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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE DIREITO
INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO
2023.2

SEMINÁRIOS JURÍDICOS:

1. APRESENTAÇÃO
2. COMO FAZER UMA PESQUISA JURÍDICA
3. TEMAS E GRUPOS
4. AVALIAÇÃO
5. DATA DAS APRESENTAÇÕES

1. APRESENTAÇÃO:

Os Seminários Jurídicos de IDPP propõem a realização de um estudo


dogmático do direito e tem por objetivo proporcionar ao estudante o contato com o
ordenamento jurídico a partir do estudo de um caso judicial concreto.

Como vimos na primeira etapa do curso, na Modernidade, o Estado de


Direito invoca para si o poder de estabelecer as soluções para os conflitos sociais
relativos a bens jurídicos relevantes para vida em sociedade. O processo judicial é a
principal via institucional de solução dos conflitos.
A dogmática jurídica pode ser entendida como um tipo de metodologia
específica da racionalidade jurídica aplicada, especialmente, na produção das
decisões judiciais.
O ordenamento jurídico positivo, considerado idealmente como um sistema
fechado e completo de normas (positivismo jurídico), oferece respostas aos conflitos
submetidos à apreciação do Judiciário através de diferentes técnicas de
interpretação das normas e de outros procedimentos, formais e informais, que
atuam na construção da solução.

A norma estatal é o principal objeto e a decidibilidade dos conflitos é o


problema central da dogmática jurídica. Para todo caso apresentado em juízo,
mesmo os mais difíceis, deverá haver uma resposta (decisão) do Poder
Judiciário, cuja função típica no âmbito do Estado é a de julgar. E para tanto, suas
principais ferramentas são: as leis, a jurisprudência e a doutrina.
Tércio Sampaio Ferraz Junior (2015) afirma que a ciência dogmática do
direito encara o seu objeto (que é o direito posto pelo Estado) como um conjunto
compacto de normas, instituições e decisões que lhe compete sistematizar,
interpretar e direcionar, tendo em vista uma tarefa prática de solução de possíveis
conflitos que ocorram socialmente.
O estudo dogmático do direito modela a análise jurídica e dispõe da
legislação, da doutrina e da jurisprudência para construção de seus argumentos
(fundamentos).

Portanto, o que se busca com os Seminários é que os alunos possam


“praticar” a construção da análise jurídica que fundamenta decisões sobre
problemas concretos da vida dos sujeitos.

A decisão judicial assume a forma jurídica de uma sentença, que pode ser
exarada por um juiz singular (1ª instância) ou por um colegiado de juízes dos
tribunais superiores (2ª instância). As decisões em 2ª instância são denominadas
acórdãos.

Todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas e expressamente


indicar os dispositivos legais com base nos quais o juiz resolveu as questões que as
partes lhe submeteram, de acordo com artigos 489 e 490 do CPC.

As partes envolvidas no processo judicial não se expressam de forma


autônoma e direta com o juiz, pois são mediadas pelos advogados que operam o
direito e dominam a linguagem e a técnica jurídica, sendo estes últimos os únicos
autorizados à postular em juízo, salvo exceções estabelecidas em lei que garantem o
acesso direto à justiça pelo cidadão comum, como é o caso dos processos que
tramitam na primeira instancia de Juizados Especiais do Consumidor e não
ultrapassam o valor de 40 salários mínimos.

Atualmente, diante do alto grau de litigância existente no Brasil, o


ordenamento jurídico tem estimulado a construção de consensos entre as partes
envolvidas nos conflitos, por exemplo através da mediação e conciliação, sendo a
autocomposição considerada a melhor forma de solução para o caso.

A proposta dos Seminários Jurídicos é a prática da dogmática jurídica


enquanto metodologia para análise de um conflito judicial. Com isso, os alunos irão
focar no estudo de um determinado ramo do direito e conhecer a normatividade
estatal a partir de um tema jurídico específico. Por exemplo, terceirização nas
relações trabalhistas (direito do trabalho), injúria racial (direito penal),
responsabilidade civil (direito civil), cobrança duplicada de passagens aéreas
(direito do consumidor), etc.

Cada grupo irá realizar uma análise jurídica de determinado conflito, com
base em pesquisa da legislação, jurisprudência e doutrina referente ao tema, a fim
de construir coletivamente a melhor solução para o caso.

O grupo ainda deverá realizar uma entrevista com algum profissional da


área do direito sobre o caso concreto, tendo em vista pôr em diálogo o tema dos
Seminários e a vivência cotidiana da profissão.

2. COMO FAZER A ANÁLISE JURÍDICA:

Categorias de pesquisa: Legislação, Doutrina e Jurisprudência.

a. Para legislação:

• Pesquisar a legislação que regula o caso concreto, incluindo normas de todos


os níveis da federação (federal, estadual e municipal), bem como do direito
internacional, se for aplicável ao caso.
• Observar a hierarquia normativa: CF/88, Leis Complementares, Leis
Ordinárias; atos normativos do Executivo (Decretos, Resoluções, Portarias,
Instruções Normativas, Normas Reguladoras, etc.); atos normativos das
instituições (regimentos internos, resoluções, portarias etc.); atos
normativos dos indivíduos (contratos).

• Todos os casos tem um enquadramento jurídico principal que deve abranger


necessariamente o estudo das normas constitucionais relativas ao tema.

b. Para doutrina:

• Pesquisar textos de autores especialistas da área do direito sobre o tema –


direito do trabalho, penal, consumidor, direitos fundamentais, etc.

• Citar as fontes e referências teóricas (muito importante!!).

• O estudo da doutrina contribui para uma visão sistemática de um certo ramo


do direito, abordando todos os tipos de normas, principalmente as
principiológicas, que dão o direcionamento na interpretação de todo o
conjunto normativo.

• Assim, todos os grupos devem citar obrigatoriamente os princípios jurídicos


pertinentes ao ramo do direito estudado e as possíveis interpretações
aplicadas ao caso concreto.

c. Para jurisprudência:

• Pesquisar decisões dos tribunais sobre casos similares. Acessar o site e o


campo “Jurisprudência”, buscando por palavras-chaves.

• Fazer a leitura das decisões (sentenças ou acórdãos), na qual estão expostos


os fundamentos.
3. TEMAS E GRUPOS:
Caso 1
Tema: Acesso à medicamento pelo SUS
Enquadramento jurídico: Constitucional Administrativo (Direitos Fundamentais e
Políticas Públicas)
Bibliografia:
SARLET, Ingo Wolfgang. Curso de Direito Constitucional. 7ª edição. São Pualo:
Saraiva Educação, 2018.
Mariana Siqueira de Carvalho. A SAÚDE COMO DIREITO SOCIAL FUNDAMENTAL NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. Disponível em:
file:///C:/Users/camila.magalhaes/Downloads/81181-Texto%20do%20artigo-
112531-1-10-20140606.pdf
Ver também: https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-
em-temas/direito-constitucional/a-inviolabilidade-do-direito-a-saude-e-a-vida-
responsabilidade-do-estado-em-prestar-assistencia-integral

Processo judicial:

• Jurisdição: Justiça Federal/Seção Judiciária do Piauí


• Juízo: 5ª Vara Federal
• Nº do processo: 2010.40.00.002014-2

Grupo: Felipe Brandão, João Vitor da Cruz, João Victor Lacerda, Tainá Almeida, Ana
Beatriz e Natália Roberta.

Caso 2
Tema: Tentativa de feminicídio
Enquadramento jurídico - Direito Penal
Bibliografia:
Cezar Bitencourt – Tratado de Direito Penal ou Nelson Hungria – Comentários ao
Código Penal
BANDEIRA, Lourdes Maria; ALMEIDA, Tânia Mara Campos de. Vinte anos da
Convenção de Belém do Pará e a Lei Maria da Penha. Estudos Feministas, v. 23, n. 2,
2015.
BARSTED, Leila Linhares. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a violência contra a Mulher: Convenção de Belém do Pará 1994. Em:
FROSSARD, H. Instrumentos internacionais de direitos das mulheres. Brasília:
Secretaria Especial de Políticas para Mulheres. p. 139-146. 2006.
CAMPOS, Carmem Hein de. Feminicídio no Brasil: Uma análise crítico-feminista.
Sistema Penal & Violência, 7(1), 103-115, 2015.

Ver também: https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-


penha.html
Processo Judicial:
• Jurisdição: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
• Juízo: Terceira Câmara Criminal
• Nº do processo: 0019335-73.2018.8.19.0000
Grupo: Fernanda dos Santos, Emili Tereza, Isabela Dias, Andreise Santana, Tauany
Santos, Raquel Araújo, Luiza Bonifácio.

Caso 3
Tema: Cobrança indevida/duplicada.
Enquadramento jurídico: Direito do Consumidor
Bibliografia:
• Claudia Lima Marques – Manual de Direito do Consumidor
• Sérgio Cavalieri – Programa de Direito do Consumidor
Processo Judicial:
• Jurisdição: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
• Juízo: 25ª Câmara Cível
• Nº do processo: 0289911-75.2016.8.19.0001
Grupo: Joao Pagliani, Felipe Linhares, Gabriel Azevedo, Rodrigo Moura, João
Carvalho, Davi Magalhães, Gustavo Sarkis.

Caso 4:
Tema: Assédio Moral e Discriminação nas Relações de Trabalho
Enquadramento jurídico: Direito do Trabalho
Bibliografia:
• Maurício Godinho Delgado – Manual de Direito do Trabalho
• Rodolfo Pamplona Filho – Assédio Moral nas Relações de Emprego: noções
conceituais. Disponível em:
http://www.editoramagister.com/doutrina_23570394_ASSEDIO_MORAL_N
A_RELACAO_DE_EMPREGO_NOCOES_CONCEITUAIS.aspx
OU
• Fernanda de Carvalho Soares e Bento Herculano Duarte – O assédio moral no
ordenamento jurídico brasileiro. Disponível em:
http://www.editoraforum.com.br/wp-content/uploads/2014/06/O-
assedio-moral-no-ordenamento-juridico-brasileiro.pdf
Processo judicial:
• Jurisdição: Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região
• Juízo: 4ª Vara do Trabalho de Salvador
• Nº do Processo: 0000390-31.2019.5.05.0004
Grupo: Yasmin Maria, Ana Maria, Max Rocha, Girlene, Raille, Kisia, Luan e Yuri

Caso 5
Tema: Ação de cobrança entre empresas – contrato.
Enquadramento jurídico: Direito empresarial
Bibliografia:
Paula Forgioni. Contratos empresariais. 7ª edição. Editora Revista dos Tribunais.
Comentários ao Código Civil: Parte Geral (negócio jurídico) e Contratos.
Processo Judicial:
• Jurisdição: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
• Juízo: 36ª Câmara de Direito Privado; 21ª Vara Cível da Comarca de São
Paulo.
• Nº do processo: 1035473-13.2022.8.26.0114
Grupo: Amanda Alves, Bianca Ota, Enzo Puglia, João Pedro Souza, Juan Navarro,
Lucca Pereira e Bruna Torres

4. AVALIAÇÃO
Os Seminários Jurídicos têm valor 10,0 (dez), distribuídos entre quatro
itens de avaliação:

1. Apresentação oral (4,0)


1.1. Construção coletiva do conteúdo apresentado (1,0)
1.2. Estrutura e organização da apresentação (0,5)
1.3. Análise jurídica (2,5)
2. Relatório (parte escrita – 2,5)
3. Entrevista (2,5)
4. Participação (1,0)

5. DATA DAS APRESENTAÇÕES:

Caso 1: 29/11
Casos 2 e 3: 01/12
Casos 4 e 5: 06/12

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