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Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Bons estudos!
Introdução à Fisiologia
Humana e Homeostase
6
Fisiologia Humana: A Ciência que
Investiga o Ser Humano
A Fisiologia Humana é a ciência pertencente às cadeiras básicas da saúde que se
dedicam ao estudo do funcionamento do corpo humano, mais especificamente
sobre como as células, os tecidos e os sistemas interagem entre si, assim como o
organismo humano se comporta em situações de saúde (homeostase fisiológica) e
durante processos ou instalação de doenças (PRESTON; WILSON, 2014).
Esse tipo de investigação permitiu que tanto a Fisiologia quanto a Patologia (estudo
sobre as doenças) evoluíssem, e permitiu que fosse compreendido o
funcionamento normal e em estado patológico do organismo humano,
promovendo a construção da base da medicina moderna.
7
Fonte: TORTORA, 2016.
A Homeostasia Fisiológica
O termo homeostase remete a equilíbrio, e aplicando esse termo aos estudos da
Fisiologia podemos compreender que se refere ao estado de equilíbrio
momentâneo ou permanente do ambiente interno e de todos os seus sistemas.
Mais especificamente, se refere ao controle dentro de padrões de normalidade do
volume e dos líquidos corporais, soluções aquosas e substâncias químicas que
estão dentro e fora do ambiente celular (células). O líquido que se encontra dentro
do conteúdo celular é denominado de líquido intracelular (LIC) e o conteúdo que se
localiza no meio externo chama-se líquido extracelular (LEC) (FOX, 2007; TORTORA,
2016).
8
A constituição do líquido intersticial se altera de maneira constante, dependendo
diretamente sobre como as substâncias se movem de dentro e para fora das
células em direção ao plasma sanguíneo. Tal troca é fundamental para o
fornecimento de substratos para as células, como, por exemplo, moléculas de
glicose, oxigênio e íons (TORTORA, 2016).
9
organismo). Interessantemente, os impulsos nervosos desencadeados pelo SNC
promovem respostas muito rápidas, enquanto os hormônios desencadeiam
respostas mais demoradas, porém, mais prolongadas, ambas intermediadas por
alças de retroalimentação positiva e negativa (FOX, 2007; TORTORA, 2016).
10
Imagem 2 – Ciclo de retroalimentação da homeostase
11
Graças aos sistemas de controle da homeostase humana conseguimos
realizar diversas atividades motoras, como, por exemplo, correr em dia
ensolarado e com temperaturas elevadas. Graças a esses mecanismos o
nosso corpo consegue regular a temperatura corporal e manter a
integridade do nosso organismo.
12
Você sabe como ocorre o surgimento das febres? Isso mesmo, das
febres, que ocorrem em resposta a focos inflamatórios de origem viral
ou bacteriana e, caso não sejam controladas, podem resultar em
convulsões e até mesmo em óbito. A inflamação deflagra a produção de
mediadores inflamatórios que são percebidos pelo sistema de defesa
do organismo que, por sua vez, sinaliza o evento agressivo à região
hipotalâmica, iniciando o processo de febre!
13
02
Sistema Nervoso
14
Sistema Nervoso Central (SNC): A
Integração do Mundo
O Sistema Nervoso Central (SNC) é o local onde todos os sinais internos
(endócrinos) e externos (meio ambiente) são percebidos, modulados, interpretados
e, então, soluções e respostas bioquímicas e motoras são iniciadas, e refletem em
ações motoras coordenadas.
Além disso, o SNC é o responsável pela maneira pela qual percebemos o mundo ao
nosso redor, sobre o nosso comportamento frente a diversas situações, memórias
e é o modulador de todos os movimentos volitivos (TORTORA, 2016).
15
Fonte: SEELEY, 2016.
Organização do SNC
O sistema nervoso é um dos menores sistemas que compõem nosso organismo,
porém, o mais complexo, constituído por milhões de células, os neurônios,
formando um imenso emaranhado de redes de transmissão de impulsos
neuronais, as sinapses, a linguagem utilizada pelos neurônios durante sua
comunicação.
16
Classicamente, o sistema nervoso divide-se em SNC e Sistema Nervoso Periférico
(SNP), no qual o SNC é o responsável por receber, processar e elaborar respostas
decorrentes aos sinais internos e externos. A elaboração das respostas realizadas
pelo SNC é efetivada pelo SNP, como, por exemplo, as ações motoras voluntárias e
involuntárias. Além disso, o SNP desempenha o importante papel de transmitir
sinais sensoriais ao SNC (TORTORA, 2016; FOX, 2007).
Já os gânglios são pequenas estruturas que fazem parte do tecido nervoso que são
formados principalmente por corpos celulares, situados fora do encéfalo e da
medula espinal, apresentando grande relação com os nervos cranianos e espinais.
Os plexos entéricos correspondem à comunicação do SNC com o trato
gastrointestinal, presentes nas paredes que revestem os órgãos do sistema
digestório, auxiliando em todo o controle do processo digestivo. Nesse sentido,
todas as atividades do SNC, SNP, SNE e plexos nervosos são suscetíveis aos
processos de feedback positivo e feedback negativo.
17
Feedback Negativo e Positivo
Como citado anteriormente, as alças de retroalimentação têm como função
principal promover o equilíbrio homeostático fisiológico por meio de sinalizações
que informam o SNC sobre o que está ocorrendo no SNP e SNE.
18
Imagem 2 – Controle da pressão arterial por meio de feedback negativo
19
Mas o que acontece caso não ocorra a normalização da homeostase de um
sistema? E se esse evento se tornar constante? Em situações em que os sistemas de
controle por alças de retroalimentação não conseguem promover a normalização e
manutenção da homeostase, ocorre o surgimento e instalação de patologias de
caráter crônico.
20
Quer testar se realmente os sistemas de retroalimentação que atuam
na manutenção da homeostase funcionam? Faça o seguinte, caminhe
por 20 minutos, mas antes de iniciar a caminhada faça a aferição da PA
e da frequência cardíaca (FC) em repouso e, ao final da caminhada e
cerca de 10 minutos após ter finalizado a caminhada, realize as
mensurações novamente. Perceberá que houve aumentos,
diminuições, mas que, os valores da PA e da FC de repouso voltaram a
valores normais.
21
03
Sistema Nervoso
Autônomo e Somático
22
Sistema Nervoso Autônomo
O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) é responsável pelas respostas e
comportamento neurovegetativo de nosso organismo, ou seja, por atos
involuntários que ocorrem para que seja possível a manutenção da homeostasia
fisiológica. Em um primeiro momento, o SNA se assemelha a uma vasta quantidade
de fios que se conectam com o SNC e SNP, formando um emaranhado de
conexões, assemelhando-se com cabos de internet, conectando o mundo à grande
rede.
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Imagem 2 - Representação dos neurônios pré e pós-ganglionares
Uma distinção que determina a grande diferença entre o SNA e o Sistema Motor
Somático (SMS) refere-se a como os neurônios dos dois sistemas atuam sobre os
órgãos alvos. Enquanto o SNA atua de maneira involuntária, ou seja, não necessita
de comandos diretos do SNC para efetuar suas tarefas, o SMS executa movimentos
voluntários sob o comando planejado do SNC. Além disso, há diferenças sobre a
morfologia e localização dos neurônios somáticos e autonômicos.
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Imagem 3 - Exemplos de neurônios somáticos e autonômicos
25
Imagem 4 - Efeitos desencadeados pelos sistemas motor e autonômico.
Sistema
nervoso Sistema nervoso autônomo
somático
Controla todos
os movimentos
Regulação inconsciente, embora
conscientes e
Regulação seja influenciado por funções
inconscientes,
mentais conscientes
dos músculos
esqueléticos
Contração dos
Resposta à Os tecidos-alvo são inibidos ou
músculos
estimulação estimulados
esqueléticos
26
corno ventral da
medula espinal
Uma sinapse
entre o
Duas sinapses; a primeira, no
Número de neurônio motor
gânglio autônomo, e a segunda,
sinapses somático e o
junto ao tecido-alvo
músculo
esquelético
Axônios pré-ganglionares
Bainhas axonais Mielinizadas mielinizados; axônios pós-
ganglionares não mielinizados
Neurônios pré-ganglionares
liberam acetilcolina; neurônios
Neurotransmissor Acetilcolina
pós-ganglionares liberam
acetilcolina ou noradrenalina
No gânglio autônomo, os
receptores para acetilcolina são
Os receptores
nicotínicos; nos tecidos-alvo, os
para acetilcolina
Receptores receptores para acetilcolina são
são do tipo
muscarínicos, enquanto os
nicotínico
receptores para noradrenalina
são α ou β-adrenérgicos
27
Sistema Nervoso Autônomo
Parassimpático e Simpático
No entanto, é preciso deixar claro que nem sempre o sistema parassimpático irá
promover o aumento das atividades junto ao órgão efetor, assim como o
parassimpático induzindo a redução das atividades, há exceções em ambas as
situações, como demonstrado nas imagens 5 e 6.
28
Imagem 5 - Sistema autonômico: Sistema Parassimpático
29
Imagem 6 - Sistema autonômico: Sistema Parassimpático
30
Infelizmente, quando algumas pessoas sofrem acidentes acabam
lesionando a região medular a tal ponto que podem perder a
comunicação entre o SNC e a periferia. Em outras palavras, perdem a
capacidade volitiva dos movimentos, como, por exemplo, andar, correr,
segurar um objeto. Pesquisas desenvolvidas nessa área demonstram
resultados muito promissores, em que pacientes que haviam perdido o
controle motor começam a recuperar os movimentos motores.
31
Algumas pessoas sofrem de dores que têm como ponto de origem
nervos que emergem da medula espinal. O relato de pacientes que
possuem hérnias discais (discos presentes entre as vértebras) é de
dores constantes que têm como sintomas clínicos dor que irradia pelos
membros inferiores ou superiores, que depende do local do surgimento
das hérnias. A dor ocorre devido ao abaulamento do disco, ou até
mesmo pelo extravasamento de seu conteúdo para o canal medular,
promovendo a compressão de nervos que passam pela região,
resultando em dores severas!
32
04
Comunicação Sistema
Nervoso: Sinapses
33
Neurônios e Células de
Sustentação
Apesar do alto grau de complexidade, o SNC é composto apenas por dois tipos
celulares, os neurônios e as células de sustentação (neuróglia). Os neurônios são
altamente especializados em responder a estímulos químicos e físicos, sinais os
quais nos permitem sentir e interpretar o mundo que nos rodeia, por meio de
diversos tipos de estímulos. Além disso, a comunicação entre os neurônios recebe
o nome de sinapse, e essa comunicação ocorre ou por liberação de
neurotransmissores (sinais químicos) ou por estímulos elétricos (FOX, 2007).
34
Imagem 2 - Células Gliais e Neurônios
Tipos de Neurônios
Os neurônios apresentam grande diversidade morfológica, especialmente em
relação às diferentes regiões encefálicas que apresentam funções distintas entre si,
porém, com grande conectividade. Os neurônios podem ser classificados da
seguinte maneira (TORTORA, 2016):
35
assim como os neurônios motores (imagem 3A).
2. Neurônios bipolares: apresentam morfologia mais simples, compostos por
um axônio e um dendrito principal (imagem 3B).
3. Neurônios unipolares: apresentam dendritos e axônios que se fundem para
formar um prolongamento contínuo que emerge do corpo celular (imagem
3C).
Sinapses
A comunicação entre as células nervosas, mais especificamente os neurônios,
ocorrem por meio das sinapses (químicas e elétricas), as quais conduzem
informações, participam no processo de memórias, sentimentos, respostas
motoras, processamento de informações sensoriais e elaboração de tarefas
cognitivas e motoras de alta complexidade (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017).
36
negativo e então, ocorra a criação de um potencial de ação (PA), é necessário que o
neurônio receba um estímulo despolarizante e então, o PA inicie a propagação do
sinal para outros neurônios até que o estímulo chegue a seu destino (órgão-alvo).
Após os neurônios atingirem o platô de influxo de Na+, cerca de +30 mV, os canais
de Na+ começam a se fechar e ocorre a abertura dos canais de K+, tornando os
neurônios negativos, promovendo o retorno do potencial de membrana a valores
de repouso (-70 mV).
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Imagem 4 - Eventos de um potencial de ação
Por mais estranho que pareça, nosso corpo utiliza eletricidade para se
comunicar! Sim, isso pode ser visto em diferentes tipos celulares, como,
por exemplo, entre os neurônios. As sinapses são o tipo de linguagem
utilizado pelos neurônios para criarem ações voluntárias, promoverem
reações a estímulos sensoriais recebidas do meio ambiente, enfim,
capacitar os seres humanos a interagir e compreender o mundo que
nos rodeia.
38
Os neurônios estão presentes não somente no SNC, mas também em
locais específicos, como, por exemplo, nas extremidades dos dedos e na
pele! Uma maneira interessante e simples de testar os neurônios
sensitivos é expor as extremidades dos dedos a diferentes
temperaturas (frio, calor), texturas e substâncias (aquosas, gelatinosas,
ásperas) e não permitir que a pessoa visualize o que está tocando, e ao
mesmo tempo questionar sobre o que ela está tocando.
39
05
Tecido Muscular
Esquelético
40
Tipos de tecido muscular
O organismo humano é formado por quatro tipos principais de tecido muscular
(imagem 2):
a. tecido muscular;
b. tecido nervoso;
c. tecido epitelial;
d. tecido conjuntivo.
Salientando que esta aula terá foco nas características fisiológicas do tecido
muscular estriado e cardíaco, o músculo liso será abordado nas aulas sobre o
sistema circulatório.
41
Em relação ao tecido muscular estriado, tanto as fibras cardíacas quanto as
musculares estriadas esqueléticas apresentam características histológicas muito
semelhantes, principalmente sobre os componentes celulares que as constituem.
As cisternas, por sua vez, têm como função sequestrar o cálcio citosólico e liberar
quando necessário (e.g. processo de contração e relaxamento muscular).
Acoplados aos RS, os túbulos transversais (Túbulos T) se direcionam ao sarcolema e
ao mioplasma, promovendo a comunicação do meio interno com o externo
(imagem 3) (STANFIELD, 2013; TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017).
42
Imagem 3 - Tecido muscular esquelético
43
Imagem 5 - Características dos tecidos musculares
Você sabia que o coração é o único órgão que não depende do SNC
para efetuar suas atividades? Pois é, as fibras cardíacas são
autoexcitáveis, ou seja, uma pequena porcentagem das fibras cardíacas
possui a capacidade de gerar potenciais de ação e estimular as fibras
cardíacas a se contraírem.
44
A cena de um coração se contraindo fora do tórax de uma pessoa
promoveu grande sucesso em “Indiana Jones e o Tempo de Perdição”,
filme clássico dos anos 1980. Na cena, o sacerdote de uma tribo realiza
o sacrifício humano e apresenta o coração aos demais integrantes como
forma de oferenda aos deuses. Mas como isso é possível? O coração
ainda continuou a se contrair devido aos estímulos despolarizantes
deflagrados pelas células marcapasso do coração, mais especificamente
o nodo sinoatrial.
45
06
Tecido Muscular
Esquelético - Controle
Neuromotor
46
Tipos de movimentos musculares
Os seres humanos apresentam três tipos padrões de movimento muscular:
movimentos reflexos, voluntários e rítmicos. Os movimentos reflexos (imagem 2)
caracterizam-se por apresentar menor complexidade em comparação com os
demais padrões de movimento, em que os movimentos são integrados na região
medular. No entanto, mesmo que a maioria dos movimentos reflexos seja
modulado em nível modular pode sofrer referências de centros superiores
(SILVERTHORN, 2017).
Imagem 2
A integração dos sinais ocorre ao nível do tronco encefálico (imagem 4), local onde
sinais sensoriais oriundos do meio ambiente e endógenos se integram (visão, tato,
região vestibular, músculos). Em relação aos músculos, os OTGs, receptores
musculares e articulares fornecem informações sobre a propriocepção muscular,
como o corpo se coordena e em que posição se comporta em relação ao ambiente,
detalhes importantes para os centros superiores (córtex motor, cerebelo)
(SILVERTHORN, 2017; FOX, 2007).
47
Os sinais enviados pelo sistema vestibular e pela visão permitem que sejamos
capazes de manter nossa posição em relação ao espaço:
48
Imagem 2 - Características dos movimentos musculares
Recebe
Envia eferência
Função aferência
integrativa para
de
Tronco encefálico,
Reflexos espinais; Receptores
Medula cerebelo,
geradores de padrão sensoriais e
espinal tálamo/córtex
locomotor do encéfalo
cerebral
Cerebelo,
receptores
Tronco Postura, movimentos
sensoriais Medula espinal
encefálico das mãos e dos olhos
visuais e
vestibulares
Tronco encefálico,
Áreas medula espinal
Planejamento e
motoras (trato
coordenação de Tálamo
do córtex corticospinal),
movimento complexo
cerebral cerebelo, núcleos
da base
Medula
Monitora a sinalização espinal Tronco encefálico,
eferente de áreas (sensorial), córtex cerebral
Cerebelo
motoras e ajusta os córtex (Nota: Todo débilo
movimentos cerebral é inibidor)
(comandos)
49
mensagens para o medula
córtex cerebral espinal
50
Imagem 3 - Sistematização da formação de um movimento voluntário
51
as áreas do córtex motor no planejamento do arremesso, também
fornecem informações ao tronco encefálico sobre postura, equilíbrio e
deslocamento (5) (SILVERTHORN, 2017, p. 429).
Imagem 4
52
Uma maneira simples e prática de testar toda a interação sensorial com
o processo de coordenação motora realizada pelo sistema nervoso
central é por meio de atividades que demandem deslocamentos frontal,
lateral e por meio de comando de voz. O avaliado fica extremamente
atento e ansioso pelo estímulo verbal, e ao escutar o comando, leva
alguns segundos para tomar a decisão e então executar a tarefa
motora.
53
Diabetes: neuropatia autonômica: As disfunções primárias do
sistema nervoso autônomo são raras, mas a condição secundária,
chamada de neuropatia autonômica diabética, é bastante comum. Essa
complicação do diabetes geralmente inicia como uma neuropatia
sensorial, com formigamento e perda da sensibilidade das mãos e dos
pés. Em alguns pacientes, a dor é o sintoma primário. Cerca de 30% dos
pacientes diabéticos desenvolvem neuropatias autonômicas, que se
manifestam por disfunções dos sistemas circulatório, digestório,
urinário e genital (frequência cardíaca anormal, constipação,
incontinência, impotência). A causa da neuropatia diabética ainda não
está clara. Os pacientes com níveis glicêmicos cronicamente elevados
estão mais propensos a desenvolver neuropatias, porém, a via
metabólica envolvida ainda não foi identificada. Outros fatores que
contribuem para a neuropatia incluem estresse oxidativo e reações
autoimunes. Atualmente, não há cura para a neuropatia diabética e a
única forma de prevenção é o controle dos níveis glicêmicos. O único
recurso para os pacientes é o uso de fármacos que controlam os
sintomas (SILVERTHORN, 2017).
54
07
Sistema Circulatório I
55
O Sistema Circulatório
O Sistema Circulatório é composto pelo coração, sangue e os vasos sanguíneos,
configurando um sistema fechado com uma bomba propulsora central, que
permite que o sangue e seus elementos figurados circulem por todo o organismo,
nutrindo os tecidos, transportando substâncias e removendo metabólicos
celulares.
Para que se tenha ideia da magnitude desse sistema, o sangue deve ser bombeado
continuamente pelo coração cerca de cem mil vezes ao dia, resultando em 35
milhões de contrações em 1 ano e aproximadamente 2,5 bilhões de vezes ao longo
da vida (TORTORA, 2016). Isso significa que o coração de um adulto saudável com
cerca de 70 kg bombeia em torno de 7200 litros de sangue ao dia, 5 litros por
minuto, ou seja, a quantidade de sangue média total de um indivíduo adulto. E,
quando nos exercitamos, qual a magnitude de bombeamento sanguíneo? Durante
a realização de exercícios vigorosos o volume de sangue bombeado aumenta de
maneira impressionante, cerca de 7x a mais do que o observado em repouso!
Todo esse aporte ocorre graças aos vasos sanguíneos que constituem o sistema
fechado de tubos que leva o sangue para todo o sistema a partir do coração,
permitindo que o sangue seja ofertado a todos os tecidos do corpo e, em seguida,
retornando ao lado direito do coração. Enquanto isso as câmaras cardíacas
esquerdas ejetam o sangue para uma distância aproximada de 100.000 km de
vasos. Já o lado direito do coração ejeta o sangue em direção aos pulmões,
permitindo que o sangue receba oxigênio e libere dióxido de carbono (TORTORA,
2016; SILVERTHORN, 2017). O sistema circulatório é representado na imagem 2, a
seguir.
56
Imagem 2
As artérias de médio porte se ramificam em pequenas artérias que, por sua vez,
também se ramificam em artérias menores, denominadas arteríolas, enquanto
estas irrigam os tecidos e seu diâmetro diminui ainda mais. E quando as arteríolas
entram em contato com o tecido elas originam vasos minúsculos conhecidos como
capilares, que por meio de suas finas paredes permitem as trocas entre as células
teciduais e o sangue (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017; FOX, 2007).
57
vasos sanguíneos maiores denominados veias que, por sua vez, são os vasos que
conduzem o sangue dos tecidos de volta ao lado direito do coração (retorno
venoso) (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017; FOX, 2007).
Artérias
A nomenclatura das artérias é resultante da sua descoberta no momento da morte,
e acreditou-se que ela continha apenas ar, por isso, o nome dado a esse tipo de
vaso. As paredes das artérias são constituídas por uma espessa camada de túnica
média muscular e elástica (imagem 3). Devido à presença dessas fibras elásticas, as
artérias apresentam grande complacência, capacitando que essas paredes se
estiquem ou expandam facilmente sem que haja danos aos vasos quando ocorrem
aumentos da pressão arterial.
58
Imagem 3
59
As artérias elásticas (imagem 4) são as maiores artérias do corpo humano, variando
de tamanho comparando-as a uma mangueira de jardim (tronco pulmonar) ao
tamanho dos dedos de uma mão (ramos da artéria aorta).
60
Imagem 4
61
Veias varicosas, flebite e gangrena: As veias dos membros inferiores
estão sujeitas a certos distúrbios vasculares. As veias varicosas ocorrem
quando as veias das pernas são estiradas a ponto de suas válvulas se
tornarem incompetentes. Em função do estiramento das paredes das
veias, as abas das válvulas ficam incapazes de se sobrepor e ocluir a
passagem do sangue no sentido reverso. Como consequência, a
pressão venosa nos membros é superior à normal, resultando em
edema. O sangue fica estagnado a ponto de se formarem coágulos. Essa
condição pode resultar em flebite, que é uma inflamação das veias.
Caso a inflamação se torne mais intensa e em grande área venosa, pode
desencadear a gangrena, uma morte tecidual ocasionada pela
diminuição ou perda do suprimento sanguíneo (SEELEY, 2016, p. 714).
62
A inflamação do pericárdio é chamada pericardite. O tipo mais comum,
a pericardite aguda, começa repentinamente e não tem causa
conhecida na maior parte dos casos, mas, às vezes, está ligada a uma
infecção viral. Como resultado da irritação ao pericárdio, há dor torácica
que pode se irradiar para o ombro esquerdo e pelo braço esquerdo
(muitas vezes confundida com um infarto agudo do miocárdio) e atrito
pericárdico (um som de arranhado ou rangido auscultado por meio do
estetoscópio quando a lâmina visceral do pericárdio seroso atrita contra
a lâmina parietal do pericárdio seroso) (TORTORA, 2016, p. 696).
63
08
Sistema Circulatório II
64
Coração: Sistema de Condução
O coração apresenta atividade rítmica compassada e determinada por um tipo de
fibras cardíacas denominadas células marcapasso (1% das fibras cardíacas). Essas
fibras autorrítmicas são autoexcitáveis e criam potenciais de ação que promovem a
despolarização das fibras cardíacas. Esse processo de auto excitação é tão eficiente
que mesmo quando essas células são removidas do sistema (corpo) continuam a se
contrair, como por exemplo, as contrações que o coração realiza mesmo após sua
remoção da caixa torácica durante um transplante cardíaco (TORTORA, 2016).
Imagem 1 - O Coração
65
Imagem 2 - As fibras cardíacas
Mas como ocorre a criação do potencial de ação que resulta na sístole (contração) e
diástole (relaxamento) do coração? Bom, tudo se inicia com a criação do potencial
despolarizantes pelo nodo (ou nó) sinoatrial, localizado no átrio direito, seguido por
uma série de eventos a serem apresentados a seguir, em cinco passos sequenciais
(TORTORA, 2016; FOX, 2997; SILVERTHORN, 2017), resumidos na imagem 3:
1
despolarização espontânea é um potencial
marcapasso, onde, quando o potencial marcapasso
alcança seu limiar dispara um potencial de ação (PA).
Cada PA do nodo SA se propaga pelos átrios por meio
das junções comunicantes nos discos intercalares das
fibras musculares atriais, e em seguida, os dois átrios
se contraem ao mesmo tempo.
66
Em seguida, o PA é conduzido ao longo das fibras
2
musculares atriais alcançando o nodo atrioventricular
(AV - septo interatrial), logo após a abertura do seio
coronário. No nodo AV, o PA perde velocidade,
resultando em atraso e fornecendo tempo hábil para
que os átrios drenem o sangue para os ventrículos.
3
A partir do nodo AV, o PA alcança fascículo
atrioventricular (AV) (feixe de His), local específico para
que os PAs possam ser conduzidos dos átrios para os
ventrículos.
4
Após a propagação do PA na região do AV, o PA
estimula os ramos direito e esquerdo, os quais, se
estendem ao longo do septo interventricular em
direção ao ápice do coração.
5
de Purkinje, conduzem rapidamente o PA, iniciando o
processo no ápice do coração e subindo em direção ao
miocárdio ventricular, resultando em contração dos
ventrículos, ejetando o sangue em direção às válvulas
semilunares.
67
Imagem 3 - Despolarização e Repolarização das fibras cardíacas
68
Imagem 4 - Condução de estímulos elétricos pelo coração
69
Por meio do ECG é possível determinar se a via
condutora está normal; se o coração está dilatado; se
há danos em regiões do coração e se há presença de
dores torácicas.
70
Imagem 5 - Traçado de um ECG
71
metabólica (aumento ou diminuição da oferta de sangue aos tecidos) sofre
influência direta de estímulos sensoriais e motores, como o estresse e a prática de
exercícios, por exemplo. Dessa maneira, o sistema autônomo e hormônios também
fazem parte do controle da frequência cardíaca (FC) e da pressão arterial (PA).
72
momento por estruturas denominadas proprioceptores, quimioceptores,
barorreceptores e inferências dos centros superiores encefálicos (Córtex cerebral,
Sistema Límbico e Hipotálamo) (imagem 6).
73
Na aterosclerose, as paredes das artérias elásticas se tornam menos
complacentes (mais rígidas). Qual efeito a complacência reduzida tem
sobre a função de reservatório de pressão das artérias? (TORTORA,
2016, pg. 737). Com a redução da complacência a pressão que o sangue
exerce sobre o lúmen dos vasos é maior, promovendo aumento da
pressão arterial.
74
09
Sistema
Neuroendócrino I
75
Sistema Neuroendócrino
Como o próprio nome sugere, a Neuroendocrinologia estuda a interação entre o
sistema nervoso e as glândulas endócrinas, e ambos atuam juntos para manter em
harmonia os sistemas de nosso organismo. As sinapses são caracterizadas por
impulsos nervosos que resultam na liberação de mediadores químicos,
denominados de neurotransmissores, resultando em alterações das atividades
celulares. Já o sistema endócrino controla as atividades celulares dos tecidos por
meio da liberação de mediadores químicos conhecidos como hormônios
(SILVERTHORN, 2017; TORTORA, 2016).
76
Alguns órgãos não são considerados totalmente
órgãos endócrinos, mas possuem células que
secretam hormônios, como por exemplo, hipotálamo,
timo, pâncreas, ovários, testículos, rins, estômago,
fígado, intestino delgado, pele, coração, tecido
adiposo e placenta (SILVERTHORN, 2017; TORTORA,
2016; FOX, 2007).
77
A importância dos receptores nas ações
hormonais
Como citado, após sua secreção, os hormônios ganham o líquido intersticial e em
seguida a corrente sanguínea, percorrendo todo nosso organismo. Porém, os
hormônios irão promover mudanças nos tecidos-alvo por meio de ligações
específicas em receptores proteicos de membrana ou nucleares.
78
único em decorrência de diferentes grupos químicos fixados em vários locais nos
quatro anéis no núcleo da sua estrutura, resultando em grandes diferenças em
suas funções. Os hormônios da tireoide (T3 e T4) são derivados de aminoácidos, e
da conexão de iodo ao aminoácido tirosina, e a presença de anéis de benzeno
tornam essa classe de hormônios extremamente lipossolúveis (SILVERTHORN,
2017; TORTORA, 2016; FOX, 2007).
79
Um fator que deve ser ressaltado é que comumente
se espera que a ação hormonal promova o aumento
da atividade celular dos órgãos-alvo, porém, nem
sempre é essa a resposta observada. Alterações na
permeabilidade da membrana plasmática, aumento
na taxa de transporte de substâncias para o meio
interno ou externo celular, velocidade das reações
metabólicas alteradas e estímulos de contrações da
musculatura lisa e/ou cardíaca, são exemplos de
efeitos hormonais (SILVERTHORN, 2017; TORTORA,
2016; FOX, 2007).
Porém, para que todas as ações que foram citadas anteriormente ocorram, é
necessário que ocorra a interação entre o hormônio específico, que se situa nas
membranas plasmáticas dos tecidos ou no interior das células. Os receptores dos
hormônios lipossolúveis localizam-se dentro das células-alvo, e os receptores dos
hormônios hidrossolúveis estão presentes na membrana plasmática das células-
alvo.
80
Imagem 2 - Mecanismo de ação dos hormônios lipossolúveis.
81
Ação dos Hormônios
Hidrossolúveis
Por não apresentarem afinidade com colesterol, os hormônios aminados,
peptídicos, proteicos e eicosanoides não conseguem transpassar a barreira da
bicamada lipídica das membranas plasmáticas e se ligar ao receptor específico no
interior das células-alvo. Dessa maneira, os hormônios hidrossolúveis se ligam em
receptores localizados na superfície do órgão-alvo, chamados de proteínas
transmembrana integrantes, atuando como primeiro mensageiro no processo de
atuação hormonal.
1
que se localiza na superfície externa da célula-alvo,
formando o complexo receptor-hormônio, resultando
na ativação de proteínas que irá atuar como segundo
mensageiro no interior da célula. Essa proteína é
denominada de proteína G, que por sua vez ativa o
adenilato ciclase.
82
As proteínas fosforiladas pelas proteinoquinases
3
resultam em respostas fisiológicas, respostas que são
dependentes dos diversos tipos de proteinoquinases.
Elas resultam em síntese de glicogênio, outra pode
causar a degradação de triglicerídio, uma terceira pode
promover a síntese de proteína.
4
Após determinado período a enzima fosfodiesterase
inativa o cAMP e a resposta da célula é desativada,
desde que não ocorra a ligação de novas moléculas
hormonais a seus receptores na membrana plasmática
continue.
83
Imagem 3 - Mecanismos de ação hormônios hidrossolúveis
84
O diabetes melito – condição metabólica associada com alterações da
função da insulina – é conhecido desde os tempos antigos. Descrições
clínicas detalhadas do diabetes por deficiência de insulina estavam
disponíveis aos médicos, mas estes não tinham meios de tratar a
doença. Os pacientes inevitavelmente morriam em decorrência da
doença. Em 1921, Frederick G. Banting e Charles H. Best identificaram
uma substância antidiabética nos extratos do pâncreas. Banting, Best e
outros pesquisadores injetaram extratos pancreáticos em animais
diabéticos e descobriram que os extratos reverteram a elevação dos
níveis de glicose sanguínea causada pela doença.
85
O hipotálamo é referido como um dos principais centros reguladores do
controle hormonal de todo o organismo. Isso ocorre devido a região
receber aferências sensoriais e de centros superiores do encéfalo,
caracterizando a região como centro integrador de informações. A
partir dessa imensa quantidade de informações que o hipotálamo
recebe, o mesmo envia ordens a hipófise para coordenar a secreção
hormonal sistêmica.
86
10
Sistema
Neuroendócrino II
87
Controle da Secreção Hormonal
A secreção da maior parte dos hormônios ocorre em “salvas breves”, com pausas,
onde ocorre a interrupção da secreção ou apenas poucas secreções. No entanto, as
secreções dos hormônios pelas glândulas ocorrem em resposta a estímulos que
são coordenados pelos sistema hipotalâmico-hipofisário. Dessa maneira, a
secreção hormonal é regida pelos sinais oriundos dos SNC, alterações bioquímicas
sanguíneas e pela secreção de outros hormônios (TORTORA, 2016).
88
Sistema porta Hipofisário
Hormônios da Adeno-hipófise
A adeno-hipófise é constituída por cinco tipos celulares distintos: Somatotrofos;
Tireotrofos; Gonadotrofos; Lactotrofos e Corticotrofos. Como vimos
anteriormente, o comando para a secreção hormonal é realizado pelo hipotálamo,
onde os hormônios liberadores e inibidores que são sintetizados pelas células do
hipotálamo neurossecretoras, e em seguida, são transportadas por axônios e
liberados nos terminais axônicos.
89
promove a secreção de fatores de crescimento em tecidos-alvo, como por
exemplo o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF), envolvido no
processo de desenvolvimento da estatura e metabolismo muscular.
2. Os tireotrofos secretam hormônio tireoestimulante (TSH - tireotrofina), o
qual, controla a secreção dos hormônios tireotróficos (T3, T4, calcitonina),
influenciadores do metabolismo energético geral do organismo.
3. As células gonadotróficas secretam o hormônio foliculoestimulnate (FSH) e o
hormônio luteinizante (LH). Ambos atuam sobre as gônadas resultando em
secreção de estrogênios, progesterona, maturação dos ovócitos no
organismo feminino, e a produção dos gametas masculino e secreção de
testosterona nos testículos.
4. Os lactotrofos estão intimamente relacionados com a secreção de prolactina
(PRL), que inicia a produção de leite nas glândulas mamárias durante o
período gestacional ou por estímulos externos.
5. Os corticotrofos secretam o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH -
corticotrofina) que é responsável pelo aumento da secreção de
glicocorticoides (Cortisol) por estímulo do córtex da glândula suprarrenal.
Além disso, uma pequena parcela das células corticotróficas secreta o
hormônio melanócito-estimulante (MSH).
90
Tabela 1 - Características dos diferentes tipos de hormônios: comparação entre
hormônios peptídicos, esteroides e derivados de aminoácidos
91
Hormônios da Neuro-hipófise
A neuro-hipófise (tabela 1), diferentemente da adeno-hipófise, não sintetiza seus
próprios hormônios, apenas os armazena e secreta quando recebe estímulos
hipotalâmicos. Os hormônios secretados pela neuro-hipófise são sintetizados pelo
hipotálamo, por células neurossecretoras hipotalâmicas, cujo os corpos celulares
se encontram nos núcleos paraventricular e supraóptico hipotalâmico.
92
Imagem 2 - Mecanismo de liberação de vasopressina
93
Os hormônios tireoidianos são fundamentais para a regulação
adequada do metabolismo energético e desempenham papel
primordial frente ao desenvolvimento cognitivo de crianças juntamente
com o hormônio do crescimento (GH). Dessa maneira, a ingestão de
iodo é fundamental para a eficiente atuação e síntese dos hormônios T3
e T4.
94
11
Sistema Respiratório
95
Funções do Sistema Respiratório
O sistema respiratório é fundamental para a sobrevivência das células de nosso
organismo, e podemos destacar quatro principais funções:
96
Vista interior dos órgãos da respiração
Ventilação Pulmonar
A ventilação pulmonar pode ser compreendida como uma troca entre o ar
ambiente e o transporte deste para o meio interno. Essa troca consiste em três
processos, a ventilação pulmonar, a respiração externa e a respiração interna
(SILVERTHORN, 2016):
97
c. Respiração Interna (tecidual): refere-se às trocas gasosas entre os capilares
sistêmicos e as células teciduais, onde o O₂ é transportado para as células e o
CO₂ resultante do metabolismo celular é removido dos tecidos.
Processo de Inspiração
Durante o processo de inspiração, um dos principais músculos envolvidos é o
diafragma, que se situa no assoalho da cavidade torácica. Quando o diafragma se
contrai ele se achata, reduzindo o tamanho de sua cúpula, aumentando o espaço
vertical da cavidade torácica.
98
Imagem 2 - Músculos envolvidos no processo de inspiração e expiração
Processo de Expiração
O ato que inicia a expiração tem relação com o mesmo processo que resulta no
processo de inalação, os gradientes de concentração. No caso da expiração, o
gradiente de pressão é maior no ambiente pulmonar em comparação ao meio
externo, associado com o relaxamento da musculatura inspiratória. O processo de
expiração é passivo e acontece conforme o diafragma e os músculos intercostais
externos relaxam.
99
Transporte de Gases: Oxigênio e
Dióxido de Carbono
Devido ao fato de o O₂ não possuir alta afinidade à água, cerca de 98,5% do O₂ em
nosso sangue liga-se à hemoglobina, mais especificamente nos eritrócitos. A
porção heme da hemoglobina possui quatro átomos de ferro, onde cada um deles
é capaz de se ligar a uma molécula de O₂, formando o complexo oxi-hemoglobina
(imagem 3), uma ligação que pode ser facilmente revertida, de acordo com a
equação a seguir (TORTORA, 2016):
100
1) Dissolvido no plasma sanguíneo: Cerca de 7% é dissolvido no plasma
sanguíneo e quando atinge os alvéolos pulmonares se difunde, sendo expirado.
101
Imagem 5
102
O centro de controle respiratório localiza-se na região
do tronco encefálico, onde diversas informações
químicas e centrais são recebidas. Nessa região há
neurônios do grupo respiratório dorsal (GRD), grupo
respiratório ventral (GRV), que controlam os músculos
responsáveis pelo aumento e diminuição do volume
da caixa torácica.
103
O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor e inodoro encontrado na
fumaça do escapamento de automóveis, fornos a gás e aquecedores de
ambiente. Níveis sanguíneos elevados de CO causam envenenamento
por monóxido de carbono, que pode fazer com que os lábios e a túnica
mucosa da boca tenham coloração vermelho-cereja claro. Sem
tratamento imediato, o envenenamento por monóxido de carbono é
fatal. É possível recuperar uma vítima de envenenamento por CO por
meio da administração de oxigênio puro, o que acelera a separação do
monóxido de carbono da hemoglobina (TORTORA, 2016).
104
12
Sistema Digestório
105
Sistema Digestório e Nutrientes
Os nutrientes que utilizamos para manter nossas células e tecidos ativos são
provenientes dos alimentos que ingerimos. Porém, para que esses alimentos sejam
absorvíveis a nível celular, é necessário uma série de processos mecânicos e
bioquímicos que se iniciam na cavidade oral e findam com a excreção dos
substratos que não são utilizáveis pelo nosso organismo.
Durante esse processo, é possível distinguir três fases: fase cefálica; fase gástrica e
fase intestinal. Assim, vamos abordar esses três momentos da digestão e absorção
dos alimentos.
106
Fase Cefálica
O simples ato de pensar, visualizar ou sentir o cheiro de alimentos é o gatilho para
iniciar o processo de digestão alimentar. Os órgãos do sentido ativam centros
superiores neurais na região do córtex cerebral, hipotálamo e tronco encefálico,
preparando o trato gastrointestinal (TGI) para receber o alimento.
Fase Gástrica
A chegada do alimento na região estomacal promove grandes alterações locais,
desencadeadas por fatores neurais e hormonais, em resposta ao estiramento
mecânico causado pelo alimento. O aumento no estiramento das paredes
estomacais é percebido por receptores presentes nas paredes estomacais.
107
Esse monitoramento minucioso ocorre graças ao controle das vísceras pelo sistema
nervoso entérico, que auxilia o processo de homeostase digestória. Dessa maneira,
por meio do estiramento da mucosa estomacal e ação dos quimiorreceptores,
impulsos nervosos se dissipam em direção ao plexo submucoso, ativando
neurônios parassimpáticos e entéricos, resultando em aumento nas ondas de
peristaltismo e aumento do fluxo e suco gástrico.
108
Imagem 2 - Sistema de feedback do TGI
109
Durante a fase gástrica, a secreção é coordenada pelo hormônio gastrina, que é
secretado pelas células gástricas em resposta à distensão do estômago, proteínas,
pH elevado, cafeína e acetilcolina – essa, liberada por neurônios parassimpáticos.
Interessantemente, a gastrina apresenta efeitos fisiológicos em nível sistêmico, pois
não atua somente no estômago.
110
Tabela 1 - Hormônios do TGI
Estímulo
Alvo(s) Efeitos Outras
para
primário(s) primários(s) informações
liberação
Estômago
Estimula a
Peptídeos e Células secreção de
A somatostatina
Gastrina aminoácidos; enterocromafins ácido gástrico
inibe a sua
(células G) reflexos (ECL) e células eo
liberação
neurais parietais crescimento
da mucosa
Intestino
Estimula a
contração da
Promove
vesícula biliar
saciedade
e a secreção
Ácidos graxos Vesícula biliar, de enzimas
Colecistocinina Alguns efeitos
e alguns pâncreas, pancreáticas
(CCK) podem ser
aminoácidos estômago
devidos à ação da
Inibe o
CCK como um
esvaziamento
neurotransmissor
gástrico e a
secreção ácida
Estimula a
secreção de
HCO3
Ácido no
Pâncreas,
Secretina intestino
estômago Inibe o
delgado
esvaziamento
gástrico e a
secreção ácida
Jejum:
Estimula o
liberação Músculos lisos e Inibida pela
complexo
Motilina periódica a gástrico e ingestão de uma
motor
cada 1,5 a 2 intestinal refeição
migratório
horas
Peptídeo Glicose, Células beta do Estimula a
111
inibidor ácidos pâncreas liberação de
gástrico (GIP) graxos, e insulina
aminoácidos (mecanismo
no intestino antecipatório)
delgado
Inibe o
esvaziamento
gástrico e a
secreção ácida
Estimula a
liberação de
Refeição
insulina
Peptídeo mista que
semelhante ao inclui Pâncreas Promove
Inibe a
glucagon (GLP- carboidratos endócrino saciedade
liberação de
1) ou gorduras
glucagon e a
no lúmen
função
gástrica
Fase Intestinal
A fase intestinal se inicia imediatamente após a chegada do alimento ao duodeno,
onde recebe o nome de quimo devido à grande ação química que recebe durante a
fase de mistura gástrica. Diferentemente do comportamento observado durante as
fases gástrica e cefálica, quando ocorre o aumento da motilidade do TGI.
Durante a fase intestinal, há a tendência de que o quimo permaneça nessa fase por
maior tempo, impedindo, por exemplo, que o duodeno seja sobrecarregado com
volume excessivo de quimo. As respostas intestinais ocorrem de maneira contínua,
de acordo com a chegada dos alimentos (FOX, 2007; TORTORA, 2016;
SILVERTHORN, 2017).
112
estiramento das paredes do duodeno resulta no envio de impulsos nervosos para a
região bulbar, onde ocorre a inibição do estímulo parassimpático e ativação da
inervação simpática sobre o estômago. Esse processo resulta na inibição da
motilidade gástrica e no aumento da contração esfincteriana do piloro, reduzindo o
esvaziamento gástrico (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017).
113
Tabela 2 - Hormônios intestinais
Efeitos principais:
estimula a secreção
de suco pancreático e
bile, que são ricos em
HC03 – íons
O quimo ácido (alto nível de H+) bicarbonato).
que entra no intestino delgado Efeitos secundários:
SECRETINA estimula a secreção de secretina inibe a secreção de
pelas células S enteroendócrinas suco gástrico,
na túnica mucosa do duodeno. promove o
crescimento normal e
manutenção do
pâncreas, incrementa
os efeitos da CCK.
114
hepatopancreática,
induz à saciedade.
Efeitos secundários:
inibe o esvaziamento
gástrico, promove o
crescimento normal e
a manutenção do
pâncreas, incrementa
os efeitos da
secretina.
SILVERTHORN, 2017.
115
A diarreia é um aumento da frequência, do volume e do teor de líquido
das fezes causado por aumento na motilidade e diminuição na absorção
pelos intestinos. Quando o quimo passa muito rapidamente pelo
intestino delgado e as fezes passam muito rapidamente pelo intestino
grosso, não há tempo suficiente para a absorção. A diarreia frequente
pode resultar em desidratação e desequilíbrio eletrolítico. A motilidade
excessiva pode ser causada pela intolerância à lactose, estresse e
microrganismos que irritam a túnica mucosa gastrintestinal (TORTORA,
2017).
116
13
Sistema Renal
117
Funções dos Rins
Os rins fazem parte do sistema urinário que tem por objetivo promover a excreção
de metabólitos e substâncias não utilizáveis ou nocivas ao nosso organismo. Dentre
as funções renais podemos citar (TORTORA, 2016):
118
5) Controle da osmolaridade plasmática: O controle da osmolaridade é
realizado pelos rins por meio da regulação individual da perda de água e
de solutos na urina. Os rins tendem a manter a osmolaridade sanguínea
constante, aproximadamente 300 miliosmóis por litro (mOsm/L)*.
119
Fonte: TORTORA, 2016.
Fisiologia Renal
A Fisiologia renal refere-se principalmente ao processo de produção de urina e a
secreção hormonal que participa da regulação da pressão arterial. Para que seja
possível a produção de urina, três processos são necessários: a filtração, a
reabsorção e a secreção (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017).
120
assim como os solutos, ocorre por meio dos capilares peritubulares e arteríolas
retas (imagem 2).
Secreção tubular: De acordo com a passagem do líquido filtrado passa pelos
túbulos renais e ductos coletores, ocorre a secreção de outras substâncias
(metabólitos, fármacos e excesso de íons) (imagem 2).
Filtração Glomerular
O filtrado glomerular se refere a quantidade de plasma que entra na região capsular,
mais especificamente nas arteríolas aferentes renais. O que se torna filtrado nesta
região é a fração da filtração, e uma fração de filtração de 0,16 a 0,20 (16 a 20%) é o
comum, mas o valor varia consideravelmente na saúde e na doença. A média diária
de filtração do sangue em indivíduos adultos é cerca de 150 L (mulheres) e 180 L
(homens), em que cerca de 99% do filtrado glomerular retorna a corrente sanguínea
graças a reabsorção tubular, sendo que cerca de 1 a 2 litros são excretados pela
urina.
121
Mas afinal como ocorre esse processo? Inicia-se em um primeiro momento pelo
contato do volume com a membrana de filtração (imagem 3). A membrana de
filtração é constituída pelos capilares glomerulares e podócitos, que se localizam ao
redor dos capilares, resultando em uma barreira permeável. A configuração da
membrana permite que a água seja filtrada em pequenos solutos, porém, impede a
filtração de grande quantidade das proteínas plasmáticas, células sanguíneas e
plaquetas (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017).
122
Imagem 3 - Estrutura da membrana de filtração (glomerular)
A força que move o processo de filtração é similar à lei proposta por Starling
(capilares), ou seja, a pressão força os líquidos e solutos através de uma membrana.
O processo de filtração glomerular se assemelha a processos de filtração
encontrados em outros locais do organismo, porém, o maior de volume de filtração
ocorre no glomérulo renal, da seguinte maneira (TORTORA, 2016; SILVERTHORN,
2017):
123
Reabsorção e Secreção
As substâncias que passam pelos néfrons são reabsorvidas no lúmen de seus túbulos
por meio de células tubulares adjacentes ou em uma célula tubular individual.
Durante a extensão do túbulo renal, há a presença de zonas de oclusão que a
circundam, e a membrana apical tem contato direto com o líquido tubular, enquanto
a membrana basolateral está em contato com o líquido intersticial na base e dos
lados da célula (Imagem 4). No entanto, há uma exceção a ser elucidada:
124
Imagem 4 - Região de reabsorção nos néfrons
Um exemplo ocorre sobre a reabsorção de Na+ pelos túbulos renais, processo muito
importante em resposta ao alto volume de íons de sódio que atravessa os filtros
glomerulares (TORTORA, 2016).
125
Por volta de 100 d.C., Areteu da Capadócia escreveu, “O
diabetes é uma doença muito curiosa, não muito
frequente entre os homens, sendo um derretimento da
carne e dos membros para dentro da urina... Os
pacientes nunca param de produzir água (urinar), e o
fluxo é incessante, como se fosse da abertura de
aquedutos”. Os médicos sabem há séculos que a urina,
um resíduo líquido produzido pelos rins, reflete o
funcionamento do corpo. Para ajudar no diagnóstico
das doenças, eles carregavam frascos especiais para
coletar e inspecionar a urina dos pacientes
(SILVERTHORN, 2017).
126
Em algumas doenças renais, os glomerulares capilares são danificados e
por isso se tornam tão permeáveis que as proteínas plasmáticas entram
no filtrado glomerular. Como resultado, o filtrado exerce uma pressão
coloidosmótica que puxa a água para fora do sangue. Nesta situação, a
PFE aumenta, o que significa que mais líquido é filtrado. Ao mesmo
tempo, a pressão coloidosmótica do sangue diminui, porque as proteínas
plasmáticas estão sendo perdidas na urina. Como a quantidade de líquido
que é filtrada dos capilares sanguíneos para os tecidos em todo o corpo é
maior do que a quantidade que retorna por meio da reabsorção, o
volume sanguíneo diminui e o volume de líquido intersticial aumenta.
Assim, a perda de proteínas plasmáticas na urina causa um edema, que é
um volume anormalmente elevado de líquido intersticial (TORTORA,
2016).
127
14
Sistema Reprodutor
Feminino
128
Ciclo Reprodutivo Feminino
Todo mês, as mulheres passam por alterações (flutuações) hormonais ao longo de
sua vida fértil, especificamente no nível dos ovários e útero, com ciclos que
apresentação duração média entre 28 a 30 dias. Durante esse período, o útero é
literalmente preparado para a recepção de um óvulo fertilizado, graças ao processo
de oogênese. Tudo isso ocorre graças a ação de hormônios hipotalâmicos,
hipofisários e ovarianos que participam dos eventos pertinentes ao ciclo menstrual
(TORTORA, 2016).
129
Além disso, o LH é o responsável por estimular a ovulação e formação do corpo
lúteo, fato que origina seu nome. O corpo lúteo sob ação do LH, sintetiza e secreta
estrogênios, progesterona, relaxina e inibina (TORTORA, 2016).
130
Atualmente, foram identificados cerca de seis tipos de
estrogênios no plasma de mulheres em período
reprodutivo, porém, apenas três apresentam
concentrações significativas, (β)-estradiol, estrona e
estriol, sendo que o estrogênio é o estradiol mais
abundante em mulheres não gestantes, o qual, é
sintetizado a partir do colesterol nos ovários.
131
Desenvolvimento e manutenção do órgão reprodutor feminino,
caracteres sexuais secundários e das mamas. Compreende-se
como caracteres sexuais secundários a distribuição de tecido
adiposo pelas regiões corporais do abdome, mama, monte do
púbis e quadris, tom da voz, pelve ampla e o padrão de pelos
corporais.
Estimulo o anabolismo proteico, fortificação do tecido ósseo,
apresentam sinergia ao hormônio do crescimento (GH).
Relação com reduções da concentração sanguínea de colesterol,
onde mulheres não menopausadas apresentam menor chance de
doenças relacionadas ao sistema circulatório.
Feedback regulatório sobre a liberação de GnRH a nível
hipotalâmico em relação a secreção de LH e FSH.
A secreção de progesterona pelo corpo lúteo atua juntamente
com os estrogênios no processo de preparação e manutenção do
endométrio para que o óvulo seja implantado (óvulo fertilizado),
além da preparação das glândulas mamárias para secreção de
leite. Além disso, altas concentrações de progesterona inibem a
secreção de LH e GnRH.
A secreção de relaxina pelo corpo lúteo a cada ciclo menstrual
promove o relaxamento do útero, inibindo as fortes contrações
do miométrio, propiciando um ambiente ideal para a adesão de
um possível óvulo fertilizado. Nesse sentido, quando a mulher se
encontra grávida, a placenta produz uma quantidade muito maior
de relaxina, induzindo cada vez mais o relaxamento do músculo
liso do útero. Além disso, ao final da gestação a relaxina promove
o aumento da flexibilidade da sínfise púbica, auxiliando na
dilatação do útero, facilitando a expulsão do feto.
132
Fases do Ciclo de Reprodução
Feminina
O ciclo reprodutivo feminino apresenta variação entre 24 a 36 dias, variando de
mulher para mulher. É nesse período que ocorre toda a preparação uterina e
gonadal para uma possível implantação de um ovócito fecundado. No entanto,
para a compreensão deste ciclo, adota-se o período de 28 dias de duração do ciclo
menstrual e sua divisão em quatro fases distintas, porém, interligadas (TORTORA,
2016) (imagem 3):
Durante essa fase ocorre a descamação do tecido uterino, com fluxo de sangue
(tecidual, muco, células) entre 50 a 150 m ℓ . A eliminação tecidual ocorre em
resposta a diminuição das concentrações de progesterona e estrogênios,
estimulando a liberação de prostaglandinas, resultando em contração das
arteríolas do útero, resultando em contração do órgão. Em resposta a essa ação
nas arteríolas, as células são privadas de oxigênio e morrem, e o estrato funcional
descama, tornando o endométrio mais fino (TORTORA, 2016).
133
Ovulação – ocorre uma ruptura do folículo maduro e a liberação do oócito
secundário para o interior da cavidade pélvica (14° dia), onde o oócito permanece
cercado pela zona pelúcida e coroa radiada (imagem 1).
134
Imagem 3 – Ciclo reprodutor feminino
135
O ciclo reprodutivo feminino pode ser influenciado
por muitos fatores, incluindo perda de peso, baixo
peso corporal, distúrbios alimentares e atividade
física vigorosa. A frequente ocorrência em conjunto
destas três condições – transtorno alimentar,
amenorreia e osteoporose – em atletas do sexo
feminino levou os pesquisadores a cunhar o termo
tríade da mulher atleta.
136
As mamas das mulheres são muito suscetíveis a cistos e tumores. Na
doença fibrocística, a causa mais comum de nódulos mamários em
mulheres, desenvolvem-se um ou mais cistos e espessamentos dos
alvéolos. A condição, que ocorre sobretudo em mulheres entre 30 e 50
de idade, provavelmente é decorrente do excesso relativo de
estrogênios ou de deficiência de progesterona na fase pós-ovulatória
(lútea) do ciclo reprodutivo (TORTORA, 2016).
137
15
Sistema Reprodutor
Masculino
138
A anatomia do sistema reprodutor masculino em um corte sagital
Espermatogênese
O processo de espermatogênese, como o próprio nome diz, refere-se à síntese do
gameta masculino – os espermatozoides –, e esse processo dura de 65 a 75 dias,
iniciando com as espermatogônias (núcleo diploide – 2n), permanecendo nos
túbulos seminíferos de maneira indiferenciada, servindo como depósito de células
para divisão celular e para a futura produção de espermatozoides (TORTORA,
2016).
Após sua formação, cada espermatócito primário realiza a replicação de seu DNA e
inicia o processo de meiose (imagem 2).
139
constituído por 2 cromátides (2 cópias do DNA) ainda ligadas por um
centrômero. Não há replicação de DNA nos espermatócitos
secundários (TORTORA, 2016, p. 1053).
140
Imagem 1 – Secção transversa de uma região do túbulo seminífero, onde ocorre o
processo de espermatogênese.
141
a região mais longa da cauda, a intermediária apresenta mitocôndrias (produção de
ATP), enquanto que a peça terminal é a parte distal e afiliada da cauda (imagem 2)
(TORTORA, 2016).
142
volume de secreção de GnRH. O GnRH por sua vez, estimula os gonadotropos
presentes na adeno-hipófise a aumentarem a secreção de duas gonadotropinas
específicas, o LH e FSH. Estes hormônios participam do processo de feedback
negativo sobre a secreção de testosterona e espermatogênese (imagem 3).
A testosterona a DHT se ligam aos tecidos alvo por meio dos mesmos receptores
androgênicos, localizados no interior celular. Quando o hormônio se liga ao seu
receptor, forma o que denominamos de complexo hormônio-receptor, regulando a
expressão de genes, por meio da ativação ou inibição. Em resultado a esses
processos de ativação e inativação, os hormônios androgênicos:
143
Imagem 3 – Eixo hipotálamo-hipofisário gonadal masculino
144
As glândulas seminais secretam um líquido viscoso
alcalino que ajuda a neutralizar o ácido do sistema
genital feminino, fornece frutose para a produção de
ATP pelos espermatozoides, contribui para a
motilidade e viabilidade do espermatozoide, e ajuda o
sêmen a coagular após a ejaculação.
145
A condição em que os testículos não descem para o escroto é chamada
de criptorquidia; ela ocorre em 3% das crianças a termo e 30% dos
prematuros. A criptorquidia bilateral não corrigida resulta em
esterilidade, porque as células envolvidas nas fases iniciais da
espermatogênese são destruídas pela temperatura mais elevada da
cavidade pélvica. A chance de câncer de testículo é 30 a 50 vezes maior
quando existe criptorquidia.
146
16
Sistema Imunológico
147
Sistema Imunológico Inato
A principal função do sistema imunológico é proteger o organismo contra agentes
invasores que possam oferecer perigo a integridade do organismo. Nesse processo,
o sistema imune tem por responsabilidade reconhecer o que é comum e o
incomum ao organismo. Bactérias, parasitas, vírus e outros organismos que podem
desencadear doenças são considerados agentes incomuns, assim como células que
se tornam defeituosas e que comprometem o sistema – células cancerígenas (ou
cancerosas), por exemplo (TORTORA, 2016).
148
As linhas de defesa (segunda linha) dividem-se em quatro, da seguinte maneira
(TORTORA, 2016):
1
chamadas interferonas (IFN), que se difundem para as
células vizinhas não infectadas, resultando em síntese
de proteínas antivirais que interferem na replicação
viral. A IFN é uma importante defesa contra a infecção
por muitos vírus diferentes. Há três tipos de
interferonas: IFN alfa, IFN beta e IFN gama.
2
são normalmente inativas constituem o sistema
complemento. Quando ativadas, essas proteínas
“complementam” ou melhoram determinadas reações
imunológicas, induzindo a citólise de microrganismos,
além do processo de fagocitose durante inflamações.
3
As proteínas de ligação ao ferro: inibem o
crescimento de determinadas bactérias; podemos citar
a transferrina (sangue e nos líquidos teciduais), a
lactoferrina (leite, saliva e muco), a ferritina (fígado,
baço e medula óssea) e a hemoglobina (eritrócitos).
149
Proteínas antimicrobianas (PAM): São peptídios que
4
apresentam largo espectro de atividade
antimicrobiana. Exemplos de PAM são a dermicidina
(glândulas sudoríferas), as defensinas e catelicidinas
(neutrófilos, macrófagos e epitélios) e a trombocidina
(plaquetas).
150
Os fagócitos são células que apresentam como característica principal o processo
de fagocitar, ou seja, a ingestão de outros microorganismos e restos celulares.
Dividem-se em dois tipos principais, os neutrófilos e os macrófagos, atuando
principalmente em processos de inflamação e infecção. Após o foco inflamatório
ocorrer (imagem 2), os neutrófilos e monócitos migram para a área infectada, onde
os monócitos aumentam de tamanho e tornam-se macrófagos ativos (fagocíticos),
denominados de macrófagos errantes (TORTORA, 2016).
151
Imagem 2a – Processo de fagocitose: processo inflamatório e quimiotaxia padrão
em resposta a agentes invasores
152
O processo de fagocitose é de grande importância para nossa sobrevivência e, de
acordo com Tortora (2016), pode ser resumidamente apresentado da seguinte
maneira:
153
Imagem 3 - Processo de quimiotaxia
154
Se o pus não for capaz de drenar para fora de uma
região inflamada, resulta em um abscesso – acúmulo
substancial de pus em um espaço confinado.
Exemplos comuns são as espinhas e os furúnculos.
Quando tecidos superficiais inflamados esfacelam a
superfície de um órgão ou tecido, isso resulta em
uma ferida aberta chamada de úlcera. As pessoas
com má circulação – diabéticos com aterosclerose
avançada, por exemplo – são suscetíveis de ter
úlceras nos tecidos de suas pernas. Estas úlceras, que
são chamadas de úlceras de estase, se desenvolvem
por causa do déficit no suprimento de oxigênio e
nutrientes aos tecidos, que então se tornam muito
suscetíveis a uma lesão ou infecção muito leve.
155
Alguns micro-organismos, como as bactérias que causam pneumonia,
têm estruturas extracelulares chamadas de cápsulas, que impedem a
aderência. Isso dificulta fisicamente que os fagócitos engolfem estes
micro-organismos.
156
Referências
PRESTON, Robin R; WILSON, Thad E. Fisiologia Ilustrada. [S. l.: s. n.], 2014. E-book.
FOX, S. I. Fisiologia Humana. Disponível em: Minha Biblioteca, (7ª edição). Editora
Manole, 2007.
157