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AULA 03 

TEORIA DA PRODUÇÃO 
 A Teoria da Firma dedica-se a analisar, explicar e prever as decisões das empresas,
especialmente em relação ao produto/produção final, seu preço, grau de
utilização de fatores de produção e mudanças nessas variáveis. 
 
Fatores de Produção 
 Durante o processo produtivo, as empresas utilizam trabalho, matérias-primas e
máquinas (capital). Esses itens utilizados para elaborar um produto são chamados
de fatores de produção. 
 os fatores de produção também são chamados de insumos – é a mesma coisa. 
 
 

 
 
 O Capital, em especial, é bastante amplo: inclui tudo aquilo que é usado na
produção sem ser transformado no processo, como máquinas, equipamentos,
prédios, ferramentas etc. Outra característica do capital é que ele mesmo é um
produto, ou seja, passou por um processo de produção. 
 
DESAMBIGUAÇÃO: CAPITAL FÍSICO X CAPITAL FINANCEIRO 
 O termo capital costuma ser empregado, na Teoria da Firma, para se referir
ao capital físico, ou seja, máquinas e/ou equipamentos. O capital financeiro –
aquele dinheiro utilizado para fazer a empresa funcionar – é apenas um tipo
específico de capital. Assim, sempre que falarmos em capital, estaremos nos
referindo ao capital físico, que também podem ser chamados de bens de capital,
e são insumos/fatores de produção. Exceto se for especificado diferente. 
 
Fatores de produção 
 Os fatores de produção são remunerados por seu uso, e cada remuneração
recebe um nome específico. No caso do trabalho, por exemplo, chamamos sua
remuneração de salário. Veja a correspondência entre os fatores de produção e
suas respectivas remunerações a seguir: 
 
 
 Obs.: Os juros são a remuneração do capital financeiro, e são pré-determinados,
independem do desempenho do empreendimento. Já os lucros são variáveis,
pois dependem do desempenho da empresa. Basicamente, o capital dos sócios
de uma empresa é remunerado por lucros, enquanto o capital que eles captam,
por exemplo, de bancos, é remunerado por juros. 
 
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO 
 As empresas também têm algumas restrições. Uma delas é o fato de que há
apenas algumas formas viáveis de combinar os insumos na produção. Em outras
palavras, há restrições tecnológicas. Note que tecnologia não é apenas um
supercomputador ou um dispositivo high tech. 
 tecnologia é o estado atual do conhecimento de como combinar os insumos para
obter produtos (e nosso conhecimento do que pode ser produzido). 
 
Funções de Produção 
 Uma função é uma relação entre entradas e saídas. No nosso caso, entram
insumos e saem produtos. Portanto, a função de produção relaciona as
quantidades utilizadas dos insumos (x1, x2, x3, ... xN) com a quantidade máxima
de produto resultante dessa utilização (q). 
 q = f(x1, x2, x3, ... xN) 
 Ao representarmos por K e L, respectivamente, podemos dizer que uma função de
produção é 
 q = f (K,L) 
 quantidade produzida (q) é função (f) do capital (K) e do trabalho (L)
empregados. 
 Como é a própria definição de função, cada combinação entre os insumos só
pode levar a uma determinada quantidade produzida. Em outras palavras, não é
possível obter quantidade diferentes se estiver usando uma quantidade de capital
e de capital determinada. Por outro lado, é possível que diferentes combinações
levem ao mesmo nível de produção. 
 q = f (K,L) = K.L  -> a quantidade produzida (q) é função da quantidade de capital
(K) e trabalho (L), e é igual à quantidade de capital multiplicada pela quantidade
de trabalho. 
 Portanto, podemos escrever simplesmente assim: q=K.L. Afinal, fica evidente que a
quantidade produzida depende (é função) da quantidade de insumos. E ela faz
sentido, porque indica que quanto mais trabalho e capital nós usarmos, mais
iremos produzis. 
 Alguns exemplos de funções: 
 q = K + L 
  q = 5K . 2L 
  q = k^2+ 2L^3 
 q = √K . 2L 
 
 
 
CURTO PRAZO E LONGO PRAZO 
 Curto prazo: período no qual pelo menos um dos fatores não pode ter sua
quantidade alterada. 
 Longo prazo: tempo necessário para que todos os insumos possam ter suas
quantidades alteradas. 
 no curto prazo, a quantidade de um dos insumos permanece inalterada. Esse
insumo recebe o nome de insumo fixo, enquanto a quantidade do outro pode
variar conforme a vontade da empresa. 
 
Curto prazo: produção com apenas um fator variável 
  
 
Produto total, médio e marginal 
 Ao adicionarmos o segundo trabalhador, é razoável imaginar que a produção
aumente em maior proporção. Isso decorre especialização. Na prática, isso
significa que os dois trabalhadores poderão operar as máquinas com maior
eficiência. 
 Produto total = quantidade total de produto obtida na produção. 
 O produto médio por unidade do fator trabalho, ou seja, o produto total dividido
pela quantidade do fator trabalho. Também costuma ser chamado
de produtividade média.  
 O produto marginal, ou produtividade marginal, é a quantidade de produto
adicional que se obtém ao acrescentar uma unidade de trabalho à produção. 
 

 
PMgL 
 Obs.: Inicialmente, a especialização faz o produto marginal aumentar. 
 chega uma determinada quantidade de trabalho que passa a adicionar menos
produto. Em nossa hipótese, isso pode ser causado pelo excesso de gente na
produção. 
 
Curvas de produção 
 a curva do produto marginal:   
 
 
 curva de produto total, que sofre diretamente os efeitos do produto marginal: 
 

 
 O produto total cresce em ritmo cada vez mais acelerado até o acréscimo da 3a
unidade de trabalho. Depois dela o ritmo de crescimento diminui, mas ainda
cresce. A partir da 8a unidade de trabalho, o produto total começa a diminuir! É
claro que não é coincidência, pois esses são exatamente os pontos onde o PMGL
decresce e fica negativo, respectivamente. 
 
curva de produto médio: 
 
 
 o comportamento das curvas obedece à Lei dos rendimentos marginais
decrescentes. 
 Ela determina os momentos em que as curvas crescem e decrescem. 
 Lei dos rendimentos marginais decrescentes: Determina que, quando
aumentamos a quantidade do fator de produção variável, mantendo o outro
fator fixo, a produtividade marginal do fator variável diminui a partir de
determinado ponto. 
 
 Obs.: Em regra, sempre que for observada a lei dos rendimentos marginais
decrescentes, teremos o seguinte: 
 
 
 
Resultados IMPORTANTES: 
 A – Quando a curva de produto marginal passa de seu ponto máximo o produto
total passa a crescer mais lentamente.  
 A.1 Portanto, a inclinação da curva de produto total diminui nesse ponto, e a
produção desacelera, mas continua crescendo. 
 B – Quando a curva de produto marginal cruza a curva de produto médio, esta
passa a decrescer. 
 B.1 Por isso, quando o PMg fica menor do que o PMe, os dois são decrescentes. 
 C – Quando o produto marginal se torna negativo, o produto total começa
a diminuir.  
 C. 1 Então, quando o produto marginal é zero, o produto total está em seu nível
máximo.  
 C. 2 Além disso, enquanto o produto marginal for positivo, o produto total estará
crescendo. 
 

 
 
 
 
Função de produção e produtividade marginal 
 A produtividade marginal do fator variável (trabalho) é a derivada parcial da
função de produção em relação ao trabalho. 
 função de produção q = L^3.K -> produto marginal do trabalho -> q = 3L^2K. 
 
 
Maximização da produção 
 o produto total é máximo quando o produto marginal é zero 
 
 
 
 E também sabemos que a função de produto marginal é a derivada da função de
produto total. 
 
 
Longo prazo 
 produção com mais de um fator variável 
 é possível alterar tanto a quantidade de capital (K) quanto a quantidade de
trabalho (L). 
 
Isoquantas 
 quais combinações entre as quantidades dos dois insumos resulta na mesma
quantidade de produto. 
 Isos é uma palavra grega que significa igualdade, ou algo muito próximo disso. Por
isso, o prefixo isso é utilizado para transmitir essa ideia de padronização.
Isoquanta, então, pode ser traduzido como “mesma quantidade”. 
 que cada uma demonstra as várias combinações entre capital e trabalho que
resultam na quantidade de produto indicada em sua curva. 
 As isoquantas são curvas que mostram todas as combinações entre os fatores de
produção que geram a mesma quantidade de produção. 
 
 
 O conjunto das curvas forma um mapa de isoquantas, e serve para analisar a
decisão que a empresa fará em relação à alocação de capital e trabalho
dependendo da produção desejada. 
 
Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMST) 
 A taxa marginal de substituição técnica (TMST) mostra quanto de um insumo
podemos diminuir quando tivermos uma unidade adicional do outro insumo, de
forma que a quantidade produzida seja mantida. 
 TMST = variação do insumo vertical / variação do insumo horizontal = △L / △K
(para nível constante de q). 
 uma variação muito pequena entre os dois insumos e, portanto, a inclinação será a
reta tangente. 
 
 
 As isoquantas são, normalmente, decrescentes e convexas, de forma que
a inclinação diminui conforme avançamos da esquerda para a direta. 
 Quanto mais inclinada (vertical) é a curva, maior é a TMST. 
 ela é igual à relação entre a produtividade marginal dos fatores de produção. 
 

 
 
Duas isoquantas especiais 
 INSUMOS SUBSTITUTOS PERFEITOS: Quando capital e trabalho são substitutos
perfeitos, sua TMST é constante, o que caracteriza suas isoquantas retas. 
 os insumos são substitutos perfeitos na produção. 
 Obs.: Não é preciso que a TMST seja de 1 por 1, ou seja, basta que a proporção de
substituição sempre seja a mesma. Por exemplo, se ao abrir mão de 4 unidades de
trabalho e obter 3 unidades de capital a produção for mantida na mesma
quantidade, estaremos diante de substitutos perfeitos. 
 

 
 
 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO DE PROPORÇÕES FIXAS : O formato em L aparece
quando os insumos precisam ser combinados em proporções fixas. 
 não há possibilidade de substituição entre os fatores de produção, já que eles
são perfeitamente complementares. Além disso, uma função de produção
associada a essas isoquantas em L é chamada de função de produção
com proporções fixas ou função do tipo Leontief. A função do tipo Leontief
(função “min”) 
 

 
 
A função do tipo Leontief (função “min”) 
 q=min(K,L) 
 a quantidade produzida será igual à quantidade do insumo menos utilizado. 
 se a função for "q = min (K, L)", e a quantidade de capital (K) for 3 e a quantidade
de trabalho (L) for 5, teremos: q = min (3, 5) q = 3 porque “3” é menor do que “5” 
 Isso significa que os insumos são complementares perfeitos, você precisa sempre
de terminada combinação deles (nesse caso, um de cada) para produzir. Não
adianta nada aumentar capital se não aumentar trabalho, e vice- versa. Em
alguns casos, pode haver parâmetros multiplicando ou dividindo cada insumo,
indicando que a proporção de insumos que deve ser utilizada é diferente de “um
para um”. Veja esta função: q=min(K,4L) Ela indica que devem ser utilizadas 4
unidades de capital para cada unidade de trabalho (é invertido mesmo, porque
estamos multiplicando). 
 no segmento horizontal desse tipo de isoquanta, da forma como posicionamos os
fatores de produção, o PMgK é zero, o que reforça que aumentar o capital não
aumentará em nada a produção; enquanto no segmento vertical é o PMgL que é
igual a zero e, portanto, aumentos de trabalho também não farão efeito no
produto. 
 
Rendimentos de Escala 
 No longo prazo, a empresa consegue aumentar sua escala, que nada mais é do
que aumentar todos os insumos ao mesmo tempo, na mesma proporção. 
 três classificações possíveis: 
 Rendimentos crescentes de escala: A produção mais do que dobra. Esse
comportamento é compatível com a especialização, que permite à empresa, por
exemplo, implementar linhas de montagem especializadas quando aumenta sua
escala.  
 Rendimentos constantes de escala: A produção também dobra. 
 Rendimentos decrescentes de escala: A produção menos do que dobra. Ao
contrário da especialização, empresas muito grandes têm maiores dificuldade de
administrar seus recursos, tendo de alocar cada vez mais capital e trabalho em
atividades de gestão que não acrescentam, necessariamente, mais produção. 
 Os rendimentos de escala podem variar dependendo do nível de produção.
Explico: normalmente, em níveis de produção mais baixos, a empresa pode ter
rendimentos crescentes de escala, enquanto em níveis mais altos, ela pode se
deparar com rendimentos decrescentes de escala. É possível saber, através de
análise gráfica das isoquantas, qual o tipo de rendimento de escala que aquela
empresa está apresentando. 
 
 
 Aqui, temos rendimentos constantes de escala. Quando dobramos capital e
trabalho, dobramos também o produto. O espaço entre as isoquantas é igual:  

 
 Esse gráfico, por outro lado, apresenta rendimentos crescentes de escala.
Quando dobramos capital e trabalho, o produto triplica. As isoquantas vão
ficando cada vez mais próximas. 
 
 

 
 
 
Grau das Funções de Produção 
 Para descobrir o grau de funções do tipo Cobb Douglas, que são as que aparecem
com maior frequência, basta somar os expoentes das variáveis, que geralmente
serão K (capital) e L (trabalho). 
 
 
 Outro termo que pode aparecer é “função homogênea”. Uma função é
homogênea se quando seus fatores sofrem uma transformação, o resultado
sofre uma transformação proporcional. 
 Perceba que ao multiplicar os fatores por 4, obtivemos um valor 16 vezes maior.
16 é proporcional a 4. Por final, é equivalente a 42 . É isso que quer dizer quando
dizemos que a função “Q=K.L” é homogênea de grau 2: uma transformação levará
a um resultado equivalente ao valor utilizado ao quadrado. 
 Funções do tipo q=min(K,L) são sempre homogêneas de grau 1. 
 
 

 
 
 a soma dos expoentes em uma função do tipo Cobb-Douglas for inferior a 1,
dobrar os fatores levará a uma produção menos de duas vezes maior.  
 a soma dos expoentes em uma função do tipo Cobb-Douglas for igual a 1, dobrar
os fatores levará ao dobro da produção. 
 a soma dos expoentes em uma função do tipo Cobb-Douglas for superior a 1,
dobrar os fatores levará a uma produção mais de duas vezes maior. 
 
 
Teorema de Euler 
 O teorema nos diz que se uma função de produção Q=f(K,L) é homogênea de grau
“H”, 
 Ou seja, para uma função homogênea de grau H, o somatório dos valores da
multiplicação dos fatores de produção por suas respectivas produtividades
marginais (K.PmgK + L.PmgL) é igual ao valor da produção (Q) multiplicada pelo
seu grau de homogeneidade “H” (H.Q). Observe que, se uma função tiver grau de
homogeneidade igual a 1, então, o teorema pode ser reescrito da seguinte
maneira: o somatório dos valores da multiplicação dos fatores de produção por
suas respectivas produtividades marginais (K.PmgK + L.PmgL) é igual ao valor da
produção (Q). 
 
Elasticidade de Substituição 
 A elasticidade de substituição mede a sensibilidade com que com que a taxa
marginal de substituição técnica de capital por trabalho varia quando
nos movemos ao longo de uma isoquanta. 
 medida numérica que pode nos ajudar a descrever a oportunidade de
substituição entre os fatores de produção da firma. O movimento ao longo da
isoquanta é dado pelas mudanças na relação capital-trabalho (K/L). 
 Algebricamente, a elasticidade de substituição, em geral representada por σ
(letra grega “sigma”), mede a variação percentual na relação capital-trabalho
para cada variação de um ponto percentual na TMST, conforme nos movemos ao
longo de uma isoquanta. 
 

 
 
 A elasticidade de substituição pode variar de “zero” a “infinito”. Nós podemos
inferir algumas conclusões a partir do valor de σ.  
 Se σ = 0, por exemplo, nós sabemos que não há qualquer oportunidade de
substituição entre os fatores de produção da empresa, e isto ocorre quando eles
são complementares perfeitos e a função de produção de Leontief (a isoquanta é
um “L”).  
 Se σ = ∞, saberemos que as oportunidades de substituição entre os fatores de
produção são infinitas, ou seja, a possibilidade de substituição é total. Neste
caso, os fatores são substitutos perfeitos e a função de produção é linear (a
isoquanta é uma reta). 
 Em relação à elasticidade de substituição, há ainda um caso especial que merece
ser comentado. É o caso das funções de produção do tipo Cobb-Douglas
(Q=A.Ka .Lb ). Esse tipo de tecnologia de produção apresenta elasticidade de
substituição constante e igual a uma unidade (σ=1). 
 
 
 

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