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Bioquímica
Humana
Dr.ª Marcia Cristina de Souza Lara Kamei
PALAVRA DO REITOR
Caro(a) aluno(a)!
Você ingressou em um curso que trabalhará com o organismo humano
e seu desenvolvimento, dessa forma, faz-se necessário que você conheça
as bases estruturais e funcionais desse organismo. Para conhece-lo, você
terá acesso a diversas disciplinas no decorrer do curso, incluindo esta que
trabalharemos a partir de agora.
Somos organismos pluricelulares, isto é, formados por, aproximadamente,
dez trilhões de células. Durante nosso desenvolvimento embrionário, nossas
células tornaram-se especializadas, por isso, possuímos diferentes tipos de
tecidos com funções específicas, como o tecido epitelial, conjuntivo, tecido
muscular e tecido nervoso.
Apesar de toda a diversidade de tecidos e órgãos que formam nosso corpo,
cada célula é uma unidade morfológica e funcional desse organismo e
nossas atividades metabólicas são resultados do funcionamento indivi-
dual e integrado de cada uma destas, sendo que a nossa vida depende da
manutenção da integridade morfológica e funcional de cada uma delas.
A atividade metabólica das células é definida como um conjunto de reações
químicas no interior deste sistema biológico. Para compreender estas ativi-
dade, temos que, primeiramente, entender sua constituição bioquímica e o
arranjo dessas moléculas na estrutura dos elementos que formam as células.
Ao cursar esta disciplina, você terá um conhecimento básico sobre a estru-
tura morfológica e funcional do organismo humano – a célula e a constru-
ção do conhecimento sobre o organismo humano terão como alicerce o
conhecimento a respeito da constituição química das células, sua estrutura
morfológica e suas interações metabólicas para obtenção de recursos que
mantenham a manutenção biológica do organismo humano.
Esperamos que você possa se tornar íntimo dos conhecimentos abordados
neste livro e que faça bom proveito para seus estudos.
CURRÍCULO DOS PROFESSORES
13
Estrutura e Funções
das Organelas
Celulares da Célula
Eucarionte
47
Movimento e
Proliferação Celular
85
Disponibilização de
Energia para a Célula
- Degradação de
Carboidratos
129
Transformação
e Armazenamento
de Energia:
Degradação de
Lipídios e Proteínas
157
A estrutura celular é re- Estudos evolutivos indicam que, no início da formação da Terra,
sultado de uma interação de não haviam seres vivos no planeta e que a vida ocorreu como um
moléculas inorgânicas (água e evento ao acaso, resultante da organização de moléculas orgânicas,
minerais) e orgânicas (proteí- que surgiram de reações químicas aleatória e espontâneas entre os
nas, lipídios, ácidos nucleicos e elementos inorgânicos.
carboidratos), organizadas de
maneira muito precisa.
Atualmente, existem dois
tipos morfológicos distintos Eletrodos
H2
de células: procarionte e eu-
carionte. A célula procarionte Descargas
CH4
é encontrada apenas nos inte- H2O elétricas
grantes do reino monera (bac-
térias) e a célula eucarionte é NH3
encontrada em todos os de-
mais tipos de seres vivos.
A presente unidade tem
como objetivos principais
Vapor d’água
compreender a estrutura dos Área de
condensação
dois tipos celulares e caracteri-
zar os principais elementos es-
truturais da célula eucarionte,
bem como conhecer as princi-
pais moléculas que constituem
as células. Ao ler esta unidade,
você será convidado a mergu- Água
lhar nos conceitos fundamen- fervente
UNIDADE 1 15
Células procariontes são
“pobres” em membranas. Nelas,
a única membrana existente é a
membrana plasmática, portan-
to, não existem compartimen-
tos individualizados no seu ci-
toplasma. Na célula eucarionte,
esses compartimentos delimita-
dos por membranas são deno-
minados de organelas.
A célula procarionte mais
bem estudada é a Escherichia
Coli (E. Coli) e usaremos sua
estrutura para descrever as
Figura 3 - Esquema da estrutura de células procariontes
características de uma célula Fonte: Bio conexão (2015, on-line)1.
procarionte. Você pode acom-
panhar a estrutura observando • Parede celular: localizada externamente à membrana cito-
a Figura 3. plasmática, constituída por rede rígida que serve de proteção
• Membrana citoplas- mecânica. Apresenta duas camadas – a mais interna cons-
mática: estrutura lipo- tituída de peptideoglicanas, e a mais externa é chamada de
proteica que delimita a membrana externa. Essa parede contribui para o equilíbrio
célula, separando o meio da pressão osmótica.
extracelular e intracelu- • Protoplasma: ambiente interno da célula. Encontramos as
lar. Apresenta permea- partículas responsáveis pela síntese de proteínas – ribos-
bilidade seletiva, sendo somos que podem estar agrupados em polirribossomos. O
responsável pela troca de protoplasma também contém água, íons, moléculas de RNAs,
elementos entre os meios proteínas estruturais é enzimas. O DNA está localizado em
intra e extracelulares. É uma região específica, denominada nucleoide. Por ser o úni-
importante salientar que co compartimento da célula, todas as reações metabólicas
os componentes enzimá- são realizadas no protoplasma.
ticos da cadeia respira- • Cromossomos: a molécula de DNA principal da célula
tória e da fotossíntese procarionte está organizada em um único cromossomo
estão acoplados à mem- de forma circular, formando o nucleoide. Além do DNA
brana plasmática. Ela principal do nucleoide, as células procariontes apresentam
apresenta invaginações pedaços pequenos de DNA também circular, chamado de
denominada mesosso- plasmídeos. Estes podem ser trocados por tipos diferente de
mos, que ampliam a área bactéria por meio de vários mecanismos e estão associados
da membrana citoplas- à variabilidade genética das bactérias. Essas características
mática, aumentando o determinadas pelo DNA dos plasmídeos podem conferir
número dos complexos características que resultam em resistência a antibióticos ou
enzimáticos. características de patogenicidade.
H
Alguns íons são cofatores de enzimas (Mg+2), transmissores de
H
H
H
C
H
H
H
C
H
C
H
C
H
C
H
C
H
C
H
C
C
H
H
C
C
C
O
H
UNIDADE 1 25
Proteínas e Enzimas
Daremos início ao estudo dos componentes orgâ- • Atuam na defesa por meio de imunoglo-
nicos das células. Iniciaremos analisando as pro- bulinas (anticorpos).
teínas, que além de serem os elementos orgânicos • Transportam substâncias no organismo
mais abundantes nas células, são as moléculas (hemoglobina) e nas células (permeases
mais diversificadas em formas e funções. e bombas).
• Formam hormônios e neurotransmissores
que controlam as atividades fisiológicas
Funções das proteínas dos organismos pluricelulares (Obs.: al-
guns hormônios apresentam constituição
As proteínas exercem funções estruturais e dinâ- lipídica - hormônios esteroides).
micas. São elas:
• Formam elementos estruturais do nosso Apresentam ação enzimática, controlando as ati-
organismo, como músculo, ossos, dentes, vidades metabólicas.
pelos etc.
• São responsáveis por movimentos do orga-
nismo (contração muscular) e das células Proteínas são polímeros de
(cílios, flagelos e pseudópodes). aminoácidos
H α
R C NH2
COOH
Figura 9 - Fórmula geral básica de aminoácidos
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 45).
H2O
O H COOH O H COOH
C OH + H N CH C N CH
H2N CH CH2OH H2N CH CH2OH
CH3 CH3
Figura 10 - Ligação peptídica
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 45).
UNIDADE 1 27
Figura 11 - Tabela com fórmula dos 20 tipos diferentes de aminoácidos
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 45).
conformação tridimensional.
Essas regiões específicas da Enzima
enzimas na qual os substratos Glicose-
6- fosfato
permaneceram encaixado cha-
ma-se sítio ativo (NELSON et Figura 14 - Esquema ilustrando o mecanismo de ação enzimática
al., 2013). Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 50).
UNIDADE 1 31
Carboidratos Classificação dos carboidratos
H C OH 4
Os carboidratos representam a H C OH H C OH HO C H
H C OH 5
principal fonte de energia para CH2OH H C OH H C OH
as células. Apesar de seu pa- CH2OH 6
CH2OH CH2OH
pel energético predominante,
D-Gliceraldeido D-Ribose D-Glicose D-Galactose
podemos reconhecer outras
funções:
• Reconhecimento celu- 1
CH2OH
lar: forma a glicoproteí- CH2OH
2
nas que atuam como re- C O
CH2OH C O
ceptores nas membranas 3
HO C H
e glicocálice. C O H C OH 4
• Função estrutural: for- H C OH
H C OH 5
ma as glicoproteínas da CH2OH
H C OH
matriz extracelular dos CH2OH 6
tecidos, forma a parede de CH2OH
células vegetais e o exoes- Diidroxiacetona D-Ribulose D-Frutose
queleto de vários grupos Figura 15 – Fórmulas químicas de monossacarídeos mais comuns
de animais (quitina). Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 88).
UNIDADE 1 33
Grupo O- O-
carboxila O C O C
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
CH2 CH2
Cadeia CH2 HC
carbônica CH2 HC CH2
CH2 CH2 CH2
CH2 CH2 CH2
CH2 CH2 CH2
CH2 CH2 CH3
CH2
CH2
CH2
CH3
Extremidade polar
CH3
(hidrofílica)
H3C N CH3
Colina
• Lípidos de reserva energética: são formados principal- CH2
CH2
mente por triacilgliceróis (triglicerídios), constituído por
O
glicerol ligados a três moléculas de ácidos graxos. Os ácidos Ácido
O P O
fosfórico
graxos possuem longas cadeias hidrocarbonadas e são cha- O
lares. São moléculas anfipáticas com uma região hidrofílica CH2 CH2
CH2 CH
e caudas hidrofóbicas (cadeias de ácidos graxos). São mais CH2 CH
complexos que os lipídios de reserva energéticas. CH2 CH2
CH2 CH2
O CH2 CH2
1 CH2
1 C CH2
H2C OH H2C O 16 CH3 CH2
O
Esfingosina
2
1 9 CH2
C
HC OH HC O 18 CH2
O CH3
1 9 Ácido graxo
3 C
H2C OH H2C O 18
Figura 19 - Esquema da fórmula es-
Glicerol Triacilglicerol
(1-palmitoil-2, 3-dioleil-glicerol) trutural de um lipídio estrutural. Esse
tipo de lipídio está presente na estru-
Figura 18 - Esquemas de fórmulas de triglicerídeos tura das membranas celulares
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 94). Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 62).
H H
N
N
O N
A
O N
Ð
O P OCH2 N
Ð
H H HH
O
HO H
nucleotídeo (dAMP)
Figura 20 - Esquema da estrutura de nucleotídeos
Fonte: Watson et al. (2015, p. 98).
UNIDADE 1 35
DNA DNA e RNA RNA
H H
N O
Purinas
N N N NH
H H
N N H N N NH
H H H
Adenina Guanina
H H
O
Pirimidinas
O N
H3C H NH
NH N NH
H H H N O
N O N O
H H H
Timina Citosina Uracila
HOH2C O OH HOH2C O OH
Pentoses
OH OH OH
Desoxirribose Ribose
O
OH P OH
OH
Ácido fosfórico
Figura 21 - Desoxirribose - nucleotídeos do DNA e ribose - nucleotídeos do RNA
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 54).
Ligação diester-fosfato
Os nucleotídeos ligam-se uns aos outros por meio da ligação fosfodiéster, que ocorre entre as pentoses.
O radical fosfato de um nucleotídeos, que está ligado ao carbono 5’, liga-se ao carbono 3’ da pentose de
outro nucleotídeos. Vários nucleotídeos ligados formam uma cadeia polinucleotídica linear, uma vez
que, cada nucleotídeo fará apenas duas ligações fosfodiéster. As extremidades da cadeia manterão seus
carbonos 3’ e 5’, um em cada extremidade. Essas extremidades recebem a denominação de extremidade
5’ e 3’, respectivamente (VOET et al., 2014).
O DNA é a molécula responsável por armazenar as informações genéticas que determinarão as caracterís-
ticas morfológicas e funcionais das células e transmissão dessas características para as células descendentes.
ALBERTS, B.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.; VANZ, A. L. de S.; JOHNSON, A. Biologia
molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 2011.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; JORDÃO, B. Q.; ANDRADE, C. G. T. J.; YAN, C. Y. I. Biologia celular e
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NELSON, D. L.; COX, M. M.; VEIGA, A. B. G. da.; CONSIGLIO, A. R.; LEHNINGER, A. L.; DALMAZ, C. Leh-
ninger: princípios de bioquímica. Porto Alegre: Artmed, 2013.
STRYER, L.; TYMOCZKO, J. L.; BERG, J. M. Bioquímica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
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L. M. P.; FISCHER, R. Biologia molecular do gene. Porto Alegre: Artmed, 2015.
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4 jul. 2019.
2
Em: http://www.iesdionisioaguado.org/joomla/images/stories/VANESA/rerrel.jpg. Acesso em: 4 jul. 2019.
3
Em: http://www.portalojornal.com.br/noticia/10335/suar-emagrece--mito-ou-verdade-.html. Acesso em: 4
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4
Em: http://www.vestiprovas.com.br/questao.php?questao=unicamp-2003-2-3-quimica-geral-17725. Acesso
em: 4 jul. 2019.
42
1. A.
2. C.
3.
a. A hipótese testada foi a teoria pré-biótica que sugere que moléculas inorgânicas reagiram espontanea-
mente e formaram moléculas orgânicas.
4.
Mitocôndrias: liberar a energia obtida da degradação de moléculas orgânicas e transferir esta energia para
a síntese de moléculas de ATPs.
Retículo endoplasmático rugoso: essa porção do retículo endoplasmático está associada à síntese de
proteínas.
Retículo endoplasmático liso: essa porção do retículo endoplasmático está associada à síntese de lipídios
e degradação de metabolitos tóxicos para a célula.
Aparelho de Golgi: processamento e distribuição das macromoléculas que começaram a serem sintetizada
no retículo endoplasmático liso e rugoso.
Lisossomos: digestão de moléculas englobadas por endocitose e também de organelas que não estão
sendo utilizadas.
Endossomos: constituem uma rede complexa de vesículas que são encaminhadas para a digestão.
Peroxissomos: contém enzimas oxidativas que transferem átomos de hidrogênio de diversos substratos
para o oxigênio formando os peróxidos.
Núcleo: armazena os ácidos nucleicos, responsáveis pela caracterização morfológica e funcional das células.
5. B.
43
44
45
46
Polo nuclear
Nucléolo Núcleo
Membrana
nuclear
Retículo
endoplasmático
rugoso
Ribossoma
Aparato de Golgi
Lisossoma
Centríolo
Retículo
endoplasmático
liso
Mitocôndria
Citoplasma
Membrana plasmática
Essa constituição das membranas celulares atende de moléculas entre o núcleo e o citoplasma. Todas
as características das moléculas que as constituem as membranas celulares apresentam o mesmo pa-
e permite que estas membranas desempenhem drão molecular e o mesmo arranjo dessas molé-
várias funções. culas. Contudo, antes de abordarmos a estrutura
Ao longo do processo evolutivo, vários meca- dessas membranas, faremos uma discussão de
nismos que promovem a entrada de elementos es- suas funções gerais.
senciais ao metabolismo e retirada de compostos
indesejáveis resultantes destes metabolismos foram
desenvolvidos e, para compreensão da fisiologia ce- Função das
lular, é necessário os diversos mecanismo de trans- Membranas Celulares
porte por meio das membranas celulares, bem como
conhecer a estrutura e funções da membrana plas- De uma maneira geral, as membranas celula-
mática e das organelas citoplasmáticas, dessa forma, res e a membrana plasmática estão envolvidas
vamos desvendar mais uma fascinante abordagem nos principais processos que governam a ma-
de nossos estudos sobre as células. nutenção e o funcionamento celular. A seguir,
Aluno(a), agora, conheceremos a membrana serão citadas e abordadas as principais funções
plasmática da célula. Essa estrutura delimita o atribuídas às membranas celulares que são fun-
espaço interno das células e promove intercâmbio damentais para a vida da célula.
UNIDADE 2 49
Compartimentalização celular reconhecem ligantes específicos e desencadeiam
um processo interno de sinalização celular que
A membrana plasmática delimita todos os tipos permite que a célula mude seu comportamento
celulares desde procariontes a eucariontes. Nas em resposta a “orientações”.
células eucarióticas, membranas internas criam
subcompartimentos com atividades especializa-
das. Embora as moléculas na membrana sejam Suporte para atividades
mantidas por ligações químicas fracas, o somató- bioquímicas
rio dessas forças (complementada pelas interações
com o citoesqueleto e matriz extracelular) confere Muitas membranas celulares contém moléculas
à membrana uma determinada resistência à tração, específicas que atuam no metabolismo e con-
suficiente para assegurar a integridade física da ferem funções bioquímicas particulares a cada
célula e, consequentemente, a sua individualidade. compartimento que a possui. Por exemplo, a
membrana interna das tilacoides, nos cloroplas-
tos, e a membrana plasmática de bactérias fo-
Transporte de substâncias tossintéticas contêm pigmentos, transportadores
de elétrons e enzimas envolvidas no processo da
Por ser a estrutura que delimita as células e com- fotossíntese (conversão de energia luminosa em
partimentos internos (células eucarióticas), as energia química).
substâncias que entram e saem devem, necessaria-
mente, atravessar as membranas. As membranas
celulares são seletivas e contam com mecanismos Integração entre células e
de transporte altamente especializados. Entre as substratos não celulares
funções dos sistemas de transporte na membrana,
pode-se citar: Nos organismos multicelulares, as células estão
• Regulam o volume celular. conectadas entre si ou com a matriz extracelular
• Mantém o pH e a composição iônica in- para formar os tecidos. Essa integração, na reali-
tracelular. dade, é resultante da presença de especializações
• Extraem do ambiente e concentram com- na membrana que, em conjunto, são denominadas
bustíveis metabólicos e elementos de cons- de junções celulares. Vários tipos de junções inter-
trução. celulares, cada uma composta por uma proteína
• Eliminam substâncias tóxicas. transmembrana diferente, conectam as membra-
• Geram gradientes iônicos. nas plasmáticas das células adjacentes. Por exem-
plo, nas junções de adesão e nos desmossomos,
que mantêm células epiteliais aderidas, há uma
Reconhecimento e processa- proteína transmembrana denominada caderina
mento de informações que ancora, através de seu domínio citosólico,
proteínas do citoesqueleto, enquanto que o do-
Essa função é exercida por meio da ação de re- mínio extracelular serve de ancoragem para outra
ceptores incorporados na membrana, os quais caderina da célula adjacente.
As membranas celulares são estruturas contínuas que determinam Os lipídios que estão presentes na
os limites estruturais e funcionais das células (membrana plas- estrutura das membranas celula-
mática) e dos compartimentos internos de células eucarióticas res são, na sua maioria, anfipáti-
(membrana nuclear e das organelas citoplasmática). São compostas cos. Esses apresentam uma região
de lipídios, proteínas e carboidratos e todas estão estruturadas de com grupamentos polares e outra
acordo com o mesmo modelo de arquitetura molecular. região com grupamentos apola-
res. (Obs.: essa condição já foi dis-
cutida na unidade anterior). Essa
Composição Química e Organização molécula se arranja em bicamada,
Estrutural de Membranas Celulares deixando suas regiões hidrofílicas
(cabeças) para a periferia e suas
Como já mencionado anteriormente, as membranas celulares são regiões hidrofóbicas (cauda) para
compostas de proteínas, lipídios e, em uma menor proporção, car- o centro da bicamada (ALBERTS
boidratos. Entretanto, a distribuição desses componentes oscila et al., 2011).
dependendo do tipo de membrana celular. Entre os lipídeos mais fre-
quentes nas membranas celulares
Região polar (hidrofílica) distinguem-se os fosfoglicerídeos,
Moléculas de com uma representação de 70 a
lipídios anfipáticos 90%. As membranas das células
Cadeia apolar (hidrofóbica)
animais contêm colesterol, o que
não acontece nas células vegetais,
que possuem outros esterois. As
membranas das células procarió-
ticas não contêm esterois, salvo
raras exceções. A seguir, a estru-
tura dos principais lipídios da
membrana será abordada:
• Fosfoglicerídeos: co-
mumente denominados
de fosfolipídios, são cons-
tituídos por uma molé-
cula de glicerol esterifi-
cada a dois ácidos graxos
e a um ácido fosfórico.
Micela bicamada Diferentes grupos-cabe-
(a) (b) ça (álcoois) se ligam ao
ácido fosfórico produ-
Figura 2 - Esquema da estrutura bioquímica dos lipídios formadores de mem-
brana e seu arranjo em bicamada zindo diferentes tipos de
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 100). fosfoglicerídios:
UNIDADE 2 51
» Fosfatidilglicerol: grupo-cabeça é o das funções específicas. São as proteínas, portanto,
glicerol. que dão a cada tipo de membrana na célula as
» Fosfatidilinositol: grupo-cabeça inosi- propriedades funcionais características. Entre as
tol (pode ser classificado como glicolipí- funções exercidas por essas biomoléculas estão:
deo por conter um resíduo de açúcar). o transporte de substâncias, atividade enzimática,
» Fosfatidilcolina: grupo-cabeça colina. recepção de sinais e ancoragem.
» Fosfatidilserina: grupo-cabeça serina. As proteínas presentes nas membranas celu-
» Fosfatidiletanolamina: grupo-cabeça lares são classificadas de acordo com a interação
etanolamina. que fazem com a bicamada lipídica, sendo elas:
• Esfingolipídeos: apresenta a molécula de • Proteínas periféricas: estão associadas
esfingosina em sua estrutura. A esfingo- com a superfície da membrana por meio
mielina é um esfingolipídio que contém de ligações não covalentes. A fraca asso-
como grupo-cabeça a molécula de colina. ciação dessas proteínas com a membrana
• Esteróides: são lipídios que não apresen- permite que elas sejam facilmente solubi-
tam ácidos graxos. O principal lipídio es- lizadas com o uso de solventes alcalinos.
teroides nas células animais é o colesterol, A ligação das proteínas periféricas com a
e em algumas dessas membranas pode re- membrana ocorre por meio de interação
presentar mais de 50% das moléculas de eletrostática e por pontes de hidrogênio
lipídios. Esse lipídeo é de grande impor- com os domínios hidrofílicos (citosóli-
tância, pois faz parte de uma série de vias co e externo) de proteínas integrais, com
metabólicas, incluindo a síntese de hormô- os grupos-cabeça polares de lipídios de
nios esteroides (estrogênio, testosterona e membrana ou mesmo com outras pro-
cortisol), da vitamina D e dos sais biliares teínas periféricas.
secretados pelo fígado. • Proteínas integrais: encontram-se “mer-
gulhadas” na bicamada lipídica (represen-
Cada membrana celular possui uma composição tadas pelo número 4, na imagem). Entre-
de lipídios característica que afetam as proprieda- tanto, a maioria das proteínas integrais de
des físicas e biológicas de cada uma. membrana se estendem de um lado a ou-
tro na bicamada lipídica e são designadas
por proteínas transmembranas. Tais pro-
Proteínas Presentes teínas, por conter domínios citosólico e
na Membrana extracelular, podem desempenhar papéis
em ambos lados da membrana. Exemplos
Apesar de a estrutura básica da membrana plas- de proteínas com este tipo de atividade
mática ser fornecida pela bicamada de lipídios, as são as carreadoras, os canais iônicos e os
proteínas de membrana desempenham a maioria receptores.
Figura 3 - Esquema mostrando as diversas interações de proteínas com a bicamada de lipídios para a formação das membranas celulares
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 373).
Açúcares de membrana
A membrana plasmática de células eucariotas con- do citosol. Nas células animais, os carboidratos
tém carboidratos que estão ligados covalentemente ocupam um espaço considerável da superfície da
aos componentes lipídicos (formando os glicoli- membrana com cerca de 10 a 20 nm. Essa camada
pídeos) e protéicos (formando as glicoproteínas e glicídica é conhecida como glicocalix e apresenta
proteoglicanas). Dependendo da espécie e do tipo funções de reconhecimento e adesão celular.
celular, o conteúdo de carboidratos da membrana A porção glicídica da maioria das glicoproteí-
plasmática varia entre 2% a 10% de seu peso. nas e glicolipídeos são oligossacarídeos que pos-
Na membrana plasmática, as porções glicídicas suem, tipicamente, menos de 15 monossacarídeos
estão situadas na face externa da bicamada, en- por cadeia. A Figura 4 representa a organização
quanto que, nas membranas celulares das organe- estrutural das membranas celulares. Esse modelo
las, os açúcares estão voltados para o lado oposto é denominado de mosaico fluído.
UNIDADE 2 53
Glicoproteína
Glicolípidio
Oligossacarídio
Domínio
apolar
Domínios
polares
Colesterol
Proteína
periférica
Proteína Proteína
periférica Proteína integral
periférica
ligada
covalentemente
a lipídio
Figura 4 - Esquema de mosaico fluído para explicar a estrutura das membranas celulares
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 103).
Camada de
carboidratos
ESPAÇO
Glicolipídeo EXTRA-
CELULAR
Bicamada
lipídica
CITOSOL
Figura 5 - Esquema da organização estrutural das membranas celulares com evidência no glicocálix
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 381).
Transporte passivo
Na osmose, a água se move por de moléculas maiores polares, como a glicose; moléculas com cargas,
meio da membrana, do meio hi- como aminoácidos, ATP; e íons, como Na2+, Ca2+, Mg2+, Cl-, requerem
potônico (menos concentrado) a presença de proteínas transportadoras para atravessar a membrana,
para o meio hipertônico (mais neste caso, o transporte é denominado de difusão facilitada.
concentrado), até que os meios se No processo de difusão facilitada, as proteínas que realizam a
tornem isotônico (com a mesma passagem da substância podem ser uma proteína carreadora (per-
concentração). meases) ou canais.
A passagem da água pode
ocorrer por meio da bicamada Proteínas carreadoras (permeases):
lipídica ou por meio de pro- • Transporte de moléculas grandes, polares e/ou carregadas.
teína canais denominadas de • Mudança de conformação durante o transporte.
aquaporinas. • Taxa de transferência menor que a taxa operada pelas pro-
teínas canal.
Difusão
Proteínas canais:
O transporte passivo de solu- • Transporte de água e íons.
tos ocorre do meio hipertônico • Transporte rápido.
para o meio hipotônico, até que • Seletivo.
os meios se tornem isotônico. • Alternância aberto/fechado - “gates” (dependentes de voltagem/
Esse mecanismo é chamado de dependentes do ligante).
difusão.
A difusão pode ocorrer pela Os mecanismos de transportes ativos levam os meios separados por
bicamada lipídica ou por meio de membranas a assumirem concentrações equilibradas. Portanto, teremos
proteínas transportadoras. Pou- outros mecanismos envolvidos na manutenção de diferentes concen-
cas moléculas conseguem fluir trações de substâncias nos diferentes meios biológicos.
por meio da bicamada lipídica, Molécula transportada
UNIDADE 2 57
Transporte ativo
Os solutos poderão ser transportados contra tes de íons seguindo seu gradiente eletroquímico
o gradiente de concentração, ou seja, do meio para transportar outra substância contra seu gra-
menos concentrado para o mais concentrado, diente de concentração. Esse transporte é também
envolvendo gasto energético. Esse processo é denominado de transporte acoplado. Podemos re-
chamado de transporte ativo. O mecanismo sumir algumas características do transporte ativo:
ocorre somente com solutos e sempre por meio • Depende da presença e da atividade de
de proteínas carreadoras. Essas proteínas são proteínas de membrana.
conhecidas como bombas. • São específicos para certas substâncias ou
A energia necessária para o transporte pode grupos de substâncias.
ser disponibilizado por quebra de molécula de • O fluxo ocorre contra um gradiente quí-
ATP, caracterizando o transporte ativo primário. mico ou elétrico.
Alguns carreadores de membrana realizam o • Requer energia e é sensível a distúrbios
transporte ativo secundário, isto é, usam gradien- metabólicos.
Molécula transportada
Bicamada Gradiente de
liídica
EN
ER concentração
Mediado
GI
Difusão Mediado
A
Fosfato em ligação
CITOSOL de alta energia
Na+ P
LIGAÇÃO 4 LIGAÇÃO DE K+
1 DE Na+ À
BOMBA K+
P
K+ K+
A BOMBA RETORNA
À COMFORMAÇÃO P
6
ORIGINAL, EJEÇÃO
5 A BOMBA É DESFOSFORILADA
DE K+
UNIDADE 2 59
• Transporte ativo secundário (não depen- No Simporte, as substâncias transportadas,
de da quebra de moléculas de ATP, o gra- em geral açúcares e aminoácidos, movem-se
diente de concentração mantido por meio na mesma direção do íon que está fornecendo
do transporte ativo direto de íons serve energia; no transporte tipo antiporte, as subs-
como fonte de energia que dirige o trans- tâncias transportadas, em geral íons, movem-se
porte ativo indireto de outras substâncias. em direção contrária ao íon que está fornecen-
do energia.
Nesse transporte ativo indireto, as moléculas mo- Vários metabólitos e íons movem-se por meio
vem-se associadas ao transporte de um íon, que da membrana por transporte ativo indireto e em
lhe fornece energia, por isso, esse tipo de trans- eucariontes, praticamente todas as substâncias
porte é do tipo transporte acoplado. orgânicas transportadas dentro das células são
Existem dois mecanismos de transporte ativo movidas por transporte ativo secundário (ME-
secundário: Simporte e Antiporte. YER, [2019], on-line)2.
Bicamada
Lipídica
Ion cotransportado
TRANSPORTE ACOPLADO
Figura 11 - Esquema ilustrando os diferentes tipos de transportes ativos
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 398).
Embora algumas organelas, como mitocôndrias e cloroplastos, contenham enzimas que participam
na biossíntese de lipídeos, o REL é o principal sítio de síntese de lipídeos de membranas. A síntese de
lipídeos no REL ocorre por ação de enzimas presentes na face citosólica da membrana do REL.
Várias classes de lipídeos são sintetizadas no RE como os glicerofosfolipídeos, o colesterol e as cera-
midas. Nas células endócrinas das gônadas e do córtex da adrenal, o colesterol é utilizado para a síntese
de hormônios esteroides. Uma parte das reações envolvidas neste processo ocorre nas mitocôndrias.
No fígado, o REL utiliza o colesterol na formação de ácidos biliares.
Modificações dos lipídeos: os lipídios produzidos no REL podem sofrer processamentos, tais como
elongação da cadeia de ácidos graxos e a formação de duplas ligações por meio de desidrogenações.
Essas reações acontecem principalmente no REL de células adiposas e hepáticas.
UNIDADE 2 69
As vesículas que partem do CG em direção aos lisossomos são revestidas por outro grupo de pro-
teínas denominadas de clatrina. Essas vesículas contêm as enzimas lisossomais que foram produzidas
no RE e, posteriormente, transferidas para o CG. Como vimos anteriormente, as enzimas lisossomais
são sinalizadas pela presença de manose 6P, reconhecidas por receptores na rede trans do Golgi e
empacotadas em vesículas de transporte.
Figura 18 - Esquema demostrando os destinos de vesículas que saem da face trans do dictiossomo do Complexo de Golgi
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 519).
ALBERTS, B.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.; VANZ, A. L. de S.; JOHNSON, A. Biologia
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que estão presentes nos respectivos tecidos e que tágios G1, S e G2 só podem ser identificados por
são capazes de se multiplicar, diferenciando-se na- critérios bioquímicos, como autoradiografia. Os
queles tipos celulares. principais eventos que ocorrem nos estágios do
A mitose exerce papel primordial em proces- ciclo celular serão abordados a seguir.
sos fundamentais para a manutenção da vida. Um Fase G1: uma célula em G1, que, em algum
deles é a constante produção das hemácias origi- momento recebe um estímulo para se dividir, terá
nadas a partir de células precursoras indiferen- um aumento súbito em sua atividade biossintética.
ciadas existentes na medula óssea. Essas células Assim, durante esta fase ocorre a síntese de todos
são fundamentais para a manutenção dos níveis os componentes necessários aos eventos da divisão
de oxigenação tecidual e transporte do gás carbô- celular, ocorrendo intensa transcrição e tradução,
nico, resultante do metabolismo, e têm vida rela- multiplicação de organelas e aumento da mem-
tivamente curta (em torno de 120 dias), devido, brana plasmática. A fase G1 geralmente é a mais
principalmente, à ausência de núcleo e organelas longa do ciclo celular. Em uma célula com ciclo de
característica exclusiva dos mamíferos. duração de 24 horas, a fase G1 levaria ~11 horas
As divisões mitóticas têm um papel fundamen- para ser completada.
tal e também asseguram a homeostase do organis- Fase S: a fase S tem duração aproximada de 8
mo na reposição das células da camada epidérmica horas e é caracterizada pela duplicação do DNA.
da pele, que garante impermeabilidade e conse- Esse evento requer a participação de diversas en-
quente proteção contra os agentes nocivos do meio zimas (DNApol, DNA primase, DNA ligase, DNA
externo. Devido à constante descamação da pele, helicase, proteínas SSB, topoisomerases, entre ou-
células da camada mais interna (estrato basal) estão tras) e ocorre de forma semiconservativa, onde cada
continuamente se dividindo para garantir a reno- cadeia de DNA usada como molde permanece uni-
vação da epiderme. da com a nova cadeia recém-sintetizada.
Estima-se que, em média, a cada 25 dias, a epi- Paralelamente à duplicação, mecanismos de
derme humana se renove por completo. O mesmo reparo do DNA evitam que alterações no material
mecanismo opera para a renovação das células epi- genético sejam repassadas para as novas cadeias de
teliais do trato gastrointestinal, no qual o constante DNA. O resultado final é que, na fase G2, a célula
trânsito de substâncias acaba por destruir porções conterá o dobro de moléculas de DNA comparada
do tecido, que precisam ser repostas. Dessa forma, a fase G1. Na fase S, já se observa os centríolos du-
a mitose é responsável por garantir a manutenção plicados fazendo parte de seus próprios centrosso-
de uma ampla gama de atividades orgânicas básicas, mos, que são responsáveis pela formação das fibras
promovendo uma condição homeostática para o do fuso e desempenham uma função importante
organismo. durante a mitose. Uma vez que contribuem para a
organização dos cromossomos na metáfase e sua
segregação na anáfase e para determinação do pla-
Intérfase no de clivagem da célula.
Fase G2: nessa fase, terminada a síntese de DNA,
A fase M do ciclo celular é a mais dramática, e os reinicia a produção de RNA, formando mais proteí-
vários estágios que a compõem podem ser distin- nas com um novo período de crescimento celular.
guidos ao nível do microscópio óptico. Entretanto, Entre as proteínas sintetizadas estão aquelas que
quando a célula se encontra em interfase, os es- serão úteis para a célula prosseguir no ciclo celular.
Metáfase
Telófase
A telófase se caracteriza pela reestruturação do envoltório nuclear a partir da reassociação dos com-
ponentes dispersos pelo citosol na pró-metáfase. As vesículas das membranas do envoltório nuclear se
fundem em torno dos cromossomos e, ao mesmo tempo, a lâmina nuclear se reorganiza, os complexos
de poros se inserem nas membranas, fazendo com que, ao final da telófase, o envoltório nuclear esteja
totalmente reconstituído.
Os cromossomos irão se descompactar gradativamente até o final desta fase, assumindo o estado
mais distendido da cromatina e característico da interfase, e o nucléolo é reconstituído. Os microtú-
bulos cinetocóricos já são ausentes e os polares permanecem apenas na região equatorial, na qual se
dará a citocinese. As organelas membranosas são reconstituídas e distribuídas aleatoriamente entre
as suas células-filhas.
UNIDADE 3 95
Citocinese
UNIDADE 3 99
Metáfase I
Anáfase I
UNIDADE 3 101
Telófase I
Citocinese I
Em alguns organismos, entre a É uma fase curta, sem as complicações da Prófase I. Os cromossomos,
Meiose I e a Meiose II, ocorre ainda duplicados em cromátides-irmãs, mas em número reduzido
uma fase em que os cromosso- pela metade, começam a condensar novamente e, no final dessa fase,
mos descondensam totalmen- inicia a organização de dois novos fusos. Se o envoltório nuclear foi
te, alongam-se e se tornam di- formado na telófase I, ele é desorganizado novamente. A prófase II é
fusos. Tomam uma aparência uma fase que, semelhante à intercinese, pode ser suprimida em alguns
semelhante à interfase; mas, organismos e a célula passa diretamente de Telófase I para Metáfase II.
diferentemente dessa fase, na
intercinese não ocorre fase S, Metáfase II
ou seja, não ocorre duplicação
cromossômica. Em outros or- É semelhante à metáfase mitótica com a diferença de que o número
ganismos, esse período entre a de cromossomos é a metade do número somático. As fibras do fuso
primeira e a segunda divisão ligadas aos cinetocoros centroméricos dispõem os cromossomos
meiótica é suprimido e os dois na placa equatorial. Nos ovócitos de vertebrados, esta fase é inter-
núcleos na telófase I passam rompida até o momento da fertilização.
diretamente para a prófase II Um aspecto da meiose que é crucial para o sucesso da divisão
da segunda divisão meióti- é a coordenação da coesão, e de sua perda, entre as cromátides-ir-
ca. Em animais, células nesse mãs. Como já mencionado, as cromátides irmãs dos cromossomos
estágio são referidas como permanecem unidas por um complexo com a coesina. Essa coesão
espermatócitos ou ovócitos deve ser mantida nas regiões centromérica e pericentromérica até
secundários, como veremos a transição metáfase II/ anáfase II.
posteriormente.
Anáfase II
UNIDADE 3 103
rentes de gametas; portanto, o
número de combinações pos-
síveis pode ser expresso por
2n, no qual n é o número de
pares de cromossomos da es-
pécie. Para a espécie humana,
por exemplo, que possuem
23 pares de cromossomos, a
possibilidade é de mais de 8
milhões de tipos de gameta
diferentes. Além disso, como
vimos, na prófase I, ocorre a
recombinação gênica entre
as cromátides homólogas na
maioria das células, gerando
gametas geneticamente dife-
rentes entre si e em relação as
células parentais.
Esses dois fenômenos com-
binados, segregação ao acaso
e crossing-over, geram novas
combinações de genes, e o
consequente aumento na va-
riabilidade genética traz mui-
tas vantagens ao organismo
de reprodução sexuada, uma
Figura 17 - Esquema resumindo os eventos da meiose II
Fonte: InfoEscola (2019, on-line)3. vez que aumentam suas chan-
ces de adaptação às mudanças
ambientais.
Importância Genética da Meiose Outra importância da
meiose é que ela gera células
A segregação dos cromossomos homólogos na anáfase I acontece ao haploides, logo, a união dessas
acaso, isto é, os cromossomos maternos e paternos de cada par se- células como ocorre entre os
gregam-se de forma independente para cada polo. Um exemplo de gametas restabelece o número
segregação é que um organismo poderá produzir quatro tipos dife- cromossômico da espécie.
UNIDADE 3 105
a) Suporte e forma celular ocorre pela ação de outra proteína motora, a dineína, que se move
Os microtúbulos está- em direção à extremidade. Dessa forma, fragmentos de membrana
veis contribuem para e outras moléculas que serão degradadas nos lisossomos chegam
manter a forma da célu- ao corpo celular.
la. Um exemplo dos mi- c) Formação da fibra do fuso
crotúbulos na manuten- Quando uma célula recebe um estímulo para se dividir, toda a
ção da forma da célula é rede de microtúbulos é desmontada e as tubulinas são reutili-
obtida nos axônios dos zadas para formar as fibras do fuso, responsáveis pela separa-
neurônios, que contêm ção de cromossomos homólogos (meiose) e/ou de cromátides
microtúbulos orienta- – irmãs (meiose e mitose). As fibras do fuso iniciam sua mon-
dos paralelamente. tagem a partir do centrossomo duplicado durante a interfase.
b) Motilidade e organi-
zação intracelular
No interior das células,
moléculas, organelas e
vesículas membranosas
devem ser transporta-
das de um local a outro.
Nas células nervosas,
por exemplo, proteínas
que são sintetizadas no
corpo celular devem ser
transportados ao longo
do axônio até a região Figura 23 - Esquema mostrando a participação dos microtúbulos na divisão celular
terminal. Nos axônios, Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 187).
os microtúbulos estão d) Estruturação de cílios e flagelos
orientados com suas ex- Cílios e flagelos são projeções da membrana plasmática
tremidades (-) voltados contendo, no seu interior, um feixe de microtúbulos (axo-
para o corpo celular e as nema) arranjados em um padrão característico (9+2) com
extremidades (+) para a um par central de microtúbulos simples rodeado com 9
porção final do neurônio. duplas periféricas, fusionadas, contendo um microtúbulos
completo e outro parcial. Esse conjunto de microtúbulos se
Assim, organelas, como mito- conecta entre si por proteínas MAPs, como a nexina.
côndrias, vesículas sinápticas e Os cílios e flagelos são responsáveis pelo movimento de uma
grânulos de secreção, podem ser variedade de células eucarióticas, como os espermatozoides
transportadas do corpo celular e vários protozoários de vida livre, como o paramécio, um
para os terminais axônicos por protozoário ciliado. Nas células fixas os cílios têm a função
meio da cinesina que se move de movimentar fluidos sobre a superfície celular. Os cílios e
em direção à extremidade (+); flagelos diferem na quantidade e no comprimento. Os cílios
enquanto que o fluxo do termi- são mais curtos e numerosos, enquanto o flagelo é longo e
nal axônico para o corpo celular em pequeno número, podendo ser único.
UNIDADE 3 113
Durante uma contração rápida, cada cabeça O relaxamento muscular ocorre quando o nível do
de miosina alterna seu ciclo ~5X por segundo. O Ca++ diminui e, desta forma, bloqueando o sítio de
encurtamento sincronizado de milhares de sarcô- ligação para a miosina sobre os filamentos de actina.
meros em cada miofibrila dá, à musculatura es- Assim, a célula muscular estriada esquelética
quelética, capacidade de contração suficiente para promoverá a contração, produzindo os movimen-
diversas atividades, como andar, nadar, correr etc. tos necessários a nossa fisiologia.
Ao encerrarmos esta unidade, temos um conhe- A célula, como unidade viva, tem que se re-
cimento mais integrado sobre a célula procarion- produzir, e a divisão celular é o recurso que pro-
te, pois já desvendamos, em outras unidades, a move a propagação da vida, pois uma célula dará
estrutura dessa célula e, agora, conhecemos os origem a outras células e esses eventos somente
mecanismos de armazenamento da informação serão possíveis com a participação dos elementos
genética no núcleo interfásico e seus mecanismos do citoesqueleto, quer seja para a separação do
de transmissão para células descendentes, bem DNA (cromátides-irmãs) ou para a separação
como os elementos responsáveis pela forma e do citoplasma (citocinese).
plasticidade da célula – o citoesqueleto.
UNIDADE 3 117
A divisão celular, no organismo pluricelular, tem vários objetivos e está dividida em dois tipos: mi-
tose e meiose. A mitose se responsabiliza pela formação do organismo, seu crescimento, sua renovação
e regeneração. Sem essa divisão, várias atividades fisiológicas ficariam comprometidas, por exemplo, a
formação constante de células sanguíneas. Por sua vez, a meiose é responsável, na espécie humana, pela
formação de gametas, promovendo a possibilidade de reprodução sexuada. A meiose reduz o número
cromossômico de diploide para haploide e promove variabilidade genética, por meio da recombinação
genética promovida no crossing-over.
O citoesqueleto não só participa desses processos de divisões celulares, mas também exerce vários
outros papéis, como a manutenção da forma, adesão celular, movimentos de organelas citoplasmáticas,
deslocamento celular e a própria contração das células musculares.
A contração muscular da célula muscular estriada esquelética é responsável por todos os movimentos
do organismo humano e conhecer a estrutura morfológica e funcional dessa célula será fundamental para
integrar os conceitos sobre os gastos energéticos do organismo humano.
ALBERTS, B.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.; VANZ, A. L. de S.; JOHNSON, A. Biologia
molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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Por ser a glicose o elemento central na disponibilização de energia Como a energia foi transferi-
para as células do nosso organismo, iniciaremos este tema demonstran- da para as ligações químicas,
do as vias de degradação da glicose e o cálculo energético desse evento. essas moléculas orgânicas
A molécula de glicose pode ser degradada por duas vias metabólicas: possuem energia armazenada,
aeróbica e anaeróbica. A via anaeróbica é uma atividade metabólica e ao sofrerem quebra, a ener-
mais primitiva e corresponde a uma degradação incompleta da mo- gia será liberada. No ambiente
lécula e apenas 20% da energia contida nela é transferida para o ATP celular, a energia liberada da
(adenosina trifosfato). quebra dos compostos or-
Esse processo não depende da presença de oxigênio e é realizado gânicos é transferida para a
no citoplasmas de células procariontes e algumas células eucariontes, molécula de ATP. O proces-
além de incluir algumas células do organismo humano. A via aeróbica é so que envolve as reações de
mais complexa e realizada apenas por células eucariontes, no interior de degradação dos compostos
organelas chamadas de mitocôndrias e apenas na presença obrigatória orgânicos que geram uma
do oxigênio; esta via disponibiliza muito mais ATP que a via anaeróbica. forma de energia utilizável
Iniciaremos nossa unidade dando uma visão geral das vias me- (na forma de ATP) pelas cé-
tabólicas que disponibilizam energia para a manutenção das ati- lulas eucariontes é denomi-
vidades celulares. nado de respiração celular e
As células necessitam de um constante suprimento de energia para inclui a participação de uma
gerar e preservar a ordem biológica que as mantêm vivas. A energia organela citoplasmática: as
química utilizada pelas células provém da degradação de compostos mitocôndrias, e da presença
orgânicos. Nos organismos heterótrofos, esses compostos são obtidos do oxigênio.
por meio da alimentação, enquanto que os organismos autótrofos os O ATP é um nucleotídeo
produzem. Dessa forma, esses organismos se inter-relacionam por da adenosina que tem como
meio do metabolismo. função o armazenamento
Os seres autotróficos possuem um sistema enzimático chamado temporário da energia retira-
de clorofila. Nas células eucariontes, a clorofila está localizada em uma da da quebra dos compostos
organela que é a cloroplastos. Essas células utilizam a energia lumi- orgânicos. A energia da molé-
nosa e transferem para ligações químicas que produzem compostos cula da ATP está armazenada
orgânicos. O processo que envolve as reações químicas de síntese de nas ligações dos grupamentos
compostos orgânicos a partir de compostos inorgânicos com a energia fosfatos, e nas células existe
luminosa é denominado de fotossíntese. A reação pode ser resumida uma dinâmica entre a síntese
na seguinte equação: e a degradação do ATP (NEL-
SON et al., 2013).
LUZ
6CO2 + 12H2O C6H12O6 + 6O2 + 6H2O
C6H12O6 + 6O2 6H2O + 6CO2
Figura 1 - Relação entre a fotossíntese e a respiração celular
Fonte: Santos (2012, on-line)1.
UNIDADE 4 131
Oxigênio Água que poderá
NH3
proveniente da ser utilizada no
respiração pulmonar metabolismo celular
N N
O O O
N N
C6H12O6 + O2 6CO2 + 6H2O + energia HO P O P O P O CH2
O
O O O
Glicose Gás carbônico Será
proveniente que deverá ser armazenada
da digestão eliminado na na forma de
ATP.
OH OH
expiração
Figura 4 - Estrutura bioquímica da molécula da ATP (ade-
Figura 2 - Equação da respiração celular
nosina trifosfato)
Fonte: a autora.
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 69).
ADP + Pi
CARBOIDRATOS
LIPÍDIOS
PROTEÍNAS
OXIDAÇÃO DE PROCESSOS QUE
NUTRIENTES REQUEREM ENERGIA
CO2
+
(H + e-) COENZIMAS ATP + H2O
(oxidadas)
A fotossíntese está relacionada à respiração e, de maneira geral, há um balanço entre esses dois proces-
sos na biosfera. Tanto a fotossíntese quanto a respiração geram energia química utilizável (ATP), cuja
síntese é mediada por um gradiente de hidrogênio transmembrana. A respiração aeróbica envolve a
oxidação de moléculas orgânicas em CO2 com redução do O2 em H2O associada à produção de ATP
O2
Mitocôndria
Cloroplasto
Calor
CO2 + H2O
ATP
A ingestão elevada de carboidratos leva ao aumento da glicemia e esse aumento da glicose circulante
no sangue está diretamente relacionada a várias doença metabólicas, incluindo o diabetes tipo II e
obesidade. Esta, que em outras gerações era um distúrbio que afetava os adultos, já está presente
nas crianças desta geração. Podemos concordar com hábitos que estimulam consumo de refeições
ricas em carboidratos, como as oferecidas por redes de fast food, associando seu consumo a brin-
des que são oferecido junto com estas refeições? Não podemos esquecer que esses brindes são
desejados pelas crianças, pois são ícones da indústria de entretenimento.
UNIDADE 4 133
Crista mitocondrial Ribossomos mitocondriais
Dobras que aumentam a Contém RNA ribossômico.
superfície da membrana Participam da síntese
interna e a eficiência na proteica
produção de ATP
UNIDADE 4 135
Glicose (C6)
2 ADP + 2Pi
Glicólise
2 ATP + 2H2O 4 (H+ + e-) Coenzimas
2 Piruvato (C3)
Citossol
Mitocrôndria
2 Piruvato (C3)
Descarboxilação
do piruvato 2 CO2 4 (H+ + e-) Coenzimas
2 C2
2 C4 2 C6
Ciclo de Krebs
2 ATP 16 (H + + e-) Coenzimas
4 H2O
2 ADP + 2Pi
4 CO2
UNIDADE 4 139
Nicotinamida P Gliceraldeído 3-fosfato
H O
nicotinamida ou riboflavina
+
2 NAD 6
C 2 P
NH2 2 NADH
Nucleotídio de
+ 2 P P 1, 3-difosfoglicerato
N 2 ADP
7
2 ATP
O
2 P 3-fosfoglicerato
-O P O CH2 O
8
H H P
H H 2 2-fosfoglicerato
OH OH 2 H2O 9
O Ribose P
2 fosfoenolpiruvato
NH2 2 ADP
Nucleotídio de
10
N 2 ATP
adenosina
N
2 ácido pirúvico (piruvato)
-O P O CH2 O N N
Figura 13 - Resumo das reações químicas da fase de paga-
O H H Adenina mento da glicólise
H H Fonte: Carraro (2019, on-line)4.
OH OH
2 ATP 2 ADP 4 ADP 4 ATP
+ Glicose 2 Ac. pirúvico
NAD
UNIDADE 4 141
CARBOIDRATOS PROTEÍNAS LIPÍDIOS
Piruvato (3)
CO2
Acetil-CoA (2)
CO2 CoA
CO2
Fumarato (4) α-Cetoglutarato (5)
OXALOACETATO CITRATO
H2O COO-
+
NADH + H HS-CoA CH2
COO-
NAD
+
C O HO C COO-
malato
desidro- CH2 citrato CH2
genase sintase aconitase
COO- COO-
COO-
MALATO COO- ISOCITRATO
CH2
HO CH
H C COO-
CH2
HO CH
COO-
COO-
+
NAD
isocitrato +
H2O fumarase desidrogenase NADH + H
CO2
COO-
COO-
FUMARATO CH CH2 α-CETO-
GLUTARATO
CH2
HC
C O
COO-
COO-
succinato succinato-CoA α-cetoglutarato
desidrogenase sintetase desidrogenase CoA
COO- COO-
+
FADH2 CH2 CH2 NAD
CH2 CH2
FAD HS-CoA NTP NDP+Pi CO2 NADH + H
+
COO- C O
SUCCINATO SCoA
SUCCINIL-CoA
Figura 17 - Reações químicas do ciclo do ácido cítrico
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 127).
UNIDADE 4 143
Cadeia Transportadora de Elétrons e Fosforilação Oxidativa
+ + + +
H H H H
ESPAÇO
INTERMEMBRANAS
C
Q e-
IV
MATRIZ I II III
+
e- e- O2 4H 2 H2O
+ + +
H H H
ADP + Pi ATP
Figura 18 - Sequência do transporte de elétrons entre os elementos da cadeia
transportadora e as regiões onde há implulso de prótons +
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 143). H
Para cada NADH que se oxida, ou seja, para cada par de elétron transportados pelos complexos I, III
e IV – apresentados na imagem da cadeia transportadora – até chegar ao oxigênio, haverá a síntese de
três moléculas de ATPs. Já quando o FADH2 é oxidado, o complexo I não é usado e o fluxo de prótons
será menor, produzindo apenas dois ATPs.
Podemos resumir esta produção de ATPs nas equações a seguir:
NADH+H+ + ½ O2 + 3 ADP + 3 Pi + 3 H → NAD+ + 3 ATP + 4 H2O
FADH2 + ½ O2 + 3 ADP + 3 Pi + 2 H → FAD + 2 ATP + 3 H2O
UNIDADE 4 145
A fosforilação oxidativa é a etapa final da degra- Essas mitocôndrias não possuem, em sua
dação aeróbica da molécula de glicose. Essa degra- membrana interna, o complexo enzimático ATP
dação tem um saldo energético de 38 moléculas sintetase, em vez disso, os prótons impulsionados
de ATPs. Podemos elucidar melhor, na tabela a pelo transporte de elétrons retornam por uma
seguir, o saldo energético da degradação aeróbica proteína chamada de termogenina. A energia do
de uma molécula de glicose. retorno dos prótons por meio da termogenina é
Tabela 2 - Resumo do saldo de ATPs produzidos na degra- completamente dissipada na forma de calor.
dação aeróbica da molécula de glicose Na espécie humana, esse tecido adiposo se for-
Moléculas ma no feto, mas não se renova após o nascimento,
formadas/ NADH+H+ FADH2 GTPs/ATPs
Etapas
portanto, ele só existe por poucos anos após o
nascimento, não sendo encontrado em adulto.
Glicólise 2 - 4 (-2)
Em mamíferos, incluindo a espécie humana,
Formação existe uma proteína diferente localizada na mem-
2 - -
de acetil CoA
brana interna de determinadas mitocôndrias que
Ciclo do farão com que toda a energia proveniente do fluxo
6 2 2
ácido cítrico
de prótons seja dissipada na forma de calor sem a for-
Total 10 2 6 (-2) = 4 mação de ATP. Essa proteína se chama termogenina.
Moléculas
30 4 4 No entanto, o composto orgânico envolvido
de ATPs
no processo são as gorduras, pois as proteínas são,
Fonte: a autora. exclusivamente, encontradas em mitocôndrias do
Dessa forma, vemos que a degradação aeróbica tecido adiposo marrom.
de uma molécula de glicose levará à produção de
38 moléculas de ATPs. Parte da energia liberada
pelo fluxo dos prótons não será aproveitada para
produção de ATP, mas sim para liberar na forma A função primordial das mitocôndrias é a degra-
de calor. Assim, a degradação de compostos orgâ- dação de moléculas orgânica e a síntese de ATPs,
nicos também vão ser responsáveis pelo processo transferindo a energia dos compostos orgânicos
de manutenção da temperatura corporal. para o ATP. Nesse processo, parte da energia
Existe, em mamíferos, um tipo diferente de liberada se dissipa na forma de calor. Dessa for-
tecido adiposo, cujas mitocôndrias não produzem ma, a degradação de alimentos, além de produzir
ATP e toda a energia dos compostos orgânicos ATP, também libera calor.
é liberada na forma de calor, que é chamado de
tecido adiposo marrom ou pardo.
UNIDADE 4 147
Fermentação alcóolica
Em alguns organismos, como leveduras e algumas bactérias, a regeneração do NAD+ é feita pela fer-
mentação alcoólica. Nessa via, o piruvato é descarboxilado, originando o acetaldeído, que servirá de
aceptor de elétrons do NADH, reduzindo-se a etanol, como será mostrado na imagem a seguir. Esse
processo é usado, por exemplo, para produção de bebidas alcoólicas fermentadas.
O piruvato O
+ descarboxilase
H3C C COO- + H H3C C H + CO2
(TPP)
Piruvato Acetaldeído
álcool
O OH
+
desidrogenase +
H3C C H + NADH + H H3C C H + NAD
H
Figura 21 - Reações químicas da fermentação alcoólica
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p.122).
Ao encerrarmos esta unidade, você, caro(a) alu- espécie humana é limitada a determinados tipos
no(a), desvendou alguns dos princípios funda- celulares. A degradação aeróbica compreende eta-
mentais do processo de transferência de energia pas, como glicólise, formação de acetil CoA, ciclo
entre os sistemas biológicos, que são fundamen- do ácido cítrico, cadeia transportadora de elétrons
tais para a manutenção dos processos metabólicos e fosforilação oxidativa.
das células. Dessas etapas, apenas a glicólise ocorre no cito-
Toda energia que chega no planeta vem do sol plasma e todas as demais envolvem atividade mito-
e é incorporada nos seres vivos graças ao processo condrial. A degradação aeróbica de glicose somente
de fotossíntese, que converte energia luminosa e ocorrerá na presença obrigatória de oxigênio e leva-
calorífera em energia de ligações químicas dos rá à produção de 38 ATPs por molécula degradada.
compostos orgânicos (proteínas, carboidratos e A degradação anaeróbica na espécie humana
gorduras). está limitada à fermentação láctica, e apenas alguns
Quando estes compostos são degradados, parte tipos celulares podem realizá-las, por exemplo, as
da energia é desviada para a produção de ATP e células musculares estriadas esqueléticas. Essas
outra parte se dissipa na forma de calor. A glicose é células apenas usam a via metabólica quando o
o principal combustível para nossas células, sendo fornecimento de oxigênio for menor que a neces-
fundamental para o metabolismo, uma vez que é a sidade em produção de ATP. Na próxima unidade,
única base para células nervosas. desvendaremos as vias de degradação das demais
A glicose pode ser degradada por via aeróbi- moléculas e calcularemos seus rendimentos ener-
ca ou anaeróbica, sendo que a via anaeróbica na géticos. Até a próxima.
MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. São Paulo: Guanabara Koogan, 2015.
NELSON, D. L.; COX, M. M.; VEIGA, A. B. G. da; CONSIGLIO, A. R.; LEHNINGER, A. L.; DALMAZ, C. Leh-
ninger: princípios de bioquímica. Porto Alegre: Artmed, 2013.
STRYER, L.; TYMOCZKO, J. L.; BERG, J. M. Bioquímica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
VOET, D.; VOET, J. G.; PRATT, C. W.; FETT NETO, A. G. Fundamentos de bioquímica. Porto Alegre: Artmed,
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2. D.
3. C.
4. A.
5. E.
154
155
156
Diante do exposto, sobram os aminoácidos, Degradação do Glicerol
derivados da degradação de proteínas, para se-
rem usados quando o organismo é submetido O destino do glicerol é ser convertido em glicerol
a situações de privação de carboidratos, sendo a 3-fosfato, que será convertido em Diidroxiace-
principal fonte desses aminoácidos, proteínas que tona fosfato.
formam o tecido muscular. Como observado na equação, este processo irá
Em situações de escassez de carboidratos em gastar uma molécula de ATP e irá transferir hi-
nosso organismo, os aminoácidos, além de serem drogênios para NAD+, resultando na formação de
usados para fins energéticos, ainda serão mobiliza- NADH+H+ (rende 3 ATPs na cadeia transporta-
dos para uma via de produção de glicose para manter dora de elétrons). A molécula de Diidroxiacetona
a atividade de células nervosa, que não conseguem fosfato seguirá a via de degradação como descrito
sobreviver sem glicose, chamada de gliconeogênese. para a degradação de glicose.
Dentro desses conteúdos, perceberemos que as +
células apresentam alguns recursos metabólicos H2C OH ATP ADP + H
para manter constante o fornecimento de molé-
HC OH
culas que serão usadas para fins energético e que, glicerol quinase
sem esses recursos, as células não sobreviveriam. H2C OH
A mobilização dos depósitos de triacilgliceróis
Glicerol
das células adiposas inicia-se por ação da enzima
lipase. Essa enzima tem sua ativação controlada por +
hormônios e é chamada de lipase hormônio-sen- H2C OH NAD NADH + H
sível. Outras lipases dão prosseguimento ao pro-
HC OH
cesso, que irá clivar a molécula, liberando glicerol
glicerol 3-fosfato
e ácidos graxos (MARZZOCO; TORRES, 2012). H2C OH P desidrogenase
O Glicerol 3-fosfato
H2C O C R H2C OH
O lipases O
+ 3H2O HC OH
HC O C R + 3R C O + 3H
+
H2C OH
O H2C OH
H2C O C R C O
Triacilglicerol Glicerol Ácidos graxos
Figura 1 - Esquema da degradação de triglicerídeos para o H2C O P
fornecimento de ácidos graxos
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 190). Diidroxiacetona
fosfato
O glicerol e os ácidos graxos, produzidos na reação Figura 2 - Esquema mostrando a degradação do glicerol
ilustrada anteriormente, serão degradados por vias Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 191).
metabólicas distintas, que serão abordadas a seguir.
UNIDADE 5 159
A tabela apresentada a seguir nos resume as etapas
O H
C Gliceraldeído de degradação do glicerol e o saldo de produção
3-fosfato de NADH, FADH2 e ATPs.
H C OH
Pi CH2 O P
Tabela 1 - Resumo dos produto produzidos na etapas de
+
NAD Gliceraldeído-3-fosfato degradação do glicerol
NADH desidrogenase (GAPDH)
O O P Etapas NADH FADH2 ATPs/GTPs
C
Degradação Gasta 1
H C OH 1, 3-bisfosfoglicerato 1
do glicerol
(1, 3-BPG)
CH2 O P
Estágio de ADP Degradação 2
rendimento de Dihidrox-
ATP 1 -
Fosfoglicerato iacetona
O O fosfato
cinase (PGK)
C
H C OH 3-fosfoglicerato Formação de -
1 -
acetil CoA
CH2 O P
Ciclo do 1
3 1
ácido cítrico
Fosfoglicerato
O O
mutase
C Total 6 1 3 (-1) = 2
HC O P 2-fosfoglicerato Fonte: a autora.
CH2 O P
Lembrando que cada NADH levará a produção
H2O
de três ATPs e cada FADH2 formará dois ATPs -
Enolase
O O (6x2)+(1x2)+2= 22 ATPs são formados a partir da
C
Fosfoenolpiruvato
degradação do glicerol.
C O P
(PEP)
CH2
Estágio de ADP
endimento Piruvato cinase
ATP (PK) Degradação dos Ácidos Graxos
O O O O O O
C C NADH C
Como vimos, cada triglicerídeo que foi degradado
C OH C O + HO C H
NAD
CH2 CH3 CH3
liberou três ácidos graxos, que seguirá sua própria
Piruvato Piruvato Lactato L-lactato via de degradação, que veremos agora. O processo
(forma enol) (forma ceto) desidrogenase
(LDH)
de degradação dos ácidos graxos ocorre em três
etapas: ativação, transporte e beta-oxidação.
Figura 3 - Via de degradação do gliceraldeído 3-fosfato,
oriundo da degradação do glicerol
Fonte: Baynes e Dominiczak (2015, p. 146).
Ativação
O piruvato produzido pelas reações mostradas na
imagem anterior será convertido em acetil CoA, A ativação consiste em converter o ácido graxo
que será encaminhado para o ciclo do ácido cítri- em acil-CoA. Essa etapa ocorre por ação de acil
co. Todos os NADH e FADH2 serão encaminhados CoA sintetase que está associada na membrana
para cadeia transportadora de elétrons, promoven- externa da mitocôndria, conforme demonstrado
do a fosforilação oxidativa (NELSON et al., 2013). na equação a seguir:
(a)
O O
4
R C SCoA Carnitina Carnitina R C SCoA
1 O O 3
2
H SCoA R C Carnitina R C Carnitina H SCoA
ESPAÇO
MATRIZ
INTERMEMBRANAS
(b)
Figura 4 - Demonstração do mecanismo de transporte de Acil coA do espaço intermembranoso para a matriz mitocondrial
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 192).
UNIDADE 5 161
β-oxidação - Ciclo de Lynen
Na matriz mitocondrial, a acil-CoA será oxida- que fiquem uma acil-CoA com quatro carbono
da por uma via chamada de β-oxidação, porque e, dessa última sequência, já serão formadas duas
promove a oxidação do carbono β do ácido gra- moléculas de acetil CoA.
xo. Essa via também é conhecida como ciclo de Em cada sequência, dois carbonos são reti-
Lynen e consiste em uma série cíclica de quatro rados, dependendo do número de carbonos que
reações, ao final das quais a acil-CoA fica com o ácido graxo possuir, serão formados números
dois carbonos a menos, liberando uma molécula específicos de acetil-CoA, NADH e FADH2. Para
de acetil CoA, FADH2 e NADH. ácidos graxos pares, o número de acetil CoA for-
Para ácidos graxos com número pares de car- mados será a metade do número de carbonos e
bono, estas reações cíclicas serão realizadas até um a menos de NADH e FADH2.
O O O
R CH2 CH2 C R CH2 C CH3 C
β α SCoA SCoA SCoA
Acil-CoA Acil-CoA Acetil-CoA
(com n carbonos) (com n-2 carbonos)
tiolase
acil-CoA FAD
desidrogenase
H SCoA
FADH2
H O O O
R C C C R C CH2 C
H SCoA β α SCoA
Trans-∆2-enoil-CoA β-Cetoacil-CoA
H2O
+
OH O NADH + H
enoil-CoA
hidratase R C CH2 C β-hidroxiacil-CoA
H SCoA desidrogenase
+
NAD
L-Hidroxiacil-CoA
Figura 5 - Esquema da β-oxidação dos ácidos graxos (ciclo de Lynne)
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 193).
Como visualizado no esquema descrito ante- A última volta do ciclo da β-oxidação se ini-
riormente, essa degradação teve o seguinte saldo: cia quando o acilCoA apresentar cinco carbonos
8 acetil CoA, 7 NADH, 7 FADH2. e, nessa etapa, será produzida uma acetil CoA
Considerando que as moléculas de acetilCoA se- e uma molécula de propionil CoA com os três
rão oxidadas no ciclo do ácido cítrico, e que cada mo- carbonos que sobraram (em vez de duas molé-
lécula de acetil CoA irá produzir 3 NADH, 1FADH2 culas de acetil CoA). Essa molécula de Propionil
e um GTP, então, o saldo do ciclo do ácido cítrico será CoA será convertida a succinil CoA com gasto
- 3x8 = 24 NADH + 1x8 = 8 FADH2 + 8x1= 8 GTPs. de uma molécula de ATP.
Somando todos os NADH (31) e FADH2 (15), H CO2 H2O ATP ADP + Pi COO-
temos que lembrar que cada NADH equivale a 3 CH3 C H H C CH3
moléculas da ATP ( 31x3=93 ATPs) e cada FADH2 C C
equivale a 2 ATPs ( 15x2=30 ATPs) e somar os 8 O SCoA O SCoA
Propionil-CoA D-Metilmalonil-CoA
GTPs que energeticamente equivale a 8 ATPS. Não
podemos nos esquecer de subtrair os 2 ATPs que Propionil-CoA
carboxilase Metilmalonil-CoA
foram gastos na ativação. (Biotina) racemase
No final de todo o processo, teremos:
(93+30+8) - 2 = 131-2 = 129 ATPs que serão COO- CH2
originados na degradação de um ácido graxo CH3 C H H C H
com 16 carbonos. C C
O SCoA O SCoA
Os ácidos graxos com números ímpares de car-
L-Metilmalonil-CoA Succinil-CoA
bono terão sua via de degradação diferente, apesar
de representarem uma minoria dos carboidratos dis- Metilmalonil-CoA
mutase
poníveis na dieta. O processo de degradação começa (B12)
semelhante aos ácidos graxos pares, porém, apresen- Figura 7 - Transformação de propionil coA em succinil coA
ta diferenças na última volta do ciclo de β-oxidação. Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 195).
UNIDADE 5 163
O Succinil CoA na reação mostrada anteriormente, seguirá a via de degradação no ciclo do ácido
cítrico, produzindo 1NADH + 1FADH2 + 1GTP, conforme demonstra a imagem a seguir.
O
H3C C
SCoA
NAD
+ C O HO- C COO-
COO-
COO-
CH2 α-CETO-
FUMARATO CH GLUTARATO
CH2
HC
C O
COO-
succinato succinil-CoA α-cetoglutarato
COO-
desidrogenase sintetase COO- desidrogenase
CoA
COO-
CH2
CH2
CH2 NAD
+
FADH2
CH2
C O
COO- +
FAD HS-CoA NTP NDP + Pi SCoA CO2 NADH + H
SUCCINATO SUCCINIL-CoA
A síntese de ácidos graxos ocorre no citossol, para onde deve ser transportado o acetil-CoA forma-
do na mitocôndria a partir de piruvato como a membrana interna da mitocôndria é impermeável a
acetil-CoA, os seus carbonos são transportados na forma de citrato. Nessa condição, o citrato não
poderá ser oxidado pelo ciclo de Krebs, pois a isocitrato desidrogenase vai estar inibida, portanto
será transportado para o citossol, onde é clivado em oxaloacetato e acetil-CoA.
Para saber mais sobre o assunto, acesse: http://bioquimicadanutricao.blogspot.com.br/2011/07/
lipogenese-sintese-de-acidos-graxos.html.
Fonte: Reis (2011, on-line)1.
H
tretanto, um padrão seguido na HO CH2 O P HO CH2 O P
oxidação de todos eles. Vamos H3C + H3C +
relembrar a estrutura química N N
H H
de um aminoácido que foi abor- Piridoxal-fosfato Piridoxamina-fosfato
dada no módulo I, observando
a figura a seguir.
H
+
NH3 O
-OOC CH2 CH2 C COO- -OOC CH2 CH2 C COO-
H
H2N C COOH Glutamato α-Cetoglutarato
Figura 11 - Esquema mostrando a remoção do grupo amina para a degradação
R de aminoácidos
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 215).
Figura 10 - Fórmula geral de um
aminoácido O glutamato é um reservatório temporário de grupo amino, pro-
Fonte: a autora.
veniente de muitos aminoácidos que encaminha este grupamento
para as vias que podem excretá-los.
Remoção do
grupo amina
Destino do grupamento amino
Inicialmente, há remoção do
grupo amino e, a seguir, a oxida- O glutamato formado poderá seguir dois caminhos que são desa-
ção da cadeia carbônica em ele- minação e/ou transaminação, conforme demonstra a Figura 12.
mentos comuns à degradação de Na transaminação, o grupamento amino é transferido para
carboidratos e lipídios. O gru- oxaloacetato, formando aspartato e α-cetoglutarato. Dessa forma, o
pamento amino nos mamíferos aspartato é o segundo depositário do grupo amino, sendo retirado
será convertido em ureia pelo dos diversos aminoácidos que estão sendo degradados, conforme
fígado e excretado pelos rins. demonstra a Figura 13:
T Oxalacetato Glutamato
α-Cetoácido Glutamato α-Cetoglutarato
GD
+
NAD (P) + H2O
+
NAD(P)H + H
NH4
+
Aspartato α-Cetoglutarato
Figura 12 - Esquema mostrando as duas vias possíveis (desa-
Figura 13 - Esquema da via de transaminação do glutamato.
minação e transaminação) para a degradação do grupo amino
Fonte: Sande (2009, on-line)2.
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 217).
Já na desaminação, o glutamato libera o seu grupo amino na forma de amônia (NH3), que em pH
fisiológico se converte em íon amônio (NH4+). Essa reação utiliza NAD ou NADP como coenzima. A
enzima que processa a desaminação é específica para glutamato, portanto, para disponibilizar o grupo
amino de todos os outros aminoácidos, é necessário que ele esteja no glutamato.
Dessa forma, no processo de degradação dos aminoácidos, depois que o grupamento amino é trans-
ferido para α-cetoglutarato, pode ocorrer desaminação ou transaminação. Tanto o aspartato como o
íon amônio são precursores de ureia que será excretada pelos rins.
COO- COO-
+ + +
H3N CH + NAD(P) + H2O C = O + NAD(P)H + H + NH4
CH2 CH2
CH2 CH2
COO- COO-
Glutamato α-Cetoglutarato
Figura 14 - Esquema da via de desaminação do glutamato
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 216).
UNIDADE 5 167
Eliminação do grupamento amino
O grupamento amino, retirados dos aminoácidos, do citrulina, que é transportada para o citossol.
será eliminado do organismo e, para isto, deverá No citossol, a citrulina reage com o aspartato,
ser transformado em ureia. A ureia será sinteti- formando arginino-succinato, e nessa reação
zada no fígado a partir de NH4+, aspartato e CO2. uma molécula de ATP é hidrolisada a AMP,
Os dois átomos de nitrogênio são proveniente de o que equivale ao gasto de duas moléculas de
NH4+ e aspartato, enquanto o átomo de carbono ATPs. Arginino-succinato se decompõe em ar-
provém de CO2. Após a formação no fígado, a ginina e fumarato.
ureia é encaminhada aos rins para ser excretada. A arginina é hidrolisada produzindo ureia e
A síntese de ureia inicia-se na matriz mito- regenerando a ornitina. O fumarato é degrada-
condrial com a formação de carmaboil-fosfato do no ciclo do ácido cítrico. Essa degradação de
a partir de bicarbonato e amônio, consumindo fumarato leva à produção de uma molécula de
duas moléculas de ATPs. As reações que seguem NADH – que vai ser encaminhada à cadeia trans-
são chamadas de ciclo da ureia e ocorrem, parcial- portadora de elétrons e fosforilação oxidativa.
mente, na matriz mitocondrial e citossol. Essa cadeia de fosforilação oxidativa produz
O carmaboil-fosfato, ainda na matriz mito- três ATPs que diminuem o gasto energético da
condrial, condensa-se com a ornitina, originan- produção de ureia – este gasto é de quatro ATPs.
NH4+ + HCO3-
2 ATP
1
+
2 ADP + Pi + 2H
O
H2N C O P
CARBAMOIL-FOSFATO
Pi
ORNITINA CITRULINA
2 O
+
NH3 MITOCÔNDRIA HN C NH3
(CH2)3 (CH2)3
+ +
HC NH3 HC NH3
COO- COO-
ORNITINA CITRULINA
O COO-
+
ATP H3N C H
H2N C NH2
5 CH3
URÉIA 3
H2O COO-
AMP + PPi
ASPARTATO
+
NH2
+ NH2 COO-
HN C N C H
HN C NH2 H
(CH2)3 CH2
(CH2)3 4 +
+ HC NH3 COO-
HC NH3
COO-
COO-
ARGININA
COO- ARGININOSSUCCINATO
HC
CH
COO-
FUMARATO
Figura 15 - Esquema do ciclo da ureia
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 218).
Glutamato
NH4+ Aspartato
HCO3 3
Oxaloacetato
NADH 3 ATP
4 ATP CICLO
2
DA
URÉIA Malato
Fumarato 1
Figura 16 - Esquema da integração do ciclo da ureia com o ciclo do ácido
cítrico (krebs)
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 219).
UNIDADE 5 169
Como as possibilidades de degradação são distintas para cada aminoácido, levando a uma quanti-
dade variável de moléculas de ATPs, não calcularemos o número de ATPs formados por degradação
dos α-cetoácidos dos aminoácidos.
1. Piruvato 4. Succinil-CoA
2. Oxaloacetato 5. α-Cetoglutarato
3. Fumarato 6. Acetil-CoA
1
Ala
Cys
Gly 6
Ser Piruvato
Ile
Thr Leu
Trp Lys
Acetil-CoA Phe
Thr
2 Trp
Asn Tyr
Asp Oxaloacetato 5
Arg
His
α-Cetoglutarato Gin
3 Glu
Asp 4 Pro
Phe Fumarato Ile
Tyr Met
Succinil-CoA
Thr
Val
Figura 17 - Esquema mostrando os destinos dos esqueletos carbônicos (α-cetoácidos) para degradação
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 221).
As proteínas são elementos estruturais que formam hormônio, enzimas, anticorpos e sua degradação
para fins energético não é uma atividade metabólica desejável.
Glicose
Figura 19 - Esquema da síntese de glicogênio
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 164).
UNIDADE 5 175
BAYNES, J. W.; DOMINICZAK, M. H. Bioquímica Médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
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CONCLUSÃO