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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CAMPUS DA UFC EM SOBRAL


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E FINANÇAS

Introdução à
TEORIA DA FIRMA
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
A FIRMA
Uma firma ou empresa é uma unidade com capacidade de transformar fatores de produção em
bens ou serviços. Em outras palavras, podemos definir que a atividade básica de uma firma é usar
insumos, como trabalhadores, máquinas e recursos naturais, para produzir bens e serviços.

A tecnologia de uma firma são os processos que ela usa para realizar essa atividade.

Essa definição econômica de tecnologia é mais ampla do que a definição quotidiana, que se refere
a geração de novos produtos que incorporam avanços tecnológicos. Aqui a tecnologia se refere aos
processo de produção, ao modo de fazer.

Sendo um pouco mais direto, a tecnologia de produção de uma empresa descreve a relação física
pela qual os insumos ou fatores de produção (como a mão-de-obra e o capital) são transformados em
produtos e serviços.
O OBJETIVO DA FIRMA
 Em praticamente todas as economias, os bens e serviços são produzidos por uma variedade de
organizações que buscam objetivos diferentes. A Cruz Vermelha oferece sangue porque seus
organizadores e doadores querem ajudar pessoas necessitadas; o governo local tapa buracos porque o
prefeito foi eleito com a promessa de fazer isso; os cantores de karaokê se apresentam porque querem a
atenção do público; e os empregados de lava-rápido são levados primeiramente a fazer isso na esperança
de conseguir dinheiro suficiente para pagar seu aluguel.
[FRANK, R., BERNANKE, B.]

 Apesar desta rica variedade de motivos, a maioria dos produtos e serviços oferecidos para a venda em
uma economia de mercado é vendida por empresas privadas cuja principal razão de existência é
proporcionar lucro aos seus donos.
O OBJETIVO DA FIRMA

Produção

PRODUÇÃO
 Exemplo
Considere uma empresa perfeitamente competitiva que
precisa decidir quanto deve produzir. A empresa em Funcionários por dia Garrafas por dia
questão é uma pequena fábrica de garrafas. Para facilitar,
suponha que o insumo necessária para fazer as garrafas
0 0
está disponível sem custo e que os únicos custos
incorridos pela empresa são os salários que ela paga aos 1 80
seus funcionários e o aluguel da máquina para fabricar as 2 200
garrafas. Em exemplos mais complexos, os fatores de
produção também podem incluir terreno, estruturas, 3 260
espírito empreendedor, e talvez outros elementos; mas, 4 300
por enquanto, consideramos apenas a mão de obra e o
5 330
capital. A Tabela mostra como a produção de garrafas da
empresa depende do número de funcionários 6 350
trabalhando por dia.
7 362
PRODUÇÃO
Note que cada vez que adicionamos uma unidade de mão de obra, a produção aumenta; mas, além de
algum ponto, a produção adicional que resulta de cada unidade extra de mão de obra começa a diminuir –
no exemplo, a partir do terceiro empregado.

Os economistas se referem a esse


comportamento como lei dos rendimentos
(ou retornos) marginais decrescentes, e ele
sempre se refere a situações nas quais pelo
menos alguns fatores de produção são fixos.
Aqui, o fator fixo é máquina que produz as
garrafas e o fator variável é a mão de obra
PRODUÇÃO

PRODUÇÃO
A tabela a seguir mostra os valores calculados do Produto Médio do Trabalho e do Produto Marginal do
Trabalho.

Funcionários por Produto Produto


Garrafas por dia
dia médio Marginal A lei dos rendimentos marginais decrescentes
é bem evidente na medida de produto marginal.
0 0 - -

1 80 80,0 80 De modelo geral, a lei dos rendimentos


marginais decrescentes estabelece que, a medida
2 200 100,0 120
que aumenta o uso de um determinado insumo
3 260 86,7 60 (mantendo-se fixos os demais), atinge-se um ponto
4 300 75,0 40 em que a produção adicional passa a declinar com
a incorporação de novas unidades do insumo
5 330 66,0 30
variável.
6 350 58,3 20

7 362 51,7 12
K L PT Pme PMg
1 0 -
1 1 2
1 2 6
1 3 12
1 4 20
1 5 25
1 6 27,6
1 7 30,1
1 8 30,1
1 9 27
1 10 23
K L PT Pme PMg
1 0 - -
1 1 2 2
1 2 6 3
1 3 12 4
1 4 20 5
1 5 25 5
1 6 27,6 4,6
1 7 30,1 4,3
1 8 30,1 3,76
1 9 27 3
1 10 23 2,3
K L PT Pme PMg
1 0 - - -
1 1 2 2 2
1 2 6 3 4
1 3 12 4 6
1 4 20 5 8
1 5 25 5 5
1 6 27,6 4,6 2,6
1 7 30,1 4,3 2,5
1 8 30,1 3,76 0
1 9 27 3 -3,1
1 10 23 2,3 -4
Custos
 O que entendemos por custo?
Economia e contabilidade olham para os custos de formas diferentes.

Na contabilidade tem-se uma visão retrospectiva, pois a função é manter sob controle os ativos e
passivos, bem como avaliar o desempenho passado.
A visão econômica avalia os custo de forma perspectiva. A preocupação é com a gestão de recursos
escassos, com a alocação desses recursos nas melhores oportunidades disponíveis.

 Custo contábeis consideram despesas correntes (com insumos) e despesas ocasionadas pela
depreciação patrimonial.
 Custos econômicos consideram todos os custos envolvidos na utilização de recursos econômicos,
incluindo os custos de oportunidade.
Custos
 Ambos os pontos de vista consideram os desembolsos realizados pelas empresas no pagamentos
de fatores de produção e aquisição de insumos, estes são os custos explícitos. As diferenças estão
na consideração dos custos implícitos.

 Sob o ponto de vista econômico os custos implícitos possuem um papel relevante, na forma de
custos de oportunidade.

 Um custo implícito importante é o custo de oportunidade do capital financeiro.


Custos
Custos em curto prazo e longo prazo
Uma distinção importante na decisão das firmas é o horizonte de tempo.

O curto prazo refere-se ao período de tempo no qual pelo menos um dos fatores de produção da
empresa não pode ser alterado. Por exemplo, o número de funcionários pode variar a curto prazo, mas
a capacidade determinada pelas máquinas e instalações de uma fábrica só pode ser alterada com a
realização de novos investimentos.

O curto prazo é definido como aquele período de tempo no qual uma firma não pode alterar sua
capacidade dada pelo estoque de capital aplicado. Contratos de trabalho e com outras firmas também
não podem ser ajustados instantaneamente.

Por outro lado, o longo prazo refere-se a um período de tempo suficientemente longo em que todos
os fatores de produção da firma são variáveis. Ela pode realizar novos investimentos, comprar
máquinas e equipamentos e ampliar sua escala de produção. Além de estabelecer novas cláusulas
contratuais ou mesmo novos contratos.
Custos em curto prazo e longo prazo
No curto prazo, uma empresa não é capaz de ajustar o número de trabalhadores ou tamanho de
sua fábrica. Em curto prazo, contratos de fornecimento de matérias-primas e de produtos, além dos
contratos de trabalho, balizam essa caracterização.

A longo prazo, a empresa tem a possibilidade de variar todos os seus insumos. Ela pode ampliar a
fábrica ou construir uma nova; estabelecer novas cláusulas contratuais ou mesmo novos contratos.

Essa característica impacta diretamente na estrutura de custo das firmas.


Custos fixos e custos variáveis

Custos
Nível de
Custo fixo Custo variável Custo Total
Considere uma empresa fabricante de um Produção
produto qualquer. Para facilitar, supomos os únicos
custos incorridos pela empresa são os salários que 0 40 0 40
ela paga aos seus funcionários e o aluguel das 1 40 20 60
máquinas.
2 40 30 70
Suponha que o aluguel da máquina seja de $40
3 40 35 75
por dia, e ele deve ser pago quer a indústria
produza ou não. Esse pagamento é um custo fixo. 4 40 36 76

O pagamento da empresa a seus funcionários é 5 40 40 80


chamado de custo variável, porque, diferentemente 6 40 54 94
do custo fixo, varia de acordo com o número de
bens que a empresa produz. 7 40 84 124

8 40 128 168
Medidas do custo

Medidas do custo

Nível de Custo fixo Custo variável Custo
Custo fixo Custo variável Custo Total Custo médio
Produção médio médio marginal

0 -

1 40 20

2 15

3 11,66

4 9

5 8

6 9

7 12

8 16
Nível de Custo fixo Custo variável Custo
Custo fixo Custo variável Custo Total Custo médio
Produção médio médio marginal

0 40 -

1 40 20

2 40 15

3 40 11,66

4 40 9

5 40 8

6 40 9

7 40 12

8 40 16
Nível de Custo fixo Custo variável Custo
Custo fixo Custo variável Custo Total Custo médio
Produção médio médio marginal

0 40 0 -

1 40 20 20

2 40 30 15

3 40 35 11,66

4 40 36 9

5 40 40 8

6 40 54 9

7 40 84 12

8 40 128 16
Nível de Custo fixo Custo variável Custo
Custo fixo Custo variável Custo Total Custo médio
Produção médio médio marginal

0 40 0 40 -

1 40 20 60 20

2 40 30 70 15

3 40 35 75 11,66

4 40 36 76 9

5 40 40 80 8

6 40 54 94 9

7 40 84 124 12

8 40 128 168 16
Nível de Custo fixo Custo variável Custo
Custo fixo Custo variável Custo Total Custo médio
Produção médio médio marginal

0 40 0 40 - -

1 40 20 60 40 20

2 40 30 70 20 15

3 40 35 75 13,34 11,66

4 40 36 76 10 9

5 40 40 80 8 8

6 40 54 94 6,67 9

7 40 84 124 5,72 12

8 40 128 168 5 16
Nível de Custo fixo Custo variável Custo
Custo fixo Custo variável Custo Total Custo médio
Produção médio médio marginal

0 40 0 40 - - -

1 40 20 60 40 20 60

2 40 30 70 20 15 35

3 40 35 75 13,34 11,66 25

4 40 36 76 10 9 19

5 40 40 80 8 8 16

6 40 54 94 6,67 9 15,66

7 40 84 124 5,72 12 17,71

8 40 128 168 5 16 21
Medidas do custo
Nível de Custo fixo Custo variável Custo
Custo fixo Custo variável Custo Total Custo médio
Produção médio médio marginal

0 40 0 40 - - - -

1 40 20 60 40 20 60 20

2 40 30 70 20 15 35 10

3 40 35 75 13,34 11,66 25 5

4 40 36 76 10 9 19 1

5 40 40 80 8 8 16 4

6 40 54 94 6,67 9 15,66 14

7 40 84 124 5,72 12 17,71 30

8 40 128 168 5 16 21 44
Próxima Aula
MERCADOS COMPETITIVOS
O ambiente na qual a firma está inserida é de grande importância para a análise.
Os mercados em que as firmas atuam podem ser definidos por diferentes características que remetem a
forma como estão estruturados. Alguns mercados podem ter um única ofertando o produto, que é o caso
dos monopólios. Em outros casos, pode ter poucas firmas que concentram a oferta no mercado e
caracterizam os oligopólios. Podem ter ainda inúmeras firmas, cada uma atendendo uma parcela pequena
desse mercado.
Essas estruturas e o grau de concentração do mercado tem implicações importantes para a definição de
preços e quantidades produzidas, ou seja, sobre o equilíbrio do mercado. E por isso, é um assunto de
grande importância na economia.

Como vimos anteriormente, vamos assumir que o objetivo das firmas é maximizar lucros. Esse objetivo
permanece independente da estrutura de mercado no qual a firma está atuando, mas a estrutura possui
grandes implicações sobre a forma como as firmas desenham suas ações em busca desse objetivo.
Estruturas de Mercado
A Microsoft lançou a primeira versão do Windows em 1985. Quando essa versão foi projetada a
empresa solicitou ao governo um copyright e o recebeu. Dessa forma a empresa possui o direito exclusivo
de produzir e vender cópias do sistema operacional Windows. Assim, a Microsoft passou a deter o
monopólio do Windows.

Quando uma empresa é a única a ofertar um produto no mercado, ou quando não existem substitutos
para o produto ofertado, dizemos que o mercado consiste em um monopólio. Nesse caso, o ofertante
possui total poder para determinar o preço do seu produto. Esse poder de determinação de preço é
denominado poder de mercado. O poder de mercado é bastante elevado quando uma empresa detém o
monopólio, e decresce conforme o número de empresas no mercado aumenta.

No outro extremo, temos uma situação em que diversas firmas relativamente pequenas operam no
mercado de determinado produto ou serviço. Trata-se de um mercado perfeitamente competitivo ou em
competição perfeita.
A competição perfeita
Em um mercado que opera em competição perfeita, compradores e vendedores são pequenos em
relação ao tamanho do mercado e, portanto têm pouca ou nenhuma capacidade para influenciar os preços
nesse tipo de mercado, dizemos que eles são tomadores de preços.
Além do grande número de compradores e vendedores tomadores de preços, mercados perfeitamente
competitivos, ou simplesmente mercados competitivos, são caracterizados por:
 Produtos homogêneos.
Os produtos ou serviços ofertados pelas firmas não possuem grandes diferenças entre si,
principalmente aos olhos dos consumidores.
 Livre entrada e saída do Mercado.
Uma firma possui total liberdade para ingressar no mercado ou para sair, deixando de ofertar o produto
ou serviço, sem custos impeditivos para isso.
Essas características são determinantes para o fato de que vendedores e compradores possuem pouco
poder de afetar os preços.
A competição perfeita
Como as firmas tomam decisões em um mercado perfeitamente competitivo?

Três caracteristicas importantes descrevem a maioria das firmas:


 Curva de Custo Marginal crescente;

 Curva de Custo Médio em forma de U;

 Custo marginal e Custo Médio se interceptam no ponto em que o Custo Médio é mínimo.

Em um mercado competitivo, com firmas tomadoras de preço, o preço de um bem será sempre
determinado pelo mercado, independente da quantidade que cada empresa esteja produzindo
individualmente. Em empresas competitivas o preço será sempre igual à Receita Média e a Receita
Marginal.
A Receita

Litros Receita Total

1 6
No exemplo dado vamos supor que o preço
2 12
de um litro de leite seja de $6,00.
3 18
RT= 6,00 x quantidade produzida 4 24
5 30
6 36
7 42
8 48
A Receita
 Conceitos como receita média e receita marginal
Receita
também estão presentes. Galão Receita Total Receita Média
Marginal

1 6 6 6

2 12 6 6

3 18 6 6

4 24 6 6

5 30 6 6

6 36 6 6

7 42 6 6

8 48 6 6
Maximização de lucro
Maximização de lucro
Exemplo: Fazenda de laticínios dos Smith

Quantidade (litros)* Receita Total (RT) Custo Fixo (CF) Custo Variável (CV) Custo Total (CT)

0 0 3 0 3
1 6 3 2 5
2 12 3 5 8
3 18 3 9 12
4 24 3 14 17
5 30 3 20 23
6 36 3 27 30
7 42 3 35 38
8 48 3 44 47

* No livro o exemplo utiliza como medida galões. Nos EUA, o galão é uma medida líquida muito empregada e equivalente a 3,81 litros.
Maximização de lucro
Exemplo: Fazenda de laticínios dos Smith

Se o galão é vendido a $6 cada, quantos galões os Smith devem produzir por dia de forma a obter o lucro
máximo? Até que nível a empresa deve expandir seu nível de produção?.

Para responder, precisamos apenas aplicar o princípio do custo-benefício.

Se seu objetivo for maximizar o lucro, a resposta a essa questão será expandir a produção desde que o
benefício marginal seja pelo menos igual ao custo marginal.

Como os Smith atuam em um mercado competitivo eles podem vender quantos galões desejarem a um preço
de mercado de $6 por galão. Assim, seu benefício marginal de vender um galão a mais é sempre $6. Se
compararmos esse benefício marginal com os valores do custo marginal vemos que a expansão deve seguir
até alcançar 5 galões por dia. Para expandir além desse nível, digamos para 6 galões, eles teriam que contratar
mais e o custo marginal aumentaria para $7, excedendo o benefício marginal.
Maximização de lucro
Maximização de lucro

 Nesse exemplo, para que os


Smith maximizem o lucro
obtido com a produção e
venda de leite, eles devem
produzir 5 galões de leite por
dia.

 Nesse nível de produção a


receita é de $30, o custo total
é de $23 e o lucro de $7.
A oferta da firma
Um firma atuando em um mercado competitivo é tomadora de preços. Ela determina a quantidade que irá
produzir e ofertar no mercado considerando o preço de mercado como dado. Assim, sua receita marginal é
equivalente ao preço de mercado.
 A quantidade a ser produzida é a variável de decisão da firma competitiva.
A quantidade de produto que a firma decide produzir será aquela que maximiza o lucro, e que é dada pela
interseção do preço com a curva de custo marginal.
Se por acaso o preço aumenta (em resposta a uma expansão de demanda), a receita marginal da empresa
aumenta, superando o custo marginal do nível de produção anterior. A empresa então aumenta a
quantidade ofertada de forma a igualar novamente seu custo marginal ao preço de mercado.

Dessa forma, a curva de custo marginal determina a quantidade que as empresas competitivas estão
dispostas a ofertar seja qual for o preço de mercado. A curva de custo marginal corresponde a curva de oferta
das empresas competitivas.
A decisão das firmas
A decisão das firmas

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