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ECONOMIA A

RENDIMENTOS E REPARTIÇÃO DOS RENDIMENTOS


A ATIVIDADE PRODUTIVA E A FORMAÇÃO DOS RENDIMENTOS
A utilização dos fatores produtivos na atividade econômica(matérias primas, utilização do
trabalho, tecnologia…) permite gerar um rendimento (através da venda dos bens produzidos) que é
distribuído pelos vários elementos que participaram na produção.
Isto significa que os indivíduos que contribuíram para essa produção são remunerados de
acordo com o seu contributo.
Os rendimentos podem ser definidos como fluxos que se geram na atividade produtiva,
através da utilização de capital e trabalho, e que posteriormente são distribuídos pelos vários agentes
intervenientes.
O valor que é atribuído aos bens depois de terem sido transformados é superior ao valor
dos vários elementos que o compõem e quanto maior é o grau de transformação dos bens, maior é
o seu valor acrescentado. O valor acrescentado é o valor adicional que é gerado em cada processo
produtivo e que representa a base da riqueza efetivamente criada por cada unidade produtiva.

REPARTIÇÃO FUNCIONAL DOS RENDIMENTOS


Uma vez realizada a produção, e sabendo também que para ela foram
precisos fatores produtivos- trabalho e capital, como é lógico há que os
remunerar.
Uma vez que os fatores capital e trabalho desempenham funções
diferentes na atividade produtiva, cada um deles deverá ser
remunerado de acordo com as suas funções no processo
produtivo.

Assim, os rendimentos gerados pelo ato produtivo- rendimentos primários- dividem-se em dois
tipos, os rendimentos provenientes do fator trabalho e os rendimentos provenientes
do fator capital. O fator trabalho é remunerado através dos salários e o fator capital pode ser
remunerado por meio de juros, de rendas ou de lucros.
A REMUNERAÇÃO DOS FATORES PRODUTIVOS- RENDIMENTOS PRIMÁRIOS

O SALÁRIO - A REMUNERAÇÃO DO TRABALHO

O rendimento obtido pelos trabalhadores em troca da força de trabalho despendida na


produção dos bens e serviços é o salário.
(A fixação dos salários resulta por norma de convenções coletivas de trabalho estabelecidas entre sindicatos e
empresas.Quando os trabalhadores não estão organizados em sindicatos, a fixação dos rendimentos pode resultar da
negociação individual entre o trabalhador e o empresário.)

Ainda podemos distinguir o salário nominal e o salário real.


O salário nominal representa a quantidade de moeda que um indivíduo recebe em troca
pelo seu trabalho.
O salário real diz respeito à quantidade de bens que esse indivíduo consegue adquirir
com o seu salário nominal, refletindo-se neste caso o efeito da inflação. Se o nível geral de
preços for aumentando a um ritmo superior ao do aumento do salário nominal, o salário real vai
ficando cada vez menor.

RENDA, JURO, LUCRO - A REMUNERAÇÃO DO CAPITAL

Entende-se por capital ou meios de produção, os edifícios, as máquinas, as terras, e até mesmo o
próprio dinheiro necessário ao investimento.
O detentor dos meios de produção ou capital é denominado por capitalista, no entanto é
também possível atribuir-lhe outras designações específicas conforme o tipo de meio de produção
de que possui.

➔ Rendas
A renda é a remuneração que é paga pela utilização temporária de bens imóveis,
como edifícios ou terrenos.
O arrendamento ocorre quando uma pessoa, que é proprietária de um bem imóvel, cede a sua
utilização durante um determinado período de tempo, mediante o pagamento de uma renda
estabelecida por meio de um contrato de arrendamento.
O capitalista que possui terras, armazéns, andares ou instalações, perante esta situação dá se o
nome de proprietário.

➔ Juros
O juro é uma remuneração pela cedência temporária de uma determinada quantia
em dinheiro.
Quando um indivíduo possui capital que não necessita de utilizar durante um determinado
período de tempo, pode cedê-lo,por intermédio do banco depositário, recebendo juros em troca.

O juro é, então, o preço do dinheiro, é o valor que é pago a


alguém pela disponibilização temporária de uma determinada
quantia.
O capitalista que possui, não de meios de produção
anteriormente referido mas sim de dinheiro em forma de
depósitos bancários, perante esta situação dá se o nome
particular de capitalista.
➔ Lucros
Temos ainda outra situação em que o indivíduo possui, como forma de capital, a empresa
propriamente dita, gerindo-a de forma a obter dela a maximização das suas capacidades e do seu
rendimento.
O lucro é o rendimento conseguido pela empresa e não é estabelecido previamente, pois
depende da forma como é feita a gestão da empresa e dos condicionalismos favoráveis ou
desfavoráveis à atividade económica.
O apuramento do lucro faz-se pela diferença entre o preço de venda e o preço de custo dos bens
produzidos.
Lucro = preço de venda – preço de custo

Neste caso fala se então do empresário que, pela sua iniciativa, risco, capacidade de
empreendimento, consegue dinamizar a empresa e contribuir para o desenvolvimento da atividade
econômica.

A REPARTIÇÃO PESSOAL DOS RENDIMENTOS


Como vimos anteriormente a repartição dos rendimentos numa perspetiva funcional, tem em conta
as diferentes funções que os fatores de produção desempenham no processo produtivo.
Numa segunda análise, é também importante ver como se distribuem os rendimentos pelas pessoas
que compõem a comunidade,fazendo assim uma análise da repartição do rendimento, numa
perspetiva pessoal.
A repartição pessoal dos rendimentos refere-se à forma como são constituídos os
rendimentos dos diversos agregados familiares de uma população. Segundo esta perspetiva,
o que se evidencia é a desigualdade na repartição dos rendimentos pelas famílias, estas
desigualdades podem resultar de diversos fatores como:

● Ramo de Atividade; ● Experiência;


● Região; ● Propriedade dos meios de produção;
● Gênero; ● Idade;
● Tipo de profissão; ● Outras..
● Qualificações;

O LEQUE SALARIAL
↪ O leque salarial de um país representa a relação existente entre o
salário máximo e o salário mínimo desse país, permitindo tirar
conclusões sobre a dispersão dos salários.

➔ Quanto mais alargado for o leque salarial, maiores serão as


desigualdades salariais.
➔ O leque salarial indica quantas vezes o salário máximo é superior ao
salário ao salário mínimo, calculando-se através do quociente entre o
primeiro e o segundo
➔ É um indicador de desigualdade salarial.
O RENDIMENTO PER CAPITA
Para se poder avaliar melhor o poder de compra da população de um certo país, calcula se,
por norma, o rendimento per capita, indicador do nível médio de rendimento de uma população.
➔ É o rendimento médio por habitante, é um indicador frequentemente usado para estabelecer
comparações entre regiões e países, podendo verificar o desenvolvimento dos países.

LIMITAÇÕES DO RENDIMENTO PER CAPITA

● Por representar uma média, oculta desigualdades na repartição de riqueza pela população
ou pelas diferentes regiões que constituem o país.
● Por representar um valor económico global, não discrimina a natureza da riqueza. Ora um
país pode ser rico em termos económicos mas não o ser em termos sociais, culturais, ambientais ou
políticos.
● Por ser calculado com base nos dados do setor formal da economia, ignora todo o setor
informal,( que representa, especialmente em países menos desenvolvidos uma grande parte).
Este setor informal é também designado por economia paralela*.

Para ultrapassar algumas destas limitações, e se fazer um aprofundamento dos estudos sobre a
realidade social de cada país, utiliza-se o rendimento per capita juntamente com outros dados ou
instrumentos de análise:
➔ Curvas de Lorenz - ilustram as desigualdades na repartição dos rendimentos;
➔ Inclusão de alguns elementos disponíveis sobre o valor da economia paralela;
➔ IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)- inclui dados sobre a educação e a saúde, para além
de valores econômicos.
CURVAS DE LORENZ
↪ É um diagrama que representa, por classes percentuais, a parte do rendimento que cabe a cada
grupo da população, permitindo avaliar as desigualdades de uma sociedade.

A diagonal é a curva que serve de referência para a


medição do grau de concentração dos rendimentos das
famílias, o grau de concentração de rendimentos é nula, a 10%
da população corresponde a 10%do rendimento…
Quanto maior for o afastamento de uma curva em
relação à diagonal, maior é o grau de concentração dos
rendimentos das famílias, o que significa que a
desigualdade na repartição dos rendimentos também
é maior.
Por este gráfico podemos concluir que cerca de 30% das
famílias recebem apenas 10% do total do rendimento
distribuído; que 20% do rendimento é entregue a 50% das
famílias, etc.
Assim chegamos à conclusão de que os últimos 30% das famílias recebem cerca de 60% do
rendimento repartido.
As curvas de Lorenz também apresentam limitações, pois não nos esclarecem sobre os grupos sociais
que mais beneficiam ou mais são prejudicados com as desigualdades constatadas, nem nos elucidam
sobre as causas da concentração dos rendimentos, e também não incluem os rendimentos da economia
informal.

ÍNDICE DE GINI
↪Medida de desigualdade do rendimento que varia entre 0
(zero-menor concentração e maior igualdade) e 100 (cem-
maior concentração, maior desigualdade).
A REDISTRIBUIÇÃO DOS RENDIMENTOS
O Estado tenta corrigir as desigualdades decorrentes da repartição primária do
rendimento.
Através da repartição primária, cada interveniente recebe salários, rendas, juros e/ou lucros na exata
medida da sua participação. No entanto, uma vez que grande parte da população vive dos
rendimentos do seu trabalho e que existem salários muito baixos, empregos precários e até mesmo
desemprego, Para evitar este tipo de situações, é necessário que o Estado intervenha cobrando, a
quem tem fontes de rendimento, impostos e outras contribuições que se transformam em
prestações sociais para os mais carenciados.
↪ Esta operação denomina-se repartição secundária. A redistribuição dos rendimentos é o conjunto de
operações, realizadas numa lógica social, com o objetivo de corrigir as desigualdades que ocorrem na
repartição primária dos rendimentos de forma a permitir um melhor nível de vida a todas as pessoas.
Resulta da intervenção do estado através das políticas fiscais e sociais.

OBJETIVOS:
● Corrigir as desigualdades provocadas pela repartição primária dos rendimentos;
● Cobrir coletivamente os riscos individuais;(situações de desemprego, velhice, doença..)
● Pôr á disposição de toda a população, um conjunto de bens e serviços sociais; (educação, saúde,
justiça)

O Estado põe então em prática políticas de intervenção:

➔ Política fiscal: ao aplicar uma taxa progressiva no imposto sobre o rendimento e o património
e isentando do pagamento de impostos os que auferem menores rendimentos, o Estado altera o
rendimento que as pessoas possuem, cobrando mais a quem ganha mais.

➔ Política de segurança social: depois da política fiscal, o Estado redistribui a percentagem dos
rendimentos cobrados através de um sistema de transferências sociais (prestações pecuniárias e
fornecimento de serviços).

➔ Política de preços: o Estado controla o preço dos produtos de primeira necessidade. Umas
vezes, os governos estabelecem preços máximos de venda ao público; outras, para proteger
alguns grupos de pequenos produtores e a venda a retalho, são fixados preços mínimos para os
produtores, através da concessão de subsídios, agravamentos sobre bens supérfluos, etc…

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