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Conceitos e aplicações

 A depreciação é o maior custo da maquinaria


agrícola, necessário para estimar quanto o valor de
uma máquina diminui com a passagem de tempo,
sendo ela utilizada ou não.

 Deve ser avaliada para substituir os bens de


capital, quando tornados inúteis pelo desgaste
físico, ou pela defasagem tecnológica.
 Depreciação pode ser de duas naturezas:

 Contábil (para efeito de imposto sobre lucro)

 Real (ou econômica): para efeito de tomada


de decisão econõmica
 A depreciação contábil é a diminuição, em
valores contábeis, resultante do decurso de
prazo entre a data de aquisição e o instante
em que se calculam os custos atribuídos ao
desgaste físico ou obsolescência.
 Os custos atribuídos á depreciação devem
obedecer á legislação vigente que estabelece
os limites que podem ser atribuídos aos
custos de depreciação.
 A depreciação real (ou econômica) é a
diminuição efetiva do valor do bem,
resultante do desgaste pelo uso, pela ação da
natureza ou pela obsolescência normal.
 Esta leva em conta a efetiva diminuição do
valor inicial do bem.
 A depreciação é um custo de propriedade que
aumenta em proporção direta com o tamanho
e o investimento na maquinaria
 Assim apenas os proprietários arcam com
este tipo de custo.
 Se o produtor usa máquinas alugadas ou
sistema de leasing não se deve inputar custos
de depreciação aos custos totais do
empreendimento, porque este custo é do
proprietário da máquina
 Valor inicial do bem
 Intensidade de uso
 Tipo de equipamento
 Vida útil
 Custos de conservação e manutenção
 Em geral, quanto maior o valor do
investimento imobilizado em bens físicos
maior é a depreciação.
 Isto ocorre porque todos os métodos de
depreciação econômica utilizam o valor inicial
(aquisição, construção) para determinar o
custo de depreciação.
 Em geral, quanto mais intensivo for o uso de
um ativo físico em relação a outros, mais ele
se deprecia, considerando fixos os custos de
conservação, manutenção e reparos.
 A intensidade de uso afeta a depreciação
porque pode aumentar ou diminuir a vida
útil.
Horas por ano Vida Útil
Trator Arado Plantio Colheita
50 - - 20,0 -
100 20,0 15,0 12,0 12,0
150 16,7 13,3 10,0 12,0
200 15,0 12,0 8,0 11,0
250 14,0 10,5 7,0 10,0
300 14,0 9,0 6,0 9,0
400 12,5 7,0 5,0 7,0
500 12,0 6,0 4,0 6,0
600 12,0 6,0 - 5,0
800 11,0 5,0 - 4,0
1000 10,0 4,0 - 4,0
1400 7,5 - - -
1800 6,0 - - -
2200 5,0 - - -
 Quanto mais tecnologia é incorporada a um
ativo maior é a taxa de depreciação por
obsolescência tecnológica.

 Exemplo: computadores, celulares, e


eletroeletrônicos em geral, tem sua vida útil
bastante encurtada devido ao
desenvolvimento tecnológico.
 Equipamentos simples como arado, tem vida
útil mais extensa
 A vida útil da maquinaria agrícola não diz
respeito somente ao tempo de uso, mas à sua
intensidade de uso, obsolescência aos custos
de conservação.
 Quanto maiores os custos de conservação e
manutenção menor a taxa de depreciação.
 Como do ponto de vista da administração
rural é muito trabalhoso fazer esta correlação
considera-se a depreciação um custo fixo,
independente da conservação e manutenção
de máquinas
 Existe grande dificuldade na estimativa da
depreciação dos equipamentos, decorrente
da inexatidão na avaliação da vida útil e
também devido a sua relação com custos de
conservação e manutenção
 Em geral, pode-se estender a vida útil de
ativos com maiores cuidados na conservação
e manutenção de máquinas e equipamentos
 Por representar uma parcela significativa do
custo horário de máquinas e equipamentos,
sua estimativa torna-se importante para a
tomada de decisões relativas à substituição, à
aquisição e á seleção da maquinaria agrícola
 Existem diversos métodos de determinar a
depreciação de um ativo de capital e
algumas serão vistas:
1. Linear ou de Cotas Fixas
2. Soma dos Dígitos ou Método de Cole
3. Exponencial ou Método de Matheson
4. Amortização ou anuidades
5. Porcentagem Anual constante
6. Valor de mercado
 A depreciação linear considera a
desvalorização ao longo do período de
utilização.
 Ela pode ser estimada com base no valor
inicial, no valor final e no tempo de vida útil
da máquina.
 Recomposição de fundos sem inflação e sem
juros na economia
 É dada por:

Vi  V f
Da 
Vu
Onde :
Da = Depreciação ao ano (R$/ano)
Vi = Valor inicial do capital (em R$)
Vf = Valor final do capital (Em R$)
Vu = Vida útil do equipamento, implemento, benfeitoria.
(em anos)
O equipamento de uma empresa foi adquirido por R$ 30.500,00. Sabendo-se que a
vida útil é de cinco anos e o valor residual é de R$ 2.000,00, montar a planilha de
depreciação pelo Método Linear

Período Quota de Depreciação Valor Atual Saldo a


(ano) Depreciação Acumulada Depreciar

0 - - 30.500 30.500
1 5.700 5.700 24.800 24.800
2 5.700 11.400 19.100 19.100
3 5.700 17.100 13.400 13.400
4 5.700 22.800 7.700 7.700
5 5.700 28.500 2.000 -
 Ao contrário do método linear, o método da
soma dos dígitos determina cotas de
depreciação decrescentes ao longo da vida
útil.
 Este decréscimo nas cotas de depreciação é
dado pela razão entre o ano corrente e a
soma dos dígitos, sendo a primeira cota de
depreciação dada pela razão entre o último
ano de vida útil e a soma dos dígitos, a
segunda cota pela razão do penúltimo ano
pela soma dos dígitos e assim por diante
 É dada por:

N  (n  1)
dn  .(Vi  V f )
Sd
 dn = depreciação no ano n
 N = anos de vida útil
 n = ano corrente (para o qual se quer estimar a
depreciação)
 Vi = valor inicial
 Vf = valor final
Os móveis e os utensílios de uma empresa foram adquiridos por R$ 30.500,00.
Sabendo-se que a vida útil é de cinco anos e o valor residual é de R$ 2.000,00,
montar a planilha de depreciação pelo Método de Cole.

Denominador (soma dos dígitos) = 1+2+3+4+5 = 15

Período Quota de Depreciação Valor Atual Saldo a


(ano) Depreciação Acumulada Depreciar
0 - - 30.500 30.500
1 9.500 9.500 21.000 21.000
2 7.600 17.100 13.400 13.400
3 5.700 22.800 7.700 7.700
4 3.800 26.600 3.900 3.900
5 1.900 28.500 2.000 -
 O princípio adotado nesse método
consiste em utilizar uma taxa fixa aplicada
sobre o saldo contábil do período anterior.
Para encontrar a taxa, utilizamos a mesma
sistemática de cálculo da anuidade
postecipada.
 Por este método, o ativo é depreciado
mediante uma taxa fixa (t) atuante sobre o
valor não-depreciado do final de cada
período anterior.
 Neste caso a taxa constante é dada por:
1
Vf  n
t  1   
 Vi 
 t = taxa de depreciação aplicada no saldo
anterior não depreciado
 n = vida útil
 Vi = valor inicial
 Vf = valor final
Os móveis e os utensílios de uma empresa foram adquiridos por R$ 30.500,00.
Sabendo-se que a vida útil é de cinco anos e o valor residual é de R$1 2.000,00,
montar a planilha de depreciação pelo Método Exponencial.  2.000  5
t  1    0,420109450
 30.500 

Período Quota de Depreciação Valor Atual Saldo a


(ano) Depreciação Acumulada Depreciar
0 - - 30.500 30.500
1 12.813,34 12.813,34 17.686,66 17.686,66
2 7.430,33 20.243,37 10.256,63 10.253,63
3 4.308,91 24.552,28 5.947,72 5.947,72
4 2.498,69 27.050,97 3.449,03 3.449,03
5 1.448,97 28.499,94 2.000,00 2.000,00
 O fundamento deste método é que a
amortização se destina a reproduzir, durante o
período de utilização do elemento do capital a
amortizar, uma soma em dinheiro que
representa a despesa inicial suportada.
 Consequentemente, as anuidades da
amortização poderiam ser colocadas em
aplicações que rendem juros.
 No fim do período acumulam, junto com os
juros, a soma correspondente à perda do valor
do bem de capital (igual ao custo inicial menos
o valor final).
 É dada por:

r (1  r )
a  Vi  V f 
n

1  r   1
n

 a = cota de depreciação anual


 n = vida útil
 Vi = valor inicial
 Vf = valor final
 r = taxa de juros incidente no período de vida útil
 Aplicando-se à formulação os valores, tem-
se
0,12(1  0,12)5
a  30.500  2.000
1  0,12  1
5

 a=7.906,18
 Como neste método as cotas estão sofrendo
correção pela taxa de juros, é necessário
descontar os juros para chegar à efetiva cota
de depreciação:
 Para o ano 1 a cota sofrerá um desconto de
juros de 1 ano. Para o ano 2 a cota sofrerá
um desconto de juros de 2 anos e assim por
diante...
a 7.906,18
d1  
1  r  1  0,121
1

a 7.906,18
d2  
1  r 2 1  0,122

a 7.906,18
dn  
1  r  1  0,12n
n
Os móveis e os utensílios de uma empresa foram adquiridos por R$ 30.500,00.
Sabendo-se que a vida útil é de cinco anos e o valor residual é de R$ 2.000,00,
montar a planilha de depreciação pelo Método da Amortização, sendo r=12%a.a.

Período Quota de Depreciação Valor Atual Saldo a


(ano) Depreciação Acumulada Depreciar
descontada
0 - - 30.500 30.500
1 7.059,09 7.059,09 23.440,91 23.440,91
2 6.302,76 13.361,85 17.138,15 17.138,15
3 5.627,46 18.989,31 11.510,69 11.510,69
4 5.024,52 24.013,83 6.486,17 6.486,17
5 4.486,18 28.500 2.000,00 -
 É uma porcentagem determinada do valor
residual do bem. Apresenta o inconveniente
de sempre deixar um resíduo. É necessário
também determinar a taxa de depreciação
(td, em %).
 D1 = Vi . td
 Valor no fim do ano 1 V1 = Vi – D1
 Depreciação no ano 2  D2 = V1 . td
 Valor no fim do ano 2  V2 = V1 – D2
 Depreciação no ano 3 D3 = V2 . td
Os móveis e os utensílios de uma empresa foram adquiridos por R$ 30.500,00.
Sabendo-se que a vida útil é de cinco anos e o valor residual é de R$ 2.000,00,
montar a planilha de depreciação pelo Método da Porcentagem Anual Constante

Período Quota de Depreciação Valor Atual Saldo a


(ano) Depreciação Acumulada Depreciar
0 - - 30.500 30.500
1 3.050 3.050 27.450 27.450
2 2.745 5.795 24.705 24.705
3 2.470 8.265 22.234 22.234
4 2.223 10.488 20.011 20.011
5 2.001 12.489 18.010 18.010
 Note que neste método não há equivalência
do valor final.
 Isto porque o valor final ao fim de uma vida
útil muito longa tende a zero.
 Consiste em avaliar o bem em cada ano,
independente do seu custo inicial, baseando-
se em valores de revenda. A diferença entre
duas avaliações consecutivas seria a
depreciação correspondente ao exercício
compreendido.
 Mostra a desvantagem de ser afetado pelo
mercado secundário de bens depreciáveis na
região
 Construções
 Benfeitorias e Melhoramentos
 Animais de reprodução ou de trabalho
 Culturas Permanentes
DC  Vc xT
 DB = Depreciação de construção (R$/m2)
 Vc = Custo de Contrução (R$/ m2)
 T = Taxa de depreciação (%)
Vi
DC 
Vu
 DC = Depreciação da construção (R$/m2)
 Vi = Custo de Contrução (R$/ m2)
 Vu = Vida útil (anos)
Construções e Melhoramentos Duração Taxa
Anos %
Parede de tijolos coberta de telhas 25 4
Parede de madeira coberta de telhas 15 6,67
Parede de barro coberta de telha 10 10
Parede de barro coberta de sapé 5 20
Piso de tijolo cimentado 25 4
DB  Vc xT
 DB = Depreciação de construção (R$/metro
linear ao ano )
 Vc = Valor do investimento (R$/metro linear)
 T = Taxa de depreciação anual (%)
Benfeitorias Duração Taxa
Anos %
Linha de força e luz, com postes de madeira 30 3,33
Linha de força e luz, com postes de 50 2
concreto
Cerca de pau a pique 10 10
Cerca de arame 10 10
Rede de água 10 10
Cerca elétrica 10 10
DA 
 A  P xT
N  NF
 DA = Depreciação do animal (R$/un)
 A = Custo de Aquisição (R$/un)
 P = Custo de Manutenção até a idade reprodutiva
ou de trabalho (R$/un)
 T = Taxa de depreciação anual (%)
 N = Vida útil do animal (anos)
 NF = Número de anos da aquisição até a idade
reprodutiva ou de trabalho
 Se os animais não foram adquiridos fora, ou
seja, foram produzidos na propriedade,
substitui-se o custo de aquisição pelo custo
acumulado do nascimento do animal até a
idade reprodutiva ou de trabalho.
 Caso este dado não esteja disponível usar o
custo de aquisição, lembrando que este é o
custo de oportunidade do animal.
Animais Duração Taxa
Anos %
Reprodutor Bovino 8 12,5
Matriz Bovina 10 10
Suínos 4 25
Burro de tração 12 8,33
Cavalo de sela 8 12,5
Boi de carga 5 20
DCP 
 I  F xT
N  NF
 DCP = Depreciação anual do pomar (R$/ha ano)
 I = Custo de Implantação do pomar (R$/ha)
 F = Custo de Formação do pomar (R$/ha)
 T = Taxa de depreciação anual (%)
 N = Vida útil do pomar (anos)
 NF = Número de anos para implantar e formar o
pomar
Culturas Permanentes Duração Taxa
Anos %
Amoreira 20 5
Banana 8 12,5
Café 20 5
Chá 20 5
Figo 17 5,88
Laranja 15 6,67
Maracujá 5 20
Pastagem Formada 5 20
Pêssego 17 5,88
Uva 20 5
Cana-de-açúcar 4 25
 NORONHA, José Ferreira. Planejamento
Agropecuário. Atlas, 1981
 COSENTINO, Rui. Depreciação de máquinas
agrícolas. Tese de Doutoramento. ESALQ/USP
 SANTOS, GILBERTO. Administração de Custos
na Agropecuária.
 CONAB. Custos de produção agrícola, 2010

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