em seis meses, com taxa de juros mensal de 2,00%. Aplicando a
fórmula temos:
VP = 100.000,00
i = 2,00%
n=6
6
0,02 . (1,02)
P M T = 100.000 . 6
(1,02) −1

0,02 . 1,12616
P M T = 100.000 .
1,12616−1

0,0225232
P M T = 100.000 .
0,12616

P M T = 100.000 . 0, 1785258

PMT = 17.852,58.
Logo, o valor da parcela será de R$ 17.852,58.
Podemos fazer a representação das parcelas, suas amortizações e juros,
conforme tabela a seguir:

72
Nº parcela Valor Parcela Amortização Juros Saldo devedor

1 R$ 17.85,58 R$ 15.852,58 R$ 2.000,00 R$ 84.147,42

2 R$ 17.85,58 R$ 16.169,63 R$ 1.682,95 R$ 67.977,79

3 R$ 17.85,58 R$ 16.493,03 R$ 1.359,56 R$ 51.484,76

4 R$ 17.85,58 R$ 16.822,89 R$ 1.029,70 R$ 34.661,87

5 R$ 17.85,58 R$ 17.159,34 R$ 693,24 R$ 17.502,53

6 R$ 17.85,58 R$ 17.502,53 R$ 350,05 R$ 0,00

Total R$ 17.85,58 R$ 100.000,00 R$ 7.115,48

Fonte: Autoral.

No exemplo citado, é possível verificar que o valor dos


juros é sempre pago pelo valor atualizado da dívida, uma
vez que o valor da parcela é constante, a diferença dos
valores será o valor da amortização na parcela.
Essa modalidade é a mais utilizada por pessoas físicas, de
uma forma geral, em financiamentos e empréstimos, pois
traz a previsibilidade do valor da parcela a ser paga no
mês, sem variações no orçamento. As pessoas jurídicas e
produtores rurais também utilizam de financiamentos
pelo Sistema PRICE, mas diante das variações de cenários,
incertezas e sazonalidades existentes nas operações, pode
não ser o sistema mais vantajoso, ou que se enquadra
melhor no fluxo de caixa previsto.

73
CONECTE-SE

No site do Banco Central está disponível uma calculadora de


financiamento de prestações fixas, que utiliza o sistema PRICE para
realizar os cálculos. Basta informar apenas três campos dos quatro
campos: n.º de meses, taxa de juros mensal, valor da prestação, valor
financiado para que o sistema realize os cálculos, automaticamente,
do campo que foi deixado em branco.

AC E S S A R

74
14

Projetos
Introdução
Projetos fazem parte do cotidiano de gestores de empresas, sejam aqueles
inovadores, de melhoria, de expansão ou outras situações. Enfim, projetos
envolvem recursos e, em sua maioria, recursos financeiros. Por isso, antes da
execução do projeto é necessário realizar um planejamento prévio, com
estimativas de gastos e receitas, bem como das datas em que estes recursos
financeiros irão sair e entrar na organização.

Demonstrações projetadas
As Demonstrações Contábeis apresentam os resultados da empresa,
apresentando seu desempenho através da Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE), sua variação patrimonial pelo Balanço Patrimonial e o fluxo
financeiro através da Demonstração do Fluxo de Caixa, como vimos nas aulas
anteriores. Dessa forma, para maior assertividade de um projeto, convém
projetar essas demonstrações, trazendo em números o resultado esperado.
Podemos ter um fluxograma desse processo de projeção, conforme o
demonstrativo:

76
Demonstrativo do Resultado do Exercício Projetado:

Estimativa de
consumo de
Previsão de vendas Plano de produção
materiais e
mão de obra

Estimativa de
Demonstrativo de
despesas e outros
resultado projetado
custos operacionais

Fonte: (GTMAN, Laurence, adaptado).

Fluxo de Caixa Projetado:

FLUXO DE CAIXA PROJETADO:

Plano de Plano de
financiamento investimento
em longo prazo de capital

Orçamento de
caixa

Fonte: (GTMAN, Laurence, adaptado).

77
Balanço Patrimonial Projetado:

BALANÇO PATRIMONIAL PROJETADO:

Balanço Demonstração
patrimonial do resultado
corrente projetado

Balanço
Orçamento de
patrimonial
caixa
projetado

Fonte: (GTMAN, Laurence, adaptado).

Há situações em que a empresa ou gestor não faz toda a conciliação das


demonstrações contábeis e foca apenas no fluxo de caixa incremental do
projeto, reduzindo o trabalho e simplificando a análise da seguinte forma:

78
Situação sem Situação com
projeto projeto

Fluxo de caixa Fluxo de caixa


original projetado

Fluxo projetado -
fluxo original =
fluxo incremental
do projeto

Fonte: O autor.

Apesar da praticidade e simplificação, a forma reduzida


focando apenas no Fluxo de Caixa Incremental pode
deixar que informações relevantes, principalmente de
questões tributárias, passem despercebidas, uma vez que
não será amplamente detalhado como em um
Demonstrativo do Resultado do Exercício. Outro fator
importante é a depreciação, pois ela não gera
movimentação financeira na empresa, porém, é uma
despesa que em alguns projetos é de extrema relevância.

79
NA PRÁTICA

Ao elaborar um projeto todas as áreas da empresa são envolvidas:


Pesquisa e Desenvolvimento, Departamento Comercial, de
Marketing, Financeiro, Produção e Diretoria. O projeto se inicia com
um objetivo, como o lançamento de um novo produto e com
determinação deste objetivo, inicia-se o processo de levantar os
valores necessários para o financiamento, bem como as origens dos
recursos. Posteriormente, a destinação dos recursos e seu
investimento. Até este momento, foi abordada a origem dos recursos
e sua destinação para o início do projeto e seu funcionamento, para
só, enfim, obter os resultados da operação que este projeto irá
proporcionar para a empresa. Como cada departamento possui sua
particularidade, é importar desde o ato de elaboração do
planejamento o envolvimento de toda a empresa para que o projeto
tenha o máximo de sucesso possível.

80
15

Projeção de Resultados
Projeção de DRE e Fluxo de Caixa
Simplificando o processo de projeção, é possível realizá-la efetuando um
Demonstrativo do Resultado do Exercício, apurando o Lucro incremental e
através de ajustes, encontrar o Fluxo de Caixa Incremental. Podemos encontrar
estes valores da seguinte forma:

(+) Receitas líquidas incrementais


(-) Custos incrementais
(-) Despesas operacionais incrementais
(-) Depreciação incremental
= Lucro incremental da atividade
(-) Imposto de Renda e Contribuição Social
= Lucro incremental da atividade após IRPJ e CSLL

Até este ponto, é apurado o resultado da operação incremental, observando


sempre o regime de competência e de um resultado operacional não
financeiro. Através de ajustes, podemos encontrar o Fluxo de Caixa Incremental,
da seguinte forma:

(+) Lucro incremental da atividade após IRPJ e CSLL


(+) Depreciação incremental
(-) Necessidade de capital de giro incremental
(-) Investimentos de capital
(+) Vendas de ativos
= Fluxo de caixa incremental

82
PARA GABARITAR

A Demonstração do Resultado do Exercício é sempre apurada por


regime de competência, ou seja, sempre quando os fatos ocorrem
independentemente de ter acontecido movimentações financeiras
ou não. Já o Fluxo de Caixa é relacionado à entrada e saída de
recursos financeiros da empresa, sem ter em conta de quando os
fatos ocorreram. É necessário alinhar os processos produtivos,
disponibilidade de materiais e mão de obra, ou seja, fatos
operacionais, com os prazos de pagamentos e recebimentos, fatos
financeiros, regime de caixa.

Exemplo:
Uma empresa deseja ampliar seu processo produtivo lançando uma nova linha
de produtos. Para isso, será necessário investir R$ 1.000.000,00 em máquinas e
equipamentos novos, adequados aos novos produtos. As projeções de vendas
para essa nova linha de produtos são de R$ 600.000,00 no ano de início do
projeto, R$ 800.000,00 para o ano seguinte e R$ 1.000.000,00 para os próximos
anos, estimando uma vida útil de cinco anos para essa linha. Considerando um
custo variável de 30%, custos e despesas fixas de R$ 200.000,00 ao ano, carga
tributária das vendas brutas de 15%. O capital de giro necessário para o projeto
incremental é correspondente a 20% das receitas no primeiro ano. A vida útil
das máquinas e equipamentos é estimada em dez anos, sendo que após o
período da vida útil da nova linha de produtos, elas serão vendidas por seu valor
residual. O IR e a CSLL totalizam uma alíquota de 34% sobre o lucro apurado.
Qual o fluxo de caixa incremental ano a ano e total do período?

83
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Total

Receitas 600.000 800.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 5.400.000

(-) Impostos 90.000 120.000 150.000 150.000 150.000 150.000 810.000

(-) Custo variável 180.000 240.000 300.000 300.000 300.000 300.000 1.620.000

(-) Custo fixo 200.000 200.000 200.000 200.000 200.000 200.000 1.200.000

(-) Depreciação 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 600.000

= Lucro operacional 30.000 140.000 250.000 250.000 250.000 250.000 1.170.000

(-) IRPJ e CSLL 10.200 47.600 85.000 85.000 85.000 85.000 397.800

= Lucro líquido 19.800 92.400 165.000 165.000 165.000 165.000 772.200

(+) Depreciação 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 600.000

(-) Necessidade de
120.000 120.000
capital

(-) Imobilização 1.000.000 1.000.000

(+) Venda de ativos 400.000 400.000

=Fluxo Incremental (1.000.200) 192.400 265.000 265.000 265.000 665.000 652.200

Através da disposição anual é possível visualizar o fluxo de caixa incremental


gerado em cada período e é de extrema importância identificar o fluxo de caixa
incremental de todo o período para identificar a viabilidade financeira do
projeto ou não. Após realizada essa operação, fica mais assertivo aos gestores
identificarem a melhor forma de financiamento do projeto, tendo o
conhecimento dos fluxos que serão gerados em cada período.
Além disso, com a visualização dos valores, cada departamento da empresa
pode sugerir mudanças no projeto, simular novamente e identificar o novo
cenário a cada mudança. Transformando, assim, as projeções das
demonstrações numa ferramenta dinâmica que traz segurança às tomadas de
decisões dos projetos.

84
16

Viabilidade de Projetos
Ponto de Equilíbrio Contábil
De acordo com Atkinson et al. (2000, p.193), quando o nível de vendas cobre os
custos fixos, ocorre o ponto de equilíbrio contábil. A partir deste nível, com essa
barreira de vendas ultrapassada, a empresa ou projeto começa a apresentar
lucros.
O cálculo do ponto de equilíbrio contábil é encontrado através da fórmula:

Ponto de equilíbrio = Custos e despesas fixas / Índice da margem de


contribuição

Ou seja, para encontrar o ponto de equilíbrio, devemos primeiro encontrar a


margem de contribuição. A margem de contribuição representa o quanto, após
a empresa deduzir todas as despesas e custos variáveis, o quanto sobrou para
cobrir os custos fixos e lucratividade. Por isso, o nome de margem de
contribuição, o quanto a operação irá contribuir para cobrir os custos e
despesas fixas da empresa.
O cálculo da margem de contribuição se dá através da fórmula:

Margem de contribuição = Receitas de vendas – Custos e Despesas variáveis –


Impostos sobre o faturamento.

Já o cálculo do índice é realizado da seguinte forma:

Índice da margem de contribuição = (Receitas de vendas – Custos e Despesas


variáveis – Impostos sobre o faturamento) / Receitas de vendas.

86
Exemplo 1:
Um projeto tem a estimativa de gerar receitas de vendas no valor de R$
50.000,00, com impostos diretos de 12% sobre as receitas, custos e
despesas variáveis de 30% e custos fixos da operação de R$ 10.000,00.
Qual a margem de contribuição, o Índice da margem de contribuição e
o Ponto de equilíbrio da operação?

Margem de Contribuição = 50.000 – (50.000 . 12%) – (50.000 . 30%)


Margem de Contribuição = 50.000 – 6.000 – 15.000
Margem de Contribuição = 29.000

Índice da Margem de Contribuição = ((50.000 – (50.000 . 12%) – (50.000 .


30%)) / 50.000
Índice da Margem de Contribuição = (50.000 – 6.000 – 15.000) / 50.000
Índice da Margem de Contribuição = 29.000 / 50.000
Índice da Margem de Contribuição = 0,58

Ponto de Equilíbrio Contábil = 10.000 / 0,58


Ponto de Equilíbrio Contábil = 17.241,37

Ou seja, neste projeto, com ponto de equilíbrio contábil de R$ 17.241,37, a


empresa irá começar a ter lucros somente após ter faturado acima desse valor.
É de extrema importância conhecer estes valores, pois quando estes valores de
custos e despesas são altos demais, o valor necessário de faturamento pode
ultrapassar a realidade de mercado, tornando inviável a operação.

87
PARA GABARITAR

O domínio dos conceitos contábeis de Receitas, Custos e Despesas,


bem como de valores fixos e variáveis são de extrema importância
para a correta identificação dos valores, seu cálculo e, principalmente,
a interpretação da Margem de Contribuição e do Ponto de Equilíbrio
Contábil. Portanto, é importante rever estes conceitos, caso ainda não
tenha segurança, para a tomada de decisão correta, uma vez que
cada empresa ou projeto possui uma realidade diferente e um tipo
de despesa que é fixa em uma empresa, pode ser variável em outra.

Ponto de Equilíbrio Econômico -


Financeiro
Semelhante ao Ponto de Equilíbrio Contábil, o Ponto de Equilíbrio Econômico-
Financeiro considera também os fatores de previsão de receitas, custos fixos,
custos variáveis e impostos incidentes sobre o faturamento. Porém, além
desses fatores é considerado também o valor do investimento necessário para o
início do projeto e o custo do capital para a empresa, de forma que o Valor
Presente Líquido – VPL seja igual a zero. Ou seja, o valor do ponto de equilíbrio,
neste caso, será quando o valor investido, acrescido de seu custo financeiro for
coberto pela operação. Este tipo de cálculo é utilizado geralmente em novos
projetos, novos investimentos, novas empresas, enquanto o Ponto de Equilíbrio
Contábil não incluir fatores de investimentos e custo de capital, sendo apenas
da operação em si, que pode ser de uma empresa ou projeto já existente.
O cálculo do Ponto de Equilíbrio Econômico-Financeiro se dá através do cálculo
a seguir:

88
n
(1+i) −1
V P L = −V P + P M T . n
(1+i) . i

Sendo:
VPL: Valor Presente Líquido.
VP: Valor Presente, o valor investido inicialmente no projeto.
PMT: O caixa gerado no período, ou seja, a estimativa de receitas reduzidos os
custos e despesas da operação.
i: O custo de capital.
n = período do projeto.

Exemplo 2:
Uma fábrica de sapatos deseja abrir uma nova planta fabril e será
necessário o investimento de R$ 10.000.000,00. Os custos operacionais
representarão 20% do faturamento e os impostos incidentes sobre a
venda de 20% também. A taxa anual do custo de capital será de 10% ao
ano, com duração de vida útil dessa planta de dez anos. Qual o
faturamento mínimo necessário para o Ponto de Equilíbrio Econômico-
Financeiro?
Considerando VPL = 0, temos:
10
(1+0,1) −1
0 = −10.000.000 + 0, 6Rmin . 10
(1+0,1) . 0,1

10
(1,1) −1
0 = −10.000.000 + 0, 6Rmin . 10
(1,1) . 0,1

2,59−1
0 = −10.000.000 + 0, 6Rmin .
2,59 . 0,1

1,59
0 = −10.000.000 + 0, 6Rmin .
0,59

0 = −10.000.000 + 0, 6Rmin . 2, 69

Rmin = 16.169.491, 52

Logo, a receita mínima que este projeto deverá gerar para que o Valor Presente
Líquido seja igual a zero, deverá ser de R$ 16.169.491,52.

89
CONECTE-SE

A B3, Bolsa de Valores Oficial do Brasil, disponibiliza em seu site,


cursos relacionados a investimentos na bolsa de valores. O curso em
questão traz definições de gestão de capital do investidor, análises
técnica e fundamentalista, os tipos de gráficos usados e técnicas para
realizar a gestão dos riscos e do portfólio da carteira de ações,
potencializando os lucros do investidor.

AC E S S A R

90
Conclusão
A análise de investimentos requer um misto de competências e conhecimentos
– desde matemática financeira e conhecimentos contábeis, elaboração de
demonstrações e suas interpretações, cálculos de índices econômicos e
financeiros até a elaboração de projetos e seus investimentos, incluindo o
mapeamento dos riscos envolvidos no projeto em amplo aspecto financeiro,
jurídico e operacional. Porém, nada disso será feito de forma segura e assertiva
sem a observação de fatores externos à empresa e macroeconômicos, como
inflação, taxas de juros e câmbio monetário.
Com a participação de todos os departamentos da empresa na elaboração do
projeto, como os departamentos de vendas, marketing, compras, pesquisa e
desenvolvimento, financeiro e, também, a diretoria da empresa é essencial para
que o projeto e suas projeções sejam as mais assertivas possíveis. Após a
elaboração do projeto em si, o início do levantamento dos valores, tal como as
origens do financiamento deste projeto e seus custos, do mesmo modo, a
destinação do investimento proporciona os valores que formam a base para
análises, como a Taxa de Retorno do Investimento e o cálculo do Valor Presente
Líquido, itens essenciais para a definição da viabilidade do projeto e
investimento.
A projeção das demonstrações contábeis, tais como a Demonstração do
Resultado do Exercício, o Balanço Patrimonial e o Fluxo de Caixa, traz a previsão
da lucratividade da operação do projeto, o quanto irá afetar o patrimônio da
empresa e, também, o fluxo de caixa. Além da variação no fluxo de caixa é de
extrema importância validar as datas projetadas de entradas e saídas de
recursos do caixa, para que a empresa não fique sem capital de giro para honrar
suas obrigações no período, e se for o caso, buscar fontes externas de
financiamento para a operação.
Após conhecer as necessidades de capital, os prazos de entradas e saídas dos
recursos do caixa previstos no projeto, cabe aos gestores buscarem fontes de
financiamento para o projeto. Cada projeto tem uma realidade de fluxo de caixa
diferente e, para isso, existem sistemas de amortização de financiamentos cada
um com suas vantagens e desvantagens, como o Sistema de Amortização
Constante, Sistema de Amortização Constante com Carência e Sistema de
Amortização Francês, conhecido como Tabela Price. Coincidir as datas de
entradas de recursos no caixa com as saídas de recursos com a maior

91
assertividade possível é uma das habilidades requisitadas aos gestores
financeiros, para que o custo de capital e a necessidade de financiamentos
externos seja o menor possível, otimizando o resultado econômico e financeiro
da empresa e projeto.
A análise das demonstrações contábeis, como as análises verticais e horizontais
permitem visualizar as mudanças no patrimônio ou no desempenho da
empresa durante períodos distintos, bem como a representatividade das
contas dentro do período. É uma forma prática de validar se a variação do
desempenho ou patrimônio foi condizente com o esperado e projetado para o
período ou projeto. Os índices contábeis, como os de liquidez, de rentabilidade
e de endividamento trazem a praticidade de identificar a situação de forma
direta, sem necessariamente buscar valores nas demonstrações e realizar
cálculos, sendo uma ferramenta muito utilizada por gestores, clientes,
fornecedores, investidores e demais usuários da contabilidade das empresas.
Enfim, a análise de investimentos no ambiente empresarial vai além das
questões financeiras e de rentabilidade, envolvendo a empresa como um todo,
uma vez que a rentabilidade e lucratividade do projeto em si é apenas
consequência do levantamento de informações, elaboração do projeto e suas
projeções, mapeamento, monitoramento e acompanhamento dos resultados
durante o projeto, corrigindo se necessário. A gestão empresarial como um
todo é a chave para que os investimentos sejam realizados de forma efetiva.

92

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