Você está na página 1de 16

Ultrassom (Plano, Focado e

Microfocado) e Ondas de Choque

• Introdução ao Ultrassom;
• Tipos de Ultrassom;
• Introdução as Ondas de Choque;
• Tipos de Ondas de Choque;
• Efeitos Terapêuticos e Indicações;
• Técnica de Aplicação;
• Parâmetros.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Abordar as diversas modalidades de energia mecânica Ultrassônica (plano, focado
e microfocado) e também as ondas de choque, com objetivo de proporcionar aos
profissionais de estética um conhecimento mais amplo dos conceitos, aplicabili-
dades e técnicas de aplicação desses tipos de terapias empregadas na estética;
• Trabalhar de forma correta e segura, além de equipamentos mais utilizados
nos tratamentos.
UNIDADE Ultrassom (Plano, Focado e Microfocado) e Ondas de Choque

Introdução ao Ultrassom
Ultrassom consiste em uma terapia mecânica, em que ondas mecânicas vibram
em frequências superiores às audíveis pelo ser humano. Um meio submetido ao
ultrassom oscila na mesma frequência do feixe ultrassônico, fornecendo uma mas-
sagem em alta frequência e gerando efeitos fisiológicos e terapêuticos muito impor-
tantes em diversos tratamentos estéticos.

O ultrassom é produzido por um cristal piezoelétrico no interior do aplicador;


então, as vibrações produzidas por ele são transferidas à pele do paciente quando
o transdutor entra em contato com o tecido.

Piezoeletricidade: é a capacidade que alguns materiais têm de transformar energia elétri-


Explor

ca em energia mecânica e vice-versa. O termo “piezoeletricidade” provém do grego “piezein”,


que significa apertar/pressionar.

A faixa de frequência do ultrassom terapêutico varia entre 20 KHz até 5 MHz e


escolhemos a frequência de acordo com a profundidade de ação pretendida.

Importante! Importante!

Vamos entender melhor: se temos 10 pulsos por segundo, chamamos de 10Hz; então,
se temos 1000 pulsos, chamamos de 1000Hz ou 1KHz (quilohertz) e assim por diante.
Se temos 1 milhão de pulsos por segundo, teremos, então, 1MHz (mega-hertz).

Tipos de Ultrassom
Quando falamos em ultrassom terapêutico não-invasivo (extracorpóreo), encon-
tramos uma subdivisão: ultrassom plano e ultrassom focalizado. Cada um possui
características próprias e indicações correspondentes, apesar de se tratar do mes-
mo tipo de energia. Mas a forma da entrega da energia é bem diferente.
No ultrassom plano, temos emissão das ondas
mecânicas de maneira livre no tecido, passando
por todas as camadas até chegar na profundida-
de definida pela frequência. Então, todos os teci-
dos que recebem a energia respondem à mesma.
Por exemplo: se nosso alvo de tratamento é a
gordura localizada, as ondas emitidas passarão
pela pele até chegar lá; então, a pele também
receberá o estímulo e vai interagir com as ondas. Figura 1 – Ultrassom plano

8
O ultrassom focalizado já tem um comporta-
mento diferente. Por uma concavidade do transdu-
tor ou do próprio cristal, temos uma “focalização
da energia”. Dessa forma, há direcionamento e
concentração de toda energia em um ponto focal,
que chamamos de “hot point”. Esse ponto focal
pode se dar em diversas profundidades, de acordo
com o equipamento e parâmetros escolhidos.
Figura 2 – Ultrassom focalizado

Ultrassom Plano
Na estética, o ultrassom plano em alta frequência (1 e 3MHz) é o que mais uti-
lizamos devido aos efeitos que ele produz e as diversas possibilidades terapêuticas
de seu uso e controle de profundidade.

Figura 3 – Ultrassom plano


Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

Efeitos terapêuticos e indicações


O meio em que o feixe ultrassônico percorre é submetido a um micromassage-
amento que varia de intensidade e frequência (parâmetros ajustáveis pelo profis-
sional). A micromassagem dos tecidos deve-se às oscilações provocadas pelo feixe
ultrassônico e gera uma série de efeitos:
• Cavitação: quando um tecido que contém líquido sofre ação do campo ultras-
sônico, as oscilações mecânicas estimulam a formação de microbolhas cheias
de ar/gás. A partir disso podem ocorrer dois tipos de cavitação: cavitação
estável e instável (transitória ou de colapso). A cavitação estável ocorre quando
as bolhas oscilam de um lado para o outro dentro das ondas de pressão do
ultrassom, aumentando e diminuindo o volume, mas permanecerão intactas.

9
9
UNIDADE Ultrassom (Plano, Focado e Microfocado) e Ondas de Choque

A cavitação instável ocorre quando o volume de bolhas se altera rápida e vio-


lentamente, então a bolha colapsa (implode) causando mudanças de tempera-
tura, podendo resultar em um dano tecidual. No caso do ultrassom plano de
alta frequência, temos a cavitação estável somente. E essa é responsável, em
parte, pela estimulação do reparo dos tecidos.
• Efeito térmico: a micromassagem nos tecidos gera calor por fricção. A quan-
tidade de calor produzida difere em cada tecido e de acordo com os parâme-
tros estabelecidos pelo profissional. Principais efeitos resultantes: melhora do
fluxo sanguíneo (melhora da nutrição e oxigenação dos tecidos), relaxamento,
aumento da permeabilidade das membranas, aumento do metabolismo dos
tecidos e a extensibilidade dos tecidos ricos em fibras colágenas. Quando o
quadro encontra-se agudo, o uso do ultrassom no modo contínuo é desacon-
selhado, pois pode aumentar a destruição das fibras colágenas, causar hemor-
ragias e criar obstáculos à regeneração de vasos sanguíneos.
• Efeito químico: o ultrassom atua como catalisador, acelerando as reações
químicas, e aumentando a condutibilidade das reações.
• Efeito tixotrópico: a tixotropia consiste na propriedade que alguns tecidos
apresentam em diminuir a viscosidade quando são agitados mecanicamente.
O efeito tixotrópico do ultrassom é a capacidade que ele tem de transformar
substâncias endurecidas em estados mais fluidos. Na prática verificamos que o
ultrassom é capaz de “amolecer” substâncias em estado de maior consistência.
Esse efeito é aplicado nos quadros de celulite, particularmente nos nódulos
celulíticos e em pós-operatório de lipoaspiração, especificamente nos estágios
de fibrose tecidual, em que buscamos diminuir a consistência das estruturas
teciduais endurecidas.
• Fonoforese: técnica que consiste na utilização de substância com proprieda-
des terapêuticas em forma de gel como meio de acoplamento, objetivando
com isso a introdução de substâncias cosméticas ou medicamentosas através
da pele, mediante a energia ultrassônica. É uma das técnicas mais utilizadas,
devido à potencialização do tratamento corporal. Existem algumas vantagens
da fonoforese, como a ação local do produto, com a minimização de possí-
veis efeitos colaterais decorrentes de ações sistêmicas. Outra vantagem é a
somatória dos efeitos do ultrassom associada aos da substância terapêutica in-
troduzida. O medicamento/cosmético não precisa ser polarizado (positivo ou
negativo), pois o ultrassom não utiliza corrente elétrica para a sua permeação.
• Angiogênese: ativa a formação de novos capilares.
• Aumento da síntese de colágeno: na fase proliferativa e de remodelação,
o ultrassom auxilia na reorganização (arranjo e alinhamento) do colágeno.
Em combinação, a cavitação e os microderrames acústicos podem resultar em
estimulação da atividade fibroblástica, aumento do fluxo sanguíneo, regenera-
ção tecidual e cicatrização óssea.
• Liberação de aderências: desagregação de complexos celulares e macrocélu-
las com liberação de aderências.

10
• Reabsorção de edemas: o aumento da permeabilidade celular e a micromas-
sagem produzida pelo ultrassom auxilia no retorno venoso e linfático, favore-
cendo a reabsorção de edemas.
• Incremento do metabolismo local: com estimulação das funções celulares e
da capacidade de regeneração celular.
• Estímulo à lipólise: o ultrassom é capaz de estimular a cascata lipolítica, sen-
do importante no tratamento da gordura localizada.

Em Síntese Importante!

Ao estimular o sistema nervoso simpático, há liberação de catecolaminas (hormônios


estimulantes como a adrenalina e noradrenalina) pela glândula suprarrenal. Esses hor-
mônios se ligam aos receptores beta-adrenérgicos que estão na membrana do adipóci-
to, num sistema que chamamos de chave-fechadura. A partir daí, disparamos a cascata
lipolítica no interior do adipócito, culminando com a ativação da enzima Lipase Hormô-
nio Sensível, que realiza a hidrólise (quebra) do triglicerídeo (gota lipídica no interior
do adipócito) em ácido graxo livre e glicerol. Como possuem um menor peso molecular,
extravasam da célula (esvaziamento do adipócito) e caem na corrente sanguínea para
serem utilizados sob a forma de energia.

Importante! Importante!

A irradiação com o feixe ultrassônico estacionário pode causar a diminuição do fluxo de


células sanguíneas, diminuição do fluxo de oxigênio e cavitação transitória. Evita-se a cavi-
tação transitória por meio da movimentação contínua do cabeçote aplicador do ultrassom.

A aplicação das ondas mecânicas pode ser


feita por meio de equipamentos com diversos ta-
manhos de cristais, o que confere diferentes ta-
manhos de ERA (Área de Radiação Efetiva – ou
seja, área onde “efetivamente” a energia ultras-
sônica exercerá efeitos). Fabricantes de equipa-
mentos de ultrassom terapêutico oferecem dife-
rentes tamanhos de ERAs. É possível, inclusive,
trabalhar com o que chamamos de “ultrassom de
alta potência ou grande superfície”, onde temos
3 cristais no mesmo transdutor com objetivo de
alcance dos efeitos biofísicos (mecânico, térmico Figura 4 – Exemplo de um ultrassom
e químico) e fisiológicos em menos tempo de te- de grande superfície
Fonte: Divulgação
rapia atingindo uma área maior.

11
11
UNIDADE Ultrassom (Plano, Focado e Microfocado) e Ondas de Choque

Técnica de aplicação
As técnicas de aplicação consistem na colocação de gel de contato (base água,
como meio condutor da energia), e o acoplamento do transdutor na área, reali-
zando movimentos circulares em toda a sua extensão. Importante dividir a área de
tratamento em quadrantes, para cálculo adequado do tempo e deposição correta
da energia (vide em parâmetros).

A aplicação pode ser direta: transdutor em contato com a pele (utilizamos essa
técnica nos tratamentos estéticos); ou indireta: aplicações em regiões irregulares
por meio subaquático ou por bolsa de água (utilizada algumas vezes na reabilitação).

Figura 5 – Exemplo de aplicação direta: ultrassom de pequena e grande superfície


Fonte: Divulgação

Parâmetros
Devemos conhecer e ajustar os parâmetros no equipamento de ultrassom con-
forme a necessidade terapêutica do paciente. Alguns equipamentos já pré-estabe-
lecem parâmetros de acordo com a indicação.
• Frequência: está relacionada com o número de ondas que passam em uma
unidade de tempo, sendo 1 ou 3 MHz as mais utilizadas. A atenuação é dire-
tamente proporcional à frequência do feixe de ultrassom. Portanto, 1 MHz é
mais profundo (atinge cerca de 5cm) e 3 MHz mais superficial (atinge cerca
de 2,5cm).

3 MHz 1 MHz

Figura 6

12
• Modo de emissão: Contínuo quando não ocorre interrupção da onda ultras-
sônica, de modo que há uma deposição ininterrupta de energia nos tecidos
irradiados; aplicações onde se deseja todos os efeitos do ultrassom (térmico,
mecânico e químico). E Pulsado, quando há interrupções regulares e regulá-
veis na liberação da energia (é uma necessidade para minimizar o efeito teci-
dual e que tem proporcionado outras indicações principalmente nos estágios
inflamatórios mais precoces); nesse caso é necessário estabelecer a frequência
em 16 e 48 Hz (para reparo de estruturas ósseas – fisioterapia) ou 100 Hz (em
processo inflamatório agudo) e também o percentual de relação ON – OFF
(varia de 5 a 50%). Exemplo: Razão de pulso de 20%: 20% de tempo ON,
80% de tempo OFF.
• Tempo: deve ser referente ao tamanho da área (em cm2, sendo altura X largu-
ra) dividido pela ERA. O resultado é o tempo de aplicação.
• Intensidade: energia total por segundo emitida pelo aparelho, medida em
watts (W/cm2). Intensidade baixa: < 0,3 W/ cm2; Intensidade Moderada: 0,3 a
1,2 W/ cm2; Intensidade alta: 1,2 a 3 W/ cm2. Essa é definida de acordo com
o objetivo terapêutico. Em quadros de pós-operatórios utilizamos intensidades
baixas. Em celulite e gordura, intensidades médias e altas (depende da camada
adiposa). Para fonoforese intensidades médias.
• Potência: o feixe de ultrassom transporta uma determinada quantidade de
energia produzida pelo transdutor denominado de potência, a qual é medida
em Watt (W), geralmente identificada nos equipamentos cujos valores terão
relação com a área do transdutor e a intensidade aplicada. Assim, em um
transdutor cuja ERA mede 3cm2 e se emite 3W/cm2, sua potência será de 9W.

Ultrassom Focado
Com a crescente busca em torno da melho-
ra do contorno corporal, os tratamentos não
invasivos para a redução de gordura tornaram-
-se cada vez mais populares e tem crescido
muito a procura por parte dos pacientes. O Ul-
trassom focalizado não invasivo de alta intensi-
dade (HIFU) tem sido utilizado desde a década
de 50 para o tratamento de diversos tumores,
mas só recentemente foi determinado como
um método não invasivo com intuito de pro- Figura 7 – Ultrassom focalizado
mover a destruição seletiva do tecido adiposo. Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

O ultrassom focalizado de alta intensidade, devido à configuração e construção


do equipamento, gera concentração da energia ultrassônica em um ponto focal,
provocando vibrações moleculares que aumentam a temperatura do tecido local e
induzem necrose celular. Nos tratamentos corporais, tendo como foco de concen-
tração de energia o tecido adiposo, realiza ablação do mesmo.

13
13
UNIDADE Ultrassom (Plano, Focado e Microfocado) e Ondas de Choque

Vários estudos demonstram a segurança e eficácia de HIFU para redução de


gordura localizada. Estes estudos indicam redução consistente em circunferência
após o tratamento.

Efeitos terapêuticos e indicações


A alta intensidade de ultrassom gerada no ponto focal (em torno de 30W em
1 cm2, enquanto que, no ultrassom plano temos emissão máxima de 3W/cm2
em 1 cm2) gera uma série de efeitos que culminam na ablação tecidual, sendo eles:
• Efeito mecânico ou cavitacional: as oscilações da onda mecânica no tecido
que contém água formam microbolhas ar/gás e, pela alta intensidade energé-
tica gerada no ponto focal, a membrana plasmática do adipócito se rompe de-
vido ao violento colapso e consequente implosão das microbolhas (chamamos
esse fenômeno de cavitação instável).
• Efeito Térmico: a alta intensidade de energia no ponto focal eleva a tempe-
ratura de maneira significativa, resultando em necrose de coagulação e morte
celular quase imediata dentro da zona alvo, sem danos nos tecidos adjacentes
(pele, vasos linfáticos e sanguíneos, músculos e nervos).

Por meio desses efeitos, as células que sofreram danos desencadeiam uma respos-
ta inflamatória que induz a uma resposta de reparação, e atraem células pró-inflama-
tórias (macrófagos e neutrófilos), que fagocitam (englobam e digerem) e transportam
lipídios e restos celulares. A maior parte dos adipócitos destruídos são reabsorvidos
dentro de 12 semanas após o tratamento e 95% são reabsorvidos após 18 semanas.
Isto resulta numa redução global do volume de adiposidade localizada. Estas altera-
ções ocorrem sem aumentos significativos nos lipídios circulantes.

Figura 9 – Retalho após abdominoplastia,


retirado imediatamente após o tratamento
Figura 8 – Ultrassom focalizado com ultrassom focalizado
Fonte: COLEMAN, et. al; 2009 Fonte: GADSDEN, et. al; 2011

14
Técnica de aplicação
A técnica consiste em uma aplicação estática, com deslocamento do aplicador a
cada disparo, mantendo-se uma distância entre cada ponto, definida pela área de
aplicação (geralmente 1 cm em regiões corporais) para que a distribuição da ener-
gia seja uniforme por toda região de tratamento.

Importante! Importante!

O aplicador nunca deve ficar estacionado no local por mais de 1 disparo, havendo risco
de queimadura.

Os efeitos do ultrassom focalizado serão determinados pelo acúmulo de energia


tecidual a qual produzirá cavitação instável e aumento de temperatura.

No tratamento corporal, deve-se realizar a mensuração da prega cutânea com


um adipômetro (passo 1). Utilizar um molde para demarcação dos pontos na área
de tratamento (passo 2 e 3).

Figura 10 – Passo 1, 2 e 3
Fonte: Adaptado de Divulgação

Calcular a área em cm2 da região de tratamento (altura X largura) – passo 4.

Figura 11 – Passo 4
Fonte: Adaptado de Divulgação

15
15
UNIDADE Ultrassom (Plano, Focado e Microfocado) e Ondas de Choque

Preparar o transdutor conforme orientação do fabricante. Exemplo:

Figura 12 – preparo do transdutor de um ultrassom focalizado


Fonte: Adaptado de Divulgação

Ajustar os parâmetros no equipamento (passo 9) e iniciar a aplicação (passo 10


e 11).

Figura 13 – Técnica de aplicação ultrassom focalizado


Fonte: Adaptado de Divulgação

Parâmetros
O ajuste das variáveis no equipamento se dá conforme indicação terapêutica.
• Profundidade: alguns equipamentos permitem a escolha de diferentes pro-
fundidades para que pacientes com maior ou menor quantidade de gordura
sejam submetidos a esse tratamento (exemplo: 1cm, 1,5cm e 2cm); enquanto
outros só permitem uma profundidade (1,5cm).
• Potência/intensidade: configura a potência (em W) ou energia de saída de
cada disparo/aplicador. O controle da sensação do paciente verbalmente deve
ser feito regularmente durante o tratamento permitindo um melhor controle
de eventos adversos.
• Shot time: tempo de disparo/emissão da energia.
• Time Off: tempo de intervalo entre um disparo e outro (é o momento que
deslizamos o aplicador para o outro ponto).
• Área (cm2): devemos informar ao equipamento o tamanho da área que será
tratada para que ele calcule automaticamente o tempo de aplicação.

16
• Varredura: número de aplicações em diferentes sentidos na mesma região
(horizontal, vertical e oblíquo) – utilizamos para garantir que toda a área rece-
beu a aplicação. Utilizamos de 2 a 3 passadas.

Ultrassom Microfocado
O ultrassom microfocado consiste em um transdutor focado, porém com con-
trole diferente de profundidade e energia aplicada. Essas diferentes configurações
são determinadas para que o uso pretendido seja facial.

Efeitos terapêuticos e indicações


Uma característica importante do ultrassom microfocado para o atendimento fa-
cial, que o distingue de outras técnicas, é a sua capacidade de produzir microlesões
térmicas em profundidades precisas na derme reticular, como também da camada
fibromuscular, denominada Sistema Músculo Aponeurótico Superficial – SMAS.

Você Sabia? Importante!

O SMAS está em contato com a gordura subcutânea e envolve os músculos da expressão


facial, conectando-se superficialmente com a derme. É composto de colágeno e fibras
elásticas, semelhantes aos da camada dérmica, no entanto, possui a propriedade de for-
necer o suporte e a manutenção da suspensão da pele a longo prazo, após ser induzido
termicamente à tensão de seus septos, com formação de um novo colágeno.
Explor

Representação do SMAS: https://goo.gl/mxUAQ1.

Desta forma, o tratamento da derme associado ao SMAS é um objetivo muito


desejável para o procedimento não invasivo de firmeza da pele do rosto, pois reduz
as rugas e a frouxidão da pele com resultados muito mais duradouros.

Esses efeitos são possíveis devido à interação da energia mecânica de alta inten-
sidade gerada na pele que culmina em:
• Efeito mecânico ou cavitacional: as oscilações mecânicas formam microbo-
lhas de ar/gás no interior dos tecidos e pela alta intensidade energética gerada
no ponto focal, estimulando uma lesão controlada do tecido. Com isso temos
ativação do sistema de reparo tecidual, com atração de células inflamatórias,
seguido de indução de fibroblastos. Assim, o colágeno é desnaturado pelo
calor, resultando na formação de um novo colágeno seguido por tensão dos
septos da pele.
• Efeito térmico: a alta intensidade energética no ponto focal eleva a temperatura
resultando em necrose de coagulação e morte celular quase imediata dentro da
zona alvo, na ordem de milímetros, mas sem danos para os tecidos circunvizinhos.

17
17
UNIDADE Ultrassom (Plano, Focado e Microfocado) e Ondas de Choque

Figura 14 – Fragmento de pele da região temporal exposta previamente


ao HIFU 4,5 mm. Os círculos pontilhados indicam zonas de lesão térmica
Fonte: WHITE, W. Matthew, et. al; 2007

Portanto, essa tecnologia é indicada em tratamentos de cicatrizes de acne, rugas


superficiais e profundas, flacidez de pele e lifting facial.

Técnica de aplicação
A técnica consiste em uma aplicação estática, com deslocamento do aplicador
a cada disparo, mantendo-se uma distância entre cada ponto, definida pela área
de aplicação (geralmente 0,5 cm), para que a distribuição da energia seja uniforme
por toda a região de tratamento. O aplicador nunca deve ficar estacionado no local
por mais que 1 disparo, havendo risco de queimadura.
• Área de aplicação (face e pescoço): dividir a região a ser trabalhada em qua-
drantes: região frontal, face lado direito, face lado esquerdo, pescoço e colo.

Figura 15 – Exemplo de passo a passo de preparo do paciente e do equipamento


Fonte: Adaptado de Divulgação

18
Figura 16 – Exemplo de passo a passo de preparo do paciente e do equipamento
Fonte: Adaptado de Divulgação

Ajustar os parâmetros no equipamento e iniciar a aplicação.

Figura 17 – Exemplo de passo a passo da aplicação


Fonte: Adaptado de Divulgação

Parâmetros
O ajuste das variáveis no equipamento se dá conforme indicação terapêutica.
• Profundidade: alguns equipamentos permitem a escolha de diferentes pro-
fundidades para que pacientes com maior ou menor quantidade de gordura
sejam submetidos a esse tratamento. Exemplo: 1,5mm (derme papilar); 3mm
(derme reticular) e 4,5mm (SMAS).
• Potência/intensidade: configura a potência (em W) ou energia de saída de
cada disparo/aplicador. O controle da sensação do paciente verbalmente deve
ser feito regularmente durante o tratamento, permitindo um melhor controle
de eventos adversos.
• Shot time: tempo de disparo/emissão da energia.
• Time Off: tempo de intervalo entre um disparo e outro (é o momento que
deslizamos o aplicador para o outro ponto).
• Área (cm2): devemos informar ao equipamento o tamanho da área que será
tratada para que ele calcule automaticamente o tempo de aplicação.

19
19
UNIDADE Ultrassom (Plano, Focado e Microfocado) e Ondas de Choque

• Varredura: número de aplicações em diferentes sentidos na mesma região


(horizontal, vertical e oblíquo) – utilizamos para garantir que toda a área rece-
beu a aplicação. Utilizamos de 2 a 3 passadas.

Contraindicações
• Gravidez;
• Tecido neoplásico;
• Implantes metálicos;
• Alteração de sensibilidade na região de tratamento;
• Doenças cardíacas;
• Portadores de marca-passo;
• Doenças renais;
• Alterações cutâneas na região a ser tratada;
• Hipertensos descompensados;
• Pessoas submetidas a cirurgia há menos de 60 dias;
• Tumores cutâneos;
• Aplicação dos eletrodos próximo ao tórax pode aumentar o risco de fibrila-
ção cardíaca;
• Não deve ser aplicado sobre as regiões caróticas.

Introdução as Ondas de Choque


Ondas de choque extracorpóreas consistem em uma técnica considerada não
invasiva, de estimulação mecânica de alta intensidade de energia, porém de baixa
frequência (em até 22Hz). Trata-se de uma técnica/equipamento já utilizada em
outras áreas, como na medicina (litotripsia – sendo que o equipamento possui pa-
râmetros e aplicadores diferentes) e também na reabilitação traumato-ortopédica
de seres humanos e animais (lesões crônicas, como tendinoses). Desde 2005 essa
energia tem sido estudada e utilizada em tratamentos estéticos, com modificação
de parâmetros e técnicas de aplicação para diversos fins terapêuticos.

20
Tipos de Ondas de Choque
Existem diversos tipos de equipamentos geradores de Ondas de Choque, como
os eletromagnéticos, pneumáticos, piezoelétricos. São diferentes formas de se
produzir a energia. Os mais conhecidos e estudados são os eletromagnéticos
e pneumáticos:
• Eletromagnético: consiste em um aplicador que possui bobinas que, ao se
submeterem a uma energia elétrica, geram um campo magnético que oscila
(movimenta) um projétil contido no interior do aplicador (como uma bala).
Esse movimento faz com que o mesmo impacte com a ponteira na extremida-
de do aplicador, gerando impacto e, consequentemente, a emissão das ondas
de choque de maneira controlada transferida para a pele do paciente.

Figura 18 – Representação de um aplicador eletromagnético


Fonte: Adaptado de IBRAMED

• Pneumático: consiste em um aplicador que possui entrada de ar comprimido


(gerado pelo equipamento) que oscila (movimenta) um projétil contido no in-
terior do aplicador (como uma bala). Esse movimento faz com que o mesmo
impacte com a ponteira na extremidade do aplicador, gerando impacto e,
consequentemente, a emissão das ondas de choque de maneira controlada
transferida para a pele do paciente.

Figura 19 – Representação de um aplicador pneumático


Fonte: Adaptado de IBRAMED

21
21
UNIDADE Ultrassom (Plano, Focado e Microfocado) e Ondas de Choque

Efeitos Terapêuticos e Indicações


A terapia de ondas de choque promove os seguintes efeitos fisiológicos:
• Ativação fibroblástica: por ativação mecânica dos fibroblastos, aumentando
a densidade das fibras de colágeno e elastina.
• Remodelagem tecidual: o tracionamento das fibras colágenas da pele, por
meio do movimento do aplicador, estimula o rearranjo das fibras e melhora da
maleabilidade do colágeno.
• Aumento da microcirculação: pelo estímulo mecânico de auto impacto gera
vasodilatação com consequente aumento de oxigenação e nutrientes ao tecido.
• Modulação da dor: por uma hiperestimulação mecânica, ativando teoria
das comportas.
• Eliminação das toxinas e aumento do fluxo linfático: acelera o transporte
de metabólitos teciduais, reduzindo edema.
• Liberação de fatores de crescimento e de fatores angiogênicos: promo-
vendo cicatrização local e neoangiogênese.
• Redução do tecido adiposo: até o momento não existem evidências científi-
cas em relação ao real fenômeno fisiológico provocado em nível celular para
que ocorra a redução do tecido adiposo, porém ensaios clínicos demonstram
redução significativa.
Portanto, essa terapia está indicada para redução da celulite e gordura localiza-
da, flacidez de pele e melhora da microcirculação.

Técnica de Aplicação
A técnica de aplicação é simples e
rápida, podendo ser associada a outras
terapias na mesma sessão. Realiza-se a
limpeza do local de tratamento, em se-
guida deve-se aplicar um gel neutro, po-
sicionar o aplicador e, na sequência, re-
alizar a aplicação estática ou dinâmica.

A aplicação estática (aplicador pa-


rado) é utilizada na reabilitação e a di-
nâmica (movimento lento e constante
do aplicador, no sentido horizontal e
vertical) é a técnica mais utilizada nos Figura 20 – Exemplo de técnica de aplicação
tratamentos estéticos. Fonte: IBRAMED

22

Você também pode gostar