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Cap 5, 6 e 7 d'O Capital (Equivalente ao cap 4 desse manual

https://www.marxists.org/portugues/ostrovitianov/1959/manual/04.htm#i4c4)

Processo de trabalho e de valorização - são 2 em 1!


Vejam, há um trabalho natural - relação de mediação com a natureza - que seja isento de
relações sociais!? Sim e não… (Pois de certo modo o pão de trigo tem sempre gosto de
pão de trigo, seja produzido por escravos, assalariados, ou cooperativados. Mas até o
gosto varia se o pão vem com ou sem sabão…)

Processo de tr

É processo de produzir coisas - fruto do trabalho presente - com coisas - fruto do trabalho passado.
Mas as coisas usadas pra produzir as coisas novas, pertencem (são adiantadas) pelo kista!
Mas quem transforma coisas em coisas é o trabalho...
E o trabalho também foi comprado pelo kista...!
E trabalhar corresponde ao uso da mercadoria comprada - força de tr.

O uso da força de trabalho é o próprio trabalho. E o consumo de trabalho é


um consumo produtivo e não destrutivo como o consumo individual. Porque do seu uso
resultam coisas, primas ou segundas.

Os momentos simples do processo de trabalho são a actividade conforme ao objectivo


(# do tr da abelha/aranha), ou o próprio trabalho, o seu objecto e o seu meio.

Se considerarmos todo o processo do ponto de vista do seu resultado, do produto, meio


de trabalho e objecto de trabalho aparecem como meios de produção e o próprio
trabalho como trabalho produtivo.

Que um valor de uso apareça como matéria-prima, meio de trabalho ou produto,


depende totalmente da sua função determinada no processo de trabalho, do lugar que
nele ocupa e com a mudança deste lugar mudam aquelas determinações.

Mas mesmo olhando pro processo material, de uso do tr na produção, já se vê que há


algo social na coisa material, que vai ser responsável pelo processo de valorização.
O que? O kista é dono de todos os objetos, bem como do tr como objeto (como é
dono do ar que fermenta a uva e faz o vinho…)

Processo de valorização

O capitalista quer produzir um valor de uso que tenha um valor de troca, um artigo
destinado à venda, uma mercadoria. E uma mercadoria cujo valor seja superior à
soma de valor das mercadorias requeridas para a sua produção, dos meios de
produção e da força de trabalho para os quais ele adiantou, no mercado de mercadorias,
o seu rico dinheiro.
Logo, há que considerar o processo de produção também como processo de
formação de valor. E aí o que se vê é que:

- O processo de tr pode ser fragmentado ou não, feito pelo mesmo conjunto de


trabalhadores ou diversos, numa fase única ou várias, tanto faz!

- O valor do produto final (ex, fio de algodão) é o valor do algodão bruto e do fuso
(socialmente necessário, daí ser relevante o fuso de ferro e não de ouro)

- É pois decisivamente importante que, ao longo da duração do processo, i. é,


da transformação do algodão em fio, apenas o tempo de tr socialmente
necessário seja consumido. Se, em condições normais — i. é, sociais médias —
de produção, a libras de algodão tiverem de ser transformadas, durante uma hora
de trabalho, em b libras de fio, então apenas vigora como dia de trabalho de 12
horas o dia de trabalho que transforma 12 x a libras de algodão em 12 xb libras de
fio. Apenas o tempo de trabalho socialmente necessário conta como formador de
valor.

Ex Marx. Para se fiar algodão, gastou-se:


6Kg algodão – R$ 10,00
Agulhas – R$ 2,00.
Total - R$ 12,00 (equivalem a 24 horas de tr, já que 6 horas no mercado valem R$3,00)

Pra fiar os 6kg de fio, se consome:


Total de MP - R$ 12,00
6 horas trabalho – R$ 3,00
Se o kista soma tudo, ele tem os R$12,00 dos MP + R$3,00 do custo da FT. E diz que
tira da produção o que colocou nela.

Mas o trabalhador tem um jornada de 12 horas… E em 12 horas ele fia 12 kg de


algodão… Onde estarão:
12 kg algodão – R$ 20,00
Agulhas – R$ 4,00
12 horas trabalho – R$ 6,00 (estão no fio, não no salário pago pela jornada de 1 dia)
Valor de 12 kg de fio – R$ 30,00 (equivalentes a 5 dias de trabalho)
Custos totais da produção - R$27,00
Mais-valia - R$3,00

“Satisfizeram-se todas as condições do problema e não


se violaram as leis que regem as trocas das mercadorias.
Trocou-se equivalente por equivalente” (MARX)

Moral é que um dia de tr (colocado em fio de algodão)


custa meio dia de trabalho!!!! O trabalhador não
trabalha 6 horas, o que equivaleria a fiar 10 libras de
algodão, mas trabalha o dobro!
Segredo está em que:
Uma coisa é o tempo de trabalho necessário pra produzir a mercadoria do
kista (ex do Marx, fio de algodão)
Outra coisa é o tempo necessário pra produzir a mercadoria do trabalhador
(os itens que entram no salário)
E a coisa que mais interessa é que o trabalhador não trabalhará apenas as
horas necessárias pra reproduzir o seu salário.

Fato é que o valor de troca da FT, pago sob a forma de salário, não tem
nada a ver com o uso da FT! Uma coisa é o valor dos meios de vida diariamente
precisos para a produção da força de trabalho (= meio dia de trabalho) outra coisa é o que
um trabalhador trabalhando o dia todo produz de fio!

O valor de uso específico da mercadoria FT é ser fonte de valor, e de mais


valor do que ela própria tem. Respeitam-se as leis de equivalência nas trocas e,
ainda assim, se produz um valor novo sem equivalente algum, ISSO É A MAIS
VALIA! Se o tr.dor parasse de trabalhar no meio do dia, babau mais valia!

Capital constante e capital variável

O que apenas transfere seu valor à coisa → meios de produção ou K constante


O que cria valor, acresce valor à coisa → tr ou K variável

A transferência de valor do K constante, pode se dar de uma vez - matéria prima que
desaparece na coisa final - ou aos poucos - meios de produção que se vão desgastando
com o uso, e quando desaparecem (ou mesmo antes) são recompostos - máquinas e
equipamentos.

A parte do capital (D - M (mp)) que se converte em meios de produção, i. é, em


matéria-prima, matérias auxiliares e meios de trabalho, não modifica a sua magnitude de
valor no processo de produção. Chamo-lhe, por isso, parte constante do capital, ou mais
resumidamente: capital constante.

A parte do capital convertida em força de trabalho (D - M (FT)) que modifica o seu valor no
processo de produção, reproduz o seu próprio equivalente e um excesso acima disso -
mais-valia, que pode ela própria mudar, ser maior ou menor - (..) chamo-lhe, parte variável
do capital, ou mais resumidamente: capital variável.

Atenção que o K constante pode perfeitamente mudar de valor, basta que as condições
de sua produção (ou seja, onde ele é produto final) se alterem. É quando ele entra na
produção de outra coisa que ele mantém seu valor.
Tx de mais valia - ou o grau de exploração da força de trabalho

C (total de D adiantado em C) = c ( capital constante) + v (capital variável)


ex → 500 = 410 + 90

Mas se a FT trabalha o dobro do tempo necessário para produzir o seu preço de venda,
então há um m = 90. E haverá um D' = c + v + m = 590.

Pode existir mais valia (m) mesmo que c seja 0 (e o trabalhador só use a
natureza como meio de produção), mas ao contrário não pode existir m
sem nenhum v.

Tx de mais-valia é m / v → no ex, 90 / 90 = 100%, e significa nesse caso que o


trabalhador trabalhou igual período para si e para o kista, a quem m sorri com todo o
encanto de uma criação a partir do nada

A mais-valia, m / v é também → trabalho excedente / trabalho necessário.

É necessário computar os gastos com c apenas para calcular o total de m . Ou seja, é


importante saber qual o valor que EXCEDE o valor original investido (Marx fala em C e C',
onde C = c + v; e C'= c + v + m). No ex numérico C'= 590 e C=500, então o total
adicionado na produção =90.

Daí, se soubermos que v=90 então a tx de mais valia (m/v) = 100%; mas a tx de lucro →
m/c+v é = 18%

Marx faz também um exercício de transformar c em 0, para deixar evidente que ainda
assim haveria mais valia (e C', portanto).

Manifestação do valor-produto em partes proporcionais do produto

A divisão em partes de m, c e v, também aparece no produto - valor do fio (30 sh) = c (24
sh) + v (3 sh ) + m (3 sh).

Para se gerar sempre de de novo mais mais-valor (D-D') para o kista que organiza a
produção, há que se trabalhar para recomprar c e v, e subtrair ainda um sobretrabalho,
para recriar m.

Isso significa que podemos ver a mais-valia numa pequena parte do preço de cada
produto final (ex, cada libra de fio), ou na parcela do produto total que exceda o valor que
repõe as condições de produção.

Mais-valia absoluta e relativa

A extração da mais-valia absoluta → crescimento da taxa de mais-valia se dá via


aumento do valor total produzido por cada trabalhador sem alteração do montante de
trabalho necessário.
Isso ocorre via ampliação (intensiva ou extensiva) da jornada de trabalho limitada pela
resistência organizada da classe operária e limitada pela natureza (trabalhadores morrem
se trabalharem o dia todo e com salários abaixo da subsistência).

É em função disso que se explica, por exemplo, a aliança, na Inglaterra, em 1847, entre
organizações da classe operária, capitalistas filantrópicos e os interesses do grande
capital (em oposição ao pequeno capital) na luta pela legalização da jornada de dez horas
de trabalho (O Capital, livro primeiro, cap.X).

A extração da mais-valia relativa → exige a redução do tempo de trabalho


necessário à produção de mercadorias que entram na composição do valor
da FT para que se reduza na produção de cada mercadoria o
correspondente a v.

O que garante que isso ocorra? A mudança técnica → que reduz o tempo de trabalho
socialmente necessário à produção dos bens-salário. E também de outros! Quando reduz
a quantidade de tr pago e não pago!

A extração da mais-valia relativa resulta da partilha, entre todos os Ks, dos benefícios dos
aumentos de produtividade em algum setor que produz bens de consumo dos
trabalhadores.

Essa partilha se dá na CIRCULAÇÃO e via concorrência onde os lucros extras de um


capitalista inovador são perdidos gradualmente à medida que o valor do produto cai
quando as novas técnicas são adotadas pelos concorrentes.

Mv relativa, modo 1 - Se a inovação se dá em uma indústria produtora de bens-salário, o


benefício será partilhado por todos os capitais na forma de uma redução do valor da força
de trabalho.
E modo 2 - Se a inovação se dá na produção de meios de produção que eventualmente
alimentam a produção de bens de consumo dos trabalhadores, o efeito será igualmente
sentido já que o valor dos bens-salário será igualmente reduzido.

E … - Se, no entanto, a inovação se dá em uma indústria que produz apenas para o


consumo da classe capitalista, ou em um ramo industrial que produz meios de produção
utilizados apenas neste setor, o resultado final será a inalterabilidade da taxa de
mais-valia e uma simples redução no preço de alguns bens de luxo.

"A máquina produz mais-valia relativa não só ao desvalorizar directamente a força de


trabalho e ao barateá-la indirectamente barateando as mercadorias que entram na sua
reprodução, mas também, no período das suas primeiras aplicações esporádicas, ao
transformar o trabalho empregado pelo dono das máquinas em trabalho
potenciado, cujo produto, dotado dum valor social superior ao seu valor individual,
permite ao capitalista assim substituir o valor diário da força de trabalho com uma parcela
menor de valor do produto diário." Não interessando pois o setor...E aí Marx?!!!!

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