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Módulo 1: Princípios Básicos

Olá alunos! Bem-vindos ao curso Tópicos de Economia! Ao final do curso,


vocês estarão familiarizados com temas básicos de Economia, uma ciência tão
importante e que afeta diretamente e indiretamente a vida de todos nós.

1. Definição de Economia

A economia é a ciência que estuda a produção, o consumo e a circulação dos


bens e serviços que são utilizados para satisfazer os desejos e aspirações da
sociedade. Mas o que isso significa? Em nosso dia a dia, nos deparamos com
situações como o aumento dos preços dos alimentos, da gasolina, aumento
das taxas de desemprego, diferenças salariais, variação das taxas de câmbio
ou juros. A Economia segundo Vasconcellos e Garcia (2014), tem como
objetivo analisar os problemas econômicos e formular soluções para melhorar
a qualidade de vida da sociedade.

As necessidades humanas são infinitas ou ilimitadas, ou seja, é natural que o


ser humano nunca esteja satisfeito com o que têm e sempre há a aspiração
para atendimento de uma necessidade adicional. Em contrapartida, os recursos
de produção (também chamados de fatores de produção) para a fabricação de
bens e serviços são limitados ou finitos. Podemos dar como exemplo de
recursos limitados, a limitação de recursos naturais (terras para o plantio de um
determinado produto), o volume de mão de obra disponível ou as máquinas
disponíveis para serem empregadas em uma fábrica.

Portanto, independentemente da capacidade financeira da sociedade, os


fatores de produção serão sempre escassos para o atendimento das
necessidades e desejos dos bens e serviços. A economia, então, é a ciência
que estuda o uso dos recursos escassos na produção de bens alternativos, ou
em outras palavras, é a ciência que estuda a escassez.

1.1. Economia de Mercado, Economia de Comando e a Mão invisível


Entende-se como Economia de Mercado um sistema econômico que tem como
premissa básica a centralidade do mercado na economia, através da redução
da intervenção e do papel exercido pelo Estado na economia.

Neste tipo de economia capitalista, a produção e o consumo são resultados de


decisões descentralizadas de indivíduos e empresas, não havendo um controle
central determinando o que deve ser produzido ou ofertado à população. É na
Economia de Mercado que cada um produz e compra o que quer, buscando o
lucro ou atendendo sua necessidade de consumo.

De forma antagônica, existem as economias de comando, aonde a autoridade


central determina a produção e o consumo. Um exemplo clássico e que não
funcionou, foi a União Soviética entre os anos de 1917 e 1991. Neste tipo de
economia, os produtores enfrentaram escassez de matérias-primas essenciais
à sua produção, e nos raros momentos que conseguiam produzir, não havia
ninguém para comprá-los. Neste tipo de economia era característico a falta e a
dificuldade para encontrar produtos disponíveis nas prateleiras e as
intermináveis filas nos comércios locais.

Para regular a economia, segundo as orientações da Economia de Mercado,


não há necessidade de intervenção do Estado, pois o mercado se autorregula.
Tal regulação acontece com base nos princípios da livre concorrência e da lei
da oferta e da procura. Segundo Krugman e Wells (2007), os residentes de
qualquer grande cidade morreriam de fome em poucos dias se as ações não-
planejadas, mas de algum modo ordenadas, de milhares de firmas não
fornecessem uma oferta constante de alimentos. Surpreendentemente, o
"caos" sem o plano de uma economia de mercado acaba sendo muito mais
ordenado do que o "planejamento" de uma economia de comando.
O economista escocês Adam Smith em seu
livro A Riqueza das Nações (1776)
escreveu sobre como os indivíduos,
buscando seu interesse próprio, muitas
vezes acabam servindo ao interesse da
sociedade em seu conjunto.

Segundo o autor, um homem de negócios


procura apenas seu próprio ganho e,
nisso, como em muitos outros casos, é
levado por uma mão invisível a promover
um fim que não estava entre suas Fonte: https://pt.wikipedia.org/
intenções.

O termo mão invisível passou a se referir à maneira pela qual uma economia
de mercado consegue domar o poder do interesse próprio em favor do bem
da sociedade.

Princípios Básicos

Vamos examinar os quatro princípios básicos de análise econômica


envolvendo a escolha individual.

Imaginemos que você, meu aluno(a) da FSM tem que decidir se irá passar as
festas de final de ano em Recife ou em João Pessoa. Vamos supor que em
João Pessoa você tenha um colega que alugou uma casa e ofereceu um
quarto de graça para passar o Réveillon e por outro lado, você tem um outro
grupo de amigos que estarão curtindo as festas de fim de ano em Recife.
Imagine também que um tio seu irá para Recife de carro e ofereceu uma
carona (lembrando que partindo de Cajazeiras, o custo de transporte para
Recife é mais caro se comparado com João Pessoa), porém você teria que
arcar com as despesas com hospedagem em Recife. A decisão para qual
cidade você irá levará em conta um numero limitado de opções e para qualquer
questão econômica, por mais simples que seja, envolverá a escolha individual.
O primeiro princípio que iremos estudar é sobre a escassez dos recursos.
Voltando à sua viagem de final de ano com os amigos na praia, você tem que
fazer uma escolha e decidir para onde irá. Você não tem tempo de ir para os
dois lugares em único dia e não tem dinheiro para ir de avião de uma cidade
para outra e ver os dois grupos de amigos, ou seja, os seus recursos, seja
tempo ou dinheiro, são escassos. Recurso é qualquer coisa que pode ser
usada para produzir alguma outra coisa, como por exemplo terra, trabalho (o
tempo disponível dos trabalhadores), capital (maquinaria, construção e outros
ativos produtivos fabricados pelo homem) ou capital humano (as conquistas
educacionais e habilidades dos trabalhadores). Um recurso é escasso quando
sua quantidade disponível não é suficiente para satisfazer todos os seus usos
produtivos. São exemplos de recursos escassos os recursos naturais que
provêm do ambiente físico como a madeira e o petróleo.

O segundo princípio que falaremos é o do custo de oportunidade. Lembrando


nosso exemplo anterior sobre a viagem a Recife ou João Pessoa, vamos supor
que em Recife seus amigos tinham organizado uma festa em um quiosque na
praia de Boa Viagem, enquanto seus amigos que estão em João Pessoa
organizaram uma festa na piscina. Se por acaso você escolher ir para Recife, o
prazer que você teria tido na festa da piscina em João pessoa é o custo de
oportunidade da sua escolha.

O terceiro princípio econômico que iremos estudar é o da análise marginal.


Vamos imaginar agora que os custos para sua viagem à praia estivessem
equiparados para Recife e João Pessoa, porém, um amigo seu que está em
Recife sugere que todos deveriam ir à Olinda para curtir um dia de festas a um
custo de 100 reais a mais no orçamento. Esta decisão de comparar o custo e
beneficio de algo a mais a ser decidido e feito é chamada de análise marginal.
Na economia, a análise marginal desempenha um papel central por que é a
chave para decidir “quanto” fazer de algo.

O quarto princípio que iremos estudar é o de que as pessoas reagem a


incentivos. As pessoas exploram as oportunidades de melhorar sua própria
situação, e esta é a base de todas as previsões dos economistas sobre o
comportamento individual. Os incentivos são cruciais para analisar o
funcionamento do mercado. Por exemplo, se você estiver se planejando para
ir ao Estrela Park Show em todos os dias de Vaquejada, mas os preços dos
ingressos estão muito caros, isto fará com que você opte por ir menos dias
para ao evento. Em outras palavras, um determinado preço de mercado
escolhido proporciona um incentivo para que os compradores consumam,
ou seja, o consumidor reage a um incentivo (algo que induz uma determinada
pessoa a agir).

Vimos até aqui os princípios relacionados a escolhas individuais e agora iremos


estudar os princípios relacionados às interações dessas escolhas. Os
cinco princípios subjacentes à interação entre escolhas individuais são: há
ganhos do comércio; os mercados buscam equilíbrio; a eficiência dos recursos
para alcançar os objetivos da sociedade; os mercados normalmente levam à
eficiência e o papel do governo para melhorar o bem-estar da sociedade.

O primeiro princípio relacionado à interação entre as escolhas individuais é o


de que há ganhos com o comércio. Segundo Krugman e Wells (2007), a
economia como um todo pode produzir mais quando cada pessoa se
especializa em uma tarefa e comercializa com as outras. A razão pela qual
temos uma economia e não muitos indivíduos auto-suficientes, é que há
ganhos do comércio: ao dividir as tarefas e realizar trocas a sociedade
consegue atender suas necessidades de maneira melhor, se comparada a um
cenário de estrutura auto-suficiente. Os ganhos do comércio surgem sobretudo
dessa divisão de tarefas, o que os economistas denominam de especialização,
isto é, uma situação em que diferentes pessoas se ocupa de diferentes tarefas.
Um exemplo prático é um morador da zona rural de São João do Rio Peixe que
resolve suprir (produzir localmente) todas as necessidades de sua família,
desde roupas, comidas etc. Infelizmente, viver desse jeito seria muito
complicado, pois, esta família não conseguiria ter acesso a uma variedade de
produtos básicos, como por exemplo, produtos de higiene pessoal, roupas ou
uma alimentação diversificada. Portanto, a chave a chave para um padrão de
vida melhor é o comercio, ou seja, há ganhos com a adoção do comércio.
O segundo princípio é que os mercados usualmente alcançam o equilíbrio via
mudanças de preços, que aumentam ou diminuem até que se acabem as
oportunidades para que os indivíduos melhorem sua própria situação. Vamos
supor que você pretende comprar cerveja para um evento que fará em sua
casa. Ao visitar o Supermercado Brasil, o pacote com meia dúzia de cervejas
está custando 25 reais enquanto no Supermercado Primavera, o mesmo
pacote está custando 35 reais. Neste exemplo hipotético, é esperado que o
Supermercado Primavera acumule estoque e não venda o pacote do produto e,
com o tempo, uma revisão dos preços será feita e o valor ficará mais próximo
ao patamar de seu concorrente, dessa forma, alcançando o equilíbrio.

O terceiro princípio é o do uso eficiente dos recursos. Para os economistas,


os recursos de uma economia são usados eficientemente quando utilizados de
modo a explorar plenamente todas as oportunidades de melhorar a situação de
cada um. Em outras palavras, uma economia é eficiente quando usa todas as
oportunidades de melhorar a situação de alguns sem piorar a situação de
outros. Um exemplo deste princípio é o de que máquinas eficientes produzem
mais, ou seja, em uma fazenda produtora de soja um trabalhador com um trator
movimenta muitíssimo mais terra do que outro que tenha apenas uma enxada.
É um exemplo básico, porém na visão da economia, a utilização de um recurso
eficiente gera ganhamos produtivos maiores. Particularmente nas indústrias
modernas, onde as funções dos operários em geral não se resumem a apertar
continuamente o mesmo parafuso numa linha de montagem (como ironizado no
famoso filme de Charles Chaplin, “Tempos Modernos”), o nível de
conhecimento, utilização de recursos corretos e a preparação dos
trabalhadores pode fazer uma enorme diferença no tocante à eficiência
produtiva.

O quarto princípio é o de que os mercados levam à eficiência. Este princípio


define que em uma economia de mercado os indivíduos são livres para
escolher o que consomem e o que produzem, e normalmente, as
oportunidades de ganho mútuo são aproveitadas. Se há alguma maneira de
melhorar a situação de algumas pessoas, é esperado que elas tirem proveito
da oportunidade. É exatamente isso que define a eficiência: todas as
oportunidades de melhorar a situação de qualquer um foram exploradas. Em
um módulo a seguir, vamos estudar que há exceções a este princípio de que os
mercados são eficientes e estudaremos o conceito de falhas de mercado,
aonde a busca individual do interesse próprio piora a situação da sociedade, e
portanto, o resultado do mercado é ineficiente.

Por fim, o quinto princípio trata do papel do governo para melhorar o bem-
estar da sociedade. Quando os mercados não alcançam a eficiência, a
intervenção do governo pode melhorar o bem-estar da sociedade. Isto é,
quando os mercados dão errado, uma política apropriada do governo pode
algumas vezes aproximar a sociedade de um resultado eficiente, ao modificar
a maneira de como os recursos da sociedade são usados. Um exemplo é o da
prefeitura do Estado de São Paulo ao impor o rodízio para circulação dos
veículos. Como a frota de veículos na rua na cidade de São Paulo é na casa
dos milhares, o governo atua limitando o horário permitido para o tráfego. Vale
destacar que outras medidas poderiam ser realizadas, como cobrança de
pedágio, cobrança de mais impostos etc.

Princípios de Economia

• Os recursos são escassos


• O custo econômico de um bem é dado pela alternativa de que se abre
mão para obtê-lo : “custo de oportunidade”.
• Escolhas racionais são feitas “na margem”
• Agentes econômicos respondem a incentivos.
• Há ganhos com o comércio
• Os mercados usualmente alcançam o equilíbrio via mudanças de
preços
• Uso eficiente dos recursos
• Os mercados levam à eficiência
• Quando o mercado falha, a intervenção do Governo pode ser indicada
Um definição para Curto e Longo Prazo

Em economia, define-se o horizonte temporal a partir da mobilidade dos fatores


de produção. Desse modo, o curto prazo é definido como o momento onde
alguns fatores de produção são fixos enquanto outros são variáveis. Já no
longo prazo, todos os fatores de produção são móveis, ou seja, é permitida na
análise de longo prazo uma alteração total de uma planta de produção.

Custos Fixos, Quase-Fixos e Irrecuperáveis

Os custos fixos são aqueles que independem do nível de produto e, em geral,


têm de ser pagos mesmo que a empresa não produza bem algum (ex. aluguel).
Já os custos quase-fixos também independem do nível de produção, entretanto
ocorrem apenas se a empresa operar em um nível positivo de produção. Por
fim, os custos irrecuperáveis são um tipo específico de custo fixo que após
incorridos não podem mais gerar retorno (ex. pintura do imóvel).

Bibliografia Básica

KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à Economia. Rio de Janeiro:


Campus/Elsevier, 2007.
CHANG, H-J. Economia: modo de usar - Um guia básico dos principais conceitos
econômicos. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014.
WHEELAN, C. Economia nua e crua: O que é, para que serve, como funciona.
Rio de Janeiro: Zahar, 2O14

• Sugestão de Vídeo

Charlie Chaplin - Tempos modernos (1936) (disponível no youtube)

Relação de unidades curriculares aderentes: Identificação de disciplina


presente na grande curricular do curso específico.

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