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CONTABILIDADE INTERNACIONAL

Professor Luiz Guilherme Guimarães


Universidade de Marília
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001
CEP 17.525–902- Marília-SP

Reitor Pró-reitor Administrativo


Márcio Mesquita Serva Marco Antonio Teixeira
Vice-reitora Direção do Núcleo de Educação a Distância
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Paulo Pardo
Pró-Reitor Acadêmico Coordenação Pedagógica do Curso
Prof. José Roberto Marques de Castro Verona Marinho Ferreira
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
Comunitária B42 Design
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva

*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código
Penal.

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BOAS-VINDAS
Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos
nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR –
Universidade de Marília.

Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não


conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino
superior bem feito.

A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base


na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão
de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade,
capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio,
a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização
e da solidariedade humanas.

A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos


sonhos, conquistas e desafios.

A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de


350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também
do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais
de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram
suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR.

Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR


com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática
e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa
de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa
está ligada de forma indissociável à educação.

Nós nos comprometemos com essa educação transformadora,


investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja
ofertada e esteja acessível a todos.

Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu


futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos
parceiros neste momento e não mediremos esforços para
o seu sucesso!

Não vamos parar, vamos continuar com investimentos


importantes na educação superior, sonhando sempre. Afinal,
não é possível nunca parar de sonhar!

Bons estudos!

Dr. Márcio Mesquita Serva


Reitor da UNIMAR
Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida!

Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado


em um curso de ensino superior em uma Universidade de
excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada
minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino,
a pesquisa e a extensão universitária.

Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as


oportunidades, faça amizades e viva as experiências que
somente um ensino superior consegue proporcionar.

Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede


do campus universitário localizado na cidade de Marília,
navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog
e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR!

Muito obrigada por escolher esta Universidade para a Profa. Fernanda


Mesquita Serva
realização do seu sonho profissional. Seguiremos,
Pró-reitora de Pesquisa,
juntos, com nossa missão e com nossos valores, Pós-graduação e Ação
sempre com muita dedicação. Comunitária da UNIMAR

Bem-vindo(a) à Família UNIMAR.

Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu


projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são as
pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam
se estiverem capacitadas para isso.

Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação


pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo,
inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você
tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso,
que você possa desenvolver as competências e habilidades
necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu
presente, neste momento mágico em que vivemos.

A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de


sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para
apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo
seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você
tem a gente para seguir junto com você. Prof. Me. Paulo Pardo
Coordenador do Núcleo
Sucesso sempre! EAD da UNIMAR
007 Aula 01: A Globalização e o Mundo Contábil

012 Aula 02: Órgãos Reguladores Relacionados à Contabilidade no


Brasil e no Mundo: Introdução

019 Aula 03: Mercado Financeiro e de Capitais e a Contabilidade

025 Aula 04: O IFRS e sua Estrutura

029 Aula 05: Os Fundamentos e a Estrutura da Contabilidade nos


EUA: US GAAP

034 Aula 06: Os Fundamentos e a Estrutura da Contabilidade no


Brasil: BR GAAP

039 Aula 07: O Comitê de Pronunciamentos Contábeis e seus


Pronunciamentos

045 Aula 08: BR GAAP e IFRS

053 Aula 09: Lei 6.404/76 e IFRS

059 Aula 10: O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)

065 Aula 11: Demonstrações Contábeis - Parte I

072 Aula 12: Demonstrações Contábeis - Parte II

080 Aula 13: Demonstrações Contábeis - Parte III

085 Aula 14: Demonstrações Contábeis - Parte IV

090 Aula 15: Governança

094 Aula 16: Estrutura dos Conselhos Empresariais


Introdução
Acadêmicos,
A Contabilidade Internacional engloba diversas áreas relacionadas às atividades
das empresas, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Isso inclui um
conjunto de normas e regulamentos que devem ser seguidos pelas entidades
para garantir a conformidade contábil. Além disso, a globalização e a abertura
dos mercados exigem que sejam abordados diversos temas para entender a
harmonização da contabilidade entre os países. 
Nesse sentido, são estudados tópicos, como os órgãos reguladores da
contabilidade no Brasil e no mundo, a influência do mercado financeiro nesse
ambiente, a adoção da IFRS como padrão internacional, os Princípios Contábeis
Geralmente Aceitos nos Estados Unidos e no Brasil, o papel do CPC na
internacionalização da contabilidade, as Demonstrações Financeiras, o BR
GAAP e as alterações na Lei n.º 6.404/76 para a harmonização, além da
importância da Governança Corporativa e das Sociedades Anônimas nesse
contexto.   
Por isso, nesta disciplina, vamos estudar tais abordagens para o sucesso da sua
carreira acadêmica e da sua profissão!

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01

A Globalização e
o Mundo Contábil
Alunos,
Para prosperar e manter-se competitivo no mercado mundial, as empresas
necessitam de informações financeiras e contábeis, atualizadas, sendo cada vez
mais processadas e analisadas em tempo real, através de integrações de
sistemas gerenciais e contábeis. Isso é crucial para tomar decisões acertadas,
monitorar margens de lucratividade e rentabilidade, bem como ampliar seus
negócios em novas unidades, formas de atuação de produtos, pela internet ou
de forma geográfica. 
Assim, a Contabilidade é responsável por gerenciar essas informações,
seguindo princípios e normas rigorosos que orientam o processo de
escrituração, demonstração e análise contábil. Como resultado, surgem as
Demonstrações Contábeis e Índices Contábeis, que são fontes valiosas de
informação para executivos, acionistas, Governos e demais stakeholders.
Para elaborarmos uma conexão entre globalização e Contabilidade, é
importante revisitar os conceitos básicos. Por isso, veremos, a seguir, algumas
abordagens sobre esses assuntos.

A Globalização
A globalização teve seu início com as navegações comerciais realizadas pelos
europeus, que promoveram a compra e venda de produtos produzidos em
países até então desconhecidos, como a Índia e a descoberta da América.
Entretanto, além da forma comercial, a globalização teve seu avanço na troca
de informações, comércio amplamente aberto, cooperação entre Governos e
outras formas de integração no fim dos anos de 1980, com o surgimento da
internet e o fim da Guerra Fria. 
Antes desse período, era clara a diferença de desenvolvimento tecnológico e
social entre os países orientais e ocidentais, ficando nítida a diferença na
Alemanha Ocidental, à esquerda, em comparação com a Alemanha Oriental, à
direita, conforme imagem a seguir:

8
Fonte: acesse o link disponível aqui

Resumindo, a globalização se deve principalmente a dois fatores: Políticos e


Tecnológicos. A tecnologia atualmente está disponível para todos os países do
mundo, tanto em disponibilidade de entrega geográfica quanto em custos, que
tem diminuído de forma considerável ao longo do tempo.

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Porém, a depender do regime político as restrições de acesso à informação,
como na Coreia do Norte, bem como socioeconômicas, como em alguns países
da África, podem manter parte da população alheia ao acesso de informações,
de bens e produtos que a globalização permite atualmente.

A Contabilidade
A necessidade do controle patrimonial é realizada pela humanidade antes
mesmo do surgimento da escrita, de forma primitiva, de inventário de animais,
ou instrumentos de trabalho.
No século XV, o método de Partidas Dobradas, que foi amplamente divulgado
pelo Frei Francisco Luca Pacioli, que supostamente se atribuiu seu
desenvolvimento a ele, trouxe o mesmo conceito que Antoine Laurent de
Lavoisier apresentou apenas no Século XVIII: “Nada se cria, nada se perde, tudo
se transforma”, que na contabilidade, temos: “Para cada crédito, haverá um
débito”. Ou seja, os recursos de uma empresa, sociedade ou entidade, sempre
possuem uma origem e um destino, que na prática temos o princípio das
Partidas Dobradas.
Originalmente, o estudo do patrimônio é a essência da contabilidade, vindo da
necessidade de controle de bens, produtos, recursos financeiros e demais
direitos. Entretanto, em um mundo globalizado e de alta competição
comercial, em que a necessidade de tomada de decisão se torna em alguns
casos necessária a todo momento, mais do que diária, o patrimônio em si pode
não ser o foco de análise principal para algumas entidades, como do mercado
financeiro, e-commerce e startups, sendo mais relevante a análise do
desempenho de resultado da operação e seus desdobramentos de análises,
que a variação de patrimônio futura gerada em si. 
Todo e qualquer fato que se promove de imediato, ou futura variação
patrimonial na empresa, deve ser escriturada pela contabilidade. Para tal
escrituração, devem ser seguidas as Normas Contábeis, Princípios Contábeis e a
Legislação do País ou Região onde aquela empresa está inserida.

10
Nesse contexto, as Normas Internacionais de
Contabilidade possuem o papel de harmonizar as
diferenças existentes em cada país ou região, facilitando a
vida dos profissionais que realizam a escrituração, bem
como dos stakeholders da contabilidade.

CONECTE-SE

A graduanda em Ciências Contábeis pela Unevangélica/Go, escreveu


o Artigo Acadêmico denominado: A HISTÓRIA DA CONTABILIDADE:
ORIGEM E EVOLUÇÃO”, o qual apresenta o contexto histórico da
origem da contabilidade, sua evolução através do tempo desde a Pré-
história, passando pela Idade Média até os dias atuais. Confira!

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02

Órgãos Reguladores
Relacionados à
Contabilidade no Brasil
e no Mundo: Introdução
Conhecendo o contexto de globalização mundial, a história básica da
contabilidade, de forma geral, a necessidade das Normas Internacionais de
Contabilidade – IFRS em um mundo globalizado, vamos prosseguir nos
conceitos destes órgãos.

Órgãos Internacionais
Em se tratando de Normas Internacionais, é necessário conhecer
primeiramente o IFAC – International Federation of Accountants (Federação
Internacional de Contadores) e o IASB – International Accounting Standards
Board, que são órgãos responsáveis pela elaboração e divulgação das normas
internacionais. Sendo a IFAC responsável pelas Normas Internacionais de
Auditoria, e a IASC da elaboração de Normas de Contabilidade de escrituração e
demonstrações contábeis em si. 
O IFAC com foco na Auditoria promove a uniformização de Normas em nível
internacional. De acordo com CFC (2023), o IFAC tem as seguintes atribuições:
Organização mundial da profissão de auditoria destinada ao interesse
público;
Visa fortificar a profissão e contribuir para o desenvolvimento de
economias internacionais;
Estabelece normas internacionais de auditoria e segurança;
Estabelece normas de ética e outras orientações para o setor
governamental;
Orienta e encoraja o desempenho de alta qualidade para os profissionais
de auditoria.

O Brasil tem como representantes do IFAC:


Idésio da Silva Coelho Júnior – Membro do Board da IFAC;
Mônica Forester – Presidente do Small and Medium Practices Committee –
SMPC;
Renata Simon Peppe – Assessora técnica do Small and Practices Committe
– SMPC;
Fábio Moraes da Costa – Membro do International Panel on Accounting
Education – IPAE;

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Patrícia Siqueira Varela – Membro do International Public Sector
Accounting Standards Board (IPSASB).

CONECTE-SE

A IFAC, através de sua página institucional, apresenta, em inglês,


informações sobre sua composição, o que fazem e uma rede de
conhecimentos na área contábil. Em inglês.

A instituição conhecida como IASB (International Accounting Standards Board),


uma instituição do setor privado, tem como base o extinto IASC (International
Accounting Standards Committee) (1973-2001). O IASB teve um papel
fundamental nas informações financeiras das empresas no mundo todo desde
sua existência.
Os objetivos do IASB, de acordo com o CFC (2023):

Ser um órgão independente, emissor de normas


contábeis, supervisionado por uma junta de fiduciários,

1 diversificada geográfica e profissionalmente, e prestar


contas ao Conselho de Monitoramento (Monitoring Board)
constituído por autoridades representativas do mercado
de valores mobiliários.

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Ser apoiado pelo Conselho Consultivo de IFRS (IFRS
Advisory Council) e pelo Comitê de Interpretações de

2 Relatório Financeiro Internacional (IFRS Interpretations


Committee), ambos externos ao IASB que lhe oferecem
orientações para tratar as divergências quanto à
interpretação das normas emitidas.

Manter um processo de elaboração de normas


sistemático, aberto, participativo e transparente,
3 interagindo com investidores, reguladores, empresários e
com a profissão contábil em geral, em cada estágio do
processo.

Ainda, segundo o CFC (2023) no Brasil, temos os seguintes representantes no


IASB:
Maria Helena Santana – Trustee da IFRS Foundation.
Amaro Luiz de Oliveira Gomes – IASB Member.
Alexsandro Broedel Lopes – Representante do GLENIF no ASAF (Fórum
Consultivo de Normas de Contabilidade).
Vânia Maria da Costa Borgerth – Integrante do Conselho Consultivo da
IFRS (Advisory Council).
Marta Cristina Pelúcio Greco – Integrante do Grupo de Implementação de
SME (SME Implementation Group).
Paulo César Aragão – Integrante do Comitê Consultivo de Mercados de
Capital (CMAC).
Carlos Simas – Integrante do Comitê Consultivo de Mercados de Capital
(CMAC).
Carl Douglas – Integrante do Comitê de Interpretações das IFRS (Controller
Corporativo da empresa CCR).
Luiz Murilo Strube Lima - Integrante do Fórum Global de Preparadores
(Global Preparers Forum).

Além do IFAC e IASB existem outros órgãos que regulamentam Normas


Internacionais, segundo o CFC (2023), podemos destacar:
O CILEA - Comitê de Integração Latino Europa-América – composto por
quatro países europeus e quatro latino-americanos, com o objetivo de
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facilitar a convergência do exercício contábil, além de facilitar a
comunicação. O atual representante do Brasil no CIELA é Wellington do
Carmo Cruz.
O ISAR - International Standards of Accounting and Reporting – tem
como papel auxiliar economias e países emergentes na aplicação de
melhoras práticas de transparência contábil e corporativa, de forma que tal
transparência promova fluxos de investimentos econômicos e
desenvolvimento. As áreas de trabalho do ISAR têm como foco:
Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas (PME), aplicação das
IFRS, governança e relatório de responsabilidade corporativa, além de
relatórios ambientais. 
O GLENIF - Grupo Latino-americano de Emissores de Normas de
Informação Financeira – trabalha em parceria com o IASB, considerando as
normas contábeis de cada país membro, promovendo a convergência das
normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB; cooperar com
reguladores, organizações regionais e governos para melhorar a qualidade
das demonstrações.
A AIC - Associação Interamericana de Contabilidade – existe desde 1949,
logo após a Segunda Guerra Mundial, sendo a pioneira mundialmente em
integração contábil. Sua missão é integrar contadores de todo o
continente americano, promovendo o desenvolvimento da qualificação
dos profissionais. Possui diversos brasileiros na Diretoria e nos Comitês
Técnicos, mesmo tendo sua sede nos Estados Unidos da América.

Entidades Nacionais
No Brasil, existem três principais entidades no exercício de elaboração de
normas, fiscalização e controle do exercício da profissão contábil, bem como
integração internacional. São eles: CFC, CRC e CPC. O Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) é uma entidade responsável por fiscalizar o exercício
profissional dos contadores, coordenar e promover a profissão, desde 1949.
Composto por 27 conselheiros efetivos, um de cada estado brasileiro, o CFC é
responsável por orientar, fiscalizar e regulamentar o exercício da contabilidade,
com o apoio dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC).

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Os CRCs, em conjunto com o CFC, realizam ações de fiscalização para verificar
se as empresas contábeis e os contadores estão seguindo as normas vigentes
para o exercício da profissão. Além de realizar a emissão da carteira profissional
dos contadores.
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi criado pela Resolução CFC
n.º 1.055/05 e é formado por diversas entidades reguladoras das normas
contábeis no país, incluindo o CFC, CVM e IBRACON. O CPC tem como objetivo
estudar, preparar e emitir Pronunciamentos Técnicos sobre os critérios
utilizados na contabilidade, bem como divulgar informações sobre esses
pronunciamentos para permitir a emissão de normas reguladoras.
O CPC também tem as seguintes atribuições:
convergência internacional das normas contábeis; 
centralização na emissão de normas;
representação democrática na produção de informações envolvendo
elaboradores de informações contábeis, auditores, usuários internos e
externos e governos, entre outros.

Outra entidade importante é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ligada ao


Ministério da Fazenda. A CVM tem a missão de desenvolver, regular e fiscalizar
o Mercado de Valores Mobiliários, bem como ser um instrumento de captação
de recursos para organizações, protegendo os interesses dos investidores e
garantindo ampla divulgação das informações sobre emissões e valores
mobiliários. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) possui diversas funções,
tais como a emissão e distribuição de títulos financeiros.
Além disso, a CVM também se encarrega da negociação e intermediação de
tais valores, bem como da sua administração e custódia. A organização e
operação de bolsas de valores e bolsas de mercadorias e futuros também é de
responsabilidade da CVM, assim como a auditoria das empresas abertas e o
fornecimento de consultoria e análise financeira.
Já o IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil) possui o
objetivo de fortalecer a representatividade dos auditores independentes e
contadores. Atualmente, é uma referência técnica e educacional para essa
categoria profissional e para a sociedade como um todo.
O IBRACON atua na atualização técnica e no fortalecimento da profissão de
auditoria, bem como na função estratégica para as negociações financeiras no
mercado nacional. Em parceria com órgãos reguladores e organizações
mundiais, o IBRACON se dedica às áreas de comunicação, desenvolvimento
profissional e técnico, mantendo uma representatividade com outras entidades
públicas e privadas.
17
CONECTE-SE

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis disponibiliza em seu site os


Pronunciamentos atualizados, com sua data de aprovação e de
divulgação, permitindo o download desses pronunciamentos em
formato PDF, sendo um excelente objeto de estudo.

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03

Mercado Financeiro
e de Capitais e a
Contabilidade
Acadêmicos,
A Contabilidade é encarregada de produzir as demonstrações financeiras das
organizações, em que fornece todas as informações necessárias para as
decisões de negócios. Dessa maneira, os participantes do mercado de valores
mobiliários usam estas informações para fazer previsões de investimentos.
Assim, é necessário conhecer o Mercado Financeiro e de Valores Mobiliários,
para compreender a importância da relação da contabilidade.

Mercado Financeiro e de
Capitais
As Bolsas de Valores, instituições financeiras e corretoras são algumas das
entidades que realizam a intermediação neste mercado.
Além do Mercado Financeiro, existe também o Mercado de Capitais, que é
responsável por intermediar recursos financeiros para empresas ou projetos.
Este mercado tem como foco principal a negociação de ativos, como ações e
títulos de dívida.
O Mercado Financeiro e de Capitais é dividido em diferentes segmentos:
Câmbio: é responsável pela troca de moedas, e é utilizado principalmente
por empresas exportadoras e viajantes. O Banco Central é a instituição que
controla este mercado no Brasil.
Monetário: é responsável por operações diárias, e inclui taxas de renda fixa,
como o CDI - Certificado de Depósito Interbancário. As instituições
financeiras são os principais players neste mercado.
Crédito: é responsável por empréstimos de dinheiro para pessoas físicas e
empresas, com cobranças de altas taxas. Exemplos incluem cartões de
crédito e cheques especiais e contas garantidas.
Capitais: é responsável por fornecer recursos financeiros para
organizações. Para obter recursos são emitidos títulos de dívida de renda
variável e fixa, e as empresas se comprometem a pagar o valor
emprestado dentro do prazo estipulado no contrato.

20
Contudo, existe o Mercado de Capitais dentro do Mercado Financeiro. Este é
regulamentado e monitorado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É
composto por instituições financeiras, Bolsa de Valores e corretoras. O mercado
de capitais negocia itens, como Renda Fixa, Ações, Mercado Futuro,
Debêntures e Títulos Privados.
Renda Fixa: é um tipo de investimento com regras definidas previamente.
O investidor sabe a duração, a taxa de juros ou índice de valorização do
dinheiro.
Ações: uma fração do capital de uma empresa. Ao comprar ações, o
investidor se torna sócio da empresa, participando de seus lucros e
prejuízos.
Mercado Futuro: envolve a obrigação de compra e venda de ativos a um
preço estabelecido com liquidação futura. Há uma responsabilidade para
cumprir os compromissos adquiridos.
Debênture: títulos de dívida emitidos por entidades que concedem
direitos de crédito aos investidores. É uma forma de empréstimo para as
empresas obterem recursos para seus negócios.
Títulos Privados: ativos de renda fixa emitidos por instituições financeiras,
bancos e empresas privadas. É uma maneira de obter financiamento para
capital de giro e empréstimos para manter as operações dessas
organizações.

Para ter sucesso, é importante entender o Mercado Financeiro e o Mercado de


Capitais. Há várias instituições que podem ajudar empresas e indivíduos a
compreender melhor esses mercados.

21
CONECTE-SE

A página da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) traz sua atuação,


Normas, Processos, regulamentos, publicações e seu planejamento
estratégico, além do atual sandbox regulatório que promove um
ambiente experimental para modelos de negócios inovadores.

A Contabilidade Versus o
Mercado Financeiro
A Contabilidade desempenha um papel crucial na prestação de informações
significativas para o progresso das empresas. Neste sentido, produz dados
sobre o patrimônio e suas mudanças ocorridas em cada período fiscal. Dessa
forma, os profissionais da contabilidade são capazes de atender às demandas
das organizações fornecendo informações precisas e atualizadas para auxiliar
nas decisões empresariais.

A Contabilidade desempenha um papel crucial no mercado financeiro devido à


sua contribuição para a economia. A relação entre a contabilidade e o mercado
financeiro é estabelecida pela elaboração de demonstrações financeiras e
outros relatórios que fornecem informações sólidas para a tomada de decisões.

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Os membros do mercado financeiro utilizam as informações fornecidas pela
contabilidade para tomar decisões sobre investimentos atuais e futuros. Além
disso, mesmo antes de entrar no mercado financeiro, o investidor precisa de
informações contábeis para fazer projeções de investimento e evitar erros.

É importante que um investidor tenha conhecimentos


avançados sobre cinco aspectos principais antes de entrar
no mercado financeiro: cálculos, legislação, números, visão
estratégica e conhecimento de investimento. A
contabilidade precisa fornecer informações sobre o
momento, se é propício para realização de um
investimento. Para isso, o contador precisa realizar uma
avaliação de investimento, incluindo demonstrações
financeiras, análise dessas demonstrações, debates e
argumentações sobre as informações coletadas.

Logo, temos a Contabilidade Financeira, que é uma das áreas da Contabilidade


que está sendo procurada por muitos profissionais. No entanto, para atuar no
mercado financeiro, é preciso ter algumas habilidades específicas (ALMEIDA,
2020):
CPA-10: é indicada para profissionais que trabalham com a distribuição de
investimentos, como em agências bancárias ou plataformas de
atendimento.
CNPI - Certificação Nacional de Profissional de Investimento: é requerida
para profissionais que atuam no mercado financeiro.
CPA-20: destina-se a profissionais que trabalham em instituições
financeiras como um todo, que não seguem o Código de Certificação.
CFP: é a certificação mais importante para aqueles que desejam se tornar
um planejador financeiro profissional, mas também é recomendada para
profissionais que querem ampliar seus conhecimentos e ter mais
oportunidades de crescimento na área.

Em resumo, um contador pode se tornar um consultor financeiro com base nas


suas competências, devendo possuir as devidas certificações para trabalhar no
mercado financeiro.

23
CONECTE-SE

O Conselho Regional de Economia do Distrito Federal elaborou, no


ano de 2021, uma apresentação sobre as funções das certificações
financeiras, as certificações nacionais e internacionais, bem como a
comparação entre certificação e registro profissional.

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04

O IFRS e sua Estrutura


IFRS
Devido à globalização dos negócios, em 2005, foi necessária a união de 30
países para estabelecer regras para a elaboração de demonstrações contábeis
para atender ao mercado de capitais. Para atender a essa necessidade, 27
países membros da União Europeia, bem como outros países, como África do
Sul, Rússia, Nova Zelândia e Austrália adotaram as Normas Internacionais de
Relatório Financeiro (IFRS). A seguir, outros países, como Brasil, Argentina e
Canadá também decidiram adotar essas normas, enquanto Japão e Estados
Unidos estabeleceram prazos para a conversão.
A aceitação das IFRS cresceu ainda mais em 2007 e 2008, quando a SEC
(Securities and Exchange Commission) eliminou as necessidades de
conciliação entre as normas locais e os princípios contábeis norte-americanos
para as organizações estrangeiras registradas. Isso facilitou o registro de
empresas estrangeiras ao seguir as IFRS, sem a necessidade de conciliação de
lucros e patrimônio líquido.
Como resultado desse processo, empresas de auditoria privada nos Estados
Unidos mudaram suas regras e, em 2008, reconheceram o IASB como uma
entidade capacitada para elaborar normas contábeis. A convergência das
normas contábeis historicamente díspares tem como objetivo facilitar o fluxo
livre de capital, tornando os investimentos menos arriscados e aumentando a
confiança dos investidores de outros países.
Em 2011, os órgãos normatizadores norte-americanos, FASB e IASB, esperavam
complementar as etapas do Memorando de Entendimento para a
convergência dos respectivos conjuntos de normas, abrangendo questões,
como instrumentos financeiros, consolidações, desreconhecimento,
mensuração pelo valor justo, reconhecimento de receita, entre outras. No
entanto, devido à complexidade de algumas questões, como instrumentos
financeiros e reconhecimento de receitas, o consenso foi adiado e as operações
de arrendamento mercantil.

26
Estrutura da IFRS
Em 2000, a Fundação IFRS foi formalmente estabelecida como uma entidade
baseada em Delaware, com raízes na Fundação IASC. Como resultado, os
curadores da Fundação IFRS precisavam obter recursos para financiar a
normalização e nomear membros para o Conselho Internacional de Normas
Contábeis (IASB), o Comitê Internacional de Interpretações de Demonstrações
Contábeis (IFRIC) e o Conselho Consultivo de Normas (SAC). No entanto, em
2009, houve uma mudança na estrutura, incluindo uma nova denominação do
Grupo de Implementação para PME, que segue atualmente a estrutura a
seguir:
Conselho de Monitoramento: tem a função de garantir que os Curadores
da Fundação IFRS cumpram suas obrigações definidas pela Constituição
da Fundação IFRS, aprovando a designação ou mudança de Curadores. O
Conselho de Monitoramento é composto por Comitês Técnicos e de
Mercados Emergentes da Organização Internacional de Comissões de
Valores (IOSCO), a Comissão Europeia, a Agência de Serviços Financeiros
do Japão, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos e o
Comitê de Supervisão Bancária de Basileia participa como observador.
Fundação IFRS: é composta por Curadores e relata ao Conselho de
Monitoramento. A Fundação IFRS tem a responsabilidade de obter
financiamento e supervisionar a normatização e a estrutura e estratégia
das IFRS.
Conselho Consultivo das IFRS (antigo SAC): é o órgão consultivo formal
do IASB e é formado pelos Curadores da Fundação IFRS. Seus membros
incluem grupos de usuários, preparadores, analistas financeiros,
professores universitários, auditores, reguladores, associações de
contadores profissionais e grupos de investidores.
IASB: é um órgão independente responsável por estabelecer as Normas
Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS), incluindo para PMEs. Além
disso, o IASB também tem a função de aprovar novas interpretações.
Comitê de Interpretações das IFRS (IFRIC): é composto por membros de
empresas de auditoria, bem como por preparadores e usuários. A função
do IFRIC é responder a perguntas técnicas sobre a interpretação das IFRS.
Além disso, o IFRIC pode propor mudanças nas normas ao IASB em
resposta a problemas operacionais observados ou para melhorar a
consistência.
Relações de Trabalho: é composto por órgãos reguladores locais que
adotaram ou estão em processo de adoção ou convergência às Normas

27
Internacionais de Relatório Financeiro - IFRS. Este grupo define uma série
de atividades que precisam ser realizadas para facilitar a adoção e uso das
IFRS.

No entanto, conforme Niyama (2008), o termo harmonização tem sido algumas


vezes afiliado com “padronização” de normas contábeis. Assim, harmonização
representa um processo que visa preservar as particularidades inerentes a cada
país, mas que também permita conciliar os sistemas contábeis com outros
países com o objetivo de melhorar a troca de informações a serem
interpretadas e compreendidas. Porém, o termo padronização representa o
processo de uniformização de critérios, não admitindo flexibilização.

CONECTE-SE

O Grupo de Implementação de PMEs das IFRS passou por eleições de


membros para sua composição. O CFC disponibilizou em sua página
o link para concorrerem, bem como seus critérios na página da IFRS.
Além de trazer informações sobre o SMEIG.

28
05

Os Fundamentos
e a Estrutura da
Contabilidade nos EUA:
US GAAP
Olá, alunos!
As Normas Internacionais de Contabilidade visam e promovem a convergência
das Normas Contábeis entre as nações. Para compreender de fato a relevância
em todo o mundo, devemos conhecer sobre as principais nações. Vamos
conhecer os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nos Estados Unidos da
América.

US GAAP
A sigla GAAP refere-se aos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos, que são
um conjunto de normas para a escrituração contábil das empresas. O objetivo é
assegurar que a contabilidade registre as operações de forma padronizada. O
US GAAP é o sistema contábil específico para a contabilidade nos Estados
Unidos, ou seja, o padrão contábil utilizado naquele país.

O GAAP está ligado à legislação contábil de cada nação e


é visto como um serviço independente, que fornece
informações para julgamentos financeiros. Isso ajuda a
controlar a economia por meio da arrecadação tributária.

O GAAP é usado na contabilidade financeira e abrange as convenções, regras e


procedimentos necessários para as práticas contábeis. Isso inclui diretrizes
amplas sobre aplicações gerais e procedimentos mais específicos da
contabilidade. É responsável pelo reconhecimento, mensuração e evidenciação
das atividades econômicas, bem como pela preparação e apresentação de
demonstrações financeiras.
A AICPA (Associação Americana de Contadores Públicos Certificados) regula a
conduta de seus membros e estabelece duas normas específicas para o US
GAAP: a Rule 202, que determina o trabalho dos profissionais membros do
AICPA, e a Rule 203, que estabelece as condições para que os pareceres dos
membros do AICPA sejam considerados conformes com o US GAAP.

30
CONECTE-SE

Na página da AICPA está disponibilizado o Código Profissional de


Conduta e Estatutos, que traz as regras de forma detalhada, incluindo
as Rules 202 e 203 já mencionadas.

A seguir, segue uma comparação entre as Normas IFRS e as Normas US GAAP:

31
REGRAS IFRS US GAAP

Aplicação retroativa das IFRS em vigor na


Primeira aplicação data de apresentação das primeiras Aplicação retroativa das normas
de norma contábil demonstrações financeiras, de acordo com o correspondentes.
padrão IFRS.

Não é permitido reavaliações,


Utilização do custo histórico. Os ativos
exceto em caso de instrumentos
intangíveis, o ativo permanente e as
Base de valor financeiros derivativos e outros
propriedades para investimento podem ser
que podem e devem ser avaliados
reavaliados por valor justo.
ao valor justo. 

Conforme as regras do SEC, as


O lucro seja mensurado utilizando a moeda
Moeda a ser organizações não americanas
funcional. Porém, as organizações podem
seguida nas registradas podem escolher a
apresentar as demonstrações financeiras em
apresentações moeda de apresentação das
uma moeda diferente.
demonstrações financeiras. 

Parecido com a IFRS. A diferença


está na questão das entidades
Componentes das Apresentação do Balanço Patrimonial, a DFC com registro na SEC devem
demonstrações e informações referentes ao patrimônio apresentar todas as
financeiras líquido de dois anos, no mínimo. demonstrações dos últimos três
anos, com exceção do Balanço
Patrimonial.

Não existe um padrão definido, mas é


necessário que haja a separação entre ativos e Podem apresentar o Balanço
passivos correntes e não correntes. Também a Patrimonial classificado ou não.
Balanço apresentação dos ativos e passivos por ordem Em geral, as empresas podem
Patrimonial de liquidez em relação à separação entre apresentar o Balanço Patrimonial
corrente e não corrente quando apresenta aparecendo em ordem
informação mais confiável e relevante sobre a decrescente de liquidez.
organização. 

Formato da Não existe um formato padrão, mas os gastos As despesas são classificadas por
demonstração de devem ser evidenciados. Porém, alguns itens função e diretamente deduzidas
resultado devem ser apresentados separadamente. das receitas totais ou por subtotal.

32
As receitas e despesas são
classificadas em grupos.

Classificação em contas de
categorias similares em relação às
Exigem classificação em contas padrão, mas
DFC: formato e IFRS, mas são mais específicos no
são flexíveis quanto ao conteúdo das contas.
método que diz respeito à classificação em
Pode ser utilizado o método direto ou indireto.
cada categoria. Pode ser usado os
métodos direto ou indireto.

Fonte: Adaptado de Camargo (2022).

33
06

Os Fundamentos
e a Estrutura da
Contabilidade no Brasil:
BR GAAP
BR GAAP
Como já vimos, a sigla GAAP significa Princípios Contábeis Geralmente Aceitos.
Nesta aula, vamos conhecer os princípios geralmente aceitos no Brasil.
No ano de 2010, o Brasil adotou as normas contábeis internacionais, sendo o
CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis o órgão responsável pela
regulamentação contábil nesse contexto. O CPC emite pronunciamentos sobre
as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), que são aprovadas pelo CFC -
Conselho Federal de Contabilidade.
As normas contábeis no Brasil incluem diversas normas e orientações técnicas
de diferentes órgãos, bem como legislações relacionadas à escrituração
contábil de organizações. A seguir, estão listadas algumas das principais
legislações e órgãos que regulamentam a prática contábil no país:
Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976);
Leis 11.638/2007 e 11.941/2009 que realizaram modificações na Lei 6.404/76
devido à harmonização contábil;
Resoluções, Circulares, Comunicados vindos do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) e outros órgãos;
Conselho Monetário Nacional (CMN);
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP);
Banco Central (BACEN);
Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
Receita Federal do Brasil (RFB);
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

35
CONECTE-SE

Na página do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) estão


dispostas as legislações que regulamentam a profissão e exercício
contábil no Brasil, além de Normas, Resoluções, Decretos de Lei,
Instruções Normativas e outras bases legais para a contabilidade no
país.

As empresas no país estão sujeitas às normas contábeis internacionais,


exigindo a adesão às IFRS na elaboração de suas demonstrações financeiras,
incluindo a divulgação de notas explicativas e a conformidade com os
requisitos das normas. Adiante, apresentamos uma comparação entre as
normas da IFRS e as normas BR GAAP em relação a algumas regras contábeis:

36
REGRAS IFRS BR GAAP

Não existe uma norma específica.


Aplicação retroativa das IFRS em vigor na Apenas exige a aplicação retroativa de
Primeira
data de apresentação das primeiras todas as práticas contábeis adotadas
aplicação de
demonstrações financeiras, de acordo no Brasil em vigor na data das
norma contábil
com o padrão IFRS. primeiras demonstrações financeiras
da entidade. 

Utilização do custo histórico. Os ativos


Utilização do custo histórico, e itens do
Base no valor intangíveis, o ativo permanente e as
ativo imobilizado poderem ser
contábil propriedades para investimento podem
reavaliados. 
ser reavaliados por valor justo.

O lucro seja mensurado utilizando a


Moeda de moeda funcional. Porém, as organizações Demonstrações financeiras devem ser
apresentação podem apresentar as demonstrações apresentadas na moeda do país. 
financeiras em uma moeda diferente.

Componentes Apresentação do Balanço Patrimonial, a Similar às IFRS. A diferença está na


das DFC e informações referentes ao apresentação do demonstrativo de
demonstrações patrimônio líquido de dois anos, no fluxo de caixa que deve demonstrar as
financeiras mínimo. origens e aplicações de recursos.

Não existe um padrão definido, mas é


Ativos e Passivos são segregados entre
necessário que haja a separação entre
os grupos de circulante e não
ativos e passivos correntes e não
circulante. Nestes grupos, os ativos e
correntes. Também a apresentação dos
Balanço passivos são apresentados em ordem
ativos e passivos por ordem de liquidez
Patrimonial decrescente de liquidez, com
em relação à separação entre corrente e
agrupamentos de contas visando
não corrente quando apresenta
facilitar o conhecimento e a análise da
informação mais confiável e relevante
situação financeira da organização. 
sobre a organização. 

Não existe um formato padrão, mas os Similar às IFRS, exceto pelo tratamento
Formato da
gastos devem ser evidenciados. Porém, de alguns itens, como “não
demonstração de
alguns itens devem ser apresentados operacionais” e pelas despesas que
resultado
separadamente. devem ser apresentadas por função. 

37
Exigem classificação em contas padrão,
Não existe apresentação. Se
DFC: formato e mas são flexíveis quanto ao conteúdo das
voluntariamente apresentadas, as
método contas. Pode ser utilizado o método direto
regras assemelham-se às IFRS.
ou indireto.

Fonte: Adaptado de Camargo (2022, on-line).

38
07

O Comitê de
Pronunciamentos
Contábeis e seus
Pronunciamentos
Acadêmicos,
A criação do CPC resultou da colaboração de diversos órgãos reguladores da
contabilidade no Brasil, incluindo o Conselho Federal de Contabilidade, a
Comissão de Valores Mobiliários e o Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil.

CPC – Comitê de
Pronunciamentos Contábeis
O CPC foi criado pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) n.º
1.055/05 com o objetivo de estudar, preparar e emitir pronunciamentos técnicos
relacionados à contabilidade. Além disso, o CPC também tem como
responsabilidade divulgar informações sobre o assunto para auxiliar na emissão
de normas regulamentares para a contabilidade no Brasil. O CPC visa
centralizar e uniformizar o processo de produção de normas, bem como
promover a convergência da contabilidade brasileira com os padrões
internacionais (CPC, 2021).
O CPC é uma entidade autônoma formada por 2/3 de seus membros, incluindo
o Conselho Federal de Contabilidade, sete outras entidades e dois membros
por entidade, na maioria contadores sem remuneração. Outros órgãos também
são convidados a participar das atividades do CPC.
Para estudar temas específicos, o CPC pode formar comissões e grupos de
trabalho, e entre os órgãos convidados estão o Banco Central do Brasil,
Comissão de Valores Mobiliários, Secretaria da Receita Federal do Brasil,
Superintendência de Seguros Privados, Federação Brasileira de Bancos,
Confederação Nacional da Indústria e a Superintendência Nacional de
Previdência Complementar (CPC, 2022).

40
CONECTE-SE

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis dispõe em seu portal todas


as informações para a compreensão de sua missão, as audiências e
consultas realizadas, os documentos emitidos, links úteis, além de
uma opção de busca avançada nos pronunciamentos sobre
determinado tema.

O CPC foi criado para atender as necessidades decorrentes da harmonização


da contabilidade. Entre as principais razões para sua criação estão a
convergência internacional das normas contábeis, a centralização da emissão
de normas contábeis e a representação e processo democrático nas produções
de informações contábeis (CPC, 2021).
O CPC oferece uma ampla gama de produtos, incluindo comunicados,
orientações, interpretações e pronunciamentos técnicos, que são submetidos a
uma audiência pública. Em 2010, o CPC concluiu o processo de convergência
das normas contábeis brasileiras às normas internacionais. Desde então, o CPC
tem como objetivo revisar e elaborar normas contábeis internacionais.

Atualmente, há cerca de 49 CPCs publicados, além dos CPCs de Liquidação e


PME. Cada pronunciamento trata de assuntos diversos da contabilidade e é
identificado por um número e um título específicos.

41
Quadro 1 – Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC

CPC 00 Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro

CPC 01 Redução ao Valor recuperável de Ativo

CPC 02 Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis

CPC 03 Demonstração dos Fluxos de Caixa

CPC 04 Ativo Intangível

CPC 05 Divulgação sobre Partes Relacionadas

CPC 06 Arrendamentos

CPC 07 Subvenção e Assistências Governamentais

CPC 08 Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários

CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)

CPC 10 Pagamento Baseado em Ações

CPC 11 Contratos de Seguro

CPC 12 Ajuste a Valor Presente

CPC 13 Adoção Inicial da Lei n.º 11.638/07 e da Medida Provisória n.º 449/08

Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação (Fase I) –


CPC 14
Transformado em OCPC 03

CPC 15 Combinação de Negócios

CPC 16 Estoques

CPC 17 Contratos de Construção (revogado a partir de 1º/01/*2018

Investimentos em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Controlado em


CPC 18
Conjunto

CPC 19 Negócios em Conjunto

CPC 20 Custos de Empréstimos

42
CPC 21 Demonstração Intermediária

CPC 22 Informações por Segmento

CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro

CPC 24 Evento Subsequente

CPC 25 Provisões, Passivos Contingente e Ativos Contingentes

CPC 26 Apresentação das Demonstrações Contábeis

CPC 27 Ativo Imobilizado

CPC 28 Propriedade para Investimento

CPC 29 Ativo Biológico e Produto Agrícola

CPC 30 Receitas (revogado a partir de 1º/01/2018)

CPC 31 Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada

CPC 32 Tributos sobre o Lucro

CPC 33 Benefícios a Empregados

CPC 34 Exploração e Avaliação de Recursos Minerais (Não editado)

CPC 35 Demonstrações Separadas

CPC 36 Demonstrações Consolidadas 

CPC 37 Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade

Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração (revogado a partir de


CPC 38
1º/01/2018)

CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentação

CPC 40 Instrumentos Financeiros: Evidenciação

CPC 41 Resultado por Ação

CPC 42 Contabilidade em Economia Hiperinflacionária

CPC 43 Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 15 a 41

43
CPC 44 Demonstrações Combinadas

CPC 45 Divulgação de Participações em outras Entidades

CPC 46 Mensuração do Valor Justo

CPC 47 Receita de Contrato com Clientes

CPC 48 Instrumentos Financeiros

CPC 49 Contabilização e Relatório Contábil de Planos de Benefícios de Aposentadoria 

CPC
Entidade em Liquidação
Liquidação

CPC PME Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas com Glossário de Termos

Fonte: CPC (2023, on-line).

44
08

BR GAAP e IFRS
BR GAAP e IFRS
Os BR GAAP são os princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil, como já
visto, são o conjunto de normas, diretrizes e legislação sobre a prática contábil
em nosso país.
Do outro lado, temos as IFRS que são o conjunto de princípios contábeis
emitidos pelo IASB – International Accounting Standards Board, cujo órgão
internacional emite e realiza o estudo de normas contábeis para serem aceitos
de forma ampla em vários países. Diante deste cenário o CPC realiza a
consonância das normas contábeis internacionais com os princípios vigentes
em nosso país, auxiliando os profissionais no processo de transcrição, análise,
tradução e equiparação das normas contábeis.
Diante dessas variações de normas e diretrizes, temos o quadro comparativo:

46
PRÁTICAS CONTÁBEIS PRÁTICAS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS
TEMAS
BRASILEIRAS (BR GAAP) (IFRS)

Custo histórico ou o valor realizável


líquido, sendo o menor, pelo método
PEPS ou Média Ponderada.
Adota o custo médio ponderado,
porém, admite a aplicação do
Admite o método UEPS, apenas com a
1 - VALORIZAÇÃO DE método PEPS.
divulgação em paralelo de um dos
ESTOQUES
métodos mencionado anteriormente.
Não considera a apropriação de
despesas indiretas de produção.
É permitido, porém, não é obrigatória a
apropriação de despesas indiretas de
produção.

Segue a mesma linha dos A escrituração dos tributos deve seguir o


princípios previstos no US GAAP. regime de competência, ou o método de
diferimento ou método de passivo. É
É permitida a provisão de permitida a adoção da base de caixa para
passivos improváveis. diferenças temporais sem previsão que
2 - IMPOSTO DE
sejam revertidas num futuro previsível.
RENDA
Também é permitida a
escrituração no ativo de Saldo de crédito fiscal produzido em
prejuízos fiscais em empresas função de diferenças temporais somente
sem perspectiva de lucro no poderá ser contabilizado caso exista
curto prazo. perspectiva razoável de realização.

Deverá ser alocada numa base sistemática


Segue IFRS, entretanto, seguem
cada um dos períodos contábeis durante
os critérios definidos na
a vida útil dos ativos. Escolhido um
3 - DEPRECIAÇÃO  legislação tributária, como as
determinado método de depreciação este
formas de depreciação e suas
deve ser seguido até o fim da vida útil do
taxas.
bem.

4 - DESPESAS DE Admite-se o diferimento de São registrados como despesa, exceto


PESQUISA E praticamente todas as despesas quando:
DESENVOLVIMENTO que exista a expectativa de
ocorrer algum benefício futuro. o produto/processo esteja definido
claramente e os custos atribuíveis a

47
Entretanto, na prática, os ele possam ser identificados
separadamente; 
critérios definidos na legislação a viabilidade técnica do produto já
tributária são seguidos. tenha sido demonstrada; 
exista uma indicação clara de
mercado futuro para o
produto/processo [...]; etc. 

Os custos de desenvolvimento diferidos


devem ser limitados ao que se espera
recuperar em termos razoáveis das
receitas futuras relacionadas [...].

Contratos de longo prazo devem ser


registrados pelo método do “percentual
de acabamento” ou pelo método do
“contrato acabado”.

O reconhecimento das receitas O método do “percentual de


também poderá ser efetuado acabamento” deve ser utilizado quando o
5 - CONTRATOS DE
em regime de caixa, ou seja, na resultado do contrato pode ser previsto
LONGO PRAZO
proporção das condições de com razoável segurança.
pagamento do contrato.
A perda relacionada a um contrato deve
ser provisionada assim que for
identificada, abrangendo as perdas
incorridas até a data e as perdas futuras
até o fim do contrato.

6 - IMOBILIZADO Registro pelo seu custo histórico. Conforme o IFRS.

Custos de financiamento O passivo fiscal diferido, resultado de


atribuíveis diretamente à reavaliação, deve ser registrado a menos
construção de imobilizado são que seja coberto por prejuízos fiscais
considerados. existentes. Em IFRS, o efeito do imposto
diferido somente precisa ser divulgado.
Admite a reavaliação do
imobilizado, porém, exige que
seja incluída a categoria inteira
dos ativos.

48
Superávits de reavaliação são
creditados a uma reserva de
reavaliação, a menos que estes
revertam numa deficiência
previamente debitada na
demonstração do resultado [...]

O superávit da reavaliação deve


ser transferido para lucros
acumulados quando da baixa dos
respectivos ativos.

Os incentivos fiscais relacionados com


ativos podem ser apresentados no
balanço como receita diferida ou
deduzidos do valor registrado daquele
respectivo ativo.

Os incentivos governamentais
Caso este incentivo figure como
devem ser registrados quando
compensação para despesas ou perdas
recebidos, não sendo associados
já incorridas [...], deve-se creditar o valor à
com a vida do projeto ou ativo.
7 – INCENTIVOS demonstração de resultado.
GOVERNAMENTAIS
O incentivo mais comum, o
[...] O repagamento de um incentivo
incentivo fiscal do imposto de
relacionado com um ativo deve ser
renda, não transita por lucros e
registrado aumentando-se o valor
perdas.
existente do ativo ou reduzindo-se o
saldo da receita diferida. A depreciação
cumulativa adicional, que teria sido
debitada se o incentivo não existisse,
deve ser debitada a lucros e perdas
imediatamente.

8 - ARRENDAMENTO – Arrendatário: Arrendatário:


LEASING
Todos os leases são Deve ser refletido no balanço do
considerados operacionais. arrendatário pelo registro de um
A receita de venda numa ativo e um passivo em valores iguais

49
transação de leaseback é no início do lease , no valor de
registrada pelo valor mercado do ativo arrendado ou, se
nominal, não importando as menor, no valor presente das
circunstâncias.  prestações. 
As prestações do bem arrendado
devem ser alocadas entre a despesa
Arrendador: financeira e a redução do passivo
em aberto [...]
O débito nos resultados num
Todos os leases são
leasing operacional deve ser
considerados operacionais.
despesa de aluguel para o período
O modelo de contabilização
contábil.
está definido na Portaria n.º
Existe distinção entre leasing
140 do Ministério da
financeiro e leasing operacional,
Fazenda*. 
sendo a prática contábil a ser
adotada diferente em cada caso. 
*Instituída em 27 de julho de
1984, estabelecendo normas às Arrendador:

contraprestações de
Leasing financeiro – registrado em
arrendamento mercantil no Contas a receber [...]; 
tocante à computação no lucro Leasing operacional - contabilizado
como ativo imobilizado depreciável
líquido do período-base em que [...].
foram exigíveis.

9 - CONSOLIDAÇÃO E Conforme o IFRS, exceto: Uma controladora, que não é em si uma


INVESTIMENTOS EM a consolidação é subsidiária, deve preparar
mandatória somente se
SUBSIDIÁRIAS E mais de 30% do patrimônio Demonstrações financeiras consolidadas.
líquido da controladora
AFILIADAS  foram representados pelos
investimentos em Todas as subsidiárias devem ser
subsidiárias; e
a equivalência patrimonial é consolidadas, exceto quando:
utilizada para todas as
afiliadas e subsidiárias não
consolidadas. Uma afiliada é a. o controle seja temporário
definida normalmente (subsidiária adquirida e controlada
quando 20% a 50% do exclusivamente para venda
capital social é controlado subsequente no futuro próximo); ou
(com ou sem direito a voto).  b. a subsidiária opere sobre restrições
severas em longo prazo, as quais
afetem significativamente sua
Esta definição também pode ser capacidade de transferir recursos à
aplicada para participações entre controladora. 

10% e 20% do capital da afiliada. Subsidiárias excluídas devem ser


registradas como investimentos em
longo prazo.

Nas demonstrações financeiras


separadas da controladora, as
subsidiárias são registradas como

50
investimentos em longo prazo ou como
afiliadas pelo método de equivalência
patrimonial.

Investimentos em afiliadas em
demonstrações financeiras consolidadas
devem ser valorizados pelo método de
equivalência patrimonial, a menos que
as circunstâncias (a) e (b) citadas sejam
aplicáveis à subsidiária, ou se o investidor
deixar de ter influência significativa,
embora continue com o investimento.
Nestes casos, registra-se a afiliada como
investimento de longo prazo.

Uma subsidiária é definida como um


empreendimento ou empresa
controlada pela controladora.

Uma afiliada é definida como uma


empresa sobre a qual a controladora tem
influência significativa.

Todos os custos de um
empreendimento em fase pré-
Despesas incorridas por um
operacional, além daqueles
empreendimento em fase pré-
10 - capitalizados normalmente como
operacional devem ser registradas
EMPREENDIMENTOS ativos fixos, são capitalizados
imediatamente no resultado, a menos
EM FASE PRÉ- como ativos diferidos, a serem
que sejam despesas de natureza que
OPERACIONAL amortizados a partir da data de
possam ser capitalizadas como ativos
início das atividades. Não existe
fixos.
um período de amortização
predeterminado.

Fonte: Adaptado de Júnior e Dias (2005, p. 22 – 26).

51
NA PRÁTICA

A convergência das BR GAAP com as IFRS promove ao profissional


contábil um amplo espectro de atuação, sendo necessária a
interpretação dos fatos contábeis, de acordo com cada norma, sua
escrituração e demonstração. Na prática, o profissional que lida com
ambas as normas possui uma visão ampliada da contabilidade, bem
como de interpretação.

52
09

Lei 6.404/76 e IFRS


A Lei 6.404/76 foi sendo atualizada ao longo das mudanças econômicas, de
outras leis cíveis e tributárias, além da mudança da Constituição Federal em si.
Entretanto, a maior mudança ocorreu através da Lei n.º 10.303/2001 e Lei n.º
11.638/2007, bem como a MP n.º 449/2008 com a convergência às IFRS.

Adoção Inicial às Normas


Contábeis Brasileiras
A Lei n.º 10.303/2001 trouxe importantes mudanças para as companhias de
capital aberto criando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), bem como
determinando critérios e parâmetros sobre questões contábeis que,
consequentemente, alteraram a Lei n.º 6.404/76. Porém, a maior convergência
ao cenário internacional e com grandes alterações na legislação contábil no
Brasil ocorreu de fato com a Lei n.º 11.638/2007, posteriormente, com ajustes
pela Lei n.º 11.941/09, sendo as últimas alterações realizadas pela Lei n.º 13.818/19.
Neste contexto, Azevedo (2009, p. 71) diz:

Um dos objetivos dessa nova lei é convergir as regras contábeis


brasileiras ao padrão internacional (IFRS). A importância e a
necessidade de que as práticas contábeis brasileiras sejam
convergentes com as práticas contábeis internacionais, seja em
função do aumento da transparência e da confiabilidade nas nossas
informações financeiras, seja por possibilitar, a um custo mais baixo,
o acesso das empresas nacionais às fontes de financiamentos
externas, a CVM vem, desde a década passada, desenvolvendo
esforços para possibilitar essa convergência, seja mediante o
aperfeiçoamento de suas normas, seja pela apresentação ao
Executivo de anteprojeto de Lei, transformado no PL n.º 3.741/200, e
agora a Lei n.º 11.638/2007.

Após a publicação da Lei n.º 11.638/2007 foi desenvolvida a Medida Provisória n.º
449/2008, trazendo pequenas alterações na Lei n.º 11.638/07 que,
posteriormente, foi convertida na Lei n.º 11.941/09, que de fato preparou a
legislação do Brasil para o processo de convergência às IFRS.

54
Quadro 1 – Convergência das Normas Internacionais em vigência no Brasil

De acordo com as normas contábeis vigentes, não é possível


estabelecer previsões e respostas para todos os casos concretos, o
que exige uma análise cuidadosa e um julgamento criterioso por
parte dos profissionais contábeis. Nesse sentido, é necessário que
os contadores possuam uma maior preparação, a fim de
compreender os princípios contábeis e produzir informações
contábeis de maior qualidade e utilidade.
Normas com base em princípios
e não em regras É importante destacar que o papel do contador vai além de
cumprir regras mecanicamente. É necessário compreender os
princípios contábeis e aplicá-los de forma adequada, levando em
consideração a complexidade dos casos concretos e as
particularidades de cada empresa. Dessa forma, a contabilidade se
torna uma ferramenta essencial para a tomada de decisões
estratégicas, permitindo que as empresas tenham uma visão mais
clara e objetiva de sua situação financeira e contábil.

Para contabilizar ou auditar qualquer operação, é fundamental que


o profissional responsável tenha um profundo conhecimento de
todos os procedimentos e circunstâncias envolvidas. Não basta
simplesmente registrar o óbvio - é crucial compreender e certificar-
Prevalência da Essência sobre a se de que o documento formal reflita adequadamente a essência
Forma econômica dos fatos em questão.

O conceito de Prevalência da Essência sobre a Forma é o


fundamento central das Normas Internacionais de Contabilidade
estabelecidas pelo IASB.

São muito mais importantes os


conceitos de controle, de
obtenção de benefícios e de Há a prevalência da transferência do controle, dos riscos e dos
incorrência em riscos do que a benefícios sobre a titularidade jurídica. Como, por exemplo, nos
propriedade jurídica para casos de comodato.
registro de ativos, passivos,
receitas e despesas

55
A Contabilidade registra fatos que ocorreram no ambiente
empresarial como um todo. Desta forma, por essência, os fatos
A contabilidade passa a ser de
contábeis originam em decisões tomadas pela diretoria e
toda a empresa, não só do
administração como um todo, cabendo aos diretores, conselhos de
Contador
administração e fiscal aprovar as demonstrações contábeis, tendo
tanta responsabilidade quanto o contador em si.

No ano de 2010, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) divulgou o CPC


37 – Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade que apontava a
convergência na apuração de resultados de forma que fossem os mesmos de
resultado líquido e patrimônio líquido, a não ser em situações de forma
excepcional.

CONECTE-SE

Disposição na íntegra com toda a base legal de aprovação dos


Reguladores, do CPC 37 Revisão 1.

Alterações da Lei n.º 6.404/76


As Leis n.º 11.638/07 e n.º 11.941/09 modificaram a Lei n.º 6.404/76 alterando a
obrigatoriedade de entrega de algumas demonstrações contábeis ou
mudando a estrutura delas.

56
Quadro 2 - Principais Alterações na Lei n.º 6.404/76

De acordo com a Lei n.º 11.638/07:


A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) passa a ser obrigatória, bem como para as empresas de
capital aberto surge também a obrigatoriedade da Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Em
contrapartida, a obrigatoriedade da Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos (DOAR) é
extinta (art. 176, IV e V).
A DFC deve apresentar as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de
caixa (art. 188, I).
A DVA - Demonstração do Valor Adicionado deve apresentar o valor da riqueza gerada pela companhia,
bem como a distribuição entre os destinatários destes recursos, como funcionários, Governo e
fornecedores (art. 188, II). 
As companhias fechadas com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a 2 milhões não são
obrigadas a elaborar e publicar as demonstrações dos fluxos de caixa (art. 176; §6).

De acordo com a Lei 11.941/09:


Segundo o art. 178; § 1º; I e II, o Ativo é composto por:
Ativo circulante e
Ativo não circulante, composto por:
- Ativo realizável em longo prazo; 
- Investimentos;
- Imobilizado; e 
- Intangível.  

Com a extinção do Ativo Diferido, os valores existentes no Ativo Diferido (ao final do exercício do ano de
2008), que não puderem ser realocados em outras contas do ativo, poderão permanecer sob essa
classificação até sua completa amortização.  Segundo o art. 178; § 2; I, II e III o passivo passa a ser dividido
em: 
Passivo circulante,
Passivo não circulante e 
Patrimônio líquido, dividido em:
- Capital social,
- Reservas de capital, 
- Ajustes de avaliação patrimonial, 
- Reservas de lucros, 
- Ações em tesouraria, e 
- Prejuízos acumulados.  

Com a revogação do artigo 181, os valores classificados como Resultados de Exercício Futuro, ao final do
exercício de 2008, deverão ser alocados ao Passivo não circulante em conta representativa de receita
diferida. As obrigações da companhia serão classificadas no passivo circulante quando vencerem no
exercício seguinte, e no passivo não circulante quando o vencimento for em prazo maior (art. 180).

Fonte: Adaptado da Leis n.º 11.638/07 e n.º 11.941/09.

57
CONECTE-SE

Lei n.º 11.941/09 na íntegra disponível no portal do Planalto da


Presidência da República na internet e pode ser acessada pelo
referido link.

58
10

O Comitê de
Pronunciamentos
Contábeis (CPC)
CPC – Comitê de
Pronunciamentos Contábeis
O CPC foi constituído pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade
(CFC) n.º 1.055/2005, com o objetivo de estudar, preparar e emitir
pronunciamentos técnicos sobre Contabilidade, além de divulgar informações
similares para permitir a elaboração de normas pela organização reguladora do
Brasil. Contudo, o foco desse processo é centralizar e uniformizar a produção,
buscando a convergência da Contabilidade brasileira aos padrões
internacionais (CPC, 2021).
O CPC possui autonomia em relação às entidades que representa, e é
composto por 2/3 de membros indicados pelo CFC - Conselho Federal de
Contabilidade, pelas sete entidades que constituem o CPC e pelos membros do
próprio CPC, geralmente, contadores sem remuneração. Além disso, outros
órgãos são convidados a participar das atividades do CPC, podendo ser
formadas comissões e grupos de trabalho para estudar temas específicos.
Entre as entidades convidadas estão o Banco Central do Brasil (BACEN), a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Secretaria da Receita Federal do Brasil
(RFB), a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), a Federação Brasileira
de Bancos (FEBRABAN), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), conforme
informado pelo CPC, em 2021.
O CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) foi criado em 2005 como
resultado do processo de harmonização da contabilidade no Brasil. O objetivo
era reduzir custos na elaboração de relatórios contábeis, diminuir riscos e
custos nas análises e decisões e reduzir custos de capital. Além disso, o CPC foi
criado para centralizar a emissão de normas contábeis no país.
A produção de informações é feita democraticamente, com a participação de
contadores, auditores, usuários intermediários, governo e outros. O CPC oferece
comunicados, orientações, interpretações e pronunciamentos técnicos, que são
submetidos à audiência pública. Em 2010, os pronunciamentos técnicos do
CPC praticamente finalizaram o processo de convergência das Normas

60
Brasileiras de Contabilidade às Normas Internacionais de Contabilidade. A partir
de 2011, o CPC começou a trabalhar na revisão ou elaboração de normas
internacionais.
Até o momento, temos 52 pronunciamentos publicados pelo CPC. Assim, cada
pronunciamento engloba diversos assuntos da contabilidade. Neste contexto,
segue um quadro resumo com o número do documento e o título de cada um
dos CPCs:

61
Quadro 1 – Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC

CPC 00 Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro

CPC 01 Redução ao Valor recuperável de Ativo

CPC 02 Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis

CPC 03 Demonstração dos Fluxos de Caixa

CPC 04 Ativo Intangível

CPC 05 Divulgação sobre Partes Relacionadas

CPC 06 Arrendamentos

CPC 07 Subvenção e Assistências Governamentais

CPC 08 Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários

CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)

CPC 10 Pagamento Baseado em Ações

CPC 11 Contratos de Seguro

CPC 12 Ajuste a Valor Presente

CPC 13 Adoção Inicial da Lei n.º 11.638/07 e da Medida Provisória n.º 449/08

Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação (Fase I) –


CPC 14
Transformado em OCPC 03

CPC 15 Combinação de Negócios

CPC 16 Estoques

CPC 17 Contratos de Construção (revogado a partir de 1º/01/*2018)

Investimentos em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Controlado em


CPC 18
Conjunto

CPC 19 Negócios em Conjunto

CPC 20 Custos de Empréstimos

62
CPC 21 Demonstração Intermediária

CPC 22 Informações por Segmento

CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro

CPC 24 Evento Subsequente

CPC 25 Provisões, Passivos Contingente e Ativos Contingentes

CPC 26 Apresentação das Demonstrações Contábeis

CPC 27 Ativo Imobilizado

CPC 28 Propriedade para Investimento

CPC 29 Ativo Biológico e Produto Agrícola

CPC 30 Receitas (revogado a partir de 1º/01/2018)

CPC 31 Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada

CPC 32 Tributos sobre o Lucro

CPC 33 Benefícios a Empregados

CPC 34 Exploração e Avaliação de Recursos Minerais (Não editado)

CPC 35 Demonstrações Separadas

CPC 36 Demonstrações Consolidadas 

CPC 37 Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade

Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração (revogado a partir de


CPC 38
1º/01/2018)

CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentação

CPC 40 Instrumentos Financeiros: Evidenciação

CPC 41 Resultado por Ação

CPC 42 Contabilidade em Economia Hiperinflacionária

CPC 43 Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 15 a 41

63
CPC 44 Demonstrações Combinadas

CPC 45 Divulgação de Participações em outras Entidades

CPC 46 Mensuração do Valor Justo

CPC 47 Receita de Contrato com Clientes

CPC 48 Instrumentos Financeiros

CPC 49 Contabilização e Relatório Contábil de Planos de Benefícios de Aposentadoria 

CPC 50 Contratos de Seguro

CPC
Entidade em Liquidação
Liquidação

CPC PME Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas com Glossário de Termos

Fonte: CPC (2023, on-line).

Por fim, cabe aos profissionais da Contabilidade estarem atualizados em


relação aos Pronunciamentos Técnicos para realização da escrituração contábil
das organizações.

CONECTE-SE

Todos os pronunciamentos demonstrados estão disponíveis no portal


do CPC.

64
11

Demonstrações
Contábeis - Parte I
Dando continuidade à Lei n.º 6.404/76 e à Lei n.º 11.638/07, vamos abordar   as
Demonstrações Contábeis: Balanço Patrimonial (BP) e Demonstrativo do
Resultado do Exercício (DRE).

Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é a demonstração que apresenta a posição financeira e
patrimonial de uma organização numa determinada data, como uma
“fotografia” da situação do patrimônio. Ele é composto pelo Ativo, Passivo e
Patrimônio Líquido, e suas contas são classificadas de acordo com os
elementos patrimoniais.
De acordo com a Resolução n.º 1.283/2010, “O balanço patrimonial é a
demonstração contábil destinada a evidenciar, quantitativa e qualitativamente,
numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da Entidade”.
Assim, essa demonstração vem apresentar os aspectos quantitativos e
qualitativos referentes à posição patrimonial de uma determinada organização.
A Resolução n.º 1.283/2010 afirma que o objetivo do Balanço Patrimonial é
apresentar tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos da posição
patrimonial de uma entidade.
A Lei 6.404/76 define o Balanço Patrimonial como sendo composto pelo Ativo
(que representa bens e direitos) e pelo Passivo (que identifica obrigações e
Patrimônio Líquido). Além disso, as Leis 11.638/07, 11.941/09 e o CPC PME
também regulam essa demonstração. A NBC TG 26 estabelece a estrutura do
Balanço Patrimonial, que é representada simbolicamente por um "T", com o
Ativo no lado esquerdo e o Passivo no lado direito. As contas do Ativo, Passivo e
Patrimônio Líquido são substituídas pelas nomenclaturas específicas de cada
elemento patrimonial:

66
Quadro 1 – Estrutura básica do Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Ativo Circulante Passivo Circulante

Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante

Patrimônio Líquido

Fonte: o autor.

O Ativo é composto por bens e direitos que são


apresentados de acordo com o grau de liquidez, sendo os
elementos registrados no Ativo Circulante apresentados
antes dos registrados no Ativo Não Circulante. Já o Passivo
apresenta as obrigações da empresa, incluindo as dívidas
com terceiros e os investimentos dos sócios registrados no
Patrimônio Líquido. O Passivo é composto pelo Passivo
Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido,
com as contas apresentadas em ordem decrescente, de
acordo com o grau de exigibilidade das obrigações.

O Balanço Patrimonial é a primeira demonstração financeira a ser abordada e é


seguido pela DRE (Demonstração do Resultado do Exercício).

DRE
A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um relatório financeiro que
apresenta o saldo final de todas as contas de resultado, incluindo receitas e
despesas, de uma empresa em um determinado período, geralmente um ano.
A DRE reconhece as receitas e despesas de acordo com o Princípio da

67
Competência, que determina que as transações e eventos sejam reconhecidos
no período ao qual se referem, independentemente de recebimento ou
pagamento.
A receita representa o ingresso de lucros para a empresa, resultando em
aumento do Patrimônio Líquido, enquanto as despesas são incorridas quando
há diminuição de ativos ou aumento de passivos. 
A DRE tem como objetivo apurar o resultado líquido do período através da
comparação entre as receitas, provenientes das atividades ordinárias da
empresa, e as despesas, como salários, aluguel, água e energia elétrica, entre
outras. A receita deve ser reconhecida pelo seu valor justo em relação ao
montante recebido.
De acordo com o CPC 30 (R1), há as seguintes fontes de receita (CPC, 2017, on-
line):
contratos de arrendamento comercial (veja NBC T 10.2 - Operações de
Arrendamento Comercial);
dividendos provenientes de investimentos contabilizados pelo método de
equivalência patrimonial (veja NBC TS sobre Investimento em Coligada);
contratos de seguro (veja NBC T 19.16 - Contratos de Seguro);
mudanças no valor justo de ativos e passivos financeiros ou sua venda
(veja NBC TS sobre Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e
Mensuração);
mudanças no valor de outros ativos circulantes;
reconhecimento inicial e mudanças no valor justo de ativos biológicos
relacionados à atividade agrícola (veja NBC T 19.29 - Ativo Biológico e
Produto Agrícola);
reconhecimento inicial de produtos agrícolas (veja NBC T 19.29); e
extração de recursos minerais.

No entanto, para uma melhor compreensão da relação entre as receitas


mencionadas, vamos ver o CPC 30 que apresenta alguns termos importantes
sobre receitas, de acordo com a BNC T 19.3 - Receitas (CPC, 2017, on-line):
O valor justo é o preço pelo qual um ativo pode ser negociado ou um passivo
liquidado entre partes interessadas, conscientes da transação e independentes
entre si, sem fatores que pressionem para a liquidação da transação ou
caracterizem uma transação obrigatória.
A receita proveniente da venda de bens deve ser reconhecida quando as
seguintes condições forem satisfeitas:

68
a entidade transferiu para o comprador os riscos e benefícios mais
significativos da propriedade dos bens;
a entidade não mantém envolvimento contínuo na gestão dos bens
vendidos de forma normalmente associada à propriedade ou não tem
controle efetivo sobre esses bens;
o valor da receita pode ser medido com confiança;
é provável que os benefícios econômicos da transação fluam para a
entidade; e
as despesas incorridas ou a serem incorridas relacionadas à transação
podem ser medidas com confiança.

De acordo com o CPC (2017, on-line), as receitas também podem vir de juros,
royalties e dividendos gerados por ativos de terceiras entidades. O
reconhecimento dessas receitas depende das seguintes condições: (a) a
probabilidade de que os benefícios econômicos associados à transação fluam
para a entidade e (b) a capacidade de medir confiavelmente o valor da receita.
A base para reconhecimento dessas receitas inclui: (a) juros reconhecidos
usando o método da taxa efetiva de juros, conforme definido na NBC TS sobre
Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração; (b) royalties
reconhecidos de acordo com o regime de competência, de acordo com a
essência do acordo; e (c) dividendos reconhecidos quando o acionista tiver o
direito de receber o respectivo valor.
Por lei (Lei n.º 11.638/07), a Demonstração de Resultados de uma empresa
brasileira deve ser apresentada e seguir uma determinada estrutura:

69
Quadro 2 – Estrutura sintética da DRE

Receita Bruta

(-) Deduções e Abatimentos

(=) Receita Líquida

(-) CMV/CPV/CSP

(=) Lucro Bruto

(-) Despesas Operacionais

(=) Resultados antes do IRPJ e CSLL

(-) Provisões IRPJ e CSLL

(=) Resultado Líquido (Lucro ou Prejuízo)

Fonte: o autor.

Ao contrário do Balanço Patrimonial que se trata de uma posição estática do


patrimônio da empresa, a DRE é uma apuração de um período, envolvendo
todas as operações do período em questão.

70
CONECTE-SE

No site do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) está disponível a


NBC T XX que dispõe sobre o conteúdo e estrutura das
Demonstrações Contábeis.

71
12

Demonstrações
Contábeis - Parte II
Dando continuidade às Demonstrações Contábeis, nesta aula, vamos abordar a
Demonstração do Resultado Abrangente (DRA), a Demonstração do Fluxo de
Caixa (DFC) e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).

DRA
A Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) apresenta as variações no
patrimônio líquido de uma entidade no período em análise. Evidenciando
mudanças que não decorrem de investimentos dos sócios e distribuições aos
proprietários da empresa, mas de transações cambiais, ou outros ajustes
contábeis de instrumentos financeiros. 
A finalidade da DRA é atualizar a divisão do patrimônio e o que pertence de
fato aos sócios, fornecendo informações importantes para os investidores sobre
a capacidade da empresa de receber futuros investimentos. O CPC 26 (R4) traz
conceitos de outros resultados abrangentes, como variações de reservas de
reavaliação do Ativo Imobilizado e do Ativo Intangível, ganhos e perdas
atuariais em planos de pensão de benefícios a empregados, ganhos e perdas
derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior,
ajuste de avaliação patrimonial relativo aos ganhos e perdas na remensuração
de ativos financeiros disponíveis para venda e ajuste de avaliação patrimonial
relativo à efetiva parcela de ganhos ou perdas de instrumentos de hedge em
hedge de fluxo de caixa. 
A DRA pode ser apresentada em demonstração própria ou dentro da
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).

DFC
A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) evidencia as origens e destinações, ou
entradas e saídas de recursos de caixa e equivalente de caixa, os quais
entendem aqueles depósitos ou aplicações que podem ser imediatamente
convertidos em um montante conhecido de caixa, bem como um

73
insignificante risco de mudança de valor. A DFC tem sua composição dos fluxos
de caixa de atividades operacionais, atividades de investimento e de
financiamento, sendo definidas em:

Atividades Operacionais
São os recursos oriundos das atividades operacionais da empresa, que se
entendem por: recebimentos de venda de mercadorias e prestações de
serviços; recebimentos de honorários, comissões e royalties, restituição de
impostos e entradas de caixa de negociação de venda futura, bem como os
pagamentos de fornecedores de mercadorias e serviços, pagamentos a
empregados e encargos, por exemplo.
É intrínseca a análise em conjunto com a Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE) para verificar a viabilidade da operação empresarial, pagamento
de dividendos, juros sobre o capital próprio e amortização de empréstimos.
Com isso, é possível verificar a capacidade da operação em gerar caixa para a
própria manutenção e de possíveis investimentos com recursos próprios.

Atividades de Investimento
Diferentemente das atividades operacionais, que possuem foco no presente da
entidade, as atividades de investimentos envolvem operações que possuem
finalidade de gerar resultados e fluxos de caixa no futuro.
São exemplos de atividade de investimentos: pagamentos e recebimentos
relacionados à compra e venda de ativos imobilizados, pagamentos e
recebimentos por compra e venda de ações, debêntures ou participações
societárias, recebimentos ou pagamentos de adiantamento de crédito de
terceiros e pagamentos ou recebimentos por contratos futuros, exceto aqueles
de negociação imediata.

Atividades de Financiamento
As Atividades de Financiamento são operações onerosas ou não, com finalidade
de financiar o caixa da entidade, sua divulgação separada é útil para prever as
exigências sobre futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital à
entidade.

74
São exemplos de atividade de financiamentos: pagamentos e recebimentos
relacionados à emissão ou resgate de ações e instrumentos patrimoniais, ou de
debêntures, amortizações de empréstimos e financiamentos e pagamentos
por arrendatário.
A DFC pode ser elaborada por dois métodos: direto ou indireto. Sendo o
método indireto composto por informações que resultam em alterações no
fluxo de caixa retiradas de outras demonstrações contábeis, como o Balanço
Patrimonial do Demonstrativo do Resultado do Exercício, com ajustes. Exemplo
de DFC pelo Método Indireto:

75
Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Indireto 20X2

Fluxos de caixa das atividades operacionais

Lucro líquido antes do imposto de renda e contribuição social 3.350

Ajustes por:

Depreciação 450

Perda cambial 40

Renda de investimentos (500)

Despesas de juros 400

3.740

Aumento nas contas a receber de clientes e outros (500)

Diminuição nos estoques 1.050

Diminuição nas contas a pagar – fornecedores (1.740)

Caixa proveniente das operações 2.550

Juros pagos (270)

Imposto de renda e contribuição social pagos (800)

Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos (100)

Caixa líquido proveniente das atividades operacionais 1.380

Fluxos de caixa das atividades de investimento

Aquisição da controlada X menos caixa líquido incluído na aquisição (Nota A) (550)

Compra de ativo imobilizado (Nota B) (350)

Recebimento pela venda de equipamento 20

Juros recebidos 200

Dividendos recebidos 200

76
Caixa líquido usado nas atividades de investimento (480)

Fluxos de caixa das atividades de financiamento

Recebimento pela emissão de ações 250

Recebimento por empréstimos em longo prazo 250

Pagamento de obrigação por arrendamento (90)

Dividendos pagos* (1.200)

Caixa líquido usado nas atividades de financiamento (790)

Aumento líquido de caixa e equivalente de caixa 110

Caixa e equivalente de caixa no início do período 120

Caixa e equivalente de caixa no fim do período 230

Fonte: CPC 03 (R2), p. 22.

Já no Método Direto, a DFC é composta pelas movimentações financeiras


ocorridas de fato, sendo essas informações levantadas pelos registros contábeis
e não por outras demonstrações. Exemplo de DFC pelo Método Direto:

77
Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto 20X2

Fluxos de caixa das atividades operacionais

Recebimentos de clientes 30.150

Pagamentos a fornecedores e empregados (27.600)

Caixa gerado pelas operações 2.550

Juros pagos (270)

Imposto de renda e contribuição social pagos (800)

Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos (100)

Caixa líquido proveniente das atividades operacionais 1.380

Fluxos de caixa das atividades de investimento

Aquisição da controlada X líquido do caixa incluído na aquisição (Nota A) (550)

Compra de ativo imobilizado (Nota B) (350)

Recebido pela venda de equipamento 20

Juros recebidos 200

Dividendos recebidos 200

Caixa líquido usado nas atividades de investimento (480)

Fluxos de caixa das atividades de financiamento

Recebido pela emissão de ações  250

Recebido por empréstimo em longo prazo 250

Pagamento de passivo por arrendamento (90)

Dividendos pagos* (1.200)

Caixa líquido usado nas atividades de financiamento (790)

Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa 110

78
Caixa e equivalentes de caixa no início do período (Nota C) 120

Caixa e equivalentes de caixa ao fim do período (Nota C) 230

Fonte: CPC 03 (R2) p. 21.

CONECTE-SE

O CPC 03 (R2) está disponível no site do Comitê de Pronunciamentos


Contábeis e traz os conceitos, definições, alcance e exemplos sobre a
Demonstração do Fluxo de Caixa.

79
13

Demonstrações
Contábeis - Parte III
DMPL
A Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL) é um relatório
financeiro que apresenta as alterações ocorridas no patrimônio líquido de uma
empresa durante um determinado período. O patrimônio líquido de uma
empresa inclui o capital social, reservas de capital, lucros ou prejuízos
acumulados e outras contas que representam o valor líquido da empresa.
A DMPL é importante, porque fornece informações sobre as fontes de
financiamento da empresa e como esses recursos são utilizados para gerar
valor para os acionistas. A DMPL mostra as mudanças no patrimônio líquido da
empresa devido a atividades, como a emissão ou recompra de ações,
pagamento de dividendos, lucros ou prejuízos do período, ajustes contábeis e
outras transações que afetam o patrimônio líquido da empresa. Para os
investidores sua análise é interessante, pois é possível compreender como a
empresa tem se saído ao longo do tempo no financiamento de suas atividades,
bem como na geração de valor aos acionistas.

Apesar de a Lei 6.404/76 não trazer a previsão da formatação ou composição da


DMPL, no CPC 26 (R1) temos o que deve ser apresentado:
a. o resultado abrangente do período, apresentando separadamente o montante
total atribuível aos proprietários da entidade controladora e o montante
correspondente à participação de não controladores; 
b. para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos das alterações nas
políticas contábeis e as correções de erros reconhecidas de acordo com o
Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa
e Retificação de Erro; 
c. para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo no início
e no final do período, demonstrando-se separadamente as mutações
decorrentes: 
(i) do resultado líquido; 
(ii) de cada item dos outros resultados abrangentes; e 
(iii) de transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário,
demonstrando separadamente suas integralizações e as distribuições
realizadas, bem como modificações nas participações em controladas que não
implicaram perda do controle.

81
DVA
A demonstração do valor adicionado (DVA) é um relatório financeiro que
apresenta as informações sobre a riqueza gerada por uma empresa em um
determinado período. Ela mostra como o valor foi criado e distribuído entre os
diversos componentes econômicos envolvidos na produção e comercialização
de bens ou serviços, bem como compreender o valor gerado para a sociedade
em geral.
Modelo de DVA para empresas em geral, conforme o CPC 09:

82
Modelo I - Demonstração do Valor Adicionado – EMPRESAS EM
GERAL
1 – RECEITAS
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2) Outras receitas
1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios
1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Reversão /
(Constituição)
2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui os valores dos
impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS)
2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos
2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.3) Perda / Recuperação de valores ativos
2.4) Outras (especificar)
3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO
5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)
6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2) Receitas financeiras
6.3) Outras
7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
8 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*)
8.1) Pessoal
8.1.1 – Remuneração direta
8.1.2 – Benefícios
8.1.3 – F.G.T.S.
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.2.1 – Federais

83
8.2.2 – Estaduais
8.2.3 – Municipais
8.3) Remuneração de capitais de terceiros
8.3.1 – Juros
8.3.2 – Aluguéis
8.3.3 – Outras
8.4) Remuneração de Capitais Próprios
8.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio
8.4.2 – Dividendos
8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício
8.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros retidos (só p/
consolidação)

CONECTE-SE

O CPC 09 aborda o objetivo, o alcance e apresentação, definições e


características para a elaboração da DVA, além de exemplos de
demonstração para empresas em geral, instituições financeiras e
seguradoras.

84
14

Demonstrações
Contábeis - Parte IV
Notas Explicativas
As Demonstrações Contábeis são consolidações das operações, movimentações e
posições patrimoniais de uma companhia em uma determinada data. Apesar de
possuírem de forma estruturada informações em sua maioria suficientes para
análises e tomada de decisões, as notas explicativas trazem informações sobre as
operações ocorridas, forma de escrituração e demais observações que sejam
relevantes ao usuário sobre a contabilidade.
Conforme o CPC 26, as notas explicativas devem apresentar em sua estrutura:

112. As notas explicativas devem:

(a) apresentar informação acerca da base para a elaboração das


demonstrações contábeis e das políticas contábeis específicas
utilizadas de acordo com os itens 117 a 124;

(b) divulgar a informação requerida pelos Pronunciamentos,


Orientações e Interpretações que não tenha sido apresentada nas
demonstrações contábeis; e

(c) prover informação adicional que não tenha sido apresentada nas
demonstrações contábeis, mas que seja relevante para sua
compreensão.

Ainda, segundo o CPC 26, devem também ser apresentadas e estruturadas da


forma a seguir:
a. declaração de conformidade com os Pronunciamentos, Orientações e
Interpretações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (ver item 16);
b. resumo das políticas contábeis significativas aplicadas (ver item 117);
c. informação de suporte de itens apresentados nas demonstrações contábeis
pela ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas; e
d. outras divulgações, incluindo:
(i) passivos contingentes (ver Pronunciamento Técnico CPC 25 - Provisões,
Passivos Contingentes e Ativos Contingentes) e compromissos contratuais não
reconhecidos; e
(ii) divulgações não financeiras, por exemplo, os objetivos e políticas de gestão
do risco financeiro da entidade (ver Pronunciamento Técnico CPC 40 -
Instrumentos Financeiros: Evidenciação).

86
CONECTE-SE

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, através do CPC 26 (R1),


aborda a apresentação das Demonstrações Contábeis como um todo.
Trazendo além das demonstrações obrigatórias, também disposições
sobre as Notas Explicativas.

Obrigatoriedade de
Demonstrações Contábeis
As Demonstrações Contábeis têm sua obrigatoriedade de apresentação
conforme o porte da entidade, sendo as Micro, Empresas de Pequeno Porte,
Pequenas e Médias empresas dispensadas das entregas de algumas
obrigações, conforme a NBC TG 1000, NBC TG 2000 e NBC TG 26. A
obrigatoriedade pode ser disposta conforme quadro:

87
Quadro Resumo das Demonstrações Contábeis Obrigatórias

Demonstração Contábil ME e EPP ITG 1000 PME’s NBC TG 1000 Regra Geral

B.P. Obrigatório Obrigatório Obrigatório

D.R. Obrigatória Obrigatória Obrigatória

D.R.A. Facultativa Obrigatória *1 Obrigatória

D.L.P.A. Facultativa Facultativa *2 Facultativa

D.M.P.L. Facultativa Obrigatória *1 Obrigatória

D.F.C. Facultativa Obrigatória Obrigatório

N.E. Obrigatórias Obrigatórias Obrigatórias

D.V.A. Facultativa Facultativa Obrigatória *3

*1 Vide item 3.18 da NBG TG 1000 (R1), que trata da possibilidade de


apresentação da DLPA.
*2 Torna-se Demonstração Contábil obrigatória quando adotado o item 3.18 da
NBC TG 1000 (R1) por ocasião da não elaboração da DRA e DMPL.
*3 Trata-se de Demonstração Contábil obrigatória se exigida legalmente ou por
algum órgão regulador - letra “da” do item 10, da NBC TG 26 (R5) - ou, nos
demais casos, pode ser apresentada voluntariamente.
Fonte: Conselho Regional de Contabilidade do Paraná. Acesse o link
disponível aqui

88
NA PRÁTICA

A maioria das empresas brasileiras que se enquadra como Micro e


Pequenas Empresas, infelizmente, cumpre apenas a elaboração das
Demonstrações Contábeis que são obrigadas, deixando de obter as
informações e ferramentas que as demais demonstrações
proporcionam. O que é péssimo para estas empresas, porém, gera
oportunidades para aqueles que conseguem evidenciar o valor das
informações que podem ser obtidas para a gestão da entidade.

89
15

Governança
A governança corporativa e a contabilidade são áreas interdependentes que
trabalham juntas para garantir que as empresas sejam gerenciadas de forma
responsável e transparente.

Governança Corporativa
A governança corporativa é o conjunto de processos, práticas e políticas pelos
quais uma empresa é dirigida e controlada. A governança corporativa visa
proteger os interesses dos acionistas, bem como promover a eficiência e a
eficácia da empresa como um todo. Já a contabilidade, por sua vez, é a ciência
que estuda o patrimônio das entidades, registrando, mensurando e
comunicando as informações financeiras relevantes para a tomada de decisão.
Sendo a contabilidade uma ferramenta importante para a governança
corporativa, uma vez que fornece informações financeiras precisas e confiáveis ​
sobre a empresa.
Os relatórios financeiros, como o balanço patrimonial e a demonstração de
resultados, são uma parte fundamental da governança corporativa, pois
fornecem informações valiosas aos investidores, credores e outras partes
interessadas. A contabilidade também ajuda a garantir que a empresa cumpra
as leis e regulamentos aplicáveis, bem como a gerenciar os riscos financeiros e
a prevenir fraudes. Além disso, a governança corporativa estabelece padrões
para a conduta ética e responsável dos gestores da empresa. A contabilidade
desempenha um papel fundamental na promoção da transparência e da
responsabilidade, fornecendo informações precisas e confiáveis ​sobre as
finanças da empresa.

Em resumo, a governança corporativa e a contabilidade


estão intimamente relacionadas, pois ambas são
essenciais para garantir a gestão responsável e
transparente das empresas. A contabilidade é uma
ferramenta importante para a governança corporativa,
fornecendo informações financeiras precisas e confiáveis ​
para as partes interessadas. Por sua vez, a governança
corporativa estabelece padrões para a conduta ética e
responsável dos gestores da empresa.

91
CONECTE-SE

A PETROBRAS disponibiliza em sua página suas práticas de


Governança Coorporativa de Compliance, Ética e Transparência. A
empresa possui uma Diretoria de Governança e Conformidade que
coordena o Programa de Compliance composto por três pilares:
Prevenção, Detecção e Remediação. Além das informações sobre o
programa em geral, também está disponível o Código de Conduta
Ética, de Ética para fornecedores, de Boas práticas e Diretrizes de
Compliance concorrencial.

Segundo Leal e Carvalhal da Silva (2005), os Índices de Governança Corporativa


podem ser divididos em: Transparência, Composição e Funcionamento do
Conselho, Controle e Conduta e Direitos de Acionistas, conforme o quadro:

92
TRANSPARÊNCIA

1 A companhia prepara seus relatórios financeiros exigidos por lei dentro do prazo previsto?

2 A companhia utiliza métodos internacionais de contabilidade?

3 A companhia usa uma das principais empresas de auditoria globais?

COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DO CONSELHO

4 O presidente do conselho e o diretor geral da empresa são pessoas diferentes?

O conselho é claramente composto por conselheiros externos e possivelmente independentes (não


5
ligados aos controladores)?

6 O conselho possui entre 5 e 9 membros, conforme recomenda o IBGC?

7 Os membros do conselho possuem mandato de um ano, conforme recomenda o IBGC?

8 Há na companhia conselho fiscal permanente?

CONTROLE E CONDUTA

O grupo controlador, considerando o acordo de acionistas, possui menos de 50% das ações com
9
direito a voto?

10 A porcentagem de ações sem direito a voto é menor que 20% do total do capital?

O índice de acionistas controladores de direitos de fluxos de caixa para direitos de voto é maior ou
11
igual a 1?

O free-float da companhia é maior ou igual ao que é requerido pela bolsa de valores de São Paulo
12
para o “Novo Mercado” (25%)?

DIREITOS DE ACIONISTAS

O contrato social da companhia estabelece câmara de arbitragem para resolver conflitos


13
corporativos?

O contrato social da companhia concede direitos adicionais de voto além do que é legalmente
14
requerido?

15 A companhia concede direitos de tag along, além do que é legalmente requerido?

93
16

Estrutura dos Conselhos


Empresariais
Estrutura das Sociedades
Anônimas (SA)
A estrutura das Sociedades Anônimas é complexa devido às particularidades
de sua constituição, especialmente por serem divididas em ações. Para evitar o
benefício exclusivo dos acionistas, a Lei n.º 6.404/76 detalha a forma legal
dessas empresas e estabelece os órgãos necessários para a sua organização.
A Assembleia Geral é a composição de maior poder de decisão dentro da
empresa, responsável por reunir os acionistas para discussão dos interesses e
decisões da entidade. O Conselho de Administração, por sua vez, é composto
por pelo menos três membros eleitos pela Assembleia Geral para aconselhar a
diretoria. Caso a empresa tenha poucos acionistas, a formação do conselho é
opcional.
A Diretoria tem a responsabilidade de administrar a empresa e representar
formalmente seus interesses. A composição da diretoria deve incluir pelo
menos dois diretores (acionistas ou não), eleitos pelo Conselho de
Administração ou, na ausência deste, pela Assembleia Geral.
Por fim, o Conselho Fiscal é o assessor da Assembleia Geral, responsável por
analisar as contas prestadas pelos diretores nos quesitos de gestão, financeiro e
contábil. O conselho deve ser composto por três a cinco membros, eleitos pela
Assembleia Geral, e que podem ser acionistas ou não.

Conselhos de Administração
Os Conselhos de administração desempenham um papel fundamental no
governo corporativo das empresas de capital aberto. Podemos destacar
algumas das principais razões pelas quais os conselhos são importantes:
Tomada de decisão estratégica: O conselho de administração é
responsável por tomar decisões estratégicas importantes em nome da
empresa. Essas decisões podem incluir a escolha da equipe executiva, a
95
definição da estratégia de negócios e a aprovação de investimentos de
longo prazo. Como os conselheiros geralmente são pessoas de negócios
experientes e especialistas em suas áreas, eles podem fornecer insights
valiosos para a empresa.
Supervisão da gestão: O conselho é responsável por supervisionar a
gestão da empresa e garantir que ela esteja agindo de acordo com as
políticas e diretrizes estabelecidas. Os conselheiros também são
responsáveis ​por garantir que a empresa esteja operando dentro da lei e
em conformidade com as regulamentações aplicáveis.
Responsabilidade e prestação de contas: O conselho é responsável por
garantir que a empresa esteja operando de maneira responsável e ética.
Eles também são responsáveis por garantir que a empresa esteja
prestando contas a seus acionistas e outras partes interessadas.
Gerenciamento de riscos: Os conselheiros também são responsáveis ​por
gerenciar os riscos da empresa. Isso pode incluir a identificação de riscos
financeiros, de reputação e outros riscos que possam afetar a empresa. O
conselho deve implementar políticas e procedimentos para mitigar esses
riscos e garantir a sustentabilidade da empresa em longo prazo.
Proteção dos interesses dos acionistas: Finalmente, o conselho é
responsável por proteger os interesses dos acionistas. Eles devem garantir
que a empresa esteja operando de forma eficiente e maximizando o
retorno sobre o investimento dos acionistas.

Em resumo, os conselhos de administração são extremamente importantes nas


empresas de capital aberto, pois são responsáveis ​por tomar decisões
estratégicas, supervisionar a gestão, garantir a responsabilidade e a prestação
de contas, gerenciar riscos e proteger os interesses dos acionistas.

96
NA PRÁTICA

As empresas quando possuem um determinado grau de maturidade


e de porte tornam-se necessários conselhos para que a diretoria
possa ter apoio, bem como ser fiscalizada para a segurança de todos
os stakeholders.

97
Conclusão
A contabilidade internacional é importante por diversas razões, principalmente
por: Padronização contábil: A contabilidade internacional estabelece padrões
contábeis internacionais que são utilizados em diversos países, o que permite
que as informações contábeis sejam comparáveis entre empresas de diferentes
países, facilitando a tomada de decisões pelos investidores e analistas
financeiros.
Transparência e Prestação de contas: A adoção de normas internacionais de
contabilidade traz mais transparência e clareza para as demonstrações
financeiras, o que aumenta a confiança dos investidores e dos mercados
financeiros. Além disso, a adoção dessas normas também melhora a prestação
de contas das empresas, ajudando a evitar fraudes e irregularidades.
Facilita o comércio internacional: A contabilidade internacional é importante
para o comércio internacional, pois permite que as empresas possam
apresentar suas demonstrações financeiras de forma consistente e
transparente, facilitando a obtenção de crédito e a realização de negócios entre
empresas de diferentes países.
Globalização: A contabilidade internacional é fundamental na era da
globalização, em que as empresas estão se expandindo para mercados
internacionais. Com a adoção de normas contábeis internacionais, as empresas
podem apresentar suas demonstrações financeiras em diferentes países,
facilitando a expansão de seus negócios.
Convergência contábil: A adoção de normas internacionais de contabilidade
também promove a convergência contábil entre os países, o que significa que
as empresas podem utilizar as mesmas normas contábeis,
independentemente de onde estiverem localizadas. Isso ajuda a evitar custos
adicionais para empresas que operam em diferentes países.
Em resumo, a contabilidade internacional é importante, porque facilita a
comparação e transparência das informações financeiras, contribui para a
globalização das empresas e facilita o comércio internacional, ajudando a
reduzir barreiras e custos para as empresas.

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