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FACULDADE CATÓLICA SANTA TERESINHA

BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL

DELLY REGINA ARAÚJO MARTINS

TRABALHO SOCIAL E FAMÍLIA: UM ESTUDO SOBRE A INSERÇÃO E A


PERMANÊNCIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO PROJETO EDUCAR
PARA PROMOVER A CIDADANIA DA CIDADE DE CAICÓ- RN

CAICÓ/RN
2017
DELLY REGINA ARAÚJO MARTINS

TRABALHO SOCIAL E FAMÍLIA: UM ESTUDO SOBRE A INSERÇÃO E A


PERMANÊNCIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO PROJETO EDUCAR
PARA PROMOVER A CIDADANIA EM CAICÓ-RN.

Trabalho de conclusão e apresentação a


Faculdade Católica Santa Teresinha
como pré-requisito para obtenção do título
de bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª. Esp. Ozeane de


Albuquerque da Silva Medeiros

CAICÓ/RN
2017
DELLY REGINA ARAÚJO MARTINS

TRABALHO SOCIAL E FAMÍLIA: UM ESTUDO SOBRE A INSERÇÃO E A


PERMANÊNCIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO PROJETO EDUCAR
PARA PROMOVER A CIDADANIA EM CAICÓ-RN.

Trabalho de conclusão de curso


apresentando ao curso de bacharelado
em Serviço Social da Faculdade Católica
Santa Teresinha como pré-requisito para
obtenção do título bacharelado em
Serviço Social.

MONOGRAFIA APROVADA EM:_____/_____/2017.

_____________________________________________________________
Profª. Esp. Ozeane de Albuquerque da Silva Medeiros
Faculdade Católica Santa Teresinha
(Orientadora)

______________________________________________________________
Prof. Esp: Sebastião Caio dos Santos Dantas
Faculdade Católica Santa Teresinha
(Examinador)

_____________________________________________________________
Prof.ª Esp. Suzana Lago Nobre
Faculdade católica Santa Teresinha
(Presidente da Banca)
Dedico esse trabalho à minha família
(Maria Aparecida e João Batista) por
insistirem nessa graduação. Aos amigos
que me encorajaram a esse desafio e
conquista na minha vida, da mesma forma
aos professores (as) e Supervisores de
Campo Rivana Marina, José Carlos e
Ozeane Albuquerque (Orientadora deste
trabalho). A parceria dos colegas de sala
que foi fundamental nessa trajetória. A
todos O meu muito obrigada de coração.
Não poderia esquecer de Hamilton (show)
parceiro forte.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em primeiro lugar por ter me dado perseverança, coragem


e sabedoria para vencer mais esse desafio árduo, mas consegui. Não podendo
deixar também de agradecer a todos os meus familiares, Maria Aparecida , Joao
Batista e aos demais que diretamente ou indiretamente contribuíram para essa
conquista em minha vida , e a Cáritas Diocesana de Caicó , por ter ofertado o
espaço para o desenvolvimento do meu estágio. Em nome de Rivana Marina, José
Carlos, Pedro Henrique , Francisca Fabiana, Francisco das Chagas, Gilvania
Vasconcelos e Klédson Tiago e aos demais da instituição que foram de suma
importância nessa caminhada. E não podendo deixar de fora os mestres que
contribuíram com essa conquista, e colegas de sala dentre eles Kérvya Andrielly.
“Eu faço da dificuldade a minha motivação, A volta por cima,
vem na continuação”.
Charlie Brown Jr.
RESUMO

Diante da condicionalidade posta pelo perfil do Estado que coloca o projeto


neoliberal, o mesmo vem mostrar um comportamento de exposição onde se leva
cada vez mais as políticas públicas a serem focalizadas e seletivas. Assim, é
possível destacar o aumento de (ONGs) Organizações não Governamentais,
instituições essas que compõem o terceiro setor que vem correspondendo mesmo
de forma muitas vezes falhas, mais conseguem suprir de alguma forma as
necessidades das famílias que vivem vulneravelmente. Diante disso, a partir da
inserção na Cáritas Diocesana, como campo de estágio em Serviço Social, surgiu o
interesse em observar como se davam as ações realizadas nos bairros Frei Damião
e Nova Caicó no Projeto “Educar para Promover a Cidadania” realizadas no
município de Caicó/RN. Para fazer pesquisa descritiva exploratória nos dois bairros
acima citado, sendo usado se como instrumento questionário com perguntas abertas
e fechadas além de uma revisão bibliográfica, buscando entender o porquê da
evasão das crianças e adolescentes do projeto. De acordo com as respostas foram
bastante satisfatórias no sentido que as famílias participantes da pesquisa puderam
identificar melhorias no comportamento, aprendizado e novas oportunidades.

Palavras chaves: Capitalismo. Questão social. Terceiro setor. Familia.


ABSTRACT

Faced with the conditionality posed by the profile of the State that places the
neoliberal project, it shows a behavior of exposure where it is increasingly taking
public policies to be focused and selective. Emphasizing the increase of NGOs,
these institutions that make up the third sector that has been correspondingly often in
flaws, are able to meet the needs of the families that live in a certain way. In view of
this, since the insertion in the Diocesan Caritas as a field of work in Social Work, the
interest arose in observing how the actions carried out in the neighborhoods Frei
Damião and Nova Caicó in the 'Project to Educate to Promote Citizenship'
municipality of Caicó; RN. In this way, we used the following questionnaire with open
and closed questions and a bibliographic review, trying to understand the reason for
the evasion of the children and adolescents of the project. According to the answers
were quite satisfactory in that the families participating in the research could identify
improvements in behavior, learning and new opportunities.

Keywords: Capitalism. Social issues. Third sector. Family.


LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Gênero 38

GRÁFICO 2 Nível de escolaridade 39

GRÁFICO 3 Se trabalha 40

GRÁFICO 4 Renda Familiar 41

GRÁFICO 5 Quanto a benefícios sociais 42

GRÁFICO 6 Quanto as mudanças 43

GRÁFICO 7 Quanto As Atividades Do Projeto 44

GRÁFICO 8 Quanto ao incentivo para participação em projeto 45

GRÁFICO 9 Quanto a motivação das crianças 46

GRÁFICO 10 Faixa etária 47

GRÁFICO 11 Quanto a Moradia 48

GRÁFICO 12 Quanto a escolaridade 49

GRÁFICO 13 Se trabalha 50

GRÁFICO 14 Renda Familiar 51

GRÁFICO 15 Se recebe benefício social 52

GRÁFICO 16 Se houve mudança de comportamento 53

GRÁFICO 17 Assiduidade no projeto 54


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 CAPITALISMO E QUESTÃO SOCIAL: REGRESSÃO DAS POLÍTICAS


SOCIAIS E ASCENSÃO DO TERCEIRO SETOR 13

2.1 CAPITALISMO E QUESTÃO SOCIAL 13

2.2 TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS E OS IMPACTOS NA QUESTÃO


SOCIAL 18

2.3 NEOLIBERALISMO E ASCENSÃO DO TERCEIRO SETOR 21

3 FAMÍLIA E PROTEÇÃO SOCIAL 25

3.1 A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA 25

3.2 PROTEÇÃO SOCIAL ÀS FAMÍLIAS 27

3.3 TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS 32

4 PROJETO EDUCAR PARA PROMOVER A CIDADANIA: ENTRE A

EVSÃO E A PARTICIPAÇÃO 35

4.1 A CÁRITAS DIOCESANA DE CAICÓ 35

4.2 METODOLOGIA 36

4.3 RESULTADOS ALCANÇADOS COM A PESQUISA 36

4.3.1 Dados coletados no bairro Frei Damião 38

4.3.2 Dados coletados na Nova Caicó 45

4.3.3 Entrevista ao educador social 54

5 CONSIDERAÇOES FINAIS 56

REFERÊNCIAS 59

APÊNDICE 63

ANEXO 67
10

1. INTRODUÇÃO

O rápido crescimento populacional e a especulação do capital durante a


revolução industrial fizeram com que muitas famílias saíssem da zona rural e fossem
para os grandes centros urbanos como forma de busca de trabalho. Daí o acesso à
moradia foi escasso e com o custo de vida alto, as famílias deslocaram-se para as
áreas periféricas das cidades, formando assim as favelas; essa grande
concentração se dá de maneira desorganizada e há assim o aumento principalmente
das desigualdades sociais.
Nesse contexto, explicitamos a educação como uma das saídas para
combater a desigualdade no país, pois uma educação básica de qualidade seria a
principal estratégia para se romper o ciclo da pobreza e reduzir as desigualdades
sociais. No entanto, apesar de existir vários programas de incentivo à educação,
como por exemplo o programa “Todos pela Educação”, este que surgiu com o intuito
de engajar o poder público e a sociedade brasileira no compromisso pela efetivação
do direito das crianças e jovens a uma Educação Básica de qualidade, mesmo com
esse propósito ainda é grande o número de crianças que estão fora da escola, estes
representam cerca de 731 mil, segundo dados do IBGE (2010). O problema da
evasão escolar preocupa educadores e responsáveis pelas políticas públicas. São
vários os motivos que podem levar o aluno a deixar de estudar, tais como, a
necessidade financeira, dificuldades de aprendizado, falta de transporte escolar,
dentre outros.
A Cáritas Diocesana de Caicó1 desenvolve em quatro comunidades (Nova
Caicó, Frei Damião, João XXIII e João Paulo II) o projeto Educar para promover a
cidadania. O projeto contempla 100 crianças e adolescentes distribuídas nos
respectivos setores. Todavia, foi-nos preciso delimitar o nosso campo de observação
para melhor desenvolver a pesquisa que por ora se apresenta. Assim como
acontece na escola, nos projetos sociais voltados para a educação, também ocorre

1
Segundo o informativo da instituição, assim é definida: “A Cáritas Diocesana é uma entidade de
atuação e promoção social da Diocese de Caicó, vinculada a Cáritas brasileira e certificada como
entidade beneficente de assistência social (MDS – Portaria nº 710 de 30/09/2015), constituída em
1950, que trabalha na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento
sustentável solidário. Sua atuação é junto aos excluídos e excluídas em defesa da vida e na
participação da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural. Nessa perspectiva, a
Cáritas Diocesana de Caicó, tem uma constante preocupação com a efetivação dos direitos humanos
e sociais, e por isso tem desenvolvido e formentado, nos últimos 10 anos inúmeras ações e projetos
voltados para a defesa e promoção de direitos das crianças e adolescentes.
11

a evasão. Foi o que foi observado ao nos inserirmos no Estágio Supervisionado do


curso de Serviço Social realizado na Cáritas Diocesana de Caicó. No decorrer do
estágio percebeu-se que em alguns bairros onde a instituição executa o referido
projeto há uma maior participação em relação a outras comunidades, onde o mesmo
projeto é realizado.
Ao nos inserirmos no Estágio Supervisionado do Curso de Serviço Social,
realizado na Cáritas Diocesana, percebemos que há uma considerável desistência
dos participantes no decorrer da execução do projeto educar para promover a
cidadania; dessa forma a euforia inicial dos pais e crianças nos bairros com o projeto
tornou-se maior quando foram levadas as oficinas e atividades contempladas no
projeto, porém em outro bairro houve um declínio na participação das crianças,
diminuindo assim a quantidade de usuários.
Nesse sentido, o presente estudo busca analisar quais os motivos que levam
as crianças do a abandonarem as atividades realizadas pelo projeto no intuito de
identificar as prováveis causas para a desmotivação e abandono por parte das
crianças e seus responsáveis. Portanto, é válido ressaltar a importância desse
estudo, pois almejávamos colaborar para o levantamento de indicadores que
apontassem os prováveis motivos das evasões das crianças nas oficinas, identificar
os fatores que levam a essa evasão, e a partir dessas informações contribuir para a
elaboração de ações que visem reverter o problema.
Os objetivos específicos da pesquisa são definir o perfil socioeconômico das
famílias das crianças que participam do projeto da Cáritas. Identificar e analisar as
dificuldades encontradas pelas famílias para manterem seus filhos no projeto, e
analisar se a instituição desenvolve algum mecanismo para estimular as crianças a
permanecerem no projeto.
Esse estudo se caracterizou como uma pesquisa descritiva exploratória que
fora desenvolvido através do uso de formulários, entrevistas e revisão bibliografia,
com intuito de descobrir o porquê da evasão das crianças do projeto.
Os resultados foram bastante satisfatórios, haja vista que o público seja de
crianças e adolescentes de bairros vulneráveis, e tenha ocorrido evasão do projeto,
podemos evidenciar que o índice foi pequeno, e ainda podemos perceber mudanças
nos comportamentos e na vida destas famílias.
Assim, o estudo será apresentado por capítulos, sendo que no primeiro será
tratado sobre o capitalismo, questão social, enfatizando como o Estado vem
12

intervindo no campo das políticas sociais e a partir daí situaremos a ascensão do


terceiro setor. No capítulo 2 será tratado mais especificamente a família como uma
instituição social, destacando como são absorvidas pelas políticas sociais,
finalizando com uma abordagem sobre trabalho social com famílias. No terceiro e
último capítulo será exposto o resultado da pesquisa realizada com os/as
responsáveis pelas crianças e adolescentes participantes do Projeto Educar para
Promover a Cidadania.
13

2. CAPITALISMO E QUESTÃO SOCIAL: REGRESSÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS


E ASCENSÃO DO TERCEIRO SETOR

O conteúdo deste capítulo contempla o surgimento e desenvolvimento do


modo de produção capitalista, enfatizando o questionamento do que é Questão
Social e suas expressões, onde se visualiza que uma parte da sociedade se
encontra sujeita às várias expressões da questão social. Abordará sobre a ascensão
do terceiro setor e o como se dá a sua implementação diante da ausência do Estado
para atender as necessidades básicas da população.

2.1 CAPITALISMO E QUESTÃO SOCIAL

A Questão Social é considerada um dos fenômenos que origina o Serviço


Social com visibilidade em todos os espaços do capitalismo mundial, ele é um
acontecimento que explicita uma concepção como expressão das desigualdades
sociais vivenciadas no modo de produção capitalista. É preciso compreender o
debate sobre “a questão social” em seu processo de desenvolvimento, com a
finalidade de analisar como esse procedimento investigativo se volta para
aprendizagem dos determinantes essenciais da formação social capitalista e sua
expansão, e, portanto, sua consequência para a classe trabalhadora.
Segundo Iamamoto (1999, p.27):

A Questão social pode ser definida como O conjunto das expressões


das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma
raiz comum a produção social e cada vez mais colectiva, o trabalho
torna – se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus
frutos se mantém privada, monopolizada por uma parte da
sociedade.

De acordo com Pastorini (2004) a compreensão da questão social reside em


três pilares centrais: o primeiro, submetido a relação capital – trabalho; o segundo, a
ordem estabelecida; e, por fim, o terceiro, que é expressão das manifestações das
desigualdades e incompatibilidade das contradições da sociedade capitalista.
Segundo Netto (2001), a expressão “questão social” surge para dar conta dos
impactos do primeiro pilar onde industrializante, a designação desse pauperismo
relaciona-se diretamente aos seus desdobramentos sociopolíticos, pois desde a
14

primeira década até a metade do século XIX seu protesto tomou as mais diversas
formas numa perspectiva efetiva de uma aversão da ordem burguesa.
Ainda segundo o autor supra, partir da metade desse século, a expressão
“questão social” entra para o vocabulário do pensamento conservador, com o caráter
de urgência para manutenção e a defesa da ordem burguesa, desta forma a questão
social perde paulatinamente sua estrutura histórica determinada e é crescentemente
naturalizada, tanto pelo pensamento conservador laico como no do confessional.
A partir do Estudo de Karl Marx identificamos que a formação social
Capitalista e suas formas de expansão tem como determinante a acumulação
primitiva, pois ela determina a relação capital X trabalho. A acumulação é condição
fundamental para se construir o modo de produção capitalista. Porém, a mesma se
desenvolve a partir do processo de exploração e pauperização do trabalhador,
quanto maior a riqueza produzida socialmente, maior a pobreza da classe
trabalhadora. Nesse sentido,

Comparando o processo de produzir valor com o de produzir mais–


valia, veremos que o segundo só difere do primeiro por se prolongar
além de certo ponto. O processo de produzir valor simplesmente
dura até o ponto em que o valor da força de trabalho pago pelo
capital é substituído por um equivalente. Ultrapassando esse ponto, o
processo de produzir valor torna – se processo de produzir mais –
valia (valor excedente). (MARX, 2001, p.228).

Segundo Marx (2012, p.25) o surgimento da chamada “questão social”


possui dois ângulos associados, mas nem por isso idênticos, sendo planos histórico
e conceitual significativos da (questão social) em sua gênese atendendo uma
determinada concepção sobre a sequência de sua produção e reprodução ampliada
do capital.
Esse processo remete o aumento da produtividade do trabalho social e a
diminuição do tempo do trabalho socialmente necessário à produção de
mercadorias. Essa habilidade, por sua vez produz uma mobilidade simultânea de
aumento do capital constante e diminuição do capital variável, que corresponde a
força de trabalho.

Essa redução relativa da parte variável do capital, acelerada com o


aumento do capital global, e o que é mais rápida do que este
aumento, assume, por outro lado, a aparência de um crescimento
absoluto da população trabalhadora muito mais rápido que o capital
15

variável ou dos meios de ocupação dessa população. Mas a verdade


e que de sua extensão, uma população trabalhadora supérflua
relativamente, isto e, que ultrapassa as necessidades médias de
expansão do capital, tornando-se, desse modo, excedente. (MARX,
2001, p.733).

De acordo com Marx (2012) o Capitalismo conquista no século XIX com sua
condição histórica baseada na grande indústria que processa o trânsito da
subsunção formal a subsunção real do trabalho ao capital. Já nessa época é visível
o processo nítido de pauperização da classe trabalhadora onde o tear e máquina a
vapor estabelece a base técnica da Primeira Revolução Industrial, que se amplia até
meados do século XIX. Desse modo, surgem as necessidades de valorização do
capital em que não apenas a mão de obra infantil e feminina, mas todos os
trabalhadores eram subordinados às extensas jornadas de trabalho em péssimas
condições, com baixos salários, o que se refletia diretamente na precarização da
vida que a classe trabalhadora passa a ser submetida.
Além disso, com a Revolução Industrial passa-se a utilizar um volume maior
de máquinas, às quais substituem a mão de obra humana, surgindo o que Marx
denomina de exército industrial de reserva. Desta forma:

A experiência mostra geralmente ao capitalista que existe uma


população excedente em relação as necessidades momentâneas do
capital de expandir o valor. Essa superpopulação, entretanto, se
compõe de gerações humanas atrofiadas, de vida curta, revezando –
se rapidamente, por assim dizer, prematuramente colhidas. (MARX,
2001, p.310- 311).

Segundo Marx, o exército industrial de reserva mostra como a força de


trabalho contribui para o aumento da produção, com baixos salários e, portanto,
menor custo, garantindo assim ao capitalismo uma enorme acumulação de renda e
ao mesmo tempo maior exploração da classe trabalhadora que esteja e seja
população ativa. Diante da intensa exploração dos trabalhadores e de seus baixos
salários, há um agravamento das condições de vida, ou seja, um agravamento das
expressões da questão social, a qual se dá na mesma proporção do enriquecimento
da burguesia. Para Marx (2001) o que viabiliza a um capitalista uma renda
exorbitante de salário comparando-se ao valor pago a um trabalhador, propaga
ainda mais o fenômeno de escravo, por mais que os condicionantes levem esses
trabalhadores a produzirem um dia inteiro e ter a força necessária e energia para
16

desempenhar essa jornada diária de trabalho isso faz com que essas condições de
trabalho árduo leve ainda mais a uma precarização do trabalho e a própria
desvalorização do trabalhador. Na busca pelo aumento da margem de lucro tem
como consequência principal a precarização das condições de trabalho operário
obrigado a permanecer por longos períodos de tempo em espaços insalubres e
inseguros, exposto a acidentes, sendo mal remunerado e sem contar com direitos
que lhe asseguram a sobrevivência, no caso de impossibilidade de vender sua força
de trabalho. Diante desse cenário de intensa exploração, os trabalhadores passam a
ter consciência de sua situação de explorados e passam a se organizar enquanto
classe, em torno dos movimentos sociais e com isso tem-se o reconhecimento da
chamada “questão social”.
Desta forma, o que se pode constatar é que na mesma proporção que o
modo capitalista se desenvolve pautado na intensificação da exploração da classe
trabalhadora, a questão social e suas expressões se ampliam. Desta forma, a
organização da classe, através dos movimentos sociais, passa a ser um importante
instrumento não apenas para o reconhecimento da questão social, mas também
para a necessidade de intervenção do poder público.

2.2 TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS E OS IMPACTOS NA QUESTÃO SOCIAL

A partir da década de 1970 surgem novas transformações societárias. Netto


(2012) identifica que tais transformações são geradas pelas modificações no próprio
sistema capitalista, gerando mudanças no chamado “mundo do trabalho”,
associando-se também com as teses do “fim da sociedade do trabalho” e do sumiço
do proletariado como classe. Transformações que indicam os impactos deixados nos
espaços produtivos pela revolução científica e técnica em curso em meados do
século XX. Significa dizer que estes avanços estão diretamente ligados às melhorias
para parte dominante da sociedade, ou seja, a burguesia.
Ainda diante da fala de Netto (2012) vale salientar as exigências imediatas
do grande capital, em que o projeto neoliberal se opera, havendo a flexibilização da
produção e das realizações de trabalho; da não centralização das relações
comerciais e dos circuitos financeiros e da privatização do patrimônio estatal. É
perceptível a grande superacumulação gerada pela tecnologia em que faz disso um
crescimento gigantesco do capital para classe burguesa, como o elevado exército
17

industrial de reserva próprio do sistema capitalista, onde os economistas se recusam


admitir que isso eleva brutalmente o “desemprego estrutural”. Segundo Antunes
(2006) o mercado de trabalho reestruturado vem sendo transformado com grande
intensidade no Brasil tendo como consequências o aumento da flexibilização da
informalidade e precarização da classe trabalhadora. Essas inovações geram o
mercado informal de forma, muitas vezes, desorganizada e precária.
Com a informalidade do mercado, em que o contrato de trabalho não atende
a legislação social protetora do trabalho, aumenta e se acentua o processo de
precarização. As várias formas de flexibilização do trabalho tem sido fundamental
instrumento utilizado pelas empresas para lesar a legislação social do trabalho.
A partir do que diz Netto (2012), a tão festejada globalização econômica
amarra, se não por acaso, essa financeirização do capitalismo. Com isso vem se
mostrando as grandes corporações mesmo que não se reduza. Ambas vêm
crescendo o padrão de competitividade intermonopolista, na medida em que
redesenha o gráfico político – econômico do mundo.
De acordo com Motta (2006), nos anos 80 inicia-se uma nova trajetória de
desenvolvimento do capitalismo no Brasil, em que o processo de modernização
conservadora intensificou a industrialização e o crescimento econômico. Infelizmente
não se divulgou esses resultados com a maioria da população trabalhadora, ou seja,
a classe trabalhadora permaneceu à margem do processo de desenvolvimento
econômico do país. No Brasil, assiste-se ao processo de reestruturação produtiva
justamente ainda no período da década de 1980 com a utilização produtiva, os
programas de qualidade total e a fixação de métodos de uma nova gestão
participativa. Segundo Antunes (2006), processa-se uma redução da dignidade de
trabalho e aumento da produtividade que necessitam da reorganização da produção,
e da intensificação de uma jornada de trabalho.
Segundo Behring (2006). Já nos anos 90, ocorreram várias mudanças no
traçado socioeconômico – culturais, em que estavam arroladas no processo de
globalização da economia capitalista. Tais mudanças vêm suplicar na dinâmica da
família e da ordem societária. Vale salientar que dessa forma acentuam-se um
grande índice de desigualdades sociais na vida econômica, social e cultural da
população. Visualizadas e acentuadas principalmente na renda familiar, resultando,
assim, em péssimas condições de sobrevivência e superação nesse estado de
pobreza, reforçando ainda a dependência dos serviços públicos.
18

Desta forma, observa-se que as crises que passa o sistema capitalista


transformam a sociedade. Para Mota (1995, p. 37):

Através delas o capital se recicla, reorganizando suas estratégias de


produção e reprodução social. Pode – se dizer que as crises
econômicas são inerentes ao desenvolvimento do capitalismo e que,
diante dos esquemas de reprodução ampliada do capital, a
emergência delas é uma tendência sempre presente.

As crises mostram muito bem as formas e desníveis entre produção e


consumo, expressando ainda mais a desigualdade social. Apresenta, dentre outras
questões, a realização do capital, ou seja, modificando a mais-valia em lucro, onde é
notório que esse processo somente se dá através da venda das mercadorias
produzidas capitalistamente, levando em conta quanto maior a produção e
acumulação, a população sem ter como consumir, o estoque é afetado. Contudo,
isso não se configuram o fim do capitalismo.
Expondo mais sobre o tema, Mota (1995 apud NETTO E BRAZ, 2006, p.162)
afirmam:

As crises são funcionais ao modo de produção capitalista,


constituindo – se num mecanismo que determina a restauração das
condições de acumulação, sempre em níveis mais complexos e
instáveis, assegurando, assim, a sua continuidade.

Justifica dizer assim que as crises não afetam diretamente ao capitalismo ao


ponto de se tornar um colapso, mas sim uma geração histórica de contradições
fundamentais, não gerando nenhum dano ao modo capitalista e muito menos aos
detentores do poder por terem uma produção que inabaláveis sempre se
mantiveram por cima do ambiente político e também com forças entre as classes.
Passou-se por um processo de crises essas visualizadas como transformações
significativas, sejam elas no interior da ordem, ou seja, em rumo ao processo
revolucionário, sendo mostradas as condições e objetivos das forças sociais em
confronto.
Segundo Mota (1995 apud BRAGA, 2003, p. 217) em conjunturas de crise:

A principal tarefa das classes dominantes passa a ser a de erigir


contra tendências à queda da taxa de lucro. Nesse processo devem
intensificar os métodos de trabalho, modificar as formas de vida
operária e, principalmente, engendrar as bases políticas e sociais de
19

uma iniciativa que permita as classes dominantes tornar seus


interesses particulares em universais, isto é, válidos para todas as
classes.

Através da fala de Braga, acima referendada, pode-se entender que a classe


dominante sempre teve como função maior a de explorar ao máximo os
trabalhadores, não visualizando que os mesmos por precisarem de trabalho deixam
muitas vezes serem explorados pelo instinto de sobreviver, permitindo-se o aumento
da jornada de trabalho, como também a desvalorização de seu trabalho. Dando
margem ao uso da tecnologia e da ciência em que permite uma produção em massa
e gera o desemprego dessa classe.
Além disso, diante dos momentos de crise, observam-se vários reflexos na
classe trabalhadora, a qual passa a vivenciar um contexto dominado por várias
expressões da questão social, a qual é compreendida, conforme já explicitado, como
decorrente do conflito entre o capital e trabalho, e a problematização das
insuficiência sociais por sujeitos que procuram fundamentar respostas políticas para
as exigências presente no contexto social por intermédio da concretização de
políticas públicas.
No que que diz respeito as expressões da questão social e considerando a
pobreza uma das maiores delas, Telles (1996) afirma que a mesma, no Brasil, é
consequência da reestruturação produtiva e desmantelamento dos serviços
públicos. Isso no sentido de agravar mais ainda, precarizar o que não funciona, ou
seja, o sistema de proteção social aos que mais necessitam usufruir desses serviços
que são as populações carentes, pobres e desprovida de seus direitos, ficando
ausente das políticas de direito.
Sendo assim entende-se que a pobreza no Brasil é consequência da má
distribuição de renda, baixa remuneração dos trabalhadores, mediante o próprio
mercado de trabalho, ou seja, os trabalhadores inseridos no mercado, portanto
empregados (formais e/ou informais) não estão isentos do processo de
pauperização.
Diante das críticas e com o aprofundamento da crise social está marcada
pela falta de acesso a meios de vida, tais com: acesso a emprego, educação, bens e
serviços públicos básicos, moradia entre outros, passa ser propagado, por
estudiosos de forma, pois a crise que provocou a desestruturação do mercado de
20

trabalho ampliou-se também aos setores formais, onde os trabalhadores eram vistos
como incluídos, cidadãos e estáveis.
É através da percepção que Yasbek (2008) coloca que existe vários pontos
a serem considerados como relevantes para a vida do indivíduo em sociedade, cada
expressão da questão social, a qual o ser acaba sendo condicionado.

Um somatório de situações de precariedade, para além das precárias


condições socioeconômicas (como indicadores de renda e
escolaridade ruins) [...]. São considerados como elementos
relevantes no entendimento da privação social aspectos como a
composição demográfica das famílias aí residentes, a exposição a
situações de risco variadas (como altas incidências de certos
agravos à saúde, gravidez precoce, exposição à morte violenta, etc.),
precárias condições gerais de vida e outros indicadores. (YASBEK,
2008. apud CRONEMBERGER; TEIXEIRA, 2012, p. 98).

Através da fala de Yasbek (2008), pode-se entender os vários


condicionantes aos quais se põem a partir deste e se correlacionam com as
expressões da questão social, ou seja, a precarização diante das condições de
vida em linhas gerais. Conforme Silva (2005), sobre a categoria pobreza percebe-
se que esse termo encontrar-se ligado a insuficiência de renda, fazendo disso uma
restrição básica para sua aferição, mais também oculta as limitações da vida que
grande parcela da população e obrigada a viver, assim a pobreza é vista e
compreendida desta forma. Considerando a fala de Montaño (2012) o mesmo
apresenta diversos pontos de vista hegemônicos, de tradição clara sobre a pobreza
e “questão social” norteada por vantagens do capital, no pensamento das lutas de
classes.
Desta forma, a partir do pensamento conservador, a pobreza passa a ser
naturalizada e vista como um “insucesso” individual. Nessa perspectiva, Montaño
(2012) afirma que a pobreza e a miséria estariam ligadas a pelo menos três fatores,
sendo demonstrada pelo indivíduo que necessita suportar tal circunstância. Sendo
primeiramente visualizado a pobreza na concepção burguesa estaria associado a
um déficit educativo (ausência de conhecimento das leis “naturais” do mercado e de
como atuar dentro dela). A segunda fase, a pobreza é posta como um problema de
planejamento (incompetência de planejamento orçamentário familiar). E por último
essa aflição como é colocada como problemas de ordem moral – comportamental.
Através da fala de Montaño (2012) pode-se perceber que claramente na
visão burguesa a pobreza estaria associada ao déficit educativo (forma de não saber
21

o que seria direito), ou seja as leis “naturais” impostas no mercado sem saber como
cobrar, no segundo momento a pobreza se rotula como um problema de
planejamento (desqualificação de planejamento orçamentário familiar). E por último
é posto como adversidade de ordem moral – comportamental (recurso utilizado de
forma inadequada, levando a tendência do ócio, alcoolismo, vadiagem etc.).
No entanto, tem-se que entender a pobreza como um problema de má
distribuição de renda, moradia, e má aplicação das políticas públicas, entre outras
condicionantes que acabam por gerar em sua maioria o aumento do contingente
pobre na atual sociedade.
Desta forma, evidencia-se que diante das transformações societárias há
vários impactos na classe trabalhadora, a qual passa a vivenciar uma realidade
pautada em processos precarizados de trabalho e diminuição de acesso aos direitos
sociais básicos, gerando, com isso, no aprofundamento de várias das expressões da
questão social, inclusive, da pobreza.

2.3 NEOLIBERALISMO E ASCENSÃO DO TERCEIRO SETOR

De acordo com Montaño (2001), as transformações que passa o grande


capital geram impactos diversos, em que se pode citar na relação entre o Estado e a
sociedade. Desta forma, pautado no ideário neoliberal, o Estado passa a se omitir
diante de suas responsabilidades perante a garantia de direitos para a população,
através da seletividade e focalização das políticas públicas. Esta mesma instância
propicia o pior para a grande massa trabalhadora que sofre com as solicitações do
capital contando com leis de proteção ao trabalho, que por muito são reduzidas.
“A crise do Estado” se configura em um movimento global das sociedades
atuais, definitivo nas crises do Estado de Bem-Estar, no colapso do socialismo real e
no insucesso da experiência das nações do Terceiro Mundo de superar a
subalternização (NETTO, 1995, p.7). Sendo a partir daí o crescimento do
neoliberalismo em que se prega o Estado mínimo e políticas sociais públicas são
restringidas ou regressadas para o setor privado, diminuindo sua funcionalidade de
conservar a reprodução social e diminuição dos gastos e assim condicionando os
trabalhadores aos mínimos serviços prestados, pelo Estado de forma precária,
utilizando do repasse insignificativo de verbas pública para a burguesia (NETTO,
1995).
22

O objetivo de retirar o Estado (e o capital) da responsabilidade de


intervenção na “questão social” e de transferi-la à esfera do “terceiro
setor”, não é por motivos de eficiência (como se as ONGs fossem
naturalmente mais eficientes que o Estado), nem apenas por razões
econômicas, como reduzir os custos necessários para sustentar esta
função estatal. O motivo é fundamentalmente político-ideológico:
retirar e esvaziar a dimensão de direito universal do cidadão em
relação a políticas sociais (estatais) de qualidade; criar uma cultura
de auto culpa pelas mazelas que afetam a população, e de autoajuda
e ajuda-mútua para seu enfrentamento; desonerar o capital de tais
responsabilidades, criando, por um lado, uma imagem de
transferência de responsabilidades e, por outro, criando, a partir da
precarização e focalização (não universalização) da ação social
estatal e do “terceiro setor”, uma nova e abundante demanda
lucrativa para o setor empresarial. (MONTAÑO, 20002)

Essa suposta crise do Estado e das políticas sociais exercem peso sobre a
sociedade, as organizações institucionais e as práticas cotidianas. Pisando no
projeto neoliberal, o delineamento econômico faz com que haja contenção de gastos
públicos e levando, a não viabilização dos serviços prestados à população, levando
a responsabilidade ao setor privado, ou seja, a instituições que compõe o chamado
“terceiro setor” transferindo e descentralizando os serviços e compromisso com as
camadas pauperizadas de um outro lado minimizando os serviços de assistência
básica, essencial. Com isso, há grandes prejuízos para a classe trabalhadora que
necessita da proteção social do Estado, havendo uma transferência da ordem do
direito para a ordem da filantropia e solidariedade, ou até mesmo do favor.

Neste processo de constituição de um „Terceiro setor‟ assumindo


atividades sociais que eram prioritárias do Welfare State, a função
social da resposta às refrações da „questão social‟ deixa de ser, no
projeto neoliberal, responsabilidade privilegiada do Estado, e através
deste do conjunto da sociedade, e passa a ser agora auto
responsabilidade dos próprios sujeitos portadores de carecimentos, e
da ação filantrópica, „solidária-voluntária‟, de organizações e
indivíduos. (MONTAÑO, 20023)

Observa-se assim que, a partir do neoliberalismo, o Estado passa a adquirir


uma postura “mínima” no que se refere ao trato da questão social, a qual passa ser
objeto de atuação das instituições do terceiro setor.
De acordo com Montaño (2002), a sua definição de Terceiro Setor é formada
por associações e entidades sem fins lucrativos, como ONGs (Organizações Não

2
Documento não paginado.
3
Documento não paginado.
23

Governamentais) e OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público).


Para Montaño (20024) as entidades do terceiro setor possuem uma funcionalidade
para o desenvolvimento do modo de produção capitalista, uma vez que:

A estratégia neoliberal tende, sobretudo, a instrumentalizar um


conjunto de valores, práticas, sujeitos, instâncias: o chamado
“terceiro setor”, os valores altruístas de “solidariedade individual” e do
“voluntarismo” e as instituições e organizações que em torno deles
se movimentam. O capital luta por instrumentalizar a sociedade civil
– torná-la dócil, desestruturada, desmobilizada, amigável. O debate
sobre o “terceiro setor”, como ideologia, transforma a sociedade civil
em meio para o projeto neoliberal desenvolver sua estratégia de
reestruturação do capital.

Assim, compreende-se que diante dessa funcionalidade, o terceiro setor


atua utilizando-se dos discursos da solidariedade e voluntariado, havendo um
chamado para que a própria sociedade se ponha como responsável pelo
desenvolvimento de ações junto a população mais vulnerável. Nessa perspectiva,
Petras (1999, p. 46) identifica que “o terceiro setor tem a função de minimizar os
impactos da oposição as reformas neoliberais”. O chamado “terceiro setor”, mesmo
que de forma encoberta e indiretamente, não está à margem da lógica do capital e
do lucro privado (e até do poder estatal). Ele é funcional a nova estratégia
hegemônica do capital e, portanto, não é alternativo, e sim integrado ao sistema.
(MONTAÑO,1999, p. 70)
O Neoliberalismo visa como forma parcial da crise capitalista restabelecer o
mercado, diminuindo ou até subtraindo a intervenção social do Estado em inúmeras
áreas e atividades. Características essas que como acesso do parâmetro da
legitimação sistêmica das lógicas democráticas – particularmente no âmbito estatal –
para as lógicas da sociedade civil e de mercado (MONTAÑO, 1999). Desta forma, as
demandas que seriam obrigações do poder público passam a ser absorvidas pelas
entidades que compõem o terceiro setor.
Diante da omissão e precarização do Estado com as responsabilidades
sociais e expansões dos serviços comerciais, isso vem acarretar um pretexto como
forma de mitificar que o mesmo está falido atribuindo assim o seu papel para as
ONGs, mas para justificar a sua ausência o Estado diminui os investimentos públicos
como forma de precarizar, ainda mais os serviços. Contraditoriamente (ou não)

4
Documento não paginado.
24

existe algum interesse do mesmo em relação a precarização dos serviços público.


De certa forma a burguesia é quem sai no lucro, cada vez mais a não democracia
dos cidadãos no quesito participação e utilização dos serviços com as populações
pobres como o fato de negar-lhes diariamente seus direitos. Para Montaño (2002),
trata-se de uma transferência de responsabilidade em que o autor denomina de
“parcerias ideológicas” entre o Estado e sociedade civil.
25

3 FAMÍLIA E PROTEÇÃO SOCIAL

Neste capítulo será apresentado um breve relato sobre o que se entende por
família, seguido de uma discussão sobre a questão Proteção Social às Famílias,
destacando o papel do Estado e a sobrecarga que as famílias vêm assumindo diante
de um cenário de omissão e regressão das funções protetivas do Estado. Por fim,
destacará o trabalho social com famílias como uma estratégia de conquista e defesa
de direitos.

3.1 A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA

Segundo Oliveira (2009), as transformações decorrentes do processo de


industrialização, urbanização geraram grandes impactos na forma de organização
da família. Com a industrialização, houve uma modificação na forma de produção,
passando de uma produção manufaturada e muitas vezes doméstica, para a
utilização das máquinas no espaço fabril. Nesse processo, a força de trabalho de
homens, mulheres e crianças passa a ser utilizada como forma de extração de lucro.
Desta forma, observa-se uma alteração na estrutura familiar, a partir da
saída da mulher do espaço estritamente doméstico, se deslocando para o espaço
fabril, do trabalho. O movimento feminista ganhou força para além das
manifestações e passeatas públicas, foi estabelecido e teve reivindicações
integradas nas políticas públicas, especialmente no campo do combate à violência,
da saúde e dos direitos reprodutivos. No entanto, mesmo com a entrada da mulher
no mercado de trabalho, tal “conquista” não é acompanhada por uma evolução real
do acesso aos direitos. E no que se refere a família ainda prevalece um modelo
tradicional. Ressaltando o aprofundamento da opressão feminina, em que a família
passa a ser uma instituição também de controle. Cardoso (1985, p.18) observa que:

Para a mulher um papel passivo e submisso, a sociedade cria


espaço para o exercício da imposição. A socialização tradicional
impõe as mulheres que abdiquem de certas profissões, desejos
prazeres e que fiquem confinadas a certos ambientes. Isso, porém,
não é atendido como violência, embora seja uma violência
institucionalizada. A denúncia e a consciência desse tipo de violência
só foram possíveis porque já existe uma prática contrária, ou seja, já
se abriu espaço para a discordância, uma vez que o que era reino do
privado de cada um passou a ser público e transformado em questão
26

política. Revela – se o lado não – manifesto (reprimido) das situações


cotidianas.

Desta forma, mesmo com os espaços conquistados pela mulher, a mesma


teve um aumento em sua responsabilidade com mais deveres, e a certos tipos de
organizações familiares caracterizados pela valorização explícita e elaborada do
papel ganhou horizontes ainda mais visíveis.
A dupla ou tripla jornada de trabalho exercida pelas mulheres que trabalham
fora e dentro de casa é um exemplo desse acúmulo de responsabilidades. Sobre
isso, ainda é necessário frisar a fragilidade da rede de proteção social à criança,
adolescente, idosos e deficientes, em que a mulher muitas vezes acaba
desempenhando o compromisso e a responsabilidade do cuidado. Outro ponto
observado a partir das transformações sociais em que a família está sujeita é a
questão das mulheres chefiando famílias. Assim, mesmo com as transformações
sociais ocasionadas pelo desenvolvimento do capitalismo, constata-se a
conservação das relações de classe sobre a própria casa o que significa também
priorizar o controle e a relação do poder do homem sobre a mulher.
Pode-se ver diversas formas de família. As mudanças sociais concebidas
na segunda metade do século XX e reorganizadas nesse princípio do século XXI
operam diversas modificações nos vínculos familiares.
Granato e Mari (1999, p.269) comentam que “A alteração nesse molde tem
seguimento em novos extraordinários desafios familiares; filhos de pais divorciados
que novamente se casam, ou seja, acumulação de importante teia de meios –
irmãos, meias – irmãs, avós, tios e pais adotivos”.
Nessa declaração podemos conceber uma nova definição sobre os novos
aspectos familiares com a nomenclatura “desafios” familiares, que, por profissionais
do campo psicológico são qualificados similarmente de “família mosaico”. Desta
forma, parte-se do pressuposto que: “A noção de família remete a relacionamento
entre pessoas, que não necessariamente compartilham o mesmo domicílio e os
mesmos laços sanguíneos ou de parentesco.” (GUEIROS, 2010, p. 128). Com isso,
observa-se que a própria “definição” e compreensão do que seja “família” é algo que
vem sofrendo intensas transformações e necessita ser mais problematizada e
estudada.
27

A família, nas suas mais diversas configurações constituem-se como


um espaço altamente complexo. É construída e reconstruída
histórica e cotidianamente, através das relações e negociações que
estabelece entre seus membros, entre seus membros e outras
esferas da sociedade e entre ela e outras esferas da sociedade, tais
como Estado, trabalho e mercado. Reconhece-se também que além
de sua capacidade de produção de subjetividades, ela também é
uma unidade de cuidado e de redistribuição interna de recursos.
Portanto, ela não é apenas uma construção privada, mas também
pública e tem um papel importante na estruturação da sociedade em
seus aspectos sociais, políticos e econômicos. (MIOTO, 2010, p.
167-168)

A partir do que é posto por Mioto (2010), compreende-se que as relações


familiares vão muito além do âmbito doméstico, sendo socialmente construídas.
Além disso, salienta-se a dimensão do cuidado atrelado à estruturas familiares, o
que, no entanto, não implica dizer que a mesma deve assumir sozinha as atribuições
de manutenção dos seus membros. Como veremos no tópico a seguir, as intensas
transformações pelas quais passa a sociedade atual, movidas pelo capitalismo,
geram intensas modificações na família, a qual se vê lançada numa sobrecarga de
proteção diante da ausência do provimento das políticas públicas enquanto
obrigações do Estado.

3.2 PROTEÇÃO SOCIAL ÀS FAMÍLIAS

As transformações sofridas pela sociedade são marcadas pela ampliação da


ofensiva do capital, geram intensos impactos nas condições de vida de indivíduos e
suas famílias. De acordo com Teixeira (2010) diversas transformações ocorridas nos
esboços socioeconômico e culturais, arrolados no processo de globalização da
economia capitalista, vem mexer no exercício da família e da estrutura societária.
Essas mudanças têm efeito na vida econômica, social e cultural da população
aumentando assim os índices de desigualdade social. As desigualdades sociais
obrigam que as famílias a viverem de renúncias e sacrifícios, num contexto
dominado pela violação e negação de direitos. Petrine (2003) atesta que a
proporção que a família se depara com contratempo para cumprir satisfatoriamente
suas obrigações básicas de socialização e de sustentar - auxilia aos seus membros,
mostram-se quadro de vulnerabilidade.
28

Para Kaloustian e Ferrari (1994, p.13) “por detrás da criança excluída da


escola, nas favelas e precocemente no trabalho seja ele urbano e rural em situação
de risco”, poderia ainda dizer de idosos que sempre sofrem, de relações
inconstantes de trabalho entre mulheres e homens que são mal remunerados
financeiramente e pessoas com deficiência. Assim, famílias que não alcançam
nenhum tipo de política social marcadas por uma situação de pobreza e violação de
direitos.

As difíceis condições de trabalho, a baixa remuneração percebida e a


ausência de renda mostram a face mais violenta de suas condições
de vida, notadamente se forem analisadas em relação aos
parâmetros da renda necessária para uma família viver com o
mínimo de dignidade. (FAVERO, 2010, p.90)

Sobre essa questão Yazbek (2003, apud CRONEMBERGER; TEIXEIRA,


2012, p. 104) definiu que “são pobres aqueles que, de modo temporário ou
permanente, não tem acesso a um mínimo de bens e recursos sendo, portanto,
excluídos em graus diferenciados de riqueza social”. Na visão da autora certifica-se
se a afirmação de que a pobreza não é uma expressão de competência dos
indivíduos e suas famílias em garantir sua subsistência. Mas está em direção ou
ligado ao não ingresso a serviços indispensáveis ao avanço do ser humano,
visualizando para o apontamento dos conflitos sociais, resultante da correlação
dialética entre capital e trabalho. Com isso, compreende-se que a condição de
pobreza a qual as famílias estão sujeitas é reflexo da desigualdade social, oriunda
do modo de produção capitalista.
A família precisa ter condições para que haja a manutenção dos seus
vínculos. Sendo um fator determinante a situação socioeconômica que mais
contribuiu para que as famílias venham a enfrentar situações de vulnerabilidade,
refletindo em várias situações de vida, em que os indivíduos possuem dificuldade de
acesso aos direitos sociais básicos. Desta forma, compreende-se que:

A vida familiar, para ser efetiva e eficaz, depende de condições para


sua sustentação e manutenção de seus vínculos. A situação
socioeconômica é o fator que mais tem contribuído para o
esfacelamento da família, repercutindo diretamente e de forma vil
nos mais vulneráveis desse grupo; os filhos (crianças sem creche,
escola; adolescentes, jovens sem expectativas), os idosos, as
29

pessoas com deficiência, os sem trabalho. (CRONEMBERG;


TEIXEIRA, 2012, p. 21)

Além disso, Cronember e Teixeira (2012) afirmam que a condicionalidade


posta pela pobreza, exclusão social e miséria e falta de política pública, que venha
atender e buscar melhorias e qualidade de vida impondo a toda família viver numa
vida desumana de sobrevivência. E considerado família pobre em questão aquela
que possui um viés mais cruel no aumento econômico e da desigualdade social.
Desta forma, os autores afirmam que:

A questão da família pobre aparece como a face mais cruel da


disparidade econômica e da desigualdade social. Esse estado de
privação de direitos atinge todos os membros da família de forma
profunda: incita e precipita a ida das crianças para a rua e, na
maioria das vezes, o abandono da escola, a fim de ajudar no
orçamento familiar, comprometendo, de forma significativa, o
desenvolvimento das crianças; provoca o abandono dos idosos,
dentre outras mazelas, o que favorece o enfraquecimento das
relações, sejam afetivas, sociais, econômicas ou culturais.
(CRONEMBERG; TEIXEIRA, 2012, p. 21)

A partir disso, compreende-se que o estado de negação de direitos atinge de


forma geral a toda a família indistintamente, sendo que crianças e idosos são os
mais afetados, já que são esses os que, via de regra, necessitam de um maior apoio
da própria família. Assim, a omissão do estado no tocante a implementação de
políticas públicas universais ocasiona consequências na vida e desenvolvimento das
relações familiares.

A ausência do cumprimento da legislação de proteção social (a qual


muitas vezes se atém apenas ao plano legal), não efetivamente
aplicada ao cotidiano dos cidadãos, aliada à ausência de políticas
públicas de apoio, remete muitas famílias à condição de
vulnerabilidade, às quais nem sempre conseguem cumprir sua
função provedora e protetora, acarretando muitas vezes na perda da
convivência familiar (CRONEMBERG; TEIXEIRA, 2012, p.103)

Para Oliveira (2009, p. 88) “A trajetória das políticas sociais demonstra que a
família está no centro da atenção e da proteção social.” No entanto, com as
transformações ocorridas a partir da década de 1990, com a ascensão do modelo
neoliberal, as responsabilidades que foram postas ao estado, principalmente no que
diz respeito à Seguridade Social, passam a adquirir um viés seletivo e focalizado, o
30

que gera uma sobre carga nas responsabilidades postas às famílias como agentes
de proteção de seus membros.
Já em relação as políticas públicas, Segundo Barros (1995, p. 65):

É necessário diferenciar entre as políticas que influenciam a família e


a política familiar que tem a família como finalidade. Para a autora a
prevalência dos países latino – americanos não possuem uma
política familiar clara, mas sim somado de proporção, projetos e
programas que atinge diretamente ou indiretamente. Apoiar uma
política familiar é um desafio por relações já posta.

Como destaca Fontenele (2007), uma forte crítica é visualizada no que diz
respeito a família como centro das políticas públicas, já que na contemporaneidade
está ligada a diminuição da participação do Estado no prover o Bem–Estar, ou seja,
redireciona o enfrentamento da defesa dos direitos sociais transversalmente de
políticas públicas de caráter global e entra na trajetória de evidenciar as políticas
públicas aos segmentos mais pauperizados da população. Apesar que não seja visto
de forma clara a importância da família na vida social, e consequentemente digno do
acolhimento do Estado, tal proteção tem sido cada vez mais articulada na
perspectiva em que a atualidade vem dando certo nas formas de punir as famílias
brasileiras (BRASIL, 2005).
A efetivação de uma política de proteção à família é um desafio tendo em
vista a atual posição defendida pelo Estado. Desta forma, o que se tem observado é
de um lado um exercício de controle e de outro uma sobrecarga nas famílias. Nessa
perspectiva, Pereira (2006 apud CRONEMBERG; TEIXEIRA 2012, p. 112), afirmam
que:

O esvaziamento da política social como direito de cidadania, uma


estratégia resultante do impacto do neoliberalismo, já que, ao invés
de emancipar a família, sobrecarrega-a com tarefas e
responsabilidades que deveriam ser do Estado. Embora haja o
reconhecimento explícito da importância da família na vida social e,
portanto, merecedora da proteção do Estado, tal proteção tem sido
cada vez mais discutida, na medida em que a realidade tem dado
sinais cada vez mais evidentes de penalização das famílias
brasileiras.

Como diz Teixeira (2010), diante da deficiência sobre as políticas de


proteção social a população carente em esfacelamento no que diz ao Estado, pós
crise dos anos 1970, a família e a sociedade são advindas a corresponderem por
31

essa falta sem perspectiva para tal. A escassez no que se diz ao cumprimento da
legislação da proteção social (a qual as vezes se mostre de forma em plano legal),
não verdadeiramente visualizada ao habitual dos cidadãos associados ao sumiço de
políticas públicas de suporte, condiciona várias famílias a circunstância de
vulnerabilidade, as quais nem sempre conquistam e desempenham sua função de
fornecedor e propícia, acarretando uma certa perda no convívio familiar. “O Estado
diminui suas mediações na área social e coloca na família um contrapeso que não
se consegui carregar, dispondo em vista sua vulnerabilidade socioeconômica”.
(GOMES; PEREIRA, 2005, p.361)`.
A relação cria situação importante para a proteção e promoção dos
membros da família, sendo vistas como importantes, juntamente às transformações
determinadas para a família, em virtude do sistema socioeconômico e político do
capitalismo, do aumento populacional da sociedade contemporânea e de suas
transformações em sua própria essência seja na forma significativa de famílias
progenitoras, ou seja pai ou mãe, casais sem filhos, casais homossexuais com ou
sem filhos, reduzindo as famílias idealizada por casais com filhos apesar de que este
último modelo respalda hegemonicamente na contemporaneidade. Desta forma,
constata-se que:

Auferir para as famílias a divisão de responsabilidades sem dar a


elas as mínimas condições de suportar o fardo de ser corresponsável
por sua subsistência é mais uma transferência de responsabilidades
do que uma divisão, pois quando há algo para se dividir, ambos
ficam com certa parte. No que diz respeito à família como
centralidade nas políticas sociais, o que podemos verificar é que a
família ficou com a parte pior: a de sobreviver sem os mínimos meios
de consegui-lo. (OLIVEIRA, 2009, p. 92)

Assim, diante do que foi evidenciado, acredita-se que a família vem


assumindo uma sobrecarga de responsabilidades, onde esse faz necessário
compreender ainda que, diante do acirramento das expressões da questão social
“as famílias trazem reivindicações que excedem suas expectativas de solução e
essas se reencontram também fora delas” (MIOTO, 2010, p.172). O que implica
dizer que as famílias necessitam da proteção social do Estado, para que possam,
com isso, exercer uma melhor proteção aos seus membros e fortalecer os vínculos
familiares e comunitários.
32

3.3 TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS

De acordo com Mioto (2010) ao vincular a família como base na política


social brasileira reativou o argumento em volta das falas sobre o trabalho social com
famílias, o qual por muito tempo ficou banido a segundo plano no âmbito do Serviço
Social brasileiro.

A família é um sujeito privilegiado de intervenção do Serviço Social


desde os primórdios da profissão. No Brasil ele nasce vinculado aos
movimentos de ação social numa proposta de dinamização da
missão política de apostolado social junto as classes subalternas,
particularmente junto a família operária. Ou seja, o alvo
predominante do exercício profissional é o trabalhador e a sua
família, em todos os espaços ocupacionais. (IAMAMOTO, 1983,
apud MIOTO, 2010 p. 164)

Através da fala de Iamamoto (2010), pode-se perceber que o Serviço Social


surge historicamente vinculado ao trabalho com famílias. A partir de uma prática
conservadora, o Serviço Social passou a intervir diretamente nas famílias, como um
profissional que buscava, naquele momento, o consenso, tendo em vista o período
de mobilizações sociais em torno do reconhecimento político da questão social.
Para Mioto (2010) é diante disso que o trabalho com famílias foi ganhando
um impulso técnico e de qualidade numa época que o Serviço Social vinha
ganhando espaço e se consolidando, através da adequação do marco conceitual do
Serviço Social americano principalmente do Método do Serviço Social de caso, que
tinha por objetivo realizar o “ajustamento” dos indivíduos a seu meio social.
Com o Movimento de Reconceituação, na vertende identificada por Netto
(1999) como “intenção de ruptura”, o Serviço Social passa a se aproximar com a
teoria social de Marx e a imprimir uma nova forma de atuação profissional,
compreendendo uma nova forma de ver e intervir com a realidade. Nesse sentido,
as intervenções em torno da família ganham novas roupagens pautadas no que é
defendido pelo Projeto ético-político do Serviço Social, materializado nos
compromissos expressos através da que regulamenta a profissão e no Código de
ética de 1993.
Este documento vem apresentar como o profissional assistente social deve
se posicionar no seu exercício, articulando, os direitos e deveres da população ,
buscando garantir um serviço de qualidade a quem dele necessitar, visando também
33

o sigilo profissional , então assim esse documento é fundamental para que o


profissional desenvolva sua prática com responsabilidade , esse documento veio de
forma de conquistas teóricas e ganhos práticos que se manifestou de
diversificadamente o universo profissional e na sua forma de atuação, adensando a
um elenco de reivindicações da cidadania, atrelada a essa categoria de profissional
o projeto ético – político e sendo feita uma avaliação da qualidade de serviços
prestados por esses profissionais, então essa ação está associada a um projeto
social , onde viu – se a necessidade de inserção do Serviço Social na vida brasileira
vindo ser compensando-o com os interesses históricos da massa da população
trabalhadora. Ou seja esse documento Código de Ética é fundamental para o
profissionais e população em geral para que possam de certa forma buscar seus
direitos ,através do saber profissional remetendo a profissão uma visão crítica e
fundamentada teoricamente, das derivações ético- políticas do agir da profissão.
A partir do Código de Ética do Serviço Social, e do que defende o projeto
ético-político, é possível evidenciar como se deve desenvolver o trabalho social com
famílias, pautado numa defesa intransigente de direitos pela ampliação da
cidadania, democracia e contra qualquer forma de discriminação e dominação.
O ponto de partida se dá a partir da compreensão da situação de
vulnerabilidade e violação de direitos que muitas famílias estão sujeitas.

As famílias com as quais o Serviço Social trabalha estão à margem


da sociedade, onde as manifestações da questão social em seus
cotidianos se mostram escancaradas e de formas variadas, fato este
que traz para o profissional um desafio no sentido de conseguir obter
respostas às demandas contemporâneas que lhes são apresentadas
no contexto brasileiro. (OLIVEIRA, 2009, p. 95)

Dessa maneira, propõe-se ponderar sobre as vulnerabilidades sociais, como


uma das expressões da questão social, e relativamente a área com a proteção
social a famílias vulneráveis. Outro propósito é de indicar as vulnerabilidades da
família que desfavorecida pelas políticas públicas, se vê incapaz de corresponder as
necessidades básicas dos sujeitos e, por posterior investigação da situação de
exclusão, pobreza e situação de vulnerabilidade. Visto que, aspira-se contribuir com
elaborações que consolidem a família como sujeito de direitos e alvo das políticas
públicas.
34

Para Oliveira (2009), além de ações no âmbito de contribuir com o acesso a


direitos, o assistente social também pode desenvolver uma prática que vise não
apenas aspectos imediatista, ou seja, que contribua com a prevenção de situações
de risco social, através de uma ação sistemática e não apenas pontual. A autora
compreende que: “Fortalecidas, as famílias que são acompanhadas pelo Serviço
Social, juntamente com profissionais de áreas afins, podem ter instrumentos de
enfrentamentos das situações que permeiam seu cotidiano familiar e social”
(OLIVEIRA, 2009, p. 95).
Assim, Oliveira (2009) identifica que, mesmo com uma “demanda x”, a
família apresenta inúmeras outras possibilidades de ter outros direitos também
garantidos e não apenas a resolução daquela demanda aparentemente mais
urgente.
Um outro aspecto é que além da violação de direitos que as famílias estão
sujeitas, as mesmas, muitas vezes, desconhecem as possibilidades postas através
das políticas públicas como direito. Cabe, desta forma, ao assistente social,
desenvolver formas, através de uma prática socioeducativa, que venha a contribuir
com o acesso a informação, enquanto direito.

Fazer com que as famílias atendidas pelo Serviço Social tenham voz,
a voz calada pelas decepções que sofreram no decorrer de sua
existência, é tarefa desafiadora, mas necessária. É preciso ter um
olhar transcendente para compreender que não é pelo fato de
estarem nas situações de pobreza e exclusão, que essas famílias
não possuem direitos a serem conquistados. (OLIVEIRA, 2009, p.
96)

Desta forma, considera-se a importância da assistência social estar pautada


na teoria social crítica. Tendo conhecimentos a respeito das transformações sociais,
econômicas e culturais, como também tendo conhecimento sobre as expressões da
questão social que se fazem presentes no contexto familiar das pessoas atendidas.
35

4. PROJETO EDUCAR PARA PROMOVER A CIDADANIA: ENTRE A EVSÃO E A


PARTICIPAÇÃO

Neste capítulo serão evidenciados os resultados da pesquisa que


compreendeu duas comunidades da cidade de Caicó, foram elas Frei Damião e
Nova Caicó, visando assim identificar as famílias beneficiarias do projeto Educar
para Promover a Cidadania, projeto esse desenvolvido pela Cáritas Diocesana de
Caicó.
Vale ressaltar que o objetivo geral da pesquisa é analisar os motivos que
levam as crianças a abandonarem as atividades realizadas nas oficinas. Os
objetivos específicos da pesquisa são: a) definir o perfil socioeconômico das famílias
das crianças que participam do projeto da Cáritas; b) identificar e analisar as
dificuldades encontradas pelas famílias para manterem seus filhos no projeto; c)
analisar se a instituição desenvolve algum mecanismo para estimular as crianças a
permanecerem no projeto.

4.1 A CÁRITAS DIOCESANA DE CAICÓ

A Cáritas é uma instituição de cunho filantrópico, ligada a ação das


pastorais, que trabalha na defesa dos direitos humanos, no fortalecimento de
políticas públicas e no empoderamento dos mais vulneráveis. A Cáritas surgiu na
Alemanha no ano de 1897 e no decorrer do tempo, depois de duas guerras mundiais
surge a necessidade de mais organizações humanitárias católicas nacionais,
expandindo assim a organização na Europa e na américa do Norte unindo–se à
Caritas Internationalis.
A Cáritas Brasileira tem seu surgimento no dia 12 de novembro de 1956
fazendo parte das 178 organizações membros da rede caritas internacionais
presentes no mundo. Tendo à frente uma assistência social que esteja embasado
nas leis que norteiam a profissão como a lei 8.662 que regulamenta a profissão e o
código de ética.
Os projetos desenvolvidos pela Cáritas Diocesana de Caicó visam o
empoderamento dos indivíduos em sociedade, tais como: rede da juventude,
conhecer para proteger, educar para promover a cidadania. Estes projetos são
36

financiados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Banco do Brasil
e Banco do Nordeste (BNB) respectivamente.

4.2 METODOLOGIA

O presente estudo teve por objetivo analisar quais são os motivos que levam
as crianças do projeto “Educar para Promover a Cidadania” da Cáritas Diocesana de
Caicó a abandonarem as atividades realizadas nas oficinas do projeto; buscando
fazer um comparativo entre a realidade de dois bairros do município de Caicó/RN
que são contemplados pelo referido projeto.
O universo da pesquisa compreendeu os bairros Frei Damiao e Nova Caicó
e os sujeitos envolvidos foram as famílias das crianças e adolescentes que
participaram do projeto e também os profissionais inseridos nesse trabalho. Esse
estudo se caracterizou como uma pesquisa descritiva exploratória que foi
desenvolvida através do uso de formulários, entrevistas e revisão bibliografia.
Em relação ao tipo de abordagem, a pesquisa se configurou como qualitativa
e o método utilizado foi o crítico dialético, visto que esse tipo de método compreende
tanto a natureza quanto a sociedade como coisas compostas de objetos e
fenômenos organicamente ligados entre si, dependendo uns dos outros e, ao
mesmo tempo, condicionando-se reciprocamente.
A análise e interpretação dos dados foi feita através do conteúdo e buscou
averiguar os fatos e contextualizá-los com as teorias relacionadas ao objeto de
estudo, para posteriormente podermos realizar possíveis conclusões.

4.3 RESULTADOS ALCANÇADOS COM A PESQUISA

A pesquisa se deu em dois bairros vulneráveis, da cidade de Caicó, foram


eles Frei Damião e Nova Caicó, isso em uma perspectiva de saber o que o projeto
proporcionou as famílias e além destes bairros estende as diferenças dos outros
dois bairros onde o projeto também e desenvolvido, sabendo que a visão da
pesquisa é perceber o porquê da evasão dos meninos e meninas do projeto nestas
comunidades e ainda entender as dificuldades postas pelos responsáveis das
crianças e adolescentes do projeto. Os resultados foram bastante satisfatório, porém
37

muitos pais não sabiam da existência do projeto da Cáritas, e muito menos as


atividades realizadas no mesmo.

4.3.1 Dados coletados no bairro Frei Damião

A amostra no Frei Damiao compreendeu 15 entrevistados, os quais são


responsáveis por 18 crianças e adolescentes que fazem parte do projeto. Os dados
foram coletados através de aplicação de formulário por meio de visita domiciliar.

Gráfico 1- Gênero

Gênero

13%

Masculino
Feminino

87%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Em relação ao gênero dos entrevistados contabilizou o total de 2 homens e


13 mulheres; ainda perguntamos com relação a idade dos entrevistados estas
variaram entre 21 a 70 anos, especificamente: com 3 entrevistados (de 21 anos a 30
anos), (de 31 a 40 anos), foram 5 entrevistadas; 3 entrevistados entre (41 e 49
anos), ainda tivemos entrevistados na faixa etária de (52 a, 70 anos); que foram 4
entrevistados
No que se refere a cor da pele ou etnia tivemos como resposta: 4 dos
entrevistados se consideram branco, 6 negros, 4 pardos e 1 amarelo. Ainda foram
questionados sobre o estado civil dos entrevistados, 6 responderam que são
solteiros, 1 casado, 2 divorciados, 2 viúvos e 4 responderam outros (união estável).
38

Outro questionamento feito dizia respeito a moradia dos mesmos: 12


responderam que possuem casa própria, 1 vive em casa alugada, 2 residem em
casa cedida.

Gráfico 2 – Nível de escolaridade

ESCOLARIDADE

7%
29% Não Alfabetizados
Alfabetizados
1 grau Incompleto
7% 2 grau Incompleto
57%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Em relação a escolaridade pode se perceber que mesmo que se pense ser


um índice pequeno a quantia de 4 dos entrevistados não serem alfabetizadas, torna-
se um ponto a refletir sobre os condicionantes,1 respondeu que foi alfabetizado em
casa). A maioria dos entrevistados foram pessoas que o maior grau de instrução
foram 1 grau incompleto .
39

Gráfico 3 – Se trabalha

SE TRABALHAM

40% Sim

60% Não

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Ao perguntarmos aos entrevistados se eles trabalham 6 responderam que


sim, dentre estes se têm 2 catadoras, 2 do lar, 1 trabalha com artesanato, e 1
trabalha na matança.
As pessoas que responderam à pesquisa foram mulheres, e grande
dificuldade de adentrar nos espaços de trabalho é porque a maioria são analfabetas.
Além disso, se sentem discriminadas por morarem em áreas periféricas. A ausência
de políticas públicos nesses bairros fazem com que exista essa informalidade e alto
índice de desemprego, diante desse contexto de pobreza muitos vivem somente do
Bolsa Família ou de forma precária com o mínimo possível.
Essa informalidade é vista de forma positiva para essas famílias que buscam
um pouco melhorar sua renda, vivem com muitas dificuldades sempre e também em
relação a seus filhos de subsidiar o básico com tão pouco, isso quando elas
conseguem vender algo que produzem, falta investimento para as mesmas, que
nunca conseguiram ter a carteira assinada e partem para a informalidade.
40

Gráfico 4 - Renda Familiar

RENDA FAMILIAR

20%

Menor que 1 salario


ate 1 salairo

80%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Em relação a renda familiar 12 responderam que sobrevivem uma renda


menor que um salário mínimo e 3 até um salário mínimo.
Também procuramos saber quantas pessoas contribuíam para a obtenção
dessa renda 12 pessoas responderam que uma pessoa contribui com essa renda, 2
responderam que duas contribuem para renda, 1 respondeu que mais de três
contribui para essa renda.
41

Gráfico 5 – Quanto a benefícios sociais

SE RECEBEM ALGUM BENEFICIO SOCIAL

7%

Sim
Não

93%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Os que responderam que recebia Benefício, 12 responderam Bolsa família


,1 Aposentadoria e 1 BPC.
Sabemos que o bolsa família é um complemento de renda, e este é voltado
para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. Nesta perspectiva
podemos entender que não há nenhuma família que consiga viver somente com o
auxílio deste programa.
Com relação a quantidade de filhos 5 responderam dois filhos, 3 três filhos, e
6 mais de quatro filhos.
Outra questão que fizemos foi como o entrevistado conheceu o projeto, 9
responderam que foi através da escola, 3 responderam que foi através da
Associação de catadores (ASCAMARCA), 1 através do Educador Social da Cáritas,
1 através da Igreja, e 1 através de visita domiciliar.
42

Gráfico 6 – Quanto as mudanças

Identificaram Mudanças

33%
sim
não
67%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Quando questionados (as) sobre se identificaram alguma mudança após se


inserir no projeto, 10 disseram que sim; dentre estes, 5 responderam que o
comportamento e rendimento escolar, e 5 responderam que ansiosos para a
próxima atividade, bastante empolgados.
Em relação a importância do projeto para essas famílias foi bastante positivo
para as mesmas, crianças e adolescentes por serem contemplados com as
atividades realizadas (dança, teatro, pintura e música), porque muitas crianças se
realizam com o que é oferecido e a forma que se desenvolve essas atividades,
muitos de maneira geral melhoraram seu comportamento, veem oportunidade, e
educação para os demais.
43

Gráfico 7 – Quanto As Atividades Do Projeto

FREQUENTAM TODAS AS ATIVIDADES DO


PROJETO

40%
SIM
NÃO
60%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Os familiares foram questionados se a criança frequenta todas as atividades


do projeto sem falta nenhuma, 4 responderam só deixavam de ir se tivessem
doentes; 4 responderam que deixaram de frequentar por horário ser compatível com
a escola; 2 por ruindade deles mesmo. 1 ajuda nos afazeres da casa; 1 mudou-se
do município; 1 por preguiça; 1 pela não continuidade do projeto, pois via nele a
oportunidade, de crescimento e 1 não tem vontade de ir nem para o projeto nem
para a escola.
O projeto para essas famílias foi bastante positivo por serem contemplados
com as atividades realizadas, porque muitas crianças se realizam com o que é
oferecido e a forma que se desenvolve essas atividades, muitos de maneira geral
melhoraram seu comportamento, veem oportunidade, e educação para os demais.
Então e em uma perspectiva de melhorias no seu crescimento como pessoa, já que
o projeto proporciona muitos momentos de interação.
44

Gráfico 8- Quanto ao incentivo para participação em projeto

Há incentivo da família para que as


crianças/adolescentes participem do
projeto?

19%

sim
não

81%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

A família incentiva a participar das atividades, 13 disseram que sim e 2 que


não. Dos que disseram que sim 8 falaram que é uma oportunidade, aprendizado e
crescimento e veem que seus filhos se sentem bem no projeto e com as atividades
desenvolvidas no mesmo e também possuem um pouco de atenção dos
profissionais que executam as atividades, 3 apontaram a perspectiva de futuro
melhor para seus filhos e uma porta a mais de conhecimentos em diversas áreas
diante da educação e direito que são a base do projeto e 2 responderam melhor
que está nas ruas sem terem nenhuma perspectiva de vida e futuro;.
Dessa forma podemos perceber que através do trabalho desenvolvidos
pelos profissionais, e os incentivos trazidos pelas atividades, faz com que a família
perceba mudanças e assim tenham vontade de mostrar o que esse projeto pode
trazer para o futuro dos usuários assistidos pelo projeto.
45

Gráfico 9 – Quanto a motivação das crianças

as crianças se sentem motivada a participar


do projeto

23%

sim
não

77%

Fonte: Dados da Pesquisadora (2017).

Foram questionados também se no ponto de vista deles o filho se sentia


motivado a participar das atividades. 11 disseram que sim, esse projeto foi algo que
os chamou atenção haja vista que foi algo diferente que surgiu no bairro, os
familiares ainda disseram que agora os mesmos e seus filhos seiam vistos pela
sociedade. 4 responderam que não, dos que disseram que não 1 disse que a
adolescente dizia que ia ao projeto mais ia namorar escondido, 1 disse que porque é
bastante rebelde, violento e não quer estudar; 2 responderam que iam a força.

4.3.2 Dados coletados na Nova Caicó

A amostra referência os seguintes dados no bairro Nova Caicó compreendeu


(25) entrevistados as quais são responsáveis por (30) crianças e adolescentes, que
fazem parte do projeto Educar para Promover a Cidadania. Através dos dados
coletados e aplicação de formulários por meio de visita domiciliar. Todas as 25
entrevistas foram feitas com mulheres;
46

Gráfico 10 – Faixa etária

Faixa Etária

20%
30 a 35 anos
40%
40 a 45 anos
50 a 55 anos
20%
outros

20%

Fonte: Dados da pesquisadora ( 2017).

Já no bairro Nova Caicó tivemos idades variadas de 30 a 35 anos, entre 40 a


45 anos e até entre 50 a 55 anos entre outros, levando em consideração a base de
idade dos entrevistados e conversa com os mesmos pode se descobrir que muitos
dos responsáveis são além de mães tivemos avós .
47

Gráfico 11 – Quanto a Moradia

Moradia

8%
12%
propria
cedida
de parentes

80%

Fonte: Dados da pesquisadora ( 2017).

No que dizia respeito a moradia dos mesmos (20) responderam casa própria
(3) casa cedida, (2) casa de parentes.
Em relação a moradia os que possuem casa própria são que de certa forma
foram beneficiados pelo o Programa Minha Casa Minha vida, já os que moram em
casas cedidas são aquelas que por algum motivo perderam suas casas ou alguém
que foi contemplado com a casa resolveu ceder a essa família que talvez pagasse
aluguel sem ter recursos para tais fins e no tocante a casa de parentes são pessoas
que foram beneficiadas com a casa e não querem morar no bairro por motivos X ou
por já possuírem a sua em outro setor da cidade.
48

Gráfico 12 – Quanto a escolaridade

Escolaridade

40%
Não Alfabetizafo
1 grau imcompleto
60%

Fonte: Dados da pesquisadora ( 2017).

Em relação a escolaridade dos entrevistados, (10) responderam que não são


alfabetizados, (15) 1 Grau Incompleto.
A baixa escolaridade, vem de encontro com a falta de oportunidade de
alguns adentrarem nas escolas sucateadas e precárias e também terem que
trabalharem, ser mãe, esposa, entre outras particularidades, e os demais que
possuem algum conhecimento sobre ler e escrever, foram aquelas que buscaram de
alguma forma estudar, mesmo que não tenho conseguido contemplar o ensino
médio, ou seja sabem o básico, como assinar o nome por exemplo.
49

Gráfico 13 – Se trabalha

trabalha

20%

sim
não

80%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Quando perguntado se trabalhava (5) responderam que sim, e que (20) não.
Os que sim: (2) Do lar, (1) Artesã, (1) lavadeira, (1) faxineira. Ao buscar
saber se trabalhavam as que responderam que sim, foram apenas essas e por
consequência entende que se essas possuem algum conhecimento de alguma
atividade básica como doméstica, faxineira e lavadeira e as demais são as que
dizem não conseguirem o ingresso no mercado de trabalho por ausência de
saberem ler e escrever.
Essas respostas refletem a questão da falta de escolaridade adequada, pois
como sabemos atualmente o mercado de trabalho não dá oportunidade para as
pessoas com escolaridade baixa e mediante isto é perceptível que os direitos que
estão na constituição não são garantidos.
50

Gráfico 14 – Renda Familiar

Renda familiar

8%

Menor que 1 salario


Até 1 salario

92%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Com relação a renda familiar (23) responderam renda menor que um salário
mínimo, (2) até um salário mínimo.
Essa renda precária é um dos fatores que levam essas mulheres na sua
maioria adentrarem na informalidade, para que possam garantir algum recurso extra
além do benefício social bolsa família que é por muitos a única fonte de renda
dessas famílias, e os que conseguem obter essa renda maior são famílias que não
estão esfaceladas totalmente no sentido de se empoderarem de alguma forma
adentrando talvez no mercado de trabalho.
51

Gráfico 15 – Se recebe benefício social

Beneficio Social

4%

sim
não

96%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Sobre o benefício social 96% dessa população são beneficiária do programa


bolsa família, pensão e BPC, onde é a única fonte de renda das demais famílias e só
4 % não recebem nenhum tipo de renda para atender suas necessidades básicas
sem necessitar dos benefícios sociais. A respeito se recebe algum Benefício Social
(24) responderam que sim, E os que responderam que sim disseram quais (22)
Bolsa família, (1) Pensão, (1) BPC.
Já em relação como conheceram o projeto, as famílias disseram que foi
através de uma liderança comunitária, que a mesma tem um papel primordial no
bairro onde repassa informações, também através de reuniões na creche do bairro,
e com uma aproximação com o educador social da Cáritas Diocesana, participando
de rodas de conversa com as famílias no bairro.
O que nos faz ver que as parcerias ao redor do projeto foram importantes
para a divulgação e de maneira a fazer com que o mesmo ficasse conhecido e
tivesse sua efetivação garantida nos bairros contemplados por ele.
52

Gráfico 16 – Se houve mudança de comportamento

Mudanças de comportamento

27%

sim
não

73%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Você identifica alguma mudança no comportamento do seu, seu filho (a)


após sua integração no projeto: Sim (22), Não (3)
Os que disseram que sim: falaram do Aprendizado e oportunidade (10),
ainda disseram que os mesmos estão totalmente diferentes (5), e que a atenção e
comportamento (4) também mudaram, a Tranquilidade (3).
Diante, das mudanças no comportamento dos seus filhos, as respostas
foram bastante positivas porque foi visto pelos pais que no projeto houveram,
mudanças significativas com seus filhos entre elas oportunidade, aprendizado,
atenção, comportamento totalmente diferente, ou seja, mais tranquilos, em relação à
quando não havia essas atividades como os demais.
53

Gráfico 17 – Assiduidade no projeto

Frequenta o projeto sem falta

12%

sim
não

88%

Fonte: Dados da pesquisadora (2017).

Seu filho frequenta o projeto sem faltar as atividades, Sim (22), Não (3).
Quando questionadas sobre os motivos que levaram a não participação foram
citados que: Seria a falta de agua, pois não gosto que eles andem sujos, e isso e um
muito precário e um problema do bairro. Isso seria Sim, uma consequência, da seca
e da mal distribuição da agua nos bairros da cidade, pois a agua é um bem comum
e hoje está se tornando algo como um bem privado e mercantilizável, sendo isso um
também fatores que implicam com a evasão das crianças no projeto, além das
políticas públicas que venham atender as necessidades dessas famílias que vivem
precariamente , ou seja vivem com o mínimo possível de bens para sua sub
existência, sendo notório os graus diferenciados as carências dessas famílias
pobres. Além disso, 3 responderam que só não vai se estiver doente, mais mesmo
doente querem ir. 5 responderam que as faltas se deram em virtude da mudança de
horário, 3 só se o projeto acabar deixaria de ir, e 14 porque vejo oportunidade.
Quando questionado se a família incentiva a participação das crianças e
adolescentes no projeto todas responderam que sim e ainda justificaram que: O
projeto e muito bom, pois a qualidade das atividades desenvolvidas com as crianças
e adolescentes e bastante proveitosa, pois já que no bairro não existe nenhum tipo
54

de lazer como (quadra e Igreja) e bem melhor que estar solto nas ruas, e se inserir
nas drogas.

4.3.3 Entrevista ao educador social

Com o intuito de desvendar o ponto de vista do educador social mediante o


seu trabalho com as crianças e adolescentes destes bairros; perguntamos como ele
analisa a instituição, se a mesma desenvolve algum mecanismo para estimular as
crianças e adolescentes a permanecerem no projeto?
Segundo o Educador Social:

A problemática da (des) motivação nos diversos níveis de


escolaridade tem sido o centro das discussões no que diz respeito ao
que vai mal na escola ou na participação de crianças e adolescentes
em projetos que trabalhem com a formação e o conhecimento. Os
fatores da (des) motivação de crianças e adolescentes esta,
relacionada as metodologias utilizadas pelos professores e as
condições de estrutura físicas e pedagógicas oferecidas pela escola
ou projetos, também podemos destacar as condições de
vulnerabilidade social das famílias bastante visíveis nessas
comunidades.

Ainda com relação a isso o mesmo disse ;

A partir desta realidade a Cáritas Diocesana de Caicó através do


Projeto Educar para Promover a Cidadania, buscou construir através
de oficinas de artes multidisciplinares para estimular a participação
dos beneficiários. Antes da realização das oficinas foi realizado um
diagnóstico das comunidades beneficiárias para identificar as
necessidades e demandas de cada participante. O diagnóstico foi
realizado em forma de entrevista com as crianças, famílias, escolas,
instituições, governamentais e não governamental de cada
comunidade trabalhada. As oficinas respeitaram o que cada
participante já tinha de conhecimento, fazendo um feedback com
construção cultural de cada criança e adolescentes.

Ainda para complementar sua resposta o profissional disse que:

Os espaços das oficinas foram escolhidos e organizado nas próprias


comunidades beneficiárias e criada condições para proporcionar um
espaço dinâmico para a realização das atividades. O acolhimento e
atenção diferenciada oferecida aos participantes por parte de uma
equipe técnica multiprofissional existente na Cáritas, que acolheu
também as demandas não só das crianças e adolescentes, mais
acompanhou também as famílias na perspectiva de um ambiente
55

familiar favorável e fraterno. A equipe encaminhou as demandas


sócio assistenciais para os serviços como CRAS ou CREAS, para
terem acesso as políticas públicas. Foi garantido o acesso a
alimentação de qualidade e saudável para todos os participantes no
horário da oficina e também distribuído fardamento. Por fim foram
realizadas rodas de conversa com os responsáveis pelas crianças e
técnicos de Psicologia e Assistente Social.

Através da fala do profissional pode se refletir que o projeto foi de bastante


relevância tanto para a equipe quanto para as famílias que de uma forma ou de
outra tiveram modificações em suas vidas, de forma que a equipe ao se reunir viu
que seria preciso fazer uma avaliação das atividades realizadas, para que fosse
visto o precisaria melhorar no projeto para o ano seguinte, entre eles foram
visualizado como aumentar o número de profissionais, para que as atividades
fossem si, pois foi visto a necessidade de ampliação de profissionais para que as
famílias dessas crianças e adolescentes fossem acompanhadas com visitas
domiciliares por assistente social e psicóloga, assim identificar as particularidades de
cada indivíduo participante do projeto. Para que houvesse uma melhor desenvoltura
das crianças.
56

5. CONSIDERAÇOES FINAIS

Com o desenvolvimento deste trabalho pode-se constatar que diante, da


postura do Estado com as famílias, o mesmo faz diariamente o esfacelamento e
desmonte de direitos conquistado de acordo com a Constituição de 1988, que a
mesma veio para garantir, prover e assegurar direitos, mais o Estado literalmente se
ausenta de suas funções fazendo com que as famílias vivam precariamente e
vulneravelmente em todas as áreas de serviços e direitos negados.
Os mais afetados por essa escassez e redução de política pública são a
população carente, é notório que suas intervenções na área social , faz com que
essas famílias sejam ainda mais vistas como pessoas sem expectativas de vida, por
terem seus direitos negados e ao mesmo tempo acarretando uma sobrecarga
tamanha para essas famílias que não conseguem subsidiar suas necessidades
básicas, ou seja as famílias se sentem fragilizadas com essa pobreza e miséria.
Famílias mais vulneráveis são mais expostas, pois diante do Estado que
costuma negar os direitos básicos, acaba por atingir todos os membros da família,
impondo assim a essas famílias uma luta desigual e desumana pela sua
sobrevivência fazendo disso características marcadas por exclusões essas que se
utilizam–se do acesso ao meio de vida tais como cidadania, educação, bens de
serviços básicos.
As famílias alijadas das mínimas condições socioeconômicas, são expostas
a situações de vulnerabilidades sociais que fragilizam suas funções protetivas, e
consequentemente, o convívio familiar. Portanto, a determinação básica e a
econômica e política, a falta de renda, trabalho, serviços públicos de apoio a família
geram rupturas familiares, desvinculações e empobrecimento das relações
humanas. Levando as mesmas a condição de pobreza que as famílias são
submetidas a estarem, são impostas pela desproteção do Estado enquanto provedor
e viabilizador dessas políticas públicas que negados diariamente a essa população
que vivem de superar suas dificuldades no cotidiano, porque até então se
evidenciam diversas formas de organizações de famílias, trazendo assim soluções e
ao mesmo tempo desafios para a vida dessa população.
Como reflexo dessa estrutura de poder instituída, principalmente no que
tange as mudanças econômicas, acentuam -se as desigualdades sociais e a renda
das famílias, afetando as suas condições de sobrevivência, minando as expectativas
57

de superação desse estado de pobreza e reforçando sua submissão aos serviços


públicos existentes, ou, diante da ausência do Estado, acabam por procurar ajuda
das ONGs (Organizações não Governamentais) que são instituições do Terceiro
Setor.
O terceiro setor é composto por entidades que muitas vezes são
comprometidas com continuidade das relações sociais, fazem trabalhos voltados
para população que vivem em vulnerabilidade social, fazendo assim o papel do
Estado que o mesmo deve desempenhar políticas públicas de caráter universalista
que promovam proteção social para que as famílias sejam vistas como sujeitos de
direitos, identificando assim papéis de exposição de entidade socioassistencial no
enfrentamento a pobreza gerada pelo o Estado.
Desta forma, vale salientar que a pesquisa socializada através deste
trabalho se deu após vivencias no campo de estágio, onde observou - se que a
Cáritas Diocesana, que é uma instituição social do terceiro setor, desenvolve
trabalhos voltados para diversos públicos entre eles crianças e adolescentes em
bairros vulneráveis, neste município de Caicó.
Uma inquietação ao pesquisador surgiu por o mesmo querer entender o
porquê as crianças se evadem do projeto? E no decorrer das aplicações pode se
perceber que Algumas se evadem, pois acham que as atividades realizadas não os
contemplam ou não atendem as suas necessidades, pois o bairro não oferece
espaços apropriados como quadra de esportes entre outros, para ser desenvolver as
atividades ofertadas pelo educador social, da Cáritas, ou quando chegam em casa
não tem perspectivas de vida por morarem em um bairro pobre e não terem as
mesmas atividades realizadas diariamente no bairro , onde visualizam que é
realmente precário em todas as áreas , principalmente na educação que é a base de
tudo , ou seja a ausência de políticas públicas que venham atender as necessidades
desses famílias, que vivem sem nenhuma expectativa de vida com essas condições
que o bairro vos oferece, Ou seja, diariamente o que acontece na realidade é um
desmonte de direitos que envolvem toda a população ,mais infelizmente atinge na
maioria os que vivem vulneravelmente.
Sobre as condições de vida das famílias que participaram desta pesquisa,
constatou-se que moram em áreas periféricas, de tal forma com esgoto a céu aberto
entre outras precariedades existentes, na sua maioria dependem do programa bolsa
família ou BPC, e que não tem como suprir, gerir e prover as necessidades básicas
58

das suas famílias e sem nenhuma política pública, que venham atender suas
especificidades, fazendo com que as demais vivam em vulnerabilidade social e com
condições precárias ou pobreza.
A ausência de trabalho formal faz com que as famílias não possuam sua
autonomia enquanto cidadãos e assim penaliza o seu insucesso, não conseguindo
contribuírem com a renda da família. Salientando que isso se tornam uma
disparidade social, oriunda da base econômica que persistem decorrendo a primeira
compreensão da pobreza.
Desta forma, compreende-se a importância das ações desenvolvidas pela
Cáritas Diocesana nos bairros vulneráveis de Caicó, onde as famílias identificam o
trabalho desenvolvido como positivo para as crianças e adolescentes das
comunidades assistidas. Salienta-se que a Cáritas Diocesana, possui seus limites,
bem como possibilidades ao desenvolver um trabalho social com as famílias.
Sabendo, no entanto, que tal obrigação deveria ser do poder público, o qual deveria
garantir condições dignas de sobrevivência para a população, através da garantia
dos direitos sociais básicos.
Para o Serviço Social, a sua contribuição, é fundamental no âmbito onde o
Estado se precariza os serviços fazendo com quem as famílias vivam
vulneravelmente e fiquem sujeitas as ONGs, diante delas tendo profissionais
qualificados a atender as demandas buscando atender-las não são poucas, mesmo
fragilizadas fazem o seu melhor, mostrando a essa população onde e como
buscarem seus direitos negados diariamente pelo Estado, e ao mesmo tempo luta
também por seus direitos, pois os assistentes sociais se encaixam como
trabalhadores e tem direitos negados, é notório que a necessidade desses
profissionais que esclareçam a população os seus direitos e deveres em uma
sociedade , diante que o Estado posta que está em crise fazendo assim o
esfacelamento e desmonte de direitos já conquistado diante da Constituição de
1988, que zela pelo cumprimento desses direitos.
59

REFERÊNCIAS

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2003.
63

APÊNDICE – A

FACULDADE CATÓLICA SANTA TERESINHA


Autorizada pela portaria nº 3.892 – MEC – DOU 26.11.2004
Rua Visitador Fernandes, 78 – Centro – Caicó/RN – CEP 59300000
Fone: (84) 3417-2316 – www.fcproneves.edu.br

Instrumento de pesquisa a ser aplicado junto às famílias dos Bairros Frei Damião e
Nova Caicó.

1. Sexo:

( ) Masculino ( ) Feminino

2. Idade: _____________________________________________________

2.1

( ) 20 a 25 anos ( ) 40 a 45 anos

( ) 30 a 35 anos ( ) 50 a 55 anos

( ) outros.

3. Você se considera:

( ) Branco ( ) Amarelo

( ) Preto ( ) Indígena

( ) Pardo ( ) Não declarado

4. Estado Civil:

( ) Solteiro(a). ( ) Divorciado(a).

( ) Casado(a). ( ) Viúvo(a).

( ) Separado (a) ( )Outro ___________________

5. Sua casa é:

( ) Casa própria ( ) Casa de parentes

( ) Casa Alugada ( ) Outros

( ) Casa cedida

6. Escolaridade:
64

( ) Não Alfabetizado ( ) 2° Incompleto

( ) Alfabetizado ( ) 2° Completo

( ) 1° Grau Incompleto ( ) Outro ____________________

( ) 1° Completo

7. Você trabalha?

( ) Sim ( ) Não

7.1. Se sim, qual atividade você exerce?

_______________________________________________________________

8. Qual a renda mensal da família?

( ) menos de 1 salário mínimo ( ) até 2 salários mínimos

( ) até 1 salário mínimo ( ) mais de 2 salários mínimos

( ) mais de 1 salário mínimo

9. Quantas pessoas contribuem para a obtenção dessa renda?

( ) uma ( ) três

( ) duas ( ) mais de três

10. Recebe algum Beneficio Social?

( ) sim ( ) não

Se sim, qual? ______________________________________________

11. Total de pessoas que residem em sua casa:

( ) 01 a 02 pessoas.. ( ) acima de 05 pessoas.

( ) 03 a 05 pessoas.

12. Quantos filhos você tem?

( ) apenas um ( ) dois ( ) três ( )


mais de quatro
65

13. Quantos estão frequentando a escola? ___________________________

14. Como vocês conheceram o projeto Educar para a Cidadania?

_______________________________________________________________

15. Como aconteceu a aproximação com o projeto?

_______________________________________________________________

16. Você identifica alguma mudança no comportamento do seu/sua Filho (a) após
sua integração no projeto?

( ) sim ( )não

16.1 Se sim, qual?________________________________________________

17. Seu filho (a) frequenta o projeto sem faltar às atividades?

( ) sim, ( ) não

17.1. Se ele/ela deixou de frequentar, quais seriam os motivos?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________________

18. Você incentiva seu filho (a) a participar das atividades realizadas pelo projeto da
Cáritas?

( ) sim, ( ) não

18.1. Justifique sua resposta:

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________________

19. Do seu ponto de vista, seu filho se sente motivado a participar dessas
atividades?

( ) sim, ( ) não

19.1 Se não, por quê?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________________
66

Apêndice-B

FACULDADE CATÓLICA SANTA TERESINHA


Autorizada pela portaria nº 3.892 – MEC – DOU 26.11.2004
Rua Visitador Fernandes, 78 – Centro – Caicó/RN – CEP 59300000
Fone: (84) 3417-2316 – www.fcproneves.edu.br

Entrevista ao Orientador Social da Caritas

Nome :________________________________________________

Profissao :_____________________________________________

1. A Quanto tempo esta na instituição?

2. Como se deu o interesse em trabalhar com o publico ou se foi contratado pra


desenvolver um trabalho já existente. ?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________________

3. Gosta de trabalhar com esses grupos?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________________

4. Você como profissional desenvolvendo esses trabalhos em grupo notou algo


diferente nas crianças e adolescentes no decorrer do projeto, se sim o que?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________________

5. Qual o estimulo que você como profissional ou a instituição oferece para as


crianças e adolescentes se manterem no projeto EDUCAR PARA
PROMOVER A CIDADANIA.

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________________
67

ANEXO - A

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