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O COMPORTAMENTO DO PRODUTOR

• A empresa tem como função básica transformar os fatores de produção a fim de convertê-
los em bens e serviços aptos ao consumo e ao investimento.

• Parte-se do pressuposto de que o objetivo do produtor é a maximização do lucro.

A Função de Produção: Curto e Longo Prazo

• O curto prazo é o período ao longo do qual as empresas conseguem ajustar a produção


mudando os fatores variáveis, tais como o trabalho e matérias-primas. No curto prazo, os
fatores fixos, como as instalações e os equipamentos, não podem ser plenamente
ajustados.

• Se o produto que determinada empresa lança no mercado experimentar uma demanda


crescente, a empresa desejará expandir a produção. De imediato, ela pode fazer a mão-de-
obra existente cumprir horas extras, além de contratar mais empregados.

• No longo prazo, se a pressão na demanda continuar, os gerentes da empresa cogitarão a


idéia de ampliar as instalações ou mesmo construir uma nova fábrica.

• Portanto, no longo prazo as empresas têm a possibilidade de alterar a quantidade de


todos os fatores empregados na produção, inclusive o capital.

Lei dos Rendimentos Decrescentes

• A lei dos rendimentos decrescentes estabelece que, se na produção há pelo menos um


fator fixo e vamos acrescentando a ele unidades sucessivas do fator variável, chegará um
momento a partir do qual incrementos na produção serão cada vez menores.

• Custos de Produção: curto e longo prazo

• O custo é determinado pelo valor dos fatores que a empresa utiliza para produzir o bem.

• Para cumprir o objetivo de maximização do lucro, a empresa deve procurar minimizar


seus custos, dado que Lucro = Receita total – Custo total.

• O conceito de custos econômicos vai um pouco além dos custos contábeis.

• Nas ciências contábeis, o custo corresponde ao gasto monetário no qual se incorre pela
utilização dos fatores de produção.

• Em economia, o conceito de custo relevante é o custo de oportunidade, que inclui além de


custos explícitos ou contábeis, os custos implícitos, isto é, os custos dos fatores que não
exigem desembolso em dinheiro.
• Lucro Contábil x Lucro Econômico

• Exemplo: estudo de caso

• Pensemos em um pequeno fabricante de sorvete que desembolsa por mês, R$ 10.000.


Como ele utiliza imóvel de sua propriedade, não tem despesas com aluguel; contudo,
outras empresas pagam R$ 5.000 mensais por imóveis similares. Da mesma maneira, o
pequeno empresário trabalha para a sua própria empresa, mas sabe que, caso se
empregasse como eletricista, sua profissão original, ganharia R$ 2.000 por mês.

• Para calcular os custos totais nos quais a empresa incorre, comecemos pelos custos
explícitos – a matéria-prima e o salário pagos mensalmente, que somam R$ 10.000. São
estes, portanto, os custos contábeis:

• Custos contábeis = custos explícitos = R$ 10.000

• Não estão incluídos aí, porém, todos os custos em que a empresa incorre. Ela não paga
pelo uso do imóvel, mas está renunciando aos R$ 5.000 que poderia obter caso o
alugasse, o que supõe um custo de oportunidade. Além disso, o empresário está
renunciando a R$ 2.000 por mês ao trabalhar em sua própria empresa em vez de trabalhar
como eletricista. Portanto, os custos implícitos em que a empresa incorre mensalmente
por se dedicar à fabricação de sorvetes são os seguintes:

• Custos implícitos = R$ 5.000 + R$ 2.000 = R$ 7.000

• O custo econômico inclui, pois, tanto os custos explícitos como os implícitos, sendo os
fatores produtivos avaliados pelo critério do custo de oportunidade.

OS CONCEITOS DE CUSTOS FIXOS, VARIÁVEIS, TOTAIS, MÉDIOS E MARGINAIS

• Do ponto de vista da empresa, as receitas são uma contrapartida dos custos – e estes uma
decorrência inevitável do processo produtivo.

• O volume de produção será maior ou menor na dependência de a empresa empregar


maior ou menor volume de recursos. Uma parte dos recursos empregados na produção
varia diretamente em função do volume da própria produção → recursos variáveis.

• Recursos variáveis → incluem insumos necessários para a produção, o pessoal


mobilizado diretamente no processo produtivo, a energia e outras categorias de
dispêndios exigidas nas operações de produção.

• Recursos fixos → como exemplo, pode-se citar as edificações, os equipamentos e outros


bens de capital.
• A natureza diferente dessas duas categorias de recursos conduz a ocorrência de duas
categorias também diferentes de custos: os custos fixos e os custos variáveis. O primeiro
está relacionado aos recursos fixos; já o segundo está relacionado aos recursos variáveis.

• Custos fixos → a curto prazo, não se alteram em decorrência de mudanças nas


quantidades produzidas. Contudo, a médio e longo prazo, caso se deseje aumentar a
capacidade produtiva, novos investimentos em máquinas, por exemplo, deverão ser
feitos, incorrendo em custos fixos.

• Custos variáveis → Os custos variáveis se modificam em função das quantidades


produzidas. Um aumento na produção significará a utilização de mais matérias-primas,
mais energia, mais mão de obra e de outros fatores necessários para se obter unidades
adicionais do produto ou serviço.

• Custos Fixos Totais (CFT) → não se altera em função da quantidade produzida.

• Custo Variável Total (CVT) → Aumenta em função do aumento das quantidades


produzidas, mas não na mesma proporção. Inicialmente, os aumentos são menos que
proporcionais. Após certo ponto, seus aumentos serão mais que proporcionais. O conceito
de economia de escala ajuda a compreender esse comportamento típico.

o Inicialmente, a empresa incorre em custos variáveis elevados por unidade produzida


por uma série de razões:

▪ Seu poder de negociação com fornecedores é pequeno, para compras de pequenos


lotes de insumos.

▪ Alguns recursos empregados no processo de produção, como a mão de obra, são


mais eficientes quando utilizados em grandes quantidades. No caso da mão de obra,
isso eleva a eficiência devido a maior divisão do trabalho.

▪ O aumento da produção inicialmente não necessitará de aumento dos recursos fixos.


Ou seja, com a mesma quantidade de recursos fixos poderá se produzir mais,
aumentando portanto a produtividade.

o Contudo, o aumento da produção chegará a um ponto em que os recursos fixos


existentes não suportarão mais, com igual eficiência, as unidades adicionais de
recursos variáveis: a partir de então teremos um custo variável crescente, ou seja,
economias decrescentes de escala.

• Custo Total (CT) → CT = CFT + CVT, ou seja, é a soma dos custos fixos totais e dos
custos variáveis totais.

• Custo Fixo Médio (CFM) → CFM = CFT / quantidade produzida. Inicialmente declina
acentuadamente. Mas a intensidade de declínio diminui à medida em que aumentam as
quantidades produzidas.
• Custo Variável Médio (CVM) → CVT / quantidade produzida. Esse custo apresenta um
pequeno declínio inicial e, a partir de certo nível, uma ligeira tendência de expansão.

• Custo Total Médio (CTM) → CTM = CFM + CVM ou CTM = CT / quantidade


produzidas.

• Custo Marginal (CMg) → É o custo que uma empresa incorre para produzir uma unidade
adicional. Ou seja, é o CMg = (CT1 – CT0) / quantidade produzida no momento 1.

• Escalas dos custos fixos, variáveis e totais a curto prazo de uma empresa X.

Quantidades Custo Custo Fixo Custo Variável Custo Total Custo


produzidas Custo fixo Variável Custo Total
Médio Médio Médio Marginal
(unidades / mês) total Total
0 2.000 0 2.000 - - - -
100 2.000 1.600 3.600 20,00 16,00 36,00 16,00
200 2.000 2.700 4.700 10,00 13,50 23,50 11,00
300 2.000 3.360 5.360 6,67 11,20 17,87 6,60
400 2.000 3.820 5.820 5,00 9,55 14,55 4,60
500 2.000 4.300 6.300 4,00 8,60 12,60 4,80
600 2.000 5.100 7.100 3,33 8,50 11,83 8,00
700 2.000 6.420 8.420 2,86 9,17 12,03 13,20
800 2.000 8.220 10.220 2,50 10,28 12,78 18,00
900 2.000 10.520 12.520 2,22 11,69 13,91 23,00
1000 2.000 13.620 15.620 2,00 13,62 15,62 31,00

• A curto prazo, o CFM descreve uma trajetória descendente, inicialmente forte, depois
cada vez mais suave. Já as trajetórias do CVM, CTM e CMg têm, tipicamente, a forma da
letra U: declinam até certo ponto, tornam-se constantes em um curto intervalo de tempo e
depois aumentam.

• O Custo Marginal corta as curvas de custo médio e custo variável médio no ponto
mínimo de ambas.
• O formato em U da curva de custo marginal é explicada pela lei dos rendimentos
decrescentes.

• Numa fase inicial, a contratação de novos trabalhadores (fator variável) acrescentará mais
à produção que ao custo.

• Em um segundo momento, os rendimentos marginais serão decrescentes, pois os novos


trabalhadores adicionados ao processo produtivo (fator variável) disporão de menos
capital per capita para operar e sua produtividade cairá, elevando os custos marginais.

RECEITA, CUSTOS E LUCROS

• Receita = Preço x quantidade


• Custos Contábeis = Custos variáveis + Custos Fixos

• Custos Econômicos = Custos contábeis + custos implícitos (ou custo de oportunidade)

• Lucro Contábil = Receita – custo contábil

• Lucro Econômico = Receita – custos econômicos

ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO (BREAK-EVEN POINT)

• É o nível de produção em que todos os custos fixos e variáveis são cobertos pela receita
total. Ou seja, Receita total = Custo total.

• Em outras palavras, é o nível mínimo de produção e vendas em que uma firma pode
funcionar sem que ocorram perdas.

• RT = CT; ou seja, P x Q = CF + CV.


• Alterações no Custo Fixo → Uma elevação dos custos fixos elevará o ponto de equilíbrio,
enquanto uma diminuição nesse tipo de custo provocará uma diminuição no ponto de
equilíbrio.
• Caso aumentem os custos fixos, será necessário um aumento da quantidade mínima para
se atingir o ponto de equilíbrio.

• Alterações no Custo Variável Médio → Uma redução no custo variável médio fará com
que o volume de vendas necessário para se atingir o ponto de equilíbrio caia.
• Alterações no preço de venda → Um aumento no preço do produto diminuirá o volume
de vendas necessário para se atingir o ponto de equilíbrio da firma.
O OBJETIVO DE MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO

• Esse objetivo implica a definição do ponto de lucro máximo, dado pela máxima distância
entre a receita total e o custo total.

• A tabela abaixo mostra as possibilidades de lucro ou prejuízo, de acordo com a produção


total:

Quantidades Receita Resultado


produzidas total Custo Total econômico
(unidades / mês) RT=PxQ RE=RT-CT
0 0 2.000 -2.000
100 2.000 3.600 -1.600
200 3.800 4.700 -900
300 5.400 5.360 40
400 6.800 5.820 980
500 8.000 6.300 1.700
600 9.000 7.100 1.900
700 9.800 8.420 1.380
800 10.400 10.220 180
900 10.800 12.520 -1.720
1.000 11.000 15.620 -4.620

• Analisando a tabela acima, verificamos que só fará sentido para a empresa a produção a
partir de 300 unidades por mês. Aumentando ainda mais a produção, o lucro aumenta até
chegar em seu ponto máximo, quando essa empresa produz 600 unidades por mês. A
partir daí, caso continue aumentando a produção, a lucro tende a diminuir, voltando a
gerar resultados negativos, devido a duas razões principais:

o A ocorrência de economias decrescentes de escala

o Redução dos preços em virtude do aumento da oferta

• Então, em que ponto se maximizará o lucro?

• Quando a receita marginal se igualar ao custo marginal, ou RMg = CMg.

• A explicação econômica desse fato é simples. Levando-se em conta que a receita


marginal é a receita que uma empresa recebe por uma unidade a mais produzida. O custo
marginal é quanto ele gasta para produzir essa unidade a mais. Logo, enquanto aumentos
na produção implicarem custos marginais inferiores às receitas marginais, a empresa
estará aumentando seu resultado econômico. Quando receitas marginais e custos
marginais se igualarem, não mais valerá a pena continuar aumentando a produção.

• EMPRESA MAXIMIZANDO SEUS LUCROS


QUANDO A EMPRESA DEVE ENCERRAR SUAS ATIVIDADES?

• Caso o preço de mercado esteja abaixo do custo médio, a empresa estará operando com
prejuízo.

• A pergunta é: por que, em uma situação de prejuízo, a firma não interrompe a produção,
fechando suas portas? Por que, muitas vezes, a empresa em uma situação de prejuízo
continua produzindo e perdendo dinheiro?

CASO 1: FIRMA PRODUZINDO, AINDA QUE COM PREJUÍZO

• Analisemos o caso abaixo:


• De acordo com o caso acima, em estudo, a empresa terá um prejuízo de $ 80,00.

• Entretanto, podemos afirmar que a firma não encerrará suas atividades, uma vez que
produzindo ela obtém uma receita de $ 720. Com essa receita, ela consegue cobrir os
custos variáveis no valor de $ 400, sobrando ainda $ 320 para cobrir parte de seus custos
fixos.

• Na hipótese de a firma encerras suas atividades, ela não terá receita nem custo variável,
embora tenha que arcar com seus custos fixos ($ 400). Isso implicará um prejuízo maior
do que se ela continuar a produzir.

• Em outras palavras, a manutenção da firma aberta minimizará o prejuízo.

CASO 2: PONTO DE FECHAMENTO DA FIRMA

• Ocorre quando o preço é igual ao ponto mínimo da curva de custo variável médio.
• No ponto de produção acima, a firma terá um prejuízo de $ 300.

• Ou seja, nesse ponto de produção, a receita cobrirá apenas os custos variáveis e, portanto,
produzindo ou não, seu prejuízo será de $ 300 (custos fixos).

• Mesmo assim, não valerá a pena encerras as atividades. E por quê?

• Conforme verificado, $ 300 é um prejuízo que a firma terá que arcar, produzindo ou não.

• A curto prazo, portanto, a firma deverá esperar que as condições do mercado melhores,
optando por não encerrar suas atividades.

• É claro que, se os preços continuarem baixos no longo prazo, valerá a pena encerrar a
produção e fechar as portas.

CASO 3: EMPRESA ENCERRANDO SUAS ATIVIDADES


• Se o preço de mercado estiver abaixo do ponto mínimo da curva de custo variável médio,
será melhor para a empresa encerrar suas atividades.

• Neste caso, ela estaria minimizando seu prejuízo, que seria igual ao seu custo fixo.

OUTROS FATORES DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO DO PRODUTOR

• Linhas de pensamento alternativas propuseram a combinação da análise marginalista


convencional com novas abordagens.

• A base da corrente gerencial levanta um conjunto de restrições à proposição neoclássica


de maximização do lucro, indicando outros fatores determinantes no comportamento do
consumidor, dentre os quais podemos citar:
o O comportamento padrão dos produtores, empreendedores ou gerentes pode descrever
uma curva típica de indiferença entre vários objetivos organizacionais e extra-
organizacionais – metas de lucro versus metas de qualidade de vida.

o A severidade exigida pelas políticas maximizadoras de lucro pode conflitar com o


comportamento interno dos gestores em relação às suas equipes e destas em relação
aos gestores – a solução de conflitos pode estar em algum ponto entre a maximização
a qualquer custo e a preservação de relações interpessoais e profissionais.

o Os gerentes podem estar mais interessados em seus próprios ganhos do que nos lucros
da empresa ou na renda de seus proprietários acionistas.

o Internamente, nas empresas, a maximização do lucro pode conflitar com outras


políticas e procedimentos, como:

- Preferência por liquidez, em contraposição a ganhos especulativos;

- Preferência por segurança, gerando conflitos entre oportunidades de lucro sob altos
riscos e as atitudes conservadoras do grupo dominante;

- Busca por status, poder e prestígio, resultando em condutas incompatíveis com a


obstinação do lucro máximo;

- A busca de perfeição e de excelência profissional, levando os gestores a desviarem


recursos para atividades-meio, em detrimento, ao menos a curto prazo, de
atividades-fim;

- A consciência do papel social da empresa pode também conflitar com objetivos


convencionais de maximização.

o Externamente, a influência de grupos de pressão, como sindicatos, agências do


governo e organizações não governamentais, pode também interferir em decisões
maximizadoras de lucros.

• Além desses fatores restritivos à hipótese neoclássica, a linha gerencial destaca ainda que
a empresa moderna busca maximizar uma função-utilidade total, definida por um grande
elenco de variáveis, como prestígio empresarial, segurança, perpetuidade e crescimento,
atendendo simultaneamente os interesses dos grupos controladores e gestores.

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