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→ A produtividade laboral
Os salários acompanham a produtividade: maior produtividade traduz-se em mais
elevados salários e menor produtividade implica precisamente o contrário.
É o incremento de produtividade do trabalho que explica uma subida de salários
reais, o aumento do poder de compra propiciado pelos salários e uma melhoria do
bem-estar dos consumidores. É esse aumento de produtividade que subjaz ao
progresso económico; e é a diferença de níveis de produtividade laboral que explica a
própria diversidade internacional de níveis de prosperidade.
O que é que determina a produtividade e, portanto, também a sua desigual
manifestação intemporal e internacional?
∙ o capital (físico): o ∙ o capital humano: o ∙ a tecnologia:
acervo de bens nível de educação e de conhecimento relativo a
intermédios e capacidade de formas optimizadoras
instrumentais que, conversão de de produção e de
combinados com o conhecimentos ma prestação de trabalho.
trabalho lhe potenciam otimização de formas
o rendimento; produtivas;
→ Os diferenciais compensatórios
A igualdade entre indivíduos não existe senão em termos muito aproximativos-
sendo vão o valor atribuído socialmente ao produto marginal de cada um deve ser
igual em quaisquer circunstancias, por mais aproximadas que sejam as características
de dois trabalhadores; e que as funções para o desempenho das quais são
procurados trabalhadores podem ser muito distintas entre si, estando associadas a
essas funções algumas características não-monetárias que justificam diferentes
compensações monetárias.
O salário (a remuneração monetária) é apenas um dos aspetos a tomar em
consideração pelo candidato a um emprego, sendo várias as outras características a
levar em conta para se determinar se se trata de um bom ou de um mau emprego.
Diferencial compensatório: disparidade salarial que resulta da diversidade de
características não-monetárias dos diversos empregos (ex.: muitas profissões reclama
→ O capital humano
Capital humano: fruto do investimento feito na formação pessoal, de que se espera
um resultada em termos de aumento de produtividade conexa com o incremento das
aptidões em cada pessoa que beneficia daquele investimento. Pode ser definido como
o valor presente- descontado- do total das remunerações futuras esperadas em função
de um determinado investimento em especialização.
A mensagem fulcral subjacente à ideia de capital humano é a de que o investimento
na educação é nitidamente compensado por incrementos remuneratórios que mais do
que compensam, no seu total, o custo integral do investimento, incluindo o custo de
oportunidade do acesso tardio ao mercado de trabalho. A educação provocaria não só
incrementos de produtividade, como sinalizaria socialmente a presença de uma nova
qualidade de prestação de trabalho.
Disto resultaria um inequívoco ganho remuneratório para o trabalhador em cujo
capital humano se investira, justificando os diferencias entre trabalhadores
especializados e não-especializados – acrescentando-se, do ponto de vista social, os
efeitos de externalidade positiva advindo do simples incremento do nível educativo de
cada um e de todos os trabalhadores.
Mas essa mensagem torna-se menos nítida quando consideramos que o retorno do
investimento em capital humano deve ultrapassar os custos diretos e os custos de
oportunidade daquilo que são por vezes muitos longos processos formativos, e que
esse cômputo deve reportar-se ao total do ciclo de uma vida.
Nos países desenvolvidos, a evolução tem se dado no sentido do favorecimento do
grau educativo dos trabalhadores, no duplo sentido de terem melhorado as
remunerações correspondentes ao incremento marginal do investimento em capital
humano e de ter aumentado a disparidade entre vencimentos médios correspondentes
a cada grau educativo.
O desemprego tende (com exceções) a atingir mais pesadamente os trabalhadores
com menor formação.
Na abordagem macroeconómica, algumas teorias do crescimento colocam grande
enfase no capital humano, sobretudo naquilo que representa de possibilidades de
assimilação de inovações tecnológicas e de “saltos qualitativos” na produção, ou de
indício de sustentabilidade do crescimento através da acumulação desse capital
humano. É unanime a opinião de que o investimento em capital humano produz
resultados líquidos positivos na aceleração das taxas de crescimento económico,
recomendando-o.
→ A discriminação no mercado
Fenómeno da discriminação: manifestação, no mercado de fatores, de uma procura
de trabalhadores condicionada por critérios de sexo, raça ou etnia, convicções
religiosas ou políticas.
As práticas discriminatórias no mercado de trabalho, que começam por atingir o
trabalho feminino como um todo e atingem também, em sobreposição, minorias
raciais ou étnicas, sem qualquer base explicita em diferenciações objetivas de
produtividade laboral, e geralmente constituindo um fim nelas próprias, ou seja,
respondendo a uma necessidade de discriminação que é desse modo satisfeita.
Algumas dessas práticas têm o seu impacto atenuado por considerações relativas ao
capital humano, sendo que muito daquilo que passa estatisticamente por
discriminação é já o fruto de diferenciais remuneratórios determinados por diferentes
graus de investimento em capital humano.
Alguma da discriminação que atinge as mulheres resulta do menor investimento que,
estatisticamente, as mulheres fazem no capital humano que resulta da experiência
profissional, dada a decisão que um grupo significativo entre elas faz voluntariamente
no sentido de abandonar temporariamente o mercado de trabalho para se dedicar ao
cuidado das suas crianças; o facto de elas terem tendência, em média, para fazerem
opções profissionais mais seguras, previsivelmente mais duradouras e menos
penosas, prescindindo do diferencial de compensação que acompanharia opções mais
extremas e arriscadas.
A discriminação tende a reforçar-se através de um faceta estatística, que retira do
diferencial das médias remuneratórias um reforço para a continuação das praticas
discriminatórias, que passam a poder ser apresentadas como normais, e dela pode
resultar um novo agravamento da situação, que resulta do facto de a exclusão de
mulheres dos postos de trabalho “masculinos” tender a expandir a oferta de trabalho
nas “ocupações femininas”, contribuindo para baixar ainda mais os salários de
equilíbrio nestas ocupações.
A diminuição das disparidades salariais por sexos não tem ocorrido de forma linear
nem uniforme.
O peso principal da discriminação salarias contra as mulheres assenta nas restrições
de acesso a certas ocupações profissionais- está comprovado que as diferenças
salariais tendem a diminuir num setor económico logo que as mulheres ingressam em
todas as ocupações nele disponíveis.
→ A perspetiva feminista
A abordagem feminista aponta para o valor vital da solicitude afetiva que, á mistura
com a determinação genética faz da mulher a protagonista principal da devoção
familiar, da segurança e da prole e, através delas, da perpetuação da espécie- ideias
que são desequilibradamente cometidas às mulheres, sem que verdadeiramente lhes
seja oferecida a escolha.
Isso interpela o Direito, a consciência jurídica, no sentido da reforma do quadro
normativo rumo à abolição daquelas discriminações que o mercado se revela
impotente para erradicar.
→ A produtividade e o crescimento
A razão pela qual se verificam diferenças de ritmos de crescimento entre
países e, dentro do mesmo país, a variação de ritmos intertemporais e a logo
prazo, centra-se na produtividade, mais propriamente a produtividade média
dos trabalhadores de um país, o PIB real por hora de trabalho, que equivale à
quantidade de bens e serviços úteis que cada trabalhador é capaz de produzir
por unidade de tempo.
Noutro sentido, a produtividade é essencialmente a produtividade laboral, já
que, apesar de a oferta agregada depender não apenas da quantidade de
trabalho disponível, mas também da quantidade de capital e da qualidade
tecnológica. A produtividade pode medir-se em termos de uma função de
produção que relaciona as variações do PIB real com as variações de
quantidade de trabalho aplicado na produção.
Em termos macroeconómicos só se pode consumir na medida em que se
produziu, portanto, o nível de produção é decisivo: só pode haver dispêndio se
houver produto que possa ser, ou consumido diretamente, ou trocado
→ Teorias do crescimento
Há a distinguir três teorias básicas sobre o crescimento económico:
1) Teoria Clássica
∙ “teoria malthusiana” ou “malthusianismo”;
∙ Sustenta que não é possível um crescimento do PIB real senão em
termos muito fugazes e limitados, já que todo o aumento do PIB per
capita que ultrapassasse o simples limiar da sobrevivência resultaria
numa explosão demográfica que novamente faria regressar o PIB per
capita àquele nível mínimo de subsistência;
∙ Consequência: o mecanismo económico condenaria as populações a
estados generalizados de equilíbrio de pobreza, permanentemente
expostos à degradação sociológica para estados de carência e fome-
provocados pelo próprio esforço individual de enriquecimento (armadilha
malthusiana).
2) Teoria Neoclássica
- “Teoria do crescimento exógeno”;
- Consideração do papel do progresso tecnológico no crescimento
económico, admitindo que as limitações físicas pressupostas na teoria
clássica possam ser por “saltos qualitativos” induzidos por refinamento
do conhecimento que permitam aumentos de poupança e investimento
per capita;
- Separa o crescimento económico do crescimento demográfico;
- Ideia de que o progresso tecnológico não depende do crescimento
económico, mas antes fatores exógenos;
- Robert Solow faz esse crescimento depender da combinação de três
fatores: o ritmo de poupança e de investimento, o ritmo de crescimento
demográfico, o progresso tecnológico;
- Esta teoria, centrada na noção de acumulação de capital, aponta para
um limite ao crescimento provocado pela quebra de produtividade
marginal- um estado no qual a taxa de crescimento deixa de ser
influenciada pelo ritmo da poupança, e passa a depender
exclusivamente do crescimento demográfico- fator exógeno;
- Nesta perspetiva, se a poupança deixa de influenciar a partir de certo
ponto a taxa de crescimento, em contrapartida continua a afetar o nível
de rendimento, interferindo na evolução do quociente
investimento/rendimento
→ O advento do keynesianismo
John Maynard Kaynes constatou que elevados níveis de poupança, em vez
de sinalizarem apenas disponibilidade de fundos para investir, poderiam antes
sinalizar aos empresários baixos níveis de consumo, sendo que por isso um
elevado nível de poupança, em vez de facilitar uma elevação do nível de
investimento, poderia ao invés determinar uma retração do investimento,
agravando a disparidade entre os dois valores e gerando o desemprego desses
fundos disponíveis.
O declínio das despesas de consumo determinaria um declínio das despesas
de investimento, e ambos os declínios combinados provocariam uma
Margarida Serrão 2020/2021
diminuição do rendimento.
→ A oferta agregada
No longo prazo, é vertical a curva da oferta agregada (as variações do nível
de preços em nada afetam as quantidades de bens e serviços produzidos).
É, no longo prazo, ao mesmo tempo uma vertical e o somatório de curvas de
oferta de bens e serviços que têm, cada uma delas, uma inclinação positiva.
A oferta agregada representaria, no longo prazo, p crescimento potencial ou o
nível de produção de pleno emprego que correspondesse às características
estruturais de uma economia nacional. O PIB potencial é o valor que podia ser
produzido se existisse pleno emprego de recursos.