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Sistemas de

Informação no
Setor Público
PROFESSORA
Me. Lilian Chirnev

ACESSE AQUI O SEU


LIVRO NA VERSÃO
DIGITAL!
EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação
Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional Paula Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de
Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C.
Yoshie Fukushima Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de
Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de
Projetos Especiais Edison Rodrigo Valim Supervisora de Produção Digital Daniele Correia

FICHA CATALOGRÁFICA

Coordenador(a) de Conteúdo C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


Juliana Moraes da Silva Núcleo de Educação a Distância. CHIRNEV, Lilian.
Projeto Gráfico e Capa Sistemas de Informação no Setor Público. Lilian Chirnev.
André Morais, Arthur Cantareli e Maringá - PR.: Unicesumar, 2022.
Matheus Silva
168 p.
Editoração
ISBN 978-65-5615-689-7
Adrian Marcareli dos Santos
Lucas Pinna Silveira Lima “Graduação - EaD”.
Design Educacional 1. Sistemas 2. Informação 3. Setor Público. 4. EaD. I. Título.
Letícia Matheucci Zambrana Grou
Curadoria CDD - 22 ed. 005
Elziane Vieira Alencar
Revisão Textual
Sarah M. Longo Carrenho Cocato
Ilustração Impresso por:
André Azevedo
Eduardo Aparecido Alves Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Geison Odlevati Ferreira
Fotos
Shutterstock; Freestock.

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade,
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria-
mente para que nossa educação à distância continue
Tudo isso para honrarmos a
como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre
nossa missão, que é promover
quatro pilares que consolidam a visão abrangente
a educação de qualidade nas
do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o diferentes áreas do conhecimento,
profissional, o emocional e o espiritual. formando profissionais
A nossa missão é a de “Promover a educação de cidadãos que contribuam para
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for- o desenvolvimento de uma
mando profissionais cidadãos que contribuam para o sociedade justa e solidária.
desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”.
Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor-
tante para o cumprimento integral desta missão: o
coletivo. São os nossos professores e equipe que
produzem a cada dia uma inovação, uma transforma-
ção na forma de pensar e de aprender. É assim que
fazemos juntos um novo conhecimento diariamente.

São mais de 800 títulos de livros didáticos como este


produzidos anualmente, com a distribuição de mais
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina,
Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre
os 10 maiores grupos educacionais do país.

Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima


história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem
muda o mundo são as pessoas. Os livros só
mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu-
nidade de fazer a sua mudança!

Reitor
Wilson de Matos Silva
Lilian Chirnev

Olá, aluno(a)! A comunicação, a curiosidade, a leitura e


o anseio por aprender e reproduzir tudo isso em texto
sempre foram minhas características. Quando criança,
ficava sempre próxima aos adultos nos jantares em fa-
mília para perguntar coisas que eu ainda não sabia e
conversava muito com eles, enquanto as demais crian-
ças corriam em volta da mesa.
Nasci e cresci em uma cidade do interior do Para-
ná e, quando adolescente, procurei uma profissão mais
próxima da minha realidade — adorava ler e escrever,
pesquisar, falar sobre etc. Realizei essa escolha para
manter todas essas possibilidades na minha vivência,
pois, independente do caminho profissional, eu conse-
guiria me manter motivada e feliz.
Assim, decidi pela Comunicação Social com bacha-
relado em Jornalismo. Passados quase 20 anos desde a
minha primeira formação superior e sem saber ao certo
como tudo se desenvolveria, saí das redações de jornais/
diários para mergulhar no mundo da pesquisa, manten-
do todas as minhas paixões e, melhor, me aperfeiçoan-
do de maneira que a minha atuação se transformasse e
ganhasse outras possibilidades.
Por isso, tornei-me professora também e, por meio
desse ofício inspirador, consigo aliar as aulas, as pesqui-
sas, a produção de artigos e livros com a maravilhosa mis-
são de ensinar e aprender com vocês. E a Comunicação
é isso, porque, de maneira generosa, permite encontros
em que é possível compartilhar sempre.
Ah, é claro, se você quer descobrir onde tudo isso me
levou, confira meu Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.
br/7694410953334688
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO

Imagine sua vida hoje sem acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação com
conexão à internet. Pense naquele momento em que você estava prestes a acessar o
seu tão esperado produto na loja virtual e finalizar a compra quando o sinal de sua in-
ternet sumiu. Ou quando você estava prestes a pagar uma multa faltando 30 segundos
para a data limite ou pagar a última parcela do IPTU para poder ganhar um desconto
de pontualidade e, mais uma vez, a internet “caiu”. Agora, imagine essa situação ocor-
rendo o tempo todo, sem exceção. O que você faria? Recorreria à compra tradicional?
Pense que a loja onde você encontrou seu produto só existe em outra cidade. E agora?
Não poder contar com as Tecnologias de Informação e Comunicação é a realidade
de milhares de brasileiros e gestores públicos que não podem contar com nenhum des-
ses recursos, seja para suas atividades diárias, para o trabalho, os estudos, a vida social
e, pior, para a manutenção de sua condição de cidadão. Todos os serviços públicos e
todas as estruturas que facilmente são acessíveis aos que, no nosso país, constituem
uma gama de privilegiados ficam restritos a poucos somente na esfera privada.
Então, como reverter esse processo? Como fazer com que as pessoas sejam capazes
de acessar o serviço público e este se constitua como um espaço mais inclusivo, tanto
para os cidadãos como para os seus servidores? A partir do conhecimento. Quando
você acessa essa ferramenta e a usa em favor de mudanças, então a transformação
começa no seu entorno.
Prova disso são os movimentos populares por direitos. Algumas bandeiras se apre-
sentam como direito à moradia, cidade, mobilidade, alimentação saudável e livre de
agrotóxicos etc. Os integrantes se mobilizam, unem-se às universidades para receber
formação sobre as leis que garantem seus direitos e, dessa forma, aprendem como
participar dos espaços públicos de decisão, desenvolvem habilidades para lidar com
as relações políticas e de poder.
O conhecimento é a possibilidade de inquietar quem o acessa e provocar reflexões
capazes de unir esforços para pensar soluções para problemas comuns. Quando você
conhece, de fato, a sua realidade, por exemplo, você se identifica e se sente pertencente
ao que pode ser feito para superar as dificuldades que estão dadas.
Em uma escala maior, você se compadece com o outro que está na mesma condição
e, juntos, mobilizam outras pessoas que podem contribuir para pensar o problema e
as formas possíveis de resolução, com os impactos negativos e positivos. É essa visão
do todo, forjada por meio do debate e do conhecimento, da troca de informações da
análise sob os diversos saberes, que impulsionam novas ideias e ações mais assertivas
rumo à superação de problemas.
De maneira prática, retornemos à questão de acesso às Tecnologias de Informação
e Comunicação conectadas à internet. Agora, na condição de gestor público, como você
se relacionaria com um movimento cuja luta seja para garantir esse acesso à população,
em especial, a mais vulnerável?
Façamos um exercício de empatia aqui. Como você se atualiza em relação ao que
ocorre no mundo? Vai à biblioteca para ler jornais e revistas semanais? Para o trabalho,
você usa o computador ou o seu setor depende de um programa para ser realizado?
Ou você ainda usa planilhas impressas em que tudo precisa ser anotado à mão?
Bom, agora, pondere que você é a pessoa que ainda vive na dependência de papéis,
anotações à mão, ou seja, manutenção de rotinas de trabalho mais lentas, desgastan-
tes, com grande possibilidade de erro, enquanto uma outra pessoa é quem conta com
a facilidade, a velocidade e a dinâmica mais precisa em relação ao mesmo ofício. Quem
será que conseguiria apresentar maior volume de resultados com saldos positivos?
Então, como você se sentiu em relação à outra pessoa que, ao que tudo indica,
receberá uma promoção? Conseguiu visualizar o todo do problema? Você se sentiu
injustiçado? Saiba que essa mesma situação ocorre em inúmeras repartições públicas,
com servidores e gestores públicos trabalhando no planejamento da cidade e na ges-
tão de políticas públicas que são essenciais para garantir os preceitos constitucionais
a todos os cidadãos com residência no Brasil, sem poder contar com um programa
automatizado, computadores e internet para oferecer serviços de qualidade e em
quantidade que a população tanto precisa.
Será que a disciplina de Sistemas de Informação no Setor Público reserva a abor-
dagem e se integra de todas essas questões descritas até o momento? Para saber a
resposta, você precisará iniciar sua investigação. Bons estudos!
REALIDADE AUMENTADA PENSANDO JUNTOS

Sempre que encontrar esse ícone, Ao longo do livro, você será convida-
esteja conectado à internet e inicie do(a) a refletir, questionar e trans-
o aplicativo Unicesumar Experien- formar. Aproveite este momento.
ce. Aproxime seu dispositivo móvel
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex- EXPLORANDO IDEIAS
plore as ferramentas do App para
saber das possibilidades de intera- Com este elemento, você terá a
ção de cada objeto. oportunidade de explorar termos
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
RODA DE CONVERSA

Professores especialistas e convi-


NOVAS DESCOBERTAS
dados, ampliando as discussões
sobre os temas. Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos
de maneira interativa usando a tec-
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
nologia a seu favor.
Uma dose extra de conhecimento
é sempre bem-vinda. Posicionando
seu leitor de QRCode sobre o códi- OLHAR CONCEITUAL
go, você terá acesso aos vídeos que
Neste elemento, você encontrará di-
complementam o assunto discutido.
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos,
esquemas e fluxogramas os quais te
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara

Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar


Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM

1
9 2
37
ABORDAGEM SISTEMAS DE
SISTÊMICA: EVOLUÇÃO INFORMAÇÃO:
CIENTÍFICA E SEU CLASSIFICAÇÃO, CICLO
IMPACTO NA ATUAÇÃO DE FUNCIONAMENTO
PROFISSIONAL E TIPOLOGIAS

3
63 4 93
SISTEMAS DE FUNÇÃO DA
INFORMAÇÃO TECNOLOGIA DA
APLICADOS INFORMAÇÃO NA
À GESTÃO GESTÃO PÚBLICA
PÚBLICA

5
121
SOCIEDADE DA
INFORMAÇÃO E
A COMUNICAÇÃO
PÚBLICA
1
Abordagem
Sistêmica: Evolução
Científica e seu
Impacto na Atuação
Profissional
Me. Lilian Chirnev

Olá, aluno(a)! Para iniciar nossos estudos, gostaria de evidenciar a


escolha do conteúdo desta primeira unidade. Começamos pela Teoria
Geral de Sistemas (TGS), em que apresentarei a base científica que de-
sencadeou a inquietação dos cientistas — das ciências naturais e sociais
— para questionar os princípios praticados até então, defendendo a
adoção de novas abordagens teóricas para desenvolver seus estudos.
Para compreender como essa constatação chegou ao universo científi-
co, partiremos em uma breve jornada, cujo fio condutor nos guiará até
a Teoria Sistêmica na Administração. Por fim, relacionaremos como o
pensamento sistêmico impregnou a visão de atuação profissional do
gestor público. Bons estudos!
UNIDADE 1

Você costuma questionar a base dos conhecimentos que você acessa? Deixaremos
mais simples a presente consideração. Se você precisar tomar uma decisão sobre
uma nova proposta de emprego, por exemplo, quais seriam os questionamentos a
serem feitos? Se é uma empresa desconhecida, no mínimo, você deve saber a cidade
onde está localizada, qual é o setor de trabalho oferecido, a carga horária semanal,
o horário de atendimento ao público, o valor do salário e as demais gratificações,
bem como a reputação dela em relação aos seus clientes e público em geral.
De maneira simples e genérica, essas são informações básicas para você tomar
sua decisão, já que um trabalho em outro município, mesmo com salário maior
que o atual, poderia elevar suas despesas fixas com moradia e alimentação. Por-
tanto, no aspecto financeiro, você não aceitaria a proposta. Contudo, se a empresa
é próspera e dispõe de um plano de carreira sólido, mesmo ganhando menos,
sua decisão de não continuar no trabalho atual é considerada, pois você não terá
igual oportunidade de crescimento profissional onde está.
Na vida pessoal, é da mesma forma. Somos o resultado hoje das diversas
decisões que tomamos no decorrer da nossa vida. E cada decisão foi baseada

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UNICESUMAR

numa série de perguntas, e, mesmo se você não as fez, saiba que, de qualquer
forma, você obterá um resultado. Reflita se você está hoje como está porque es-
colheu trabalhar e ter disciplina. Ou você está hoje como está porque não quis
se “sacrificar” e aproveitou para sair com os seus amigos o quanto pôde. É isso,
cada decisão desencadeou uma consequência no todo de sua vivência. Cada ação
desencadeará uma reação e mudará o resultado final do todo, que é você.
Toda essa dinâmica de investigação, de ponderação em relação ao resultado da
pesquisa realizada, o processo de tomada de decisões e a análise em relação às con-
sequências desencadeadas a partir disso provocam mudanças não só na sua vida,
mas, quando aplicadas, às Ciências também, o que permite uma evolução constante.
Sistemas de Informação no Setor Público representam essa evolução, porque
este é um resultado direto de investigações e vivências que evoluíram no âmbi-
to das ideias e da instrumentalização técnica aplicada na rotina profissional do
gestor público. Por isso, esta disciplina faz parte de sua formação e se insere para
além das tecnologias de informação e comunicação, fundamentando a necessi-
dade de pesquisa e conhecimento como bases para o planejamento e a execução.
Dessa forma, o processo de gestão pública pôde evoluir porque foi aliado
à visão do todo de determinado problema por meio de informações geradas e
disponíveis em sistemas estruturados com novas tecnologias, em que os gestores
podem acessar subsídios efetivos para a tomada de decisões mais assertivas.
Imagine se, por um momento, fosse negado a você evoluir, repensar suas
decisões e aprofundar seus conhecimentos.
Faça a seguinte experiência para ilustrar como o não acesso às informações e
aos seus sistemas disponíveis, inclusive por meio das novas tecnologias de comu-
nicação e por meio da internet, podem dificultar sua vida: escolha uma atividade
de compra ou de prestação de serviço. Por exemplo, comprar pão em uma padaria
fora do seu bairro ou cortar o cabelo em um local que você não conhece. Sem
acessar a internet ou, mesmo, pedir para alguém acessar por você, como faria para
encontrar um desses estabelecimentos?
Bom, se um vizinho amigável lhe indicar o lugar e você não tiver um carro
— nada de serviço de transporte individual por aplicativo, ok? —, você ficaria
no ponto de ônibus perguntando para os usuários e motoristas qual é a linha até
o bairro onde se situa a padaria ou o salão. Digamos que você seja bem relacio-
nado e com muita sorte: o primeiro ônibus que parou tinha como rota o bairro
pretendido. Quanto tempo você acha que levaria para fazer todo esse processo?

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UNIDADE 1

Agora, reflita e pergunte a si mesmo: as informações cedidas pelo meu vizi-


nho ou pelo pessoal do transporte público são confiáveis? Eu encontrei o melhor
estabelecimento da cidade para o meu objetivo? Era o mais acessível/adequado
para meu nível de renda? O tempo para uma atividade chegou a quanto tempo?
Bom, agora, faça o mesmo processo usando a internet e canais confiáveis de
informação e serviços. Você acredita nos comentários e nas estrelas de avaliação
dos estabelecimentos? O mapa de localização está correto? E o serviço de trans-
porte individual por aplicativo, quanto tempo você esperou para o motorista
chegar na porta da sua casa e levá-lo até o local pretendido?
Compare as duas experiências: quais foram os pontos positivos e negativos
de cada uma delas? Escolha uma de sua preferência e utilize o Diário de Bordo
para registrar essa experiência.

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UNICESUMAR

A nossa breve jornada avança para os conceitos necessários à compreensão dessa


fase inicial da nossa disciplina. O fio condutor nos guiará até a compreensão de
como a Teoria Geral de Sistemas (TGS) foi desenvolvida dentro das Ciências
Naturais e, depois, foi incorporada às Ciências Administrativas.
E qual é a razão para acessar essa base científica para contextualizar o conhe-
cimento de interesse da nossa disciplina, que está inserida nas Ciências Sociais
Aplicadas? Porque precisamos acessar as bases iniciais de estudo sobre Sistemas
para identificar e organizar esse conhecimento científico até culminar em nosso
foco de estudo, os Sistemas de Informação e, posteriormente, os Sistemas de
Informação no Setor Público.

Essa estrutura de raciocínio identificada no parágrafo anterior se assemelha ao mé-


todo de ensino e aprendizado defendido por Edgar Morin e está exposto na obra A
cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento (2003). O objetivo
é “socratizar’’ o método de análise, ou seja, o melhor método para acessar o conhe-
cimento é “questionar o todo para poder entender suas partes’’ e, da mesma forma,
para “pensar globalmente é preciso pensar localizadamente” (MORIN, 2003, p. 25).

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UNIDADE 1

A mesma premissa compõe nossos estudos e segue a primeira finalidade do


ensino formulada por Montaigne e citada por Morin da seguinte forma: “mais
vale uma cabeça bem-feita que bem cheia” (MORIN, 2003, p. 21). Nesse sentido,
a cabeça bem cheia faz alusão à acumulação de saber sem nenhum propósito. E,
ao contrário, a “cabeça bem-feita” se propõe a absorver uma aptidão geral para
tratar e sanar problemas, partindo de princípios organizadores que permitam
interligar os saberes e lhes conceder sentido.

NOVAS DESCOBERTAS

Título: A Cabeça Bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento


Autor: Edgar Morin
Editora: Bertrand Brasil
Sinopse: reformar o pensamento para reformar o ensino para refor-
mar o pensamento é o que preconiza Edgar Morin. Esses princípios levam o
pensamento para além de um conhecimento fragmentado que, por tornar
invisíveis as interações entre um todo e as suas partes, anula o complexo e
oculta os problemas essenciais; levam, igualmente, para além de um conheci-
mento que, por ver apenas globalidades, perde o contato com o particular, o
singular e o concreto. Eles permitem remediar a funesta desunião entre o pen-
samento científico — que desassocia os conhecimentos e não reflete sobre o
destino humano — e o pensamento humanista — que ignora as conquistas da
ciência, enquanto alimenta suas interrogações sobre o mundo e sobre a vida.

Nas afirmações de Morin (2003, p. 22), “quanto mais desenvolvida é a inteligência


geral, maior é sua capacidade de tratar problemas especiais”. Essa globalidade do
pensar também incide em uma complexidade do pensar. Os componentes de um
todo envolvem aspectos políticos, econômicos, psicológicos, sociológicos etc. e
estão inseridos em partes interdependentes, mas interagem entre si e se retroali-
mentam, formando um todo, mesmo sendo constituídos por partes.


Pascal já formulara a necessidade de ligação, que hoje é o caso de
introduzir em nosso ensino, a começar pelo primário: “Sendo todas
as coisas causadas e causadoras, ajudadas e ajudantes, mediatas e

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UNICESUMAR

imediatas, e todas elas mantidas por um elo natural e insensível, que


interliga as mais distantes e as mais diferentes, considero impossível
conhecer as partes sem conhecer o todo, assim como conhecer o
todo sem conhecer, particularmente, as partes...” (Pensamentos, Éd.
Brunschvicg, II, 72). Para pensar localizadamente, é preciso pensar
globalmente, como para pensar globalmente é preciso pensar loca-
lizadamente (MORIN, 2003, p. 25).

Nessa “reforma do pensamento”, também existe uma similaridade na relação com


o nosso enfoque inicial de estudo, a Teoria Geral de Sistemas (TGS), que foi
desenvolvida a partir da proposta de que uma mesma teoria pode ser aplicada a
todas as Ciências, sendo um modelo efetivo de alusão ao “pensar globalmente”.
Conheceremos, então, o fundador da TGS, o biólogo austríaco Karl Ludwig von
Bertalanffy. Seus trabalhos começaram na década de 1920, e o especialista criticou
a visão de que há uma divisão no mundo em áreas — Biologia, Química, Física
etc. Sua sugestão era desenvolver estudos em sistemas globalmente constituídos.
Na visão do especialista, cada um dos elementos, ao serem reunidos, constituem
uma unidade funcional maior, desenvolvendo características que não podem ser
encontradas quando seus componentes são analisados de maneira isolada.
Em sua obra The Theory of Open Systems in Physics and Biology, publicada
em 1950, o biólogo já demonstra essa relação de homogeneização das ciências,
no sentido de haver princípios comuns em cada uma delas. A teoria científica
apresentada pelo especialista tratava de investigar um modelo científico para
explicar o comportamento de um organismo vivo.
Assim, Bertalanffy fundou a TGS com a finalidade de compreender o mundo
como um macro organismo em interação com o meio ambiente, retirando e de-
volvendo elementos para a sua manutenção. Nesse sentido, o modelo científico
explicativo foi tratado nesse e em outros trabalhos publicados pelo biólogo.
Motta (1971, p. 17) afirma que, com base nessa constatação, outros cientis-
tas começaram a orientar suas preocupações para o desenvolvimento de uma
teoria geral dos sistemas “que desse conta das semelhanças, sem prejuízo das
diferenças”. Nesse sentido, trata-se do modelo do sistema aberto, “entendido
como complexo de elementos em interação e em intercâmbio contínuo com o
ambiente” (MOTTA, 1971, p. 17).

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UNIDADE 1

É considerável destacar que não é o enfoque da TGS solucionar problemas


práticos, mas produzir teorias e formulações conceituais que possam proporcio-
nar condições de aplicação na realidade. Por isso, é muito importante conhecer os
conceitos mais essenciais da TGS para poder ter o domínio de sua relação com
os Sistemas de Informação, alvo dos nossos estudos.
Não sei se você notou, mas uma outra questão pode ser colocada aqui. Afi-
nal, como um biólogo, ao lançar um trabalho científico, a partir de um modelo
para explicar o comportamento de um organismo vivo, consegue elaborar uma
teoria que se propagou tão rapidamente entre as décadas de 1950 e 1960, con-
duzindo uma série de transformações em todas as demais Ciências e a forma
de pensar suas aplicações?
Ao pesquisar mais sobre esse brilhante cientista, Japiassú e Marcondes (2001)
nos revelam alguns indícios de sua trajetória que, talvez, também possam inspirar
o modo como você pensa sua formação educacional e profissional. Primeiro, na
Áustria, Bertalanffy se graduou não só em Biologia, mas também em Filosofia.
Sua atuação profissional como professor a partir de 1948 se estende para
outros países de domínio da língua inglesa. A disciplina ministrada é Biologia
Molecular, e ele passa a lecionar em diversas universidades americanas e canaden-
ses. Conforme os autores anteriormente citados, como cientista, ele se voltou para
os trabalhos experimentais em Biologia, Fisiologia Celular e Embriologia. “Inte-
ressou-se, também, pelos estudos de comportamento social, por investigações
filosóficas, tendo definido um novo quadro teórico utilizável por todas as ciências
modernas: a teoria geral dos sistemas” (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2001, p. 26).

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UNICESUMAR

Assim, molda-se, no decorrer de


sua carreira, a sua General System
Theory (Teoria Geral de Sistemas),
que dá o título ao seu livro homô-
nimo, lançado pela primeira vez
em 1968, cuja proposta é, “além de
um quadro unitário do conjunto
diversificado das ciências contem-
porâneas, um verdadeiro programa
filosófico, uma espécie de ‘visão do
mundo’ a ser elaborada, tendo por
base a categoria de sistema para
pensar a vida” (JAPIASSÚ; MAR-
CONDES, 2001, p. 27).
Na obra Teoria Geral dos Sis-
temas, o autor apresenta a teoria
e faz reflexões sobre as potencia-
lidades de aplicações nas Ciências
Sociais, na Biologia e, também, na Física. Para tanto, ele apresenta orientações
básicas e os pressupostos de sua TGS desta forma:


a) há uma tendência para a integração nas várias ciências naturais
e sociais;
b) tal integração parece orientar-se para uma teoria dos sistemas;
c) essa teoria pode ser um meio importante de objetivar os campos não-
-físicos do conhecimento científico, especialmente nas ciências sociais;
d) desenvolvendo princípios unificadores que atravessam vertical-
mente os universos particulares das diversas ciências, essa teoria
aproxima-nos do objetivo da unidade da ciência;
e) isso pode levar a uma integração muito necessária na educação
científica (MOTTA, 1971, p. 17–18).

Bom, e como se deu a propagação de suas ideias? Seus trabalhos, nessa fase, foram
descritos e publicados em língua inglesa ao invés de em alemão — que é a língua
oficial da Áustria —, como ocorreu no início de sua carreira. Por isso, a obra do
biólogo ganha ampla e diversa visibilidade.

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UNIDADE 1

Retomemos, então, qual foi a primeira definição feita por Bertalanffy sobre siste-
mas. Inicialmente, ele faz a distinção entre os “Sistemas Naturais” e os “Sistemas
Feitos pelo Homem”. Assim, foram apresentadas as características consideradas
universais entre ambos os sistemas, definidas desta forma (ROCHA, 1990, p. 50):

■ Objetivo: todo sistema tem um objetivo a ser alcançado e, dessa forma,


atitudes são direcionadas com vistas a atingir tal propósito.
■ Totalidade: uma mudança em um componente gera reflexos em todos os
demais componentes que integram esse todo.
■ Entropia: os sistemas tendem a se desgastar, desintegrar e apresentar mu-
dança no padrão até então observado. A razão do aumento da entropia é
a ausência de informação no sistema ou deficiência na disseminação das
informações adquiridas.
■ Homeostasia: estímulos externos produzem nos sistemas reações de au-
torregulação.
■ Sistema Aberto e Fechado: o sistema fechado não possui interação com o
meio ambiente, ou seja, continua com o mesmo “comportamento” do início
ao fim. O sistema aberto interage com o meio ambiente, sendo influenciado
e influenciador desse ambiente externo, ou seja, está em constante modifi-
cação e adaptação, sendo, no caso dos sistemas humanos, um acumulador
de experiências e, portanto, em aperfeiçoamento constante.

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UNICESUMAR

Chiavenato apresenta mais considerações sobre os referidos tópicos. Objetivo ou


propósito, para ele, se refere ao fato de que todo sistema tem um ou mais obje-
tivos ou propósitos. Nesse sentido, “as unidades ou elementos (ou objetos), bem
como os relacionamentos, definem um arranjo que visa sempre um objetivo ou
finalidade a alcançar” (CHIAVENATO, 2003, p. 475–476).
A totalidade também é apresentada como globalismo.


Todo sistema tem uma natureza orgânica, pela qual uma ação
que produza mudança em uma das unidades do sistema deverá
produzir mudanças em todas as suas outras unidades. Em outros
termos, qualquer estimulação em qualquer unidade do sistema
afetará todas as unidades devido ao relacionamento existente en-
tre elas. O efeito total dessas mudanças ou alterações proporcio-
nará um ajustamento de todo o sistema. O sistema sempre reagirá
globalmente a qualquer estímulo produzido em qualquer parte ou
unidade. Na medida em que o sistema sofre mudanças, o ajusta-
mento sistemático é contínuo. Das mudanças e dos ajustamentos
contínuos do sistema decorrem dois fenômenos: o da entropia e
o da homeostasia (CHIAVENATO, 2003, p. 476).

Chiavenato (2003) explica que a palavra entropia se origina do grego entrape, que
significa transformação. A entropia, para o autor, significa que “partes do sistema
perdem sua integração e comunicação entre si, fazendo com que o sistema se
decomponha, perca energia e informação e degenere. Se a entropia é um processo
pelo qual um sistema tende à exaustão, à desorganização, à desintegração e, por
fim, à morte” (CHIAVENATO, 2003, p. 424). Então, para conseguir “sobreviver”,
para manter a sua estrutura, o sistema necessita abrir-se (sistema aberto) para se
“reabastecer” de energia e de informação.
Já a homeostasia é considerada por Chiavenato (2003) como um estado de
equilíbrio dinâmico que possibilita ao sistema garantir seu funcionamento está-
vel, mesmo em condições de flutuações ambientais.


A homeostasia é um equilíbrio dinâmico obtido pela auto-regula-
ção, ou seja, pelo autocontrole. É a capacidade que tem o sistema de
manter certas variáveis dentro de limites, mesmo quando os estí-
mulos do meio externo forçam essas variáveis a assumirem valores

19
UNIDADE 1

que ultrapassam os limites da normalidade. Todo mecanismo ho-


meostático é um dispositivo de controle para manter certa variável
dentro de limites desejados (como é o caso do piloto automático em
aviação) (CHIAVENATO, 2003, p. 421).

Agora sim. A partir desse conteúdo inicial, podemos avançar, no sentido de nos
apropriarmos de novos conhecimentos para compreender como as Ciências So-
ciais Aplicadas (Administração/Gestão) moldaram esse mecanismo de Sistemas
— fundado nas Ciências Naturais — para explicar acontecimentos gerados dentro
do ambiente organizacional.
A TGS gerou imenso impacto nas Ciências (naturais e sociais) e lançou uma
teoria sobre a visão do todo, uma obra básica e fundamental dos chamados teó-
ricos sistêmicos. Nessa perspectiva, concebeu-se o modelo de “sistema aberto”,
compreendido como um conjunto de elementos em interação e em intercâmbio
constante com o ambiente.
A união entre a Cibernética e a Teoria da Comunicação, atrelada à pesquisa
geral de sistemas, impregnou as aplicações no campo das Ciências Sociais que, por
sua vez, utilizaram a mesma metodologia para analisar fenômenos e situações, o que
deu origem à Teoria Sistêmica que, atualmente, impregna todas as demais Ciências.
Entretanto, como as contribuições da Teoria da Comunicação Humana ou da
Cibernética estão relacionadas à Teoria Sistêmica? Gomes et al. (2014) nos elucidam
que, em termos gerais, a Teoria Sistêmica foi influenciada pela Cibernética à medida
em que se apropriou dos conceitos de feedback, homeostase e causalidade. Quanto à
Teoria da Comunicação, a Teoria Sistêmica utilizou os axiomas da comunicação — a
teoria pressupõe cinco axiomas que delineiam o processo de comunicação.


A compreensão histórica e conceitual acerca do processo de constru-
ção do Pensamento Sistêmico, bem como de suas bases estruturantes é
imprescindível, pois toda prática está ou deveria estar articulada à com-
preensão teórica do fenômeno de estudo ou intervenção. Desse modo,
ao fazer uso do Pensamento Sistêmico, entende-se que a ciência não
pode fornecer uma compreensão completa e definitiva, pois sempre se
lida com descrições limitadas e aproximadas da realidade. Tal forma
de compreender o mundo e as relações pode ser usada em diversos
contextos e em várias áreas do saber (GOMES et al., 2014, p. 15).

20
UNICESUMAR

PENSANDO JUNTOS

Compreender a base do conhecimento sobre Sistemas de Informação é essencial. Explo-


rar sua trajetória e evolução dá significado ao seu uso na Gestão Pública. Contudo, como
todo início de construção do saber, você precisa compreender, primeiro, sua essência e
relevância histórica. Afinal, o que antecedeu a concepção de um Sistema de Informação
de maneira prática?
O desenvolvimento do Pensamento Sistêmico, da visão do todo, interessa-nos para a
compreensão de que, concretamente, as organizações devem atuar sob essa premissa
na resolução de seus problemas, e um sistema, quando bem estruturado, pode agregar
informações capazes de subsidiar “nossa visão do todo” sobre o trabalho que desenvolve-
mos na prática no âmbito da Gestão Pública.

NOVAS DESCOBERTAS

Todos os antecessores históricos da Teoria Sistêmica estão pre-


sentes na obra A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos
sistemas vivos, de Fritjof Capra (1996), que remonta aos aconteci-
mentos responsáveis por influenciar a formulação de movimentos
que serviram como base de sustentação para o desenvolvimento do
Pensamento Sistêmico.

21
UNIDADE 1

OLHAR CONCEITUAL
Vamos fazer um exercício para simplificar a compreensão em relação a todo o nosso aprendizado
até o momento, relacionando a teoria e a imaginação para contextualizar a evolução científica
entre os séculos XX e XXI e suas distinções de pensar o método de análise.

Século XX - A Exemplo: Vamos ilustrar de maneira simples como a


princípio, a análise nas referida descrição se aplica. Seu cachorro começa a se
Ciências tinha como base a coçar como nunca. Você chega perto e passa as mãos
decomposição máxima do problema. no pelo para enxergar na pele o que pode estar
Ao identificar cada um dos problemas, acontecendo. Você visualiza algumas picadas e
encontra algumas pulgas. Sua primeira medida foi dar
eram pensadas soluções “individuais” para
um banho no cãozinho com um produto apropriado e
cada um deles. Depois, todas essas soluções depois colocar uma coleira anti-pulgas. Passados 15
parciais eram reunidas para tentar uma dias, o cão apresenta o mesmo comportamento, coça
solução para o todo. Assim, cada problema era até as orelhas e chega a esfregar as costas no chão. Você
tratado como único, e a solução dada resolvia acredita que o produto não foi suficiente e faz nova
pontualmente aquele problema individual, aplicação, mas, desta vez, em menos de 10 dias o seu
sem considerar que este poderia estar pet parece estar infestado novamente com pulgas.
sendo causado por outros fatores
desencadeados no ambiente
onde o problema foi
Século XXI - A TGS
identificado.
gerou imenso impacto nas
Ciências (naturais e sociais) e lançou
uma teoria sobre a visão do todo, uma
Exemplo: Preocupado com a persistência do problema, obra básica e fundamental dos chamados
você leva seu cachorrinho ao veterinário. O especialista teóricos sistêmicos. Nesta perspectiva, foi
examina o cão e faz perguntas sobre alimentação, concebido o modelo de “sistema aberto”,
rotina e o ambiente onde o animal vive. Suas respostas compreendido como um conjunto de elementos
vão permitir a ele a possibilidade de fazer um em interação e em intercâmbio constante com o
diagnóstico mais assertivo e, dessa forma, orientá-lo
corretamente em como proceder para sanar o
ambiente, dando origem a Teoria Sistêmica. Por
problema identificado. Além dos produtos de seu enfoque multidisciplinar (todas as
tratamento e prevenção às pulgas, ele o orienta disciplinas), o pensamento sistêmico foi
também a contratar um serviço de dedetização adotado para tratar os objetivos de
periodicamente para exterminar as pulgas do ambiente estudo em diversos segmentos do
onde o cachorrinho vive. conhecimento, incluindo a
Administração.

Século XX e sua
evolução no Século XXI: Ao
tratar apenas um problema em
específico, no caso exemplificado as
pulgas, você não resolveu o todo do Exemplo: À medida que a análise é feita a partir de uma
visão do todo, você passa a compreender de maneira
problema, pois como o ambiente estava sistêmica o problema e a considerar todas as variáveis
infestado, ao passar o prazo de eficácia do possíveis. Por isso, não apenas o tratamento no pet é
produto aplicado no cachorrinho para o suficiente, você precisa providenciar a dedetização do
tratamento tópico, as pulgas, que continuavam a ambiente para que as pulgas sejam exterminadas e
se multiplicar no seu quintal, o atacavam parem de sugar o seu cãozinho.
prontamente porque, afinal, eram cada vez
mais em maior número e há dias estavam
famintas. Essa é a diferença de uma
análise parcial e segmentada sem
levar em consideração o todo
do problema.

22
UNICESUMAR

Depois do referido exemplo, compreendemos como essa lógica ilustrada de ma-


neira simples se aplica à evolução científica entre os séculos XX e XXI, que cul-
minaram na teoria que, atualmente, utilizamos na Administração e, por sua vez,
na Gestão Pública. Iniciamos pela descrição das teorias.
Chiavenato (2003) afirma que, por seu enfoque multidisciplinar (todas as
disciplinas), o Pensamento Sistêmico foi adotado para tratar os objetivos de es-
tudo em diversos segmentos do saber. Da mesma forma, ocorreu com a Teoria
Geral da Administração, “que desde a sua abordagem clássica sofreu mudanças
significativas, evoluindo da humanística, neoclássica, estruturalista, behaviorista,
até alcançar e efetivar a abordagem sistêmica” (CHIAVENATO, 2003, p. 410).
Vejamos essa evolução na abordagem clássica da Teoria Geral da Administra-
ção que, como a maioria das ciências do século passado, foi influenciada por três
princípios intelectuais dominantes: o reducionismo, o pensamento analítico e o me-
canicismo. A partir de Chiavenato (2003), detalhamos cada um dos três princípios:

23
UNIDADE 1

■ Reducionismo: o princípio se baseia na confiança de que todas as coisas


podem ser decompostas e reduzidas em seus elementos mais fundamen-
tais e simples, até resultar em suas unidades indivisíveis.


O reducionismo desenvolveu-se na Física (estudo dos átomos), na
Química (estudo das substâncias simples), na Biologia (estudo das
células), na Psicologia (estudo dos instintos e necessidades básicas), na
Sociologia (indivíduos sociológicos). O taylorismo na Administração
é um exemplo clássico do reducionismo. O reducionismo faz com
que as pessoas raciocinem dentro de jaulas mentais, como se cada
raciocínio estivesse dentro de um escaninho ou compartimento in-
telectual apropriado para cada tipo de problema ou assunto. É graças
ao reducionismo que existem as diversas ciências, como a Física, a
Química, a Biologia etc. Mas teria sido a natureza ou o homem que
fez essa separação entre as ciências? (CHIAVENATO, 2003, p. 410).

■ Pensamento analítico: é utilizado pelo reducionismo para explicar os


acontecimentos, e sua análise consiste em decompor o todo no máximo
possível para, depois, pensar soluções parciais para essas partes e, por
último, agregar essas várias soluções a uma solução do todo.


A solução ou explicação do todo constitui a soma ou resultante
das soluções ou explicações das partes. O conceito de divisão do
trabalho e de especialização do operário são manifestações típicas
do pensamento analítico. O pensamento analítico provém do méto-
do cartesiano: vem de Descartes (1596-1650) a tradição intelectual
ocidental quanto à metodologia de solução de problemas (CHIA-
VENATO, 2003, p. 410).

■ Mecanicismo: princípio baseado na relação de causa e efeito entre dois


fenômenos, ou seja, um fenômeno constitui a causa do outro fenômeno.
Essa relação utiliza o sistema fechado e abstrai o meio ambiente para
explicar as causas de seus estudos.


Um fenômeno constitui a causa de outro fenômeno (seu efeito),
quando ele é necessário e suficiente para provocá-lo. Como a causa é
suficiente para o efeito, nada além dela era cogitado para explicá-lo.

24
UNICESUMAR

Essa relação utiliza o que hoje chamamos sistema fechado: o meio


ambiente era subtraído na explicação das causas. As leis excluíam os
efeitos do meio. Além disso, as leis de causa-efeito não prevêem as
exceções. Os efeitos são totalmente determinados pelas causas em
uma visão determinística das coisas (CHIAVENATO, 2003, p. 410).

Então, com o advento da TGS, a superespecialização e o isolamento entre as


disciplinas, inclusive os pensamentos contidos nos referidos três princípios in-
telectuais — reducionismo, mecanicismo e pensamento analítico —, começaram
a ser contestados. Os questionamentos frisavam a necessidade de contrapontos
de fato, como a compreensão de que a reciprocidade entre as disciplinas e a in-
tegração entre elas são essenciais para a evolução das Ciências como um todo.
Nesse sentido, diversos ramos do conhecimento, como a Administração, ado-
taram a abordagem sistêmica para discutir seus objetivos de estudo. Princípios
intelectuais opostos foram elaborados e adotados, como o expansionismo, o pen-
samento sintético e a teleologia, e, da mesma forma, recorremos à Chiavenato
(2003) para discorrer a seguir.

25
UNIDADE 1

■ Expansionismo: todo fenômeno é parte de um fenômeno maior, e o de-


sempenho de seu sistema depende de como essa parte se relaciona com
o todo maior que a envolve e do qual faz parte.


O expansionismo não nega que cada fenômeno seja constituído
de partes, mas a sua ênfase reside na focalização do todo do qual
aquele fenômeno faz parte. Essa transferência da visão focada nos
elementos fundamentais para uma visão focada no todo denomi-
na-se abordagem sistêmica (CHIAVENATO, 2003, p. 411).

■ Pensamento sintético: é o fenômeno analisado como parte de um sistema


maior e é justificado a partir do papel que desempenha nesse sistema maior.


Os órgãos do organismo humano são explicados pelo papel que
desempenham no organismo e não pelo comportamento de seus
tecidos ou estruturas de organização. A abordagem sistêmica está
mais interessada em juntar as coisas do que em separá-las (CHIA-
VENATO, 2003, p. 411).

■ Teleologia: é o princípio no qual a causa é necessária, mas nem sempre é


suficiente para determinar o efeito, ou seja, não é uma relação mecanicista,
determinística e, sim, probabilística.


Em outros termos, a relação causa-efeito não é uma relação de-
terminística ou mecanicista, mas simplesmente probabilística. A
teleologia é o estudo do comportamento com a finalidade de al-
cançar objetivos e passou a influenciar poderosamente as ciências.
Enquanto na concepção mecanicista o comportamento é explicado
pela identificação de suas causas e nunca do seu efeito, na concep-
ção teleológica o comportamento é explicado por aquilo que ele
produz ou por aquilo que é seu propósito ou objetivo produzir. A
relação simples de causa-e-efeito é produto de um raciocínio linear
que tenta resolver problemas através de uma análise variável por
variável. Isso está superado. A lógica sistêmica procura entender as
inter-relações entre as diversas variáveis a partir de uma visão de um

26
UNICESUMAR

campo dinâmico de forças que atuam entre si. Esse campo dinâmico
de forças produz um emergente sistêmico: o todo é diferente de cada
uma de suas partes. O sistema apresenta características próprias que
não existem em cada uma de suas partes integrantes. Os sistemas
são visualizados como entidades globais e funcionais em busca de
objetivos (CHIAVENATO, 2003, p. 411).

Nas afirmações de Chiavenato (2003, p. 411), esses três princípios — expansio-


nismo, pensamento sintético e teleologia — permitiram “o surgimento da Ci-
bernética e desaguou na Teoria Geral da Administração, redimensionando suas
concepções, sendo uma revolução no pensamento administrativo”.
A abordagem clássica da Teoria Geral da Administração foi influenciada por
princípios intelectuais cujo pressuposto de análise consiste em decompor o todo
no máximo possível para, depois, pensar soluções parciais e, depois, agregar es-
sas várias soluções a uma solução do todo, baseado na relação de causa e efeito.
Essa relação utiliza o sistema fechado e abstrai o meio ambiente para explicar as
causas de seus estudos.

27
UNIDADE 1

Já a TGS adotou outros três princípios intelectuais que constituem o oposto dessa
abordagem clássica. De maneira simples, esses princípios se baseiam na ideia de
que todo o fenômeno é parte de um fenômeno maior, e o desempenho de seu
sistema depende de como essa parte se relaciona com o todo.
Este é o princípio em que a causa é necessária, mas nem sempre é suficiente
para determinar o efeito, pois existem inúmeras variáveis a serem analisadas
para determinar a probabilidade do que ocasionou o efeito analisado. Esses três
princípios permitiram uma revolução no pensamento administrativo. “A teoria
administrativa passou a pensar sistemicamente” (CHIAVENATO, 2003, p. 411).

NOVAS DESCOBERTAS

Apesar de datado em 1971, este artigo de Motta é atual para as discussões


da nossa disciplina, pois trata de como todos os ramos do conhecimento,
pela especialização extremada, passaram a buscar mais suas bases comuns:

Insistimos, ainda, na vertente mais teórica para destacar que um Sistema de In-
formação, quando aplicado à Administração, não pode ser interpretado somente
como informação aplicada a um sistema automatizado, como abordaremos nas
próximas unidades. Entretanto, durante o processo de tomada de decisão na
gestão, principalmente na Gestão Pública, é necessário analisar inúmeros vieses
para compreender como os dados representam a realidade.
Os critérios técnicos sobre sistemas serão apresentados, e, aliás, existem muitos
autores empenhados em criar e manter manuais de sistemas, inserindo estruturas
iguais ou com muitas semelhanças, com nomenclaturas para esses mecanismos em
inglês ou português ou mesmo em ambos os idiomas. Um gestor público, porém,
mais do que o domínio das ferramentas e estruturas de Sistemas de Informação,
tem como seu propósito profissional ser um agente de transformação.

28
UNICESUMAR

EXPLORANDO IDEIAS

Como Rocha (1990, p. 14) enfatiza, na execução de Sistemas de Informação, o intuito é


“melhorar a vida dos homens [...] e isto passa necessariamente por processos de traba-
lho mais saudáveis, mais simples, mais coerentes, mais justos, mais participativos, enfim,
mais humanos. [...] é construir uma sociedade melhor e mais justa”.
Nessa perspectiva, por exemplo, a desigualdade entre os mais pobres — maioria da popu-
lação — e os mais ricos — apenas uma minoria — não deve ser naturalizada ou se tornar
um argumento para dar mérito somente aos que têm e desqualificar os que não têm. A
pesquisa científica, empírica, a interpretação feita sob as diversas disciplinas do saber,
essas, sim, são subsídios reais para gerenciar a rotina de trabalho, tomar decisões, fazer
planejamento e execução de ações voltadas a combater causas, ao invés de sanar somen-
te as consequências, quase sempre, urgências relacionadas a uma gestão ineficiente.
Fonte: adaptado de Rocha (1990).

NOVAS DESCOBERTAS

Quer conhecer, na prática, como a visão sistêmica e a reforma do pensa-


mento são aplicadas? Acesse o site da Escola de Design Thinking (EDT), que
foi criada em 2012 pela Echos — Laboratório de Inovação, a qual, na prática,
tem como propósito formar a nova geração de inovadores, como meio de
colaboração e multidisciplinaridade, para criar uma nova maneira de pensar.

Bem-vindo(a) ao primeiro episódio do PodSI, o Podcast de


Sistemas de Informação que trará informações sobre o uni-
verso não só de SI, mas da digitalização da Gestão Pública
e os avanços no país e no mundo rumo à Inclusão Digital.
Sob essas perspectivas, a cada encontro, você conhecerá
serviços, ações, programas, projetos e políticas públicas
que transformaram a maneira de pensar e atuar na Gestão
Pública. Sabe a tão evidenciada visão sistêmica? Essa será
a base de todas as nossas conversas no PodSI. E, neste
primeiro episódio, nós falaremos sobre os desafios para o
serviço público brasileiro do futuro. Acesse o QRCode!

29
UNIDADE 1

Mais um momento para novas descobertas. Toda forma de representação artística


pode subsidiar o nosso processo de pesquisa, de criação e de desenvolvimento
de propostas sobre um tema específico. O pensamento sistêmico é uma dessas
fontes inesgotáveis que, há décadas, inspira cientistas e artistas.

NOVAS DESCOBERTAS

Título: O Ponto de Mutação


Ano: 1990
Sinopse: o filme O Ponto de Mutação, cujo roteiro cinematográfico foi
extraído da obra The Turning Point (1983) do escritor austríaco Fritjof
Capra (PhD em Física Quântica), dirigido por Bernt Capra, possui um enredo
simples, perpassado por diálogos desenvolvidos, principalmente, por três
personagens: Sônia, uma cientista vivida por Liv Ullmann, Jack, um político
(Sam Waterston), e Thomas, um poeta (John Heard). Os personagens têm
conhecimento em áreas diferentes e tentam mostrar sua visão de mundo
em vários aspectos. A cientista destaca que não se pode olhar separadamen-
te para os problemas globais, tentando entendê-los e resolvê-los separada-
mente. Deve-se entender as conexões para, depois, resolver os problemas.
A partir disso, é possível pensar em um mundo com crescimento sustentável
e melhores condições para todos.
Comentário: a visão sobre o todo é o nosso enfoque nesse filme, para com-
preendermos como as diversas ciências podem estar integradas e interagindo
como um sistema macro, com visões multidisciplinares sobre um mesmo tema.

30
UNICESUMAR

Esta é somente a fase inicial dos nossos estudos, mas cada argumentação pro-
posta até o momento é fundamental para consolidar as bases científicas que nos
acompanharão até o final da nossa disciplina. O propósito foi apresentar a você
um conjunto de informações relacionadas à concepção de sistemas enquanto
teoria científica e destacar o contexto histórico dos primórdios desse pensamento.
Privilegiar essas informações logo no início dos nossos estudos em detrimen-
to de começar por apresentar o arquétipo da estrutura técnica propriamente do
Sistema de Informação é conceder a você os instrumentos intelectuais muito
mais eficientes e eficazes para a sua prática profissional, pois essa, sim, perpassa
por toda e qualquer prática profissional.
Com o domínio teórico embasado nas razões pelas quais novos pensares
foram adotados pelas Ciências, a execução de projetos e a implementação de
quaisquer Sistemas de Informação serão embasadas em escolhas feitas por meio
de raciocínio e debates, não uma consulta no manual técnico empoeirado na
prateleira ou destacado em um site para vender uma solução.
A Teoria Geral de Sistemas que fundou a Teoria Sistêmica e foi apropriada
pela Administração ultrapassa a academia é já é relacionada a uma forma de
pensar a vida como um todo, sem separar a vivência social da laboral, da familiar,
enfim da vida social.
Para continuarmos em nossos estudos, no entanto, precisamos compreender
como foram implementados os Sistemas de Informação tal qual a academia tem
apresentado em diversos espaços — físico e on-line. Será mesmo apenas um
mecanismo? Ou os SI, apesar de poderem ser fisicamente instrumentalizados,
continuam com o mesmo princípio do Pensamento Sistêmico?
A única maneira de descobrir é você avançar para a próxima unidade, em
que serão apresentados os Sistemas de Informação, desde as suas conceituações,
classificações, tipologias e possíveis aplicações.

31
1. Desde a abordagem clássica, a Teoria Geral da Administração (TGA) ampliou seu en-
foque teórico. Contudo, em sua fase inicial, a TGA foi influenciada por três princípios
intelectuais considerados dominantes no período antes de culminar na abordagem
sistêmica, sendo o reducionismo, o pensamento analítico e o mecanicismo.

Com base nos referidos três princípios intelectuais, avalie as afirmações a seguir.

I - De acordo com Chiavenato (2003), o Taylorismo é um exemplo prático na Admi-


nistração sobre o mecanicismo.
II - O reducionismo utiliza o pensamento analítico para explicar os acontecimentos,
e a sua análise decompõe o todo.
III - No pensamento analítico, há confiança de que todas as coisas podem ser agre-
gadas, até suas unidades indivisíveis.
IV - O mecanicismo utiliza o sistema fechado e abstrai o meio ambiente para explicar
as causas de seus estudos.

CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração: uma visão


abrangente da moderna administração das organizações. 7. ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2003.

As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:

a) V, V, F, F.
b) F, V, F, V.
c) F, F, V, V.
d) V, F, F, F.
e) F, V, V, F.

2. Na prática de aplicação de Sistemas de Informação à Administração, admitimos, nos


nossos estudos, que a simples relação de informação aplicada a um sistema auto-
matizado deve ser reavaliada. O motivo para essa reflexão estar destacada se deve
ao fato de a análise no âmbito da gestão requerer inúmeros vieses para cumprir o
processo de tomada de decisão.

Com base no pensamento sistêmico como visão de atuação profissional do gestor


público, identifique, a seguir, a alternativa correta.

32
a) Melhorar a vida dos servidores é uma das premissas prioritárias na execução de
Sistemas de Informação.
b) A interpretação feita sob uma disciplina do saber é a base para fazer o planeja-
mento e a execução de ações.
c) O domínio das ferramentas de sistemas de informação constitui o propósito pro-
fissional de um gestor público.
d) Naturalizar a desigualdade entre os mais pobres e os mais ricos é um argumento
para dar mérito aos ricos.
e) O critério para sanar somente as consequências em uma gestão eficiente se
refere a atender a todas as urgências.

3. Ao diferenciar os “Sistemas Naturais” de os “Sistemas Feitos pelo Homem”, o biólogo


austríaco Karl Ludwig von Bertalanffy, fundador da Teoria Geral de Sistemas (TGS),
definiu características consideradas comuns a ambos os sistemas. Cada uma das carac-
terísticas designadas recebeu um nome e uma especificação de atribuição no sistema.

Com base nas características universais dos “Sistemas Naturais” e dos “Sistemas Fei-
tos pelo Homem”, associe, a seguir, cada tópico de acordo com suas características.

I - O objetivo está relacionado aos sistemas que tendem a ser imutáveis, sem de-
sintegrar ou mesmo apresentar mudança no padrão observado.

PORQUE

II - O objetivo designa que todo sistema tem um objetivo a ser alcançado, e, dessa
forma, atitudes são direcionadas para atingir tal propósito.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.


b) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
e) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

33
4. Assim como ocorreu na Administração, a abordagem sistêmica para debater os obje-
tivos de estudo também foi adotada por vários outros ramos do conhecimento. Nesse
sentido, outros princípios intelectuais foram adotados, tais como o expansionismo,
teleologia e o pensamento sintético.

Com base no conceito do princípio intelectual de teleologia, analise as afirmações


a seguir.

I - Trata-se do estudo do comportamento, cuja finalidade é alcançar objetivos, sendo


que esse conceito passou a influenciar poderosamente as Ciências.
II - Tem como base a ideia da confiança de que todos os componentes podem ser
decompostos e reunidos em seus elementos mais fundamentais e complexos.
III - Esse princípio evidencia que a causa é necessária, mas, em alguns casos, não é
suficiente para determinar o efeito, é uma relação probabilística.
IV - Tem como base utilizar somente o sistema fechado e enfatizar a abstração em
sua análise do meio ambiente para explicar as causas de seus estudos.

É correto o que se afirma em:

a) I e III, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

5. A Teoria Geral de Sistemas (TGS), fundada pelo biólogo austríaco Karl Ludwig von
Bertalanffy, insere-se na fase inicial dos nossos estudos para demonstrar a importân-
cia da análise sistêmica que culmina na realidade prática de Sistemas de Informação
(SI) no setor público. A base para o desenvolvimento da proposta da TGS iniciou na
década de 1920.

Com base na crítica e sugestão feita por Bertalanffy que culminou na TGS, avalie as
afirmações a seguir como V para verdadeiras e F para falsas.

I - A sugestão de Karl Ludwig von Bertalanffy era desenvolver estudos em sistemas


globalmente constituídos.
II - Na visão do especialista, cada um dos elementos, ao serem reunidos, constituem
uma unidade funcional central.
III - O especialista afirma que, ao reunir os elementos, estes desenvolvem caracte-
rísticas isoladas.

34
IV - O especialista criticou a visão de que a divisão no mundo em áreas se aplica à
Biologia, Química, Física etc.

As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:

a) F, F, V, V.
b) V, F, F, F.
c) V, V, V, F.
d) V, F, V, F.
e) V, V, F, F.

6. No início dos nossos estudos, abordamos a obra A cabeça bem-feita: repensar a refor-
ma, reformar o pensamento, de Edgar Morin (2003), para contextualizar a razão pela
qual a Teoria Geral de Sistemas (TGS) se insere nas bases iniciais da nossa disciplina
para identificar e organizar esse conhecimento científico sobre Sistemas.

Com base no raciocínio da primeira finalidade do ensino formulada por Montaigne —


“mais vale uma cabeça bem-feita que bem cheia” (MORIN, 2003, p. 21) —, analise as
afirmações a seguir sobre a contextualização da frase no âmbito dos nossos estudos.

MORIN, E. A Cabeça Bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento.


Tradução de Eloá Jacobina. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

I - A cabeça bem cheia está relacionada à acumulação de saber com determinado


propósito.
II - A cabeça bem cheia está relacionada à acumulação de saber sem nenhum pro-
pósito.
III - A “cabeça bem-feita” se propõe a absorver uma aptidão geral para resolver pro-
blemas.
IV - A “cabeça bem-feita” parte de princípios organizadores para conceder sentido
ao todo.

É correto o que se afirma em:

a) II e IV, apenas.
b) I, II e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

35
2
Sistemas de
Informação:
Classificação, Ciclo
de Funcionamento
e Tipologias
Me. Lilian Chirnev

Olá, aluno(a)! Vou iniciar a presente unidade desejando a você o


entusiasmo de um pesquisador que está prestes a se apropriar de
uma nova descoberta. Na Unidade 2, você terá a oportunidade de se
apropriar da conceituação de Sistemas e sua Classificação. Também
abordaremos o que é Sistemas de Informação e suas Tipologias. E
lembre-se, a conclusão dessa etapa é essencial para estruturar o co-
nhecimento que permitirá a você fazer análises mais qualitativas nas
ações práticas de sua vivência na gestão pública. Bons Estudos!
UNIDADE 2

Antes de ter acesso à nossa disciplina, você já tinha se dado conta de que conhece
diversos tipos de sistemas? O que será que todos os sistemas têm em comum? Pense
rápido sobre um sistema específico: qual veio à sua mente primeiro? Confesso que, des-
de sempre, quando penso em sistema, de imediato, me ocorre o sistema respiratório.
Como você descreveria o sistema respiratório? Qual é a sua composição, suas
partes? Qual é a razão para ser explicado como um sistema? Suas partes intera-
gem? E qual é o objetivo desse sistema? Bem, apesar de o sistema respiratório
não ser o objeto de nossos estudos, o sistema e a base de compreensão que se
aplica às diversas áreas do saber são, sim. Contudo, como essa relação se insere
nos Sistemas de Informação aplicados à Gestão Pública?

38
UNIDADE 2

Sistemas de Informações agregam dados transformados em informações que


subsidiam decisões no planejamento e na gestão pública. Sua importância está
relacionada a compreender o setor em que você atua como um todo. Sua en-
grenagem divide como esses dados se inserem e como, ao final, são processadas
informações que poderão demonstrar como você implantará um projeto, por
exemplo, ou mesmo como você pode aprimorar um já em andamento.
Os Sistemas de Informações, se operados corretamente, podem ser consi-
derados como estruturados a partir de um objetivo, sistematizando um “mapa”
previamente constituído de um diagnóstico, contribuindo para a elaboração e
manutenção de determinada política pública, como de saúde, mobilidade, resí-
duos sólidos etc., ou para gerenciamento de setores de compras e distribuição.
Comecemos a imaginar, então, como um gestor do setor de patrimônio de
uma prefeitura faz para ter controle sobre os produtos entregues, comprados e
distribuídos. E sobre as compras feitas, será que os produtos entregues são os que
realmente constam no contrato, tanto em qualidade quanto em quantidade? E
a distribuição, será que todos os setores receberam, por exemplo, papel higiê-
nico suficiente para abastecer os banheiros dos estabelecimentos públicos? E se
acontecer de vários encarregados ligarem pedindo mais papel, pois o produto
acabou antes do esperado? Como descobrir qual problema está ocorrendo entre
a compra realizada e o término do produto antes do tempo estimado?
Tente conduzir uma experiência imaginando como você atuaria sobre o caso
exemplificado. Começaremos pela quantidade do produto entregue e conferiremos
se a qualidade e a metragem prevista em contrato foram realmente entregues. Para
isso, você recorrerá ao contrato e, depois, abrirá algumas caixas, de maneira alea-
tória, para medir a extensão do rolo de papel higiênico, conferir a quantidade de
rolos por caixa, bem como se a distribuição para cada setor foi feita normalmente.
Com base na experiência anterior, como você resolveria o problema de
maneira dinâmica, diariamente, controlando algumas variáveis para evitar
um possível imprevisto ou mesmo erros? Você adotaria um SI para te auxi-
liar nessa atividade ou bastaria envolver a equipe e designar cada servidor
para uma função específica? Será que esse “olhar” fragmentado pode ajudar
ou atrapalhar o andamento do setor? Aproveite o Diário de Bordo para
propor uma solução para o problema evidenciado.

39
UNIDADE 2

Para compreender a importância da Teoria Sistêmica e a sua aplicação em SI,


apresentaremos a ideia geral que compõe uma definição simples de Sistemas
de Informação. Que tal analisarmos separadamente a definição de sistemas e,
depois, de informação para analisarmos se a junção “Sistemas de Informação”
atende ao propósito dos nossos estudos? Vamos lá!
O conceito geral de Sistemas, por exemplo, é considerado como um conjunto
de partes, estruturado de maneira lógica, com a finalidade de atender a
um determinado objetivo. A informação, por sua vez, é o resultado de dados
carregados de significados. Assim, podemos afirmar que a definição simples de
Sistemas de Informação é um conjunto de dados que, carregados de signifi-
cados, interagem entre si para atender a uma finalidade específica.

40
UNIDADE 2

Bem, já que partimos dessa definição, será que tal conceituação basta para
explicar efetivamente o que seja Sistemas de Informação? Sim, a base é esta.
No entanto, você precisa compreender que existem outros aspectos relacio-
nados ao SI, entre os quais, a sua classificação, os seus ciclos, bem como suas
tipologias. Entretanto, não se preocupe em aprender tudo de uma vez só. À
medida em que avançarmos, ficará mais fácil para você assimilar.
Será que a definição de Sistema, tal como fizemos anteriormente, aplica-se a ou-
tros contextos? Por exemplo, sistema respiratório, sistema econômico, sistema jurídi-
co etc.? Tentaremos outra definição conceitual sobre Sistema para avaliar se é possível.
Há uma definição bastante interessante que agrega visões de outros autores.
Refiro-me à de Albuquerque (2011, p. 16) que evidencia, a partir de Stair (1998)
e Laudon e Laudon (2004), que o termo “sistema” poderia ser definido como “um
conjunto de partes, componentes, que interagem entre si, de forma ordenada, a
fim de atingir um objetivo comum”. Em cada um dos referidos exemplos, é pos-
sível categorizar o sistema, suas partes, seu ordenamento e seu objetivo.

41
UNIDADE 2

Como exemplo concreto dessa dinâmica, exemplificaremos, de maneira su-


cinta, sob a perspectiva de Albuquerque (2011), o Sistema Tributário Constitucio-
nal. Suas partes são impostos, taxas e contribuição de melhoria. O ordenamento
regido dentro desse sistema são os princípios constitucionais da legalidade, da
isonomia, da anterioridade etc. O objetivo desse sistema é regulamentar a ativi-
dade tributária. Veja, no Quadro 1, a seguir, como fica evidente essa relação.

ORDENAMEN-
SISTEMA PARTES OBJETIVO
TO

Os princípios
constitucionais
Sistema Tribu- Impostos, taxas Regulamentar a
da legalidade,
tário Constitu- e contribuição atividade tribu-
da isonomia, da
cional de melhoria. tária.
anterioridade
etc.

Quadro 1 - Sistema Tributário Constitucional / Fonte: adaptado de Albuquerque (2011).

Outra proposta de análise de sistema, ainda de acordo com Albuquerque (2011),


seria por meio de um mecanismo que é dividido em partes, sendo denominadas
entradas, componentes, saídas e retroalimentação ou feedback.
Para este autor,“as entradas representam tudo o que o sistema precisa para operar”
e, necessariamente, “estes recursos são obtidos externamente” (ALBUQUERQUE,
2011, p. 17). Como no caso de uma indústria, por exemplo: para seu funcionamento,
são necessários energia elétrica, recursos humanos, matéria-prima, embalagem etc.
No caso dos componentes, estes correspondem a procedimentos internos do
sistema que são necessários para transformar os elementos de entrada, ou seja,
trata-se do processo de transformação que converte os elementos de entrada, como
matéria-prima, em produto. Já as saídas estão relacionadas aos resultados que o sis-
tema entrega ao meio externo, como os produtos acabados ou os serviços prestados.
Por fim, a retroalimentação ou feedback representa os tipos de saídas que são
os subsídios referenciais para modificar as entradas e/ou processamento. Ainda
no caso da indústria, a alta ou queda nas vendas pode demonstrar as falhas de
um processo ou o sucesso de uma medida interna.
Podemos demonstrar, graficamente, um exemplo inspirado nessa estrutura
conceitual sobre sistemas apresentada por Albuquerque (2011, p. 18) em sua

42
UNIDADE 2

adaptação de Laudon e Laudon (2004). A produção de refrigerantes exemplifi-


cada no modelo foi inserida pela autora na Figura 1.

Entrada:
Colaboradores, Componentes do Saída:
energia elétrica, Sistema: Vendas no
água, açúcar, gás Fabricação, atacado
carbônico, comercialização, e varejo.
equipamentos marketing etc.
etc.

Feedback: Aumento das vendas em bares e restaurantes,


queda nas vendas nos mercados atacadistas.

Figura 1 - Modelo de funcionamento de um Sistema de Gerenciamento de Produção de Refrigerantes


Fonte: Albuquerque (2011, p. 18).

Descrição da Imagem: a imagem é um fluxograma que descreve o processo de funcionamento de um Sistema


de Gerenciamento de Produção de refrigerantes. Iniciando pela “Entrada”, cujos itens podem ser representados
pelos “colaboradores, energia elétrica, água, açúcar, gás carbônico, equipamentos etc.”. Em suma, referem-se
a todos os itens necessários para produzir o refrigerante. Após a etapa da “Entrada”, segue o fluxo, indicado
por uma seta, para os “Componentes do Sistema”, que são os processos necessários para a efetivação do
produto, representados pela “fabricação, comercialização, marketing etc.”. Seguindo o fluxo, indicada por uma
seta, encontra-se a “Saída”, que é o objetivo final do processamento, que pode ser representado pelas “vendas
no atacado e no varejo”. O resultados das vendas reflete o “Feedback” de todas as etapas do processo, que
pode ser “o aumento das vendas em bares e restaurantes e/ou queda nas vendas nos mercados atacadistas”.

Basicamente, evidenciamos que Sistemas se refere à união de elementos, sejam


eles concretos e/ou abstratos, interligados e/ou interagindo em um processo, de
modo a formar uma estrutura para atender a uma finalidade de acordo com
um plano. Importante frisar que, guardadas as devidas particularidades entre
os saberes, esse mesmo modelo foi aplicado por diversas ciências para explicar
fenômenos de acordo com objetivos projetados.
Portanto, Sistemas de Informação (SI) é a designação de um sistema
utilizado para processar dados e gerar informações. O SI pode ser automa-
tizado (computadorizado) ou manual, e o seu processo de funcionamen-
to inclui pessoas — para gerenciamento da informação —, equipamentos,
metodologia de coleta, dados, processamento, informação, transmissão e
propagação das informações — resultado dos dados manipulados.

43
UNIDADE 2

“O maior objetivo de um sistema de informação é permitir que o me-


lhor uso dos dados, utilizando cenários e filtros apropriados, possam de-
finir as informações que representam a exceção e a maior relevância do
processo organizacional” (BATISTA, 2012, p. 49).
Quando o SI é automatizado, podemos atrelar a essa mesma lógica tecnologias
da informação e comunicação — software de propósito geral, hardware do com-
putador — e componentes de telecomunicações — redes e instalações, incluindo a
internet — para efetuar o recolhimento, armazenamento (banco de dados), análise
e distribuição da informação como recurso favorável à tomada de decisões.
Da mesma forma, sob a perspectiva da Arquitetura da Informação, ela
estaria comprometida,


[...] com a eficiência e a eficácia de um SI, compreendido com base
em Turban, McLean e Wetherbe (1996) como sistema que integra:
pessoas, procedimentos, dados/informação, componentes de tec-
nologias de informação e comunicação (hardwares, softwares) e
elementos de telecomunicações para recolher, processar, armazenar,
analisar e distribuir informação como recurso útil à tomada de de-
cisões (OLIVEIRA; VIDOTTI; BENTES, 2015, p. 59).

44
UNIDADE 2

Desde o século XX, mesmo antes das imensas máquinas de cálculos serem inven-
tadas ou serem estruturados setores apenas destinados a arquivamento de dados
— envolvendo muitas pessoas e, portanto, com maior potencial de erro no seu pro-
cessamento —, a “lógica” relacionada à utilização de sistemas continuou a mesma.
Até depois de décadas, com a popularização dos computadores e o advento da
internet, o processo de sistemas continua sendo integrado e utilizado — primeiro,
pelos pesquisadores e, depois, pelos gestores — com a mesma finalidade: arma-
zenar e processar, seja qual for o setor de atuação, o bem com maior potencial de
desencadear evolução na instituição/organização, a informação.
Contudo, e os componentes de SI? Será que funcionam da mesma forma
mantendo uma mesma composição? Podemos afirmar que, basicamente, o SI é
composto por três principais componentes: dados, sistemas de processamento
de dados e canal de comunicação.

Conforme Polloni (2000), cada um desses componentes podem ser descritos da se-
guinte forma:

Dados

Dados são considerados fatos isolados de qualquer contextualização, ou seja, não pos-
suem significado. Na prática, por exemplo, se o SI for estruturado para o setor de saúde
de atenção básica, geralmente de responsabilidade do Governo municipal, os dados
podem ser representados pelo total de atendimentos realizados nas Unidades Básicas
de Saúde (UBSs), datas dos atendimentos realizados, descrição dos tipos de atendimen-
to — consultas médicas, vacina, exame laboratorial etc. Esses dados são coletados no
ambiente onde ocorrem os atendimentos de saúde e, quando esses dados são inseri-
dos no sistema, representam o processo de entrada dos dados.

Sistemas de processamento de dados

Após o processo de entrada dos dados, o “sistema de processamento de dados manipula


(processa) e transforma os dados em conjuntos de informações relevantes” (POLLONI,
2000, p. 30). No SI, é possível verificar um panorama sobre todos os itens (dados) inse-
ridos nesse sistema e visualizar um relatório daquele mês ou um relatório comparativo
com os demais meses do ano.
É claro, porém, que a complexidade e a profundidade de informações geradas de-
penderá do modelo de SI — definição de quais dados serão selecionados para atender à

45
UNIDADE 2

finalidade proposta — ou de ferramentas tecnológicas adotadas pelo setor, temas estes


que serão apresentados mais adiante.
Retomando as possíveis informações geradas pelo sistema, podemos citar, por
exemplo, os atendimentos realizados em cada UBS ou se em determinada UBS houve
menos atendimentos em comparação à quantidade registrada nos meses anteriores
ou, mesmo, às demais UBSs ou, até, se a quantidade total de um tipo de atendimento
se sobrepôs naquele mês em relação aos demais.
Esse sistema, que é, por sua vez, um subsistema que compõe o SI, armazena, processa
e recupera os dados necessários ao funcionamento do SI. Portanto, “trata [...] do processa-
mento (armazenamento, reparação, reestruturação, classificação, agregação, reordenação,
cálculo) de dados, com a finalidade de aumentar sua utilidade e, consequentemente, seu
valor, transformando-o em informação” (POLLONI, 2000, p. 30).

Canal de comunicação

Depois de processados os dados e transformados em informações, o canal de co-


municação fornece os meios de transmissão de informações de um componente do
sistema para outro. Entre os exemplos, podemos citar circulares, reuniões, correio,
impressora, relatórios, terminais de computador, entre outros (POLLONI, 2000).
Um SI apropriado para a organização deve atender com celeridade os requisitos es-
senciais para seu funcionamento e eficácia, como armazenar, processar e fornecer infor-
mações em formato e custos adequados à realidade proposta. Para isso, são necessários
uma primeira pesquisa e um planejamento para identificar os objetivos de cada SI. A partir
de cada objetivo, definem-se os dados considerados importantes para serem processados.
Esse levantamento também deve levar em consideração o tempo ideal para seu
processamento, desde a entrada dos dados até a saída da informação que será utilizada
para subsidiar o gerenciamento das atividades da organização. E, como existe uma fina-
lidade e tempos de resposta necessários a cada objetivo, o formato de processamento
deve estar de acordo com o custo disponível para o funcionamento e eficácia de cada SI.

Entretanto, será somente a existência dos três principais componentes — dados,


sistemas de processamento de dados e canal de comunicação — suficiente para
garantir o bom funcionamento de um SI? Será que existem premissas básicas a
serem consideradas para garantir a eficiência de um sistema?

46
UNIDADE 2

OLHAR CONCEITUAL
De maneira geral, podemos adotar algumas orientações básicas para um SI eficiente. Para nos au-
xiliar nessa tarefa, contamos com as contribuições das premissas apresentadas por Polloni (2000)
que estão dispostas a seguir:

1
Resultar na produção de informações necessárias, confiáveis, em
tempo hábil, custo adequado, dentro dos requisitos operacionais
e gerenciais de tomada de decisão;

As diretrizes do SI devem assegurar a realização de todos os


seus objetivos de maneira direta, rápida, simples e eficiente;
2
3
O SI deve estar integrado à estrutura organizacional para auxiliar
na coordenação dos diferentes setores (departamentos,
diretorias, divisões) dentro da organização, além de ser um
instrumento de interligação entre os mesmos;

Manter um fluxo de procedimentos (internos e externos ao


processamento) integrado, racional, rápido e com menor
custo admissível; 4
5 Estruturar e manter dispositivos de controle interno para
garantir a confiabilidade das informações de saída e
adequada proteção aos dados controlados pelo SI.

Os SI devem ser simples, rápidos e seguros em sua operação.


6
As contribuições de Polloni (2000), a princípio, parecem simples, mas, para al-
cançar cada aspecto tratado, é necessário planejamento e disciplina na rotina de
manutenção dos sistemas, em especial, contar com uma equipe de gestores de cada
setor para monitoramento do comportamento do processamento dos dados e se as
informações atendem, de maneira rápida e segura, às demandas da organização.

47
UNIDADE 2

PENSANDO JUNTOS

Na prática, os Sistemas de Informação fazem parte da rotina de trabalho do gestor e com-


põem um instrumento de auxílio diário para interpretar a realidade do seu setor de atua-
ção e a complexidade atrelada à Gestão Pública como um todo. As informações concedi-
das por meio dos sistemas estruturam a tomada de decisões, permeiam o planejamento
de curto, médio e longo prazo e, ainda, contribuem diretamente para a administração
de todas as atividades. As tipologias de SI, como estudaremos no próximo tópico, distin-
guem-se pela finalidade de cada objetivo proposto.

Quanto às classificações de Sistemas, diversas definições podem ser encontradas


nos referenciais bibliográficos das Ciências Administrativas. Contudo, para efeito
dos nossos estudos, utilizaremos apenas duas modalidades principais de classifi-
cação: os Sistemas Abertos e os Sistemas Fechados, representados por cadeados
abertos e fechados nas portas.
O Sistema Aberto corresponde à interação entre a indústria, os clientes, a so-
ciedade em geral e o todo do ambiente em que ela atua. Essa relação, portanto, é
considerada constante e mutável, como representado na Figura 2 por um cadeado
aberto, o que faz com que a porta está acessível para manutenção dessas relações.

Figura 2 - Representação do cadeado aberto

Descrição da Imagem: a imagem fotográfica apresenta, de forma aproximada, uma porta de madeira
entreaberta e um cadeado de ferro antigo e enferrujado aberto. O cadeado possui uma pequena chave
inserida na fechadura.

48
UNIDADE 2

Já o Sistema Fechado é independente do meio externo, e seu funcionamento ocor-


re a partir da interação entre suas próprias partes, como representado na Figura
3 por um cadeado fechado que tranca a porta e impossibilita qualquer interação
para além da realidade interna de funcionamento da própria organização, sem
considerar suas relações com o todo que a compõe.

Figura 3 - Representação do cadeado fechado

Descrição da Imagem: a ilustração apresenta, de forma aproximada, uma porta verde de ferro trancada
por um cadeado vermelho e branco que está fechado.

Como destacamos anteriormente, esses dois tipos de classificação foram identi-


ficados desde os primórdios da TGS e, na atualidade, possuem as mesmas desig-
nações. Como afirma Padoveze (1997, p. 36),“os sistemas fechados não interagem
com o ambiente externo, enquanto que os sistemas abertos caracterizam-se pela
interação com o ambiente externo, suas entidades e variáveis”.

49
UNIDADE 2

NOVAS DESCOBERTAS

Título: Administrando Sistemas de Informação


Autor: Enrico G. F. Polloni
Editora: Futura
Sinopse: o livro apresenta um conceito muito importante para qual-
quer profissional de processamento de dados: a natureza da informação
dentro da organização e a sua estrutura para que os sistemas automatiza-
dos possam atender às reais necessidades do meio, como ferramenta para
manipulação do conhecimento especializado dentro da empresa, estratégia
para seu sucesso operacional e administrativo

E como a Gestão é a Ciência Social relacionada a estudar e sistematizar


as práticas utilizadas para gerenciar, direcionar, ou seja, administrar, ao
se integrar os Sistemas de Informação à ação administrativa, pode-se ins-
trumentalizar todas as ações gerenciais, sejam de recursos humanos ou
financeiros, de modo a alcançar os objetivos idealizados.

50
UNIDADE 2

Por isso, até o momento, nosso enfoque tem sido teórico — com exemplos
práticos — e deve se estender nessa fase para identificarmos a principal base
do conhecimento sobre SI e suas diversas aplicações na Gestão. Nesse sentido,
podemos destacar algumas tipologias utilizadas para auxiliar o gestor no pro-
cesso de tomada de decisão.
Importante enfatizar que cada classificação está relacionada à sua finalidade
de processamento. Camargo Júnior e Façanha (2011), por exemplo, apresentam
os Sistemas de Processamento de Transações (SPT) que são considerados os
mais simples dos SI. Os SPT são responsáveis pela coleta de todo e qualquer dado
considerado importante que seja resultado de uma interação entre a organização
e o ambiente de negócios ou mesmo de processos operacionais internos. Os Sis-
temas de Informação Gerenciais (SIG), por sua vez, são mais complexos e “res-
ponsáveis pela transformação dos dados obtidos pelos SPT em informações mais
sucintas e consolidadas para acompanhamentos rotineiros e análise de melhorias
em processos pelos gerentes” (CAMARGO JÚNIOR; FAÇANHA, 2011, p. 224).

51
UNIDADE 2

Os autores Camargo Júnior e Façanha (2011) evidenciam a tipologia de Sistemas


de Apoio à Decisão (SAD), também apresentados por alguns autores como Decision
Support Systems (DSS), sendo estes responsáveis por apoiar os gestores em tomadas
de decisões — estruturadas ou não-estruturadas —, seja qual for a área gerencial.
Conforme Audy, Andrade e Cidral (2005), complementarmente, o desenvolvi-
mento de SI sofre influência não só em nível organizacional, mas também se insere
no contexto em que a decisão a ser tomada é estruturada ou não-estruturada.
As decisões estruturadas são utilizadas para resolver problemas recorrentes,
mesmo quando complexos ou simples, envolvendo procedimentos ou regras padroni-
zadas, feitas de acordo com as políticas da organização. Apesar de restringir a liberdade
de decisão, o objetivo é direcionar e, portanto, agilizar a tomada de decisões em situa-
ções recorrentes, descartando e definindo alternativas viáveis com base nessas regras.
Já as decisões não estruturadas estão relacionadas ao tratamento de
problemas excepcionais, ou seja, não foram previstos em regras ou proce-
dimentos dentro da organização justamente em razão de sua excepciona-
lidade ou mesmo baixa frequência de ocorrência.

NOVAS DESCOBERTAS

Quer conferir um exemplo de Sistema de Informação? O SAO (Sistema de


Apoio a ONGs) é uma ferramenta totalmente on-line que tem o objetivo de
atender às rotinas do Terceiro Setor, apoiando os gestores em planejamen-
tos e análises de decisões estratégicas por meio de painéis e relatórios.

Também, podemos destacar a tipologia de Sige (Sistemas Integrados de Gestão


Empresarial), cujo foco é a:


[...] integração dos dados de todos os processos internos e exter-
nos da empresa de forma a centralizar seu armazenamento numa
plataforma de banco de dados. Seu desenvolvimento e implantação
pode ter duas abordagens diferenciadas: funcional: promove a mo-
dulação por departamentos principais, normalmente ligados aos
subsistemas da empresa, como finanças, controladoria, marketing
e vendas, aquisições e compras, produção, recursos humanos etc.;

52
UNIDADE 2

sistêmica: promove a modulação baseada no fluxo


de trabalho e no nível de responsabilidade do pro-
cesso decisório, normalmente dividido em sistema
de operações transacionais, sistema de informação
gerencial, sistema de suporte à decisão e sistema de
suporte executivo (BATISTA, 2012, p. 163).

Os Sistemas de Apoio aos Executivos (SAE), da mesma forma


como o SAD, oferecem suporte aos executivos em análises subsidia-
das por meio de informações internas e externas à organização, bus-
cando interagir com as análises setoriais produzidas internamente.
Beuren e Martins (2001, p. 7) destacam, ainda, que, na área de
desenvolvimento de Sistemas de Informação, uma opção para as
organizações, denominado ERP (Enterprise Resource Planning
ou Planejamento de Recursos Empresariais), foi concebido “para
atuar em todos os momentos do negócio, desde a concepção de
um produto, compra de itens, manutenção de inventário, área or-
çamentária e financeira, até auxiliar na gestão de recursos huma-
nos, interação com fornecedores e clientes e acompanhar ordens
de produção”.
Assim, a arquitetura de um ERP


[...] conta com um banco de dados centralizado,
operando em uma plataforma comum que interage
com um conjunto integrado de aplicativos ou mó-
dulos, consolida todas as operações do negócio em
um simples ambiente computacional. Essa arquite-
tura permite abordagens flexíveis e orientadas para
o processo e podem maximizar as atividades de pro-
dução, gerencia- mento de inventário e de cadeia de
valor, controle financeiro, gerenciamento de recursos
humanos e aprimoramento do relacionamento com
o consumidor. Esse sistema proporciona forte inte-
gração de informações e simplificação de processos
de negócio para habilitar as organizações a serem
eficientes e eficazes (BATISTA, 2012, p. 164).

53
UNIDADE 2

Os autores anteriormente citados também revelam a existência de módulos espe-


cíficos direcionados para a atuação de executivos e gerentes que permitem que as
informações sejam filtradas e resumidas, apontando tendências e até detectando
padrões de referência para a tomada de decisões de origem estratégica.


Encontra-se entre os diversos tipos de sistemas de informações, o
denominado EIS - Executive Information System, o qual foi tra-
duzido como SIE – Sistema de Informações Executivas. Este tipo
de sistema de informação tem como objetivo primordial ampliar
as possibilidades de alternativas para problemas organizacionais,
assim como permitir a exploração das informações disponíveis
que possibilitem ao gestor traçar novos rumos e comportar-se de
maneira proativa face ao ambiente em que se encontra (BEUREN;
MARTINS, 2001, p. 7).

NOVAS DESCOBERTAS

Título: Sistema de Informações Executivas: suas características e reflexões


sobre sua aplicação no processo de gestão
Autores: Ilse Maria Beuren e Luciano Waltrick Martins
Ano: 2001
Sinopse: este artigo trata sobre a evolução dos sistemas de informação de
acordo com as necessidades organizacionais, face ao anseio de otimizar o
desempenho e garantir o cumprimento de sua missão, faz com que seus
administradores busquem alternativas na Tecnologia da Informação.

Contudo, não basta somente a instrumentalização de sistemas para que o ges-


tor adquira as competências necessárias para conduzir mudanças e alcançar a
eficiência esperada. O acesso ao conhecimento e o aperfeiçoamento contínuo é
que podem auxiliá-lo nesse processo. Para saber mais, confira o nosso podcast.

54
UNIDADE 2

Bem-vindo(a) ao segundo episódio do PodSI, o Podcast de


Sistemas de Informação, que traz informações sobre o uni-
verso não só de SI, mas da digitalização da Gestão Pública
e os avanços no país e no mundo rumo à inclusão digital.
Neste segundo episódio, nós falaremos sobre competências
essenciais de liderança para o setor público brasileiro. Ficou
curioso(a)? Então, aperte o play!

A experiência é um dos aspectos que favorecem o desenvolvimento de boas práticas


na Gestão Pública. Por vezes, um gestor conduz um projeto de sucesso em determi-
nada área e tenta aplicá-lo em outro segmento. Será esse o caminho mais adequado?
Que tal confiar na possibilidade de primeiro conhecer experiências sobre o que foi
feito em outros lugares para alcançar o mesmo objetivo que você pretende?

NOVAS DESCOBERTAS

Título: Startup.com
Ano: 2001
Sinopse: quem nunca imaginou ser dono do seu próprio negócio ou
criar algo novo que facilitaria a vida das pessoas? Pois esse filme re-
lata a inovação dos amigos Kaleil Isaza Tuzman e Tom Herman: criaram um
sistema que revolucionaria o processo de multas de trânsito das prefeituras,
o GovWorks.com. Startup.com é um documentário norte-americano estrea-
do em 25 de maio de 2001 e dirigido por Chris Hegedus e Jehane Noujaim.
Ele acompanha a criação e a falência da empresa GovWorks.com durante os
anos de 1999 e 2000.

55
UNIDADE 2

Nossa proposta, nesta unidade, foi apresentar o contexto sobre a atual defi-
nição de sistemas e sua classificação. A partir da contribuição das diversas
ciências, discorremos sobre como o conceito foi desenvolvido e, principal-
mente, destacamos a base da compreensão que envolve o funcionamento de
sistemas, em que as partes constituem o todo.
Avançamos sobre a aplicação de Sistemas de Informação como um sistema utili-
zado para processar dados e gerar informações. Demonstramos que o SI se apresenta
em diversas modalidades, como automatizado (computadorizado) ou manual, e o seu
processo de funcionamento inclui pessoas — para gerenciamento da informação —,
equipamentos, metodologia de coleta, dados, processamento, informação, transmis-
são e propagação das informações — resultado dos dados manipulados.
A contribuição, até o momento, foi evidenciar um arquétipo básico de SI e suas
tipologias para compreender que existem modalidades simples e complexas de apli-
cação, com entradas e saídas, algumas mais e outras menos avançadas em tecnologia.
E, como cada classificação está relacionada a uma finalidade de processamento,
avançaremos em uma perspectiva de proposição para o setor público a partir da
Arquitetura de Sistemas de Informação (ASI). Siga em frente e tenha ótimos estudos!

56
1. Uma das propostas de análise de sistema está relacionada a utilizar um mecanismo
decomposto em partes. Cada “divisão” tem uma denominação e uma finalidade,
como, por exemplo, a entrada que representa tudo o que é necessário para o siste-
ma operar, sendo esses recursos obtidos externamente.

Com base na proposta de análise de sistema apresentada no texto, avalie as afirma-


ções a seguir como V para verdadeiras e F para falsas.

I - Os produtos acabados ou os serviços prestados estão relacionados à saída, que


são os resultados que o sistema entrega ao meio interno e externo.
II - O feedback representa os tipos de saídas registrados no sistema, sendo esses
resultados os subsídios para propor modificações em outras partes do sistema.
III - Além da entrada, as demais “divisões” de análise de sistema são denominadas:
entradas, componentes, saídas e retroalimentação ou feedback.
IV - Os procedimentos no sistema para transformar os elementos de entrada, como,
por exemplo, a matéria-prima, em produto final referem-se aos componentes.
As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:

a) V, F, F, F.
b) F, F, V, V.
c) F, V, F, V.
d) V, F, F, F.
e) F, V, V, V.

2. Duas modalidades principais de classificação de sistemas foram definidas para os


objetivos dos nossos estudos: os Sistemas Abertos e os Sistemas Fechados. As duas
classificações foram identificadas ainda na fase inicial da Teoria Geral de Sistemas
(TGS) e permanecem até os dias atuais com as mesmas designações. Com base no
Sistema Aberto, analise as asserções a seguir.

I - Corresponde à interação entre a organização e o ambiente em que ela atua.

PORQUE

II - O seu funcionamento ocorre a partir da interação entre suas próprias partes.


A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

57
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.
b) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
e) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

3. O Sistema Tributário Constitucional regula a atividade tributária e é composto por


contribuição de melhoria, taxas e impostos, sendo regido pelos princípios constitu-
cionais da legalidade, da isonomia e da anterioridade. Com base nessa perspectiva,
identifique, a seguir, a alternativa correta sobre a definição do termo sistema.

a) Sistema pode ser definido como um conjunto de partes, componentes que inte-
ragem entre si, de forma ordenada, a fim de atingir um objetivo comum.
b) Sistema pode ser definido como um aglomerado de partes, cujos componentes,
ao se comunicarem entre si, propõem um objetivo em comum.
c) Sistema pode ser definido como um instrumento de partes que interagem entre
si de forma ordenada, a fim de indicar um possível objetivo comum.
d) Sistema pode ser definido como um conjunto de partes, componentes, que inte-
gram uma forma ordenada isolada, com foco em um objetivo comum.
e) Sistema pode ser definido como um aglomerado de componentes que interagem
entre si de forma espontânea, a fim de atingir um objetivo comum.

4. Algumas tipologias de Sistemas de Informação (SI) são utilizadas de maneira mais


recorrente na Gestão Pública, como os Sistemas de Processamento de Transações
(SPT) e os Sistemas de Informação Gerenciais (SIG). Cada classificação está relacio-
nada a determinada finalidade de processamento.

Com base nos Sistemas de Processamento de Transações (SPT), analise as afir-


mações a seguir.

I - Coleta dados importantes do resultado de uma interação entre a organização


e o ambiente de negócios.
II - A sua complexidade permite coletar dados que são gerados pelos resultados
de um processo operacional.
III - Os SPT são responsáveis pela coleta de todo e qualquer dado inserido no am-
biente organizacional.
IV - Trata-se de uma tipologia de Sistema de Informação utilizada para auxiliar no
processo de tomada de decisão.

58
É correto o que se afirma em:

a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

5. Duas são as principais classificações de sistemas: os Sistemas Abertos e os Sistemas


Fechados, os quais foram identificados desde os primórdios da Teoria Geral de Sistemas
(TGS). A distinção entre os sistemas se dá pela forma como funcionam e interagem.

Com base nos Sistemas Abertos e Sistemas Fechados no ambiente de gestão, avalie
as afirmações a seguir como V para verdadeiras e F para falsas.

I - No Sistema Fechado, as relações de seu funcionamento ocorrem de maneira


constante e mutável.
II - O Sistema Aberto corresponde à interação entre a organização, a sociedade e o
ambiente em que ela atua.
III - O Sistema Fechado é independente do meio interno, porque funciona interagin-
do com suas próprias partes.
IV - O Sistema Aberto é dependente do meio externo, porque funciona interagindo
com suas próprias partes.
As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:

a) F, F, F, V.
b) F, V, F, F.
c) F, V, F, V.
d) V, F, V, V.
e) V, V, F, F.

6. Polloni (2000) nos elucida com algumas orientações básicas para um SI ser consi-
derado eficiente. Uma de suas instruções é de que um SI eficiente deve resultar na
produção de informações necessárias, confiáveis, em tempo hábil, custo adequado,
dentro dos requisitos operacionais e gerenciais de tomada de decisão.

POLLONI, E. G. F. Administrando Sistema de Informação. São Paulo: Futura, 2000.


De acordo com as demais premissas apresentadas por Polloni (2000), avalie as
afirmações a seguir.

59
I - Estruturar e manter dispositivos de controle interno para garantir a confiabilidade
das informações de saída e proteção adequada aos dados controlados pelo SI.
II - Manter um fluxo de procedimentos, tanto internos quanto externos ao proces-
samento, de maneira integrada, racional, rápida e com menor custo admissível.
III - O SI deve estar integrado à estrutura organizacional para auxiliar na coordenação
dos diferentes setores, distante, portanto, da interligação entre eles.
IV - As diretrizes do SI devem assegurar a realização de todos os seus objetivos de
maneira direta, com velocidade, dando conta da complexidade e eficiência.
É correto o que se afirma em:

a) I, II e IV, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

7. Sistemas utilizados para processar dados e gerar informações são designados como
Sistemas de Informação (SI). Com possibilidade de ser computadorizado ou manual,
o processo de funcionamento de SI envolve equipamentos, pessoas, dados, me-
todologia de coleta, processamento, informações, transmissão e propagação das
informações que constituem os resultados dos dados manipulados.

60
Assim, com base em SI automatizado, analise as asserções a seguir.

I - Para executar o SI automatizado, é necessário o recolhimento, armazenamento


(banco de dados), análise e distribuição da informação como recurso favorável
à tomada de decisões.

PORQUE

II - Sendo o SI automatizado, o atrelamos aos componentes de telecomunicações


e às tecnologias de informação e comunicação — software de propósito geral,
hardware do computador.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justifi-


cativa correta da I.
b) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
e) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

61
3
Sistemas de
Informação
Aplicados à
Gestão Pública
Me. Lilian Chirnev

Olá, aluno(a)! Nesta unidade, nosso enfoque é aprofundar nossas dis-


cussões sobre as diversas aplicações de SI, evidenciando a finalidade
de sua implementação na Gestão Pública, com intuito de melhorar os
processos administrativos, otimizando o desempenho dos serviços
públicos para obter um controle mais efetivo dos gastos públicos e
aprimorar a qualidade dos atendimentos à população. Para tanto,
descreveremos quais são os principais sistemas de informação e suas
finalidades de aplicação na gestão pública, bem como o processo de
implantação de sistemas e sua integração, a partir da perspectiva da
Arquitetura de Sistemas de Informação (ASI). Ótimos estudos!
UNIDADE 3

Você já tomou alguma decisão por impulso? Talvez o momento não tenha fa-
vorecido pensar sobre as consequências da sua decisão. Ou mesmo foi a falta de
tempo que impediu você de descobrir todas as informações possíveis para poder
pensar sobre qual decisão seria a melhor. Ou realmente você simplesmente não
se importa em buscar informações e prefere decidir de maneira intuitiva sempre.
Agora, reflita sobre esse mesmo aspecto, mas se imaginando na condição de
gestor público. Como você agiria quando fosse necessário tomar uma decisão
sobre sua cidade? Qual seria sua primeira medida antes de tomar uma decisão?
Você buscaria informações? Onde você buscaria essas informações? Você per-
guntaria a alguém experiente na sua área o que deve fazer? Ou apenas faria uma
busca no Google para ler e assistir tudo sobre o tema?

64
UNIDADE 3

É necessário ponderar que decisões impulsivas no âmbito particular afetam você


e os seus. Quando se trata de gestão pública, suas decisões afetam diretamente a
população. O rigor em relação ao uso do recurso público se dá da mesma forma.
Um prejuízo financeiro pessoal não se compara ao uso inadequado de recursos
públicos que podem gerar consequências graves como, por exemplo, a morte de
diversos pacientes em um hospital público por falta de oxigênio.
Por isso, todos os recursos necessários para garantir uma decisão mais as-
sertiva devem ser acessados. E com as novas tecnologias de informação e comu-
nicação, avançamos na execução de SIs utilizados para esta finalidade, à medida
que os dados são registrados e as informações são processadas, oferecendo um
cenário mais apropriado para subsidiar a decisão do gestor público.
Imagine que o número de habitantes de determinado bairro aumentou significa-
tivamente e a secretaria municipal de educação recebeu demanda de pais de alunos
para matricular seus filhos mais próximo de suas casas. A reclamação é que o tempo
de deslocamento das crianças até a escola mais próxima pode chegar até uma hora.
Na fase inicial de ocupação da área por residências, não havia crianças em volume
suficiente para justificar a criação de uma nova unidade escolar. Passados sete anos
desde então, o crescimento do bairro agora conta com muitas crianças e a instalação
de um equipamento público de educação infantil agora se faz necessária.
A referência para a pasta municipal iniciar os estudos sobre a possibilidade
de construção da nova escola no local são os dados registrados na Ouvidoria da
secretaria com o pedido dos pais, e os dados estimados de crescimento popula-
cional do município apresentados pelo Censo Demográfico do Instituto Brasilei-
ro de Geografia e Estatística (IBGE). Agora que você tem uma referência de onde
buscar informações, que tal verificar a estimativa de crescimento populacional da
cidade onde você mora? Acesse o site da página do IBGE pelo QR Code.

65
UNIDADE 3

Os dados do Censo Demográfico não se referem apenas a quantificar os habi-


tantes do território brasileiro. A pesquisa revela ainda as características da popu-
lação, como renda, idade, gênero, escolaridade etc. As informações produzidas
podem subsidiar a construção e manutenção de políticas públicas, bem como
apontar eventuais investimentos para iniciativa privada oferecer produtos e ser-
viços. Aproveite a navegação na página do IBGE, anote no seu Diário de Bordo
as descobertas que mais chamaram sua atenção sobre seu município e questione
a razão pela qual esses dados não estão atualizados. Será que faltou recurso para
fazer a pesquisa do Censo 2020? Quais serão os impactos no planejamento e
gestão das políticas públicas, visto que as informações apresentadas não são com-
patíveis com a realidade? Como um gestor pode planejar a política de habitação
social, por exemplo, se com a ausência do Censo não há dados sobre número de
pessoas residentes, e se as moradias são próprias, alugadas ou cedidas?

66
UNIDADE 3

Conhecido na literatura norte-americana como Management Information Sys-


tems (MIS), os Sistemas de Informação Gerencial (SIG), como explica Chiave-
nato (2003, p. 429), constituem sistemas computacionais capazes de proporcio-
nar informações como matéria-prima para todos os processos de tomadas de
decisões feitas pelos participantes tomadores de decisão dentro da organização.
Os SIG são formados por uma combinação de sistemas de computação, pro-
cedimentos, pessoas e ainda tem como base um banco de dados (um sistema de
arquivos interligados e integrados) e pode ser aplicado à gestão/administração
sob diversas modalidades. Nosso objetivo é apresentar o modelo mais recorrente,
geralmente implementado com a finalidade de aprimorar o processo de gestão,
seja com o intuito de melhorar o desempenho gerencial ou mesmo garantir o
cumprimento de objetivos estruturados.


Dessa forma, os processos decisórios necessitam de eficiência, eficá-
cia e confiabilidade. Para isso, é necessário utilizar ferramentas que
permitam a coleta, tratamento, processamento e armazenamento
de informações. Nesse contexto, temos a tecnologia da informação
(TI), que além de reduzir a redundância de informações e agilizar os
processos organizacionais, organiza e armazena os dados, obtendo
informações e gerando conhecimento (AFFONSO, 2018, p. 13).

67
UNIDADE 3

É importante salientar que o gestor, por ocasião da sua demanda – seja


esta a implantação ou mesmo o aperfeiçoamento de um sistema já im-
plantado – deve necessariamente consultar um profissional de sistemas
de informação para atender à finalidade proposta. Este profissional pode
ser um funcionário/servidor da organização/instituição ou mesmo um
consultor externo a ser contratado.
Para efeito dos nossos estudos, porém, vamos apresentar o que na
rotina de gestão pública é mais recorrente de aplicação de SI, geralmen-
te identificado nos setores envolvidos em processos de transações e de
gerenciamento. Dessa forma, atrelamos a este contexto o processo de to-
mada de decisões.
De acordo com Sanches (1997), essa atividade é exercida na dinâmica
da rotina de trabalho, submetido a pressões relacionadas ao ambiente
público, em que o monitoramento das atividades é essencial para tomada
de decisões ou mesmo a avaliação de desempenho, justamente para efeito
comparativo de sucesso ou não das decisões anteriores implementadas.
Segundo o supracitado especialista, os ingredientes básicos para am-
bas as atividades (tomada de decisão e avaliação da decisão tomada) são
informação, preferências do decisor e intuição. A informação está relacio-
nada à sua disponibilidade para gerar o conhecimento (histórico, factual
e prospectivo) necessário ao processo de decisão e/ou avaliação.
No que se refere às preferências do decisor, o processo de decisão inclui,
além da informação, as experiências vivenciadas do decisor. Geralmente, sua
escolha está pautada também nas suas referências de sucesso do passado.
Quanto à intuição, esta engloba a informação e as preferências e ainda a
“ação do lado criativo da mente – aquilo que De Bonno (1970) chama de
pensamento lateral –, por constituir a intuição uma qualidade essencial aos
bons decisores” (SANCHES, 1997, p. 69).
Como alerta Sanches (1997, p. 69), nem sempre o decisor possui todas
as informações necessárias para sua tomada de decisão, então, mesmo exer-
cendo seus julgamentos e seguindo sua intuição, é importante ter atenção
quanto aos cinco estágios que caracterizam as tomadas de decisões, sendo:

68
UNIDADE 3

anúncio do problema
e significado daquele
contexto;

pesquisa sobre
as possíveis
alternativas para
sanar o problema
identificado;

pensar quais
podem ser as
possíveis
consequências de
cada alternativa
pensada para
resolver o
problema; da mesma forma,
determinar os
possíveis
resultados a partir
de cada
alternativa;

definir a melhor
alternativa sob a
perspectiva de todo
o curso de execução.

69
UNIDADE 3

Apesar do “passo a passo” descrito, outros fatores estão embasados no pro-


cesso de tomada de decisão e de avaliação da decisão, como a qualidade das
informações concedidas ao decisor ou ao grupo de decisores, da capacidade dele
(ou deles) de interpretar de maneira correta as informações fornecidas e até a sua
capacidade (as suas capacidades) em aliar a sua experiência a cada alternativa
pensada para resolver o problema e seus possíveis efeitos.
Nas organizações públicas, outras dificuldades se impõem, como as decisões
e avaliações que ocorrem de modo mais fragmentado, portanto, mais lento se
comparado à área privada, seguindo premissas inerentes à burocracia presente
na administração pública, em que as decisões em geral estão submetidas a vários
departamentos e procedimentos.
Por isso, um sistema de informações de apoio à decisão, seja nas áreas de pla-
nejamento ou controle operacional, pode antecipar problemas, agilizar processos
e evitar agravantes gerados por eventuais prejuízos.


É por essa razão que as organizações, a fim de instruir os processos
decisórios críticos (estratégicos) que lhes são peculiares, estruturam
sistemas de apoio – usualmente chamados “sistemas de informação
gerencial” ou “sistemas de apoio a decisões” –, com vistas a tor-
nar disponíveis informações selecionadas, organizadas de acordo
com seu ambiente operacional e com as necessidades dos decisores
(SANCHES, 1997, p. 70).

70
UNIDADE 3

Sanches (1997) afirma que as áreas com maior demanda de decisões críticas, ou
seja, decisões a partir de demandas não estruturadas e com caráter estratégico, são
as administrativas, operacionais e de resultados. Nesses setores, o risco é constante
em relação a uma decisão errada provocar prejuízos irreparáveis e até danos ao
objetivo final proposto pelos colaboradores da organização.
Esse é o argumento pelo qual se justifica a necessidade de implantação de sis-
temas de apoio às decisões e/ou sistema de informação gerencial, sendo represen-
tado pela implantação de um SIG, com a finalidade de proporcionar informações
selecionadas disponíveis, estruturadas de acordo com seu ambiente operacional
e com as obrigações dos decisores.


Os sistemas de informação gerencial têm assumido utilidade cres-
cente também pelo seu potencial para fundamentar o planejamento
– em todas as suas etapas –, para dar consistência às ações políticas
(pelo fato de as organizações modernas tenderem à complexidade
em decorrência das novas tecnologias e demandas do ambiente),
para apoiar o exercício de novas atribuições pelas gerências do setor
público (cujas responsabilidades passaram a englobar preocupações
com qualidade e produtividade) e para ordenar de forma integrada
o volume crescente de informações tornado disponível na socieda-
de moderna (SANCHES, 1997, p. 70).

A importância dos sistemas de informações se justifica também por essa relação de


estruturar modelos de separação de informações que são realmente relevantes e de
acordo com a atividade desempenhada, a partir do referencial do trabalho desem-
penhado, armazenando somente os dados selecionados, evitando interpretações
erradas e, por consequência, reduzindo o potencial de erro da tomada de decisão.


Esse conjunto de circunstâncias, aliado à velocidade das transfor-
mações no mundo moderno, leva a que os processos decisórios
das organizações se refiram, com crescente frequência, as deci-
sões não-rotineiras de maior complexidade, exigindo sistemas de
apoio cada vez mais bem estruturados e a atuação sistemática do
especialista (gerente de informação) na integração de elementos
informacionais, para o adequado atendimento às necessidades de
decisores particularizados. É preciso ter bem claro, entretanto, que

71
UNIDADE 3

no nível das gerências superiores as informações propiciáveis por


sistemas de apoio a decisões nem sempre se destinam a informar.
Dada a quantidade de canais de comunicação de que tais gerências
dispõem e que as submetem a um permanente “bombardeio” de
informações atualizadas, o gerente tende a adquirir um conheci-
mento bem mais amplo, particularizado e multidimensional da
realidade do que o sistema poderia lhe propiciar. Sob tais circuns-
tâncias, a grande importância do sistema – além da indexação dos
dados selecionados em arranjos predeterminados – passa a ser a de
proceder ao saneamento da informação, quando a pluralidade das
comunicações acabe por gerar “ruídos” (em razão de redundâncias
ou desencontros nos dados e notícias transmitidos) e oferecer ele-
mentos complementares (SANCHES, 1997, p. 71).

PENSANDO JUNTOS

Mas quando pensamos em Sistemas de Informação, que tipo de análise devemos em-
preender para saber se realmente nosso setor ou atividade precisa desse subsídio? Por
onde devemos começar essa análise? A primeira medida a ser considerada é conhecer o
perfil do problema identificado por você. A necessidade de implementação de um sistema
se dá justamente se esse problema vai demandar contínuo monitoramento ou não.

Para atender à complexidade da administração pública, os gestores precisam de


instrumentos, métodos e técnicas eficientes para executar suas funções de tra-
balho. Os dados a serem interpretados e as respostas alcançadas nesse processo
estruturam o planejamento e a administração das atividades e competências de
projetos, programas ou o todo de determinada organização/instituição pública.
Por isso, a estruturação de um sistema de informação aplicado à gestão
pública nem sempre é necessária, por vezes, uma pesquisa supre a demanda
identificada. O ponto de partida para alcançar a decisão sobre a necessidade
ou não de implantação de um SI é a demanda por informações. Se há um
questionamento específico a ser respondido no setor ou na organização
como um todo e, depois de gerada a resposta ou geradas as respostas, esta
ou estas alicerçarem outras novas questões, o indicativo é de viabilidade para
estruturar um banco de dados da própria organização como os Sistemas

72
UNIDADE 3

de Processamento de Transações (SPT) e, dessa forma, nos sistemas mais


avançados compor os Sistemas de Informação Gerenciais (SIG).


Com o Sistema de Informação estruturado, a forma como as in-
formações são apresentadas aos gestores proporciona uma visão
ampla das possibilidades de decisões e garante à empresa agilidade
no tempo de reação às mudanças do mercado que se torna possível
por meio de fontes seguras (ATHAYDE; MAIA, 2019, p. 71).

Como afirmam Beuren e Martins (2001), a ampla literatura sobre sistemas de infor-
mações contempla em sua maioria obras dedicadas aos sistemas de informações nas
áreas transacionais e gerenciais. No segmento transacional, os sistemas de informações
têm o objetivo de concretizar e armazenar as operações realizadas na organização.
O pagamento de um boleto (parcela) do carnê do Imposto Predial e Territorial
Urbano (IPTU), por exemplo, representa uma transação. Os dados (transações)
sobre o pagamento de IPTU de todos os imóveis da cidade estão armazenados
no SPT mantido pela secretaria municipal de Fazenda.

73
UNIDADE 3

São os SPT responsáveis pela coleta de todo e qualquer dado considerado im-
portante que seja resultado dessa interação entre a organização e o “ambiente
de negócios” (cidadão pagando o boleto de IPTU à prefeitura), ou mesmo de
outros diversos processos operacionais internos, como compra de produtos e
pagamentos de serviços contratados. Nesse sentido, os dados registrados no SPT,
basicamente, podem ser classificados como fatos e estatísticas, porque são nú-
meros (dados) que registram um processo específico.
Mas como saber se além do SPT é necessário avançar e implantar um SIG
para dar conta de determinada atividade no setor público? Beuren e Martins
(2001) exemplificam da seguinte forma:


Nas instituições financeiras, por exemplo, uma transação pode
representar um depósito, saque ou aplicação feita pelo correntis-
ta. Em um hospital, uma transação pode ser considerada como a
internação de um paciente, ou uma requisição de exame médico.
Estas transações são manipuladas e gerenciadas pelos sistemas de
informações gerenciais – SIG. Estes sistemas têm como objetivo
auxiliar a organização a alcançar maior eficiência. Propiciam, aos
gerentes, informações que orientam as tomadas de decisão e o mo-
nitoramento de suas tarefas (BEUREN; MARTINS, 2001, p. 8).

De maneira simples, podemos afirmar que tal decisão (se além do SPT é neces-
sário avançar e implantar um SIG) depende do objetivo que você quer alcançar,
ou, dito de outra forma, tudo depende da pergunta que você pretende responder.
Vamos utilizar um outro caso hipotético para ilustrar o presente raciocínio.
Os dirigentes de uma escola de ensino fundamental, localizada na área central
da cidade, identificaram aumento expressivo de ausência de alunos de um mês
para outro. Essa falta em sala de aula foi identificada pelos professores e registrada
no SPT. A princípio não há nada que indique uma justificativa para o problema.
No SPT os dados demonstram estatisticamente a presença e falta dos alunos
na sala de aula, mas os dados por si não revelam a causa. De maneira comparativa,
os dados apresentaram uma crescente de falta de apenas um mês para o outro.
Também no mesmo sistema verificou-se que as ausências estão ocorrendo em
séries diferentes. Uma forma de descobrir o que causou essa mudança pode ser
uma reunião com os pais dos alunos. Em uma conversa, que é um modelo de

74
UNIDADE 3

pesquisa, questões são feitas para entender as causas relacionadas ao efeito, ou


seja, perguntar aos pais a razão pela qual seus filhos faltaram mais naquele mês.

Nesse caso citado, não é necessário estruturar, a princípio, um novo banco


de dados ou implantar sistemas de informações mais avançados se na pes-
quisa realizada foi identificada a causa do aumento da ausência de alunos
na escola, por exemplo, a falta de transporte público.
Este é um caso em que a pesquisa, usada como ferramenta esporádica, pode
fazer avaliações de curto prazo, sem a necessidade de alterar o SPT em uso ou
de implantar um SGI, ou mesmo implantar novos sistemas de informações mais
avançados apenas para responder a uma questão.
Entretanto, se, com a pesquisa, novas questões forem geradas, por exemplo,
a partir das entrevistas com os pais, constata-se que as causas da ausência são
diversas e até existe uma relação entre as ausências nesta e em outras unidades
escolares, essa situação pode indicar a necessidade de aplicar a pesquisa de ma-
neira contínua, em razão desta ser uma demanda de investigação mais complexa
e caso de determinação em longo prazo.
A pesquisa, definida como o interesse planejado em obter conhecimen-
to para direcionar as decisões administrativas, determinando adequações,
oportunidades, tendências, antevendo adversidades e até impulsionando
novas atuações, deve ser desenvolvida a partir de fontes confiáveis interna
e/ou externa. Uma fonte de pesquisa interna pode ser desde os servidores
atuantes em determinado setor ou os usuários do serviço público. As fontes

75
UNIDADE 3

externas de pesquisa podem ser outros órgãos governamentais, institutos


de pesquisa especializados, instituições de ensino etc.
Os dados a serem coletados na pesquisa também podem ser classificados
como primários e secundários. Os considerados primários são os coletados du-
rante a execução da pesquisa, direto com o objeto da pesquisa, apurados pela
primeira vez. Os dados secundários são os que já estão publicados e disponíveis,
coletados a partir do resultado de uma pesquisa anterior realizada (KOTLER,
2007), como é o caso do Censo Demográfico do IBGE.
Contudo, os dados dispersos não produzem nenhuma informação. A organização
dos dados que respondem às questões geradas é que caracteriza a informação. Nesse
sentido, são os dados primários e secundários, coletados de fontes internas e exter-
nas, que, após organizados e analisados, podem vir a estruturar um banco de dados
próprio da organização e, dessa forma, compor um SIG integrado à organização.
A partir da decisão de implantação de um sistema ou um SIG, no caso de nos-
sos estudos, a organização ingressa no processo de desenvolvimento e implantação
deste, sucedendo então todos os processos a serem respeitados e seguidos para se
obter sucesso em sua implantação. O desenvolvimento de sistemas requer a criação
de novos programas ou adaptar as mudanças a um programa já existente.


A implantação de um SI visa ao aperfeiçoamento do processo da
organização. Entenda-se processo como uma série de tarefas exe-
cutadas para atingir um resultado pré-estabelecido. A introdução
ou modificação de um SI é causadora de mudanças na organização
uma vez que o aperfeiçoamento do processo implica em alterações
nas atividades, nas tarefas, nos relacionamentos e nas práticas de
trabalho das pessoas. A essa ‘reação em cadeia’ Chiavenato (1998)
dá o nome de efeito multiplicador da mudança organizacional, pois
uma mudança em qualquer das quatro dimensões (estrutura orga-
nizacional, tecnologia, produto/serviço e cultura/pessoas) nunca
ocorre isoladamente (SOUZA; SILVA, 2002, p. 5).

Conforme Stair (1998), o desenvolvimento do sistema deve incluir a participação


de todos os profissionais do setor ou mesmo da organização – dependendo do
sistema a ser implantado –, porque este sistema será utilizado para controle das
atividades de rotina e até para tomada de decisões. Além disso, o profissional de
cada setor ou no desempenho de suas atribuições profissionais conhece com

76
UNIDADE 3

profundidade sua realidade de trabalho e pode contribuir e muito para o aper-


feiçoamento do sistema a ser implantado.

EXPLORANDO IDEIAS

Os SIs podem oferecer subsídio permanente para realização de pesquisa e prospecção,


aglutinando os estudos comprometidos em obter informações a respeito de futuros
acontecimentos para subsidiar as decisões no presente. A utilização de sistemas de in-
formações, como suporte prospectivo e estratégico, fornece subsídios para a tomada de
decisão e reduz a possibilidade de erros quando é necessário dar respostas estruturadas
para projetar ações e identificar os possíveis efeitos de curto, médio e longo prazo.
Fonte: adaptado de Coelho (2003).

Stair (1998) explica que o processo para implantação de sistemas de informações,


utilizado na maioria das empresas, segue cinco fases. A primeira é a avaliação,
seguido de análise, depois a estruturação do projeto, a implementação do sistema
e manutenção e, por último, a revisão.
Esse procedimento atribuído em etapas é essencial por causa da necessidade
de a implementação ser instituída dentro de prazos estipulados para construção
do projeto, identificando em tempo hábil as modificações e correções necessárias,
bem como identificar na aceitação dos usuários medidas mais viáveis de sua
execução e funcionamento.

77
UNIDADE 3

No caso de mudanças mais significativas no sistema du-


rante essas fases, sendo feitas as revisões e avaliações, con-
frontando os problemas e as possíveis soluções, as ações
de correções indicadas podem até serem inviabilizadas
dependendo do agravante identificado, por exemplo, os
usuários não conseguirem manipular os dados ou mesmo
não atender às metas estipuladas de geração de dados e
informações. Nesse caso, um novo projeto de SIG pode
ser a opção mais adequada.

Devemos lembrar que o SIG é constituído de equipamentos,


pessoas, processo de coleta de dados, classificação, análise e
posterior distribuição de informações que sejam necessárias,
precisas e também atualizadas, para municiar os responsáveis
pela tomada de decisões (KOTLER, 2007). Importante enfatizar
que o ciclo de funcionamento do SIG começa e termina com os
usuários das informações, ou seja, os gestores, colaboradores e
público atendido pela organização. São eles a fazer os questio-
namentos que impulsionam novas pesquisas e, cujas respostas,
que findam o ciclo do sistema, retornam a eles para contribuir
com a tomada de determinada decisão (KOTLER, 2007).

Para modelar o sistema de classificação e análise, o


mais indicado é recorrer ao uso de tecnologias de in-
formação. Existem inúmeras ferramentas de softwa-
re para o desenvolvimento de modelos, tanto livres
quanto comerciais (KOTLER, 2007). A decisão sobre
qual modelo é o mais adequado depende do tamanho
da organização, da quantidade de recursos disponível
para investimento, pessoal habilitado para manipular
os dados, nível de complexidade do sistema, a frequên-
cia de demandas por informações, enfim, todos esses
fatores devem ser levados em consideração.

78
UNIDADE 3

E como afirmado anteriormente, o ideal é consultar um profissional de sis-


temas de informação para tomar a decisão mais adequada e garantir o aperfei-
çoamento necessário para manutenção e alimentação (com dados) do SIG. Além
disso, o quesito comportamento humano deve ser levado em consideração na
implantação dos sistemas de informações. É normal qualquer mudança implicar
em reações adversas no ambiente de trabalho.

O comportamento dos colaboradores, seja no sentido de rejeitar a nova ferra-


menta de trabalho ou de contribuir para efetivação do projeto idealizado, deve
ser observado. De acordo com Cruz (1998), os colaboradores estão suscetíveis a
quatro estágios de comportamentos distintos em relação ao novo sistema. Um
deles é o estágio de rejeição, no qual o indivíduo não aceitou a mudança na forma
de trabalho e, portanto, não percebeu as vantagens proporcionadas pelo sistema.
Outro estágio pode ser o de boicote, sendo a rejeição o gatilho negativo
para trabalhar com o sistema, utilizando-o de maneira errada para alterar o
resultado projetado. Após o boicote, os colaboradores iniciam a percepção

79
UNIDADE 3

dos benefícios gerados pelas mudanças, o que não necessariamente significa


sucesso do novo empreendimento. Ainda é necessário o estágio de coo-
peração: mesmo passados os estágios de obstáculos, um monitoramento
contínuo garante a manutenção e progresso do uso do SIG.
Souza e Silva (2002) destacam alguns fatores de resistência à implantação de
um sistema de informação, entre os quais se destaca o que Goldberg (1998) chama
de “tecnoangústia”, que basicamente se trata de sentimento negativo motivado pelas
mudanças tecnológicas, sendo o aspecto considerado o mais difícil porque consis-
te em aceitar o fato de que é necessário mudar. As novas tecnologias exigem dos
profissionais o desenvolvimento de novas habilidades. “As mudanças tecnológicas
apavoram as pessoas porque destroem a sensação de segurança pessoal resultante
da instrução, do treinamento e da experiência” (SOUZA; SILVA, 2002, p. 5).

NOVAS DESCOBERTAS

“Implantação de sistema de informação em uma organização pública: um


estudo de caso no Tribunal de Contas de Sergipe” é um artigo que apresenta
os principais resultados do estudo de caso que descreve as práticas de tra-
balho antes e após a implantação do sistema, as dificuldades enfrentadas
durante sua implantação, o perfil daqueles que viriam a ser seus usuários
e a participação da direção da organização no desenvolvimento do projeto,
buscando despertar uma reflexão de como esses fatores contribuíram ou
não para o sucesso do projeto (SOUZA; SILVA, 2002) . Disponível em: http://
www.anpad.org.br/admin/pdf/enanpad2002-adi-1969.pdf.

Avançamos nos nossos estudos sobre SI, mas sob o viés da Tecnologia da Infor-
mação (TI). Essa discussão se faz necessária em razão da amplitude que envolve
a utilização de Sistemas de Informações (SIs) e, em especial, como afirmam Tait
e Pacheco (1999), por causa dos modelos tradicionais de administração de in-
formática que foram elaborados em sua fase inicial contemplando a iniciativa
privada e não incluíam aspectos específicos do setor público.
Apesar de atualmente as empresas desenvolverem programas, tecnologias e
sistemas especializados para o setor público, existem distintas realidades no nos-
so país, em que a maioria dos municípios, devido à ausência de recurso ou mes-
mo de vontade política, são geridos sem qualquer instrumentalização tecnológica

80
UNIDADE 3

e informacional, e quando existente padece de manutenção e os servidores não


estão qualificados para desempenhar suas funções com o uso dessas ferramentas.
Por isso nossa preocupação em delinear as dificuldades encontradas no setor
público na área da informática, retomando a referência de 1999 de Tait e Pacheco,
cujo estudo ainda reflete a realidade da gestão pública brasileira. Por exemplo,
refere-se muitas vezes às condições estruturais precárias disponibilizadas na ad-
ministração pública como ferramentas ultrapassadas em termos tecnológicos.
Outra particularidade é que o setor de sistemas de informações está
inserido no contexto de processos políticos de tomada de decisão, sendo
submetido às decisões que nem sempre levam em consideração somente
as informações demonstradas no sistema. Ou seja, em algumas ocasiões os
interesses políticos se sobrepõem às informações apresentadas no sistema,
sendo o primeiro quesito considerado no processo decisório.
A criação e/ou a manutenção de sistemas de informações na administração
pública convive também com maior rigidez dentro da estrutura organizacional,
enfrentando muitas vezes escassez de recursos humanos e financeiros. Tait e Pa-
checo (1999) chamam a atenção para outro inconveniente: a descontinuidade ad-
ministrativa a cada quatro anos, ou seja, convivendo a cada troca de governantes
com uma nova forma de pensar o setor de sistemas de informações. Em alguns
casos, novas demandas podem implicar em novos sistemas ou o aperfeiçoamento
deles e, em situações mais limitantes, até a inviabilização do setor.
Em contrapartida, existem gestores públicos que, conscientes dessas situações
adversas e atentos às novas exigências de uso, tratamento e disseminação da in-
formação, podem propor a implementação de uma Arquitetura de Sistemas de
Informação (ASI), interligando todos os sistemas (seja de controle de atividades,
de tomada de decisão, de controle gerencial, de atendimento à população etc.) e
viabilizando sua manutenção e aperfeiçoamento constante.
O termo ASI está relacionado à evolução dos SI e é uma conceituação mais
abrangente sobre a arquitetura de dados, antes relacionada somente ao proces-
samento de dados na rotina de atividades de determinada organização, evoluiu
para os atuais sistemas de informações que dão conta de gerar informação e co-
nhecimento, incluindo nesse processamento uma visão organizacional integrada,
e incluindo a perspectiva de negócios públicos, da tecnologia disponível e dos
usuários internos (colaboradores) e externos (população) envolvidos (TAIT et
al., 1998 apud TAIT; PACHECO, 1999).

81
UNIDADE 3

Dentro desse contexto e no decorrer da evolução do uso dos SIs, foram acrescenta-
das à necessidade de seu planejamento a integração com a tecnologia de informação e
o envolvimento no ambiente organizacional, bem como a tecnologia de informação e
negócios, modificando a visão dos sistemas de informações de processador de tarefas
rotineiras para uma posição de arma estratégica nas organizações.

OLHAR CONCEITUAL

A ASI é a alternativa ao enfrentamento de problemas existentes, tais como descritos em sua amplitude
por Tait e Pacheco (1999), e podem ser agrupados em três eixos: questões institucionais, questões liga-
das aos SI e questões ligadas à cultura organizacional. Outros itens podem ser acrescidos na descrição
dos autores quanto aos problemas enfrentados, e neste espaço apenas alguns serão citados, tais como:

• não integração dos SI com negócios da


empresa e falta de pessoal qualificado para
planejamento de SI (TAIT, 1994, apud TAIT;
PACHECO, 1999, p.10);
• metodologias inadequadas de planejamento;
• SI subutilizados e não atendimento das
necessidades dos usuários;
• fornecimento de dados inseguros e
incompletos (LAUDON;LAUDON, 1996,
apud TAIT; PACHECO, 1999, p.10);
• não uso da informação para o
processo decisório por parte de
administradores públicos;
• falta de integração dos SI;
• redundância de SI e informações;
• ausência de SI de apoio à decisão;
• SI abandonados/modificados/indefinidos
por mudança de gestão e consequente
mudança de prioridade de governo;
• resistência de funcionários ligados aos
mainframes com a mudança para
plataforma cliente servidor;
• influências políticas;
• desconfiança nos novos gestores e não
observância da cultura organizacional.

82
UNIDADE 3

A partir do quadro de problemas tanto a nível geral de SI como específico do setor


público, torna-se premente a elaboração de uma ASI para poder viabilizar a ade-
quada gestão da informação no setor público, adotando como base as questões
institucionais e de cultura organizacional, que sustentam as atividades ligadas aos
desenvolvimento e implantação de SI (TAIT; PACHECO, 1999).


Ao abordarem aspectos relacionados e relevantes para o sucesso da
empresa, os SI podem ser contextualizados em uma arquitetura de
sistemas de informação (ASI), entendida como o estabelecimento
de um conjunto de elementos cuja finalidade é proporcionar um
mapeamento da organização no tocante aos elementos envolvidos
com o processo de desenvolvimento e implementação de um SI
(TAIT; PACHECO, 1999, p. 12).

Esta arquitetura de SI, de acordo com Tait e Pacheco (1999), engloba desde os
aspectos organizacionais (estrutura, objetivos, missão e metas), os negócios pú-
blicos, os SIs, a tecnologia disponível (configuradas como redes, software e hard-
ware, telecomunicações etc.) e também os usuários envolvidos (desenvolvedores,
operacionais e gerenciais).

NOVAS DESCOBERTAS

O Politize é uma rede de pessoas e organizações comprometidas com a


ideia de levar educação política para cidadãos de todo o Brasil, acreditando
que a tecnologia é uma grande aliada na difusão de conhecimento e de for-
ma fácil, divertida e sem vinculações político-partidárias. Acesse o QR Code
para conhecer o site.

No entanto, esta estruturação deve considerar quais as questões específicas


de cada organização, observando realmente quais são imprescindíveis para
a organização, seja para a identificação de barreiras ou mesmo de oportu-
nidades na implantação de um modelo de ASI.

83
UNIDADE 3


Os aspectos internos e externos da informática pública trazem
intrínseca a necessidade de uma estruturação adequada para su-
portar as atividades do processo de informatização, combinando
aspectos técnicos e organizacionais, que justificam a elaboração de
uma arquitetura de sistemas de informação (Tait et al., 1998), cujo
modelo em sua visão abrangente proporciona o mapeamento das
necessidades de SI no setor público (TAIT; PACHECO, 1999, p. 13).

Bem-vindos ao terceiro episódio do PodSI, o Podcast de Sis-


temas de Informação. Neste terceiro episódio, nós vamos
falar sobre a implantação de sistema de informação em uma
organização pública, apresentando um estudo de caso. Quer
saber como? Eu te respondo logo após o play !!!

O termo relacionado às novas exigências de uso, tratamento e disseminação


da informação é a ASI. A implementação de uma proposta de ASI na gestão
pública é a oportunidade de reduzir os danos causados pela realidade da ges-
tão pública, suscetível aos reflexos da política governamental, da influência de
políticas de curto prazo, ou até mesmo da ausência de capacidade gerencial
para lidar com sistemas de informações.

84
UNIDADE 3

NOVAS DESCOBERTAS

Título: Inovação no Setor Público: teoria, tendências e casos no Brasil


Autor: Pedro Cavalcante, Marizaura Camões, Bruno Cunha e Willber Se-
vero (orgs.)
Editora: Enap/IPEA
Sinopse: este livro consiste em uma coletânea de capítulos sobre inovação
no setor público, e é fruto de um esforço conjunto do Instituto de Pesqui-
sa Econômica Aplicada (Ipea) e da Escola Nacional de Administração Pública
(Enap) com diversos pesquisadores e servidores públicos de instituições que
fazem parte da Rede Inova Gov, como também colaboradores internacionais
referências no campo. A obra inclui capítulos com abordagens e estratégias
metodológicas variadas que contribuem para sistematizar o conhecimento
acerca da teoria, das tendências atuais e de casos de inovação de sucesso no
governo federal brasileiro. Neste sentido, a coletânea explora esse fenôme-
no complexo e cada vez mais estratégico no setor público em suas diferentes
esferas e setores. Assim, geram-se subsídios que qualificam o debate e a
prática inovadora e, sobretudo, contribuem para a construção de uma cultu-
ra de inovação na administração pública brasileira. O livro está disponível de
maneira gratuita. Para fazer o download basta acessar o QR Code.

Encerramos nesta unidade os aspectos mais técnicos relacionados ao contexto


dos sistemas de informações e de sua aplicação na gestão pública. Elencamos as
dificuldades existentes no setor público, identificando os problemas enfrentados
pelos gestores e profissionais de sistemas de informações, descrevendo os desafios
de implementar um sistema ou aperfeiçoar um já existente.
Inserimos em nossos estudos também a existência de ferramentas complemen-
tares para alimentação dos sistemas de informações, como a prática de pesquisas
pontuais e/ou contínuas. A alternativa é para suprir a demanda por respostas para
determinado problema e, caso sejam geradas novas perguntas a partir das primeiras
respostas, a indicação é para criação de banco de dados com a implementação de
constantes pesquisas para aperfeiçoamento das informações geradas pelo sistema.
Por último, apresentamos a evolução da arquitetura de dados, interligando a este
avanço a necessidade de atendimento das atuais demandas da gestão pública, em
especial de integração dos sistemas de informações, com geração de informações
mais qualitativas, porque inclui nesse processo a perspectiva de negócios, a tecnologia
disponível e os usuários internos (colaboradores) e externos (população) envolvidos.

85
UNIDADE 3

Nossa proposta para a próxima unidade é contextualizar as mudanças ocor-


ridas nas últimas décadas na administração pública, evidenciando a razão pela
qual os sistemas de informações, as tecnologias de informação e comunicação
são tão essenciais à gestão pública.

86
1. Sistemas de Informação Gerencial (SIG) são sistemas computacionais capazes de
fornecer informações como matéria-prima para todos os processos de tomadas de
decisões feitas pelos participantes tomadores de decisão dentro da organização.
Com base nos itens combinados que formam os SIG e que podem ser aplicados à
gestão/administração sob diversas modalidades, avalie as afirmações a seguir como
V para verdadeiras e F para falsas:

I - sistemas de informação, procedimentos, pessoas e banco de dados.


II - sistemas de computação, procedimentos, software e banco de dados.
III - sistemas de computação, procedimentos, pessoas e banco de informações.
IV - sistemas de computação, procedimentos, pessoas e banco de dados.
As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:

a) F, F, F, V.
b) F, V, V, F.
c) V, F, F, F.
d) V, V, F, F.
e) V, V, V, F.

2. A implementação de uma Arquitetura de Sistemas de Informação (ASI) é uma alternativa às


situações adversas existentes na administração pública e atende às novas exigências de uso,
tratamento e disseminação da informação. Com base na ASI, analise as afirmações a seguir:

I - O termo ASI está relacionado à evolução dos SI e é uma conceituação mais


abrangente sobre a arquitetura de dados.
II - Incluindo no processamento de dados, a ASI diz respeito ao processamento de
uma visão organizacional integrada.
III - A ASI é a evolução da arquitetura de dados e representa os atuais sistemas de
informações que geram informações.
IV - Incluindo o processamento de dados, a ASI diz respeito à perspectiva de negócios
da tecnologia de informação.
É correto o que se afirma em:

a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I, II e IV, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

87
3. Para o desenvolvimento de qualquer pesquisa, é necessário acessar fontes confiáveis,
seja no ambiente interno ou externo à organização/instituição. Um exemplo de fonte
interna refere-se ao conjunto de servidores que atuam em determinado setor, sendo
os resultados de pesquisas já realizadas por institutos especializados um exemplo
de fonte externa. Com base na definição de pesquisa na perspectiva dos nossos
estudos, analise as asserções a seguir:

I - A pesquisa pode ser definida como o interesse planejado em obter conhecimento


para direcionar as decisões administrativas.

PORQUE

II - A pesquisa determina adequações, oportunidades, tendências, antevê adversi-


dades e até impulsiona novas atuações.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.


b) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
e) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.

4. De acordo com Sanches (1997), a informação, a intuição e as preferências do


decisor constituem os ingredientes básicos para a tomada de decisão e avaliação
da decisão tomada. Nesse contexto, o especialista compreende a informação
como a disponibilidade em produzir o conhecimento necessário para executar
ambos os processos.

Com base no conceito de preferências do decisor, identifique a seguir a alter-


nativa correta:

a) O processo de escolha está fundamentado geralmente nas suas referências de


sucesso no presente.
b) Além da informação, o processo de decisão também inclui novas experiências
designadas pelo decisor.
c) O processo de escolha do decisor engloba inclusive o pensamento lateral do
decisor e suas preferências.

88
d) Além da informação e preferências, o processo de decisão inclui o pen-
samento lateral do decisor.
e) Constituem o processo de decisão tanto a informação quanto as experiências
vivenciadas pelo decisor.

5. Na gestão pública, o uso de Sistemas de Informação (SI) está associado mais às áreas
relacionadas aos processos de gerenciamento e transações. A aplicação de SI no
âmbito público pode ocorrer na dinâmica da rotina do trabalho, por exemplo, nos
setores mais essenciais de prestação de serviços públicos à comunidade.

Assim, com base no uso dos SI no setor público e no processo de tomada de decisões,
analise as asserções abaixo:

I - O monitoramento das atividades é fundamental para fazer tanto a avaliação de


desempenho quanto para tomada de decisões.

PORQUE

II - Nesse sentido, é possível estabelecer um comparativo das decisões anteriores


implementadas, avaliando seu sucesso ou não.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.


b) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
e) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.

6. Após confirmada a decisão pela implantação ou alteração de um SI, a organização


ingressa no processo de desenvolvimento deste, sucedendo, então, todos os pro-
cessos a serem respeitados e seguidos para obter sucesso em sua implantação. O
desenvolvimento de sistemas requer a criação de novos programas ou adaptação
das mudanças pretendidas a um programa já existente.

Sobre o processo de planejamento e implantação de sistemas de informações, avalie


as afirmações a seguir como V para verdadeiras e F para falsas:

89
I - As etapas para implantação de um SI iniciam pela avaliação, depois análise, es-
truturação do projeto, implementação e manutenção do SI e, por fim, revisão.
II - Respeitar as etapas é essencial para identificar em tempo hábil as modificações
e correções necessárias, porque a aceitação depende dos usuários.
III - As ações de correções no processo de implantação do SI são indicadas conforme
o agravante identificado, como mudanças mais significativas no sistema.
IV - No caso do processo de planejamento para implantação de SI, este pode ocor-
rer em etapas respeitando os prazos estipulados para a construção do projeto.
As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:

a) F, F, V, V.
b) V, F, F, V.
c) V, V, F, V.
d) V, F, V, V.
e) V, F, F, F.

7. Sistemas de Informação Gerenciais (SIG) têm em sua constituição equipamentos,


pessoas, processo de coleta de dados, classificação, análise e posterior distribuição
de informações que sejam necessárias, precisas e também atualizadas, para municiar
os responsáveis pela tomada de decisões.

90
Assim, com base no funcionamento dos Sistemas de Informação Gerenciais (SIG),
analise as asserções a seguir:

I - Para modelar o sistema de classificação e análise, o mais indicado é recorrer ao


uso de tecnologias de informação. Existem inúmeras ferramentas de software
para o desenvolvimento de modelos, tanto livres quanto comerciais. O ideal é
consultar o gestor para tomar a decisão mais adequada.

PORQUE

II - O ciclo de funcionamento do SIG começa e termina com os usuários das informa-


ções, como os gestores, por exemplo. São eles a fazer os questionamentos que
impulsionam novas pesquisas e cujas respostas, que findam o ciclo do sistema,
retornam a eles para contribuir com a tomada de decisão.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.


b) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
e) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.

91
4
Função da
Tecnologia da
Informação na
Gestão Pública
Me. Lilian Chirnev

Caro(a) aluno(a), nossa missão nesta unidade é compreender como


a adoção de Sistemas de Informação (SI) na gestão pública contribui
para a manutenção de direitos e garantias fundamentais. Nosso ob-
jetivo também é demonstrar como as Tecnologias da Informação e
da Comunicação (TICs) são importantes para o aperfeiçoamento das
mudanças ocorridas na administração pública brasileira que, ainda em
fase de transição, estruturam um modelo impregnado de perspectivas
social e sistêmica. Ao final, apresentaremos as ações do Programa de
Governo Eletrônico (Govbr) e os desafios a serem enfrentados para
superar a exclusão digital. Bons estudos!
UNIDADE 4

Você já utilizou algum serviço público? Como foi a sua experiência? Precisou
esperar muito tempo ou teve que retornar várias vezes ao mesmo setor por conta
da ausência de documentos? Não que você tenha uma memória falha, mas os
documentos estavam sempre pendentes porque você nunca utilizou o serviço, e
a orientação sobre como proceder é fragmentada a cada atendimento. Qual foi a
sua reação ao olhar para o servidor público na sua frente após mais uma demanda
de documentos que você nem sabia que precisaria, tão pouco que lhe custaria
dinheiro, já que se tratava de uma certidão, por exemplo?
Se você acredita que nunca vivenciou essa experiência frustrante porque não
precisou ir pessoalmente a um departamento para acessar diretamente deter-
minado serviço público, reflita sobre o tempo que você leva para se deslocar do
trabalho para sua casa ou sobre o aumento contínuo da conta de água e luz.
Pois é, se você vive no Brasil — assim como na maioria dos países —, sua
vida está subordinada às decisões de planejamento e gestão realizadas pelos re-
presentantes políticos que foram eleitos pela maioria dos cidadãos aptos a votar.
E são esses mesmos representantes eleitos que elaboram e aprovam as leis, que
estruturam os instrumentos de regulação para a garantia de direitos por meio da
execução das mais diversas políticas públicas.

94
UNIDADE 4

Então, mesmo que você tenha uma renda razoável como comerciante, que es-
tude em instituição de ensino particular, com carro e casa própria, plano de saúde,
cercado(a) de sistemas de vigilância e monitoramento de segurança, sua vida em
sociedade o coloca como agente que interage e se integra ao todo, por isso, está
suscetível a todas as consequência da eficiência ou ineficiência da máquina pública.
Vamos a uma suposição para definirmos um exemplo concreto dessa dimen-
são a partir da referida descrição. Imagine que você esteja em uma condição de
vida de “conforto” financeiro e resolve sair de casa para ir ao shopping, dirigindo
o seu carro importado zero quilômetro. No trajeto, você percebe que o fluxo de
carros, para aquele horário, aumentou muito. Motocicletas, então... São centenas
nas ruas da cidade, e, muitas vezes, você visualiza no caminho que algumas estão
envolvidas em um acidente de trânsito. Você começa a refletir sobre o que causou
esse caos no tráfego urbano.
Um dos indícios mais evidentes é a ausência de planejamento efetivo de mo-
bilidade urbana segura e sustentável. Qual é a prova disso? O aumento de veículos
que são práticas individuais de deslocamento por veículo movido a combustível
fóssil. Entretanto, será que as pessoas melhoraram sua condição de vida, e isso fez
com que elas optassem por comprar o próprio carro e moto com mais facilidade?
Ao contrário. É justamente o fato de o transporte público coletivo ser extrema-
mente caro e precário que acaba incentivando as pessoas a buscarem se deslocar
de maneira mais barata e rápida. O encarecimento recorrente da passagem se deve,
entre outras razões, à ocupação desordenada de territórios onde o mercado imo-
biliário acessa terras mais baratas para auferir mais lucro, construindo residenciais
e vendendo lotes. Contudo, é dever do Estado garantir ao cidadão o direito ao
transporte, cujo funcionamento e gestão são mantidos com recursos dos impostos.
Então, a prefeitura, por meio dos seus servidores, precisa cumprir seu dever
de disponibilizar pontos de ônibus em locais distantes das áreas já urbanizadas.
O deslocamento até esses residenciais fica caro e não paga os custos do transporte
coletivo, porque ainda são poucos os usuários de ônibus que residem nessas áreas
recém-ocupadas. Resultado: o recurso que o poder público repassa para custear
parte do valor da passagem nunca é suficiente para “fechar” a conta da empresa
concessionária de transporte coletivo urbano, cujo propósito também é gerar lucro.
E você, que paga seus impostos para ter seu direito de mobilidade garantido,
não usa o transporte público e ainda paga do bolso todo o custo do seu carro.
Outro prejuízo nessa condição é que você perde horas da sua vida no trânsito,

95
UNIDADE 4

sujeito a acidente, assalto, poluição sonora e do ar e, pior, contribuindo para


que esse ciclo continue. É claro que eu não descrevi nenhuma novidade nessa
suposição, mas espero ter contribuído para que você tenha novas perspectivas
sobre esse velho problema.
Essa possibilidade de poder compreender tal processo é possível porque,
nesse momento, você está acessando informações de maneira clara, objetiva e
transparente sobre uma questão que passa despercebida na nossa rotina contur-
bada. É difícil para a maior parte da população, que está ocupada trabalhando
muito para prover melhor qualidade de vida para si e para os seus, conseguirem
ter disposição de participar da vida em comunidade e poder estar em espaços
públicos para garantir o cumprimento, de fato, do Estado Democrático de Direito.
Trazer à luz este e outros tantos problemas da cidade é poder debater suas re-
soluções de forma conjunta. É a oportunidade de prover, coletivamente, políticas
públicas eficientes de saúde, educação, saneamento básico, segurança, moradia, cul-
tura, mobilidade, enfim qualidade de vida para todas as presentes e futuras gerações.
Entretanto, uma célere mudança está em curso à medida que podemos contar
com as Tecnologias de Informação e Comunicação para participar da vida pública.
Muitos dos instrumentos de participação da comunidade em decisões sobre plane-
jamento e gestão da cidade estão disponibilizados na internet e podem constituir
uma plataforma ininterrupta de diálogo entre poder público e sociedade.
Você conhece algum instrumento de participação pública disponibilizado na
internet? Indico o endereço de um site para você explorar e ver na prática como
funciona. Quem sabe você se inspira para adotar essas ferramentas digitais na sua
atuação como gestor público ou mesmo cria um novo instrumento de participação?
Este site que apresentarei para você se insere nessas duas propostas, porque
cria e possibilita a participação. Sem dúvida, é uma das ações que eu mais admi-
ro na esfera pública, e que, neste caso, está inserida na estrutura do Parlamento
Federal, especificamente, na Câmara dos Deputados.
Trata-se do LAB Hacker, que é o laboratório de
inovação cidadã da Câmara dos Deputados e atua
em três temas: transparência, participação e cida-
dania, com projetos colaborativos e experimentais.
Segundo informações disponibilizadas no site, “o la-
boratório também tem o objetivo de articular uma
rede entre parlamentares, servidores públicos, hac-

96
UNIDADE 4

kers cívicos e sociedade civil que contribua para a cultura da transparência e


da participação social por meio da gestão de dados públicos” (BRASIL, [2021],
on-line). Acesse o QR Code para conhecer!
Aproveite este espaço para anotar qual foi a sua impressão sobre o LAB Hac-
ker. Você gostou ou não? Algo lhe inspirou? Você acha que é possível replicar algo
em um projeto ou uma ação na sua atuação como gestor público? Reflita sobre
como a nossa disciplina se insere nas ações do laboratório e descreva as relações
entre teoria e a prática. Esse exercício de raciocínio contribuirá para ampliar sua
compreensão sobre os nossos estudos.
E como cidadão(ã), o que você achou do LAB Hacker? Ele contribui ou não
para a sua participação no legislativo? Para além do laboratório, saiba que há pos-
sibilidades de mobilização coletiva que podem ser feitas por você para defender
uma causa ou serem de iniciativa de entidades, movimentos etc. Uma petição
pública on-line, por exemplo, pode pedir apoio das pessoas, que aderem, por meio
de assinaturas no documento — neste caso, nome completo e CPF — para exigir
alteração em determinada lei, mobilizando brasileiros de todas as regiões do país.

97
UNIDADE 4

Entretanto, onde e como iniciou essa construção no Brasil de Estado Demo-


crático de Direito? Vejamos, primeiro, os preceitos legais que regem a nossa
República Federativa.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo primeiro dos princípios fun-
damentais, determina: “a República Federativa do Brasil, formada pela união in-
dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito” (BRASIL, 1988, on-line). No parágrafo único deste mesmo
ordenamento jurídico, especifica-se: “todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente” (BRASIL, 1988, on-line).
Isto posto, o Estado Democrático de Direito, que é a representação do poder
do povo, tem responsabilidades quanto às garantias sociais concedidas no orde-
namento jurídico e às prestações de contas dos recursos que lhe foram acredita-
dos pela sociedade, adotando, nesse processo, todos os princípios constitucionais
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, tal como
previsto na Constituição Federal de 1988, no Capítulo VII, Art. 37 (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (BRASIL, 1988).

98
UNIDADE 4

Desde então, são décadas de tentativas empreendidas


para redefinir o papel do Estado que, nesse contexto de
mudança, “deixa de ser o responsável direto pelo desen-
volvimento econômico e social pela via da produção
de bens e serviços, para fortalecer-se na função de pro-
motor e regulador desse desenvolvimento” (KLERING;
PORSSE; GUADAGNIN, 2010, p. 8).
As reformas da administração pública brasileira —
sendo a de definição do papel do Estado marcadamente
iniciada na década de 1990 e denominada Reforma Ge-
rencial do Estado Brasileiro — ainda está em fase de exe-
cução. Esse modelo “ideal” e ainda inacabado está sendo
construído e mantém influências de cada etapa de refor-
ma administrativa realizada ao longo das últimas décadas.
O destaque mais recente na gestão pública atual
é a integração entre administração pública e política
com a participação popular, realizando e ampliando
espaços nos quais a população participa direta ou
indiretamente de processos decisórios — orçamento
participativo, conselhos gestores de políticas públicas,
fóruns temáticos etc. A referência histórica e propul-
sora desse “novo” modelo estruturado em uma gestão
pública mais dialógica, participativa e até deliberativa,
chamado de modelo societal, são as lutas sociais ocor-
ridas no Brasil nas décadas de 1970 e 1980.
O modelo contemporâneo de administração pú-
blica, portanto, está em fase de transição, mas os espe-
cialistas indicam que a tendência é a de estruturação
e manutenção de um modelo eficiente, participativo e
integrado em rede. Por isso, mesmo a literatura apresen-
tando modelos básicos de gestão pública — patrimonial,
burocrática e gerencial —, podemos direcionar nossos
estudos para um modelo mais societal — quarto mode-
lo —, integrado ao que já referenciamos desde o início
desta disciplina: o modelo sistêmico — quinto modelo.

99
UNIDADE 4

Como afirmam Klering, Porsse e Guadagnin (2010), mesmo rudimentar na litera-


tura e ainda não institucionalizado no meio acadêmico, já é possível afirmar que
existem importantes tendências recentes no governo brasileiro que o direcionam
para a configuração de um modelo mais sistêmico, gerenciado por programas
multiesferas e multiníveis de governo.


A partir do segundo período do governo FHC (1999-2002) e do
governo Lula (mandatos 2003-2006 e 2007-2010), ocorrem inicia-
tivas que sinalizam para a constituição de um modelo de governo
brasileiro mais sistêmico, viabilizado por múltiplos programas in-
tergovernamentais, envolvendo ações de diferentes níveis e esferas
de governo, e da sociedade civil. [...] experiências mais recentes, que
ilustram a tendência para a conformação de um governo brasileiro
mais sistêmico, especialmente via ampliação de programas federais
tripartites ou n-partites, como o Sistema Único de Saúde (SUS),
Rede Integrada de Equipamentos Públicos de Segurança Alimentar
e Nutricional (REDESAN) e Territórios da Cidadania, que são de-
senvolvidos ao mesmo tempo por diferentes atores governamentais
e sociais, visando a atingir assim maior sinergia e efetividade nas
ações (KLERING, PORSSE; GUADAGNIN, 2010, p. 4).

100
UNIDADE 4

Nosso enfoque na presente unidade não é tratar somente de modelos de


gestão pública no país, mas essa breve contextualização se faz essencial para
evoluirmos nos nossos estudos sobre Sistemas de Informação. Isso porque,
cada vez mais, esse instrumento é fundamental para atender à demanda
dessa evidente mudança de modelo de gestão pública, com configurações
entrelaçadas entre os modelos gerencial, societal e sistêmico, cujas deman-
das devem ser pensadas em estruturas direcionadas a buscar soluções para
a nova administração pública.
Portanto, retomando o SI e a gestão pública, o que se coloca é um desafio
aos gestores no sentido de integrar as ferramentas disponíveis ou em elaborá-las
para atender às demandas necessárias. E essas ferramentas são as Tecnologias
de Informação e Comunicação (TICs) que são utilizadas como alternativas
estratégicas relativas à governança e à consolidação de um modelo sistêmico.
Nesse sentido, para superar o legado das então carências ainda reais da
administração burocrática, vários diplomas legais e programas governamen-
tais estão sendo instituídos com a finalidade de alterar o modo de atuação
do governo como um todo. O objetivo é alterar a máquina administrativa,
direcionando a administração pública a “desempenhar suas funções com
qualidade e lisura, atendendo as atuais demandas sociais e incentivando o
controle social, a transparência e práticas anticorrupção” (NASCIMENTO;
FREIRE; DIAS, 2012, p. 168).
É nessa conjuntura de mudanças e de estratégias rumo às novas tendên-
cias da administração pública brasileira à efetiva governança que destacamos
o papel fundamental das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
Considerada como sinônimo das Tecnologias da Informação (TI), as TICs
podem ser referenciadas como um termo geral do papel da comunicação na
moderna tecnologia da informação, em que ingressam os sistemas de infor-
mações em todos os seus aspectos tecnológicos.
Nessa perspectiva, como afirma Takahashi (2000, p. 176), TICs “são tec-
nologias utilizadas para tratamento, organização e disseminação de informa-
ções”. Complementando o conceito, Zanela (2007, p. 25–26) frisa TICs como
o “conjunto de tecnologias microeletrônicas, informáticas e de telecomunica-
ções, que produzem, processam, armazenam e transmitem dados em forma
de imagens, vídeos textos ou áudios”.

101
UNIDADE 4

NOVAS DESCOBERTAS

Título: Sociedade da Informação no Brasil: livro verde.


Autor: Tadao Takahashi
Editora: Ministério da Ciência e Tecnologia
Sinopse: o livro aponta para um conjunto de ações para o desenvol-
vimento da Sociedade da Informação no Brasil. Discute os desafios que a
sociedade e o Governo precisam encarar para concretizar suas metas.

A nova perspectiva de administração pública, como explica Fleury (2001) e Paes


de Paula (2003 apud KLERING; PORSSE; GUADAGNIN, 2010, p. 9), baseada em
uma nova relação Estado-Sociedade, com maior envolvimento da população na
agenda política, corresponde a “um maior controle social sobre as ações estatais
e a legitimação da sociedade como participante do processo de formulação e
implementação de políticas públicas”.
A gestão tradicional, portanto, tem um novo modelo de contraponto, subs-
tituindo a gestão “tecnoburocrática e monológica (de um ator único) por um
gerenciamento mais participativo, dialógico, no qual o processo de­cisório é
exercido por meio de diferentes sujei­tos ou atores sociais” (KLERING; PORSSE;
GUADAGNIN, 2010, p. 9).
Essa vertente societal conceitua a gestão pública como uma ação político-de-
liberativa, ou seja, o indivíduo participando, atuando e decidindo a respeito do
seu destino como cidadão, trabalhador, eleitor, consumidor.

102
UNIDADE 4

Por isso, atrelados a arranjos institucionais de incentivo à participação social,


qualquer instrumentalização das TICs contribui para possibilitar e ampliar os
canais de comunicação e participação dos cidadãos na gestão pública, estreitan-
do distâncias, sejam elas de natureza política, intelectual, econômica e/ou física.

PENSANDO JUNTOS

Will Durant tem uma frase que se adequa às nossas inquietações no processo de apren-
dizagem e de aplicação dos conceitos relacionados à gestão pública e aos processos de-
cisórios. “Nada do que aprendemos nos livros tem o menor valor antes de confirmado
pela vida; só depois desta confirmação é que o ensinado pelo livro afeta nossa conduta e
influencia nosso desejo”.

É essa conjuntura de mudanças e de estratégias aliada às novas tendências da


administração pública brasileira, incluindo o desenvolvimento de novas Tecno-
logias de Informação e Comunicação, que transformam rapidamente e continua-
mente o modelo de gestão pública, oportunizando o protagonismo do cidadão
nas decisões do Estado.
Entre os exemplos práticos de experiências participativas e em execução nos
diversos níveis da administração pública brasileira, ou seja, com espaços volta-
dos ao debate amplo e público, de negociação e decisão conjunta entre governo
e sociedade, Klering, Porsse e Guadagnin (2010) citam os conselhos gestores
de políticas públicas, conferências de políticas — municipal, estadual e federal
—, mecanismos de planejamento público participativo, como a realização do
orçamento participativo, conselhos de órgãos e de administrações públicas etc.

103
UNIDADE 4

Em termos de promoção da transparência e instituição de melhores práticas em


gestão, o governo brasileiro tem se apropriado de medidas legais e institucionais,
a partir das TICs, oferecendo novas formas de participação social no que se refere
à gestão de recursos públicos, atribuindo maior transparência e legitimidade às
políticas públicas em favor de sua eficácia.


Nesse contexto, o papel da informação e das novas tecnologias da
comunicação e informação tem importante atuação uma vez que
permitem novas formas de participação social na gestão dos recur-
sos públicos, conferindo maior legitimidade às políticas públicas em
benefício da eficácia, responsividade, transparência e governança
(NASCIMENTO; FREIRE; DIAS, 2012, p. 171).

Ainda conforme Nascimento, Freire e Dias (2012), entre os exemplos dessa con-
duta de auxiliar o controle interno e a prevenção da corrupção, estão a criação
do Portal ComprasNet — contém informações sobre licitações públicas —, o
Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), a criação do Portal da
Transparência, que é administrado pela Controladoria Geral da União (CGU) e
torna público diariamente — linguagem de fácil acesso e compreensão — dados
da execução orçamentária federal.

104
UNIDADE 4

A utilização de recursos das TICs também está presente nos programas de


Governo Eletrônico (e-Governo), com finalidade de prestação de serviços e in-
formações úteis aos cidadãos.
O termo Governo Eletrônico nos nossos estudos está limitado ao conjunto
de práticas e aplicações de serviços governamentais mediados pelas TICs via
internet, cujas atividades podem estar relacionadas às seguintes perspectivas:

■ de processos - repensar os processos produtivos existentes no governo;


■ do cidadão - oferecer serviços de utilidade pública ao cidadãos contribuintes;
■ da cooperação - integrar os órgãos governamentais entre si e, estes, com
outras organizações e seus atores;
■ da gestão do conhecimento - permite ao governo e a seus vários setores,
criar, gerenciar e disponibilizar o conhecimento gerado e armazenado em
seus vários órgãos (NASCIMENTO; FREIRE; DIAS, 2012, p. 176).

No Brasil, as ações do Programa de Governo Eletrônico (Govbr), conforme des-


crito no site institucional do Governo Federal, priorizam o uso das Tecnologias
da Informação e Comunicação (TICs) para democratizar o acesso à informação,
com o objetivo de ampliar o debate, a participação popular, tanto para a constru-
ção das políticas públicas como, também, para aprimorar a qualidade dos serviços
e informações públicas prestadas.
A política de Governo Eletrônico brasileira destaca estar estruturada em um con-
junto de diretrizes com base em três ideias fundamentais: melhoria do gerenciamento
interno do Estado; participação cidadã; e integração com parceiros e fornecedores.
As mesmas diretrizes servem como referencial para um arcabouço integrado de:


[...] políticas, sistemas, padrões e normas que sustentam suas ações
e considera a gestão do conhecimento um instrumento estratégico
capaz de assegurar intencionalmente a habilidade de criar, coletar,
organizar, transferir e compartilhar conhecimentos estratégicos que
podem servir para a tomada de decisões, para a gestão de políticas
públicas e para inclusão do cidadão como produtor de conhecimen-
to coletivo (NASCIMENTO; FREIRE; DIAS, 2012, p. 177).

105
UNIDADE 4

O objetivo do programa é aprimorar a comunicação, o fornecimento de informa-


ções e serviços prestados por meios eletrônicos pelos órgãos do Governo Federal.
Nesse sentido, no portal institucional (Govbr), mais uma vez aliando as TICs e as
mudanças na administração pública, um anúncio publicado na página principal,
em 2017, já evidenciava que o portal estava sendo adaptado para o conteúdo da
Estratégia de Governança Digital.
O nome do site mudou, mas a “Estratégia de Go-
verno Digital para o período de 2020 a 2022” só foi
efetivada como plano de governo em abril de 2020
por meio do Decreto nº 10.332. Acesse o QR Code
e confira na íntegra.
A intenção era de legitimar e dar publicidade
ao plano estratégico junto a todos os órgãos da
administração pública e à sociedade. Entre os be-
nefícios destacados do programa estão a interação
entre usuários e governo, sem a necessidade de intermediários, o que permite
a economia de recursos e tempo. O compartilhamento de dados entre órgãos
do Governo Federal também permite uma visão do todo e, portanto, um pla-
nejamento e execução de políticas públicas mais assertivas.
Em 2021, mais uma ação foi realizada para efetivar os avanços propostos
nessa política. Trata-se da Lei Federal nº 14.129, publicada no Diário Oficial da
União em 30 de março, que dispõe sobre princípios, regras e instrumentos para o
Governo Digital e para o aumento da eficiência pública, “especialmente por meio
da desburocratização, da inovação, da transformação digital e da participação do
cidadão” (Art. 1) (BRASIL, 2021, on-line).
Entre os principais destaques da lei estão:


Art. 24. Os órgãos e as entidades responsáveis pela prestação digi-
tal de serviços públicos deverão, no âmbito de suas competências:
I - manter atualizadas: a) as Cartas de Serviços ao Usuário, a Base
Nacional de Serviços Públicos e as Plataformas de Governo Digi-
tal; b) as informações institucionais e as comunicações de interesse
público; II - monitorar e implementar ações de melhoria dos ser-
viços públicos prestados, com base nos resultados da avaliação de
satisfação dos usuários dos serviços; integrar os serviços públicos às

106
UNIDADE 4

ferramentas de notificação aos usuários, de assinatura eletrônica e


de meios de pagamento digitais, quando aplicáveis; [...] VI - tornar
os dados da prestação dos serviços públicos sob sua responsabili-
dade interoperáveis para composição dos indicadores do painel de
monitoramento do desempenho dos serviços públicos; VII - rea-
lizar a gestão das suas políticas públicas com base em dados e em
evidências por meio da aplicação de inteligência de dados em pla-
taforma digital; e VIII - realizar testes e pesquisas com os usuários
para subsidiar a oferta de serviços simples, intuitivos, acessíveis e
personalizados. Art. 25. As Plataformas de Governo Digital devem
dispor de ferramentas de transparência e de controle do tratamento
de dados pessoais que sejam claras e facilmente acessíveis e que
permitam ao cidadão o exercício dos direitos previstos na Lei nº
13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais) [...] (BRASIL, 2021, on-line).

As referidas medidas já valem 90 dias após a publicação da lei para a União e


depois de 120 dias para os Estados. Alguns dispositivos da Lei 14.129/21 têm
aplicação automática, mas a maioria depende de regulamentação própria, ou
seja, a adesão às novas regras por Estados e Municípios deverá estar expressa em
leis estaduais e municipais.

Bem-vindo(a) ao quarto episódio do PodSI, o Podcast de


Sistemas de Informação, que traz informações sobre o uni-
verso não só de SI, mas da digitalização da Gestão Pública
e os avanços no país e no mundo rumo à inclusão digital.
Neste quarto episódio, falaremos sobre os novos caminhos
da administração pública. Quer saber mais? Eu lhe informo
logo após o play!

107
UNIDADE 4

Até o momento, destacamos informações sobre o programa da administração pú-


blica federal sob o viés das informações concedidas e publicadas nos canais de co-
municação do Governo Federal. No entanto, a realidade da administração pública
no Executivo, incluindo os demais entes federados, como Municípios, Estados e
Distrito Federal, está longe de atender integralmente o que o programa propõe.
Como tratamos anteriormente, as dificuldades a serem enfrentadas pelos
gestores na adoção, implementação e execução de novas TICs aplicadas à ad-
ministração pública são muitas, como a falta de recursos humanos e financeiros
para o desenvolvimento de um sistema básico de informações.

NOVAS DESCOBERTAS

Título: O Quinto Poder


Ano: 2013
Sinopse: com foco nos grandes segredos de estado, exposição de no-
tícias bombásticas e no tráfico de informação altamente confidencial,
a Wikileaks mudou o mundo para sempre. A história começa quando o fun-
dador da Wikileaks, Julian Assange, e o seu colega, Daniel Domscheit-Berg,
juntam-se para vigiar, de forma anônima, pessoas influentes e poderosas.
Com poucos recursos financeiros, eles criam uma plataforma que permite
aos delatores expor, de forma anônima, informações confidenciais sobre
segredos obscuros dos governos e crimes praticados por grandes corpora-
ções. Em pouco tempo, começam a libertar um maior número de notícias
bombásticas do que as maiores empresas de mídia do mundo juntas. Con-
tudo, quando Assange e Berg têm acesso ao maior tesouro de informação
confidencial da história dos EUA, lutam entre eles por uma questão essencial
nos nossos tempos: quais são os custos de manter segredos numa socieda-
de livre e quais são os custos de os expor?

Nascimento, Freire e Dias (2012) citam Tarapanoff (2006) para explicar que, no
contexto organizacional, a gestão da informação é definida como:

108
UNIDADE 4


[...] a aplicação dos princípios administrativos relativos à aquisi-
ção, organização, controle, disseminação e uso da informação cuja
principal finalidade é o acompanhamento eficiente de processos, o
apoio à tomada de decisões e a obtenção de vantagens competitivas
em relação aos concorrentes, tendo alto valor estratégico para as
organizações (NASCIMENTO; FREIRE; DIAS, 2012, p. 174).

O autor anteriormente citado salienta que o conceito de governança está relacio-


nado à capacidade de ação estatal de implementar políticas e conquistar metas
estabelecidas. É nesse contexto que surgem os mecanismos de accountability —
obrigação dos membros de órgãos públicos com a ética, transparência e prestação
de contas —, com o objetivo:


[...] de construir mecanismos institucionais pelos quais os gover-
nantes e servidores devem responder por seus atos ou omissões
perante a sociedade ou outros órgãos do governo (LINHARES
NETO; BRITO, 2011). Já na abordagem de Santos (apud LINHA-
RES NETO; BRITO, 2011) tem-se o entendimento de accountability
“como algo que vai além da prestação de contas pelos gestores da
coisa pública e inclui os mecanismos, normativos e atos institucio-
nais, que se empregam nas relações entre os níveis de governo e
dentro deles”. Nessa visão, a ideia é que se busque um ganho no nível
de governança do país e esse fator está intimamente relacionado
ao nível de corrupção do sistema. Daí a necessidade incessante de
buscar ações que promovam o controle social e a transparência [...]
(NASCIMENTO; FREIRE; DIAS, 2012, p. 170).

Aplicado à gestão pública e à “governança eletrônica”, nesse sentido, muitos outros


desafios se impõem para alcançar tal finalidade, como a superação da exclusão
digital, que está relacionada à garantia de acesso dos cidadãos às Tecnologias da
Informação e Comunicação, à conectividade e à convergência tecnológica.
Nas dimensões elencadas por Sorj (2003), a superação da exclusão digital
depende da superação de vários fatores, a começar pela instalação de infraes-
truturas físicas de transmissão, que podem ocorrer via satélite, rádio e telefone.

109
UNIDADE 4

Na realidade, muitos Municípios brasileiros estão situados em regiões de difícil


acesso, onde nem mesmo existem fiações elétrica, telefônica e de televisão a cabo.
Além disso, a instalação de infraestruturas físicas de transmissão para uma efetiva
comunicação por internet depende ainda de outro fator: a existência de opera-
doras da iniciativa privada para explorar o serviço de concessão aos usuários.
Sorj (2003) ainda destaca que, se garantida a infraestrutura física básica de
transmissão, o desafio seguinte é garantir ao cidadão o acesso a equipamento
(computadores) conectado à internet.


1) Infraestruturas de acesso – Às infraestruturas de acesso são consti-
tuídas pelos sistemas de transmissão, que podem ocorrer via telefone,
satélite, rádio e com o uso de fiações telefônica, elétrica e de televisão
a cabo. No futuro, será possível acessar a Internet através do telefone
celular e da televisão digital, embora ela não permita a interatividade,
que continuará exigindo o acesso através de um provedor de Internet.
A comunicação por Internet se efetua pelos sistemas de banda sim-
ples, com baixa velocidade, e de banda larga, que permite uma maior
velocidade e volume de informação. A disponibilidade de ambos os
sistemas depende da existência de prestadores locais destes serviços
com equipamentos adequados (SORJ, 2003, p. 63).

Na prática, atualmente, esse papel é desempenhado por muitas escolas públicas,


igrejas, bibliotecas municipais, organizações do terceiro setor, entidades represen-
tativas, entre outros, que conseguem disponibilizar à comunidade espaços com
computadores conectados para uso em horários específicos e de maneira gratuita.
Algumas dessas organizações também oferecem outra dimensão indispensável
para superar a exclusão digital, cursos de formação individual para utilização dos
instrumentos do equipamento — seja computador ou celular — e da internet.

110
UNIDADE 4

NOVAS DESCOBERTAS

Título: Brasil@povo.com: a luta contra a desigualdade na sociedade


da informação
Autor: Bernardo Sorj
Editora: Jorge Zahar
Sinopse: Bernardo Sorj discute o impacto da telefonia, da informática e da
internet na estrutura social e nas relações de poder e análise da Sociedade
da Informação. Contestando o ranço elitista que geralmente inclui as críticas
à sociedade de consumo e investigando, entre outros aspectos, a dinâmica
internacional e o lugar do Brasil na absorção das novas tecnologias da co-
municação, delineia a relação entre exclusão digital e desigualdade social.
Atento a soluções, o autor avalia ainda o papel do Estado, das empresas e do
terceiro setor na luta contra a exclusão digital, ilustrando-o com uma análise
da atuação do Viva Rio, uma ONG que se sobressai pela utilização criativa da
internet no combate à desigualdade social.

Quanto ao usuário, sua inclusão digital ainda abrange sua inserção em ações
de capacitação intelectual, bem como sua inserção social a partir do produto
da sua profissão, dos seus níveis educacional e intelectual e de sua rede social.
São todos esses fatores descritos anteriormente e associados que determinam o
aproveitamento efetivo da informação concedida ao cidadão para atender às suas
necessidades de comunicação pela internet.


A exclusão digital agrava-se dramaticamente nas regiões rurais, em
particular nos países em desenvolvimento. Em geral, quanto maior for
a concentração urbana, maior será a taxa de usuários. As chances de
alguém ser alfabetizado no uso do computador e da Internet são me-
nores quando se considera a idade do usuário: a exclusão digital tem
forte componente etário, que apresenta maior gravidade à medida
que se passa para as faixas de menor renda. As dificuldades de apren-
dizagem associadas à idade, assim como a concentração de maiores
níveis de analfabetismo nas faixas etárias mais idosas da população,
concorrem para o alto índice de exclusão digital entre os adultos de
baixa renda nos países em desenvolvimento (SORJ, 2003, p. 65).

111
UNIDADE 4

E, para a apropriação devida da informação concedida, a produção e o uso de


conteúdos informacionais pelos setores públicos também devem estar adequa-
dos e serem específicos às necessidades dos múltiplos segmentos da população.
Por isso, a elaboração de programas e projetos com a finalidade de superar todas
essas dificuldades são tão essenciais, para assegurar a cada cidadão o acesso e a
participação dessa dimensão da vida democrática.
A verdadeira “democracia eletrônica”, em relação à prática democrática, con-
siste em acessar os saberes mínimos para manuseio das TICs, além de receber,
também, os estímulos necessários para fomentar o debate crítico e a participação
popular. O que fica evidente, na perspectiva dos nossos estudos, é que a exclusão
digital está associada à exclusão social, mas a não superação da exclusão digital
coopera muito mais para a manutenção da exclusão social.


Vários fatores podem ser considerados relacionados ao problema,
dentre eles fatores sociais, econômicos, educacionais, relacionados
à dificuldades físicas ou cognitivas etc. O resultado é que uma boa
parcela da população brasileira ainda não tem acesso efetivo aos
computadores e à Internet, o que acarreta as iniciativas do Governo
Eletrônico não sejam totalmente efetivadas até que se tenha um
maior alcance de alfabetização informacional e decaimento da ex-
clusão digital. Nessa perspectiva, a exclusão digital não apenas é
consequência da exclusão social, mas também atua para fomentá-la
(NASCIMENTO; FREIRE; DIAS, 2012, p. 179).

112
UNIDADE 4

É claro que, no processo de fortalecimento da democra-


cia, não cabe apenas o desenvolvimento e disponibiliza-
ção de sistemas públicos de informações, prestação de
serviços e de contas publicados na internet, ou mesmo
do cidadão conseguir acessar os equipamentos — com-
putador, smartphone etc. —, estabelecer conexão via
internet e conseguir dominar todas essas ferramentas.
É a garantia dessas estruturas atreladas, também, aos
mecanismos de participação popular nos processos de-
cisórios, com a oferta de serviços públicos de qualidade
nas áreas de saúde, educação, mobilidade, habitação e
segurança, que diminuem as desigualdades sociais e eco-
nômicas, proporcionando mais equidade e oportunida-
des à maioria da população, portanto, cooperando para a
superação de qualquer exclusão, seja esta social ou digital.
No decorrer da presente unidade, aprendemos so-
bre os modelos de gestão pública no país e conseguimos
contextualizar a importância dos Sistemas de Informa-
ção para atender à atual demanda de conduzir as trans-
formações e as mudanças tão necessárias na adminis-
tração pública brasileira.
Apropriamo-nos de como as Tecnologias de Infor-
mação e Comunicação podem ser eficazes no auxílio de
controle interno da gestão pública e, da mesma forma,
na prestação de serviços públicos, de prestação de contas
e, portanto, de prevenção à corrupção.
Destacamos, também, as ações do Governo Federal
por meio do programa Governo Eletrônico, demons-
trando a experiência de execução das propostas de go-
vernança eletrônica dentro dos órgãos públicos federais,
como o compartilhamento de dados e a publicação de
informações de interesse público. Também, apresen-
tamos as dificuldades encontradas na implementação
desses recursos nos demais entes federados.

113
UNIDADE 4

Por fim, destacamos as diversas dificuldades relacionadas à efetivação dos


sistemas de informação e comunicação como instrumentos de fortalecimento da
democracia. Em especial, no que se refere à superação da exclusão digital, já que o
cidadão, para dominar esses recursos, requer estrutura mínima, tanto para conse-
guir ter acesso ao aparelho de comunicação quanto ser capacitado para utilizá-lo.
Frisa-se que o processo de fortalecimento da democracia não é apenas dispo-
nibilizar sistemas públicos de informações, prestação de serviços e de contas, ou
do cidadão conseguir acessar equipamento, conexão e dominar essas ferramentas,
mas de ter qualidade de vida com acesso a serviços públicos de qualidade nas
áreas de saúde, educação, mobilidade, habitação e segurança que o coloquem em
patamar de maior igualdade social, econômica e intelectual, para a população
efetivar seu direito de protagonista na administração pública. Outro conceito
abarca a maioria dos temas descritos nas nossas unidades: a comunicação pública,
tema da nossa próxima unidade.

114
1. O destaque mais recente na gestão pública atual é a integração entre administração
pública e a política com a participação popular, realizando e ampliando espaços nos
quais a população participa direta ou indiretamente de processos decisórios. Avalie,
a seguir, as afirmações que correspondem como exemplo dessa afirmação.

I - Orçamento participativo.
II - Conselhos gestores de políticas públicas.
III - Orçamento proposto pelo Executivo.
IV - Fóruns temáticos.

É correto o que se afirma em:

a) I e III, apenas.
b) I, II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

2. O desafio para superar a exclusão digital depende de vários fatores, entre os quais:
a instalação de infraestruturas físicas de transmissão que podem ocorrer via satélite,
rádio, telefone. Avalie como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmações a seguir que
correspondem à dimensão da instalação de infraestruturas físicas de transmissão.

I - Regiões de difícil acesso onde não existem fiações elétricas.


II - Algumas pessoas não conseguem comprar um computador.
III - Existência de operadoras privadas para explorar o serviço.
IV - Cursos de formação para domínio dos equipamentos.

As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:

a) F, F, V, V.
b) V, F, F, F.
c) V, F, F, F.
d) V, F, V, V.
e) V, V, F, F.

115
3. O termo Governo Eletrônico, nos nossos estudos, está limitado ao conjunto de práti-
cas e aplicações de serviços governamentais mediados pelas TICs via internet, cujas
atividades podem estar relacionadas a algumas perspectivas, tais como a de pro-
cessos, que repensa os processos produtivos existentes no governo; e do cidadão,
que oferece serviços de utilidade pública aos cidadãos contribuintes. Com base nas
demais atividades e perspectivas, analise as asserções a seguir.

I - A cooperação integra os órgãos governamentais entre si e estes com outras


organizações e seus atores.

PORQUE

II - Permite ao governo e aos seus vários setores criar, gerenciar e disponibilizar o


conhecimento gerado e armazenado.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.


b) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
e) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

4. No decorrer das últimas décadas, o Brasil tem sido marcado por diversos processos
relacionados a alcançar a tão almejada reforma da administração pública. Ainda
em fase de execução, esse novo modelo é permeado por influências de configu-
rações dos modelos básicos de gestão pública, como o patrimonial, o burocrático
e o gerencial.

Com base na reforma da administração pública brasileira, avalie as afirmações a


seguir como V para verdadeiras e F para falsas.

I - Um modelo integrado em rede e eficiente reflete alguns dos quesitos de tendên-


cia em relação ao modelo contemporâneo de administração pública apontado
por especialistas.
II - Conselhos gestores de políticas públicas e orçamento participativo são práticas
da gestão pública atual que englobam a participação popular nos processos
decisórios.

116
III - A relação entre Sistemas de Informação e a reforma da administração pública é
de instrumentalizar o processo de transição rumo à consolidação de um modelo
sistêmico.
IV - O modelo societal da gestão pública brasileira foi influenciado pelas lutas sociais
ocorridas nas duas últimas décadas e pela então Reforma Gerencial do Estado
Brasileiro.

As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:

a) V, F, V, V.
b) F, V, V, F.
c) F, V, F, V.
d) V, F, V, F.
e) V, V, V, F.

5. Segundo Nascimento, Freire e Dias (2012, p. 168), as novas tendências da adminis-


tração pública brasileira, permeadas pelos vários diplomas legais e programas go-
vernamentais, tem o objetivo de “desempenhar [...] funções com qualidade e lisura,
atendendo as atuais demandas sociais e incentivando o controle social, a transpa-
rência e práticas anticorrupção”.

NASCIMENTO, S. G. V. do; FREIRE, G. H. de A.; DIAS, G. A. A Tecnologia da Infor-


mação e a Gestão Pública. Gestão e Aprendizagem, João Pessoa, v. 1, n. 1, p.
167–182, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/mpgoa/article/
view/15347/9198. Acesso em: 3 jan. 2022.

Com base no papel fundamental das Tecnologias de Informação e Comunicação


(TICs) nesse processo de mudança da administração pública brasileira, identifique a
alternativa correta a seguir.

a) Tecnologias para criação e tratamento de informações são algumas das funções


de uso das TICs.
b) As TICs são uma referência geral à função da comunicação na moderna tecnologia
da informação.
c) A partir das TICs, está garantida a participação social, em especial, sobre legitimar
as políticas.

117
d) Com o objetivo de instituir novas práticas em gestão, o governo brasileiro tem
criado novas TICs.
e) O conceito de TICs exclui o conjunto de tecnologias microeletrônicas e de tele-
comunicações.

6. A inclusão digital também está atrelada ao fato de os setores públicos produzirem


informações adequadas e específicas aos múltiplos segmentos da população para
que eles possam acessar e se apropriar devidamente dos conteúdos gerados. Esse
critério é essencial para assegurar a cada cidadão o devido acesso e a participação
dessa dimensão da vida democrática.

Com base na verdadeira “democracia eletrônica” e na prática democrática, avalie as


afirmações a seguir.

I - Para o fortalecimento da prática democrática, cabe apenas a necessidade de


sistemas públicos de informações, de prestação de serviços e de contas.
II - A participação popular é a garantia da diminuição das desigualdades, cooperando
para a superação de qualquer exclusão, seja essa social ou digital.
III - A exclusão social se associa à exclusão digital, na medida em que a permanência
da exclusão digital contribui para a manutenção da exclusão social.
IV - Além de saber manusear TICs, o cidadão deve ser estimulado ao debate crítico
e à participação popular. Essa é a verdadeira “democracia eletrônica”.

É correto o que se afirma em:

a) I, III e IV, apenas.


b) III e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II, III e IV.

118
7. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) são fundamentais para atender
às demandas das novas tendências da administração pública brasileira. Essa relação
se deve ao fato de ampliar a possibilidade de participação direta dos cidadãos na
gestão pública para que eles possam acessar, cada vez mais, os canais públicos de
informação e comunicação.

Assim, com base em TICs e na participação dos cidadãos na perspectiva da nova


administração pública, analise as asserções a seguir.

I - Essa nova relação Estado-Sociedade, contribuindo para o maior envolvimento da


população na agenda política, corresponde tanto ao controle social das ações
governamentais quanto à legitimação da participação da sociedade nas políticas
públicas.

PORQUE

II - Essa nova gestão com uma vertente societal, baseada no modelo monológico,
contrapõe a gestão tradicional de um gerenciamento tecnoburocrático em que
o indivíduo é integrado à ação político-deliberativa, atuando e decidindo como
trabalhador, cidadão e eleitor.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.


b) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
e) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

119
5
Sociedade da
Informação e a
Comunicação
Pública
Me. Lilian Chirnev

Olá, aluno(a)! Caminhamos para a última unidade do nosso livro didáti-


co, e esta é a oportunidade de concluirmos nossa disciplina com outras
tantas descobertas. Por isso, iniciamos nossas discussões por meio da
apropriação do conceito “Sociedade da Informação” para compreen-
dermos como a evolução das ciências e da tecnologia revolucionaram
nossa sociedade. Nesse sentido, contextualizaremos, sob o viés das
ciências da Comunicação e da Informação, como os sistemas de in-
formações e comunicação estão inseridos na Comunicação Pública.
Também, apresentaremos o que rege a legislação atual brasileira so-
bre o Direito à Informação e, por último, um esboço sobre o conceito
de Cidades Inteligentes. Ótimos estudos!
UNIDADE 5

Alcançamos, nesta fase, um outro patamar de conhecimento. Você imaginava que


a Gestão Pública pudesse apresentar tantas vertentes relacionadas às tecnologias
de informação e comunicação? Como isso alterou sua perspectiva em relação à sua
formação acadêmica e o universo que você imagina explorar a partir de tudo isso?
Se você encontrou dificuldade em responder essa pergunta, começaremos ima-
ginando o que implica na sua realidade o fato de ter acesso ou não às Tecnologias de
Informação e Comunicação. Será que só isso lhe basta? Quão importante foi para
você também acessar essas linhas de raciocínio que envolvem a teoria e a prática?
Imagine essa mesma proporção de descobertas na sua rotina, na sua vida pes-
soal e profissional. Dá para imaginar o impacto de todas essas mudanças e evolu-
ções na sociedade brasileira que está subordinada a um Estado Democrático de
Direito regido pela Constituição da República? E como esse contínuo progresso das
ciências e da tecnologia nos impactam ou são impactados pela nossa sociedade?
Por isso, podemos afirmar que são os sistemas de informações elaborados, ali-
mentados, mantidos e aprimorados na administração pública que são os reflexos das
transformações nas dinâmicas da sociedade, proporcionadas pelo advento e aperfei-
çoamento constante das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
A informação sempre constitui uma moeda potencial de transformação,
mas as tecnologias aliadas à conexão em rede pela internet mudaram a forma
de pensar sua coleta, processamento, armazenamento, transmissão e, princi-
palmente, a velocidade para executar cada uma dessas etapas e dar respostas
às perguntas geradas, transmitindo conhecimento e alterando continuamente
as dinâmicas sociais e econômicas.
Nesse sentido, somos impactados o tempo todo pelo referido processo de
maneira individual e como sociedade. É por isso que a forma de gestar a dimensão
pública no país segue o mesmo progresso, mesmo que vagarosamente, apesar de
todas as dificuldades inerentes à esfera pública brasileira.
Você conhece alguns desses termos: Sociedade da Informação, comunicação
pública, direito à informação, cidades inteligentes? Faça a seguinte experiência:
entre em um site de buscas de sua preferência e digite cada um dos termos men-
cionados anteriormente, um por vez, e analise brevemente a lista das publicações
apresentadas. Quantos são os links que direcionam para cada um dos temas e o
que você mais encontrou — sejam publicações de estudos (artigos científicos),
reportagens, livros, imagens e vídeos?

122
UNICESUMAR

Esse simples exercício pode dar a você um panorama sobre como esses temas
são tratados atualmente. Agora, acesse um link e o explore na íntegra, leia, contem-
ple ou assista. Verifique se há informações claras e objetivas que possam subsidiar
seu conhecimento prévio a respeito ou ampliar o que você já sabe a respeito. Avalie,
depois, a partir das questões apresentadas na publicação de sua escolha, se as in-
formações apropriadas por você realmente são minimamente relevantes para um
debate ou se tudo lhe pareceu mais propaganda para vender algo.
Antes, entretanto, a partir da escolha de um dos temas — Sociedade da In-
formação, comunicação pública, direito à informação e cidades inteligentes — e
do acesso à publicação, faça uma reflexão sobre o que você sabia previamente a
respeito ter coincidido ou não. Aproveite o Diário de Bordo e faça as suas anota-
ções. Se você nunca ouviu falar sobre o tema escolhido para sua experiência, da
mesma forma, aproveite para anotar suas primeiras impressões. Depois de estu-
dar a presente unidade, retome o Diário de Bordo e confira o que você mudaria
ou não nas suas anotações.

123
UNIDADE 5

Pois bem, agora, retome seus estudos e aprofunde seu conhecimento para avançar
nas suas constatações. Começamos pela evolução da sociedade como um todo. E,
afinal, qual é a razão de alcançarmos a identificação de Sociedade da Informação?
Onde e como tudo isso começou?
A expressão Sociedade da Informação, conforme Santos e Carvalho (2009),
começou a ser delineada desde as primeiras estruturas de informação do século
XX. Antes desse processo, as autoras evidenciam as revoluções operacionadas
com as primeiras tecnologias de produção, como a Primeira Revolução Industrial
no início do século XVIII. A partir da invenção do motor a vapor, as primeiras
indústrias foram originadas, e as máquinas substituíram o homem em alguns
dos processos de trabalho.
A eletricidade desencadeou a Segunda Revolução Industrial na metade do
século XIX e, mais uma vez, os meios de produção foram transformados, e, tam-
bém, criaram-se outros mecanismos de comunicação a distância. A Terceira Re-
volução Industrial é destacada por Santos e Carvalho (2009) como o marco de
nascimento da Sociedade da Informação, em razão da dependência da ciência e
da tecnologia. A expressão associada a esse marco foi “Sociedade Pós-Industrial”.
Santos e Carvalho (2009) citam Armand Mattelart (2002) para apresentar o
raciocínio em relação à noção de sociedade global da informação, que, para ele,
é o resultado direto de uma construção geopolítica. Portanto, se o conhecimento
e a informação se tornaram recursos estratégicos e agentes de transformação da

124
UNICESUMAR

Sociedade Pós-Industrial, a combinação de energia, recursos e tecnologias me-


cânicas foram os instrumentos de transformação da Sociedade Industrial. Essa
é a razão pela qual se justifica associar como sinônimos as expressões Sociedade
da Informação e Sociedade Pós-Industrial.
Por outro lado, Santos e Carvalho (2009, p. 46) demonstram, a partir de Ku-
mar (1997), que as expressões podem não significar sinônimos se a expressão
Sociedade Pós-Industrial se estabelecer como uma noção básica de evolução
de “uma sociedade de serviços e o rápido crescimento de oportunidade de em-
prego para profissionais liberais e de nível técnico”. Nessa concepção teórica, a
Sociedade da Informação está relacionada à produção de “mudanças em nível
fundamental da sociedade, desde as relações de trabalho e produção de bens e
consumo” (SANTOS; CARVALHO, 2009, p. 46).
Nas afirmações de Werthein (2000), nos últimos anos deste século, a expressão
Sociedade da Informação passou a ser substituta do conceito mais complexo de
Sociedade Pós-Industrial, com foco na qualidade, quantidade e velocidade das infor-
mações a partir dos avanços tecnológicos nas telecomunicações e na microeletrônica.
Para efeito dos nossos estudos, apropriar-nos-emos do entendimento de So-
ciedade da Informação como o de expressar uma sociedade em fase de constitui-
ção, em que as tecnologias de armazenamento e transmissão de dados e informa-
ção são “produzidas com baixo custo, para que possam atender às necessidades
das pessoas, além de se preocupar com a questão da exclusão, agora não mais
social, mas também digital” (SANTOS; CARVALHO, 2009, p. 46).

125
UNIDADE 5

Nesse aspecto, Castells (1999) denomina “Sociedade em Rede” o movimento que


diminui as distâncias geográficas e tem a conexão à internet como principal veí-
culo para viabilizar o trânsito das informações. Essa Sociedade em Rede e essa
Sociedade da Informação culminam em uma nova realidade em que a exclusão
digital é um agravante de cunho social, porque segrega a população mais pobre,
mais vulnerável, ou seja, a maioria dos cidadãos.
Por isso, todas essas mudanças afetaram os países de maneira global, no sentido
de despertar a necessidade de estruturar normas capazes de garantir acesso aos cida-
dãos às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Um movimento global
passou a pressionar as nações para implementar políticas públicas com tal finalidade.
Nessa perspectiva, o Governo brasileiro criou e implementou o Programa So-
ciedade da Informação — Livro verde. A descrição base do programa brasileiro é
privilegiar o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação como primordiais
para alavancar setores importantes como o social, o econômico e o tecnológico.
Na crítica de Santos e Carvalho (2009) — frisando que o artigo data de 2009 e,
por isso, mudanças importantes podem ter ocorrido —, o programa brasileiro foi
construído com base no documento que apresenta falta de solidez, profundidade
e subsídios científicos nas discussões para a concepção do Livro Verde, que trata
a questão da exclusão digital como meramente tecnológica.


Mais do que ligar pontos e abrir um canal de comunicação entre mi-
lhares de pessoas, a preocupação deve chegar à questão de conteúdo.
O processo [...] vem sendo chamado de inclusão digital, no qual são
priorizadas tão somente as condições de acesso à Internet, desprezan-
do-se o vasto contingente que frequenta a rede e dela não usufrui de
maneira potencial. Assim, teremos ainda mais excluídos sem políticas
e ações visando a combater o aprofundamento da brecha social tra-
zida pelas novas tecnologias (SANTOS; CARVALHO, 2009, p. 47).

Se o programa de inclusão digital federal não contempla com ênfase a relação da


importância da abordagem da questão dos conteúdos e da informação — atre-
lados às novas TICs —, sob o viés da Comunicação Social, um outro conceito
evidencia sua importância e, principalmente, coloca-se como um aglutinador de
todos os termos relacionados a sistemas de informações e comunicação e novas
tecnologias de informação e comunicação, a comunicação pública.

126
UNICESUMAR

EXPLORANDO IDEIAS

Os mecanismos para uma efetiva participação dos cidadãos na construção de uma nova
sociedade [...] não terão plena eficácia se as pessoas que participam do processo não têm
acesso às informações pertinentes aos interesses da coletividade. É de suma importância
que seja garantido o direito à informação para que haja possibilidade de intervenção,
pelos cidadãos, na administração pública, sendo em maior escala no âmbito municipal.
Fonte: Viegas (2003, p. 671).

De acordo com Brandão (2007, p. 9), a comunicação pública “é um processo


comunicativo entre Estado, governo e sociedade com o objetivo de informar e
construir cidadania”. Duarte (2007, p. 59) destaca que entre os compromissos da
Comunicação Pública estaria o de “privilegiar o interesse público em relação ao
interesse individual ou corporativo; centralizar o processo no cidadão; tratar a
comunicação como processo mais amplo do que informação; assumir a com-
plexidade da comunicação, tratando-a como um todo uno”. Assim, o propósito
da comunicação pública é a utilização da comunicação como instrumento de
interesse coletivo para fortalecimento da cidadania. Já o conceito de cidadania
está ligado ao estabelecimento e exercício de direitos e deveres, com base na
Constituição Federal (BRASIL, 1988).

127
UNIDADE 5

Barbosa (2011) evidencia que a definição de comunicação pública passa por


três requisitos base: prestação de informações, as quais devem ser relevantes
e participação popular. “Não se pode falar em Comunicação Pública [...] sem
que estejam presentes três requisitos base: prestação de informações (subprin-
cípio da informação), informação significativa (subprincípio da motivação) e
participação (subprincípio da participação)” (BARBOSA, 2011, p. 163). Esses
três pontos constituem os princípios da Lei de Transparência Administrativa
presente na Constituição de 1988.
Assim, a assessoria de comunicação na gestão pública também sofreu trans-
formações nas últimas décadas. Em sua fase inicial de desenvolvimento, estava
integrada, basicamente, à concepção de coletar e divulgar informações pertinen-
tes à organização assistida. Como identifica Andrade (1993), tal atividade, deno-
minada por ele “relações públicas”, surgiu nos Estados Unidos em 1862, sendo
considerada o primeiro emprego sistemático de um serviço informativo oficial
no âmbito governamental.
No Brasil, a criação de um setor especializado para a prática comunica-
cional se deu primeiro na esfera pública e foi identificada historicamente em
1911. Ainda de acordo com Andrade (1993), a atividade de relações públicas
foi instituída a partir do Decreto nº 9.195, do dia 9 de dezembro, com o serviço
de Informação e Divulgação do Ministério da Agricultura, sendo considerado
o primeiro informativo oficial brasileiro.
Na sua obra Cronologia da Evolução Histórica das Relações Públicas, Gurgel
(1985) relata o início do funcionamento do primeiro serviço regular de Relações
Públicas no país, em 1914, denominado Departamento de Relações Públicas da
The São Paulo Tramway Light and Power Go, a atual AES Eletropaulo. O modelo
adotado intermediava a locução entre governo, mídia e sociedade, mantendo um
canal de comunicação permanente, mas somente para divulgar ações governa-
mentais e, por consequência, a propagação da imagem pública.
Como observou Wels (2006), mesmo com fronteiras pouco nítidas quanto às
práticas desenvolvidas pelos profissionais habilitados em Comunicação Social,
entre os quais as relações públicas, os jornalistas e os publicitários, as assessorias
de comunicação consolidaram suas funções, legitimando-se como área estraté-
gica nas instituições públicas.

128
UNICESUMAR

A exemplo das prefeituras brasileiras que instituíram estruturas específicas de


comunicação social e devido à importância e reconhecimento atrelados aos
respectivos departamentos, a assessoria de comunicação foi alçada ao status
de Secretaria Municipal de Comunicação Social. Essa evolução atestada tam-
bém compõe um novo debate sobre qual é o modelo ideal de gestão da referi-
da pasta municipal e como o seu perfil comunicacional pode ser conceituado.
Como demonstraram Lucatelli e Andrade (2011) no artigo “A Comunicação na
Esfera Pública”, baseado em publicações realizadas sobre o tema entre 1998 e 2008
no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação do Intercom (Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), as expressões utiliza-
das para designar a comunicação desempenhada na esfera pública foram:

■ Comunicação governamental.
■ Comunicação política.
■ Comunicação pública.
■ Marketing político.
■ Propaganda política.

129
UNIDADE 5

De acordo com o trabalho dos autores, a comunicação política também pode


ocorrer durante os períodos eleitorais (DORNELLES, 2002), e seu objetivo “deve
desenvolver, em toda sua profundidade, a relação entre o processo político, com
suas distintas fases, ou seja, época de gestão e de período eleitoral” (MAICAS,
1992, p. 277), para trabalhar favoravelmente a opinião pública e, dessa forma,
justificar sua legitimidade e obter êxito no sufrágio almejado.
Já o marketing político é utilizado de maneira permanente e sistemática, com
a finalidade de aproximar o cidadão comum dos partidos ou políticos. A estratégia
é desempenhar o papel de formação de futuros eleitores, criar um vínculo que deve
perdurar durante toda a vida com os mais variados públicos (GOMES, 2004). No
entanto, a propaganda política é uma propaganda de cunho ideológico, com o
propósito de criar uma imagem simbólica de “transformação da sociedade, mas
sempre procurando envolver as massas na consecução de determinados objetivos
e realização de certos interesses” (PINHO, 2001, p.142).
O conceito de comunicação governamental é mais abrangente
e estabelece a atuação de uma rede formal e es-
truturada de comunicação, geralmente, em
funcionamento dentro das organizações go-
vernamentais, com o objetivo de repassar
informações à opinião pública (TOR-
QUATO, 1985), cuja premissa é de pres-
tação de contas e manutenção de linhas
de comunicação com a sociedade.
Entretanto, em razão de atender so-
mente aos interesses da organização, esse
modelo de comunicação implantado
na área governamental passou a
ser questionado. Debates incita-
ram a possibilidade da criação de
uma nova diretriz de interação en-
tre o Estado, o governo e a sociedade,
cujo vínculo primordial seja o compro-
misso de privilegiar o interesse público.
A esse processo foi associada a expressão
“comunicação pública” (DUARTE, 2007).

130
UNICESUMAR

A comunicação pública, portanto, está diretamente relacionada ao direito


à informação, denota um viés de democratização da comunicação, imbuída de
diálogo e participação. E como observou Brandão (2007), mesmo com a nova
proposta, ainda existe uma tendência de identificar a comunicação pública como
a comunicação elaborada pelos órgãos governamentais. Para ela,


A substituição dessas terminologias por comunicação pública é
resultado da necessidade de legitimação de um processo comu-
nicativo de responsabilidade do Estado e/ou Governo que não
quer ser confundido com a comunicação que se fez em outros
momentos da história política do país. Expressões como marke-
ting político, propaganda política, ou publicidade governamental
tem conotação de persuasão, convencimento e venda de imagem,
em suma do que ficou conhecido como “manipulação das massas”
(BRANDÃO, 2007, p. 9–10).

Desse modo, é visível a pluralidade desse conceito — comunicação pública —,


uma vez que, para promover a comunicação pública, é indispensável a atuação de
várias instâncias que compõem o poder público, visto que a presença de apenas
um desses atores sociais não a promove. Em suma, a comunicação pública “pro-
move o fluxo de comunicação e informação entre as necessidades da sociedade e
aquelas disponíveis nas instituições públicas que são, por natureza, as portadoras
do interesse geral” (BRANDÃO, 2006 apud LUCATELLI; ANDRADE, 2011, p. 4).

1 2
NOVAS DESCOBERTAS

No Brasil, há uma entidade que reúne e representa os comu-


nicadores da área pública-governamental e do terceiro setor, é
a Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABC Pública).
O foco desses profissionais é promover a comunicação pública
com foco no cidadão. Acesse o QR Code 1 para conhecê-lá, e explore a biblioteca digital,
acessando o QR Code 2, que disponibiliza diversas publicações para aprimorar seu conhe-
cimento sobre comunicação pública.

131
UNIDADE 5

Há quase uma similaridade com a definição sociológica de comunicação apre-


sentada por Melo (1977), entendida como elemento desencadeador e delimitador
da interação social, um instrumento das relações sociais, sendo o processo pelo
qual o indivíduo é integrado na sociedade, um marco por meio do qual os seres
vivos se encontram em união com o mundo.
Também se assemelha ao conceito contemporâneo de esfera pública (Figura
1) explicitada por Avritzer (1999). O autor enfatiza que os movimentos sociais
são os apresentadores de identidades em público pela razão de construírem espa-
ços de reconhecimento mútuo. E em termos de teoria democrática, compatíveis
com o conceito de deliberação pública, em que a esfera pública é um espaço na
periferia do sistema político, no qual é possível integrar as redes informais de
comunicação das associações civis e dos movimentos sociais. “Elas podem de-
cidir através do voto, mas o mais importante em relação à sua forma de decisão
é que ela é pública, transparente e conta com o consenso dos outros atores que
participam do processo deliberativo” (AVRITZER, 1999, p. 23).

Figura 1 - Comunidade organizada e unida decidindo temas de interesse comum

Descrição da Imagem: a imagem fotográfica apresenta bonecos de madeira em formato de pessoas,


com pernas e braços abertos, alinhados pelas extremidades do que simula as mãos dadas entre eles,
formando um círculo. Eles abraçam um globo que representa o planeta Terra, em que se observam as
linhas imaginárias verticais e horizontais, em linha preta, e as demarcações de território, coloridas em
cores distintas para cada país ali representado. O fundo da imagem é em cor cinza claro, e todos os objetos
mencionados possuem sombra à sua direita.

132
UNICESUMAR

Portanto, a esfera pública se configura por meio da ação comunicacional, desem-


penhada por diversos públicos que estão organizados em redes de comunicação
articuladas para debaterem temas de interesse mútuo, defendendo seu ponto de
vista e tornando pública sua opinião (MARQUES, 2008).

NOVAS DESCOBERTAS

Título: O Poder da Comunicação


Autor: Manuel Castells
Editora: Paz e Terra
Sinopse: neste livro, o aclamado autor da trilogia A Era da Informação:
economia, sociedade e cultura, Manuel Castells, oferece uma imagem bem
fundamentada e imensamente desafiadora sobre comunicação e poder no
século 21. A partir de pesquisas sobre processos políticos e movimentos
sociais, o autor apresenta informações enganosas transmitidas ao público
norte-americano sobre a Guerra do Iraque, o movimento ambientalista glo-
bal para evitar a mudança climática, o controle da informação na China e na
Rússia e as campanhas eleitorais apoiadas na internet, tal como a de Obama
nos Estados Unidos. A partir de estudos de caso, Castells propõe uma nova
teoria do poder na era da informação, fundamentada no gerenciamento das
redes de comunicação. É o livro ideal para os interessados em como a comu-
nicação e a tecnologia afetam nossas vidas.

Trata-se, ainda, da concepção “habersiana” a respeito da esfera pública, funda-


mentada na perspectiva do discernimento de que esfera pública não pode ser
representada por um espaço institucional concreto. A esfera pública está ligada
mais diretamente à sustentação de fluxos discursivos para ouvir a vontade e a
opinião do outro, transformar a influência pública e o poder comunicativo que
se estabelecem entre indivíduos em poder político (HABERMAS, 1997).
Diante das questões delineadas, evidenciamos que a comunicação pública
está atrelada ao direito à informação, à superação da exclusão digital, denota um
viés de democratização da comunicação, imbuída de diálogo e participação. É o
compromisso com a accountability, que demonstra confiabilidade e transparên-
cia na gestão dos negócios públicos (BRANDÃO, 1998).
Para Brandão,

133
UNIDADE 5


[...] é preciso incutir o entendimento de que todos têm o dever de
prestar contas a seus públicos específicos, de acordo com as necessi-
dades de cada grupo e escolhendo os meios apropriados. Para isso, é
indispensável que a COMUNICAÇÃO PÚBLICA seja realizada por
todos que integram a área pública, de maneira autônoma e descen-
tralizada de acordo com suas características, buscando encontrar
a melhor forma de expressão da comunicação em cada setor das
políticas públicas adotadas pelo Estado (BRANDÃO, 1998, p. 15).

No âmbito governamental, esse vínculo com a população deveria ser gerido pelos
órgãos públicos representativos de comunicação social; no entanto, em muitos
Municípios, a prática do setor ainda é destinada a oferecer um serviço unilateral de
informações, vinculado a propagandear as ações do Executivo, com foco nos feitos
de prefeitos e secretários municipais. Por isso, a recomendação é que a conscien-
tização sobre o que seja comunicação pública comece com o público interno da
administração pública — colaboradores/servidores —, incluindo desde os setores
de tecnologia de informação e comunicação, os serviços de atendimento presencial
nos balcões, aos atendimentos eletrônicos à comunidade — internet e telefone —,
entre outros, para que seja garantido o intercâmbio de comunicação entre o poder
público e a população. Para além disso, ainda cumpre a Lei de Acesso à Informação
(LAI), Lei n° 12.527, garantindo aos cidadãos seu direito à informação.

134
UNICESUMAR

NOVAS DESCOBERTAS

Eu não poderia perder a oportunidade de apresentar para você uma obra co-
letiva tão importante que contou com minha participação. Trata-se da primeira
edição do Guia de Comunicação Pública. E, sim, sou membro associada da ABC
Pública. Imagine o meu entusiasmo de poder dividir essa que é uma outra atri-
buição da minha vida como comunicóloga, pesquisadora e professora. Confira !!!
Título: Guia de Comunicação Pública
Organização: Armando Medeiros e Lilian Chirnev
Editora: Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABC Pública)
Sinopse: a primeira edição desse guia é resultado do esforço coletivo para re-
unir referências em comunicação pública para os profissionais que atuam ou
pretendem atuar no campo. A visão de comunicação centrada na cidadã e no
cidadão é o núcleo do guia e da atuação da Associação Brasileira de Comunica-
ção Pública (ABC Pública), espaço onde ele foi concebido.
Convidamos você a participar dessa rede e a aperfeiçoar o Guia de Comunica-
ção Pública. É uma obra que será ampliada e revista a partir do olhar dos co-
municadores que, na prática e de perto, vivenciam e conhecem a realidade dos
instrumentos e canais de comunicação disponibilizados aos cidadãos e cidadãs.

A teoria geral do direito à informação na administração pública que rege o acesso


aos documentos administrativos existe desde a Constituição de 1988, disposto no
artigo 5º, inciso XXXIV, alínea b, item 12 da CR/88, no sentido de que o direito
à informação diz respeito somente às situações de interesse coletivo ou difuso,
e, quando se tratar de direito individual, ter-se-á o direito à certidão (BRASIL,
1988). A Lei nº 12.527/2011 regulamenta o direito constitucional de acesso às
informações públicas. Essa norma entrou em vigor em 16 de maio de 2012 e
criou mecanismos que possibilitam a qualquer pessoa, física ou jurídica, sem
necessidade de apresentar motivo, o recebimento de informações públicas dos
órgãos e entidades (BRASIL, 2011).
O direito à informação é preceito constitucional que deve ser exercido em
todos os níveis de governo. “Não há como se falar em democracia participativa
se aqueles que devem participar não têm as informações necessárias para fazê-la”
(VIEGAS, 1992, p. 671). E, ainda,

135
UNIDADE 5


[...] em regra o que está em jogo é o interesse geral sobre o indivi-
dual. É o interesse da coletividade em detrimento do segredo da
administração, que é pública. Este direito [...] é o de quarta geração,
vez que é um pressuposto da democracia que os cidadãos tenham
conhecimento dos atos, das atividades da administração para que
possam atuar fiscalizando, controlando e participando do Poder
Público (VIEGAS, 1992, p. 671–672).

De acordo com Viegas (1992), o que se pretende é defender uma administração


pública aberta, transparente, porque, do contrário, uma administração pública fe-
chada representa autoritarismo, segredo, e isso afasta a participação dos cidadãos.
O acesso à informação é a regra. O sigilo na administração pública é a exceção.

136
UNICESUMAR

Com a premissa de superação da exclusão digital e de melhoria da prestação de


serviços públicos, utilizando as novas tecnologias de informação e comunicação,
bem como sistemas de dados avançados, o termo smart city ou cidade inteligente
estará cada vez mais em evidência na gestão pública brasileira. E como o conceito
no país ainda está em fase de debate, incluímos, nesta unidade, o conceito para
fazer uma breve apresentação e destacar seus principais pontos.
Para iniciar, vamos à definição do termo smart city que, segundo Rizzon et
al. (2017), data do início de 1990, quando foi criado para conceituar o fenômeno
de desenvolvimento urbano dependente de tecnologia, inovação e globalização,
principalmente, em uma perspectiva econômica. Em 2007, o conceito ganhou
repercussão no debate científico com o estudo de Giffinger, Fertner, Kramar, Kala-
sek, Pichler-Milanović e Meijers.

EXPLORANDO IDEIAS

Todo o marketing em torno das smart cities, as tais cidades inteligentes (e há muito
marketing, porque por trás delas estão grandes corporações vendendo tecnologia para
os governos municipais) fala em cidades humanas e democráticas, a partir da possibili-
dade de interação do cidadão com o governo e de como essa interação pode promover
melhoria da qualidade de resposta das políticas públicas às pessoas. Entretanto, o que
estamos vendo é diferente.
Fonte: Rolnik (2018, on-line).

Rizzon et al. (2017, p. 126) destacam que a smart city é composta por caracte-
rísticas estruturadas a partir da “combinação inteligente de doações e atividades
de autogerenciamento, cidadãos conscientes e independentes e um método para
medir e comparar a inteligência urbana”.
O estudo de Giffinger et al. (2007 apud RIZZON et al., 2017) revela que
existem seis características em uma smart city para “garantir alta performance
que podem ser identificadas como: economia inteligente; pessoas inteligentes;
governança inteligente; mobilidade inteligente; ambiente inteligente e; vida in-
teligente” (RIZZON et al., 2017, p. 126).
A cidade inteligente está associada ao amplo uso das TICs em infraestruturas
tradicionais de saúde, gestão de resíduos, segurança pública, mobilidade etc. Nes-
se sentido, a cidade somente é considerada inteligente quando os investimentos
em capital humano e social e a tradicional e moderna infraestrutura de TICs são

137
UNIDADE 5

impulsionadores do crescimento econômico susten-


tável, de uma elevada qualidade de vida e de uma
gestão prudente dos recursos naturais mediante a
governança participativa.
Rizzon et al. (2017, p. 131), a partir de Kitchin
(2014), afirmam que a cidade inteligente é “aquela
cuja economia e governança está sendo conduzida
pela inovação, pela criatividade e pelo empreende-
dorismo, sendo promulgada por pessoas inteligentes”.
Weiss, Bernardes e Consoni (2015) inserem cidades
inteligentes sob a perspectiva de uma nova dimen-
são da gestão pública que, mesmo se sustentando em
infraestrutura digital,


[...] depende da capacidade de
aprendizagem para a inovação e re-
plicação nos processos de gestão ur-
bana (HERNÁNDEZ-MUÑOZ et
al., 2011; KOMNINOS et al., 2011).
Ela utiliza as capacidades da cidade
digital para implementar sistemas
de informações que melhorem a
disponibilidade e a qualidade das
infraestruturas e serviços públicos,
incrementando sua capacidade de
crescimento e estimulando a inova-
ção e o desenvolvimento sustentá-
vel. Isso significa que a cidade digital
não é necessariamente inteligente,
mas a cidade inteligente tem, obri-
gatoriamente, componentes digitais
(ALLWINKLE; CRUICKSHANK,
2011; DUTTA, 2011; NAM; PARDO,
2011B apud WEISS; BERNARDES;
CONSONI, 2015, p. 310).

138
UNICESUMAR

Na prática, de maneira simplificada, apenas como exemplo para ilustrar basica-


mente seu funcionamento, todos os usuários das redes de telecomunicações, ao
utilizarem seus equipamentos — conectados à internet — para se comunicar ou
buscar informações, produzem big data — volume de dados. Esses dados ficam
armazenados em um banco de dados na internet e, ao serem consultados, indi-
cam padrões de ocorrências na cidade, por exemplo, pontos de tráfego recorrentes
em determinado horário e localização na cidade.

Bem-vindo(a) ao PodSI, o Podcast de Sistemas de Infor-


mação, que traz informações sobre o universo de SI, da
digitalização da Gestão Pública e os avanços no país e no
mundo rumo à inclusão digital. Neste quinto episódio, nós
falaremos sobre cidades inteligentes não liberais. Ficou curi-
oso(a)? Então, aperte o play que eu lhe conto tudo!!!

O banco de dados demonstra um padrão durante dias e indica, com maior rapi-
dez e em tempo real, como a cidade se “movimenta”. Os dados são pesquisados, o
problema é identificado, as informações são processadas e repassadas, um novo
planejamento é estruturado e implementado para mudar e/ou aprimorar a pres-
tação de serviços públicos.
Esses, contudo, são aspectos favoráveis do conceito smart city. Existe muito
debate a ser realizado e muitas pesquisas científicas a serem desenvolvidas para
realmente atender a essa finalidade. Um importante debate é sobre os aplicativos
oferecidos por empresas privadas às instituições governamentais. A tecnologia é
concedida, mas a empresa também é favorecida com a produção irrestrita de um
banco de dados cuja posse está sob o seu domínio. Assim, a captação de potenciais
negócios com questões públicas é um aspecto a ser analisado.
Questionamentos surgem nesse sentido como: até que ponto os dados dos
cidadãos devem ser protegidos? Como garantir recursos para desenvolvimento
de tecnologia pelo setor público? Como evitar que, mesmo com a “smartização”
das cidades, os projetos públicos continuem sendo direcionados para privilegiar
e valorizar determinados segmentos da cidade, como a valorização de áreas favo-

139
UNIDADE 5

recendo o mercado de terras? Os questionamentos ainda são muitos para identi-


ficar como o conceito de cidades inteligentes é aplicado nas cidades brasileiras e
qual seria o ideal a ser implementado, mas, até o momento, o que identificamos é
a real necessidade de implementação de uma agenda pública para atender a esse
debate de maneira ampla e democrática.
Nesta unidade, conseguimos nos apropriar, inicialmente, da compreensão
sobre a Sociedade da Informação como sociedade global da informação, que é o
resultado direto de uma construção geopolítica. Aprendemos que a informação
transformada em conhecimento se tornou recurso estratégico e agente de trans-
formação da sociedade.
Apropriamo-nos da ênfase em relação à importância da abordagem da ques-
tão dos conteúdos e da informação — atrelados às novas TICs — sob o viés
da Comunicação Social, da comunicação pública, que aglutina todos os termos
relacionados a sistemas de informações e comunicações e novas tecnologias de
informação e comunicação.
Destacamos, em nossos estudos, a Lei de Acesso à Informação (LAI), que
garante aos cidadãos seu direito irrestrito às informações públicas, sob a Lei nº
12.527/2011 (BRASIL, 2011), que regulamenta o direito constitucional de acesso
às informações públicas. O direito à informação é ainda o preceito constitucional
que deve ser exercido em todos os níveis de governo. É direito do cidadão solicitar,
mas é dever dos órgãos públicos promover as publicações pertinentes, com nível
de linguagem acessível à compreensão de todos os cidadãos.
Encerramos nossos estudos com a contextualização sobre smart city ou ci-
dade inteligente para evidenciar que o termo está cada vez mais presente nas
relações citadinas e apresentado como mais um instrumento para a gestão pú-
blica brasileira, ou seja, está associada ao amplo uso das TICs em infraestruturas
tradicionais da realidade urbana.
Todos os itens apresentados a partir da contribuição das diversas disciplinas do
conhecimento agregam mais para os nossos estudos e aperfeiçoamento em relação
à compreensão sobre sistemas de informações e sua aplicação na gestão pública.

140
1. As primeiras estruturas de tecnologia de informação e comunicação presentes no
século XX começaram a moldar a expressão Sociedade da Informação. O marco inicial
da Sociedade da Informação se dá na Terceira Revolução Industrial, por conta da
dependência de tecnologia e ciência, sendo a Sociedade Pós-Industrial a expressão
associada a esse marco.

Assim, com base no conceito de Sociedade da Informação presente nos nossos


estudos, analise as asserções a seguir.

I - A Sociedade da Informação expressa uma sociedade que está em processo de


constituição.

PORQUE

II - É o movimento que diminui as distâncias geográficas e tem a internet como


principal veículo.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa


correta da I.
b) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
e) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

2. Na Constituição Federal de 1988, já estava inserida a teoria geral do direito à


informação na administração pública. A regulamentação desse direito constitucional
foi efetivada por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) (Lei nº 12.527/2011). A
norma criou mecanismos que possibilitam, a qualquer pessoa, o recebimento de
informações públicas.

Com base na LAI, avalie as afirmações a seguir como V para verdadeiras e F para falsas.

I - Mesmo sem ter a obrigação de apresentar sua motivação para acessar a alme-
jada informação, o requerente pode ter seu pedido negado.
II - Entidades privadas sem fins lucrativos estão fora do enquadramento de obriga-
toriedade da LAI de publicidade de informações requisitadas.

141
III - Com exceção dos Tribunais de Conta e Ministério Público, a LAI vale para os três
Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
IV - A transparência ativa é um dos aspectos da LAI, que significa a divulgação proativa
de informações de interesse individual, coletivo e geral.

As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:

a) F, V, F, V.
b) F, V, V, F.
c) V, F, F, F.
d) V, V, F, F.
e) V, V, V, F.

3. O Governo brasileiro criou e implementou o Programa Sociedade da Informação


— Livro verde. A descrição base do programa brasileiro é de privilegiar o uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação como primordiais para alavancar setores
importantes como o social, o econômico e o tecnológico.

Com base nas críticas sobre o Programa Sociedade da Informação do Governo Fe-
deral brasileiro implantado em 2000, avalie as afirmações a seguir como V para
verdadeiras e F para falsas.

I - A questão de a exclusão digital ser meramente tecnológica.


II - Privilegiar o uso das tecnologias de informação e comunicação.
III - Uso de TICs para alavancar setores como o social e o econômico.
IV - A preocupação do programa deve incluir a questão de conteúdo.

As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:

a) V, F, F, V.
b) V, F, F, F.
c) F, V, F, V.
d) V, F, V, V.
e) F, V, F, F.

4. A conscientização sobre o que seja comunicação pública deve começar com o público
interno da administração pública — colaboradores/servidores —, incluindo desde
os setores de tecnologia de informação e comunicação, os serviços de atendimento
presencial nos balcões, aos atendimentos eletrônicos à comunidade — internet e
telefone —, entre outros.

142
Assim, com base nos nossos estudos sobre comunicação pública, avalie as afirma-
ções a seguir.

I - A comunicação pública também está submetida à superação da exclusão digital.


II - Transparência na gestão dos negócios públicos depende da comunicação pública.
III - Trata-se da utilização da comunicação como instrumento de interesse coletivo.
IV - Todos os servidores que integram a área pública realizam comunicação pública.

É correto o que se afirma em:

a) I e III, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II, III e IV.

5. Com o objetivo de superar a exclusão digital e de melhorar a prestação de serviços


públicos utilizando as novas Tecnologias de Informação e Comunicação, bem como
sistemas de dados avançados, o termo smart city, ou cidade inteligente, estará cada
vez mais em evidência na gestão pública brasileira.

Com base nos nossos estudos sobre o termo cidade inteligente/smart city e a sua
aplicação, analise as afirmações a seguir.

I - Amplo uso das TICs em infraestruturas avançadas de saúde, gestão de resíduos,


segurança pública etc.
II - Combina captações e atividades de autogerenciamento, cidadãos conscientes e
dependentes de TICs.
III - Garante alta performance que pode ser identificada como economia inteligente,
pessoas inteligentes etc.
IV - Conceituou o fenômeno de desenvolvimento urbano dependente de tecnologia,
inovação e globalização.

É correto o que se afirma em:

a) II e IV, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

143
6. No artigo “A Comunicação na Esfera Pública”, baseado em publicações realizadas so-
bre o tema entre 1998 e 2008 no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
do Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação),
as expressões utilizadas para designar a comunicação desempenhada na esfera
pública foram: comunicação política, comunicação pública, marketing político e
propaganda política.

LUCATELLI, F.; ANDRADE, M. A. R. A Comunicação na Esfera Pública: o que se publicou


entre 1998 e 2008 no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação do Intercom.
Cadernos UniFOA, Volta Redonda, ano 6, n. 17, dez. 2011. Disponível em: http://re-
vistas.unifoa.edu.br/index.php/cadernos/article/view/1079. Acesso em: 4 jan. 2022.

Com base nas expressões utilizadas para designar a comunicação desempenhada


na esfera pública, identifique, a seguir, a alternativa correta sobre marketing político.

a) Marketing político atua em uma rede formal e estruturada de comunicação, em


funcionamento dentro das organizações governamentais.
b) O marketing político é utilizado de maneira permanente e sistemática, com a
finalidade de aproximar o cidadão comum dos partidos ou políticos.
c) O marketing político está relacionado ao direito à informação, sob um viés de
democratização da comunicação, imbuída de diálogo.
d) O marketing político ocorre durante os períodos eleitorais e seu objetivo é desen-
volver uma relação com os cidadãos durante as etapas da eleição.
e) O marketing político tem característica ideológica e seu propósito é criar uma
imagem simbólica de transformação social envolvendo as massas.

144
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150
UNIDADE 1

1. B.

I. Falsa, pois, segundo Chiavenato (2003, p. 410), na Administração, o Taylorismo é


um exemplo de reducionismo.

II. Verdadeira, pois o pensamento analítico é utilizado pelo reducionismo para explicar
os acontecimentos; sua análise consiste em decompor o todo no máximo possível
para, depois, pensar em soluções parciais para essas partes e, por último, agregar
essas várias soluções em uma solução do todo.

III. Falsa, pois é no reducionismo que o princípio se baseia na confiança de que todas
as coisas podem ser decompostas e reduzidas a seus elementos mais fundamentais
e simples até resultar em suas unidades indivisíveis.

IV. Verdadeira, pois o mecanicismo é o princípio baseado na relação de causa e efeito


entre dois fenômenos, ou seja, um fenômeno constituiu a causa do outro fenômeno.
Essa relação utiliza o sistema fechado e abstrai o meio ambiente para explicar as
causas de seus estudos.

CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração: uma visão abran-


gente da moderna administração das organizações. 7. ed. rev. e atual. Rio de Janei-
ro: Elsevier, 2003.

2. D.

a) Incorreta, pois, na execução de Sistemas de Informação, o intuito é “melhorar a vida


dos homens”, sendo os “homens” a sociedade como um todo. Nesse sentido, não há
uma premissa prioritária.

b) Incorreta, pois a pesquisa científica, empírica, a interpretação feita sob as diversas


disciplinas do saber, estas, sim, são subsídios reais para gerenciar a rotina de traba-
lho, fazer planejamento e execução de ações voltadas a combater causas, ao invés
de sanar somente as consequências, quase sempre, urgências relacionadas a uma
gestão ineficiente.

c) Incorreta, pois um gestor público, mais do que o domínio das ferramentas e estru-
turas de sistemas de informação, tem como seu propósito profissional ser um agente
de transformação.

d) Verdadeira, pois a desigualdade entre os mais pobres — maioria da população — e


os mais ricos — apenas uma minoria — não deve ser naturalizada ou se tornar um
argumento para dar mérito somente aos que têm e desqualificar os que não têm.

151
e) Incorreta, pois sanar somente as consequências, quase sempre, refere-se a urgên-
cias relacionadas a uma gestão ineficiente, e não eficiente.

3. B.

I. Falsa, pois é a entropia que está relacionada aos sistemas que tendem a ser imutá-
veis, sem desintegrar ou mesmo apresentar mudança no padrão observado.

II. Verdadeira, pois o objetivo designa que todo sistema tem um objetivo a ser alcan-
çado, e, dessa forma, atitudes são direcionadas para atingir tal propósito.

4. A.

I. Correta, pois a teleologia é o estudo do comportamento com a finalidade de alcançar


objetivos e passou a influenciar poderosamente as Ciências.

II. Incorreta, pois é o reducionismo cujo princípio se baseia na confiança de que todas
as coisas podem ser decompostas e reduzidas a seus elementos mais fundamentais
e simples até resultar em suas unidades indivisíveis.

III. Correta, pois a teleologia é o princípio no qual a causa é necessária, mas nem
sempre é suficiente para determinar o efeito, ou seja, não é uma relação mecanicista,
determinística, e, sim, probabilística. Em outros termos, a relação causa-efeito não é
uma relação determinística ou mecanicista, mas simplesmente probabilística.

IV. Incorreta, pois é o mecanicismo que é o princípio baseado na relação de causa


e efeito entre dois fenômenos, ou seja, um fenômeno constituiu a causa do outro
fenômeno. Essa relação utiliza o sistema fechado e abstrai o meio ambiente para
explicar as causas de seus estudos.

5. B.

I. Verdadeira, pois sua sugestão era desenvolver estudos em sistemas globalmente


constituídos.

II. Falsa, pois, na visão do especialista, cada um dos elementos, ao serem reunidos,
constituem uma unidade funcional maior, e não central, como consta na atividade.

III. Falsa, pois, na visão do especialista, cada um dos elementos, ao serem reunidos,
constituem uma unidade funcional maior, desenvolvendo características que não po-
dem ser encontradas quando seus componentes são analisados de maneira isolada.

IV. Falsa, pois o especialista criticou a visão de que há uma divisão no mundo em
áreas — Biologia, Química, Física etc. —, e não que a divisão se aplica a essas áreas.

152
6. C.

I. Incorreta, pois a cabeça bem cheia faz alusão à acumulação de saber sem nenhum
propósito.

II. Correta, pois a cabeça bem cheia faz alusão à acumulação de saber sem nenhum
propósito.

III. Correta, pois a “cabeça bem-feita” se propõe a absorver uma aptidão geral para
tratar e sanar problemas.

IV. Incorreta, pois parte de princípios organizadores que permitem interligar os saberes
e lhes conceder sentido.

UNIDADE 2

1. E.

I. Falsa, pois as saídas estão relacionadas aos resultados que o sistema entrega so-
mente ao meio externo, como os produtos acabados ou os serviços prestados etc.

II. Verdadeira, pois a retroalimentação ou feedback representa os tipos de saídas que


são os subsídios referenciais para modificar as entradas e/ou processamento.

III. Verdadeira, pois, na análise de sistema da referida atividade, de acordo com Albu-
querque (2011), seria por meio de um mecanismo que é dividido em partes, sendo
denominadas: entradas, componentes, saídas e retroalimentação ou feedback.

IV. Verdadeira, pois os componentes correspondem a procedimentos internos do


sistema que são necessários para transformar os elementos de entrada. Trata-se do
processo de transformação que converte os elementos de entrada, como matéria-
-prima, em produto.

ALBUQUERQUE, J. C. M. Sistemas de Informação e Comunicação no Setor Público.


Florianópolis: UFSC; Brasília: CAPES: UAB, 2011.

2. E.

I. Verdadeira, pois o Sistema Aberto corresponde à interação entre a indústria, os


clientes, a sociedade em geral e o todo do ambiente em que ela atua. Essa relação,
portanto, é considerada constante e mutável.

II. Falsa, pois o Sistema Fechado é independente do meio externo, e o seu funciona-
mento ocorre a partir da interação entre suas próprias partes.

153
3. A.

a) Correta, pois o termo “sistema” poderia ser definido como um conjunto de partes,
componentes que interagem entre si, de forma ordenada, a fim de atingir um objetivo
comum.

b) Incorreta, pois os componentes não propõem um objetivo em comum, mas, sim,


ao se comunicarem entre si, têm a finalidade de atingir um objetivo comum.

c) Incorreta, pois o sistema não é um instrumento de partes, mas um conjunto de


partes. E a interação entre as partes, os componentes, de forma ordenada, ocorre a
fim de atingir um objetivo comum, e não indicar um possível objetivo comum.

d) Incorreta, pois o sistema não é um conjunto de partes, componentes que integram


uma forma ordenada isolada, e, sim, interagem entre si de forma ordenada.

e) Incorreta, pois os componentes que interagem entre si não seguem uma forma
espontânea, e, sim, ordenada.

4. D.

I. Correto, pois os SPT são responsáveis pela coleta de todo e qualquer dado con-
siderado importante que seja resultado de uma interação entre a organização e o
ambiente de negócios.

II. Incorreto, pois os SPT não são complexos, ao contrário, são considerados os mais
simples dos Sistemas de Informações (SI).

III. Incorreto, pois os SPT são responsáveis pela coleta de todo e qualquer dado con-
siderado importante que seja resultado de uma interação entre a organização e o
ambiente de negócios ou mesmo de processos operacionais internos, e não de todo
e qualquer dado inserido no ambiente organizacional.

IV. Correta, pois os SPT são uma das tipologias utilizadas para auxiliar no processo
de tomada de decisão.

5. B.

I. Falsa, pois é no Sistema Aberto que a relação é constante e mutável.

II. Verdadeira, o Sistema Aberto corresponde à interação entre a instituição/organi-


zação, a sociedade e o ambiente em que ela atua.

III. Falso, pois o Sistema Fechado é independente do meio externo, e o seu funciona-
mento ocorre a partir da interação entre suas próprias partes.

154
IV. Falso, pois o Sistema aberto é dependente do meio externo, mas seu funciona-
mento ocorre por meio da interação entre a instituição/organização, a sociedade e o
ambiente em que ela atua.

6. C.

I. Correta, pois deve estruturar e manter dispositivos de controle interno para ga-
rantir a confiabilidade das informações de saída e adequada proteção aos dados
controlados pelo SI.

II. Correta, pois deve manter um fluxo de procedimentos — internos e externos ao


processamento — integrado, racional, rápido e com menor custo admissível.

III. Incorreta, pois o SI deve estar integrado à estrutura organizacional para auxiliar na
coordenação dos diferentes setores — departamentos, diretorias, divisões — dentro
da organização, além de ser um instrumento de interligação entre eles.

IV. Incorreta, pois as diretrizes do SI devem assegurar a realização de todos os seus


objetivos de maneira direta, rápida, simples e eficiente.

7. A. I e II estão corretas, mas a II não é uma justificativa correta da I, porque, na I, des-


creve-se o que é necessário para executar um SI automatizado e, na II, a descrição
de composição de um SI automatizado, ou seja, são sentenças independentes que
se justificam por si só.

UNIDADE 3

1. A.

I. Falsa, pois o SIG já é um sistema de informação e a atividade pede que seja avalia-
da as afirmações cujos itens combinados formam os SIG que podem ser aplicados à
gestão/administração sob diversas modalidades.

II. Falsa, pois o software em si compõe os sistemas de computação, e nesta afirmação


ainda falta o item pessoas.

III. Falsa, pois o banco é de dados, que depois de processados geram informações.

IV. Verdadeira, pois os SIG são formados por uma combinação de sistemas de com-
putação, procedimentos, pessoas e ainda tem como base um banco de dados (um
sistema de arquivos interligados e integrados) e pode ser aplicado à gestão/adminis-
tração sob diversas modalidades.

155
2. A.

I. Correta, pois o termo ASI está relacionado à evolução dos SI e é uma conceituação
mais abrangente sobre a arquitetura de dados.

II. Correta, pois antes relacionada somente ao processamento de dados na rotina


de atividades de determinada organização, a ASI evoluiu para os atuais sistemas de
informações que dão conta de gerar informação e conhecimento, incluindo nesse
processamento uma visão organizacional integrada.

III. Incorreta, pois o termo ASI está relacionado à evolução dos SI e é uma conceitua-
ção mais abrangente sobre a arquitetura de dados, e não a evolução da arquitetura
de dados.

IV. Incorreta, pois o termo ASI inclui no seu processamento uma visão organizacional
integrada, incluindo a perspectiva de negócios públicos, da tecnologia disponível e dos
usuários internos (colaboradores) e externos (população) envolvidos. Nesse sentido,
não diz respeito à perspectiva de negócios da tecnologia de informação.

3. E.

I. Verdadeira, pois a pesquisa pode ser definida como o interesse planejado em obter
conhecimento para direcionar as decisões administrativas.

II. Falsa, pois a pesquisa não determina adequações, oportunidades, tendências,


antevê adversidades e até impulsiona novas atuações, mas o conhecimento gerado
a partir da pesquisa é que direciona as decisões administrativas, sejam estas para
determinar adequações, oportunidades, tendências, antever adversidades e até im-
pulsionar novas atuações.

4. E.

a) INCORRETA, pois, geralmente, sua escolha está pautada nas suas referências de
sucesso do passado.

b) INCORRETA, pois no que se refere às preferências do decisor, o processo de decisão


inclui, além da informação, as experiências vivenciadas do decisor, e não suas novas
experiências.

c) e d) INCORRETAS, pois, é a intuição que engloba a informação e as preferências e,


ainda, o pensamento lateral.

e) CORRETA, pois, no que se refere às preferências do decisor, o processo de decisão


inclui, além da informação, as experiências vivenciadas do decisor.

156
5. D.

I - VERDADEIRA, pois em relação ao processo de tomada de decisões, o monitoramento


das atividades é fundamental para fazer tanto a avaliação de desempenho, quanto
para tomada de decisões.

II - VERDADEIRA, porque as ações citadas na I ocorrem justamente para efeito com-


parativo de sucesso ou não das decisões anteriores implementadas.

II é uma justificativa correta da I - VERDADEIRA, pois atrelado ao contexto do processo


de tomada de decisões, de acordo com Sanches, essa atividade é exercida na dinâmica
da rotina de trabalho, submetido a pressões relacionadas ao ambiente público, em
que o monitoramento das atividades é essencial para tomada de decisões ou mesmo
a avaliação de desempenho, justamente para efeito comparativo de sucesso ou não
das decisões anteriores implementadas.

6. B.

I. Verdadeira, pois o processo de planejamento para implantação de sistemas de


informações, utilizado na maioria das empresas, segue cinco fases. A primeira é a
avaliação, seguido de análise, depois a estruturação do projeto, a implementação do
sistema e manutenção e, por último, a revisão.

II. Falsa, pois respeitar as etapas é essencial para identificar em tempo hábil as mo-
dificações e correções necessárias, não porque a aceitação depende dos usuários,
mas, sim, porque sendo em etapas é possível também identificar na aceitação dos
usuários medidas mais viáveis de execução e funcionamento do SI.

III. Falsa, pois no caso de mudanças mais significativas no sistema, as ações de correções
indicadas podem até serem inviabilizadas dependendo do agravante identificado.

IV. Verdadeira, pois esse procedimento atribuído em etapas é essencial por causa da
necessidade de a implementação ser instituída dentro de prazos estipulados para
construção do projeto.

7. B.

I. FALSA, pois a decisão sobre qual modelo é o mais adequado depende do tamanho
da organização, da quantidade de recurso disponível para investimento, pessoal
habilitado para manipular os dados, nível de complexidade do sistema, a frequência
de demandas por informações, enfim, todos esses fatores devem ser levados em
consideração. E como afirmado anteriormente, o ideal é consultar um profissional
de sistemas de informação para tomar a decisão mais adequada e garantir o
aperfeiçoamento necessário para manutenção e alimentação (com dados) do SIG, e
não consultar o gestor.

157
II. VERDADEIRA, pois o ciclo de funcionamento do SIG começa e termina com os
usuários das informações, ou seja, os gestores, colaboradores e público atendido
pela organização. São eles a fazerem os questionamentos que impulsionam novas
pesquisas e cujas respostas, que findam o ciclo do sistema, retornam a eles para
contribuir com a tomada de determinada decisão.

UNIDADE 4

1. D.

I. Correta, pois o orçamento participativo é um exemplo prático de experiência parti-


cipativa em processos decisórios.

II. Correta, pois conselhos gestores de políticas públicas também são um exemplo
prático de experiência participativa em processos decisórios.

III. Incorreta, pois orçamento proposto pelo Executivo é uma determinação pronta,
sem ser participativa.

IV. Correta, pois os fóruns temáticos também são um exemplo prático de experiência
participativa em processos decisórios.

2. B.

I. Verdadeira, pois regiões de difícil acesso onde não há fiações elétricas correspondem
a uma infraestrutura física de transmissão.

II. Falsa, pois a falta de recurso para comprar um equipamento não corresponde a
infraestrutura física de transmissão.

III. Falsa, pois a existência de operadoras para explorar o serviço é um outro fator a
ser considerado para além da infraestrutura física de transmissão.

IV. Falsa, pois cursos de formação não correspondem à infraestrutura física de trans-
missão.

3. E.

I. Verdadeira, pois a cooperação integra os órgãos governamentais entre si e estes


com outras organizações e seus atores.

II. Falsa, pois é a gestão do conhecimento que permite ao governo e a seus vários
setores criar, gerenciar e disponibilizar o conhecimento gerado e armazenado em
seus vários órgãos, e não a cooperação.

158
4. E.

I. Verdadeira, pois um modelo integrado em rede e eficiente reflete alguns dos que-
sitos de tendência em relação ao modelo contemporâneo de administração pública.
Outro quesito que pode ser acrescido no modelo é o participativo.

II. Verdadeira, pois o destaque mais recente na gestão pública atual é a integração
entre administração pública e a política com a participação popular, realizando e
ampliando espaços nos quais a população participa direta ou indiretamente de pro-
cessos decisórios — orçamento participativo, conselhos gestores de políticas públicas,
fóruns temáticos etc.

III. Verdadeira, pois o que se coloca é um desafio aos gestores, no sentido de integrar
as ferramentas disponíveis ou em elaborá-las para atender às demandas necessárias.
Seguimos nossos estudos com destaque às ações existentes, evidenciando as Tecno-
logias da Informação e Comunicação (TICs) como alternativas estratégicas relativas à
governança e à consolidação de um modelo sistêmico.

IV. Falsa, pois a referência histórica e propulsora desse “novo” modelo estruturado
em uma gestão pública mais dialógica, participativa e até deliberativa, chamado de
modelo societal, são as lutas sociais ocorridas no Brasil nas décadas de 70 e 80, e não
nas últimas duas décadas. Quanto à Reforma Gerencial do Estado Brasileiro, esta se
refere à definição do papel do Estado na década de 1990.

5. B.

a) Incorreta, pois TICs “são tecnologias utilizadas para tratamento, organização e


disseminação de informações” (TAKAHASHI, 2000, p. 176), e não para criação de
informações.

b) Correta, pois é o papel fundamental das Tecnologias de Informação e Comunicação


(TICs). Considerada como sinônimo das Tecnologias da Informação (TI), as TICs po-
dem ser referenciadas como um termo geral do papel da comunicação na moderna
tecnologia da informação, em que ingressam os sistemas de informações em todos
os seus aspectos tecnológicos.

c) Incorreta, pois qualquer instrumentalização de TICs contribui para possibilitar e


ampliar os canais de comunicação e participação dos cidadãos, mas não de garantia
da participação social.

d) Incorreta, pois o governo brasileiro, no contexto dos nossos estudos, não cria novas
tecnologias, mas se apropria das mesmas, tal como segue: é a conjuntura de mudanças
e de estratégias aliada às novas tendências da administração pública brasileira, com
desenvolvimento de novas Tecnologias de Informação e Comunicação, transformando
rapidamente e continuamente o modelo de gestão pública, oportunizando o prota-
gonismo do cidadão na gestão pública.

159
e) Incorreta, pois Zanela (2007, p. 25–26) frisa TICs como o “conjunto de tecnologias
microeletrônicas, informáticas e de telecomunicações, que produzem, processam,
armazenam e transmitem dados em forma de imagens, vídeos textos ou áudios”.

TAKAHASHI, T. (org.). Sociedade da Informação no Brasil: livro verde. Brasília: Mi-


nistério da Ciência e Tecnologia, 2000. Disponível em: http://livroaberto.ibict.br/bits-
tream/1/434/1/Livro%20Verde.pdf. Acesso em: 5 jan. 2022.

ZANELA, M. O Professor e o “Laboratório” de Informática: navegando nas suas


percepções. Dissertação (Mestrado em Educação) — Programa de Pós-Graduação
em Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007. Disponível em: http://
acervodigital.ufpr.br/handle/1884/11296. Acesso em: 3 jan. 2022.

6. B.

I. Incorreta, pois, no processo de fortalecimento da democracia, não cabe apenas


sistemas públicos de informações, prestação de serviços e de contas ou do cidadão
conseguir acessar equipamento, conexão e dominar essas ferramentas.

II. Incorreta, pois a participação popular não é a única garantia da diminuição das
desigualdades, e sim vários aspectos juntos, como sistemas públicos de informações,
prestação de serviços e de contas ou do cidadão conseguir acessar equipamento,
conexão e dominar essas ferramentas. É a garantia dessas estruturas atreladas aos
mecanismos de participação popular nos processos decisórios, com a oferta de ser-
viços públicos de qualidade nas áreas de saúde, educação, mobilidade, habitação e
segurança, que diminuem as desigualdades sociais e econômicas, proporcionando
mais equidade e oportunidades à maioria da população, portanto cooperando para
a superação de qualquer exclusão, seja esta social ou digital.

III. Correta, pois a exclusão digital está associada à exclusão social, mas a não supe-
ração da exclusão digital coopera muito mais para a manutenção da exclusão social.

IV. Correta, pois a verdadeira “democracia eletrônica”, em relação à prática demo-


crática, consiste em acessar os saberes mínimos para manuseio das TICs, além de
receber, também, os estímulos necessários para fomentar o debate crítico e a parti-
cipação popular.

7. E.

I. Verdadeira, pois a nova perspectiva de administração pública, como explica Fleury


(2001) e Paes de Paula (2003 apud KLERING; PORSSE; GUADAGNIN, 2010, p. 9), baseada
em uma nova relação Estado-Sociedade, com maior envolvimento da população na
agenda política, corresponde a “um maior controle social sobre as ações estatais e a
legitimação da sociedade como participante do processo de formulação e implemen-
tação de políticas públicas”.

160
II. Falsa, pois é a gestão tradicional que tem como base a gestão tecnoburocrática e
monológica — de um ator único. Essa vertente societal conceitua a gestão pública
como uma ação político-deliberativa, ou seja, o indivíduo participando, atuando e
decidindo a respeito do seu destino como cidadão, trabalhador, eleitor e consumidor.

KLERING, L. R.; PORSSE, M. de C. S.; GUADAGNIN, L. A. Novos Caminhos da Adminis-


tração Pública Brasileira. Análise — Revista de Administração da PUCRS, Porto Alegre,
v. 21, n. 1, p. 4–17, jan./jun. 2010. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/
ojs/index.php/face/article/view/8231. Acesso em: 3 jan. 2022.

UNIDADE 5

1. E.

I. Verdadeira, pois, por Sociedade da Informação, entendemos como uma sociedade


em fase de constituição.

II. Falsa, pois Castells (1999) denomina o movimento que diminui as distâncias geo-
gráficas e tem a conexão à internet como principal veículo para viabilizar o trânsito
das informações de “sociedade em rede”.

CASTELLS, M. A Sociedade em Rede: a era da informação — Economia,


sociedade e cultura. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

2. C.

I. Verdadeira, pois, se a informação solicitada se enquadrar no âmbito das hipóteses


de sigilo, o pedido será negado. Lembrando que hipóteses de sigilo são limitadas e
legalmente estabelecidas — limitação de exceções.

II. Falsa, pois entidades privadas sem fins lucrativos também são obrigadas a dar
publicidade a informações referentes ao recebimento e à destinação dos recursos
públicos por elas recebidos.

III. Falsa, pois a Lei vale para os três Poderes da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, inclusive, aos Tribunais de Conta e ao Ministério Público.

IV. Falsa, pois a LAI estabelece em seus aspectos a transparência ativa, que é a divul-
gação proativa de informações de interesse coletivo e geral.

3. A.

I. Verdadeira, pois o programa brasileiro foi construído com base no documento que
apresenta falta de solidez, profundidade e subsídios científicos nas discussões para

161
concepção do Livro Verde, que trata a questão da exclusão digital como meramente
tecnológica.

II. Falsa, pois se trata da descrição do programa, e não das críticas feitas ao programa.

III. Falsa, pois se trata da descrição do programa, e não das críticas feitas ao programa.

IV. Verdadeira, pois mais do que ligar pontos e abrir um canal de comunicação entre
milhares de pessoas, a preocupação deve chegar à questão de conteúdo.

4. A.

I. Correta, pois a comunicação pública está atrelada ao direito à informação, à supe-


ração da exclusão digital.

II. Incorreta, pois a transparência na gestão dos negócios públicos não depende da
comunicação pública. A comunicação pública é o compromisso com a accountability,
que demonstra confiabilidade e transparência na gestão dos negócios públicos

III. Correta, pois o propósito da comunicação pública é a utilização da comunicação


como instrumento de interesse coletivo para fortalecimento da cidadania.

IV. Incorreta, pois nem todos que integram a área pública realizam comunicação
pública, mas, no âmbito da Comunicação Pública,


[...] é preciso incutir o entendimento de que todos têm o dever de prestar
contas a seus públicos específicos, de acordo com as necessidades de cada
grupo e escolhendo os meios apropriados. Para isso, é indispensável que a
COMUNICAÇÃO PÚBLICA seja realizada por todos que integram a área
pública, de maneira autônoma e descentralizada de acordo com suas caracte-
rísticas, buscando encontrar a melhor forma de expressão da comunicação em
cada setor das políticas públicas adotadas pelo Estado (BRANDÃO, 1998, p. 15).

BRANDÃO, E. P. Comunicação Pública. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA


COMUNICAÇÃO, 21., 1998, Recife. Anais [...]. Recife: [s.n.], 1998. Disponível em: ht-
tps://abcpublica.org.br/biblioteca-tax-autores/brandao-e-p/. Acesso em: 4 jan. 2022.

5. C.

I. Incorreta, pois a cidade inteligente está associada ao amplo uso das TICs em infraes-
truturas tradicionais de saúde, gestão de resíduos, segurança pública, mobilidade etc.,
e não infraestruturas avançadas.

II. Incorreta, pois a smart city é composta por características estruturadas a partir da
“combinação inteligente de doações e atividades de autogerenciamento, cidadãos

162
conscientes e independentes e um método para medir e comparar a inteligência ur-
bana” (RIZZON et al., 2017, p. 126), e não de combinações de captações nem cidadãos
dependentes de TICs.

III. Correta, pois garante “alta performance que podem ser identificadas como: econo-
mia inteligente; pessoas inteligentes; governança inteligente; mobilidade inteligente;
ambiente inteligente e; vida inteligente” (RIZZON et al., 2017, p. 126).

IV. Correta, pois o termo smart city data do início de 1990, quando foi criado para con-
ceituar o fenômeno de desenvolvimento urbano dependente de tecnologia, inovação
e globalização, principalmente, em uma perspectiva econômica.

RIZZON, F. et al. Smart City: um conceito em construção. Revista Metropolitana de


Sustentabilidade (RMS), São Paulo, v. 7, n. 3, p. 123–142, set./dez. 2017. Disponível
em: https://www.researchgate.net/profile/Juliana-Matte/publication/326785680_
Smart_City_Um_conceito_em_Construcao/links/5be56b8f299bf1124fc53945/Smart-
-City-Um-conceito-em-Construcao.pdf. Acesso em: 5 jan. 2022.

6. B.

a) Incorreta, pois a definição refere-se à comunicação governamental.

b) Correta, pois o marketing político é utilizado de maneira permanente e sistemática


com a finalidade de aproximar o cidadão comum dos partidos ou políticos.

c) Incorreta, pois a definição refere-se à comunicação pública.

d) Incorreta, pois a definição refere-se à comunicação política.

e) Incorreta, pois a definição refere-se à propaganda política.

163

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