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Aula 04 - Prof.

Antonio
Daud (Somente em
PDF)
CNU (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do
Trabalhador) Conhecimentos Específicos
- Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho -
Autor:
2024 (Pós-Edital)
Antonio Daud, Equipe Mara
Camisassa, Mara Queiroga
Camisassa de Assis

12 de Fevereiro de 2024

06847406488 - Vitor Gomes Neto


Antonio Daud, Equipe Mara Camisassa, Mara Queiroga Camisassa de Assis
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Sumário

Introdução ........................................................................................................................................................ 2

Trabalhador avulso .......................................................................................................................................... 2

Trabalho Avulso portuário.......................................................................................................................... 3

Trabalho Avulso não portuário ................................................................................................................ 12

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INTRODUÇÃO
Oi, amigos (as),

Nesta aula iremos detalhar alguns aspectos sobre o trabalho avulso.

Em aula anterior do curso, já comentamos suas principais características, de modo que nesta aula vamos
recapitular alguns daqueles conceitos e aprofundar o estudo a partir das regras das Leis 12.815/2013,
12.023/2009 e 9.719/1998.

Vamos ao trabalho!

TRABALHADOR AVULSO
O trabalhador avulso é uma espécie de trabalhador eventual, visto que o avulso presta serviços a diversos
tomadores em curtos intervalos de tempo. Para parte da doutrina, são trabalhadores que possuem
autonomia na prestação de serviços.
Outra característica marcante desta categoria é a necessidade de intermediação de uma entidade
representativa, que é chamada de Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO - no caso do avulso portuário) ou
o próprio sindicato (para o avulso não portuário).
Outro aspecto geral dos avulsos é que, embora não sejam empregados (pela eventualidade de seu trabalho),
eles têm direito a FGTS, repouso semanal, 13º, adicional de trabalho noturno e todos os direitos
constitucionais dos empregados:

CF/88, art. 7º, XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso.

O trabalho avulso pode se dar em regiões portuárias, mas também em regiões não portuárias, como
detalhado a seguir.

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Trabalho Avulso portuário


O avulso portuário é aquele que trabalha em regiões portuários e tem seu trabalho intermediado por um
OGMO – Órgão Gestor de mão de obra, que é um ente constituído pelo “operador portuário”:

Lei 12.815/2013, art. 32. Os operadores portuários, devem constituir, em cada porto
organizado, um órgão de gestão de mão-de-obra do trabalho portuário (...)

Portanto, já observamos dois “atores” principais no trabalho avulso portuário: o OGMO e o “operador
portuário”.
O operador portuário tem por missão “exercer as atividades de movimentação de passageiros ou
movimentação e armazenagem de mercadorias” dentro da área portuária.
➢ OGMO
O OGMO, por sua vez, tem a missão de intermediar a mão de obra portuária. Assim, a Lei 12.815/2013
(resultante da conversão da MP 595/2012) determina que o OGMO tenha atribuições de administrar o
fornecimento da mão de obra dos avulsos, selecionar, registrar e manter o cadastro dos avulsos, arrecadar
e repassar a eles a remuneração paga pelos operadores portuários etc, in verbis:

Lei 12.815/2013, art. 32. Os operadores portuários devem constituir em cada porto
organizado um órgão de gestão de mão de obra do trabalho portuário, destinado a:

I - administrar o fornecimento da mão de obra do trabalhador portuário e do trabalhador


portuário avulso;

II - manter, com exclusividade, o cadastro do trabalhador portuário e o registro do


trabalhador portuário avulso;

III - treinar e habilitar profissionalmente o trabalhador portuário, inscrevendo-o no


cadastro;

IV - selecionar e registrar o trabalhador portuário avulso;

V - estabelecer o número de vagas, a forma e a periodicidade para acesso ao registro do


trabalhador portuário avulso;

VI - expedir os documentos de identificação do trabalhador portuário; e

VII - arrecadar e repassar aos beneficiários os valores devidos pelos operadores portuários
relativos à remuneração do trabalhador portuário avulso e aos correspondentes encargos
fiscais, sociais e previdenciários.

Parágrafo único. Caso celebrado contrato, acordo ou convenção coletiva de trabalho entre
trabalhadores e tomadores de serviços, o disposto no instrumento precederá o órgão
gestor e dispensará sua intervenção nas relações entre capital e trabalho no porto.

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Em relação à natureza do OGMO, o art. 39 preceitua o seguinte:

Lei 12.815/2013, art. 39. O órgão de gestão de mão de obra é reputado de utilidade
pública, sendo-lhe vedado ter fins lucrativos, prestar serviços a terceiros ou exercer
qualquer atividade não vinculada à gestão de mão de obra.

A Lei 9.719/1998 ainda dispõe que:

Lei 9.719/1998, art. 3º O órgão gestor de mão-de-obra manterá o registro do trabalhador


portuário avulso que:

I - for cedido ao operador portuário para trabalhar em caráter permanente;

II - constituir ou se associar a cooperativa formada para se estabelecer como operador


portuário, na forma do art. 17 da Lei nº 8.630, de 1993.

O art. 33 preceitua mais atribuições ao OGMO:

Lei 12.815/2013, art. 33. Compete ao órgão de gestão de mão de obra do trabalho
portuário avulso:

I - aplicar, quando couber, normas disciplinares previstas em lei, contrato, convenção ou


acordo coletivo de trabalho, no caso de transgressão disciplinar, as seguintes penalidades:

a) repreensão verbal ou por escrito;

b) suspensão do registro pelo período de 10 (dez) a 30 (trinta) dias; ou

c) cancelamento do registro;

II - promover:

a) a formação profissional do trabalhador portuário e do trabalhador portuário avulso,


adequando-a aos modernos processos de movimentação de carga e de operação de
aparelhos e equipamentos portuários;

b) o treinamento multifuncional do trabalhador portuário e do trabalhador portuário


avulso; e

c) a criação de programas de realocação e de cancelamento do registro, sem ônus para o


trabalhador;

III - arrecadar e repassar aos beneficiários contribuições destinadas a incentivar o


cancelamento do registro e a aposentadoria voluntária;

IV - arrecadar as contribuições destinadas ao custeio do órgão;

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V - zelar pelas normas de saúde, higiene e segurança no trabalho portuário avulso; e

VI - submeter à administração do porto propostas para aprimoramento da operação


portuária e valorização econômica do porto.

Em relação à responsabilidade do OGMO, destaco os dois dispositivos abaixo:

§ 1º O órgão [OGMO] não responde por prejuízos causados pelos trabalhadores portuários
avulsos aos tomadores dos seus serviços ou a terceiros.

Lei 12.815/2013, art. 33, § 2o O órgão [gestor da mão de obra] responde, solidariamente
com os operadores portuários, pela remuneração devida ao trabalhador portuário avulso e
pelas indenizações decorrentes de acidente de trabalho.

➢ Espécies de trabalhadores portuários


Interpretando o caput do art. 40 da Lei de Portos, Ricardo Resende1 leciona que há três espécies de
trabalhadores em um porto:

1) Empregados celetistas do operador portuário (empregados permanentes);

2) Portuários avulsos registrados: escalados para trabalhar sempre que o operador


portuário requisitar o trabalho;

3) Portuários avulsos cadastrados: escalados na falta dos avulsos registrados.

Portanto, a demanda por trabalho portuário segue a ordem listada acima. Em acréscimo, vale destacar que
a Lei 9.719/1998 ainda dispõe que:

Lei 9.719/1998, art. 4o É assegurado ao trabalhador portuário avulso cadastrado no órgão


gestor de mão-de-obra o direito de concorrer à escala diária complementando a equipe
de trabalho do quadro dos registrados.

Art. 5o A escalação do trabalhador portuário avulso, em sistema de rodízio, será feita pelo
órgão gestor de mão-de-obra.

É preciso destacar, também, a possibilidade de formação de cooperativas entre os avulsos registrados:

Lei 12.815/2013, art. 29. As cooperativas formadas por trabalhadores portuários avulsos,
registrados de acordo com esta Lei, poderão estabelecer-se como operadores portuários.

1 RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho. 7ª ed. p. 88.

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➢ Atividades desempenhadas pelos avulsos


A Lei 12.815/2013 estipula as atividades que poderão ser desempenhadas pelos avulsos:

Lei 12.815/2013, art. 40. O trabalho portuário de capatazia, estiva, conferência de carga,
conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações, nos portos organizados, será
realizado por trabalhadores portuários com vínculo empregatício por prazo indeterminado
e por trabalhadores portuários avulsos.

A Lei 12.815/2013 prevê, por outro lado, atividades em que pode ser dispensada a intervenção dos
operadores portuários:

Lei 12.815/2013, art. 28. É dispensável a intervenção de operadores portuários em


operações:

I - que, por seus métodos de manipulação, suas características de automação ou


mecanização, não requeiram a utilização de mão de obra ou possam ser executadas
exclusivamente pela tripulação das embarcações;

II - de embarcações empregadas:

a) em obras de serviços públicos nas vias aquáticas do País, executadas direta ou


indiretamente pelo poder público;

b) no transporte de gêneros de pequena lavoura e da pesca, para abastecer mercados de


âmbito municipal;

c) na navegação interior e auxiliar;

d) no transporte de mercadorias líquidas a granel; e

e) no transporte de mercadorias sólidas a granel, quando a carga ou descarga for feita por
aparelhos mecânicos automáticos, salvo quanto às atividades de rechego;

III - relativas à movimentação de:

a) cargas em área sob controle militar, quando realizadas por pessoal militar ou vinculado
a organização militar;

b) materiais por estaleiros de construção e reparação naval; e

c) peças sobressalentes, material de bordo, mantimentos e abastecimento de


embarcações; e

IV - relativas ao abastecimento de aguada, combustíveis e lubrificantes para a navegação.

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➢ Ingresso nos quadros do OGMO


Ricardo Resende sintetiza2 a forma de ingresso do trabalhador nos quadros do OGMO, do seguinte modo:
a) Trabalhador se habilita junto ao OGMO;
b) Após estar habilitado (treinado), ele é cadastrado junto ao OGMO;
c) De acordo com a disponibilidade e a ordem cronológica de inscrição no cadastro, o trabalhador será
registrado junto ao OGMO;
d) Os registrados podem ser chamados a serem contratados como empregados por prazo
indeterminado do operador portuário.

Portanto, em relação a este último item, o OGMO poderá ceder o avulso registrado ao operador portuário:
==137178==

Lei 12.815/13, art. 35. O órgão de gestão de mão de obra pode ceder trabalhador portuário
avulso, em caráter permanente, ao operador portuário.

Além disso, vimos que o operador portuário pode contratar empregados CLT. Mas atenção porque ele não
poderá se utilizar do trabalho temporário:

Lei 12.815/13, art. 40, § 3º O operador portuário, nas atividades a que alude o caput, não
poderá locar ou tomar mão de obra sob o regime de trabalho temporário de que trata a
Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1974.

➢ Escalação dos avulsos


Segundo a Lei 9.719/1998 (normas do trabalho portuário), o operador portuário solicita ao OGMO a mão-
de-obra. O OGMO, por sua vez, será responsável por escalar os avulsos seguindo um rodízio:

Lei 9.719/1998, art. 5º A escalação do trabalhador portuário avulso, em sistema de rodízio,


será feita pelo órgão gestor de mão-de-obra.

Uma vez escalado, o avulso terá direito à remuneração apenas se efetivamente comparecer ao serviço (a
atestação é feita pelo OGMO e pelo operador portuário):

Lei 9.719/1998, art. 6º Cabe ao operador portuário e ao órgão gestor de mão-de-obra


verificar a presença, no local de trabalho, dos trabalhadores constantes da escala diária.

Parágrafo único. Somente fará jus à remuneração o trabalhador avulso que, constante da
escala diária, estiver em efetivo serviço.

2 RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho. 7ª ed. p. 88.

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Em relação aos intervalos, o trabalho avulso segue a mesma regra geral dos empregados CLT (11 horas de
intervalo):

Lei 9.719/1998, art. 8º Na escalação diária do trabalhador portuário avulso deverá sempre
ser observado um intervalo mínimo de onze horas consecutivas entre duas jornadas, salvo
em situações excepcionais, constantes de acordo ou convenção coletiva de trabalho.

➢ Pagamento dos avulsos


O pagamento se dá da seguinte forma:

1º) operador portuário repassa ao OGMO o valor da contraprestação pelos serviços


prestados (remuneração dos avulsos + respectivos direitos trabalhistas e previdenciários);

2º) OGMO remunera os trabalhadores, sob sistema de rateio.

As principais regras constam do art. 2º da Lei 9.719/1998:

Lei 9.719/1998, art. 2o Para os fins previstos no art. 1o desta Lei:

I - cabe ao operador portuário recolher ao órgão gestor de mão-de-obra os valores devidos


pelos serviços executados, referentes à remuneração por navio, acrescidos dos percentuais
relativos a décimo terceiro salário, férias, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS,
encargos fiscais e previdenciários, no prazo de vinte e quatro horas da realização do
serviço, para viabilizar o pagamento ao trabalhador portuário avulso;

II - cabe ao órgão gestor de mão-de-obra efetuar o pagamento da remuneração pelos


serviços executados e das parcelas referentes a décimo terceiro salário e férias,
diretamente ao trabalhador portuário avulso.

§ 1o O pagamento da remuneração pelos serviços executados será feito no prazo de


quarenta e oito horas após o término do serviço.

§ 2o Para efeito do disposto no inciso II, o órgão gestor de mão-de-obra depositará as


parcelas referentes às férias e ao décimo terceiro salário, separada e respectivamente, em
contas individuais vinculadas, a serem abertas e movimentadas às suas expensas,
especialmente para este fim, em instituição bancária de sua livre escolha, sobre as quais
deverão incidir rendimentos mensais com base nos parâmetros fixados para atualização
dos saldos dos depósitos de poupança.

§ 3o Os depósitos a que se refere o parágrafo anterior serão efetuados no dia 2 do mês


seguinte ao da prestação do serviço, prorrogado o prazo para o primeiro dia útil
subseqüente se o vencimento cair em dia em que não haja expediente bancário.

§ 4o O operador portuário e o órgão gestor de mão-de-obra são solidariamente


responsáveis pelo pagamento dos encargos trabalhistas, das contribuições previdenciárias

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e demais obrigações, inclusive acessórias, devidas à Seguridade Social, arrecadadas pelo


Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, vedada a invocação do benefício de ordem.

§ 5o Os prazos previstos neste artigo podem ser alterados mediante convenção coletiva
firmada entre entidades sindicais representativas dos trabalhadores e operadores
portuários, observado o prazo legal para recolhimento dos encargos fiscais, trabalhistas e
previdenciários.

§ 6o A liberação das parcelas referentes à décimo terceiro salário e férias, depositadas nas
contas individuais vinculadas, e o recolhimento do FGTS e dos encargos fiscais e
previdenciários serão efetuados conforme regulamentação do Poder Executivo.

Finalizando este tópico, seguem abaixo duas questões que cobraram as principais regras da regulamentação
da avulso portuário:
FCC/TRT-RN - Analista Judiciário - 2023
Em relação ao trabalho avulso exercido nas atividades de movimentação de mercadorias em geral, em áreas
urbanas ou rurais, mediante intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de acordo ou
convenção coletiva de trabalho, o legislador estabelece diversas regras, entre as quais,
(A) o monopólio na contratação desses trabalhadores para a execução de atividades de carga e descargas de
mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto,
posicionamento, acomodação, reordenamento, e reparação da carga.
(B) a responsabilidade subsidiária das empresas tomadoras do trabalho avulso pelo pagamento da efetiva
remuneração do trabalho contratado e pelo recolhimento dos encargos fiscais e previdenciários.
(C) o dever do tomador de serviços de pagar ao sindicato, no prazo de 48 horas úteis contados do
encerramento do trabalho contratado, os valores devidos pelos serviços prestados ou dias trabalhados,
acrescidos, proporcionalmente; do repouso semanal remunerado, do 13° salário e da remuneração das
férias.
(D) o dever do sindicato intermediador de repassar aos respectivos beneficiários, no prazo máximo de 48
horas úteis contadas a partir do seu arrecadamento, os valores devidos e pagos pelos tomadores de serviço.
(E) as empresas tomadoras do trabalho avulso são responsáveis pelo fornecimento dos Equipamentos de
Proteção Individual e por zelar pelo cumprimento das normas de segurança no trabalho.
Comentários:
Questão que cobrou os principais aspectos da Lei 12.023/2009, que regulamentou o trabalho avulso não
portuário, o qual recebe obrigatoriamente a intermediação do sindicato. Assunto pouco explorado em
provas.
A letra (A) está incorreta, pois não há monopólio dos avulsos para estas atividades. Elas também podem ser
exercidas por empregados:
Lei 12.023/2009, art. 3º As atividades de que trata esta Lei serão exercidas por trabalhadores com vínculo
empregatício ou em regime de trabalho avulso nas empresas tomadoras do serviço.
A letra (B) está incorreta, tendo em vista que a responsabilidade é solidária:
Art. 8o As empresas tomadoras do trabalho avulso respondem solidariamente pela efetiva remuneração do
trabalho contratado e são responsáveis pelo recolhimento dos encargos fiscais e sociais, bem como das

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contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social, no limite do uso que fizerem do
trabalho avulso intermediado pelo sindicato.
A letra (C) está incorreta, pois o prazo máximo é de 72 horas:
Art. 6o São deveres do tomador de serviços:
I – pagar ao sindicato os valores devidos pelos serviços prestados ou dias trabalhados, acrescidos dos
percentuais relativos a repouso remunerado, 13o salário e férias acrescidas de 1/3 (um terço), para viabilizar
o pagamento do trabalhador avulso, bem como os percentuais referentes aos adicionais extraordinários e
noturnos;
II – efetuar o pagamento a que se refere o inciso I, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas úteis,
contadas a partir do encerramento do trabalho requisitado;
A letra (D) está incorreta, pois o prazo máximo para repasse dos valores também é de 72 horas:
Art. 5o São deveres do sindicato intermediador:
III – repassar aos respectivos beneficiários, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas úteis, contadas a
partir do seu arrecadamento, os valores devidos e pagos pelos tomadores do serviço, relativos à
remuneração do trabalhador avulso;
A letra (E) está de acordo com a seguinte regra legal:
Lei 12.023/2009, art. 9o As empresas tomadoras do trabalho avulso são responsáveis pelo fornecimento dos
Equipamentos de Proteção Individual e por zelar pelo cumprimento das normas de segurança no trabalho.
Gabarito (E)

MPT – Procurador do Trabalho - 2013


Considere as assertivas abaixo.
I - É facultado aos trabalhadores portuários avulsos formarem cooperativas, as quais poderão estabelecer-
se como operadores portuários.
II - O Órgão Gestor de Mão de obra é corresponsável por prejuízos causados pelos trabalhadores portuários
avulsos aos tomadores dos seus serviços.
III - O trabalho de capatazia, estiva ou conferência de carga de embarcações, nos portos organizados, será
realizado somente por trabalhadores portuários com vínculo empregatício por prazo indeterminado.
IV – É dispensável a intervenção de operadores portuários em operações que, por seus métodos de
manipulação, suas características de automação ou mecanização, não requeiram a utilização de mão de obra,
ou possam ser executadas exclusivamente pela tripulação das embarcações.
Marque a alternativa CORRETA:
a) apenas as assertivas I e IV estão corretas;
b) apenas as assertivas II e III estão corretas;
c) apenas as assertivas II e IV estão corretas;
d) apenas as assertivas I e III estão corretas;
e) não respondida.

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Comentários
Gabarito (A), considerando que o item II e o item III estão errados e os itens I e IV são transcrições de regras
comentadas acima. O item II está incorreto, pois o OGMO não é corresponsável pelos prejuízos causados
pelos trabalhadores ao tomador dos serviços (Art. 33, § 1º). E o item III está incorreto, visto que tais
atividades podem ser desempenhadas tanto por trabalhadores com vínculo empregatício por prazo
indeterminado quanto por trabalhadores portuários avulsos (art. 40).

➢ Fiscalização do trabalho avulso portuário


Quanto à fiscalização do trabalho avulso, a cargo do Ministério do Trabalho, a Lei 9.719/1998 estabelece as
seguintes sanções em razão do seu descumprimento:

Lei 9.719/1998, art. 10. O descumprimento do disposto nesta Lei sujeitará o infrator às
seguintes multas:

I - de R$ 173,00 (cento e setenta e três reais) a R$ 1.730,00 (um mil, setecentos e trinta
reais), por infração ao caput do art. 7º [exibir as listas de escalação diária dos
trabalhadores portuários avulsos];

II - de R$ 575,00 (quinhentos e setenta e cinco reais) a R$ 5.750,00 (cinco mil, setecentos e


cinqüenta reais), por infração às normas de segurança do trabalho portuário, e de R$
345,00 (trezentos e quarenta e cinco reais) a R$ 3.450,00 (três mil, quatrocentos e
cinqüenta reais), por infração às normas de saúde do trabalho, nos termos do art. 9º
[normas concernentes a saúde e segurança do trabalho portuário];

III - de R$ 345,00 (trezentos e quarenta e cinco reais) a R$ 3.450,00 (três mil, quatrocentos
e cinqüenta reais), por trabalhador em situação irregular, por infração ao parágrafo único
do art. 7º [preterição do trabalhador regularmente registrado e simultaneidade na
escalação] e aos demais artigos.

Além disso, estas multas serão graduadas segundo a natureza da infração, sua extensão e a intenção de
quem a praticou, e aplicadas em dobro em caso de reincidência, oposição à fiscalização e desacato à
autoridade, sem prejuízo das penalidades previstas na legislação previdenciária (art. 10, Parágrafo único).
Por fim, vale destacar que a legislação assegura aos trabalhadores portuários avulsos, com mais de 60 anos,
que não cumprirem os requisitos para a aquisição das modalidades de aposentadoria e que não possuam
meios para prover a sua subsistência benefício assistencial mensal de até 1 salário mínimo (art. 10-A), o
qual não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de
outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória.
----
É interessante comentar, ainda, que a Norma regulamentadora (NR) 29 do MTb dispõe sobre as normas de
saúde e segurança no trabalho portuário.
----
Há, também, a Convenção OIT 137 (ratificada pelo Brasil) a respeito do trabalho portuário. A própria
convenção estipula a constituição de registros dos trabalhadores avulsos portuários:

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Artigo 3

1. Registros serão estabelecidos e mantidos em dia para todas as categorias profissionais


de portuários na forma determinada pela legislação ou a prática nacionais.

2. Os portuários matriculados terão prioridade para a obtenção de trabalho nos portos.

3. Os portuários matriculados deverão estar prontos para trabalhar de acordo com o que
for determinado pela legislação ou a prática nacionais.

Além disso, a convenção estipula a revisão destes registros, inclusive com vistas a adequar a quantidade de
trabalhadores registrados à demanda corrente de trabalho:

Artigo 4

1. Os efetivos dos registros serão periodicamente revistos a fim de fixa-los em um nível


que corresponda às necessidades do porto.

2. Quando uma redução dos efetivos de um registro se tornar necessária, todas as medidas
úteis serão tomadas, com a finalidade de prevenir ou atenuar os efeitos prejudiciais aos
portuários.

A mesma convenção estimula as partes envolvidas a buscarem formas cada vez mais eficientes de trabalho,
com vistas a reduzir a sobrecarga dos avulsos:

Artigo 5

Para obter dos novos métodos de processamento de carga o máximo de vantagens sociais,
incumbe à política nacional estimular os empregadores ou suas organizações, por um lado,
e as organizações de trabalhadores, por outro, a cooperarem para a melhoria da eficiência
do trabalho nos portos, com a participação, se for o caso, das autoridades competentes.

Há, além dessa convenção OIT, a norma da autoridade marítima (que é a Marinha do Brasil) para portuários
e atividades correlatas, a “Normam 32”3, que estabelece regras para o ensino relacionado a atividades
portuárias e correlatas.

Trabalho Avulso não portuário


Além dos avulsos portuários (que laboram nos portos e cercanias) existe também trabalho avulso em regiões
do interior, situação regulamentada pela Lei 12.023/09, que dispõe sobre as atividades de movimentação de
mercadorias em geral e sobre o trabalho avulso.
De acordo com esta lei os avulsos regidos por ela (o que exclui os avulsos portuários, regidos por lei própria)
realizarão atividades de movimentação de mercadorias em geral, desenvolvidas em áreas urbanas ou rurais

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https://www.dpc.mar.mil.br/sites/default/files/normam32.pdf

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sem vínculo empregatício, mediante intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de
Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para execução das atividades.
O conceito de movimentação de mercadorias foi objetivamente definido em seu artigo 2º:

Lei 12.023/2009, art. 2º São atividades da movimentação de mercadorias em geral:

I – cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem,


enlonamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação
da carga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empilhamento, transporte com
empilhadeiras, paletização, ova e desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e
abastecimento de lenha em secadores e caldeiras;

II – operações de equipamentos de carga e descarga;

III – pré-limpeza e limpeza em locais necessários à viabilidade das operações ou à sua


continuidade.

Assim como ocorreu no trabalho avulso portuário, em que o OGMO recebe a remuneração do tomador de
serviços e a repassa aos avulsos, na Lei 12.023/09 a sistemática é a mesma: o sindicato da categoria recebe
os valores pagos pelo tomador de serviços e tem a atribuição de repassá-los aos beneficiários.
Para este intermediador, a Legislação estabeleceu a necessidade de prover uma série de informações:

Lei 12.023/2009, art. 4º O sindicato elaborará a escala de trabalho e as folhas de


pagamento dos trabalhadores avulsos, com a indicação do tomador do serviço e dos
trabalhadores que participaram da operação, devendo prestar, com relação a estes, as
seguintes informações:

I – os respectivos números de registros ou cadastro no sindicato;

II – o serviço prestado e os turnos trabalhados;

III – as remunerações pagas, devidas ou creditadas a cada um dos trabalhadores,


registrando-se as parcelas referentes a:

a) repouso remunerado;

b) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço;

c) 13o salário;

d) férias remuneradas mais 1/3 (um terço) constitucional;

e) adicional de trabalho noturno;

f) adicional de trabalho extraordinário.

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A legislação também estabelece deveres ao sindicato intermediador:

Lei 12.023/2009, art. 5º São deveres do sindicato intermediador:

I – divulgar amplamente as escalas de trabalho dos avulsos, com a observância do rodízio


entre os trabalhadores;

II – proporcionar equilíbrio na distribuição das equipes e funções, visando à remuneração


em igualdade de condições de trabalho para todos e a efetiva participação dos
trabalhadores não sindicalizados;

III – repassar aos respectivos beneficiários, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas
úteis, contadas a partir do seu arrecadamento, os valores devidos e pagos pelos tomadores
do serviço, relativos à remuneração do trabalhador avulso;

IV – exibir para os tomadores da mão de obra avulsa e para as fiscalizações competentes


os documentos que comprovem o efetivo pagamento das remunerações devidas aos
trabalhadores avulsos;

V – zelar pela observância das normas de segurança, higiene e saúde no trabalho;

VI – firmar Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para normatização das condições


de trabalho.

Ponto importante é que se não houver o efetivo repasse ao trabalhador, os dirigentes do sindicato serão
responsabilizados pessoal e solidariamente:

Lei 12.023/2009, art. 5º, § 1º Em caso de descumprimento do disposto no inciso III deste
artigo [repassar a remuneração ao trabalhador], serão responsáveis, pessoal e
solidariamente, os dirigentes da entidade sindical.

Em outro giro, a Lei destaca deveres do tomador dos serviços do avulso não portuário:

Lei 12.023/2009, art. 6º São deveres do tomador de serviços:

I – pagar ao sindicato os valores devidos pelos serviços prestados ou dias trabalhados,


acrescidos dos percentuais relativos a repouso remunerado, 13o salário e férias acrescidas
de 1/3 (um terço), para viabilizar o pagamento do trabalhador avulso, bem como os
percentuais referentes aos adicionais extraordinários e noturnos;

II – efetuar o pagamento a que se refere o inciso I, no prazo máximo de 72 (setenta e duas)


horas úteis, contadas a partir do encerramento do trabalho requisitado;

III – recolher os valores devidos ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, acrescido dos
percentuais relativos ao 13o salário, férias, encargos fiscais, sociais e previdenciários,
observando o prazo legal.

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➢ Fiscalização do trabalho avulso não portuário

Em relação à fiscalização do trabalho avulso não portuário, a Lei estabelece uma multa de R$ 500,00 por
infração, a cada trabalhador prejudicado:

Lei 12.023/2009, art. 10. A inobservância dos deveres estipulados nos arts. 5º [deveres do
sindicato] e 6º [deveres do tomador dos serviços] sujeita os respectivos infratores à multa
administrativa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) por trabalhador avulso
prejudicado.

Por fim, a operacionalização da fiscalização se dá nos moldes estabelecidos na CLT:

Art. 10, parágrafo único. O processo de fiscalização, notificação, autuação e imposição de


multas reger-se-á pelo disposto no Título VII da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.

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