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Rede Salesiana Brasil de Ação Social

Os Compromissos Fundamentais da ação social


salesiana em rede se constituem em uma
agenda de trabalho com foco no território.

CADERNO DOS COMPROMISSOS FUNDAMENTAIS


Fascículo 5

Série Documentos de Referência da


Ação Social Salesiana em Rede no Brasil
4
Salesianos de Dom Bosco e Filhas de Maria Auxiliadora
Construção de
competências das novas
gerações para a vida
Estimados amigos e amigas: Salesianos, Salesianas,
leigas e leigos, que integram e vêm ajudando a
construir “artesanalmente” a RSB-Social,
O Caderno 4 da série de Documentos Referenciais da Ação Social Salesiana em Rede vem sendo cons-
truído com os seis Compromissos Fundamentais que devem orientar a integração e articulação da Rede Sale-
siana Brasil de Ação Social (RSB-Social). Apresentamos aqui o Fascículo 5, que deverá também nos auxiliar no
movimento de avançar em direção ao território e ressignificar o trabalho.
O Fascículo 5, ao refletir sobre o Compromisso Fundamental da “Construção de competências das no-
vas gerações para a vida”, conduz Obras e Presenças Salesianas, que atuam na área social e que se envolvem
e se comprometem com a transformação social no Brasil, a um efetivo compromisso com a educação integral
dos adolescentes e dos jovens, preparando-os para responderem adequadamente aos desafios do mundo
atual.
O progresso das ciências, o crescente uso das tecnologias geraram um mercado de trabalho e uma
sociedade com exigências sempre maiores de qualificação, com alta competividade e demanda de novas
capacidades, que pressupõem seres humanos melhores e profissionais mais preparados.
Os Salesianos e as Salesianas se colocam sensíveis e atentos a essa nova realidade, buscando inspira-
ção em Dom Bosco e Madre Mazzarello que, desde os inícios, ofertaram uma educação de qualidade e prepa-
raram rapazes e moças para se inserirem na sociedade como agentes de transformação.
Se possuir conhecimentos e habilidades eram – em um passado recente – condições suficientes para
um cidadão e um profissional encontrar espaços para atuação profissional e social, hoje a realidade é bem
outra. O “honesto cidadão”, tão desejado pelo “Pai e Mestre dos jovens”, requer, no momento presente, ca-
pacidade crítica, espírito de iniciativa e grande criatividade, atenção para com as questões ambientais e de
sustentabilidade, muita versatilidade e abertura às ações de solidariedade e voluntariado.

2
Em outras palavras, o honesto cidadão do século XXI há que ter preparo para mobilizar os conheci-
mentos, as aprendizagens e as habilidades adquiridas, de modo a ser capaz de solucionar, de forma adequada
e com bons resultados, uma série de situações que envolvem o cotidiano da vida, suas relações sociais, sua
participação na construção da sociedade. Tudo a partir de uma especial visão de mundo. A tal capacidade dá-
-se o nome de “competência”. O termo, que talvez não seja tão novo assim, hoje adquire um especial sentido
e força no currículo e na vida de toda pessoa e de todo profissional.

Como os fascículos precedentes, também esse não tem a pretensão de aprofundar e menos ainda
esgotar o tema trazido. O intento é chamar a atenção para a necessidade de que, mais que transmitir conhe-
cimentos e vivências práticas, geradoras de habilidades, a ação educativa salesiana necessita levar crianças,
adolescentes e jovens a se desenvolverem como seres humanos e profissionais capazes de colocar dons, ta-
lentos, aprendizados e outras capacidades, a serviço da família, da sociedade, do trabalho, da educação dos
seus pares.

Conscientes da condição de impulsionadores de uma nova realidade social, tendo a responsabilidade


de formar agentes de transformação, atuando com olhar voltado para o território, precisamos compreender
a necessidade de estimular o desenvolvimento de competências nos jovens e torná-los protagonistas desse
mesmo desenvolvimento.
Longe de ser uma ferramenta acabada, o Fascículo 5, como os demais, deverá ser enriquecido com
novas reflexões e propostas, com boas práticas e experiências a serem socializadas. Tudo sendo partilhado na
Biblioteca digital do SIGAR/Bússola. Essa será a melhor forma de articular, de integrar e de fazer crescer a ação
em rede da RSB-Social, como “um vasto movimento em favor da vida”.
O Projeto Educativo Pastoral Salesiano, hoje, mais do que nunca, necessita ser uma proposta viva, ca-
paz de auxiliar Obras e Presenças a responderem, com atualidade e fidelidade carismática, à missão educativa
herdada generosamente de Dom Bosco e Madre Mazzarello.
Mãos à obra, queridos educadores e educadoras, todos que acreditam no infinito potencial que cada
adolescente e jovem carrega dentro de si, como um rico tesouro.
Brasília, agosto de 2020.
Ir. Silvia A. Silva
Pe. Waldomiro Bronakowski
Diretores Executivos da RSB-Social
3
Compromissos Fundamentais da Rede Salesiana Brasil -
Volume 4, 1a. Impressão – Brasília: Rede Salesiana
Brasil, 2020.
Fascículo 5: Construção de competências das novas gerações para a vida.
64 p.: il.
ISBN: 978-65-87332-02-4
1. Série: Documentos de referência da ação social salesiana em rede no Brasil.

FICHA TÉCNICA
Rede Salesiana Brasil. Caderno: Compromissos Fundamentais da Rede Salesiana Brasil de Ação
Social, Fascículo 5: Construção de Competências das novas gerações para a vida. Série Documentos
de Referência da Ação Social Salesiana em Rede no Brasil, Vol. 5. Brasília, 2020.

Responsáveis: Diretoria Executiva da Rede Salesiana Brasil de Ação Social: Irmã Silvia Aparecida da
Silva e Pe. Waldomiro Bronakowski (Diretores Executivos). Padre Agnaldo Soares Lima, SDB, Assessor da
RSB-Social. Elaboração e Coordenação Técnica: Wellington Gonçalves Pereira. Capa e verso: Pedro
Barreto. Revisão: Zeneida Cereja da Silva. Diagramação: Pedro Barreto.

Agradecimento: Agradecemos as contribuições de todos os participantes dos ENAS 2019 e dos alunos
dos Programas Sociais da Escola Salesiana do Trabalho de Belém do Pará.

Agosto de 2020.

Rede Salesiana Brasil


SHCS CR Q. 506 Bloco B Lj 65/66 Asa Sul
CEP 70350-525 Brasília (DF)

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ELENCO
REDE SALESIANA BRASIL
Conselho Diretor
Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti Ir Maria Américo Rolim Ir. Silvia Aparecida da Silva
Diretor-Presidente Diretora-Secretária Diretora Executiva da RSB-Social

Ir. Ana Teresa Pinto Pe. Justo Ernesto Piccinini Pe. Waldomiro Bronakowski
Diretora Vice-Presidente Diretor-Tesoureiro Diretor Executivo da RSB-Social

Pe. Agnaldo Soares Lima


Assessor da RSB-Social

INSPETORES SDB E INSPETORAS FMA DO BRASIL


Pe. Gilson Marcos da Silva Ir. Ana Teresa Pinto Ir. Maria Lúcia Barreto
Inspetor ISPX (Porto Alegre) Inspetora INSP (Rio de Janeiro) Inspetora IIA (Campo Grande)
Ir. Ivone Maria Ranghetti Ir. Maria Adriana Gomes da Silva Pe. Jefferson Luís da Silva
Inspetora INSA (Porto Alegre) Inspetora IMA (Recife) Santos
Inspetor ISDS (Manaus)
Pe. Justo Ernesto Piccinini Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti Referente da Ação Social
Inspetor INSA São Paulo) Inspetor ISNEB (Recife)
Ir. Antonia Brioschi
Ir. Helena Gesser Ir. Maria Carmelita Conceição
Inspetora ISCS (São Paulo) Inspetora ILV (Manaus) Inspetora INSPAZ (Cuiabá)
Referente da Ação Social
Ir. Maria Américo Rolim Pe. Ricardo Carlos
Inspetora IMM (BeloHorizonte)
Inspetor MSMT (Campo Grande)
Pe. Natale Vitali Forti
Inspetor ISJB (Belo Horizonte) Ir. Madalena Luiza Scaramussa
Inspetora IST (Manaus)
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SUMÁRIO
1. O porquê desse compromisso fundamental no contexto da ação social salesiana 08

2. Conceituando desenvolvimento de competências 13

3. Conhecimento, desenvolvimento de habilidades, desenvolvimento de competências 18

4. Desafios para uma ação educativa salesiana capaz de favorecer o desenvolvimento de competências 24

5. Como assegurar efetividade no desenvolvimento de competências 26

COMO LER
Com o intuito de que os fascículos dos Compromissos Fundamentais sejam, sobretudo, uma
ferramenta de trabalho, para facilitar a leitura e a identificação dos diferentes conteúdos e propostas
neles contidos, adotamos as siglas ao lado. Com cores e contornos diversificados, elas permitem
identificar, entre os diferentes parágrafos, do que estamos tratando em cada um. Boa leitura!

6
6. A formação para o desenvolvimento de competências 30

7. Desenvolvimento de competências à luz da experiência de Dom Bosco e Madre Mazzarello 34

8. Trabalhando as competências da BNCC nos espaços Salesianos 42

9. Alguns desafios que o tema aqui tratado propõe para nossas obras 53

Referências 59

Anexo 61

S Matriz salesiana Ip Incidência prática na ação educativa Cr Caminho para ressignificação do


trabalho salesiano

Ex Eixos fundamentais do tema Re Relevância educativa

7
“Ter competência é impor-

1 - O PORQUÊ
tante para que não sejamos
apenas mais um dentro da
empresa, mas para sermos
profissionais destacados. É

DESSE COMPROMISSO
saber aproveitar bem dos
próprios conhecimentos e
das próprias habilidades

FUNDAMENTAL NO CONTEXTO DA para fazer o melhor.”

Luiz André da Silva Alves

AÇÃO SOCIAL SALESIANA Curso: Assistente Administrativo

Vive-se um período his- Ex


tórico de muitas mudanças. É
período de ressignificar as ações,
de repensar os métodos formati-
vos, refletir sobre o que se quer
oferecer e como preparar as
novas gerações para que sejam
protagonistas de um mundo re-
novado e melhor.
Para que isto aconteça, é
necessário ter em mente o obje-
tivo principal da ação educativa,
que é: formar cristãos capazes
de viver de maneira verdadeira
o evangelho de Jesus Cristo em
seu cotidiano, cidadãos capazes
de enxergar para além de si mes-

8
Ex mos, aptos a se colocarem à dis- positivas na sociedade em que greguem, que amem umas às ou-
posição daqueles que precisam, estão inseridos. tras para além das diferenças de
e profissionais que unam o voca- Educar na integralidade crença, cor, opção sexual, classe
cional com o profissional. é estar ciente que formamos o social e tantas outras que impe-
Novas demandas sur- humano em sua complexidade, dem de amar o próximo como
gem, emergem de uma socieda- que, muitas vezes, se encontra Jesus amou. Seres que construam
de em frenética transformação. fragmentado, necessitado de um um mundo fraterno, quem façam
O mundo já não é mais o mes- olhar afável, de cuidados amoro- do mundo o reino de Deus.
mo, ele evoluiu nos últimos 50 sos. Assim fez Dom Bosco.
anos, mais do que em toda a sua Educar o ser de maneira A missão educativa sale-
história. Quanto mais avança-se integral é saber que teremos que siana é:
no tempo, mais intensa será a ra- ser educadores prontos para des-
pidez desta mudança. bravar um ser humano complexo,
S Os seres humanos são de incompreensões, de muitas
formar pessoas que se au-
seres plurais, dotados de um dúvidas, um ser de sonhos que toconheçam, que saibam
conjunto de partes que formam precisam ser organizados.
o todo: físico, social, psíquico e Quando se assume o com- ser comunicativas, que
emocional. Dom Bosco e Madre
Mazzarello levam a refletir que
promisso de lapidar, construir, sejam empáticas, críticas,
ressignificar uma criança, um
não só se deve educar com o adolescente ou um jovem, deve- que possuam a capacidade
foco na aprendizagem técnica, -se ter total ciência de que se tra-
mas formar de maneira integral. ta de transformar o mundo, e de
de também formar outras
Aqueles que são formados de- fazer parte de um sonho, o sonho pessoas, e que saibam usar
vem tornar-se pessoas capazes de Dom Bosco e Madre Mazza-
de se relacionarem umas com as rello. o conhecimento técnico
outras, pessoas que se dedicam Deve-se formar pessoas para o bem comum.
a viver uma vida saudável, que que são corresponsáveis por uma
consigam cuidar do planeta com sociedade mais justa, um mundo
sentido real de pertença pela mais humanizado, pessoas que Há que se formar formado-
casa comum. É preciso formar lutem pelos seus direitos, que res, multiplicadores do sonho de
protagonistas de suas próprias derrubem barreiras e construam Dom Bosco e Madre Mazzarello
vidas e que causem mudanças pontes, que agreguem e não se-

9
Re a. O que se quer ofertar por tências das novas gerações dos acontecimentos históricos,
meio desse fascículo no contexto da identidade da personalidade e valores indi-
Por meio da elabora- carismática salesiana e da viduais, podem vir a ter caracte-
ção deste material, busca-se ação salesiana em rede. rísticas de uma geração próxima.
compreender a importância do Inicialmente, é preciso Portanto, uma demarcação cro-
desenvolvimento integral das entender de quem se está falan- nológica seria um tanto quanto
novas gerações. Refletir sobre do quando se faz referência “ÀS falha, se não levarmos em consi-
as novas COMPETÊNCIAS que NOVAS GERAÇÕES”. É necessário deração fatores socio-históricos.
emergem de uma sociedade em compreender também o signi- Segundo Feixa (2010),
transformação. Fazer com que ficado de geração no contexto não existe uma padronização
se possa refletir estratégias para social, e como as distinguir hoje. do tempo para medirmos o que
formar pessoas capazes de fa- separa uma geração da outra.
zerem comungar o profissional GERAÇÃO: Do ponto de vista da sociologia,
com o vocacional. O que caracteriza uma uma geração pode ter durabili-
O presente fascículo GERAÇÃO é: o compartilhamen- dade de 10 anos, por exemplo,
quer levar a pensar sobre como to mútuo de acontecimentos ou, como já aconteceu na socie-
educadores podem “educar socio-históricos que influen- dade em tempos passados, vá-
para as novas demandas so- ciam direta e indiretamente no rios séculos de duração.
ciais”. Como é possível fazer com desenvolvimento dos sujeitos Surge a seguinte pergun-
que o conhecimento técnico de determinado grupo etário. ta: se é um processo delicado,
seja aplicado de forma prática Sendo, então, não só o deter- dividir uma geração da outra,
na construção pessoal e social minante de idade (época de como então se pode formar, en-
dos destinatários. nascimento), mas o conjunto tender os anseios, as necessida-
As reflexões aqui con- de informações adquiridas e de des, ou até dizer quem É/SÃO
tidas pretendem auxiliar na comportamentos que são im- essa “NOVA GERAÇÃO”?
compreensão das novas com- portados ao logo do processo Assim sendo, não cabe
petências que hoje tanto são de desenvolvimento. mais dividir por idade, sabendo
discutidas no campo educacio- Segundo Pena e Martins que: quando se fala, ao expor um
nal, profissional, social e acadê- (2015), os indivíduos de uma ge- determinado assunto para um
mico. ração, por decorrência dos com- jovem de 18 anos (geração Z) ou
Ex b. A construção de compe- portamentos, das experiências, um adulto de 45 anos (geração Y),

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Ex obtém-se, na maioria das vezes, 1) Saber quais são estas novas
o mesmo resultado de sentido demandas de formação;
dentro do que é normativo e De antemão, é possível 2) Refletir criticamente sobre
contingencial. Pode-se ir muito
mais adiante, pode-se atravessar
concluir que: a nova elas;
3) Se capacitar a partir delas;
gerações com conteúdo, com a geração está carregada 4) Formar tendo como base a
tecnologia, com os aplicativos, realidade atual dos destinatá-
com a música. do que é diferente, está rios.
Deve-se estar atento
também ao fator social, em que
cheia de conhecimento Deve-se ser sensíveis às
realidades atuais, assim como
um jovem de 18 anos, morador devido às novas tecno- Mazarello e Dom Bosco foram.
de periferia, pode ser diferente Eles estavam atentos ao que o
de um jovem da mesma idade, logias, ao acesso rápido tempo lhes apresentava, não
que mora na mesma cidade, mas
num contexto social diverso e
e fácil às informações só também eram visionários,
sabiam entender os sinais de
que possui outras referências e globais. Ela está munida um possível futuro; agiam com
experiências. sensibilidade e envolvimento. A
Por estes motivos, é im- de muitos estímulos, mas entrega total de suas vidas pelos
portante estar atentos ao con-
texto da família, da escola, da
carece de orientação, está seus destinatários os fez chegar
tão longe na compreensão e na
religião, da etnia, do sexo, do órfã de referências, preci- formação integral de jovens e
lazer, da música. O contexto so- crianças da época, proporcio-
ciocultural caracteriza o sujeito sa significar sua existên- nando frutos que perduram na
da educação, os atendidos. En-
tendendo estes contextos, será
cia, dar sentido ao saber. ação educativa salesiana até os
dias atuais.
possível entender quem é essa As crianças e os jovens,
geração: o que pensam, o que S A MISSÃO SALESIANA carecem de uma formação que
fazem, o que querem. É desta Os principais compro- os prepare para o novo hoje, o
compreensão, desta análise críti- missos como Rede Salesiana novo amanhã, que exigirá deles
ca sociocultural, que emergirá as Brasil de Ação Social – RSB-So- respostas imediatas, criativas
novas necessidades de formação. cial são: e plurais. Respostas que estão

11
S para além do conhecimento teórico. As novas demandas exigem das novas gerações competências pes-
soais, emocionais, que deem sentido ao conhecimento, competências que precisam ser construídas no
decorrer das formações, dentro das obras. Comprometer-se nessa missão é assumir a participação na cons-
trução de um mundo renovado.

12
“Ter competência é o cami-

2 - CONCEITUANDO
nho da vitória, que pode nos
levar aonde queremos chegar.
É preciso ter responsabilidade,

O DESENVOLVIMEN-
ser uma pessoa que tem inicia-
tiva, sem ficar esperando ser
mandando ou executar ordens

TO DE COMPETÊN-
para cumprir suas obrigações.”

Yasmim Matos da Costa

CIAS
Curso: Assistente Administrativo

a. Alinhamento conceitual Ex
Encontra-se aqui o ponto
chave da presente reflexão: é im-
portantíssimo que se compreen-
da o significado de competências
para dar sequência à construção
teórica/prática.
Antes de iniciar a explica-
ção, é preciso ter em mente que:
em todas as áreas do conheci-
mento trabalha-se com teóricos
e com teorias, e que um determi-
nado assunto pode ser visto e in-
terpretado de maneiras distintas,
e isso não necessariamente signi-
fica que um ou o outro esteja er-
rado. Como é o caso do presente
tema. Assim, o objetivo é: entre-

13
Ex gar algo que faça sentido, que seja compreendido e aplicado dentro das realidades onde atuam Salesianas e
Salesianos, consagrados e leigos.
Ao longo deste fascículo, trabalhar-se-á, de maneira teórica e prática, os seguintes termos: Competên-
cia, Conhecimento, Habilidade, Atitude.

FIGURA 1 FIGURA 2

CONHECIMENTO
TO

(Saber o que fazer)


HA
EN

BIL
CIM

ID
HE

AD

COMPETÊNCIA
N

E
CO

COMPETÊNCIA
HABILIDADE ATITUDE
(Saber como (Querer fazer)
fazer)

ATITUDE

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Reflita a seguinte frase:

“Eu sei fazer porque tenho conhecimento (empírico/científico). Eu consigo fazer porque
tenho habilidade/capacidade. Eu sei o porquê de quando, como e onde fazer, porque te-
nho COMPETÊNCIA para tal.”
Ex Percebe que a competên- um estoque de recursos, que o in-
cia é um conjunto, uma somató- divíduo detém. “Temos de entender que a ver-
ria e não algo único e específico, Segundo Gentile e Benci- dadeira competência se faz
que se pode de forma simples ni (2000), competência é a facul- com responsabilidade, pois é
construir ou formar? Competên- dade de mobilizar um conjunto necessário se comprometer
cia é a capacidade de mobilizar de recursos cognitivos (saberes, com as obrigações de sua fun-
diversos recursos internos, adqui- capacidades, informações) para ção. Significa contribuir com
ridos ao longo de vivências e de solucionar com pertinência e efi- a empresa ou organização
processos de aprendizagem, para cácia uma série de situações. com atitudes e decisões cer-
solucionar determinado “proble- No processo de constru- tas, comportamento ético e
ma”. ção da Base Nacional Comum manifestando o conhecimento
Para Fleury e Fleury (2001), Curricular, levou-se em consi- que possui e do que é capaz.
o conceito de competência é deração a seguinte definição de Agir com competência permite
pensado como um conjunto de competência: mostrar o próprio valor, atuar
conhecimentos, habilidades e com responsabilidade, no tra-
balho e na sociedade. É ser
atitudes (isto é, conjunto de capa- competência é a mobili- capaz de superar os próprios
cidades humanas) que justificam
um alto desempenho, acreditan- zação de conhecimentos, limites.”
do-se que os melhores desem- habilidades, atitudes para Willian Gabriel
penhos estão fundamentados
na inteligência e personalidades resolver demandas da vida Curso: Assistente Administrativo
das pessoas. Em outras palavras, cotidiana. (BNCC)
a competência é percebida como

15
Ex Isso quer dizer que competência é aquilo que possibilita jovens, crianças e adolescentes desenvolverem cada
uma das habilidades e aprendizagens essenciais, estipuladas pela demanda. Exemplos segundo Gentile e
Bencini:

Ip
Recursos Pessoais
Competência Conhecimento (científico
Habilidade/capacidade
empírico)
Saber orientar-se em uma Ter noção de escala, elemen- De ler um mapa, localizar-
cidade desconhecida tos da topografia ou referên- -se, pedir informações ou
cias geográficas. conselhos;

Saber curar uma criança Identificar patologias e sinto- De observar sinais fisioló-
doente mas, primeiros socorros, tera- gicos, medir a temperatu-
pias, os riscos, os remédios, os ra, administrar um medica-
serviços médicos e farmacêu- mento
ticos.
Saber votar de acordo com Instituições políticas, pro- De saber se informar,
seus interesses cesso de eleição, candidatos, preencher a cédula, fazer
partidos, programas políticos, análise crítica das propos-
políticas democráticas etc. tas dos candidatos e das
informações trazidas pela
mídia. Não se deixar envol-
ver por Fake News.
Segundo Fleury (2001), o dicionário Webster define competência na língua inglesa como: qualidade ou estado
de ser funcionalmente adequado ou ter suficiente conhecimento, julgamento, habilidades ou força para uma
determinada tarefa.

16
Ip O dicionário da língua formar para um todo, para a vida, formar protagonistas, pessoas
portuguesa Aurélio enfatiza, em evitando que estes ensinamen- capazes de criar respostas, de
sua definição, aspectos seme- tos sejam um “amontoado de co- construir argumentos, e não “re-
lhantes: capacidade para resolver nhecimento” sem aplicabilidade plicadores robóticos” de um co-
qualquer assunto, aptidão, ido- na vida dos atendidos e da socie- nhecimento vazio, um fazer por
neidade e introduz o outro: capa- dade em que eles estão inseridos. fazer, um agir por agir, sem signi-
cidade legal para julgar o pleito. Como já dito anteriormente, é ficado.
Vamos ler novamente? necessário preparar formadores,

“Eu sei fazer porque tenho


conhecimento (empírico/
científico). Eu consigo fazer
porque tenho habilidades
específicas. Eu sei o porquê
de quando, como e onde
fazer, porque tenho COMPE-
TÊNCIA para tal.”
Podemos entender agora
o porquê que de estarmos falan-
do de: “construção de Competên-
cias”, e de maneira mais específi-
ca, competências para as novas
gerações?
A formação não pode es-
tar fundamentada única e exclu-
sivamente na formação técnica,
ou na formação prática. Deve-se
17
“Por meio da competência as
pessoas vão poder ver do que

3 - CONHECIMENTO, você é capaz, como consegue


resolver problemas difíceis de

DESENVOLVIMENTO
forma eficaz, com a qualidade
com a qual precisa ser resolvido.
Agir dessa forma é um modo

DE HABILIDADES, de ser imitado e inspirar outras


pessoas para que busquem ter

DESENVOLVIMENTO DE
excelência no próprio trabalho
e na vida”.

COMPETÊNCIAS Sara Barros L. dos Santos


Curso: Assistente Administrativo

a. Breve síntese histórica Ex


Não existe um marco
pontual de quando se começou
a falar sobre um ensino por com-
petências, mas existem alguns
acontecimentos históricos que
levaram a uma reflexão a longo
prazo.
O assunto pode parecer
um tanto quanto recente, mas
em 1948 o Psicólogo e Professor
da Universidade Harvard, Robert
White, já refletia sobre o tema.
Em uma matéria publicada em
2018, o site “Desafio da Educa-
ção” diz que: em 1970, alguns
18
Ex pesquisadores em educação já portante em nosso país foi a sequência do curso: ensina-se a
falavam de uma metodologia construção da nova BNCC (Base contar para resolver problemas;
em que o saber fazer (a técnica) Nacional Comum Curricular)2 . aprende-se gramática para redi-
deveria ser atrelado a um con- Em 2017, o Brasil entregou a ver- gir um texto. Quando se faz re-
junto de conhecimentos (as ha- são final do documento, que en- ferência à vida, apresenta-se um
bilidades). trou no Plano Nacional de Edu- lado muito global: aprende-se
Contudo, o estudo das cação no final de 2014, tendo para se tornar um cidadão, para
competências como metodolo- sua primeira versão redigida em se virar na vida, ter um bom tra-
gia começa acontecer na déca- 2015. balho, cuidar da sua saúde. (PER-
da de 1990 e na virada dos anos O que acrescenta na edu- RENOUD, 2000. Em entrevista).
2000 – tendo como um dos pio- cação o trabalho com o desen- Segundo Fleury (2000), Ip
neiros os Estados Unidos e paí- volvimento de competências? a competência de um indivíduo
ses da Europa, como a Finlândia. Por que é um assunto tão pre- não é um estado, não se reduz
No Brasil, os primeiros sente? somente a um conhecimento es-
trabalhos referentes a compe- Durante a escolaridade pecífico. A competência é um sa-
tências surgiram em 1996, tendo básica, aprende-se a ler, a escre- ber agir responsável, que implica
como marco a publicação da Lei ver, a contar, mas também a ra- saber como mobilizar, integrar, e
de diretrizes e Bases da Educa- ciocinar, explicar, resumir, obser- transferir os conhecimentos, re-
ção Nacional (LDB)1 . var, comparar, desenhar e dúzias cursos e habilidades em um de-
Desde 2013, o Exame de outras capacidades gerais. terminado contexto.
Nacional de Nível Médio (Enem) Assimila-se conhecimentos disci-
utiliza critérios que consideram plinares, como matemática, his-
Desde 2013, o Exame
as competências na resolução tória, ciências, geografia, etc. Mas
de suas questões. Assim, o siste- a escola não tem a preocupação Nacional de Nível Médio
ma de avaliação não considera de ligar esses recursos a certas si- (Enem) utiliza critérios que
apenas o conhecimento teórico, tuações da vida. Quando se per- consideram as competên-
mas a capacidade de interpretar gunta por que se ensina isso ou cias na resolução de suas
e tentar solucionar problemas. aquilo, a justificativa é geralmen- questões.
Outro marco muito im- te baseada nas exigências da
1A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96) é a legislação que regulamenta o sistema educacional (público ou privado) do Brasil (da educação básica ao ensino superior)
2 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que define os conhecimentos essenciais que todos os alunos da Educação Básica têm o direito de aprender. Prevista em lei, ela deve ser obrigatoriamente observada
na elaboração e implementação de currículos das redes públicas e privadas, urbanas rurais.

19
Ip Para além de um ensino competências no projeto sobre o modelo de educação e
tecnicista, um transferir conheci- educacional brasileiro seus processos.
mentos científicos ou empíricos, O objetivo agora é enten- Segundo Perrenoud (2000),
é necessário formar os destina- der a atual situação da educação na escola não se trabalha sufi-
tários para saberem mobilizar do ensino público no Brasil em cientemente a transferência, e
todo o conteúdo aprendido. O relação ao desenvolvimento de a mobilização não dá tanta im-
conhecimento não é mais o fim competências. O quão eficaz é o portância a essa prática. O trei-
último no processo educacional. ensino brasileiro atualmente? namento, então, é insuficiente.
Para além dele deve-se munir os O sistema educacional Os alunos acumulam saberes,
destinatários para um contexto brasileiro, desde sua organiza- passam nos exames, mas não
real de suas vidas. O desafio da ção até sua prática, é produto do conseguem mobilizar o que
missão educativa é formar para século passado, principalmente aprenderam em situações reais,
além da técnica. a relação do aluno e professor, no trabalho e fora dele (família,
Como resultado deste isto quer dizer que se segue um cidade, lazer, etc.)
processo, o que se quer é ter uma sistema elaborado para respon- Atualmente no Brasil, não
geração capaz de transformar der à demanda e às necessida- são formados profissionais para
suas realidades, uma geração des de outro século. a vida em sociedade. Forma-se
capaz de interromper processos Oferece-se aos alunos (em alguns lugares com mais
errados que advém de ciclos vi- informações, aprendizados, mui- qualidade, outros com menos)
ciosos. Eles serão capazes de dis- tas vezes isolados da realidade técnicos, replicadores robóticos
cernir e resolver problemas pes- real na qual eles vivem e ainda de teorias e técnicas. E finalmen-
soais e sociais com mais clareza e viverão. Lembra daquela velha te a “conta da educação chegou”.
sentido. Conhecerão mais sobre pergunta que muitos de nós fa- É tão gritante o pedido, que se
eles mesmos e sobre o outro, se zíamos na escola: – “Vou apren- pode destacar aqui inúmeros
preocuparão com questões am- der isso por quê? Para quê? Não dados que dirão que a educa-
bientais como nenhuma outra quero ser professor de matemá- ção precisa redirecionar o foco
geração. Preparar-se-á formado- tica”. Não se tinha ciência de que formativo. E isso em momento
res, agentes de transformação, aquela pergunta estava comple- nenhum significa que se deixa-
protagonistas. tamente fundamentada, fazia rá para trás o ensino de teorias e
todo sentido e que, através dela, técnicas científicas. Significa que
Re
b. O desenvolvimento de surgiriam reflexões profundas se irá usar delas para construir

20
Re seres humanos melhores, com jeto de educação em vigor. Não uma linha de reflexão consisten-
competências que sejam aplica- é um processo simples, afinal, te, e aplicar o que já foi visto até
das na construção de um mundo o país precisa evoluir muito no aqui, far-se-á uma apresentação
melhor. que se refere à educação. É um de dados atuais em relação aos
A nova Base Nacional primeiro passo, e a RSB-Social destinatários, para, logo após,
Comum Curricular está toda quer estar junto, quer contribuir. discutir e refletir sobre estes da-
fundamentada na ideia de que dos, e correlacioná-los com o de-
devemos preparar crianças, ado- c. Particularidades sobre os senvolvimento das competên-
lescentes e jovens para o século Ex cias nas práticas educativas nos
estudos atuais do tema
XXI. Está ultrapassada a ideia de Para que se possa criar espaços salesianos.
que uma aprendizagem efetiva
é medida a partir da quantidade Segundo os dados do IBGE e do PNAD nos anos de 2017 e 2018:
de conteúdo que o aluno absor-
veu. Uma educação eficaz é me- Pobreza: 40,2% das crianças e adolescentes do Brasil, daqueles que
dida através de como este aluno têm até 14 anos, vivem em situação de pobreza; cerca de 4 milhões de
vai aplicar em sua vida todo o crianças moram em favelas.
ensinamento/ formação rece- Gravidez na Adolescência: No país, em 2016, 17,5% das adolescentes
bida ao longo dos períodos na foram mães antes dos 19 anos. As regiões com situações mais preocupan-
escola. Ou seja, a educação do tes são também o Norte e Nordeste, que lideraram os percentuais de ges-
século XXI está preocupada em tações de mães muito jovens, com 25% e 21%, respectivamente.
formar o aluno em seu desenvol-
vimento socioemocional3. Evasão das escolas: Com idade entre 15 e 17 anos, 15% dos adolescen-
No país, o ensino por tes, quase 1,6 milhão dos alunos abandonou o ensino médio, segundo
meio da construção de compe- dados compilados do (IBGE). As regiões do Nordeste, com 848.546, e do
tências está em seu estágio ini- Sudeste, com 711.909, trazem os números mais preocupantes do país.
cial. Está na fase de adequação, Trabalho Infantil: Em 2016, cerca de 1,8 milhão de crianças e adoles-
de entendimento, de reflexão, centes entre 5 e 17 anos trabalhavam no Brasil. Deste total, 54,4 % (998
de repensar a formação dos pro- mil) estavam em situação de trabalho infantil, sendo que 190 mil por
fessores, de formar profissionais terem entre 5 e 13 anos, e 808 mil entre 14 e 17 anos por trabalharem
capazes de colocar o novo pro- sem carteira assinada.

3As intervenções, cujo objetivo é a aprendizagem socioemocional, procuram melhorar o rendimento acadêmico, melhorando as dimensões sociais e emocionais associadas com a aprendizagem, em vez de se focar diretamente
nos elementos acadêmicos ou cognitivos.
21
Re Estes problemas desenca- poltrona, viajar por mundos celulares (Motorola) realizou
deiam inúmeros outros proble- imaginários e fictícios sem sair uma pesquisa com jovens de 10
mas, eles são a ponta do iceberg, do lugar. Imagine ou tente lem- a 19 anos, sendo 65 mil apenas
eles revelam a situação presente brar-se da clássica cena do filme no Brasil, mostrando que seis de
no país, e o único caminho para Superman, em que ele sobrevoa cada 10 adolescentes têm o ce-
mudar a realidade do país é in- os prédios da cidade de Nova lular ao alcance das mãos 12 ho-
vestir na educação, na formação Iorque. Imaginou? Esta cena que ras por dia.
das futuras gerações. você acabou de lembrar, ela é Um levantamento en-
O século XXI é aquele em real para seu cérebro! Então por tre os usuários do aplicativo de
que a mente humana é prota- que você sabe que ela não é ver- controle parental revela que as
gonista, o trabalho intelectual dade? Podemos chamar de “crivo crianças passam, em média, 5,7
é o carro chefe das profissões, e da razão”. Infelizmente, este cri- horas no celular diariamente,
quanto mais avançar o tempo, vo, às vezes, pode não funcionar isso durante a semana; aos sá-
maior será a demanda por pes- como se precisa. Portanto, o real bados e domingos, esse número
soas com habilidades intelec- e o ilusório podem se confundir. sobe 20%.
tuais e tecnológicas. Logo mais, O que isso importa? Vamos lá! Faça uma conta rápida.
se falará sobre as novas compe- É primordial ressaltarmos Se estas crianças passam 5,7 ho-
tências. que: dentro do processo de de- ras diariamente no celular, sem
O IMAGINÁRIO é um con- senvolvimento humano, a inte- levar em consideração o aumen-
ceito teórico de grande impor- ração seja física ou verbal com to de 20% que a pesquisa apon-
tância no contexto atual. Mas o o outro (com um par da mesma tou nos finais de semana, chega-
que é o imaginário, e qual é sua espécie, com um grupo da mes- -se em um total de: 39,9 horas
influência no nosso dia a dia? O ma espécie), principalmente nos por semana; 1.197 horas no mês;
que é a realidade? estágios primários de formação, 14.563 horas no ano. Quando se
é extremamente importante, ela transforma este valor em dia, se
Reflexão possui um caráter essencial, in- chega a um total de: 86 dias no
As novas tecnologias au- dispensável para que se consiga ano, ou seja, um total de quase
diovisuais do cinema trouxeram chegar aos estágios mais com- três meses de interação com o
experiências fantásticas. Pode- plexos da construção da perso- mundo virtual, sem contato dire-
-se mergulhar em um mundo nalidade humana. to físico ou relacional com outro
de fantasias sentado em uma Em 2018, a empresa de ser humano. Que tipo de dano

22
Re no desenvolvimento pessoal zes falso, e que só está na men- É possível apontar aqui Ip
deste ser humano a tecnologia te, no imaginário solitário deles. estudos e pesquisas sobre quan-
pode causar? Precisa-se de pessoas que trans- to os jovens, as crianças e os
Segundo a Fundação Getúlio formem suas realidades, que adolescentes carecem de com-
Vargas de São Paulo (FGV-SP) sejam protagonistas, que dimi- petências emocionais, de ca-
publicou, em abril de 2019, ha- nuam a desigualdade social. pacidades que só se desenvol-
via 420 milhões de smartphones vem em contato com o outro e
em uso no país. O IBGE (Instituto o mundo, só se desenvolvem
Brasileiro de Estatística e Geo- Quando se fala em novas quando são expostos à forma-
ção em sua integralidade (física,
grafia), em novembro de 2019,
divulgou que: 34% da popula- competências, quer dizer psíquica e social).
ção brasileira vivem sem esgoto, A depressão, a solidão,
mas 79% da população já têm
que: o mundo mudou, e não a falta de sentido, a ansiedade,
acesso a internet. necessariamente que esteja o outro (visto como objeto), os
Quando se fala em re- problemas familiares (conceito
pensar a educação, não é por- indo para o lado errado. A de família4), a desigualdade so-
que o que se ensina está errado. tecnologia é evolução, é cial, o preconceito, a inversão de
O motivo real é: o que é ensina- valores, a compreensão e a rela-
do, ofertado na formação, não preciso repensar para não ção com o divino, a relação com
está sendo suficiente, não está
atendendo às novas demandas,
dar respostas insignificantes, o futuro profissional, as referên-
cias ideológicas, a compreensão
às áreas que precisam causar im- deve-se repensar as de si mesmo: tudo isto mudou,
pacto. nada está estagnado. Será que
Fala-se literalmente em
ações, porque elas foram as ações educativas estão aten-
formar seres humanos que con- suficientes para um público dendo esta demanda? Quem, e
sigam interagir uns com os ou- para que se está formando?
tros, para se relacionarem de do passado, mas não são 4Família é muito mais do que o código do DNA. É um par, um grupo
forma saudável, que consigam suficientes para as NOVAS de pessoas com quem se sinta verdadeiramente em casa, onde se
pode ficar à vontade.
viver em um mundo real e não
precisem fugir dele, vivendo em GERAÇÕES.
um mundo utópico, muitas ve-

23
“Competência é você ‘correr atrás’,
sem esperar que venham atrás de

4 - DESAFIOS PARA você; é se antecipar aos compro-


missos sem ficar esperando que

UMA AÇÃO EDUCATIVA


venham lhe dizer o que deve fazer;
é ter iniciativa, ser organizado, ser
capaz de resolver problemas.”

SALESIANA CAPAZ
Neyla Letícia da Rocha Barreto
Curso: Assistente Administrativo

Não existe ninguém melhor do S

DE FAVORECER O que os Salesianos e as Salesia-


nas (consagrados e leigos) para

DESENVOLVIMENTO DE
dizer de suas realidades, dos
seus pontos fortes e fracos, em
quais aspectos se deve ou não

COMPETÊNCIAS melhorar. Nenhum estudo dirá


melhor as realidades atuais do
que quem vivencia o dia a dia da
luta diária. Cada obra ou presen-
ça é responsável por pensar sua
realidade local. Este material é a
base de reflexão, o início de um
trabalho, que norteará as discus-
sões e reflexões sobre a constru-
ção de competências das novas
gerações.
Alguns pontos a serem
ressaltados aqui e importantes
para que se possa colocar, ela-
borar e executar ações no que se
refere ao tema abordado neste
fascículo.

24
1
Habitar a vida e a cultura dos jovens de hoje: este é o tema do capítulo primeiro do Qua-
dro Referencial da Pastoral Juvenil Salesiana, e se deve fazer deste verbo “habitar” a fonte princi-
pal para qualquer reflexão. Dom Bosco e Madre Mazzarello só conseguiram dar respostas signi-
ficativas aos jovens daquela época, porque eles estavam imersos no mundo deles. Habitar não é
somente estar, é vivenciar.

2
Atualização (Criança/ Adolescentes/ Jovens do hoje): uma casa salesiana que não esteja
atenta aos acontecimentos, às demandas que emergem no contexto atual, corre o sério risco de
dar respostas antigas para problemas novos. Existe uma necessidade de estar atualizados, não
somente ser preventivos, afinal a preventividade é própria do carisma salesiano.

3
Compreender a importância de trabalhar o tema das “competências para as novas
gerações”: deve-se comungar desta ideia, não se pode estar oposto a ela, não é possível se
permitir pensar sobre processo paralelos, desconexos aos estudos atuais.

4
Formação da CEP (Comunidade Educativa Pastoral): sem o entendimento técnico e cien-
tífico, sem uma reflexão, sem a internalização do tema, é impossível planejar qualquer atividade
que dê resultados significativos no que se refere ao tema trabalhado neste fascículo.

5
Cooperação da CEP: a Comunidade Educativa Pastoral são todos aqueles que fazem parte do
processo educativo dos destinatários. Cabe fazer com que a articulação entre a escola, a família
e as obras ou presenças aconteçam de forma permanente e que acrescentem na construção das
novas competências.

Planejamento teórico e estratégico: o tema deste fascículo não é algo criado por Salesia-

6
nos, não é uma reflexão nova, não somos os únicos a estudar, refletir e executar sobre e a partir
deste tema. Desde o início da congregação, fala-se sobre uma formação integral, sobre comun-
gar o vocacional com o profissional. E para que isso continue acontecendo, é necessário saber
aplicar e atuar de forma eficaz, profissional e organizada. Formar um ser humano desde sua
base requer não somente dom de Deus, mas muito estudo também, planejamento, trabalho e
dedicação.

25
“Ter competência é importante
para toda pessoa que queira e de-
5 - COMO ASSEGURAR seja ter um futuro de verdade. Na
vida e no mercado de trabalho

EFETIVIDADE NO
é fundamental a competência
adequada para ser alguém com
iniciativa, com liderança, apto
DESENVOLVIMENTO DE para diferentes tipos de trabalho.
Tudo que fazemos afeta as pes-

COMPETÊNCIAS
soas que estão próximas de nós.
Agir com competência vai nos
ajudar a oferecer o melhor para
as pessoas e para a sociedade.”

Carlos Roberto Ferro Barros


Curso: Mecânica Automotiva

“Ter competência é importante


porque podemos ter as melho-
res habilidades, capacidades,
mas nada disso adianta se não
soubermos por em prática de
maneira correta e objetiva. É
importante para sabermos lidar
com problemas de forma rápida
e eficaz, saber cooperar com a
produtividade e ser honesto em
qualquer situação.”

Aryane Helena P. Mendonça


Curso: Assistente Administrativo

26
Ip
Para que se possa assegurar que os trabalhos sejam efetivos, é preciso colocar em prática três pilares: 1)
Planejamento, 2) Monitoramento, 3) Avaliação.

1) Planejar as atividades tendo como base as competências que devem ser desenvolvidas a partir dos ensina-
mentos (científico, empírico) aplicados pelas atividades/ oficinas/ cursos.
Como? Traçar objetivos concretos, metas de curto e longo prazo.

2) Monitorar o desenvolvimento das Atividades/ Oficinas/ Cursos.


Como? Criando espaços para que os professores se autoavaliem e deem opiniões de como podem melhorar
CONTINUAMENTE suas atividades, oficinas, cursos.

3) Avaliar junto à CEP, de forma contínua, toda a instituição.


Como? Pesquisas de satisfação, devolutivas ao final das atividades com os educandos, enquetes (por meio de:
cartas, sites, aplicativos, plataformas e outros), reuniões com (pais, educadores, instrutores, gestores). Entre
outras estratégias que podem vir a ser adotadas pela a instituição conforme a realidade.

QUAIS AS COMPETÊNCIAS PARA O CONTEXTO ATUAL?


Iremos usar como base as 10 competências elencadas como prioridades no processo educacional de crianças
jovens e adolescentes pela BNCC. São elas:
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o

1º mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realida-


de, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma socieda-
de justa, democrática e inclusiva. (CONHECIMENTO)

Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das


ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imagina-

2º ção e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses,


formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas)
com base nos conhecimentos das diferentes áreas. (PENSAMENTO CIEN-
TÍFICO, CRÍTICO E CRIATIVO)

27
Ip


Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais
às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção
artístico-cultural. (REPERTÓRIO CULTURAL)

Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Li-

4º bras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conheci-


mentos das linguagens artísticas, matemática e científica, para se ex-
pressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em
diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento
mútuo. (COMUNICAÇÃO)

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comu-

5º nicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética, nas diversas práti-


cas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar, acessar e dissemi-
nar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. (CULTURA DIGITAL)


Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da
cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciên-
cia crítica e responsabilidade. (TRABALHO E PROJETO DE VIDA)

28
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para


formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns
que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioam-
biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e
do planeta. (ARGUMENTAÇÃO)


Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, com-
preendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e
as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. (Autoco-
nhecimento e autocuidado)


Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos hu-
manos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de
grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza. (EMPATIA E COOPERAÇÃO)

10º
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibili-
dade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princí-
pios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. (RESPON-
SABILIDADE E CIDADANIA).

29
Competências são um conjunto
de valores e conhecimentos ad-
6 - A FORMAÇÃO PARA O quiridos pelo ser humano para
o convívio social, essenciais para

DESENVOLVIMENTO DE as relações sociais e para a for-


mação de bons profissionais.

COMPETÊNCIAS
Servem para o indivíduo, mas
também para a sociedade como
um todo.”

Airton Willian de C. R. Rodrigu


Curso: Assistente Administrativo

Precisa estar claro que Cr


não se trata de ensinar apenas,
de transferir conhecimento. De-
ve-se entender, mais do que
nunca, que a formação passa
por um campo complexo cheio
de desafios. Como se preparar,
se capacitar para formar uma
sociedade por meio das novas
competências? Como se plane-
jar, se reciclar, como formar no-
vos formadores?

a. Como preparar educado-


res capazes de atuar no de-
senvolvimento de compe-
tências das novas gerações?
O caminho mais assertivo
para capacitar é o da formação

30
Cr processual. Pode-se destacar al- cias com outros educadores e problemas, identificar os
guns pontos primordiais como: gestores salesianos e etc. obstáculos, analisar e reorde-
nar as tarefas;
1) Proporcionar espaços que O Educador não só precisa ter • Observar os alunos nos tra-
possibilitem uma formação efe- as competências que formará balhos;
tiva e continuada. os destinatários, mas para além • Avaliar as competências em
delas, ele precisa conter no seu construção.
2) Investir em recursos para que know how outras competências
se consiga profissionais capaci- específicas de um formador. Se- b. Estratégias de formação
tados para formar novos profis- gundo Perrenoud (2000), o edu- para o desenvolvimento de
sionais. cador/ professor precisa possuir competências das novas ge-
as seguintes competências: rações
3) Criar um ambiente que inspi- • Gerenciar a classe como uma Para que o trabalho for-
re, respire e vivencie a realidade comunidade educativa; mativo seja efetivo é preciso
juvenil atual. • Organizar o trabalho no navegar nas seguintes linhas de
meio dos mais vastos espa- ação e estudo:
4) Diminuir a distância entre ços-tempos de formação (ci- Conscientização da instituição
educadores/gestores e crianças/ clos, projetos da escola); e dos gestores sobre a impor-
jovens/ adolescentes. • Cooperar com os colegas, os tância das novas competências,
pais e outros adultos; para a construção pessoal e so-
5) Recrutar profissionais que • Conceber e dar vida aos dis- cial das novas gerações + Pro-
compactuem e que estejam positivos pedagógicos com- fissionais comprometidos que
abertos à transformação. plexos; comunguem o profissional e o
• Suscitar e animar as etapas vocacional + formação continua-
6) Promover experiências que de um projeto como modo da (começo meio e fim) + forma-
eduquem na prática e não so- de trabalho regular; dores capacitados para formar
mente na teoria, como por • Identificar e modificar aquilo novos formadores + avaliação
exemplo: atividades de campo, que dá ou tira o sentido aos da CEP de todos os processos da
visita às diversas realidades dos saberes e às atividades esco- formação.
atendidos, interação com outras lares; • Educadores comprometi-
instituições, troca de experiên- • Criar e gerenciar situações dos que comunguem o pro-

31
Cr fissional com o vocacional: oportunizar um crescimento dados para entender a de-
Quando se toca no assunto de caráter imprescindível na manda, estudo e desenho so-
de profissão, é natural que vida de um ser humano. bre a formação, escolha dos
surja um link direto com • Formação continuada: Há formadores. Meio: desenvol-
questões existenciais, por um erro em muitas empresas vimento, logística, suporte
exemplo. O trabalho é uma sobre a formação e a capa- técnico. Fim: Fechamento
função social importantíssi- citação dos seus profissio- da atividade, avaliação da
ma na vida de uma pessoa. nais. O primeiro deles é não dinamicidade, do suporte,
Quando por exemplo, al- levar em consideração que logística, formador, assun-
guém lhe pergunta quem é a formação é um processo to abordado. Acompanha-
você? Muito provavelmente de aprendizagem, e para mento: Verificar, medir se a
você responderá sobre sua que algo seja aprendido, é formação causou impacto a
profissão; – sou professor (a) necessário que exista mu- curto, médio e longo prazo,
médico, juiz, advogado, etc. dança de comportamento. se houve mudança de com-
A profissão diz muito sobre Transitamos entre formações portamento e se foi positivo
as pessoas e os papéis que superficiais que contam com para a instituição e para os
elas exercem dentro da so- palestras rápidas, e em mui- colaboradores.
ciedade. Trabalhar com a tos casos com cunho mo- • Formadores capacitados
profissão e a vocação é olhar tivacional ou sobre temas para formar novos forma-
para uma dimensão que é que em nada emergem do dores: No contexto social
prática, mas ao mesmo tem- contexto em que se está in- existe uma dificuldade muito
po é transcendente. Limita- serido. Ações “formativas” grande para “encontrar mão
-se a condição e complexida- que preenchem calendário. de obra” qualificada. O salário
de humana quando se fecha É de extrema importância em muitos casos não é atrati-
um diálogo entre estes dois planejar uma formação, que vo e o serviço é muito com-
pontos. Pois, por um lado se o tema seja resultado de um plexo. Se tratando de forma-
fala muito sobre o sustento estudo, pesquisa prévia, que dores como: gestores, líderes,
e a realização pessoal, e o seja composto dos quatros palestrantes, etc; esta dificul-
outro, sobre a felicidade e a processos (início, meio, fim dade aumenta. O caminho
contribuição social. Fazer co- e acompanhamento). Início: é CAPACITAR E FIDELIZAR. É
mungar estes dois pontos é Pesquisa, levantamento de difícil, sim! Muito difícil, mas

32
Cr em nenhum momento Dom c. A relevância de trabalhar o Re quem necessita, muito além da
Bosco disse que seria fácil. desenvolvimento de compe- teoria. Necessita-se formar seres
Precisa-se de pessoas que se tências com os educadores nas humanos que saibam se relacio-
apropriem do assunto, que obras sociais salesianas nar um com os outros, pessoas
sejam profissionais da área Não cabe mais um olhar que amem seus inimigos, que
do tema abordando, com ba- simplista sobre o humano, sobre caminhem seguindo os passos
gagem teórica/prática que como poder formar. O que se de Jesus Cristo, os princípios do
os possibilite repassar com quer é transformar o mundo, e Evangelho nos tempos de hoje.
clareza para aqueles que se não há outra via se não por meio É da ação educativa salesiana
encontram em processo de da ação educativa. Os Salesianos preparar o jovem para o prota-
formação, sendo alunos ou durante muito tempo estiveram gonismo e o empreendedoris-
professores (educadores, ins- no “topo” da comunicação, inte- mo, formar para a vida.
trutores). ração e formação com os jovens.
• Avaliação da CEP de todos Felizmente o tempo não é estáti-
os processos da formação: co, e trouxe novos desafios, no-
Um serviço básico, que a vos campos.
Rede Salesiana de Ação so-
É preciso educar como sempre
cial se propõe a fazer, é o do
se educou, mas agora no século
Fortalecimento de Vínculo.
XXI serão outras respostas, com
Introduzir a família, escola e
outras ações. Observar, apren-
a obra em questão, na ava-
der, reciclar, renovar, criar de-
liação dos trabalhos executa-
vem ser verbos de ação.
dos, seja ao longo do semes-
tre ou do ano, é oportunizar As obras salesianas aten-
a instituição um ganho rico dem a quem mais precisa. Se o
no mapeamento do impac- Brasil carece de instituições que
to causado pelo trabalho, e formem de maneira teórica, ne-
assim dar bases consisten- cessita ainda mais de institui-
tes para programar e pensar ções que formem seres humanos
ações futuras. em sua complexidade. Atender
esse chamado significa formar

33
“É necessário ter competência

7 - DESENVOLVIMENTO
para saber administrar seus de-
veres e responsabilidades. Ser
competente é ter autonomia e sa-

DE COMPETÊNCIAS À
bedoria para atender a si mesmo
e aos outros com quem convive
e trabalha, atuando com eficiên-
LUZ DA EXPERIÊNCIA DE cia e revelando seu comprometi-
mento e dedicação.”

DOM BOSCO E MADRE Marcos Rogério de O. Corrêa


Curso: Assistente Administrativo

MAZZARELLO
Entendam o que sou, sou
todo por vocês, dia e noite,
manhã e tarde, em qualquer
momento. Não tenho outra
coisa em mira senão buscar o
benefício moral, intelectual,
e físico de vocês. Por vocês
estudo, por vocês trabalho,
por vocês eu vivo, por vocês
estou disposto até dar a vida
(Crônica Do Oratório de
São Francisco de Sales).

34
S O que trouxe Salesianos perder-se no caminho. Dom Bosco o que possuímos de mais pessoal.
e Salesianas até aqui? O que os dedicou uma vida inteira por É aquilo que queremos ser.
fez diferentes no trabalho com aqueles que mais precisavam. Quando trazemos a refle-
os jovens durante todos estes Assim como ele sofreu, sofriam xão da escolha de Dom Bosco em
anos? Por que estão presentes também os pobres e marginali- trabalhar com os mais necessita-
em mais de 134 países espalha- zados da cidade de Turim, com a dos, podemos também entender
dos pelo mundo, se tudo come- falta de oportunidade, crimina- o que ele queria. O santo funda-
çou com um menino pobre em lidade alta, a miséria, a fome, o dor estava atento às necessida-
um período histórico de mui- descaso social. des, ele sabia o que aqueles jo-
tas dificuldades? Por que hoje Toda situação à qual vens precisavam e queriam para
a Congregação Salesiana está aquela juventude estava sujeita ser melhores, ele estava atento
entre uma das mais numerosas chamou a atenção de Dom Bosco; ao tempo e para além do seu
dentre as Congregações da Igre- ele escolheu cuidar, formar, opor- tempo, Dom Bosco soube ler os
ja Católica? tunizar o crescimento físico, inte- sinais que emergiam das diver-
Sabe aquela velha histó- lectual e social daqueles jovens. sas mazelas, das condições a que
ria sobre “mudar o mundo”? A Ele escolheu estar e ser quem estavam submetidos. Ele estava
verdade em tudo isso é o AMOR! eles mais precisavam naquele atento porque sabia o que que-
Não um amor romântico, filo- momento. Dom Bosco poderia ria, ele queria que aqueles “Mar-
sófico, literário, mas sim o amor ser muita coisa para além de um ginais” fossem mais, que se tor-
compromisso, um amor profun- “Padre pobre que se sujeitava ao nassem seres humanos melhores
do e verdadeiro, um amor que trabalho com os marginais de Tu- e mais capacitados a viver em so-
para muitos chega a ser utopia. rim”, mas ele escolheu ser aquele ciedade, e que fossem aptos para
Das diversas definições que os auxiliaria a transformar a transformar o mundo em sua vol-
que encontramos nos escritos própria vida e também a socieda- ta.
salesianos, uma definição que de. Dom Bosco não procurou
pode traduzir bem o amor de A escolha é um dom de ensinar apenas, ele buscou algo
Dom Bosco pelos jovens é: Amor Deus, é a possibilidade que nos muito mais adiante, assim como
= Escolha! faz mais humanos e nos diferen- também fez Mazzarello, eles bus-
Não há que se confundir cia. A escolha é produto nosso, caram algo muito mais pessoal,
aqui esse sentimento tão genuí- porque nela existe muito de nós, mais profundo, eles queriam
no, porque se corre o risco de existe muita singularidade, existe transformar o mundo e o mundo

35
S para eles era singular, o mundo grande projeto de educação ga- O Oratório de São Francisco
era cada menina, cada jovem, nhou força e está presente em de Sales em Valdocco foi a pri-
cada criança que eles alcança- tantos países. A congregação meira obra estável de Dom
vam, um mundo complexo, de salesiana ao longo dos anos tem Bosco, que deu início a todas
sentimentos de vontades, de envolvido um grande número as outras. O ambiente educa-
sonhos, de defeitos. Eles foram de pessoas e salvado inúmeras tivo construído no Oratório foi
diferentes quando olharam para vidas. a resposta pastoral de Dom
cada um em sua singularidade, Dom Bosco não só acolhia Bosco às necessidades dos ado-
e perceberam que para além da os meninos da rua, os marginais
ciência o humano precisava ser lescentes e jovens mais caren-
de Turim, ele para além de aco- tes da cidade de Turim. Com o
humano. lher, também acreditava, deposi-
São João Bosco e Madre catecismo, ele oferecia à maior
tava sua esperança neles, estava parte deles diversão sadia, ins-
Mazzarello escolheram educar convicto que em cada jovem era
para a vida, escolheram trans- trução elementar e competên-
possível encontrar um ponto de cias de trabalho para a vida.
formar vidas através de ensina- mudança, em meio a todas as
mentos que fossem práticos e Dom Bosco soube garantir for-
crenças negativas depositadas mação e compromisso cristão
aplicáveis na vida real, que não
nos meninos, existia a confiança aos jovens que lhe apresenta-
fossem vazios, sem aproveita-
de alguém que os amava para vam desafios educativos muito
mento no dia a dia. Através dos
além das mazelas humanas. imperiosos. (QRPJS, pag. 177)
ensinamentos cristãos, do estu-
do, do trabalho, da convivência
foram lapidando vagarosamen- Encontramos em Mazza-
Em todo jovem, mesmo no mais
te cada um dos seus atendidos. rello e em Dom Bosco uma capa-
Foram gerando pessoas (alunos,
rebelde, há sempre um ponto cidade rara de crença na força de
colaboradores, cidadãos) capa- acessível ao bem, e a primeira transformação que existe dentro
zes de levar adiante o que esta- obrigação do educador é buscar de cada jovem e criança. Uma
vam realizando. Na medida em crença que resulta da fé, da mis-
esse ponto, essa corda sensível do
que se formava os formandos, são que receberam, do entendi-
os formandos se tornavam for- coração, e tirar bom proveito. (São mento e da sensibilidade para
madores5 , e o projeto educativo João Bosco) com a realidade que se apresen-
crescia e avançava. Por isso, esse tava. Eles perceberam que aque-
5
É bom ressaltar que, na metodologia de trabalho educativo-pastoral de Dom Bosco, encontram-se os próprios jovens. Ele sempre trabalhou no sentido de torná-los educadores e
pastores dos outros jovens. Este era o fim das Associações fundadas por ele. (SANDRINI 2018 p. 32)

36
S les meninos e meninas precisa- Ip Quando se fala em com- de estudar. Não obstante, João
vam de alguém que, para além petências na contemporanei- Bosco deu aos seus diversos pro-
de acolhê-los, acreditassem ne- dade, se remete muito às ha- blemas respostas que o levariam
les. É justamente essa crença na bilidades internas e plurais do a causar impactos na sociedade
capacidade de mudança pessoal indivíduo, o quanto dinâmico em que viveu. Que recursos in-
e consequentemente social que ele pode ser ao executar um ternos Dom Bosco possuía para
marcou o trabalho de Dom Bos- trabalho. As novas habilidades ser tão diferente? Como quem
co e Madre Mazzarello. estão conectadas diretamente sofreu tanto com os revezes da
com as múltiplas faces de avan- vida e as dificuldades causadas
DOM BOSCO ços tecnológicos, sociais, e cami- pelo irmão daria tanto afeto?
E AS COMPETÊNCIAS. nham de forma interligada. Tudo Como alguém que experimen-
Dom Bosco é uma figura se conecta. É por este motivo tou a dor desde a infância seria
emblemática, e corre-se o risco que existe o esforço de se olhar o santo dos jovens, símbolo da
de se esquecer de suas dificulda- para a aprendizagem como um alegria cristã? Como conseguiu,
des ao olhar sua história através processo complexo e plural, e com seu trabalho mudar a histó-
dos cases de sucesso ao longo da não mais mecânico e “decorati- ria de uma parcela significativa
sua trajetória. Aqui está um pen- vo”. A nova BNCC está preocupa- da humanidade?
samento que se deve ter ao hu- da em responder e desenvolver Ao refletir sobre as habili- Re
manizar e trazer para mais perto habilidades e competências que dades e competências das novas
a figura de Dom Bosco, o olhar serão aproveitadas e colocadas gerações, pode-se cair na ideia
deve adentrar em tudo o que em prática na vida cotidiana do de que são processos inéditos de
ele viveu: seus medos, suas fra- sujeito. formação, que foram pensados e
gilidades, seus erros. Humanizar S Dom Bosco foi uma crian- criados única e exclusivamen-
esta figura tão célebre, na histó- ça que sofreu e experenciou na te para este tempo. A resposta
ria do combate à desigualdade prática como a vida pode casti- é não! Não é exclusivamente
social, é tornar possível que seu gar uma criança pobre e sem pai, novo, não é algo que só resulta
trabalho seja replicado também sofreu muito com as agressões dos tempos contemporâneos do
no hoje, com a mesma eficiência verbais e as ameaças do irmão século XXI. Muito pelo contrário,
e eficácia, com mais técnica e re- mais velho, filho do primeiro ca- é algo que sempre foi exigido
cursos do que os que ele dispu- samento do pai, e com as diver- dos indivíduos na vida em so-
nha no início de tudo. sas dificuldades que o impediam ciedade. O que se está fazendo,

37
Re é estudar, teorizar e aplicar, o zer com que os jovens motivem- Bosco ensinava a beleza da ho-
que antes se dava por situações -se a ser mais para eles mesmos nestidade, oferecia, por meio da
ocasionais da vida de cada in- e para a sociedade na qual estão música, conhecimento cultural,
divíduo. Em outras palavras, o inseridos. através dos teatros, fazia com que
caos está sendo organizado e Dom Bosco perde o pai os meninos ampliassem sua ora-
sistematizado, para que então se aos dois anos de idade em um tória, e por meio das oficinas pro-
consiga lapidar o ser de acordo período no qual o continente eu- fissionalizantes Dom Bosco trazia
com as exigências que emergem ropeu atravessava uma grande uma transformação de vida, uma
do tempo e da sociedade. crise econômica e diversas trans- profissão para ganharem o sus-
S Assim sendo, é natural formações sociais. A ausência da tento honesto, longe da crimina-
imaginar que Dom Bosco teve figura paterna foi determinante lidade. Era um espaço de muito
recursos internos (habilidade e para que nele fosse fomentada a convívio, relação, e de crescimen-
competências) que hoje busca- sensibilidade e a empatia com os to humano e espiritual.
-se utilizar nas obras salesianas, meninos que não possuíam pais, A criatividade estava mui-
atuando por meio de: dinâmi- que eram órfãos, ou que foram to presente no cotidiano de Dom
cas, palestras, filmes, teatros, abandonados à própria sorte. Bosco, nas brincadeiras, na forma
músicas, danças, jogos, rodas Ao longo de sua vida, o de ganhar o sustento do dia a dia.
de conversas, brincadeiras, ofi- santo dos jovens foi direcionan- A criação da sociedade da alegria
cinas, cursos profissionalizantes, do sua ação e seu trabalho de e a adoção das companhias em
orientações. E quais são estas forma a ser significativo no bem sua ação educativa tornou-se um
habilidades e competências de das pessoas em sua volta. Para método para trabalhar em seus
Dom Bosco? Será que é possível alcançar seus objetivos, desde alunos o desenvolvimento de
enxergá-las claramente ao olhar muito jovem trabalhou suas ha- competências e recursos inter-
para sua história? bilidades para se aproximar e ser nos, como a liderança, a resolu-
Como afirmado, não visto. Já se sabe que Dom Bosco ção de problemas, a assertivida-
podemos colocar a história do era músico, malabarista, mágico, de, a resiliência, entre outros. O
camponês dos Becchi em um palhaço, possuía uma oratória associacionismo tinha uma finali-
patamar que fique difícil de ser capaz de arrastar jovens e cativar dade espiritual, mas também ca-
alcançado. É uma história real e todos que tinham contato com o ritativa, como forma de promo-
não um conto de fadas, e é justa- pequeno saltimbanco. ção do bem6.
mente por isso que é possível fa- Por meio de jogos, Dom 6
Braido, Dom Bosco padre dos jovens no século da liberdade, vol. I,
pag. 317ss.

38
S Depois de ordenado Pa- físico e social, ali com ele foram Pietro Braido, um dos maiores
dre e ter enxergado um campo forjados grandes Salesianos que estudiosos de Dom Bosco, assim
vasto para seus trabalhos fu- foram formados desde adoles- escreveu sobre o trabalho dele
turos, Dom Boco percebe que: cência, e que anos depois da- com os jovens:
assim como ele na infância, riam continuidade ao sonho e à
existiam jovens órfãos, que não missão de Dom Bosco7.
possuíam a possibilidade de es- “A intervenção assistencial
tudar, e que optavam pelos mais Quando na noite de 26 de ja-
diversos crimes para atenderem neiro de 1854 (MB V, 9-10) Dom e educativa parecia a Dom
suas necessidades mais básicas, Bosco reuniu os primeiros jo-
e que ele poderia ser a figura vens para com eles estabelecer
Bosco absolutamente
chave para a mudança de vida um compromisso, que depois determinante no itinerário
destes meninos marginalizados. se tornaria a Congregação Sa-
O oratório, um espaço lesiana, estavam entre esses
juvenil à maturidade,
para acolher os mais diversos es- João Cagliero, que na época mediação indispensável
tilos de personalidades, tornou- contava com16 anos, e Miguel
-se um verdadeiro laboratório de Rua, com 17 anos. Quando em
entre as disponibilidades
Dom Bosco, aonde acolheu os 1859 a Santa Sé deu a aprova- germinais e as competências
primeiros jovens, com os quais ção para a Congregação Sa-
deu início à Congregação Sale- lesiana, o subdiácono Miguel
a alcançar: o respeito à
siana. Dom Bosco não só ofere- Rua, que tinha então 23 anos, ordem, a moralidade, a
cia um lugar para morar e se ali- foi eleito Diretor Espiritual e
mentar, era muito mais que isso. Cagliero, então com 21 anos,
sociabilidade e a religião”.
O oratório de Dom Bosco era foi escolhido como um dos três (BRAIDO 2008)
um espaço de formação huma- primeiros conselheiros.
na, cristã, de desenvolvimento
7
Os jovens são apaixonados, destemidos, idealistas, imprudentes. É verdade. Os jovens são assim. Às vezes isso pode ser uma vantagem; e também um perigo. Vejamos: num frio dezembro de 1859, no silêncio das periferias
de Turim, numa saleta modesta, 19 jovens ouviram atentos as palavras de um sacerdote. Era um padre sonhador, e fizeram um pacto: prometeram entregar-se inteiramente a Deus e ajudar os jovens pelo resto de suas vidas.
E mais: ser como Dom Bosco, aquele padre que os amava acima de tudo.
Aos olhos de um economista, essa aventura, que acabava de começar, seria um empreendimento destinado à falência: eles não tinham nem recursos nem dinheiro, estavam cheios de dívidas, e não possuíam qualquer
preparação pedagógica; só dois deles tinham mais de 20 anos. Eram adolescentes pobres. Em descrédito pelos nossos padrões. Dom Bosco prometera uma mestra: “Não tenham medo – dizia –, Ela estará sempre com vocês”.
E eles acreditaram e se puseram a caminho. Nessa noite tudo aconteceu de modo vertiginoso: numa simples folha de papel escreveram seus nomes e rezaram. Nenhum deles sabia exatamente aonde esse pacto os levaria
no futuro. Só queriam ajudar. Alguns deles por essa decisão iriam até os confins do mundo. Outros às periferias mais pobres da Itália, França, Espanha, para o meio dos jovens mais negligenciados da sociedade. Em 160 anos
formaram uma família religiosa de quase 400.000 pessoas que herdaram o sonho de Dom Bosco. A impulsividade daquela noite se tornou uma esplêndida realidade. (Fala do Reitor-Mor, Pe. Ángel Martinez Àrtime – Infoans.
org 12/05/2020)
39
S Piera Cavaglià8 , estudiosa desenvolvimento integral da pes-
MADRE MAZZARELLO da santa, afirma: soa nas suas diferentes dimen-
E AS COMPETÊNCIAS. sões. Todo crescimento humano
A preocupação de Maz- “Para Ir. Maria Domingas, edu- requer organicidade, unidade,
zarello com a educação das me- car – na sua concreta experiên- totalidade. ‘Essa – como afirma
ninas não apenas foi a mesma de cia de relação com as jovens – Pietro Braido – não suporta unila-
Dom Bosco com a educação dos era proporcionar as condições teralidade e abstração intelectua-
meninos, como o acompanhou para que amadurecessem ne- listas, ou moralistas, ou místicas,
no que diz respeito à qualidade las as decisões livres e respon- ou tecnicistas’. Não se pode firmar
da educação e a preocupação em sáveis”. (Cavaglià 1992) a alma, mas se deve cuidar e cul-
oferecer às meninas um ensino tivar do ambiente, o corpo, a psi-
que as preparasse para a vida em que, a cultura”. (CAVAGLIÀ 1992)
Havia já então a consciência da
sociedade. Maria Mazzarello foi uma
necessidade de uma educação
Sobre a escola de Morne- jovem acostumada com o traba-
integral, capaz de superar ma-
se, pode-se afirmar que Madre lho do campo e a viver os tempos
nipulações e condicionamentos
Mazzarello preocupava-se não da ação da natureza, sempre mui-
exteriores, ao mesmo tempo que
apenas em oferecer escolariza- to exigentes. A partir de sua expe-
se apoia na liberdade e numa
ção, mas buscava uma escola riência pessoal, levou para a ação
gradual comunicação de valores,
de qualidade. Assim escreve em educativa uma preocupação em
para a qual tem especial compro-
uma de suas cartas: “Nos tempos assegurar as melhores condições
misso a pessoa do educador. Para
nos quais estamos, um bom colé- humanas e ambientais para suas
tanto, estava claro, na escola de
gio é um tesouro para o público, meninas: “escolhas ponderadas,
Mornese, que não era suficiente
é uma necessidade para a família, cuidado assíduo, intervenções
a simples oferta de conteúdo ou
é uma fortuna para a juventude programáticas e contínuas, es-
de experiências, mas dever-se-ia
e para a sociedade. O Senhor me colha dos tempos oportunos,
oferecer um desenvolvimento
conhece e os nossos colégios, e paciência longa, avaliações con-
que alcançasse as diferentes di-
sobre as bases acima indicadas tínuas” (CAVAGLIÀ). Para Mazza-
mensões da pessoa.
pode-se fazer um colégio que rello era claro que o clima no qual
Continua Cavaglià es-
não tema a concorrência de ou- o humano “cresce e amadurece é
crevendo sobre a educação em
tros poucos que deixam as coisas o das relações interpessoais, dos
Mornese: “Educar é promover um
a desejar” (Carta II, 298). gestos concretos, dos valores
8
Fecundidade e provocações de uma experiência educativa de Maria Domingas Mazzarello e a comunidade de Mornese. Piera Cavaglià em Rivista di Scienze dell’Educazione. Anno XXX / 2/ maggio –agosto –1992.

40
S partilhados, da retidão, da gratui- Maria Mazzarello era convicta de e das Salesianas, ao longo dos
dade, do amor personalizado e que as intervenções oportunas, tempos, se manteve conectado
fiel. que se situam no fluir da vida, bas- com a missão inicial, possibili-
A descrição que Piera Ca- tam para resolver dificuldades e tando a congregação causar im-
vaglià faz da ação educativa de problemas ordinários e habituam pacto na vida de crianças, ado-
Madre Mazzarello e da escola de as jovens a não dependerem da lescentes e jovens pelo mundo.
Mornese deixa muito claro que educadora, mas a procurarem Os tempos mudaram, é fato, mas
a preocupação que ali reinava ia sozinhas as soluções necessárias, o desejo de possibilitar um cres-
muita além da simples transmis- conquistando gradualmente a se- cimento integral na vida daque-
são de conhecimentos ou ainda gurança interior e a autonomia” 9. les que mais precisam ainda está
da preparação daquelas meninas Podemos concluir, da ex- muito vivo, e permanecerá por
para uma prática profissional. A periência de ambos os santos, muito tempo.
grande preocupação era prepará- que o trabalho dos Salesianos
-las para a vida, para caminharem
de forma autônoma. Assim des-
creve Cavaglià o trabalho educa-
tivo de Mazzarello: “As suas ma-
nifestações de amor e de cuidado
da vida que cresce eram simples,
ordinárias, sóbrias, aquelas que se
adaptam a uma normal convivên-
cia no estilo de uma família.
As suas intervenções não eram
baseadas em longos discur-
sos, nem a sua bondade sobre
manifestações excessivas, mas
sobre poucas palavras apro-
priadas, não genéricas, sobre
pequenos gestos não extraor-
dinários, mas autênticos.
Linee dello stile educativo di Maria Mazzarello. L’ arte del “prendersi cura” con saggezza e amore. Piera Cavaglià. Tradução de Ir. Elizabeth Pastl
9

Montarroyos. Material apostilado.

41
8 - TRABALHANDO AS
COMPETÊNCIAS DA
BNCC NOS ESPAÇOS
SALESIANOS Utilize esse Qr code
para acessar as tabelas

A tabela seguinte é in- S


terativa, foi pensada para que
você, de forma prática, intera-
ja com o caderno. Você irá en-
contrar as dez competências da
BNCC, reflexo de muitos estudos
e reflexões, como vimos anterior-
mente. Estas competências se-
rão desenvolvidas ao longo dos
próximos anos pelos três níveis
da educação brasileira (infan-
til, fundamental e médio). Seu
desafio é completar, no espaço
em branco, com atividades que
acontecem hoje em sua obra, e
que se encaixam no desenvolvi-
mento destas competências.

42
QUADRO INTERATIVO – CONSTRUINDO COMPETÊNCIAS A PARTIR DA BNCC
COMPETÊNCIA CONHECIMENTO
DO QUE ESTAMOS ELEMENTOS TIPO DE ATIVI-
OBJETIVO METODOLOGIA ESTRATÉGIAS INDICADORES
FALANDO PRINCIPAIS DADE
Livre escolha dos Capacidade de inter-
alunos Utilizar um roteiro de pretação
perguntas que ajude
na reflexão
Uso de livros e in- Capacidade de proble-
Leitura e pesquisa
ternet matização
Apresentação para a
classe ou exposição
Leitura pessoal e em mídias Indicação de aplicabili-
discussão em grupo dade das conclusões
Avaliar compreensão
do que foi lido
Valorizar e utilizar os Partir da realidade Promover reflexão e
conhecimentos histo- em suas diferentes debates em pequenos
dimensões Reflexão e debates a Sugerir um texto a grupos Capacidade de trazer
ricamente construídos
Entender e partir de temas prede- ser lido, refletido e conclusões para o dia
sobre o mundo físico,
explicar a reali- finidos debatido a dia
social, cultural e digital Capacidade de refletir Promover uma par-
dade, colaborar
para entender e explicar a sobre essa mesma tilha
com a sociedade Capacidade de expor
realidade, continuar apren- realidade
e continuar a para outros
dendo e colaborar para a
aprender.
construção de uma socie- Capacidade de aplicar Escolher filmes que Capacidade de criar
dade justa, democrática e Trabalhar previamen-
o conhecimento para permitam reflexões paralelos entre o filme
inclusiva. te a sinopse do filme
a transformação sobre temas de atua- e a vida real
Cine fórum lidade
Explorar recursos de
Extrair aprendizados a
linguagem cinemato-
Levantar pontos a partir do conteúdo ou
gráfica
serem debatidos mensagem do filme
Rodas de conversa

Construção de propos-
tas de solução para
diferentes problemas

43
COMPETÊNCIA PENSAMENTO CRÍTICO CRIATIVO
DO QUE ESTAMOS ELEMENTOS TIPO DE ATIVI-
OBJETIVO METODOLOGIA ESTRATÉGIAS INDICADORES
FALANDO PRINCIPAIS DADE
Levantar dados acerca
do fenômeno em
Capacidade de com- questão.
preender a origem dos
fenômenos. Elaborar perguntas
sobre determinada
Capacidade de ela- situação ou fato.
Exercitar a curiosidade Investigar os borar pensamento
intelectual e recorrer à fenômenos crítico. Explorar a realidade
abordagem própria das da realidade, situacional.
ciências, incluindo a investi- criticar e ques- Elaborar soluções
gação, a reflexão, a análise tionar os fatos, criativas. Análise de 360º Graus
crítica, a imaginação e a e as respostas;
criatividade, para investigar solucionar, de
Compreender as Criação de estratégias.
causas, elaborar e testar hi- forma criativa/
diversas faces de um
póteses, formular e resolver assertiva, os
mesmo problema. Refletir sobre as so-
problemas e criar soluções problemas,
(inclusive tecnológicas) com tendo como luções.
base nos conhecimentos base a pesquisa Testagem das possí-
das diferentes áreas. e os dados. veis respostas. Criar perguntas sobre
a resposta dada para
Respostas multidisci- determinado pro-
plinares blema.

Apresentar 2 ou mais
respostas para a mes-
ma situação.

44
COMPETÊNCIA REPERTÓRIO CULTURA
DO QUE ESTAMOS ELEMENTOS TIPO DE ATIVI- INDICADO-
OBJETIVO METODOLOGIA ESTRATÉGIAS
FALANDO PRINCIPAIS DADE RES
Saber distinguir
os diversos estilos
Capacidade de com-
culturais.
preender a existência
de diversas expressões
culturais. Compreender os
principais movi-
mentos artísticos da
Capacidade de se
humanidade.
expressar artistica-
Valorizar e fruir as diversas Usar da arte e da mente.
Conhecer os prin-
manifestações artísticas e cultura, buscar a
cipais artistas do
culturais, das locais às mun- identidade, conhe- Usar da Arte como
passado e da atua-
diais, e também participar cer a diversidade, elemento de autoco-
lidade.
de práticas diversificadas da se expressar por nhecimento
produção artístico-cultural. meio da arte.
Contribuir na produ-
Usar da Arte como
ção artística.
elemento de educação
e de desenvolvimento
do conhecimento Capacidade de per-
ceber as expressões
artísticas como fator
Produzir conteúdo
de desenvolvimento
relacionado à arte.
do pensar e da visão
de mundo

45
COMPETÊNCIA COMUNICAÇÃO
DO QUE ESTAMOS ELEMENTOS TIPO DE ATIVI-
OBJETIVO METODOLOGIA ESTRATÉGIAS INDICADORES
FALANDO PRINCIPAIS DADE
Expressar de forma
Capacidade de escutar compreensível uma
o outro. opinião ou um pensa-
mento.
Capacidade de dialo-
gar com uma ou mais Compartilhar infor-
pessoas. mações.

Produzir conheci- Expressar sentimentos.


Expressar-se e mento.
Utilizar diferentes lin-
partilhar informa- Tornar uma ideia/ pen-
guagens – verbal (oral
ções, experiências, Capacidade de enten- samento compreensí-
ou visual-motora, como
ideias e sentimen- dimento mútuo sobre vel e comum a quem
Libras, e escrita), corporal,
tos em diferentes as diversas perspecti- ouve, vê e sente.
visual, sonora e digital –,
contextos e pro- vas interpessoais.
bem como conhecimentos
duzir sentidos que Usar mecanismos
das linguagens artísticas,
levem ao entendi- Capacidade de usar externos para expres-
matemática e científica
mento mútuo. diferentes meios de sar-se e comunicar-se
comunicação para com o meio.
gerar informações ou
transmiti-las. Expressar-se por meio
da arte.
Capacidade de fazer
uso adequado e crítico Demonstrar afinidade
dos diferentes meios ou pelo menos sim-
de comunicação. patia pelos diferentes
meios de comunicação

46
COMPETÊNCIA CULTURA DIGITAL
DO QUE ESTAMOS ELEMENTOS TIPO DE ATIVI-
OBJETIVO METODOLOGIA ESTRATÉGIAS INDICADORES
FALANDO PRINCIPAIS DADE

Capacidade de com-
preender os recursos Ser capaz de buscar
tecnológicos de ma- informação e conhe-
Comunicar-se, neira reflexiva-ética. cimento através das
acessar e disse- tecnologias.
Compreender, utilizar e Capacidade de criar
minar informa-
criar tecnologias digitais tecnologia através do
ções, produzir Saber pesquisar atra-
de informação e comu- saber tecnológico
conhecimentos, vés das ferramentas
nicação de forma crítica,
resolver proble- digitais.
significativa, reflexiva e
mas e exercer Capacidade de promo-
ética nas diversas práticas
protagonismo ver e potencializar a Protagonismo na ca-
sociais (incluindo as
e autoria na tecnologia. pacidade de explorar
escolares).
vida pessoal e positivamente o uso
coletiva. Capacidade de ana- das Novas Tecnologias
lisar as informações e na criação de novas
geradas por meio das tecnologias.
novas tecnologias

47
COMPETÊNCIA TRABALHO E PROJETO DE VIDA
DO QUE ESTAMOS ELEMENTOS TIPO DE ATIVI-
OBJETIVO METODOLOGIA ESTRATÉGIAS INDICADORES
FALANDO PRINCIPAIS DADE
Capacidade de estabe-
lecer metas e sonhos.
Compreender o mun-
Estabelecer caminhos
do do trabalho atual e
trajetórias, pessoal/
futuro.
profissional.
Atrelar o compromisso
Capacidade de levar
social ao projeto de
Fazer escolhas para a realidade da
vida com autonomia e
Valorizar a diversidade alinhadas ao vida suas metas e
liberdade.
de saberes e vivências exercício da sonhos.
culturais e apropriar-se de cidadania e ao
Planejar com liberda-
conhecimentos e expe- seu projeto de Capacidade de
de e responsabilidade
riências que lhes possibi- vida, com liber- analisar e avaliar
pessoal e social.
litem entender as relações dade, autono- criticamente a própria
próprias do mundo do mia, consciência realidade.
trabalho. crítica e respon- Valorizar e apropriar-
sabilidade. -se do conhecimento
Capacidade de auto-
das diversas expe-
conhecimento
riências
Comprometer-se com
Participar de forma
projetos voltados a
ativa em ações de
ações solidárias
cunho social.
Saber atuar com res-
ponsabilidade social

48
COMPETÊNCIA ARGUMENTAÇÃO
DO QUE ESTAMOS ELEMENTOS TIPO DE ATIVI-
OBJETIVO METODOLOGIA ESTRATÉGIAS INDICADORES
FALANDO PRINCIPAIS DADE
Capacidade de argu-
mentar com base em
fatos, dados e conhe- Consciência socioam-
cimentos confiáveis. biental.
Possuir
consciência Capacidade de formu- Consciência ética/
socioambiental lar opiniões funda- moral.
Argumentar com base e o consumo mentadas.
em fatos, dados e infor- responsável Formular, defender
mações confiáveis, para em âmbito Embasar os argumen- ideias com base técni-
formular, negociar e local, regional tos de forma técnica e ca científica.
defender ideias, pontos de e global, com científica.
vista e decisões comuns posicionamento Compreender e for-
que respeitem e promo- ético em relação Capacidade de com- mular ideias, opiniões,
vam os direitos humanos. ao cuidado de preensão sobre o bem pontos de vista.
si mesmo, dos social.
outros e do
planeta. Capacidade de rebater
Capacidade de usar o criticamente infor-
conhecimento científi- mações falsas (Fake
co para transformação News)
e melhoria da socie-
dade.

49
COMPETÊNCIA AUTOCONHECIMENTO E AUTOCUIDADO
DO QUE ESTAMOS ELEMENTOS TIPO DE ATIVI-
OBJETIVO METODOLOGIA ESTRATÉGIAS INDICADORES
FALANDO PRINCIPAIS DADE
Cuidado com a saúde
física.
Conhecer-se e com-
Cuidado com a saúde
preender-se na diver-
Conhecer sobre emocional.
sidade humana.
os limites e
potenciais pes- Cuidado com a espiri-
Conhecer-se, apreciar-se e Capacidade de apre-
soal, apreciar-se tualidade.
cuidar de sua saúde física ciar-se como pessoa.
como pessoa
e emocional, compreen-
integral nas suas
dendo-se na diversidade Conhecer sobre as
diversas faces, Capacidade de en-
humana e reconhecendo próprias emoções.
buscar quali- xergar-se como ser
suas emoções e as dos
dade de vida, integral
outros, com autocrítica Saber lidar com
autocuidado,
e capacidade para lidar críticas.
busca por uma Capacidade de auto-
com elas.
saúde integral crítica
(mente, corpo e Demonstrar boa
espírito). autoestima
Cuidado positivo da
saúde física e mental.
Ter domínio sobre
próprias reações
(equilíbrio)

50
COMPETÊNCIA EMPATIA E COOPERAÇÃO
DO QUE ESTAMOS ELEMENTOS TIPO DE ATIVI-
OBJETIVO METODOLOGIA ESTRATÉGIAS INDICADORES
FALANDO PRINCIPAIS DADE
Capacidade de
exercitar a empatia e
a resolução de pro-
Promover o respeito
Exercitar a empatia, o blemas.
ao outro e aos direitos
diálogo, a resolução de humanos.
conflitos e a cooperação,
Relacionar-se de Capacidade de diá-
fazendo-se respeitar e logo.
maneira positi- Fazer-se respeitar.
promovendo o respeito ao
va, se colocar no
outro e aos direitos huma-
lugar do outro, Valorizar a diversidade
nos, com acolhimento e Agir sem preconceito
entender os dos indivíduos e
valorização da diversidade de qualquer natureza.
sentimentos, as grupos sociais.
de indivíduos e de grupos
ações, a visão do
sociais, seus saberes, Compreender o posi-
outro, trabalhar Aceitar as diversas
identidades, culturas e cionamento do outro.
em equipe. expressões culturais.
potencialidades, sem
preconceitos de qualquer
natureza. Colocar-se no lugar
Capacidade de com-
do outro
preender que o ser
humano é diverso e
subjetivo.

51
COMPETÊNCIA RESPONSABILIDADE E CIDADANIA
DO QUE ESTAMOS ELEMENTOS TIPO DE ATIVI-
OBJETIVO METODOLOGIA ESTRATÉGIAS INDICADORES
FALANDO PRINCIPAIS DADE
Agir pessoal e coleti-
Capacidade de se
vamente com auto-
posicionar frente a
nomia.
injustiças.

Tomar decisões Possuir responsabi-


Conhecer e defender
com princípios lidade, flexibilidade,
Agir pessoal e coletiva- direitos humanos.
éticos, inclusi- resiliência e determi-
mente com autonomia, nação.
vos, sustentáveis
responsabilidade, fle- Capacidade de agir
e democráticos
xibilidade, resiliência e eticamente.
em vista de uma Tomar decisões com
determinação, tomando
relação com o base em princípios
decisões com base em Capacidade de se
mundo a partir éticos e democráticos.
princípios éticos, demo- solidarizar com o
de direitos e
cráticos, inclusivos, sus- sofrimento e a neces-
deveres, na Ser inclusivo, solidário
tentáveis e solidários. sidade do outro.
condição de e com olhar de susten-
protagonista. tabilidade.
Capacidade de
autonomia e protago-
Assumir compromisso
nismo frente às neces-
com ações de volun-
sidades sociais.
tariado

52
“Ser competente destaca você

9 - ALGUNS DESAFIOS
na vida, pois você será visto com
outros olhos, seja na rua, na sua
casa, ou em outros lugares. O nos-

QUE O TEMA AQUI TRA-


so lugar de trabalho é o espaço
para pôr em prática tudo o que
adquirimos na vida, a sabedoria

TADO PROPÕE PARA de aprender e humildade para en-


sinar.”

NOSSAS OBRAS Leandro Ferreira da Silva


Curso: Mecânica Diesel

Existe algo que é muito


Cr
salesiano, e que nunca pode ser
abandonado. A herança deixada
por Dom Bosco e Madre Mazza-
rello venceu o tempo, superou
as dificuldades, todas as adversi-
dades que encontraram durante
o caminhar. O AMOR e a entrega
generosa pelo bem das crianças,
dos adolescentes e dos jovens
venceu o tempo, fez emergir um
sonho que se prolonga por mais
de 150 anos de história. Hoje,
como em inúmeros momentos
da história, Salesianos e Salesia-
nas, consagrados e leigos, são
chamados a agir de acordo com
o tempo e seus desafios.

53
Cr Para responder de acor- cias a serem desenvolvidas na participação de todos os atores
do com a necessidade dos tem- geração atual. que integram a comunidade
pos atuais e a necessidade do Planejamento feito de forma educativa: gestores, educadores,
público atendido, é preciso ven- conjunta e com a participação os destinatários e suas famílias.
cer algumas barreiras e assumir dos educadores e jovens, esta-
junto à ação educativa atitudes belecendo claramente os obje- - Formar (a partir das dez com-
transformadoras como: tivos, as metas, os indicadores petências da BNCC) e selecio-
- Identificar qual é a necessi- de avaliação. É necessário estar nar profissionais sensíveis para
dade de formação do público abertos ao novo, saber obser- com a missão.
atendido pela obra. var, refletir, elaborar e produzir Definir com clareza os processos
Algumas técnicas podem auxi- propostas e ações educativas de seletivos, as ferramentas de sele-
liar para isso: rodas de conversa acordo com a necessidade dos ção e de formação, para capaci-
(educadores, pais, atendidos), atendidos, e não a partir do pon- tá-los e prepará-los para o proje-
pesquisa e levantamento de da- to de vista do adulto ou daquilo to da Obra.
dos, demanda escolar, visitas nos que se pressupõe que seja o que
territórios, encontros e debates o destinatário necessita. - Proporcionar aos atendidos
com lideranças da comunidade. um espaço que inspire e respire
- Trazer para o Projeto Educa- futuro de forma prática e incisi-
- Definir e elencar as competên- tivo Pastoral, de forma efetiva, va.
cias que necessitam ser traba- a perspectiva do “desenvolvi- Ambiente, atividades, pessoas,
lhadas e como trazê-las para os mento integral” das novas ge- tudo deve contribuir para a edu-
programas de formação. rações. cação e o desenvolvimento do
Estabelecer estratégias pedagó- Estimular e favorecer o desen- jovem nos espaços salesianos.
gicas, construir metodologias, volvimento de adolescentes e Lembre-se de que é do Sistema
elaborar banco de projetos que jovens na sua dimensão física, Preventivo a aposta no potencial
ajudem a desenvolver compe- intelectual, emocional, espiritual de cada adolescente e jovem, a
tências. é parte essencial da ação educa- certeza de que trazem dentro de
tiva salesiana e precisa ser alcan- si o futuro. Há que se ter clareza
- Construir o Projeto Educativo çado com clareza de objetivos, de que falar de Sistema pres-
Pastoral Salesiano focado e ali- estratégias e metodologias bem supõe capacidade de conjugar
nhado com as novas competên- pensadas e articuladas, com a ambiente, pessoas, atitudes, va-

54
Cr lores, estratégias. livrarmos das amarras que a es- impõem, quais as competências
- Estabelecer pelos meios de trutura e os programas tradicio- requeridas num contexto de
comunicação (físico ou virtual) nalmente realizados terminam exclusão e/ou marginalização
uma linguagem atualizada, por impor. Abrir-se ao novo e sair em que vivem, exigem a contri-
próxima dos nossos destinatá- da “zona de conforto” é essencial buição ativa do destinatário da
rios. para uma ação que responda, de missão educativa. É preciso pla-
Criar oportunidades, espaços forma atual às demandas que o nejar e realizar “com” eles e não
e auxiliar os jovens a se utiliza- mercado de trabalho, a socie- “por” ou “para” eles. Tudo trazen-
rem dos meios de comunicação dade, a família exigem hoje dos do sempre o olhar salesiano e a
como instrumentos de forma- indivíduos e que têm como base perspectiva do Sistema Preventi-
ção pessoal, formação do outro e pressuposto a capacidade de vo de Dom Bosco.
e transformação da realidade. Os desenvolver e assimilar sempre
meios de comunicação, de for- novas competências, ofertar no- - Conduzir as novas gerações ao
ma transversal, são ferramentas vas respostas, estabelecer novos envolvimento proativo no coti-
que permitem estabelecer es- paradigmas. diano pessoal.
tudos, reflexões e informações Entre as competências que ado-
sobre questões sociais, ecológi- - Oportunizar aos jovens o es- lescentes e jovens devem desen-
cas, comportamentais, e tantas paço e as oportunidades que volver, o ponto de partida deve
outras. lhes cabe para que se tornem estar relacionado à promoção
protagonistas do próprio pro- do autocuidado, levando-os ao
- Transpor os condicionamen- cesso formativo. conhecimento das próprias ca-
tos que as estruturas impõem É essencial a participação ativa e pacidades, fortalecimento da
à proposta educativa e abrir-se comprometida dos destinatários autoestima, capacidade de su-
ao novo que vem do apelo das no processo de pensar, planejar peração dos limites pessoais
juventudes, do momento histó- e executar as ações educativas a e fortalecimento das próprias
rico e do território. serem desenvolvidas no conjun- potencialidades. A vivência de
Capacidade de abrir-se ao novo, to das atividades, cursos, progra- experiências de voluntariado
ao que nos interpela e desafia, mações da Obra. Saber do que propicia altruísmo, generosida-
ao que responde aos anseios e adolescentes e jovens necessi- de, autoconfiança, descoberta
às necessidades dos jovens no tam, dos desafios que a realida- pessoal das próprias capacida-
atual contexto, pressupõe nos de social à qual pertencem lhes des. É importante ferramenta no

55
Cr processo educativo. constituir-se como uma socie- biente se constitui como uma
dade mais justa e solidária, com educação de valores essenciais
- Inspirar as novas gerações ao governantes sérios e compro- para o momento atual da vida
envolvimento no cotidiano da metidos com o bem do povo e do planeta e da pessoa huma-
sua comunidade e do seu gru- distantes da corrupção, passa na. Adolescentes e jovens que
po de relações. pela capacidade de preparar as desenvolvem tais sensibilidades
Os jovens são naturalmente novas gerações para o exercício crescem nas competências que
abertos às relações com os seus da cidadania, do voto conscien- possibilitam uma visão mais am-
pares, ao gosto por estar em gru- te, do engajamento político (não pla de mundo, na capacidade de
pos, a vivenciar o associacionis- necessariamente partidário), e se comprometerem com o uso
mo. É importante e educativo in- da responsabilidade social. O responsável dos recursos natu-
centivar e estimular as diferentes debate das questões sociais, das rais e com uma visão de futuro
formas de articulação entre eles políticas setoriais e suas defi- carregada de esperança no hoje
e a capacidade de tornarem-se ciências, das reais necessidades e de cuidado para com os que vi-
formadores de seus pares, de de melhorias e transformações rão depois.
engajar-se em grupos que pro- das realidades territoriais, onde
movem a participação de outros vivem os destinatários da missão - Conduzir a ação educativa
jovens em atividades sociais e de salesiana, se constituem como para um movimento efetivo e
serviço: agremiações esportivas, ferramentas capazes de desen- eficaz na construção e no ama-
organizações de festas, grupos volver competências e compro- durecimento de competências
de artes, de música e teatro, pro- misso da instituição com uma da juventude para a vida.
moção de ações de solidarieda- educação transformadora. Uma verdadeira ação educati-
de, atividades pastorais e missio- va deve ser capaz de levar ado-
nárias, etc. - Incentivar as novas gerações a lescentes e jovens a aprender a
compreender as suas responsa- conhecer, a saber fazer e a tomar
- Levar as novas gerações a se bilidades no cuidado e na pre- atitudes que influenciem nas
comprometerem com o desen- servação da “casa comum”. escolhas da vida e façam aflorar
volvimento do país e numa vi- A capacidade de entender o va- condições favoráveis para de-
vência sadia e crítica da políti- lor dos bens naturais e assumir senvolverem de forma harmo-
ca. responsabilidades no cuidado niosa suas próprias aptidões,
A transformação do país para e na preservação do meio am- suas qualidades físicas, morais,

56
Cr intelectuais e espirituais, adqui- além de si mesmo, de estar pre- concretude à proposta do presen-
rindo a maturidade de uma pes- parados para construir um mun- te fascículo no cotidiano da Obra,
soa humana na sua integralida- do melhor a partir dos próprios transformando / ressignificando o
de. dons e habilidades. que hoje se realiza: um desafian-
Como instituição se pos- Objetivo maior de uma te trabalho de preparar as novas
sui a tradição do modo de ser, verdadeira ação educativa e do gerações para a transformação da
mas ela não pode impedir de compromisso com o desenvolvi- sociedade e a construção da civili-
ser tradição para aqueles que mento de competências das no- zação do amor e da paz.
ainda serão. A tradição do amor vas gerações pressupõe assumir
ao próximo, do estender a mão a atitudes concretas que precisa-
quem mais necessita, de ser para mos e que podem ajudar a dar

PARA REFLETIR:
Trem-bala É sobre escalar e sentir que o caminho Porque quando menos se espera a
Compositora: Ana Carolina Vilela Da Costa te fortaleceu vida já ficou pra trás
É sobre ser abrigo e também ter mora- Segura teu filho no colo
Não é sobre ter todas pessoas do da em outros corações Sorria e abrace teus pais enquanto
mundo pra si E assim ter amigos contigo em todas estão aqui
É sobre saber que em algum lugar as situações Que a vida é trem-bala, parceiro
alguém zela por ti A gente não pode ter tudo E a gente é só passageiro prestes a
É sobre cantar e poder escutar mais do Qual seria a graça do mundo se fosse partir
que a própria voz assim? Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá
É sobre dançar na chuva de vida que Por isso, eu prefiro sorrisos Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá
cai sobre nós E os presentes que a vida trouxe pra Segura teu filho no colo
É saber se sentir infinito perto de mim Sorria e abrace teus pais enquanto
Num universo tão vasto e bonito é Não é sobre tudo que o seu dinheiro é estão aqui
saber sonhar capaz de comprar Que a vida é trem-bala, parceiro
Então, fazer valer a pena cada verso E sim sobre cada momento sorriso a se E a gente é só passageiro prestes a
Daquele poema sobre acreditar compartilhar partir
Não é sobre chegar no topo do mundo Também não é sobre correr contra o
e saber que venceu tempo pra ter sempre mais

57
PARA REFLETIR:
“Ser o melhor não nos deve ser um objetivo principal; mas sim, fazer o melhor. Isto deve ser a arte fascinante
de nossas vidas”.

Transição (O Teatro Mágico)

Apreciar os riscos e suposições


Manifestar brandura e mansidão
Assegurar acessibilidade
E preservar coragem em transição
Se enunciar... repleta e intacta!
Apta a habitar todo lugar!
Se aflorar... bela!
Assim que for embora
Perpetuar a história
Desvalidar o improvável!
Desdenhar do inconcebível!
Ocupar o ar das horas!
Plenas, serenas, inéditas e autênticas!
Revidar!
Bela!

Desperta em nós
nova aurora ao coração!
E ensina a perder... medo!
Alcança a voz!
Acordar de prontidão!
Anunciar!

“Milagres acontecem quando a gente vai à luta!”

58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRAIDO, Pietro. Dom Bosco Padre dos jovens no século da liberdade: Vol. I. Trad. Geraldo Lopes e José Antenor Velho.
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BOSCO, São João. Memórias do Oratório de São Francisco de Sales. Brasília: Dom Bosco, 2012. 251 p. Fausto San-
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FLEURY, Maria; FLEURY, Afonso. Construindo o Conceito de Competência Construindo o Conceito de Competência. Re-
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FEIXA, Carles; LECCARDI, Carmem. O conceito de geração nas teorias sobre juventude. Revista Sociedade e Estado,
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GARCIA, Dra. Lenise Aparecida Martins. Competências e Habilidades: você sabe lidar com isso?. Educação e Ciência
On-line, Brasília, p.1-8, 2005.

MACEDO, Lino de. Competências e Habilidades: Elementos para uma reflexão pedagógica. Disponível em: <https://
ifsp.edu.br/edu/eso/competenciashabilidades.html>. Acesso em: 24 fev. 2020.

SILVA, Thayse de Oliveira; SILVA, Lebiam Tamar Gomes. Os impactos sociais, cognitivos e afetivos sobre a geração de
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em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862017000100009&lng=pt&nrm=iso . aces-
sos em 09 nov. 2020.

PENA, Felipe Gouvêa; MARTINS, Talita Soares. BABY BOOMERS, X E Y: DIFERENTES GERAÇÕES “COEXISTINDO” NOS AM-

59
BIENTES ORGANIZACIONAIS. PÓs em Revista, Belo Horizonte, v. 10, p.8-14, jan. 2015. Semestralmente.

PETRELLA, Simone. REPENSAR COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PARA AS NOVAS GERAÇÕES.: PROPOSTAS PARA UMA
NOVA LITERACIA MEDIÁTICA. Revista Comunicando, Porto, v. 1, n. 1, p.205-222, dez. 2012. Semestral.

PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência. Referencial de Educação Para Os Media Para A Educação Pré-escolar, O
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ção Pré-escolar, O Ensino Básico e O Ensino Secundário. p. 1-45. Disponível em: <https://www.dge.mec.pt/sites/
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PRIMI, Ricardo et al. Competências e Habilidades Cognitivas: Diferentes Definições dos Mesmos Construtos. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 17, n. 2, p.151-159, 19 jul. 2001. Trimestral.

SALESIANA, Dicastério Para A Pastoral Juvenil. A Pastoral Juvenil Salesiana: Quadro Referencial. 2014. Disponível em:
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SANTOS, Marinalva José dos. Manual de serviço novo mandato. [mensagem pessoal] Mensagem recebida por: <well-
gp96@gmail.com>. em: 01 dez. 2019

URANGA, Paulo Ricardo Ricco. A DEFASAGEM DO DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA


EDUCAÇÃO DO BRASIL. 2014. 93 f. TCC (Graduação) - Curso de Economia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2014.

WERNER, Rosiléa Clara. Desafios contemporâneos na formação profissional: o desenvolvimento de competências e


habilidades no Serviço Social. 2010. 241 f. Monografia (Especialização) - Curso de Serviço Social, Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

BRAIDO, Pietro. Dom Bosco Padre dos jovens no século da liberdade: Vol. I. Trad. Geraldo Lopes e José Antenor Velho.
São Paulo: Editora Salesiana, 2008.

SANDRINI, Marcos. Dom Bosco presente de Deus para as Juventudes – terra santa e lugar teológico. São Paulo:
Paulus, 2018.

60
ANEXO:
QUAIS COMPETÊNCIAS PARA AS NOVAS
GERAÇÕES
A seguir você encontrará algumas frases conti-
das neste fascículo. O objetivo é marcar as frases
que julga estarem corretas de acordo com o ma-
terial estudado. Marque somente as verdadeiras.
Acesse o formulário online
pelo QR code ao lado.

Fase 1 (Verdadeiro ou Falso)


a) Deve-se educar com o foco na aprendizagem técnica.
b) Deve-se formar de maneira integral.
c) O que caracteriza uma GERAÇÃO é: o compartilhamento mútuo de acontecimentos socio-históricos que
influenciam direta e indiretamente no desenvolvimento dos sujeitos de determinado grupo etário.
d) O que caracteriza uma GERAÇÃO é: idade, época de nascimento.
e) Dentro de uma mesma geração pode existir diversas características sociais.
f ) Não existe dentro de uma geração diferenciação social.

Fase 2 (Verdadeiro ou Falso)


a) Eu sei fazer porque tenho conhecimento (empírico/científico). Eu consigo fazer porque tenho competên-

61
cia. Eu sei o porquê de quando, como e onde fazer, porque tenho habilidade para tal.
b) Eu sei fazer porque tenho conhecimento (empírico/científico). Eu consigo fazer porque tenho habilidade/
capacidade. Eu sei o porquê de quando, como e onde fazer, porque tenho COMPETÊNCIA para tal.
c) Quanto mais conhecemos mais estamos preparados.
d) Quanto mais sabemos mais precisamos buscar formas de aplicar o conhecimento adquirido.
Fase 3 (Verdadeiro ou Falso)
a) Não existe um marco pontual de quando se começou a falar sobre um ensino por competências.
b) Existe um marco pontual de quando se começou a falar sobre um ensino por competências.
c) Segundo Fleury (2000), a competência de um indivíduo é um estado, se reduz somente a um conhecimento
específico.
d) Para Fleury (2000), competência é um saber agir responsável, que implica saber como mobilizar, integrar, e
transferir os conhecimentos, recursos e habilidades em um determinado contexto.
e) O conhecimento é o fim último no processo educacional.
f ) O desafio da missão educativa é formar para além da técnica.

Fase 4 (Verdadeiro ou Falso)


a) Não há necessidade de habitar a vida e a cultura dos jovens de hoje para entendê-los.
b) É necessário para uma compreensão mais ampla dos jovens, das crianças e adolescentes habitar a vida e a
cultura deles.
c) Respostas dadas no passado, e que funcionaram até aqui, também são eficientes para os problemas de
hoje.
d) Uma casa salesiana que não esteja atenta aos acontecimentos, às demandas que emergem no contexto
atual, corre o sério risco de dar respostas antigas para problemas novos.

62
Fase 5 (Verdadeiro ou Falso)
a) Para que se possa assegurar que os trabalhos sejam efetivos, é preciso colocar em prática três pilares: 1)
Planejamento, 2) Monitoramento, 3) Avaliação.
b) Para que se possa assegurar que os trabalhos sejam efetivos, é preciso colocar em prática dois pilares: 1)
Planejamento, 2) Monitoramento.

Fase 6 (Verdadeiro ou Falso)


a) Segundo Perrenoud (2000), o Educador só precisa conter as competências que formará os destinatários.
b) Para Perrenoud (2000), o Educador não só precisa ter as competências que formarão os destinatários, mas
para além delas, ele precisa conter no seu “know how” outras competências específicas de um formador.

Fase 7 (Verdadeiro ou Falso)


a) A reflexão sobre as habilidades e competências no processo formativo é única e exclusivamente resultado
do século XXI.

Confira as respostas certas no verso da página.

63
Fase e respostas verdadeiras: 1- b, c, e; 2- b, d 3- a, d, f; 4- b, d; 5- a; 6- b.
Rede Salesiana Brasil de Ação Social
Trabalhar o desenvolvimento de competências das novas ge-
rações se insere no modelo de educação realizado por Dom Bosco e
Madre Mazzarello e é, por certo, o grande desafio para a fidelidade
salesiana nos tempos atuais:

“Uma educação na linha da experiência de Dom Bosco e Maria


Domingas Mazzarello sabe descobrir as enormes potencialidades de
bem, orientá-las para metas de comunhão e partilha, partindo do co-
nhecimento real dos problemas em escala mundial [...]. Refletir sobre o
processo educativo significa levar em conta o contexto em que se está
vivendo”. (LOME p. 16)

“Como Dom Bosco, manifestamos interesse especial pelo mun-


do do trabalho (cf. Const. 27). Ele preocupou-se em também dotar as
jovens gerações de adequada competência profissional e técnica. Notá-
vel a sua preocupação para favorecer uma sempre mais incisiva educa-
Construção de ção à responsabilidade social, tendo por base a aumentada dignidade
pessoal: uma educação para o social ao qual a fé cristã não só confere
competências das novas legitimidade, como também confere energias de peso incalculável. Me-
gerações para a vida diante o trabalho e o uso correto dos recursos o “honesto cidadão” não
só se realiza como pessoa, mas também contribui para o bem comum,
dando uma contribuição substancial à utilidade social: um projeto que
tem suas raízes na visão evangélica do homem empenhado no bem de
todos”. (Quadro de Referência PJS, p. 70)

Rede Salesiana Brasil de Ação Social


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