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CDD – 00000
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código
Penal.
Bons estudos!
3
Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida!
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007 Aula 01: Juros Compostos e Operações Comerciais
5
Introdução
Em um mercado globalizado, o gestor deve se atentar a inúmeros fatores
macroeconômicos, microeconômicos e os da própria empresa. A concorrência,
os fornecedores, os clientes e o sistema financeiro é mundial, aumentando a
complexidade nas tomadas de decisões. Decisões diárias e de rotina, bem
como orçamentos e planejamentos estratégicos anuais sofrem interferência de
fatores econômicos e financeiros, portanto, é de extrema importância o amplo
conhecimento de cada fator, bem como a interconexão entre eles.
Conhecimentos em matemática financeira, como o efeito do tempo sobre o
dinheiro, juros simples e compostos, taxas de custo e risco de capital e sistemas
de amortização compõem uma base matemática essencial para avançar nas
demais questões de fluxo de caixa, orçamentárias e de investimentos.
Relacionar os fatores financeiros com os fatores produtivos, de vendas e
operacionais exigem uma visão ampla do negócio, o que em um primeiro
momento pode parecer complexo, mas ao analisar e compreender cada item
de forma individual, ao consolidar as informações e desenvolver um orçamento
e/ou planejamento, fica fácil juntar as peças e ter assertividade nas tomadas de
decisões.
O mercado financeiro é uma fonte importante de financiamento para as
empresas e que está sujeito a interferências constantes de questões, como o
cenário político mundial e nacional, como guerras, pandemias e demais
instabilidades políticas em geral, que aumentam as taxas básicas de juros e,
consequentemente, o custo da aquisição de capitais. Ou seja, o gestor, além de
conhecer bem o core do seu negócio, deve estar atento aos cenários para ter
melhores resultados em buscar ou quitar recursos oriundos do mercado
financeiro.
Além disso, o gestor deve relacionar essas informações com a situação
econômica e financeira da empresa no presente por meio da análise das
demonstrações contábeis, tais como Balanço patrimonial, Demonstração do
Resultado do Exercício e Demonstração do Fluxo de Caixa, bem como os
índices gerados através dessas demonstrações, mas também analisar as
projeções dessas demonstrações de cada projeto, verificar os prós e contras. E,
por fim, após analisar o contexto da empresa em si, da economia e do país para
tomar decisões. Afinal, a empresa, obrigatoriamente, está inserida em um país,
um mercado, e os cenários em que está inserida afetam diretamente seus
resultados.
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01
Juros Compostos e
Operações Comerciais
Juros Compostos
Contexto econômico
A maioria das operações no Mercado de Crédito, um dos componentes do
Mercado Financeiro por meio da qual são realizadas as operações de
financiamentos, arrendamentos mercantis e operações de empréstimos dos
mais variados portes, para pessoas físicas e jurídicas, é realizada através de
cálculos com juros compostos, que possuem como característica um efeito
cumulativo de resultados anteriores a cada incidência de juros sobre o
montante, chamado também de capitalização composta. Veja:
Montante ($)
Juros Compostos
Juros Simples
C Tempo (n)
1
8
Perceba que o crescimento da curva dos Juros Simples é linear, ou seja, a
incidência dos juros será sempre sobre o valor do Capital Inicial, por isso, ela irá
apenas acrescentar a parcela dos juros do período em questão ao montante. Já
nos juros compostos, a incidência dos juros será sobre o valor atualizado do
Montante, ou seja, os juros serão maiores, gerando uma curva de montante
cada vez mais progressiva e exponencial. Fato este que conseguimos visualizar
por meio do gráfico, mas no cálculo também há essa distinção, já que no
cálculo dos Juros Simples há apenas multiplicação e adição, enquanto no dos
Juros Compostos temos o cálculo realizado de forma exponencial.
PARA GABARITAR
9
Cálculo dos Juros Compostos
Para calcular os juros compostos, usamos a seguinte fórmula:
M = C (1+i) n
Onde:
M = Montante
C = Capital Inicial
i = taxa de juros por período
n = número de períodos no qual o capital inicial foi aplicado
10
Podemos ter, como exemplo, a compra de uma máquina
no valor de R$ 100.000,00 com pagamento em 48 meses a
uma taxa de juros mensal de 1,00% ao mês, logo, temos:
M=?
C = R$ 100.000,00
i = 1,00%
n = 48
J=M–C
J = 161.222,00 – 100.000,00
J = 61.222,00
11
NA PRÁTICA
12
02
CONECTE-SE
14
Fórmula do Custo médio do Capital
A fórmula básica se dá através do Custo Médio Ponderado de Capital – CPMC:
Sendo:
Cd = Participação do financiamento de terceiros no total do passivo.
Kd = Custo do financiamento do capital de terceiros.
t = Alíquota do Imposto de Renda e Contribuição Social.
Cs = Participação do capital próprio no total do passivo.
Ks = Custo do capital próprio.
15
Exemplo
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CPMC = [ 0,50 . 0,128 . (1 – 0,34) + (0,50 . 0,06)
CPMC = [0,064 . 0,66 + 0,03]
CPMC = 0,04224 + 0,03
CPMC = 0,07224
PARA GABARITAR
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03
Análise de Investimentos
Demonstrações Contábeis
A análise de investimentos tanto do ponto de vista do gestor quanto doponto
de vista do investidor exige conhecimentos financeiros e decontabilidade. A
análise analítica e comparativa das demonstraçõescontábeis é uma excelente
ferramenta para decidir a realização deinvestimentos na empresa, ou observar
se os investimentos realizadospromoveram melhoras nos resultados. A
comparabilidade entre as contasdentro de um determinado período, ou a
comparação de uma mesmaconta entre períodos, permite observar os
impactos no resultado decada ação tomada.
As demonstrações contábeis fornecem informações para diversos usuários da
contabilidade, como acionistas, investidores, credores, governos, gestores e até
mesmo a sociedade. Para quem os prepara, é importante desenvolver a
empatia por esses usuários, tornando a compreensão, análise, comparação e
extração de dados e informações o mais objetivas possível. Além das
obrigações legais, como a Lei 6.404/76, o Comitê de Pronunciamentos
Contábeis estabeleceu regras e diretrizes a serem seguidas na elaboração dos
demonstrativos, proporcionando uniformidade e padronização no Brasil.
As Demonstrações Contábeis essenciais e obrigatórias para qualquer porte de
empresa são o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do
Exercício, pois possuem os elementos básicos utilizados nas análises de
investimentos, os quais podemos dispor da seguinte forma:
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Elementos das Demonstrações Contábeis
Elementos
Mensuração
relacionados
Patrimonial Desempenho
Ativo Receitas
Passivo Despesas
Patrimônio
Líquido
Fonte: o autor.
20
PARA GABARITAR
Análise horizontal
A análise horizontal mostra a evolução ou redução de cada conta contábil
relacionada, comparando entre períodos. Por meio dessa análise, é possível
comparar se as evoluções ou regressões entre projetos são compatíveis entre si.
Ou seja, a análise horizontal é a comparação entre períodos de uma ou
determinadas contas contábeis.
Balanço Patrimonial
No Balanço Patrimonial, por meio da análise horizontal, podemos entender a
evolução ou retorno dos ativos e a evolução ou retorno dos passivos no
patrimônio da empresa, além de comparar essas evoluções ou regressões com
os resultados operacionais obtidos na demonstração de resultados do exercício.
O período anterior será 100% baseado no período em análise.
21
Modelo de análise horizontal no Balanço Patrimonial
2020 2021
Fonte: Autoral.
22
Modelo de análise horizontal da Demonstração do Resultado do Exercício
Fonte: Autoral.
NA PRÁTICA
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04
Análise de Investimentos
Análise Vertical
A análise vertical permite comparar diferentes contas dentro de um mesmo
período, analisando o quanto cada uma representa dentro do todo.
Extremamente útil para compreender as principais fontes de receitas, de custos
e despesas na Demonstração do Resultado do Exercício, bem como
compreender a composição do Balanço Patrimonial, se seu ativo é de maior
liquidez ou não, ou se seu passivo é exigível no curto ou longo prazo, por
exemplo.
Balanço Patrimonial
No Balanço patrimonial, através da análise vertical, o usuário consegue
evidenciar o quanto cada conta representa no ativo ou no passivo. Sendo o
ativo total representado por 100%, tendo cada item sua porcentagem
representada, o mesmo vale para o passivo. Além da comparação entre os itens,
é interessante que sejam acrescentados na análise os valores e os percentuais
do período anterior para comparar o quanto cada item representava no período
anterior e o quanto representa no atual. Sendo mantida sua estrutura padrão,
adicionados apenas as porcentagens para a comparação.
Exemplo de análise vertical no Balanço Patrimonial:
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R$ 2020 %2020 R$ 2021 % 2021
Demonstração do Resultado do
Exercício
Na Demonstração do Resultado do Exercício, cada conta contábil deverá ter
seus valores e percentuais apresentados, sendo o valor da receita representado
por 100% e as demais contas de deduções, custos, despesas e lucros
relacionadas com a receita. Desta forma, temos, por exemplo, o quanto as
despesas com vendas representam em porcentagem perante a receita. Além
da comparação entre as contas, é interessante que sejam acrescentados na
análise os valores e os percentuais do período anterior para comparar o quanto
cada item representava no período anterior e o quanto representa no atual.
26
É de extrema importância que os gestores e investidores
façam a análise vertical da DRE, pois desde decisões tais
como precificação e apuração de tributos até a
lucratividade e rentabilidade da empresa têm suas
informações derivadas da DRE.
Fonte: Autoral.
27
PARA GABARITAR
28
05
Índices Contábeis
Índices Contábeis
Os Indicadores Contábeis são múltiplos obtidos através das Demonstrações
Contábeis, podendo ser de uma única demonstração, ou com informações
obtidas de várias demonstrações contábeis. Através dos indicadores, a
interpretação dos resultados e da situação do patrimônio da empresa é feita de
forma prática e intuitiva.
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LG = Ativo Circulante + Realizável em longo prazo
Passivo Circulante
LC = Ativo Circulante
Passivo Circulante
Índice de Liquidez Seca - LS – indica todos os valores que estão disponíveis para
cumprir com os pagamentos da empresa. Ou seja, sem realizar novas vendas
qual a capacidade de cumprir com suas obrigações.
31
GT = Patrimônio Líquido
Passivo Exigível
ET = Passivo Exigível
Ativo Total
PARA GABARITAR
Índices de rentabilidade
Estes índices demonstram o quanto o capital investido na empresa promove de
rentabilidade, diferentemente dos índices de liquidez e endividamento. Os
índices de rentabilidade não são calculados, unicamente, com valores
constantes no Balanço Patrimonial, mas também com informações constantes
no Demonstrativo de Resultado do Exercício.
32
Afinal, trata-se de rentabilidade e está atrelada ao desempenho da empresa, não
somente com sua situação patrimonial. Podemos, através destes índices,
concluir a rentabilidade da empresa, sua eficiência em converter capitais
aplicados em resultados, sua capacidade de evolução e potencial de vendas.
Rentabilidade sobre o Ativo Total - RAT – Apresenta o quanto todos os bens e
direitos da empresa promoveram de lucro no período analisado.
Playback = 100
RAT
33
CONECTE-SE
34
06
Análise de Investimentos
Taxa Interna de Retorno - TIR
A Taxa Interna de Retorno é a taxa que define qual será o retorno em valor
presente em entradas de recursos no caixa, referente às despesas que geraram
saídas de recursos. Ou seja, através da mensuração em taxas de juros é
encontrada a rentabilidade ou o custo do projeto, com o retorno dos recursos
financeiros ao caixa da empresa em todo o período em que ocorrem as
entradas de recursos ou saídas referentes ao projeto ou à operação em si.
Cálculo - TIR
〖FC〗_0=∑_(j=1)^n〖FC〗_j/〖(1+i)〗^j
Sendo:
〖FC〗_0 é o momento inicial do fluxo de caixa mensurado em valor;
〖FC〗_j é a previsão de fluxo de caixa em valores no período total;
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Podemos ter, como exemplo, o caso de um empréstimo
de R$ 50.000 com pagamento em três parcelas de R$
20.000,00 mensais:
Sendo:
〖FC〗_0 R$ 50.000,00
〖FC〗_j R$ 60.000,00
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Valor Presente Líquido - VPL
O efeito do tempo sobre o dinheiro, também conhecido como inflação, leva a
uma perda do poder de compra ao longo do tempo. Empresas que têm
operações que envolvem moedas estrangeiras também estão sujeitas a
variações do poder de compra com o efeito do tempo. Por isso, tais variações
devem ser previstas na elaboração de projetos, principalmente nos de longo
prazo.
O cálculo do valor presente analisa os fluxos de caixa futuros que serão gerados,
descontando uma taxa de desconto, que pode representar riscos, variações
cambiais, inflações, ou outro fator que faça sentido no projeto.
VPLs que apresentam resultados positivos indicam que os valores de caixa que
o projeto irá promover ao longo do tempo, atualizada a data atual, de acordo
com a taxa definida, é superior ao valor aportado inicialmente no projeto, ou
seja, a operação é vantajosa. Caso contrário, se o resultado for negativo,
considerando a taxa definida, o projeto não é vantajoso.
Cálculo - VPL
O cálculo do Valor Presente Líquido se dá pela fórmula abaixo:
Sendo:
〖FC〗_0 o valor do fluxo de caixa do momento inicial;
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Podemos ter, como exemplo, um projeto incremental em
uma empresa com custo estimado de R$ 100.000,00 que
irá promover entradas de caixa no primeiro ano, no valor
de R$ 45.000,00 e no segundo ano, de R$ 70.000,00.
Considerando uma taxa anual de desconto de 12,0%,
vamos calcular o VPL:
PARA GABARITAR
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07
Fluxo de Caixa
Contextualização
O Fluxo de Caixa, como o nome sugere, é um instrumento em que podemos
visualizar as entradas e saídas de recursos financeiros da empresa. O Fluxo de
Caixa traz as movimentações financeiras, diferentemente do Balanço
Patrimonial que possui um resultado estático, ou seja, uma “fotografia” da
situação da empresa em uma determinada data, ou da Demonstração do
Resultado do Exercício, que trata das movimentações ocorridas na empresa em
um determinado período, porém, em regime de competência.
Periodicidade
O Fluxo de Caixa pode ter seus intervalos de tempo de entradas e saídas de
recursos de forma periódica ou não. Ou seja, o intervalo de tempo é igual entre
cada movimentação. Empresas que possuem receitas recorrentes, como
mensalidades, possuem a característica de um Fluxo de Caixa com
periodicidade, trazendo previsão na entrada de recursos financeiros.
41
PARA GABARITAR
Duração do fluxo
Os fluxos de caixa podem ser projetados de forma finita ou infinita. Sendo os
finitos com prazo determinado para encerramento do projeto e os mais
utilizados nas projeções das empresas. Já os fluxos de caixa infinitos são
aqueles que não possuem uma determinação para o encerramento do projeto.
42
Entrada de recursos
Fonte: Autoral.
CONECTE-SE
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08
Demonstração do Fluxo
de Caixa
Demonstração do Fluxo de Caixa
- DFC
A Demonstração do Fluxo de Caixa pode ser analisada e elaborada de duas
formas: o método direto e o indireto. Tanto a elaboração da demonstração
quanto a projeção do fluxo de caixa podem ser realizadas através dos dois
métodos.
O Fluxo de caixa empresarial, utilizado para gestão dos recursos financeiros ao
longo do tempo, não deve ser confundido com a Demonstração do Fluxo de
Caixa, já que o primeiro consiste em dispor as entradas e saídas de recursos ao
longo do tempo, enquanto o segundo é elaborado apenas com uma síntese de
forma posicional no fim do período.
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Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto
Saldo Inicial
Entradas
Receita operacional recebida
Receitas financeiras
Recebimento de coligadas
Vendas de investimentos
Novos financiamentos
Aumento de capital
Total de entradas
Saídas
Compras pagas
Despesas de vendas pagas
Despesas administrativas
Despesas financeiras
Imposto de renda
Dividendos pagos
Total de saídas
Saldo final
Fonte: o autor.
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Demonstração do Fluxo de Caixa – Método
Indireto
Diferentemente da DFC pelo método direto, a DFC pelo método indireto não
busca as informações analisando o fluxo financeiro de entradas e saídas de
recursos da empresa, mas sim através de saldos, e diferença de valores entre o
período inicial e final do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado
de Exercício. Dividindo em três formas:
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Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto
a) Atividades operacionais
Lucro Líquido
(+) Depreciação
(+/-) Duplicatas a receber
(+/-) Estoques
(+/-) Fornecedores
(+/-) Salários a pagar
(+/-) Impostos a recolher
A1) Caixa líquido das atividades operacionais
b) Atividades de investimentos
Venda de ações de coligadas
Recebimento de empresas coligadas
B1) Caixa líquido das atividades de investimentos
c) Atividades de financiamentos
Novos financiamentos
Aumento de capital em dinheiro
Dividendos
C1) Caixa líquido das atividades de financiamentos
Fonte: o autor.
48
PARA GABARITAR
49
09
Riscos
Introdução
Acadêmico, em um projeto, além de olhar os números diretamente envolvidos
no projeto, é necessário considerar os possíveis riscos e, também, se possível,
mensurá-los. Assim, os riscos que afetam uma organização ou um projeto são
divididos em riscos sistêmicos e próprios.
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Preço dos insumos e mão de obra;
Falha no abastecimento de fornecedores;
Operacionais Falha nos processos operacionais
e de produção
RISCOS
Taxas de juros e de câmbio;
Acesso ao crédito;
Financeiros
Imprevistos no fluxo de caixa como
falta de recebimentos
Responsabilidade Civil;
Legais: Patrimoniais;
ambientais, responsabilidade Ambiental e tóxico;
civil e de patrimônio Insalubridades, acidentes e saúde
Proteção de Dados Pessoais
Regulamentações;
Políticos e de negócio Reputação;
Político/País
CONECTE-SE
52
Como lidar com os riscos?
Os riscos, após serem encontrados, mensurados e definidos seus segmentos,
devemos classificá-lo quanto à probabilidade da ocorrência e da relevância
desse risco diante do impacto, caso o evento ocorra.
Logo, os gestores de projetos devem ter foco nos riscos com Classificação de
Risco: Possível e Praticamente Certo, de forma que aloquem recursos e tempo
naquilo que realmente apresenta riscos para a empresa ou projeto.
Porém, além de analisar a probabilidade, deve-se observar a relevância do
impacto, caso o risco ocorra, conforme disposto:
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Diante da análise dos riscos envolvidos na operação de uma empresa, projeto,
ou investimento, repare que os riscos irão existir, porém, deve ser sempre
analisada a probabilidade de o risco ocorrer e qual será seu impacto antes de
decidir mitigá-lo ou eliminá-lo.
NA PRÁTICA
54
10
Inflação e Correção
Monetária
Inflação
A Inflação é um fenômeno de aumento no preço de produtos e serviços, por
um desajuste econômico, seja por questões político-econômicas, ou questões
de oferta e demanda. De uma forma simplória, a Inflação reduz o poder de
compra ao longo do tempo. Por isso, no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) desenvolve índices para medir essa variação de preços e
serviços, que são o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice de
Preços ao Consumidor (INPC).
Enquanto o IPCA, como o nome sugere, é de um espectro amplo, ou seja,
abrange famílias com renda mensal de um até quarenta salários-mínimos, o
INPC abrange família com renda mensal de um até cinco salários-mínimos
apenas, cuja renda dessas famílias é consumida com itens básicos, como
transporte, medicamentos e alimentação. Esses índices são calculados
mensalmente e tem sua divulgação de forma isolada do mês em que foi
apurado e, também, como o saldo acumulado dos últimos doze meses.
Segundo o IBGE, os índices IPCA e INPC apurados no Brasil e nas capitais dos
principais estados do país, para o mês de março de 2022, se distribuem de
acordo com a tabela a seguir:
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Local IPCA INPC
57
Além dos dois índices já apresentados, existem outros índices, como por
segmentos, que é o caso do Índice Nacional da Construção Civil (INCC), esse
utilizado em contratos do segmento da construção civil, que deve, portanto, ser
analisado historicamente no momento da assinatura de contratos dentro deste
segmento, para que não ocorram surpresas com os valores corrigidos a serem
pagos ao longo do tempo do contrato do imóvel. Também, podendo tornar
inviável o investimento da operação, dependendo do INCC do período.
Outro índice de grande relevância é o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M)
que é apurado e divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia
da Fundação Getúlio Vargas. Esse índice é amplamente utilizado em contratos
comerciais, e, também, em contratos de locação de imóveis. Ou seja, os
gestores, contadores e analistas de investimentos devem estar sempre atentos
aos índices de correção de mercado, desde o momento de elaboração de
contratos, com a escolha do índice mais adequado para ambas as partes e
situação, bem como monitorar, periodicamente, se os valores corrigidos estão
de acordo com os índices apurados no período, evitando prejuízos para a
empresa ou projeto.
CONECTE-SE
58
Fórmula de Fischer
A Fórmula de Fischer apresenta a taxa nominal de juros de um contrato com a
relação entre a inflação do período e a taxa real de juros estabelecida. Ou seja, a
perda do poder de compra ocasionada pela inflação é considerada nessa
operação, encontrando o real retorno sobre o investimento.
Fórmula do cálculo:
(1 + r) = ((1 + π) / (1 + i)) -1
Sendo:
i - a taxa de juros nominal
r - a taxa de juros real
π - a taxa de inflação
Exemplo:
Um fundo de investimento apresentou uma rentabilidade de 4,50% no período
anterior. Porém, neste mesmo período, a inflação foi de 1,50%. Qual foi a
rentabilidade real do investimento?
Sendo:
i – 4,50%
r – Taxa real a ser encontrada
π – 1,50%
59
PARA GABARITAR
60
11
Sistemas de
Amortização
Introdução
Antes de conhecer os sistemas de amortização existentes é importante termos
de forma clara a definição de amortização. A Amortização é o pagamento do
valor devido, seja uma fração ou em sua totalidade. Quando é feito um
empréstimo, por exemplo, parte de uma parcela do pagamento será composto
de amortização e de juros, ou apenas de um dos componentes. O fator que
determina as condições de composição da parcela varia de acordo com o
sistema de amortização definido.
Os sistemas de amortização mais comuns são o Sistema de Amortização
Francês, conhecido como Sistema Price, em virtude do seu criador Richard
Price e, também, o Sistema de Amortização Constante.
Sistema de Amortização
Constante
O Sistema de Amortização Constante, como o nome sugere, nele, as
amortizações são constantes, com valores iguais em todas as parcelas. Dessa
forma, o valor das parcelas varia ao longo do tempo e podemos encontrar o
valor de cada parcela através do seguinte cálculo:
R₁ = A + J₁ = A + Pᵢ
R₂ = A + J₂ = A + (P – A) i = A + Pi - Ai
R₃ = A + J₃ = A + (P – 2A) i = A + Pi - 2 Ai
{...}
Rո = A + Jո = A + [P – (n – 1)A] i = A + Pi –(n- 1)Ai
62
Ou seja, o valor de cada parcela deverá ser encontrado individualmente, de
acordo com o número da parcela correspondente.
CONECTE-SE
Amortização = PV / n
63
N° Valor da parcela Amortização Juros Saldo devedor
Fonte: O autor.
Prestação
J1
J2 J3
Jn
A A A A
0 1 2 3 ... n Tempo
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PARA GABARITAR
65
12
Sistemas de
Amortização
Sistema de Amortização
Constante com Carência
Apesar das semelhanças com o tradicional Sistema de Amortização Constante,
a Amortização Constante com Carência dá um período de intervalo entre o ato
de tomar o empréstimo e iniciar a amortização da dívida. Alguns bancos
chamam esse sistema de crédito rotativo, no qual o tomador paga
mensalmente apenas um valor de juros sobre o montante, sem realizar
amortizações.
Podemos calcular um financiamento nessa modalidade conforme o exemplo:
Um produtor rural toma crédito de R$ 10.000,00 para a aquisição de uma
máquina com taxa de juros de 1,00% ao mês, com carência de cinco meses e
prazo total de dez meses, com o pagamento dos juros mensalmente antes de
iniciar a amortização:
67
Mês Saldo devedor Amortização Juros Prestação
0 R$ 10.000,00
68
Mês Saldo devedor Amortização Juros Prestação
0 R$ 10.000,00
1 R$ 10.100,00 R$ 100,00
2 R$ 10.201,00 R$ 101,00
3 R$ 10.303,01 R$ 102,01
4 R$ 10.406,04 R$ 103,03
5 R$ 10.510,00 R$ 104,06
69
PARA GABARITAR
70
13
Sistemas de
Amortização
Sistema PRICE
O Sistema PRICE, também conhecido como Sistema Francês de Amortização,
foi desenvolvido por Richard Price, na França, no ano de 1771, e apresentado na
obra “Observações sobre pagamentos remissivos”, no mesmo período da
Revolução industrial. Diferentemente do Sistema de Amortização Constante, o
sistema PRICE possui as amortizações e os juros variáveis em cada parcela,
sendo o valor da parcela em si fixo. Como o valor das parcelas é fixo, o cálculo
para todas as parcelas é um só, ao contrário do Sistema de Amortização
Constante. O cálculo para encontrar o valor das parcelas é feito através da
fórmula:
n
i(1+i)
P MT = V P n
(1+i) −1
0,02 . 1,12616
P M T = 100.000 .
1,12616−1
0,0225232
P M T = 100.000 .
0,12616
P M T = 100.000 . 0, 1785258
PMT = 17.852,58.
Logo, o valor da parcela será de R$ 17.852,58.
Podemos fazer a representação das parcelas, suas amortizações e juros,
conforme tabela a seguir:
72
Nº parcela Valor Parcela Amortização Juros Saldo devedor
Fonte: Autoral.
73
CONECTE-SE
AC E S S A R
74
14
Projetos
Introdução
Projetos fazem parte do cotidiano de gestores de empresas, sejam aqueles
inovadores, de melhoria, de expansão ou outras situações. Enfim, projetos
envolvem recursos e, em sua maioria, recursos financeiros. Por isso, antes da
execução do projeto é necessário realizar um planejamento prévio, com
estimativas de gastos e receitas, bem como das datas em que estes recursos
financeiros irão sair e entrar na organização.
Demonstrações projetadas
As Demonstrações Contábeis apresentam os resultados da empresa,
apresentando seu desempenho através da Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE), sua variação patrimonial pelo Balanço Patrimonial e o fluxo
financeiro através da Demonstração do Fluxo de Caixa, como vimos nas aulas
anteriores. Dessa forma, para maior assertividade de um projeto, convém
projetar essas demonstrações, trazendo em números o resultado esperado.
Podemos ter um fluxograma desse processo de projeção, conforme o
demonstrativo:
76
Demonstrativo do Resultado do Exercício Projetado:
Estimativa de
consumo de
Previsão de vendas Plano de produção
materiais e
mão de obra
Estimativa de
Demonstrativo de
despesas e outros
resultado projetado
custos operacionais
Plano de Plano de
financiamento investimento
em longo prazo de capital
Orçamento de
caixa
77
Balanço Patrimonial Projetado:
Balanço Demonstração
patrimonial do resultado
corrente projetado
Balanço
Orçamento de
patrimonial
caixa
projetado
78
Situação sem Situação com
projeto projeto
Fluxo projetado -
fluxo original =
fluxo incremental
do projeto
Fonte: O autor.
79
NA PRÁTICA
80
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Projeção de Resultados
Projeção de DRE e Fluxo de Caixa
Simplificando o processo de projeção, é possível realizá-la efetuando um
Demonstrativo do Resultado do Exercício, apurando o Lucro incremental e
através de ajustes, encontrar o Fluxo de Caixa Incremental. Podemos encontrar
estes valores da seguinte forma:
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PARA GABARITAR
Exemplo:
Uma empresa deseja ampliar seu processo produtivo lançando uma nova linha
de produtos. Para isso, será necessário investir R$ 1.000.000,00 em máquinas e
equipamentos novos, adequados aos novos produtos. As projeções de vendas
para essa nova linha de produtos são de R$ 600.000,00 no ano de início do
projeto, R$ 800.000,00 para o ano seguinte e R$ 1.000.000,00 para os próximos
anos, estimando uma vida útil de cinco anos para essa linha. Considerando um
custo variável de 30%, custos e despesas fixas de R$ 200.000,00 ao ano, carga
tributária das vendas brutas de 15%. O capital de giro necessário para o projeto
incremental é correspondente a 20% das receitas no primeiro ano. A vida útil
das máquinas e equipamentos é estimada em dez anos, sendo que após o
período da vida útil da nova linha de produtos, elas serão vendidas por seu valor
residual. O IR e a CSLL totalizam uma alíquota de 34% sobre o lucro apurado.
Qual o fluxo de caixa incremental ano a ano e total do período?
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Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Total
(-) Custo variável 180.000 240.000 300.000 300.000 300.000 300.000 1.620.000
(-) Custo fixo 200.000 200.000 200.000 200.000 200.000 200.000 1.200.000
(-) IRPJ e CSLL 10.200 47.600 85.000 85.000 85.000 85.000 397.800
(-) Necessidade de
120.000 120.000
capital
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Viabilidade de Projetos
Ponto de Equilíbrio Contábil
De acordo com Atkinson et al. (2000, p.193), quando o nível de vendas cobre os
custos fixos, ocorre o ponto de equilíbrio contábil. A partir deste nível, com essa
barreira de vendas ultrapassada, a empresa ou projeto começa a apresentar
lucros.
O cálculo do ponto de equilíbrio contábil é encontrado através da fórmula:
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Exemplo 1:
Um projeto tem a estimativa de gerar receitas de vendas no valor de R$
50.000,00, com impostos diretos de 12% sobre as receitas, custos e
despesas variáveis de 30% e custos fixos da operação de R$ 10.000,00.
Qual a margem de contribuição, o Índice da margem de contribuição e
o Ponto de equilíbrio da operação?
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PARA GABARITAR
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n
(1+i) −1
V P L = −V P + P M T . n
(1+i) . i
Sendo:
VPL: Valor Presente Líquido.
VP: Valor Presente, o valor investido inicialmente no projeto.
PMT: O caixa gerado no período, ou seja, a estimativa de receitas reduzidos os
custos e despesas da operação.
i: O custo de capital.
n = período do projeto.
Exemplo 2:
Uma fábrica de sapatos deseja abrir uma nova planta fabril e será
necessário o investimento de R$ 10.000.000,00. Os custos operacionais
representarão 20% do faturamento e os impostos incidentes sobre a
venda de 20% também. A taxa anual do custo de capital será de 10% ao
ano, com duração de vida útil dessa planta de dez anos. Qual o
faturamento mínimo necessário para o Ponto de Equilíbrio Econômico-
Financeiro?
Considerando VPL = 0, temos:
10
(1+0,1) −1
0 = −10.000.000 + 0, 6Rmin . 10
(1+0,1) . 0,1
10
(1,1) −1
0 = −10.000.000 + 0, 6Rmin . 10
(1,1) . 0,1
2,59−1
0 = −10.000.000 + 0, 6Rmin .
2,59 . 0,1
1,59
0 = −10.000.000 + 0, 6Rmin .
0,59
0 = −10.000.000 + 0, 6Rmin . 2, 69
Rmin = 16.169.491, 52
Logo, a receita mínima que este projeto deverá gerar para que o Valor Presente
Líquido seja igual a zero, deverá ser de R$ 16.169.491,52.
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CONECTE-SE
AC E S S A R
90
Conclusão
A análise de investimentos requer um misto de competências e conhecimentos
– desde matemática financeira e conhecimentos contábeis, elaboração de
demonstrações e suas interpretações, cálculos de índices econômicos e
financeiros até a elaboração de projetos e seus investimentos, incluindo o
mapeamento dos riscos envolvidos no projeto em amplo aspecto financeiro,
jurídico e operacional. Porém, nada disso será feito de forma segura e assertiva
sem a observação de fatores externos à empresa e macroeconômicos, como
inflação, taxas de juros e câmbio monetário.
Com a participação de todos os departamentos da empresa na elaboração do
projeto, como os departamentos de vendas, marketing, compras, pesquisa e
desenvolvimento, financeiro e, também, a diretoria da empresa é essencial para
que o projeto e suas projeções sejam as mais assertivas possíveis. Após a
elaboração do projeto em si, o início do levantamento dos valores, tal como as
origens do financiamento deste projeto e seus custos, do mesmo modo, a
destinação do investimento proporciona os valores que formam a base para
análises, como a Taxa de Retorno do Investimento e o cálculo do Valor Presente
Líquido, itens essenciais para a definição da viabilidade do projeto e
investimento.
A projeção das demonstrações contábeis, tais como a Demonstração do
Resultado do Exercício, o Balanço Patrimonial e o Fluxo de Caixa, traz a previsão
da lucratividade da operação do projeto, o quanto irá afetar o patrimônio da
empresa e, também, o fluxo de caixa. Além da variação no fluxo de caixa é de
extrema importância validar as datas projetadas de entradas e saídas de
recursos do caixa, para que a empresa não fique sem capital de giro para honrar
suas obrigações no período, e se for o caso, buscar fontes externas de
financiamento para a operação.
Após conhecer as necessidades de capital, os prazos de entradas e saídas dos
recursos do caixa previstos no projeto, cabe aos gestores buscarem fontes de
financiamento para o projeto. Cada projeto tem uma realidade de fluxo de caixa
diferente e, para isso, existem sistemas de amortização de financiamentos cada
um com suas vantagens e desvantagens, como o Sistema de Amortização
Constante, Sistema de Amortização Constante com Carência e Sistema de
Amortização Francês, conhecido como Tabela Price. Coincidir as datas de
entradas de recursos no caixa com as saídas de recursos com a maior
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assertividade possível é uma das habilidades requisitadas aos gestores
financeiros, para que o custo de capital e a necessidade de financiamentos
externos seja o menor possível, otimizando o resultado econômico e financeiro
da empresa e projeto.
A análise das demonstrações contábeis, como as análises verticais e horizontais
permitem visualizar as mudanças no patrimônio ou no desempenho da
empresa durante períodos distintos, bem como a representatividade das
contas dentro do período. É uma forma prática de validar se a variação do
desempenho ou patrimônio foi condizente com o esperado e projetado para o
período ou projeto. Os índices contábeis, como os de liquidez, de rentabilidade
e de endividamento trazem a praticidade de identificar a situação de forma
direta, sem necessariamente buscar valores nas demonstrações e realizar
cálculos, sendo uma ferramenta muito utilizada por gestores, clientes,
fornecedores, investidores e demais usuários da contabilidade das empresas.
Enfim, a análise de investimentos no ambiente empresarial vai além das
questões financeiras e de rentabilidade, envolvendo a empresa como um todo,
uma vez que a rentabilidade e lucratividade do projeto em si é apenas
consequência do levantamento de informações, elaboração do projeto e suas
projeções, mapeamento, monitoramento e acompanhamento dos resultados
durante o projeto, corrigindo se necessário. A gestão empresarial como um
todo é a chave para que os investimentos sejam realizados de forma efetiva.
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