Você está na página 1de 31

Dra.

Erika Perez
Eletroterapia Estética
1
Para começar
Chegou o momento de você aprender a utilizar a eletroterapia como importante recurso nos
tratamentos estéticos corporais. A associação dos equipamentos às técnicas manuais que você já
aprendeu com certeza vai incrementar os tratamentos e propiciar resultados mais rápidos e
eficazes. Neste capítulo você vai conhecer os principais equipamentos de eletroterapia estética e
aprender a utilizá-los de maneira segura no tratamento de seus clientes.

1.1 Entendendo eletroterapia


Em 1780 um pesquisador chamado Luigi Galvani propôs uma teoria na qual o corpo humano
possui uma energia elétrica que o diferencia dos corpos sem vida (Robertson et al, 2009,p.1). A
partir de então inúmeros estudos mostraram que nosso corpo funciona através de impulsos elétricos
transmitidos através do sistema nervoso central.
É sabido que a eletricidade está de alguma forma envolvida com todas as funções e atividades
do corpo humano. Encontramos na literatura diversos relatos do uso terapêutico das correntes
elétricas na Grécia, em Roma e também na Medicina Oriental.

Para saber mais


Você sabia que em Roma e na Grécia antiga tratava-se dores de cabeça e outros tipo de dor com
choques elétricos transmitidos pela água de tanques onde eram colocadas enguias, aqueles peixes
elétricos?
Borges,F.S. Dermato-funcional – Modalidades Terapêuticas nas Disfunções
Estéticas. 2ed São Paulo: Phorte, 2010.

Hoje a utilização das correntes elétricas e do ultrassom na medicina e na fisioterapia é bastante


grande e é incalculável a quantidade de equipamentos e tratamentos disponíveis através desse
recurso.
Podemos então dizer que eletroterapia é o tratamento terapêutico através da utilização de
correntes elétricas ou de equipamentos elétricos.
Da mesma forma, na estética cresce a cada dia a diversificação de recursos eletroterapêuticos
com a proposta de sofisticar cada vez mais os tratamentos estéticos para celulite, flacidez, gordura
localizada, estrias e todas as alterações inestéticas que incomodam as pessoas.
Estamos vivenciando o surgimento constante de novos equipamentos, todos com alta tecnologia
e propostas de tratamento cada vez mais avançadas, fazendo crescer mais e mais a busca pelas
clínicas de estética.
Até nós terminarmos de escrever este livro e você terminar de estudá-lo provavelmente já terão
surgido no mercado alguns novos modelos de equipamentos de estética. Seria impossível lançar um
livro atualizado com tudo o que existe de novo ao nosso dispor. Isso significa que você não poderá
nunca deixar de se atualizar e de sair em busca de novas informações e tecnologias na área que
escolheu para atuar. E só para lembrar, isso vale também para os produtos cosméticos!
Mas não precisa ficar assustado que este capítulo não terá centenas de páginas. Vamos abordar
inicialmente os equipamentos básicos, que consideramos fundamentais e indispensáveis em
qualquer clínica de estética. Aqueles que você nos perguntaria: “quais são os equipamentos
mínimos que alguém precisa comprar para montar uma clínica de estética e começar a trabalhar?”.
Então vamos ver que equipamentos são esses.

1.2 Ultrassom
O aparelho de ultrassom ainda hoje continua sendo um dos mais importantes e indispensáveis
na clínica de estética para atender aos tratamentos corporais. Existem milhares de estudos a respeito
do uso do ultrassom na medicina e na fisioterapia e agora também na estética. Não existe um
consenso entre os diversos autores sobre sua forma e parâmetros de utilização, mas todos, sem
exceção, concordam com seus efeitos benéficos e, principalmente, com um ponto que a maioria dos
profissionais insiste em não observar: a importância de utilizar o ultrassom de maneira criteriosa e
cuidadosa, pois embora pareça inofensivo pode causar sérios danos ao tecido quando aplicado de
forma incorreta.
Som é toda onda mecânica perceptível ao ouvido humano. As ondas sonoras são compreendidas
em frequências entre 20 HZ e 20.000 Hz (Borges, 2010, p.35).
As ondas sonoras que se encontram na faixa de frequência acima de 20.000 Hz (ou20 KHz) não
são audíveis ao ouvido humano e são chamadas de ultrassom. Essas ondas, na faixa de frequência
entre 0,7 MHz e 3 MHz têm sido utilizadas na medicina com finalidade terapêutica.
Segundo alguns autores essas ondas quando aplicadas em animais e no homem têm se revelado
eficientes na resolução de muitas formas de lesões. A primeira aplicação de ultrassom em medicina
ocorreu entre os anos 1940 e 1950, a partir de quando ocorreu sua evolução como recurso
terapêutico.
O aparelho de ultrassom não se enquadra entre os recursos eletroterapêuticos, embora necessite
da corrente elétrica para gerar as ondas sonoras. Sua ação no organismo se dá através do calor que é
produzido a partir da penetração das ondas no tecido, quando ocorre transformação da energia
sonora em energia térmica e por esse motivo é classificado como aparelho de efeito
termoterapêutico. Alguns autores o classificam como recurso sonidoterapêutico, já que utiliza ondas
sonoras.
Para que você entenda melhor toda essa história vou explicar de maneira mais simples. O
aparelho de ultrassom utilizado na estética consiste de um gerador de corrente elétrica de alta
frequência. Ou seja, quando você liga o aparelho ele produz uma corrente elétrica de alta
frequência. Conectado ao aparelho existe um cabeçote dentro do qual temos um pequeno cristal
cerâmico, muito pequeno mesmo, que recebe a corrente elétrica gerada pelo aparelho. A ação da
corrente vai fazer o cristal se comprimir e expandir, produzindo ondas sonoras de alta frequência.
Esse efeito de oscilação do cristal recebe o nome de efeito piezoelétrico.
Esse cabeçote que contém o cristal vibrando vai estar em contato com a pele do cliente e as
ondas ultrassônicas produzidas pelo cristal irão penetrar no tecido produzindo calor internamente.
Para que haja condução da onda é necessária a presença de água. Por isso você deverá utilizar gel,
que é um condutor veiculado em base água, para aplicar o ultrassom em seu cliente.
A energia sonora produzida pela oscilação do cristal é transformada em energia térmica,
gerando aquecimento do tecido.
A velocidade de propagação do ultrassom é maior nos sólidos do que nos líquidos ou gases.
Assim, nos tecidos do nosso corpo, o ultrassom se propaga mais rapidamente no osso do que no
músculo e mais rapidamente no músculo do que na gordura.
O profissional de estética trabalha com o equipamento de ultrassom na frequência de 3 MHz. A
profundidade que a onda ultrassônica atinge no tecido é inversamente proporcional à frequência, ou
seja, quanto maior a frequência do aparelho menor a profundidade atingida no tecido.
Os fisioterapeutas utilizam aparelhos de ultrassom com frequência de 1 MHz, para tratar
articulações. Esses aparelhos atingem uma profundidade entre 2 e 5 cm. Já o aparelho utilizado pelo
profissional de estética, que tem frequência de 3 MHz, vai atingir profundidade entre 1 e 2,5 cm,
como mostra a Figura 1, já que o esteticista não vai trabalhar em estruturas localizadas abaixo da
tela subcutânea.

Figura 1: Profundidades atingidas pelo ultrassom de 1 MHz e de 3 MHz


(Figura gentilmente cedida pelo Prof. Sergio Tomaz Natale)

1.2.1 Formas de emissão de onda


O aparelho de ultrassom pode funcionar de forma contínua ou pulsada. Vamos ver como isso
acontece:
• Forma contínua – a emissão de ondas se dá de maneira ininterrupta, ocorrendo acúmulo de
calor no tecido. Essa forma de trabalho é utilizada quando se deseja “amolecer” estruturas
como nódulos de celulite ou fibroses pós cirúrgicas. Nessa forma a ação mecânica do
impacto das ondas sobres as moléculas também é contínua.
• Forma pulsada – a emissão de ondas sofre interrupções e entre um pulso e outro o calor se
dissipa. Alguns autores consideram essa forma atérmica, ou seja, sem calor. É uma forma de
trabalho utilizada em regiões onde não se deseja muito calor ou em tratamentos pós
cirúrgicos imediatos. Nessa forma a ação mecânica do impacto das ondas sobres as
moléculas também é interrompida pois o aparelho “liga e desliga” a emissão de ondas
repetidas vezes.

1.2.3 Efeitos fisiológicos


• Ação mecânica – micromassagem tecidual, promovida pela ação de compressão e tração
das ondas ultrassônica sobre os tecidos, aumenta a circulação sanguínea e linfática, favorece
a eliminação hídrica e a nutrição tecidual.
• Ação térmica – as ondas ultrassônicas são absorvidas pelos tecidos, provocando
vibrações entre as células. Essas vibrações geram atritos e o atrito promove calor. Como
já vimos anteriormente, a geração de calor será maior quando utilizarmos o ultrassom na
forma contínua.
• Aumento da permeabilidade da membrana celular – pelo aquecimento e pela
mobilização de líquidos entre as células, facilita as trocas iônicas. Essa ação permite a
fonoforese que é o aumento da penetração de ativos na pele através da utilização do
ultrassom.
• Vasodilatação – provocada pelo calor a vasodilatação ocorre para manter a temperatura
do corpo dentro dos limites fisiológicos. Além disso, como ocorre aumento do
metabolismo com consequente aumento do consumo de O2 elevam-se também os níveis
de CO2 ocorrendo vasodilatação (Borges, 2010,p.58).
• Ação tixotrópica – essa talvez seja uma das ações mais importantes do ultrassom nos
tratamentos estéticos. É a capacidade que o ultrassom tem de “amolecer” estruturas de
consistência mais dura como nódulos de celulite, fibroses pós cirúrgicas e cicatrizes
aderentes. A ação tixotrópica é capacidade de transformar “sol” (sólido) em “gel”
(gelatinoso), uma substância menos viscosa, mais fluida, que pode ser eliminada através
da drenagem linfática manual. Essa ação é obtida trabalhando-se na forma contínua.
• Aumento da síntese proteica – aumento da produção de colágeno e elastina através do
estímulo dos fibroblastos, principalmente durante os processos de regeneração tecidual.
• Aumento do fluxo sanguíneo – consequência da vasodilatação.
• Aumento do metabolismo – consequência do aumento da temperatura.
• Estímulo da angiogênese – facilita a formação de novos vasos sanguíneos.

Fique de olho
Para tratar celulite um protocolo bastante eficaz é a associação do ultrassom com a drenagem linfática
manual. Você utiliza o ultrassom para “amolecer” os nódulos através da ação tixotrópica e depois
estimula a eliminação dos líquidos através da drenagem linfática manual. Resultado garantido!

1.2.4 Ações terapêuticas


• Regeneração tecidual (muito utilizado em tratamentos pós cirúrgicos)
• Ação anti-inflamatória
• Ação analgésica
• Ação anti-edematosa
• Promove relaxamento muscular

1.2.5 Forma de aplicação


Para utilizar o ultrassom na estética o profissional deve seguir alguns critérios. Não existe um
consenso entre os autores quanto ao tempo de utilização por sessão nem quanto ao número máximo
de sessões.
Todavia recomenda-se usar o bom senso, elaborar uma avaliação e uma ficha de anamnese
criteriosas e, principalmente, conscientizar o cliente da importância do comprometimento do
mesmo para um resultado satisfatório no tratamento.
De nada vai adiantar o cliente fazer intermináveis sessões de tratamento, por mais sofisticados
que sejam os recursos, se ele não promover uma mudança de hábitos de vida que colaborem na
manutenção dos resultados obtidos com o tratamento estético.
Para aplicação do ultrassom de 3 MHz deve-se dividir a área a ser tratada em quadrados
pequenos, com dez centímetros de comprimento por quatro ou cinco centímetros de largura e
trabalhar de 3 a 5 minutos dentro de cada quadrante. Não se recomenda ultrapassar trinta minutos
de tratamento por sessão. Por isso é preciso analisar a região que se deseja tratar e verificar quantos
quadrantes se poderá tratar em cada sessão. Nem sempre será possível tratar, por exemplo,
abdômen, flancos e culote em uma mesma sessão; ou glúteos, culote e flancos em uma mesma
sessão. Nesse caso deve-se tratar uma região de cada vez.
Deve ser aplicado gel condutor no quadrante que será tratado e o cabeçote deve ser deslizado
em movimentos lentos e circulares dentro do quadrante até que termine o tempo estipulado. Então
será repetido o processo em outro quadrante.
Figura 3 : Forma de aplicação do ultrassom na região glútea. http://www.shutterstock.com/pt/pic-
105902777/stock-photo-woman-getting-electric-muscle-stimulation-at-buttocks-in-
spa.html?src=fkSIXO9mon8pi5AHp6Me1w-6-63

Fique de olho
Lembre-se de nunca parar o cabeçote do ultrassom na pele do cliente com o aparelho ligado para não
provocar queimadura no tecido.
Também não deixe o aparelho ligado com o cabeçote desconectado da pele do cliente para não
danificar o cristal.

1.2.6 Intensidade e forma de pulso


Segundo Borges (2010, p.55), e Guirro (2010, p.188), o ultrassom de 3Mhz utilizado pelo
profissional de estética deve ser aplicado na intensidade que varia entre 0,01 e 2,0 W/cm2. Embora a
maioria dos aparelhos apresente a possibilidade de trabalhar na intensidade até 3W/cm2, essa
utilização não é recomendada uma vez que a quantidade de energia concentrada na região seria
muito alta e poderia causar danos ao tecido.
Com relação à forma de pulso, contínua ou pulsada, como já dissemos anteriormente, na forma
contínua ocorre maior geração de calor. Assim, se você estiver trabalhando nas regiões de glúteos,
coxas e culote, que apresentem celulite, principalmente com nódulos, a forma contínua é indicada
para que se obtenha o resultado de dissolver os nódulos e fibroses que se formarem na matriz
extracelular, diminuindo sua densidade e facilitando a drenagem. Nesse caso você pode trabalhar
com intensidades que variem entre 1,2 W/cm2 e 1,8W/cm2, durante um tempo de 3 a 5 minutos em
cada quadrante.
Na região abdominal, principalmente quando o cliente tiver uma quantidade muito pequena
de tecido adiposo, recomendamos utilizar a forma pulsada, onde a emissão de calor é menor e o
risco de lesões no tecido também diminui. Nesse caso recomendamos também que se diminua a
intensidade para 0,5W/cm2 a 1,0W/cm2, sempre trabalhando de 3 a 5 minutos por quadrante. Casos
em que o cliente tenha uma quantidade maior de tecido adiposo devem ser analisados
individualmente para que se possa aumentar a intensidade ou trabalhar na forma contínua.
As sessões devem ser realizadas duas ou três vezes por semana, em dias alternados. Como
também não existe consenso entre os diversos autores com relação à quantidade de sessões
recomendamos que após vinte sessões se faça uma pausa no tratamento, de pelo menos 60 dias, e
que se faça uma avaliação dos resultados e da evolução da terapia.
Nos tratamentos pós cirúrgicos imediatos, onde a presença de calor não é interessante para não
aumentar a vasodilatação e o edema, recomenda-se trabalhar na forma pulsada, na intensidade de
0,5 W/cm2.
Fique de olho

O aparelho de ultrassom quando ligado não faz barulho e não provoca nenhuma sensação no cliente. As
pessoas muito sensíveis às vezes relatam sentir um leve aquecimento, mas é difícil. Como então saber se
o aparelho está funcionando? É simples: antes de começar a trabalhar, coloque uma ou duas gotas de
água no cabeçote, programe na forma contínua, na intensidade de 0,1W/cm2 e ligue o aparelho. A água
deve começar a ferver imediatamente. Se não ocorrer fervura da água pode ser sinal de que o cristal
esteja danificado ou exista algum outro defeito. Nesse caso não utilize o equipamento e o encaminhe à
assistência técnica do fabricante.

1.2.7 Indicações
• Celulite
• Fibroses pós cirúrgicas
• Tratamentos pós cirúrgicos (processos de cicatrização)
• Auxiliar na gordura localizada (através da fonoforese com utilização de ativos
lipolíticos)
Segundo Borges (2010, p.74), o emprego do ultrassom de 3Mhz na intensidade de até
2,0W/cm2 influencia muito pouco o tecido adiposo e não tem a capacidade de dissolver a gordura,
como se apregoa na maioria das clínicas de estética. Ainda segundo o autor, mesmo com a
utilização de ativos lipolíticos sua ação na gordura é considerada pequena, motivo pelo qual
optamos por indicá-lo como “auxiliar” nos tratamentos de gordura localizada.
Equipamentos de ultrassom de maior potência ou equipamentos que trabalhem na frequência de
3 MHz, porém utilizados na intensidade de 3W/cm2, que não é uma intensidade recomendada para
esteticistas, podem apresentar resultados diferentes na gordura, como descrito no item 8.2.8,
principalmente quando associados à técnica de intradermoterapia ou mesoterapia, que é a aplicação
de enzimas, que deve ser realizada por médicos ou biomédicos.

1.2.8 Cavitação
O processo de cavitação é um processo que decorre naturalmente da aplicação do ultrassom nos
tecidos.
Cavitação é o termo utilizado para descrever a formação de bolhas no meio líquido. Essas
bolhas estão cheias de gases ou vapores em diferentes quantidades. O nome cavitação deve-se ao
fato de se formarem cavidades de ar (bolhas) no meio líquido provocadas pelas ondas ultrassônicas.
O efeito de cavitação durante a aplicação do ultrassom pode ser minimizado movimentando-se
rapidamente o cabeçote do equipamento, pois isso evita a concentração das ondas em um mesmo
ponto. Essa técnica é normalmente utilizada quando se trabalha com equipamentos de alta potência.
Para que você possa entender melhor, todas as vezes que utilizamos o ultrassom ocorre
cavitação. Porém a cavitação que se forma durante a aplicação do ultrassom de 3MHz na
intensidade de até 2,0W/cm2 é considerada pelos especialistas uma cavitação estável, desejada na
terapia ultrassônica para que se obtenha os efeitos benéficos da técnica.
Já o que se chama de ultracavitação é a cavitação que os especialistas denominam de instável,
que é provocada por quantidades maiores de energia. Segundo Borges (2010, p. 46), consegue-se
esse efeito com o equipamento de 3MHz, na intensidade entre 2,5W/cm2 e 3,0W/cm2, utilizada por
alguns fisioterapeutas e médicos nos procedimentos de hidrolipoclasia ultrassônica. Ainda segundo
o autor é necessário cuidado pois existe o risco de queimadura no tecido.
A cavitação instável ocorre quando o volume da bolha se altera rápida e violentamente e a
bolha implode, liberando uma grande quantidade de energia e causando grande aumento de
temperatura e pressão que pode danificar o tecido e provocar a liberação de radicais livres.
Borges (2010, p. 74) ressalta que existem hoje no mercado equipamentos de ultrassom de alta
potência, conhecidos como HIFU – High Intensity Focused Ultrasound, que possuem alto poder
“destrutivo” e conseguem romper o adipócito, que é a célula de gordura, e dessa forma facilitar a
eliminação da gordura do organismo.
A utilização desse tipo de equipamento pelo profissional de estética ainda é pequena, uma vez
que são poucos os fabricantes nacionais que oferecem modelos aprovados pelo Ministério da Saúde.
Antes de utilizar qualquer equipamento eletroterapêutico o profissional esteticista deve passar
por um treinamento com o fabricante para que possa obter os melhores resultados dentro das
margens de segurança previstas nas especificações técnicas do aparelho.

1.2.9 Contraindicações
• Neoplasias
• Gestantes
• Região cardíaca
• Região de globo ocular
• Presença de próteses e implantes metálicos na região de aplicação
• Processos infecciosos
• Sobre tromboses e varizes
• Sobre testículos e ovários
Essas contraindicações são consideradas absolutas. Existem casos em que a aplicação não é
totalmente contraindicada, mas requer cuidados e atenção especiais. Para esses casos
recomendamos solicitar autorização médica por escrito, que deverá ficar anexada à ficha de
anamnese do cliente. Seriam as contraindicações relativas:
• Insuficiência cardíaca
• Presença de marcapasso (segundo Borges (2010, p.78), se a aplicação não ocorrer sobre
a região do marcapasso não há contraindicação)
• Insuficiência renal
• Diabetes descompensada
• Hipertensão descompensada
1.3 Vacuoterapia e endermoterapia
A técnica de vacuoterapia ou endermoterapia utiliza o princípio das ventosas, técnica de
tratamento utilizada pelos antigos chineses há três mil anos. Os egípcios e os gregos também
utilizavam a técnica das ventosas para promover sangrias e curar diversos males do corpo.
As ventosas utilizadas hoje são similares às de antigamente, com formato parecido ao de um
copo ou cone. Podem ser confeccionadas em vidro, madeira, plástico, resina ou bambu. Existem
registros de utilização de ventosas feitas com chifres de boi.

Figura : Exemplo de aplicação de vacuoterapia com ventosas de vidro.


http://www.shutterstock.com/pt/pic-160999010/stock-photo-young-woman-doing-cosmetic-
procedures-in-spa-clinic.html?src=IEkqcfqS-p7P9yzwx_S0Rg-1-6

A ventosa, colocada sobre a pele, executa uma pressão negativa, a qual chamamos de sucção,
semelhante à ação do desentupidor de pia. Essa ação sobre o tecido ativa a circulação sanguínea e
aumenta a oxigenação local.
Na década de 1990 um médico francês desenvolveu a técnica de dermotonia, com utilização das
ventosas, para tratamento de algumas patologias e também para tratamentos estéticos. A dermotonia
diferencia-se da vacuoterapia e da endermoterapia por ser uma técnica que associa a utilização das
ventosas a técnicas específicas de massagem como a Palper-Rouler e drenagem linfática, ou seja, é
a junção de duas ou mais técnicas em um mesmo tratamento.
Nas clínicas de estética os profissionais fazem uso dos equipamentos de vacuoterapia e
endermoterapia, que trabalham compressão negativa, a exemplo das ventosas.
Ao contrário dos aparelhos de corrente elétrica, onde você tem uma corrente circulando pelo
corpo do cliente, e do aparelho de ultrassom onde a onda ultrassônica penetra no corpo, no aparelho
de vácuo/endermo não existe corrente circulando no corpo. É necessário ligar o aparelho na
eletricidade apenas para fazer funcionar o gerador de pressão negativa, mas a ação do aparelho no
corpo do cliente é uma ação puramente mecânica. A técnica de vacuoterapia ou endermoterapia
promove massagem mecânica e drenagem linfática mecânica.
Segundo os especialistas quando se aplica a ventosa na pele trabalha-se o efeito da lei das trocas
gasosas, eliminando-se gases estagnados no corpo e produzindo uma limpeza no sangue. Era com
essa finalidade, de limpar o sangue, que os antigos utilizavam o processo das ventosas. Ainda
segundo o autor, o vácuo funciona momentaneamente como um garrote, gerando uma
vasoconstrição e logo na sequência, ao soltar a pressão, uma vasodilatação. O autor chama esse
fenômeno de “ginástica circulatória”. Ocorre a formação de leve edema, ativam-se as trocas gasosas
e estimula-se a drenagem dos líquidos.
A diferença entre a vacuoterapia e a endermoterapia está no tipo de ventosa utilizada. Para a
vacuoterapia são utilizadas as ventosas propriamente ditas, parecidas com um copo, que quando
aplicadas sobre a pele fazem apenas a sucção do tecido.
Já para a endermoterapia as ventosas possuem um rolete que promove rolamento do tecido,
semelhante ao movimento de pinçamento rolante da massagem. Esse movimento, além da sucção
promove deslocamento e mobilização do tecido, com a finalidade de reorganizar o tecido
subcutâneo. Tanto a ventosa para vacuoterapia quanto a de endermoterapia devem ser utilizadas
sobre a pele com óleo para facilitar o deslize e evitar o atrito excessivo.
Existem alguns equipamentos para endermoterapia que possuem um cabeçote maior e que
precisam ser utilizados sobre um macacão de malha para não causar incômodo ao cliente.

1.3.1 Efeitos fisiológicos


• Aumento da circulação sanguínea
• Aumento da circulação linfática
• Aumento da oxigenação dos tecidos
• Aumento da eliminação de líquidos e toxinas (diminuição de edemas)
• Aumento do metabolismo
• Melhora da tonificação tissular
• Aceleração dos processos de cicatrização

1.3.2 Indicações
Como vimos anteriormente a vacuoterapia e a endermoterapia nos permitem realizar massagem
mecânica e drenagem linfática mecânica. Dessa forma suas indicações são as mesmas da massagem
e da drenagem, dependendo da pressão com que se trabalha.
• Celulite
• Fibroses pós cirúrgicas
• Estrias atróficas
• Gordura localizada
• Tratamentos pré e pós cirúrgicos
• Edemas

1.3.3 Contraindicações
• Neoplasias
• Pele com lesões
• Fragilidade capilar
• Infecções
• Insuficiência cardíaca
• Insuficiência renal
• Hipertensão descompensada
No caso específico da gestante, embora não haja contraindicação absoluta não aconselhamos a
utilização, uma vez que a gestante apresenta grande fragilidade capilar.

1.3.4 Forma de aplicação


A vacuoterapia e a endermoterapia podem ser aplicadas na forma de drenagem linfática
mecânica. Nesse caso deve-se trabalhar na pressão de 40mmHg. Os movimentos devem ser lentos e
realizados seguindo o trajeto da linfa.
Outra forma de aplicação é realizando massagem mecânica. Nesse caso deve-se trabalhar com
pressão acima de 100 mmHg. Recomenda-se não ultrapassar 200 mmHg para não causar incômodo
ao cliente e para não provocar hematomas. Deve-se deslizar o cabeçote com movimentos firmes e
rápidos, no sentido da musculatura, trabalhando em média cinco minutos por região.
Tanto para drenagem quanto para massagem mecânicas é necessário aplicar óleo na pele do
cliente para facilitar o deslize e evitar excesso de atrito e incômodo para o cliente. No momento da
aplicação é normal o surgimento de hiperemia local. Se o cliente relatar dor deve-se diminuir a
pressão.

Fique de olho
Antes da aplicação de vacuoterapia ou endermoterapia faça uma avaliação visual na região a ser
tratada para verificar se o cliente não apresenta vasos aparentes ou telangectasias. Em regiões com
muitos vasinhos você só deve aplicar o vácuo na pressão de drenagem (40 mmHg) para não provocar
o aparecimento de novos vasos.

1.3.5 Higienização do cabeçote


Após a utilização do equipamento o cabeçote e as ventosas devem ser higienizados com água e
sabão ou detergente para remoção completa do óleo e dos resíduos de células mortas que ficam
retidos na ventosa. Alguns modelos de aparelho permitem a utilização de filtros de papel dentro da
ventosa para reter os resíduos de células mortas e evitar que fiquem dentro do cabeçote. Acessórios
mal higienizados podem facilitar a proliferação de fungos e microrganismos que causam doenças na
pele dos clientes.

1.4 Microcorrentes
MENS – Micro Electro Neuro Stimulation é o nome pelo qual se conhece a microcorrente, que
como o próprio nome sugere é uma corrente de intensidade muito pequena, na faixa de micro
amperes. Lembra que lá no início deste capítulo nós falamos que o corpo humano funciona através
de impulsos elétricos transmitidos através do sistema nervoso central? Pois então, esses impulsos
elétricos que fazem nosso corpo funcionar são na verdade uma corrente elétrica de intensidade
muito pequena, chamada pelos especialistas de bioeletricidade. As microcorrentes encontradas nos
equipamentos utilizados na medicina e também nos tratamentos estéticos são muito parecidas com a
bioeletricidade existente em nosso corpo.
Existem no mercado vários tipos diferentes de equipamentos que utilizam correntes de baixa
intensidade, contínuas ou alternadas, pulsadas ou não, moduladas de diferentes maneiras, mas todas
com característica subsensorial, ou seja, que atuam em níveis profundos da pele, sem excitar a
inervação periférica e sem causar desconfortos ao cliente.
Os tratamentos realizados com microcorrentes costumam ser bastante agradáveis pois o cliente
não sente nenhum tipo de desconforto como os desagradáveis choquinhos ou pinicações de outros
tipos de corrente e os resultados são bastante satisfatórios.
Segundo Borges (2010, p. 205) as microcorrentes têm atuação profunda, atingindo músculo e
atuam na diminuição da dor e aceleram o processo de reparação tecidual.
O processo biológico de cicatrização de uma ferida é mediado em parte por sinais elétricos.
Baseados nesse conceito vários estudos foram efetuados a respeito da cicatrização de feridas com a
utilização das microcorrentes e os resultados foram positivos no sentido de que essas correntes
exercem ação positiva na aceleração desses processos.
Estudos mostram que tratamentos com as microcorrentes ajudam a restabelecer a
bioeletricidade dos tecidos após uma lesão favorecendo o reparo.
As microcorrentes produzem sinais elétricos semelhantes aos que existem no corpo humano
quando ele recupera tecidos lesionados. Os aparelhos de microcorrentes atuam em nível celular e
imitam a bioeletricidade do corpo.
O fluxo direto de correntes elétricas no organismo resulta em um tecido saudável. Quando o
tecido sofre uma lesão esse fluxo é alterado e o reparo da lesão somente acontecerá após a
normalização desse fluxo de correntes. A terapia com microcorrentes normaliza o fluxo de correntes
sobre lesões cutâneas favorecendo o reparo e minimizando a dor.
Os efeitos eletrofisiológicos das microcorrentes na região lesionada irão promover aumento do
fluxo de corrente tecidual de forma que ocorra recuperação do potencial elétrico alterado com a
lesão. O resultado será um significativo aumento do ATP celular com regulação das funções
celulares perdidas.
O decréscimo do fluxo elétrico gerado pelo trauma diminui a função tecidual e como
consequência a função de cura da lesão. O estímulo das microcorrentes leva os elétrons a reagirem
com as moléculas de água induzindo a formação de ATP dentro da célula. O tecido lesionado é
pobre em ATP e tem diminuição do suprimento sanguíneo, com consequente queda nos níveis de
oxigenação e nutrição. A terapia com microcorrentes aumenta a síntese de ATP e o transporte de
aminoácidos, estimulando a síntese proteica e favorecendo a regeneração tecidual.
O aumento de ATP através da utilização de microcorrentes é da ordem de 500% e o aumento da
síntese de proteínas gira em torno de 30 a 40%.
As microcorrentes também agem sobre o sistema linfático, aumentando a mobilização de
proteínas para dentro dos vasos linfáticos de onde são devolvidas para o sangue. Ocorre aumento da
eliminação de líquidos com diminuição do edema nos processos de cicatrização.
Alguns autores sugerem a utilização das microcorrentes no polo positivo para cicatrização
tecidual e no polo negativo para inibição do crescimento bacteriano (função bactericida).
A eletroestimulação, ou seja, a estimulação dos tecidos através da corrente elétrica, é a base dos
tratamentos que fazemos para “levantar” as estruturas da pele do nosso cliente. Esses tratamentos
são conhecidos como lifting ou eletrolifting. A palavra lifting, do inglês, significa exatamente
levantamento. Esses tratamentos são utilizados na estética para combater os sinais de estresse e
cansaço na pele, provocados pelo processo de envelhecimento e pelas agressões sofridas no dia-a-
dia.
Os equipamentos de microcorrentes nesse caso são excelentes aliados dos profissionais de
estética por todas as ações fisiológicas que promovem. Infelizmente, o que constatamos em nossa
prática clínica e docente, acreditamos que por total falta de informação, é que os profissionais
esteticistas ainda utilizam muito pouco as terapias com microcorrentes, deixando de oferecer aos
seus clientes tratamentos que poderiam trazer resultados bastante satisfatórios, com excelentes
ganhos na melhora do tônus e da firmeza da pele.

1.4.1 Ações fisiológicas


• Restabelecimento da bioeletricidade tecidual
• Aumento da síntese de ATP em 500%
• Aumento da síntese de colágeno e elastina em 30 a 40%
• Aumento do transporte de aminoacidos
• Aumento da circulação sanguínea
• Aumento da circulação linfática
• Aumento do metabolismo
• Aumento da oxigenação tecidual
• Aumento da permeabilidade da membrana celular

1.4.2 Ações terapêuticas


• Analgesia
• Aceleração do processo de reparação tecidual (cicatrização)
• Aceleração do processo de reparação de fraturas (osteogênese)
• Ação anti-inflamatória
• Ação bactericida (polo negativo da corrente)
• Diminuição de edema
• Relaxamento muscular

1.4.3 Forma de aplicação


Como citamos anteriormente existem inúmeros tipos de equipamentos de microcorrentes
disponíveis no mercado, com diferentes formas de modulação e configuração eletroeletrônica.
Encontramos aparelhos com a corrente na forma contínua, outros na forma alternada, alguns na
forma pulsada com diferentes tipos de pulso, outros ainda oferecem as duas versões, enfim,
independente das características físicas do equipamento é fundamental que o profissional tenha
conhecimento do aparelho que vai utilizar para que possas explorar ao máximo seus recursos de
maneira segura e eficaz, oferecendo o tratamento mais adequado ao perfil de cada cliente.
Na sua opinião, como podemos conseguir isso? Se pensou que é fazendo um treinamento com o
fabricante e ficando sempre atento às instruções do manual do equipamento, acertou!
Fique de olho

Nem sempre as informações do manual dos equipamentos são claras o suficiente para que possamos
utilizá-los sem nenhuma dúvida. Por esse motivo, nunca deixe de fazer o treinamento com o fabricante.
Nesses treinamentos, além de entender o funcionamento do aparelho você vai receber várias dicas de
protocolos e aprender como tirar o melhor proveito possível do equipamento que tem em mãos.

A maioria dos aparelhos disponíveis no mercado oferecem duas formas de aplicação da


corrente: com eletrodos de silicone fixos, que são acoplados à pele com gel e fixados com fitas
adesivas e com canetas com ponta metálica ou com cotonetes.
Quando trabalha com os eletrodos fixos o profissional irá fixá-los na pele do cliente com
adesivos e a corrente então entrará na pele através desses eletrodos durante um determinado tempo.
No caso das canetas o profissional trabalha deslizando as mesmas sobre a pele, em diversos
movimentos, ao longo do trajeto linfático e também acompanhando a musculatura. Nesse caso não
existe a concentração da corrente em um determinado ponto como ocorre quando se utiliza os
eletrodos fixos.
Encontramos na literatura várias sugestões de deslizamento e pinçamento com as canetas de
microcorrentes com o intuito de incrementar a ação lifting da corrente. Em nossa opinião, através de
observações na prática clínica, a ação da corrente por si mesma já seria suficiente para proporcionar
o efeito lifting, uma vez que possui a capacidade de aumentar a síntese de colágeno e elastina em 30
a 40%, o que a nosso ver é bastante considerável.
Não temos porém embasamento prático suficiente para contestar estudos realizados. Borges
(2010, p.215), sugere que os eletrodos fixos, por concentrarem maior quantidade de energia nos
tecidos, promoveriam maior eficácia terapêutica. Quando se trabalha com os eletrodos móveis essa
concentração de corrente fica prejudicada em função da movimentação dos eletrodos na área
tratada.
Com relação à profundidade que se deseja atingir nas estruturas corporais, os manuais sugerem
frequências específicas para se trabalhar epiderme, derme e tonificação muscular, lembrando que o
profissional esteticista não trabalha articulações e ossos. Em nível de epiderme vamos trabalhar a
normalização e dessensiblização da pele, em nível de derme trabalhamos o estímulo do sistema
linfático e da síntese de colágeno e elastina e em nível mais profundo estimulamos a tonificação da
musculatura pelo aumento da síntese de ATP, lembrando que tonificar não significa contrair.
Fique de olho
Você sabe o que significa tônus muscular? Tônus é o estado de contração do músculo em repouso.

Como uma das ações fisiológicas das microcorrentes é o aumento da permeabilidade da


membrana celular, fica favorecida a iontoforese, que é o aumento da penetração de ativos na pele
através da corrente elétrica. Por esse motivo a maioria dos aparelhos disponíveis no mercado
também oferece um programa de ionização, no qual se pode trabalhar com produtos cosméticos
ionizáveis e potencializar os efeitos do tratamento.

1.4.4 Indicações
• Regeneração celular (revitalização cutânea)
• Reparo tecidual (processos de cicatrização)
• Tratamentos para rugas e linhas de expressão
• Tratamentos para estrias
• Tratamentos pré e pós cirúrgicos
• Tratamentos para flacidez tissular (aumento da síntese de colágeno)
• Tratamentos pós peeling para estimular a regeneração da pele
• Tratamentos de acne (ação anti-inflamatória, bactericida e cicatrizante)
• Tratamentos para prevenção do envelhecimento cutâneo
As microcorrentes são muito utilizadas na medicina e na fisioterapia no tratamento de feridas,
principalmente nas feridas de decúbito, conhecidas como escaras.

1.4.5 Contraindicações
• Neoplasias
• Gestantes
• Presença de marcapasso
• Insuficiência cardíaca
• Insuficiência renal
• Hipertensão descompensada
• Infecções
• Pinos ou placas metálicas no corpo
• Osteomielite

1.5 Corrente Russa


A corrente russa ou também chamada como estimulação russa é uma modalidade terapêutica capaz
de produzir estímulos elétricos e induzir à contração muscular. É assim denominada porque foi uma
corrente pesquisada pelos russos que descobriram os benefícios dessa corrente através do ganho de
força por atletas que eram submetidos constantemente à uma estimulação elétrica por corrente
alternada cuja frequência era de 2,5 kHz, com bursts ( rajadas) de 10ms.
Atualmente podemos defini-la como uma corrente alternada de média frequência que varia entre
2.500 à 5.000 Hz e que pode ser modulada por bursts. É frequentemente utilizada por profissionais
das áreas de estética e fisioterapia devido suas características excitomotoras, ou seja, pelo trabalho
muscular que a corrente realiza.
A intensidade da aplicação deste tipo de corrente pode variar entre 50 a 100 mA ( miliampere) com
uma potência média contínua que representa cerca de 70% do pico da corrente.
Considerando que essa potência era bastante intensa, um pesquisador denominadado Kotz
experimentou utilizá-la com uma forma de onda senoidal, modulada através de bursts, criando um
intervalo. Ele utilizou 50 bursts por segundo com intervalos de 10ms.
Essa mudança permitiu uma redução da corrente pela forma de onda senoidal, porém um aumento
da amplitude da onda e da carga da fase o que manteve a intensidade da estimulação motora.
Assim, a corrente russa, quando gerada com o efeito bursts, intervalos, é diminuída e garante uma
maior tolerância da intensidade pelos indivíduos.
Observe o gráfico abaixo.

2.500
Hz
(pps)
A
m
p Corren
l te 50
i RMS bps
t
u
d
e
O gráfico demonstra o trajeto de uma onda senoidal. Na primeira linha, a onda aparece contínua,
sem interrupções. Na segunda linha há um intervalo que denominamos de burst.
Além do comportamento ondulatório, é necessário ajustar a frequência dos equipamentos, que em
geral apresentam a frequência portadora e a modulada. Vamos conhecê-las?

1.5.1 Frequência

Na eletroestimulação por corrente russa, encontramos dois tipos de frequência que denominamos de
portadora e modulada.
A portadora é definida como a frequência de pulsos dentro do bursts, pré estabelecida que gera a
contração muscular. Esta frequência portadora encontra-se na faixa de 2.500 a 5.000Hz porém, na
maioria das vezes encontramos no mercado frequências até 4000Hz.
A frequência modulada da corrente russa é definida como a frequência de bursts por segundo (bps),
caracterizada por uma corrente de baixa frequência que é utilizada para a estimulação
neuromuscular dos tipos de fibras musculares distintas. Geralmente, os parâmetros de modulação
dos equipamentos variam de 0 a 100Hz , podendo chegar até 150Hz.

1.5.2 Características histológicas e fisiológicas do tecido muscular.

Ao fazer uma comparação com o nosso organismo, podemos dizer que a corrente russa faz
exatamente o caminho inverso daquele que realizamos voluntariamente. Na eletroestimulação, a
contração muscular não ocorre devido a um impulso comandado pelo sistema nervoso central
(SNC), como é o caso de qualquer atividade voluntária, mas devido a um estímulo elétrico que
ocorre na periferia, ou seja, à distância.
Para entender melhor como a corrente russa funciona e mecanismo de contração muscular, é preciso
estudar o tecido muscular , suas propriedades e as estruturas que fazem parte desse processo.
Assim como a nossa pele, os músculos possuem um complexo de estruturas importantes que
desempenham um papel fundamental para nossa vida, realizar atividades que nos mantém em
movimento.
Começaremos essa revisão pelas fibras musculares.Cada músculo pode conter milhares de fibras
musculares agrupadas em compartimentos. Elas são formadas por miofilamentos e se agrupam de
acordo com as características anatômicas e funcionais.
O músculo possui uma estrutura central, o ventre muscular, revestido por um tecido fibroso
denominado de epimísio.
Assim como uma rede de fios estão dispostos os feixes de fibras musculares chamados de
fascículos. Cada fascículo pode conter até duzentas fibras. O fascículo é envolto por uma membrana
de conexão que tem a função de proteger as fibras e formar caminhos para a passagem dos nervos e
vasos sanguíneos denominada de perimísio.
Tanto o epimísio quanto o perimísio participam da propriedade que o músculo tem de alongar-se e
retornar ao tamanho original.
Cada fibra também é recoberta por uma membrana , o endomísio, que nutre e inerva cada uma
delas. Conectado ao endomísio, encontra-se o sarcolema, uma região reservada para a inervação que
atinge a unidade contrátil do músculo chamada de sarcômero.
As fibras musculares se dividem em : fásicas ( brancas) e tônicas ( vermelhas). As fibras fásicas são
consideradas de velocidade e vermelhas de sustentação. Você sabia que cada indivíduo tem um
número de fibras fásicas e tônicas e que elas podem determinar a capacidade atlética desse um
indivíduo?
Portanto, temos variedades entre a quantidade de fibras em cada um de nós.
As fibras de contração lenta são mais utilizadas durante as atividades contínuas, por exemplo
manter a nossa postura durante todo o dia. Já as fibras rápidas são requisitadas durante movimentos
que necessitam de força intensa.

1.5.3 Fisiologia da contração muscular

Estudamos na sessão anterior sobre o sarcômero que é a unidade contrátil do músculo, local onde
haverá o estímulo nervoso. Para que haja o evento da contração muscular, é necessário ocorrer um
estímulo nervoso.
Definimos como unidade motora a unidade funcional básica do músculo esquelético, constituída
por um neurônio motor e todas as fibras musculares que ele inerva. O tamanho do corpo do nervo
motor depende da quantidade de fibras que ele inerva.
Figura : Motoneurônio inervando fibras musculares. http://www.shutterstock.com/pt/pic-
78690073/stock-photo-skeletal-muscle-and-motor-neuron-in-a-motor-
unit.html?src=aISC0QwrlNnaGIOxYtlTCg-3-46

Os nervos motores, denominados de motoneurônios, ramificam-se dentro do tecido conjuntivo e


perdem sua bainha de mielina, formando uma depressão na fibra muscular denominada de placa
neural ou junção mioneural. É nessa região que ocorre a liberação de acetilcolina, um
neurotransmissor, pelas vesículas sinápticas e dá origem ao ciclo de contração muscular. Ocorre que
os filamentos deslizam entre si.
O filamento grosso é composto por proteínas denominadas de miosina que ficam dispostas de
maneira ordenada. Já os filamentos finos, são compostos por actina. A actina desliza sobre a
miosina e se sobrepõe, formando um encurtamento do sarcômero.

Figura : Sarcômero – unidade contrátil. http://www.shutterstock.com/pt/pic-116410819/stock-


photo-structure-of-skeletal-muscle-fiber.html?src=aISC0QwrlNnaGIOxYtlTCg-1-56

A disponibilidade e fluxo dos íons de cálcio, responsáveis pela despolarização da membrana


celular, desencadeia o evento da contração muscular.
A estimulação por Corrente Russa tem a capacidade de recrutar um número maior de unidades
motoras, produzindo como consequência, um maior recrutamento de fibras musculares e maior
sincronia entre as mesmas durante a contração.
Fique de olho!
Na contração muscular voluntária, as unidades motoras são recrutadas de forma aleatória, sem
sincronia. A vantagem do estímulo por corrente russa é que todas as fibras são recrutadas ao
mesmo tempo, o que chamamos de “ ginástica passiva”.

1.5.4 Efeitos fisiológicos da corrente russa


A estimulação por corrente russa promove o aumento do trofismo muscular, o que chamamos de
hipertrofia. Esse aumento , popularmente conhecido como aumento da “ massa muscular” ocorre
devido ao recrutamento das unidades motoras através de estímulo elétrico periférico.

Fique de olho!
Você sabia que realizar exercícios voluntários durante a estimulação por corrente russa
potencializa a hipertrofia? Então, quando estamos estimulando a região abdominal por exemplo,
podemos pedir à cliente que realize uma pequena contração voluntária.

Além da hipertofia, a corrente russa exerce ação sobre o sistema linfático e circulatório.
O número repetido de contrações e relaxamentos influenciam na aceleração do fluxo linfático e
circulatório, favorecendo a eliminação de toxinas e contribuindo para o retorno venoso.
Há também um aumento do fluxo sanguíneo local, o que garante um aporte maior de oxigênio e
nutrientes para a região.
Em relação à diminuição do tecido adiposo e consequente redução nas medidas da circunferências
com o uso contínuo de eletroestimulação por corrente russa, há a hipótese de que a contração
muscular influência no metabolismo do tecido adiposo, favorecendo um trabalho mais aeróbico e
desencadeando maior catabolismo de gordura.
Acredita-se que o esforço muscular induzido pela eletroestimulação, provoca uma mobilização
bioquímica capaz de influenciar no metabolismo do tecido adiposo

1.5.4 Posicionamento das placas


A escolha da posição das placas nos grupos musculares está diretamente relacionada com a
anatomia de cada músculo e do seu grupo. Deve-se respeitar a origem e inserção da musculatura
que será submetida ao tratamento, mesmo que você escolha posicionar os eletrodos sobre os pontos
motores, os quais tem pequena variação anatômica em cada indivíduo.
A variação do posicionamento das placas acontece quando há a seleção pela origem e inserção do
músculo ou quando a escolha se dá pela localização do ponto motor, onde as respostas contráteis
geralmente são melhores devido a área ser de maior excitabilidade, necessitando assim de menor
quantidade de corrente para a estimulação neuromuscular, o que torna a terapia mais confortável
para o cliente.
Podemos dizer que o ponto motor se caracteriza pela região onde o nervo penetra no epimísio do
músculo e ramifica-se para o tecido conjuntivo. Ocorre uma depressão na fibra muscular e então
essa área permite uma estimulação mais efetiva da musculatura, ou seja, um maior recrutamento de
fibras musculares.

Figura : posicionamento de placas na região posterior da coxa. http://www.shutterstock.com/pt/pic-


105902762/stock-photo-woman-getting-electrical-muscle-stimulation-in-
spa.html?src=fkSIXO9mon8pi5AHp6Me1w-3-31

As placas devem ser posicionadas no trajeto das fibras musculares, acopladas à pele por meio de gel
condutor. Em seguida, devemos prender as placas com fitas elásticas para que elas evitem de se
mover. A higienização das placas deve acontecer imediatamente após o término da sessão com água
e sabão e devemos secá-las para utilizar na próxima cliente.
O tempo de contração deve ser igual ou menor que o tempo de relaxamento a fim de evitar a fadiga
muscular. Já o tempo de aplicação depende do grupo muscular, da qualidade da musculatura e da
sensibilidade do indivíduo.
Geralmente recomenda-se cerca de 30 a 40 minutos de eletroestimulação por sessão aplicada. É
importante destacar as orientações dispostas no manual dos equipamentos devido à grande variação
de modalidades e parâmetros ofertadas pelos fabricantes.

1.5.5 Indicações da corrente russa


Na estética, a principal indicação é minimizar a flacidez e a perda do tônus muscular nas regiões
mais acometidas que são as coxas, abdômen, glúteos e braços.
Vale lembrar que a corrente russa é uma técnica para tratar a flacidez muscular e não tissular.
1.5.6 Contra-indicações da corrente russa
• Varizes e tromboses
• Diabetes e hipertensão descompensados
• Cardiopatias
• Distúrbios de sensibilidade
• Gestantes
• Ulcerações da pele
• Neoplasias
• Portadores de marcapasso

1.5 Radiofrequência

Atualmente a radiofrequência tem sido um recurso utilizado em larga escala para tratamentos de
flacidez da pele. Sabemos que a tecnologia cresce diariamente e que novos equipamentos surgem
com propostas de devolver às pessoas uma pele mais jovem, bem cuidada .
O processo de envelhecimento é natural e cronológico e isso faz com que a nossa pele também sofra
perdas significativas, principalmente do colágeno, uma proteína que confere sustentação aos
tecidos.
A radiofrequência é considerada uma estimulação eletrotérmica controlada que exerce influência
sobre a neo formação do colágeno dérmico e dos tecidos conjuntivos adjacentes. A técnica tem
demonstrado bastante eficiência sobre os tecidos biológicos promovendo micro danos controlados e
capazes de produzirem efeitos fisiológicos que favorecem a revitalização tecidual. Pode ser
considerada uma técnica não invasiva cujo principal objetivo é remodelar o colágeno e produzir um
calor concentrado na derme e na modalidade ablativa, mostra-se invasiva para tratamento médico
dos tumores cancerígenos e quadro de dor.
Para classificar melhor os efeitos que ela produz na pele, precisamos entender as características
físicas desse tipo de onda. Devemos considerar dois aspectos: ondulatório e térmico. O
comportamento ondulatório é caracterizado pelas ondas de Radio Frequência (RF) , as quais são
capazes de induzir movimento de partículas ionizadas provocando um fluxo de elétrons em um
ponto receptor.
Já quanto ao aspecto térmico, a radiofrequência tem suas características como uma onda senoidal de
elevada frequência que perde seus efeitos químicos e biológicos de excitação neuromuscular, no
entanto conserva o efeito de conversão em calor quando absorvido pelos tecidos. Este processo é
considerado genericamente como diatermia e é aplicada há anos como um recurso de termoterapia
profunda.
Trata-se de uma onda bifásica sinusoidal , cuja, energia eletromagnética produzida por essas ondas
se comportam diferente em função da frequência que é emitida no corpo humano. Em alta
frequência, o campo eletromagnético criado, causa a energia cinética provocando oscilações das
moléculas de água transformando essa energia em calor por conversão. A fricção entre as moléculas
transforma a energia eletromagnética em calor.
Para que o calor por conversão aconteça através do estímulo por em radiofrequência, as ondas
eletromagnéticas são emitidas na frequência compreendida entre 30 kHz e 300 MHz, porém, a faixa
de frequência mais utilizada é de 500 kHz e 1,5 MHz.
O calor produzido pelas ondas de Rádio e Frequência (RF), tem a capacidade de elevar a
temperatura da derme através da resistência natural dos tecidos, quando da passagem de uma
corrente alternada, provocando movimentação rápida das moléculas de água, causando o aumento
da temperatura da derme em aproximadamente 55ºC, obtendo assim, um dano térmico controlado
sem provocar queimaduras.

O dano térmico causado na derme afeta a vascularização promovendo vasodilatação e hiperemia,


favorece a proliferação dos fibroblastos o que estimula a neocolagenogenese e age na desintegração
das células adiposas , induzindo à apoptose. Essa reação de calor causa a desintegração da
membrana celular das células adiposas que se transformam em triglicerídeos. Os triglicerídeos são
fracionados em ácidos graxos livres que se ligam às albuminas e glicerol que são transportado
pelos fluídos intersticiais e pelo sangue. Essa mudança no estado das células adiposas contribui para
delinear a silhueta do corpo e definir o contorno facial.

A estimulação ocorre através da passagem de uma energia eletromagnética de alta frequência sobre
os tecidos que formam um fluxo de partículas carregadas e originam um campo magnético capaz de
produzir calor. A quantidade de calor depende de muitas variáveis sendo a quantidade de corrente ,
a resistência e as características dos condutores , consideradas as mais importantes. Observe no
esquema abaixo como a temperatura travessa os tecidos e age mais profundamente.
A radiofrequência ( RF) relaciona-se com as características de resistência dos tecidos e não com o
biotipo e fototipo cutâneo.
Quando analisamos as características diferentes entre os tecidos, percebemos que ainda que a RF
atinja os níveis celulares na epiderme, derme e hipoderme e alcança inclusive as células musculares,
há absorções diferentes dessa onda. O tecido adiposo possui alta impedância o que diminui
significativamente a condução da RF comparada ao tecido muscular, por exemplo. No caso da
derme que possui bastante quantidade de água, a condução é maior, portanto mais conversão em
calor.

De acordo com Goméz, 2007,quando a RF passa pelos tecidos, a corrente gera uma leve fricção ou
resistência dos tecidos, produzindo uma elevação térmica da temperatura tissular. Quando o
organismo percebe que a temperatura esta maior que a fisiológica, neste momento, aumenta a
vasodilatação com abertura dos capilares, melhorando o trofismo tissular, melhora a reabsorção dos
líquidos intercelulares excessivos e o aumento da circulação. Com isso, ocorre ganho nutricional de
oxigênio e nutrientes, influenciado pela radiofrequência, com uma melhora no sistema de drenagem
dos resíduos celulares (toxinas e radicais livres). Estes efeitos proporcionam a possibilidade de
fortalecer a qualidade dos adipócitos, provocando lipólise homeostática e produção de fibras
elásticas de melhor qualidade, atuando nos fibroblastos e em outras células.

De maneira prática, o aquecimento ocorre quando o cabeçote é acoplado sobre o estrato córneo e
permite um direcionamento do calor através dos tecidos utilizando substância condutora de corrente
como o gel de glicerina. A condutância da corrente e do calor dependem também do nível de
hidratação da pele, o qual exerce uma influência direta na condução do calor.
Durante a aplicação, a temperatura externa é monitorada de forma continua por um termômetro a
laser, para garantir que a temperatura interna não ultrapasse os 60ºC. Os níveis de calor apontados
pelo termômetro conferem qual a quantidade de calor está presente na derme no momento da
aplicação.

Esse monitoramento da temperatura local é muito importante para a segurança do cliente , evitando
danos como queimaduras e também para o profissional saber se está conseguindo chegar na
temperatura desejada.

Segundo Meyer ,2010 a vasodilatação e a hiperemia são consequências imediatas do efeito térmico,
em que a vasodilatação promove um aumento da circulação periférica local, gerando a hiperemia na
pele. A oxigenação celular está ligada à vasodilatação e ao consequente aumento do fluxo
sanguíneo, aumentando desta forma, o aporte de oxigênio por intermédio da corrente sanguínea.
O principal efeito térmico observado na RF é o efeito joule. É a partir dele que ,ocorrem a
vasodilatação periférica local. O calor produzido aumenta o fluxo sanguíneo e, portanto gera uma
melhora do trofismo, da oxigenação e do metabolismo celular .

Além do estímulo circulatório, o colágeno é o grande alvo da radiofrequência porque é ele quem
garante a sustentação da derme, ancorando as estruturas, como mostra a figura a seguir.

Figura : estrutura de colágeno ancorando a derme. http://www.shutterstock.com/pt/pic-


105160253/stock-vector-drawing-of-blister-formation-in-skin-disease-such-as-epidermolysis-
bullosa-where-the-epidermis.html?src=N8ZLL272DMp_gCGJHicKJg-1-55

As pesquisas discutem bastante o efeito térmico. Alguns autores defendem e outros acreditam ter
maior necessidade de pesquisa. Estudos demonstraram que altas temperaturas podem comprometer
o tecido colágeno provocando a morte celular, no entanto, acomodações de valores moderados
podem causar processos fisiológicos que melhoram a condição deste tecido, promovendo a
neoformação colágena e surgimento de alta quantidade de vasos subepiteliais e que baixas
temperaturas e uma menor quantidade de aplicações podem não ser suficientemente eficazes para
modificações fisiológicas.
Devemos levar em consideração que à medida que a nossa pele envelhece, há uma perda
significativa de colágeno associada à um desarranjo das fibras colágenas e elásticas. Observe a
figura a seguir.

Figura : Fibras colágenas organizadas na pele jovem e desorganizadas na pele envelhecida.


http://www.shutterstock.com/pt/pic-24766663/stock-vector-old-and-young-skin-
labeled.html?src=N8ZLL272DMp_gCGJHicKJg-1-7

Se avaliarmos as condições do processo de envelhecimento demonstradas na figura, é possível


perceber que a trama de colágeno na pele jovem é bem retraída, justa e organizada. Na pele
envelhecida, ela vai se tornando mais frouxa e desorganizada além de diminuir em quantidade.

A estimulação pela Radiofrequência aumenta a resistência das fibras de colágeno através da


manutenção das ligações cruzadas das moléculas o que garante uma retração e espessamento desse
colágeno na matriz dérmica e é também utilizada para reforçar a integridade da junção dermo-
epidérmica, que na figura aparece bem achatada quando se trata de uma pele mais envelhecida.
Quanto à elastina, há um aumento da flexibilidade do tecido auxiliando no processo de firmeza da
pele.
1.5.2 Classificações da Radiofrequencia

Geralmente as radiofrequências são classificadas de acordo com alguns fatores , a saber: objetivo
de uso, quantidade de eletrodos, forma de transmissão da radiação e quanto ao sistema de
resfriamento.
Quanto ao objetivo de uso, classificam-se em ablativas e não ablativas ou seja, invasivas ou não
invasivas.
Em relação à quantidade de eletrodos, podem ser mono ou unipolares, bipolares que podem estar
separados ou contidos em uma única ponteira. Tem também as tripolares e tetra polares,
dependendo da quantidade de eletrodos em um mesmo cabeçote.
Quando nos referimos às formas de transmissão da radiação, classificamos a RF em indutiva,
capacitiva e resistida. A indutiva é conhecida como indutora de calor e atualmente bastante
ultrapassada uma vez que os picos de temperatura variam em alguns pontos da pele e aumentam os
riscos de lesões. A modalidade capacitiva possui um capacitor formado pelo eletrodo ativo que se
mantém isolado. Esse capacitor armazena cargas até que os tecidos atinjam a capacidade térmica,
por isso os equipamentos que oferecem a RF capacitiva conseguem aumentar com maior facilidade
a temperatura dos tecidos hidratados.
Além dessas formas, temos também a resistiva, cuja característica diferencial é a presença de um
eletrodo metálico, construindo assim um resistor e não capacitor. Esse método favorece o aumento
da temperatura inclusive em tecidos pouco hidratados.
Alguns equipamentos possuem um sistema de resfriamento que é utilizado para manter maior
conforto durante as aplicações uma vez que dessensibiliza os termoceptores.

1.5.3 Técnicas de aplicação

Não existe uma forma específica de aplicação devido à variedade de equipamentos existentes no
mercado , portanto nossa sugestão é sempre consultar os manuais de cada fabricante.
Para que você esclareça algumas formas de aplicação, encontrará nesta sessão algumas regras
básicas. Vamos conhecê-las!
• Eletrodos: se forem separados, o eletrodo passivo deve ser posicionado na pele, de forma a
contraplanar à região de tratamento e longe de proeminências ósseas. Se o eletrodo for
metálico, não haverá necessidade de substância de acoplamento.
• Substância de acoplamento: para promover maior deslizamento ao eletrodo ativo, utiliza-se
emulsões à base de silicones. Não recomenda-se o uso de gel e óleo, eles podem aumentar o
calor na superfície ou dificultar a condução. Lembrando que a emissão da RF só deve iniciar
já com o eletrodo posicionado.
• Movimentos : os movimentos devem ser rápidos e em pequenas áreas. Caso o equipamento
possua uma potência muito alta, os movimentos devem ser bem rápidos e a área deve ser
maior.
• Aferência da temperatura: o termômetro infravermelho serve para aferir continuamente a
temperatura da pele para evitar maiores irritações e possíveis queimaduras. Normalmente a
temperatura da pele varia entre 29 graus e 31 graus.
• Dosagem: está relacionada à sensibilidade , hiperemia e limiar de dor do cliente.
Recomenda-se alcançar a temperatura desejada para o tratamento porém levar em
consideração o controle da hiperemia local.

1.5.3 Indicações

A RF é indicada para tratamento da flacidez do tecido conjuntivo, favorecendo o estímulo e


reorganização do colágeno e amenizando o aspecto das rugas. Alguns autores também indicam para
tratamento da gordura localizada, embora não haja pesquisas suficientes para comprovar a direta
eficácia.
Outras indicações são: fibroses decorrentes de situações pós-operatórias, tratamento de FEG,
tratamento de equimoses ( hematomas), tratamento de cicatrizes, inclusive aquelas provocadas pela
acne.

1.5.4 Contra-indicações

• transtornos de sensibilidade
• placas e pinos metálicos e implantes elétricos
• marcapasso
• gestantes
• infecções e inflamações
• pacientes que fazem uso de vasodilatadores ou anticoagulante
• hemofílicos
• indivíduos com febre
• sobre o globo ocular
• varizes e transtornos circulatórios

Não é recomendado aplicar a radiofrequência associada à com outros equipamentos de


eletroterapia, bem como, deve ser retirado de perto do aparelho de RF, aparelhos eletrônicos,
elementos metálicos e correntes.
Vale lembrar que o profissional deve ser capacitado para aplicar esse recurso e ter ciência das
contraindicações.

Vamos recapitular
Neste capítulo você conheceu os principais equipamentos de eletroterapia estética, entendeu como
funcionam na prática e como atuam em nível fisiológico. Aprendeu também a importância de
conhecer os equipamentos e passar por treinamento específico antes de utilizá-los, bem como da
necessidade de ter sempre à mão o manual de instruções do fabricante para resolver pequenas
dúvidas que possam surgir no decorrer da prática clínica. Conheceu as indicações e contraindicações
de cada equipamento e está apto a manuseá-los de maneira segura e eficaz.

Agora é com você!


1 ) Discuta e explique o que você entendeu da ação tixotrópica do ultrassom.
R.: A ação tixotrópica do ultrassom é a capacidade que ele possui de diminuir a viscosidade da
substância intersticial, tornando-a mais fluida e favorecendo a drenagem. Em outras palavras
podemos dizer que o ultrassom “amolece” a substância que se tornou gelatinosa, quase sólida,
tornando-a mais líquida, a ponto de ser drenada e eliminada, diminuindo o edema e melhorando
quadros de celulite e fibroses pós cirúrgicas.
2 ) Descreva o princípio de ação da fisiológica da vacuoterapia.
R.: A vacuoterapia tem o mesmo princípio de ação das ventosas da antiga medicina oriental.
Através de pressão negativa exerce sucção na pele, ativando a circulação e estimulando as trocas
gasosas e a eliminação de líquidos e toxinas retidos no organismo. Aumenta o metabolismo e a
oxigenação tecidual. Os antigos egípcios a utilizavam para “limpar” o sangue.
3) Você aprendeu que as microcorrentes são indicadas nos tratamentos estéticos para atenuação
de rugas, estrias e flacidez de pele. Qual a ação fisiológica da corrente que propicia o tratamento de
disfunções tão distintas e qual a relação entre elas?
R.: Os processos de formação de rugas, estrias e flacidez de pele estão relacionados à
degradação de colágeno e fibras elásticas. Tanto o colágeno, que é responsável pela firmeza da pele
quanto a elastina, que confere à pele sua elasticidade, são proteínas produzidas pelos fibroblastos,
células que se encontram na derme. As microcorrentes aumentam a síntese de ATP, que é a energia
das células em 500% e aumentam a atividade dos fibroblastos e a produção de colágeno e elastina
em 30 a 40%. Dessa forma, produzindo mais colágeno e mais elastina, diminuímos a flacidez da
pele, atenuamos rugas e linhas de expressão e conseguimos o preenchimento das estrias.
4) Desenhe o posicionamento das placas do equipamento de corrente russa na região
abdominal.
R: As placas devem estar posicionadas no trajeto dos músculos reto abdominal e oblíquos.
5) Explique por que a radiofrequência é indicada para tratar flacidez tissular.
R: É uma técnica indicada para tratar flacidez porque as altas temperaturas povocadas pelo
aumento do calor a derme estimulam a nova formação de colágeno e organizam as fibras existentes,
favorecendo a retração.

1.7 – Bibliografia
BORGES, F.S. Dermato-Funcional Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas.
2ed.São Paulo: Phorte, 2010.
GUIRRO, E., GUIRRO, R. Fisioterapia Dermato-Funcional.3ed.São Paulo: Manole, 2010.
MUTUBERRIA,M.A. Utilização da Microcorrente e Ultrassom Terapeutico Pulsado na
Cicatrização de Úlcera Diabética – Monografia para a FEEVALE – Novo Hamburgo, 2006.
Sonnewend,J.L. et al, Avaliação do Efeito da Microterapia Celular (Microcorrente) sobre o
processo inicial de cicatrização de feridas em ratos. Faculdade de Ciências d Saúde, UNIVAP, SC -
http://biblioteca.univap.br/dados/INIC/cd/inic/IC4%20anais/IC4-25.pdf

GOMÉZ, A.C. Radiofrequência capacitiva em Celulitis. Casuística. Anais do XVI Congresso


Mundial de Medicina Estética. Argentina: Buenos Aires, Abril 11-14, 2007.
AGNE, J.E. Eu Sei Eletroterapia. 1 ed. Santa Maria: Pallotti, 2009.
HANTASH,B.M.etal. Bipolar fractional radiofrequency treatment induces neoelastogenesis and
neocollagenesis. Lasers in Surgery and Medicine, Jan/2009.
MEYER, P. F. RONZIO, O. A. Radiofrequência. In: BORGES, F. S. Fisioterapia Dermato-
Funcional: Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas. São Paulo: Phorte, 2010 Cap. 25,
p.601-620.
DEL PINO, E. et al. Effect of controlled volumetric tissue heating with radiofrequency on cellulite
and the subcutaneous tissue of the buttocks and thinghs. J of Drugs in Dermatol. 2006.
MULHOLLAND RS, PAUL MD, CHALFOUN C. Noninvasive body contouring with
radiofrequency, ultrasound, cryolipolysis, and low-level laser therapy. Clin Plast Surg. 2011
Jul;38(3):503-20.

KAPLAN H, GAT A. Clinical and histopathological results following TriPollar radiofrequency skin
treatments. J Cosmet Laser Ther. 2009 Jun;11(2):78-84

Você também pode gostar