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CONCEITO DE MERCADO

2.1. SURGIMENTO DOS MERCADOS

Como todos os animais, o homem vive num processo de permanente troca com a
natureza, da qual retira o necessário para a sua sobrevivência.No caso dos homens
essa troca consiste na utilização do trabalho (uso da vida) para transformar os
recursos que existem na natureza, em bens úteis à satisfação das necessidades
humanas (reprodução da vida).

Para isso é necessário realizar o processo de produção (obtenção) dos bens e


serviços a partir dos recursos, tais, como se encontram na natureza.

O Processo de Produção caracteriza-se por uma relação entre os homens e a


natureza, de modo a que esta seja transformada e assuma a forma de bens e
serviços à disposição dos homens.

Recursos
Produção Bens e Serviços Troca

Mas o homem não podia produzir tudo o que necessitava. Podia muito bem produzir
um tipo de bens onde se sentia-se mais especializado.

Esse processo de troca assumia várias vezes a forma de permuta silenciosa. No


limiar das sociedades, os membros de uma família ou comunidade dirijam-se a um
local pré-determinado e aí depositavam os bens que desejavam trocar e retiravam-se.
A outra comunidade fazia o mesmo. A 1ª, passados dias, vinha inspeccionar os bens
deixados pela 2ª comunidade e se achasse a quantidade satisfatória para a troca
então recolhia a mercadoria deixada pela 2ª comunidade.

Caso não estivesse satisfeita, diminuía uma parte da sua mercadoria e retirava-se
esperando a avaliação da outra contraparte.

Este processo iterativo levava dias, às vezes semanas. Era uma forma Primitiva de
Comercializar, mas cujo o objectivo principal era evitar confrontações directas que
originassem conflitos entre comunidades que viviam geralmente no limiar da
hostilidade aberta (problema bem actual entre vizinhos).

Se os povos primitivos não tinham grandes dificuldades de ordem económica para


efectuarem as trocas directas, com o desenvolvimento surgiram obstáculos. A
divisão do trabalho no seio da comunidade, que resulta uma infinidade de produtos
trocados, apontou para uma nova forma de efectivação da troca.

Para maior eficiência e efectividade era necessário encontrar-se um local ou uma


maneira de tornar a troca permanente. Assim estabeleceu-se lugares e dias próprios
em que cada produto específico era trocado.

1
A esses lugares chamavam feiras. Cada dia da semana era uma feira específica,
trocavam determinados produtos preestabelecidos e não outros. Na 1ª feira trocava-
se a oração, a fé, o sacrifício, as oferendas, com a esperança e crença de depois
desta vida passar para a melhor no paraíso.

São essas feiras que deram origem, não duma forma determinativa, aos mercados.
Duma maneira geral, o mercado entende-se como sendo o lugar económico ou
real do encontro entre a oferta e a procura 1 .
A oferta representa os produtores e a procura do consumidores

Outras definições encontradas:


O mercado consiste em firmas e indivíduos que tem contrato entre si, para comprar ou
vender uma mercadoria - uma definição funcional de “E. Mansfield”2.
Os mercados são instituições sociais nas quais bens e serviços podem ser livremente
trocados por outros bens e serviços - “Kelvin Lancaster” 3.

Sendo lugar ou contrato ou ainda instituição o denominador comum é que os


produtores e consumidores encontram-se no mercado para efectuarem as transações
de suas mercadorias.

Em troca de um certo pagamento os vendedores estão dispostos a perder a


propriedade dos seus bens, enquanto que os compradores aceitam efectuar um
pagamento para obterem a posse desses bens.
Nessa troca deve haver a coincidência das intenções entre produtores (oferta) e
consumidores (procura).

Essa troca deve ser voluntária. Se o contratante da transação não tem opção, então
ela não constitui uma transação de mercado.

Por exemplo, contratação para uma consultoria, pagamento de uma taxa de portagem
numa ponte etc., já é mercado porque não é compulsivo.

2.2. O PAPEL DO MERCADO4

Uma vez que os mercados existem para troca de coisas a sua função é de alocar e
realocar bens e serviços entre os membros pertencentes à economia. Nessa troca
ambos os lados ganham.

Entrectanto o mercado não é a única forma de alocar as coisas.

1
Ruy Baltazar, Texto de Apoio Introduçäo a Economia Politica
2
Mansfield- Microeconomia Teoria e Aplicações.
3
Kelvin Lancaster,A economia moderna: Teoria e Aplicações
4
idem Kelvin

2
Daí a diferenciação entre economias de alocação livre (mercado), planificada
(centralizada) e mista.

Nos Estados Unido da América os Serviços públicos pertencem ao tipo de economia


dirigida, na Russa Socialista a alocação dos bens às famílias operava através do
esquema de mercado.

2.3. PERDURAÇÃO DOS MERCADOS E TROCA5

A afirmação de que as relações de troca ocorrem porque os dois lados ganham é


sustentada pela notável perduração dessas relações, até mesmo quando de colocam
dificuldades em seu caminho.

Quando as relações de troca entre particulares estão proibidas, porque o Governo


tenta evitar que os bens passem pelo mercado (para manter o preço baixo e há
excesso de procura) aparecem invariavelmente os mercados negros. RDA, 1970
20% de bens eram vendidos fora dos circuitos normais, a URSS permitiu a venda livre
de produtos nas glebas (mercados informais).

A persistência também constitui a dor de cabeça dos governantes que procuram


controlar ao invés de facultá-lo. Os membros persistem mesmo quando todas as
transações são proibidas. Nas drogas, por exemplo: o viciado compra, porque acha
que elas valem mais para ele do que o dinheiro que ele paga no momento em que faz
a troca.

O negociante vende, porque os lucros lhe oferecem valer mais do que o risco de ser
preso. O viciado no momento de lucidez pode estar convicto de que a longo prazo o
efeito será negativo sobre o usuário da droga, mas é a situação imperativa no
momento da troca que determina o seu comportamento.

Pode-se concluir que qualquer troca que seja efectuada sem coerção representa um
ganho imediato para ambas as partes. Isso não significa que o ganho seja
equinamente (imparcialmente) distribuído - é possível que uma parte ganhe muito e a
outra quase nada. Mas há condições em que o negócio se efectua no mesmo padrão,
a chamada concorrência perfeita.

O mercado é uma instituição através do qual os bens são trocados.

Na práctica o mercado pode ser qualquer coisa desde o Vilarejo, onde os produtores e
donas de casa se encontram uma vez por semana para realizarem as sua trocas, até
gigantescas instituições como Câmaras de Comércio, onde correctores especializados
transaccionam em nome dos seus cliente, verbalmente ou por meio de títulos, bens
reais, bens que não manipulam directamente e que não aparecem no mercado mesmo
usando equipamento eletrónico, o chamado e-comerce.

Para efeito do estudo o nosso modelo, para mercado real, um bem deve ser
homogéneo, isto é, virtualmente idêntico e deve abarcar os seguintes aspectos:

5
Idem Kelvin

3
• A transação envolve a venda (vendedor) e a compra (comprador).
• A transação envolve um preço, a quantia de moeda dada pelo comprador por
unidade do bem adquirido.
• A transação envolve a quantidade, ou seja, o total de bens adquiridos.
• Na transação tanto o preço como a quantidade são aspectos de um acordo mútuo
entre o comprador e o vendedor, são os mesmos para ambos. A quantidade
comprada é exactamente igual a quantidade vendida, o mesmo se diz ao preço de
venda e de compra.

Se observarmos as quantidades transaccionadas ao longo do ano, por exemplo -


tomate ou cebola, verifica-se que estas variam e o preço também. Então porquê
variam os preços e as quantidades?

Porquê o preço é aquele e não outro numa determinada altura? O que faz aumentar
ou baixar?
É óbvio que alguma coisa ou outra que não é o preço nem as quantidades.

Tentando explicar o comportamento do mercado teríamos de observar tudo o resto


que nos rodeia, incluir do preços de outros bens, salários, rendas e até condições
climatéricas etc. Isso chama-se de contingências de mercado.

2.4. AS CURVAS DA PROCURA E DA OFERTA

2.4.1. LEI DA PROCURA

Determinantes da procura

Preço do bem - valor de troca de um determinado bem no mercado para o


consumidor..
Rendimento – volume de remunerações disponível para adquirir bens e serviços
Expectativas – Esperança na variação dos elementos que inflenciam o mercado
nomeadamente o preço e as quantidades a favor dos consumidores.
Gostos e preferências –Possibilidade de obter o que realmente queremos ou a
melhor alternativa.

Se o preço de um determinado bem aumentar, as quantidades procuradas desse


mesmo bem diminuirão e se o preço de um determinado bem diminuir, as quantidades
procuradas desse mesmo bem aumentarão se tudo o resto permanecer constante
(coeteris paribus).

Esta é a lei da procura decrescente e actua com base nas principais razões seguintes:

1a. evidência: Se o preço de um bem reduz, a procura de um bem aumenta porque


aumenta onúmero dos consumidores desse mesmo bem;

2a. evidência: Se o preço de um bem reduz, cada consumidor passa a ter maior
possibilidade de adquirir doses adicionais desse mesmo bem.

Isso pode ser ilustrado com base no segunte gráfico.

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Funções da Curva da Procura

a) A função da procura é unívoca, isto é, para cada valor do preço de um bem


corresponde apenas a um valor da quantidade de um bem;

b) A função da procura é decrescente porque quanto maior for o preço menor


serão as quantidades procuradas e vice versa;

c) A função da procura tem uma inclinação negativa por causa das princípios
teóricos da lei da procura decrescente.

Deslocação da Curva da Procura.

A curva da procura poderá deslocar-se se variarem os factores exógenos, como por


exemplo o nível de rendimento.

5
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q* q** q

2.4.2. LEI DA OFERTA

Determinantes da oferta

Preço do bem - valor de troca de um determinado bem no mercado para o


consumidor..
Custos dos insumos- valor da materia prima tanto na extração como nos
fornecedores.
Tecnologia – o modo como as pessoas e as empesas organizam os seus processos
de produção.
Expectativas - Esperança na variação dos elementos que inflenciam o mercado
nomeadamente o preço e as quantidades a favor dos produtores.

Os produtores e vendedores colocam os seus bens e produtos tendo como base os


preços que são practidos no mercado. Se os preços do mercado são bons (altos) os
produtores estão mais ineressados em colocar os seus bens no mercado pois
ganharão mais. Então irão colocar maiores quantidades se os preços forem altos.

Pelo contrário se os preços não forem atractivos (baixos) os produtores não estarão
interessados em colocar os seus bens no mercado pois têm a certeza de que este
procedimento só lhes trará prejuízos.

A lei da oferta diz que se tudo oresto permanecer constante à medida que o preço de
um bem aumentar no mercado, as quantidades oferecidas irão aumentar e vice-versa.

Isto é explicado pelas seguintes principais razões:

1a. evidência: Se o preço de um determinado bem aumenta, aumenta o número dos


produtores e de vendedores interessados em colocar esse mesmo produto no
mercado;

2a. evidência: Se o preço de um bem aumenta, cada produtor ou vendedor parará a


produzir e vender doses adicionais desse mesmo bem com intuíto de ganhar mais
nesse processo.

O gráfico abaixo pode ser ilustrativo desse fenómeno.

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Funções da Curva da Oferta

a) À semelhança da curva da procura a função da oferta é unívoca, isto é, para


cada valor do preço de um bem corresponde apenas a um valor da quantidade
de um bem a ser vendido;

b) A função da oferta é crescente porque quanto maior for o preço de um bem a


ser vendido maior serão as quantidades oferecidas e vice versa;

c) A função da procura tem uma inclinação positiva por causa das princípios
teóricos da lei da oferta crescente.

Deslocação da Curva da Oferta.

A curva da ofeta poderá deslocar-se se variarem os factores exógenos, como por


exemplo a tecnologia a ser utilizada no processo de produção como ilutra o gráfico
abaixo.

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Bom trabalho:
Msc. J.leonardo

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