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Antonio
Daud (Somente em
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CNU (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do
Trabalhador) Conhecimentos Específicos
- Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho -
Autor:
2024 (Pós-Edital)
Antonio Daud, Equipe Mara
Camisassa, Mara Queiroga
Camisassa de Assis
12 de Fevereiro de 2024
Sumário
Introdução ........................................................................................................................................................ 2
CNU (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 20
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INTRODUÇÃO
Oi, amigos (as),
Em aula anterior do curso, já comentamos suas principais características, de modo que nesta aula vamos
recapitular alguns daqueles conceitos e aprofundar o estudo a partir das regras das Leis 12.815/2013,
12.023/2009 e 9.719/1998.
Vamos ao trabalho!
TRABALHADOR AVULSO
O trabalhador avulso é uma espécie de trabalhador eventual, visto que o avulso presta serviços a diversos
tomadores em curtos intervalos de tempo. Para parte da doutrina, são trabalhadores que possuem
autonomia na prestação de serviços.
Outra característica marcante desta categoria é a necessidade de intermediação de uma entidade
representativa, que é chamada de Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO - no caso do avulso portuário) ou
o próprio sindicato (para o avulso não portuário).
Outro aspecto geral dos avulsos é que, embora não sejam empregados (pela eventualidade de seu trabalho),
eles têm direito a FGTS, repouso semanal, 13º, adicional de trabalho noturno e todos os direitos
constitucionais dos empregados:
CF/88, art. 7º, XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso.
O trabalho avulso pode se dar em regiões portuárias, mas também em regiões não portuárias, como
detalhado a seguir.
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Lei 12.815/2013, art. 32. Os operadores portuários, devem constituir, em cada porto
organizado, um órgão de gestão de mão-de-obra do trabalho portuário (...)
Portanto, já observamos dois “atores” principais no trabalho avulso portuário: o OGMO e o “operador
portuário”.
O operador portuário tem por missão “exercer as atividades de movimentação de passageiros ou
movimentação e armazenagem de mercadorias” dentro da área portuária.
➢ OGMO
O OGMO, por sua vez, tem a missão de intermediar a mão de obra portuária. Assim, a Lei 12.815/2013
(resultante da conversão da MP 595/2012) determina que o OGMO tenha atribuições de administrar o
fornecimento da mão de obra dos avulsos, selecionar, registrar e manter o cadastro dos avulsos, arrecadar
e repassar a eles a remuneração paga pelos operadores portuários etc, in verbis:
Lei 12.815/2013, art. 32. Os operadores portuários devem constituir em cada porto
organizado um órgão de gestão de mão de obra do trabalho portuário, destinado a:
VII - arrecadar e repassar aos beneficiários os valores devidos pelos operadores portuários
relativos à remuneração do trabalhador portuário avulso e aos correspondentes encargos
fiscais, sociais e previdenciários.
Parágrafo único. Caso celebrado contrato, acordo ou convenção coletiva de trabalho entre
trabalhadores e tomadores de serviços, o disposto no instrumento precederá o órgão
gestor e dispensará sua intervenção nas relações entre capital e trabalho no porto.
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Lei 12.815/2013, art. 39. O órgão de gestão de mão de obra é reputado de utilidade
pública, sendo-lhe vedado ter fins lucrativos, prestar serviços a terceiros ou exercer
qualquer atividade não vinculada à gestão de mão de obra.
Lei 12.815/2013, art. 33. Compete ao órgão de gestão de mão de obra do trabalho
portuário avulso:
c) cancelamento do registro;
II - promover:
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§ 1º O órgão [OGMO] não responde por prejuízos causados pelos trabalhadores portuários
avulsos aos tomadores dos seus serviços ou a terceiros.
Lei 12.815/2013, art. 33, § 2o O órgão [gestor da mão de obra] responde, solidariamente
com os operadores portuários, pela remuneração devida ao trabalhador portuário avulso e
pelas indenizações decorrentes de acidente de trabalho.
Portanto, a demanda por trabalho portuário segue a ordem listada acima. Em acréscimo, vale destacar que
a Lei 9.719/1998 ainda dispõe que:
Art. 5o A escalação do trabalhador portuário avulso, em sistema de rodízio, será feita pelo
órgão gestor de mão-de-obra.
Lei 12.815/2013, art. 29. As cooperativas formadas por trabalhadores portuários avulsos,
registrados de acordo com esta Lei, poderão estabelecer-se como operadores portuários.
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Lei 12.815/2013, art. 40. O trabalho portuário de capatazia, estiva, conferência de carga,
conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações, nos portos organizados, será
realizado por trabalhadores portuários com vínculo empregatício por prazo indeterminado
e por trabalhadores portuários avulsos.
A Lei 12.815/2013 prevê, por outro lado, atividades em que pode ser dispensada a intervenção dos
operadores portuários:
II - de embarcações empregadas:
e) no transporte de mercadorias sólidas a granel, quando a carga ou descarga for feita por
aparelhos mecânicos automáticos, salvo quanto às atividades de rechego;
a) cargas em área sob controle militar, quando realizadas por pessoal militar ou vinculado
a organização militar;
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Portanto, em relação a este último item, o OGMO poderá ceder o avulso registrado ao operador portuário:
==137178==
Lei 12.815/13, art. 35. O órgão de gestão de mão de obra pode ceder trabalhador portuário
avulso, em caráter permanente, ao operador portuário.
Além disso, vimos que o operador portuário pode contratar empregados CLT. Mas atenção porque ele não
poderá se utilizar do trabalho temporário:
Lei 12.815/13, art. 40, § 3º O operador portuário, nas atividades a que alude o caput, não
poderá locar ou tomar mão de obra sob o regime de trabalho temporário de que trata a
Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1974.
Uma vez escalado, o avulso terá direito à remuneração apenas se efetivamente comparecer ao serviço (a
atestação é feita pelo OGMO e pelo operador portuário):
Parágrafo único. Somente fará jus à remuneração o trabalhador avulso que, constante da
escala diária, estiver em efetivo serviço.
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Em relação aos intervalos, o trabalho avulso segue a mesma regra geral dos empregados CLT (11 horas de
intervalo):
Lei 9.719/1998, art. 8º Na escalação diária do trabalhador portuário avulso deverá sempre
ser observado um intervalo mínimo de onze horas consecutivas entre duas jornadas, salvo
em situações excepcionais, constantes de acordo ou convenção coletiva de trabalho.
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§ 5o Os prazos previstos neste artigo podem ser alterados mediante convenção coletiva
firmada entre entidades sindicais representativas dos trabalhadores e operadores
portuários, observado o prazo legal para recolhimento dos encargos fiscais, trabalhistas e
previdenciários.
§ 6o A liberação das parcelas referentes à décimo terceiro salário e férias, depositadas nas
contas individuais vinculadas, e o recolhimento do FGTS e dos encargos fiscais e
previdenciários serão efetuados conforme regulamentação do Poder Executivo.
Finalizando este tópico, seguem abaixo duas questões que cobraram as principais regras da regulamentação
da avulso portuário:
FCC/TRT-RN - Analista Judiciário - 2023
Em relação ao trabalho avulso exercido nas atividades de movimentação de mercadorias em geral, em áreas
urbanas ou rurais, mediante intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de acordo ou
convenção coletiva de trabalho, o legislador estabelece diversas regras, entre as quais,
(A) o monopólio na contratação desses trabalhadores para a execução de atividades de carga e descargas de
mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto,
posicionamento, acomodação, reordenamento, e reparação da carga.
(B) a responsabilidade subsidiária das empresas tomadoras do trabalho avulso pelo pagamento da efetiva
remuneração do trabalho contratado e pelo recolhimento dos encargos fiscais e previdenciários.
(C) o dever do tomador de serviços de pagar ao sindicato, no prazo de 48 horas úteis contados do
encerramento do trabalho contratado, os valores devidos pelos serviços prestados ou dias trabalhados,
acrescidos, proporcionalmente; do repouso semanal remunerado, do 13° salário e da remuneração das
férias.
(D) o dever do sindicato intermediador de repassar aos respectivos beneficiários, no prazo máximo de 48
horas úteis contadas a partir do seu arrecadamento, os valores devidos e pagos pelos tomadores de serviço.
(E) as empresas tomadoras do trabalho avulso são responsáveis pelo fornecimento dos Equipamentos de
Proteção Individual e por zelar pelo cumprimento das normas de segurança no trabalho.
Comentários:
Questão que cobrou os principais aspectos da Lei 12.023/2009, que regulamentou o trabalho avulso não
portuário, o qual recebe obrigatoriamente a intermediação do sindicato. Assunto pouco explorado em
provas.
A letra (A) está incorreta, pois não há monopólio dos avulsos para estas atividades. Elas também podem ser
exercidas por empregados:
Lei 12.023/2009, art. 3º As atividades de que trata esta Lei serão exercidas por trabalhadores com vínculo
empregatício ou em regime de trabalho avulso nas empresas tomadoras do serviço.
A letra (B) está incorreta, tendo em vista que a responsabilidade é solidária:
Art. 8o As empresas tomadoras do trabalho avulso respondem solidariamente pela efetiva remuneração do
trabalho contratado e são responsáveis pelo recolhimento dos encargos fiscais e sociais, bem como das
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contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social, no limite do uso que fizerem do
trabalho avulso intermediado pelo sindicato.
A letra (C) está incorreta, pois o prazo máximo é de 72 horas:
Art. 6o São deveres do tomador de serviços:
I – pagar ao sindicato os valores devidos pelos serviços prestados ou dias trabalhados, acrescidos dos
percentuais relativos a repouso remunerado, 13o salário e férias acrescidas de 1/3 (um terço), para viabilizar
o pagamento do trabalhador avulso, bem como os percentuais referentes aos adicionais extraordinários e
noturnos;
II – efetuar o pagamento a que se refere o inciso I, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas úteis,
contadas a partir do encerramento do trabalho requisitado;
A letra (D) está incorreta, pois o prazo máximo para repasse dos valores também é de 72 horas:
Art. 5o São deveres do sindicato intermediador:
III – repassar aos respectivos beneficiários, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas úteis, contadas a
partir do seu arrecadamento, os valores devidos e pagos pelos tomadores do serviço, relativos à
remuneração do trabalhador avulso;
A letra (E) está de acordo com a seguinte regra legal:
Lei 12.023/2009, art. 9o As empresas tomadoras do trabalho avulso são responsáveis pelo fornecimento dos
Equipamentos de Proteção Individual e por zelar pelo cumprimento das normas de segurança no trabalho.
Gabarito (E)
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Comentários
Gabarito (A), considerando que o item II e o item III estão errados e os itens I e IV são transcrições de regras
comentadas acima. O item II está incorreto, pois o OGMO não é corresponsável pelos prejuízos causados
pelos trabalhadores ao tomador dos serviços (Art. 33, § 1º). E o item III está incorreto, visto que tais
atividades podem ser desempenhadas tanto por trabalhadores com vínculo empregatício por prazo
indeterminado quanto por trabalhadores portuários avulsos (art. 40).
Lei 9.719/1998, art. 10. O descumprimento do disposto nesta Lei sujeitará o infrator às
seguintes multas:
I - de R$ 173,00 (cento e setenta e três reais) a R$ 1.730,00 (um mil, setecentos e trinta
reais), por infração ao caput do art. 7º [exibir as listas de escalação diária dos
trabalhadores portuários avulsos];
III - de R$ 345,00 (trezentos e quarenta e cinco reais) a R$ 3.450,00 (três mil, quatrocentos
e cinqüenta reais), por trabalhador em situação irregular, por infração ao parágrafo único
do art. 7º [preterição do trabalhador regularmente registrado e simultaneidade na
escalação] e aos demais artigos.
Além disso, estas multas serão graduadas segundo a natureza da infração, sua extensão e a intenção de
quem a praticou, e aplicadas em dobro em caso de reincidência, oposição à fiscalização e desacato à
autoridade, sem prejuízo das penalidades previstas na legislação previdenciária (art. 10, Parágrafo único).
Por fim, vale destacar que a legislação assegura aos trabalhadores portuários avulsos, com mais de 60 anos,
que não cumprirem os requisitos para a aquisição das modalidades de aposentadoria e que não possuam
meios para prover a sua subsistência benefício assistencial mensal de até 1 salário mínimo (art. 10-A), o
qual não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de
outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória.
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É interessante comentar, ainda, que a Norma regulamentadora (NR) 29 do MTb dispõe sobre as normas de
saúde e segurança no trabalho portuário.
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Há, também, a Convenção OIT 137 (ratificada pelo Brasil) a respeito do trabalho portuário. A própria
convenção estipula a constituição de registros dos trabalhadores avulsos portuários:
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Artigo 3
3. Os portuários matriculados deverão estar prontos para trabalhar de acordo com o que
for determinado pela legislação ou a prática nacionais.
Além disso, a convenção estipula a revisão destes registros, inclusive com vistas a adequar a quantidade de
trabalhadores registrados à demanda corrente de trabalho:
Artigo 4
2. Quando uma redução dos efetivos de um registro se tornar necessária, todas as medidas
úteis serão tomadas, com a finalidade de prevenir ou atenuar os efeitos prejudiciais aos
portuários.
A mesma convenção estimula as partes envolvidas a buscarem formas cada vez mais eficientes de trabalho,
com vistas a reduzir a sobrecarga dos avulsos:
Artigo 5
Para obter dos novos métodos de processamento de carga o máximo de vantagens sociais,
incumbe à política nacional estimular os empregadores ou suas organizações, por um lado,
e as organizações de trabalhadores, por outro, a cooperarem para a melhoria da eficiência
do trabalho nos portos, com a participação, se for o caso, das autoridades competentes.
Há, além dessa convenção OIT, a norma da autoridade marítima (que é a Marinha do Brasil) para portuários
e atividades correlatas, a “Normam 32”3, que estabelece regras para o ensino relacionado a atividades
portuárias e correlatas.
3
https://www.dpc.mar.mil.br/sites/default/files/normam32.pdf
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sem vínculo empregatício, mediante intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de
Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para execução das atividades.
O conceito de movimentação de mercadorias foi objetivamente definido em seu artigo 2º:
Assim como ocorreu no trabalho avulso portuário, em que o OGMO recebe a remuneração do tomador de
serviços e a repassa aos avulsos, na Lei 12.023/09 a sistemática é a mesma: o sindicato da categoria recebe
os valores pagos pelo tomador de serviços e tem a atribuição de repassá-los aos beneficiários.
Para este intermediador, a Legislação estabeleceu a necessidade de prover uma série de informações:
a) repouso remunerado;
c) 13o salário;
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III – repassar aos respectivos beneficiários, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas
úteis, contadas a partir do seu arrecadamento, os valores devidos e pagos pelos tomadores
do serviço, relativos à remuneração do trabalhador avulso;
Ponto importante é que se não houver o efetivo repasse ao trabalhador, os dirigentes do sindicato serão
responsabilizados pessoal e solidariamente:
Lei 12.023/2009, art. 5º, § 1º Em caso de descumprimento do disposto no inciso III deste
artigo [repassar a remuneração ao trabalhador], serão responsáveis, pessoal e
solidariamente, os dirigentes da entidade sindical.
Em outro giro, a Lei destaca deveres do tomador dos serviços do avulso não portuário:
III – recolher os valores devidos ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, acrescido dos
percentuais relativos ao 13o salário, férias, encargos fiscais, sociais e previdenciários,
observando o prazo legal.
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Em relação à fiscalização do trabalho avulso não portuário, a Lei estabelece uma multa de R$ 500,00 por
infração, a cada trabalhador prejudicado:
Lei 12.023/2009, art. 10. A inobservância dos deveres estipulados nos arts. 5º [deveres do
sindicato] e 6º [deveres do tomador dos serviços] sujeita os respectivos infratores à multa
administrativa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) por trabalhador avulso
prejudicado.
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