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Tema 1
NCRF 7 – Ativos Fixos Tangíveis
Âmbito:
Aplica-se na contabilização de AFT, exceto quando outra norma exija ou
permita um tratamento contabilístico diferente.
Assim, esta norma não se aplica a:
1. AFT classificados como detidos para venda de acordo com a NCRF 8.
2. Ativos biológicos relacionados com a atividade agrícola (NCRF 17).
3. Ativos relacionados com a exploração e avaliação de recursos naturais
(NCRF16)
4. Direitos minerais e reservas minerais tais como petróleo, gás natural e
recursos regenerativos semelhantes.
Contudo, aplica-se aos AFT usados para desenvolver ou manter os
ativos descritos nos pontos 2 a 4.
Reconhecimento:
O custo de um item de AFT deve ser reconhecido como ativo se, e apenas
se:
− For provável que futuros benefícios económicos associados ao item
fluam para a entidade; e
− O custo do item puder ser mensurado fiavelmente.
Sobressalentes e equipamentos de serviços:
− São geralmente escriturados como inventários e reconhecidos nos
resultados quando consumidos.
− Contudo, são classificados como AFT se a entidade espera usá-los
durante mais do que um período ou puderem ser utilizados em ligação
com um item do AFT.
Custos iniciais:
A aquisição de itens do AFT por razões de segurança ou ambientais não
aumentam diretamente futuros benefícios económicos.
Contudo, podem ser necessários para que a entidade obtenha futuros
benefícios económicos dos seus outros ativos.
Devem ser reconhecidos como AFT porque permitem a uma entidade obter
benefícios económicos dos ativos relacionados, para além dos que teria
obtido se não tivesse adquirido esses itens.
Custos subsequentes:
Custos de assistência diária ao item:
– Incluem fundamentalmente custos de mão de obra, de consumíveis e de
pequenas peças.
– São reconhecidos nos resultados quando incorridos.
Custos subsequentes:
Itens que representem partes e componentes de substituição a intervalos
regulares (recorrente e não frequente):
− Reconhecidos como AFT quando o custo for incorrido e se os critérios
de reconhecimento forem cumpridos.
− A quantia escriturada das peças substituídas deve ser desreconhecida.
Exemplos:
− Tijolos refratários nos fornos após uma determinada quantidade de
horas de uso;
− Interiores dos aviões como assentos e cozinhas de bordo.
Custos subsequentes:
Inspeções importantes em busca de falhas:
– O seu custo deve ser reconhecido como AFT como substituição se os
critérios de reconhecimento forem cumpridos.
– Qualquer quantia escriturada remanescente do custo da inspeção anterior
(distinta das peças físicas) é desreconhecida.
Exemplo:
Conjunto de cadeiras duma sala de aula; mobília de quarto de hotel …
Elementos do custo:
AFT construídos pela própria entidade:
O custo determina-se usando os mesmos princípios quanto a um ativo
adquirido.
Aplicam-se as mesmas regras da NCRF 18 na produção de inventários para
venda.
Podem ainda incluir-se custos de empréstimos obtidos, de acordo com as
regras da NCRF 10. A sua capitalização deve começar quando:
− Os dispêndios com o ativo estejam a ser incorridos;
− Os custos com os empréstimos obtidos estejam a ser incorridos; e
− As atividades que sejam necessárias para preparar o ativo para o seu uso
pretendido estejam em curso.
Elementos do custo:
Exemplos de custos diretamente atribuíveis:
Custos de benefícios dos empregados (ver NCRF 28) decorrentes da
construção ou aquisição de um item do AFT;
Custos de preparação do local;
Custos iniciais de entrega e de manuseamento;
Custos de instalação e montagem;
Custos de testar se o ativo funciona corretamente, após a dedução dos
proventos líquidos da venda de qualquer item produzido durante a fase de
teste.
Honorários.
Mensuração do custo:
Nos casos de troca de ativos, estes são mensurados ao justo valor, (de
preferência utiliza-se o JV do ativo cedido para mensurar o recebido) a não
ser que:
– a transação da troca careça de substância comercial; ou
– nem o justo valor do ativo recebido nem o justo valor do ativo cedido sejam
fiavelmente mensuráveis.
No caso do item adquirido não poder ser mensurado ao justo valor, o seu
custo é mensurado pela quantia escriturada do ativo cedido.
Casos específicos de mensuração:
− O custo de uma AFT detido por um locatário segundo uma locação financeira é
determinado de acordo com a NCRF 9 – Locações (JV do ativo ou VP dos
pagamentos mínimos da locação, se menor);
Modelo do Custo:
Após o reconhecimento como um ativo, um item do AFT deve ser
escriturado:
– Pelo seu custo
(–) qualquer depreciação acumulada
(–) quaisquer perdas por imparidade
Depreciação:
– Imputação sistemática da quantia depreciável de um ativo durante a
sua vida útil (conta 642 – Gastos de depreciação e de amortização e
438 – Depreciações acumuladas)
Modelo do Custo:
Quantia depreciável:
– Custo do ativo, ou outra quantia substituta do custo, menos o seu valor
residual.
Valor residual:
– É a quantia estimada que uma entidade obteria correntemente pela alienação
de um ativo, após dedução dos custos estimados de alienação, se o ativo já
tivesse a idade e as condições esperadas no final da sua vida útil.
Vida útil:
– O período durante o qual uma entidade espera que um ativo esteja disponível
para uso; ou
– O número de unidades de produção ou similares que uma entidade espera
obter do ativo.
Modelo do Custo:
Perda por imparidade:
– É o excedente da quantia escriturada de um ativo, ou de uma unidade
geradora de caixa, em relação à sua quantia recuperável.
Quantia escriturada:
– É a quantia pela qual um ativo é reconhecido no balanço, após a
dedução de qualquer depreciação/amortização acumulada e de perdas
por imparidade acumuladas inerentes:
Q. ESCRITURADA = Q. BRUTA – DEP. ACUM. – PERDAS IMP. ACUM.
Quantia recuperável:
– É a quantia mais alta entre o justo valor de um ativo menos os custos
de alienação e o seu valor de uso.
Modelo do Custo:
Valor de uso (ou específico):
– É o valor presente dos fluxos de caixa que uma entidade espera que
resultem do uso continuado de um ativo e da sua alienação no final da
sua vida útil ou em que espera incorrer ao liquidar um passivo.
Depreciação:
Cada parte de um item de um AFT com um custo que seja significativo em relação ao
custo total do item e tenha vida útil diferente deve ser depreciada separadamente;
O gasto de depreciação em cada período deve ser reconhecido nos resultados (conta
642 – Gastos de depreciação e amortização).
Quantia depreciável e período de depreciação:
Deve ser imputada numa base sistemática durante a sua vida útil;
O valor residual e a vida útil devem ser revistos pelo menos no fim de cada ano
financeiro;
Se as expectativas (do VR e da VU) diferirem das anteriores, as alterações devem ser
contabilizadas como uma alteração numa estimativa contabilística de acordo com a
NCRF 4;
A depreciação é reconhecida mesmo se o justo valor exceder a quantia escriturada,
desde que esta seja superior ao valor residual.
Método de depreciação:
Deve refletir o modelo por que se espera que os futuros benefícios
económicos do ativo sejam consumidos pela entidade;
Deve ser revisto, pelo menos, no final de cada ano financeiro. Caso haja
alteração deve ser contabilizada como alteração numa estimativa
contabilística de acordo com a NCRF 4;
Depreciação Quantia
Ano
Anual (Quantia Depreciável x taxa) Acumulada Escriturada
1º ano 10.000 x 20% = 2.000 2.000 8.500
2º ano 10.000 x 20% = 2.000 4.000 6.500
3º ano 10.000 x 20% = 2.000 6.000 4.500
4º ano 10.000 x 20% = 2.000 8.000 2.500
5º ano 10.000 x 20% = 2.000 10.000 500
Depreciação Quantia
Ano
Coeficiente Anual (Dígito x Q. depreciável) Acumulada Escriturada
Depreciação Quantia
Ano
Nº de horas Anual (Nº Horas x taxa horária) Acumulada Escriturada
Modelo de revalorização:
Após o reconhecimento como um ativo, um item do AFT, cujo justo valor
possa ser mensurado fiavelmente, deve ser escriturado:
– Por uma quantia revalorizada, que é o justo valor à data da revalorização
(–) qualquer depreciação acumulada subsequente
(–) quaisquer perdas por imparidade subsequentes
As revalorizações devem ser feitas com suficiente regularidade:
– Para assegurar que a quantia escriturada não difira materialmente daquela que
seria determinada pelo uso do justo valor à data do balanço;
– Há AFT que, pela sua volatilidade, necessitam de revalorização anual;
– Outros AFT poderão ser revalorizados a períodos mais longos (por exemplo a
cada 3 ou 5 anos).
Modelo de revalorização:
Justo valor:
É a quantia pela qual um ativo pode ser trocado ou um passivo liquidado,
entre partes conhecedoras e dispostas a isso, numa transação em que não
exista relacionamento entre elas.
Modelo de revalorização:
Determinação do justo valor:
Para terrenos e edifícios:
a partir de provas com base no mercado por avaliação que é normalmente
realizada por avaliadores profissionalmente qualificados.
Para itens de instalações e equipamentos:
valor de mercado determinado por avaliação.
Se não houver provas de JV com base no mercado ou o item for raramente
vendido:
o modelo de revalorização não pode ser utilizado.
Modelo de revalorização:
Se um item do AFT for revalorizado, toda a classe do AFT à qual pertença
esse ativo deve ser revalorizada
Exemplos de classes separadas (conjunto de ativos com natureza e uso
semelhantes):
– Terrenos; Terrenos e Edifícios; Maquinaria; Navios; Aviões; Veículos a motor;
Mobiliário e suportes fixos; Equipamento de escritório
Efeitos dos impostos sobre o rendimento:
– Reconhecidos e divulgados de acordo com a NCRF 25 – Impostos sobre o
rendimento (ver § 20 da NCRF 25)
Modelo de revalorização:
Na revalorização de um item do AFT, as depreciações acumuladas, à data da
revalorização, são tratadas de uma das seguintes formas:
Custo de reposição depreciado:
As depreciações acumuladas são reexpressas proporcionalmente com a
alteração na quantia escriturada bruta do ativo a fim de que a quantia
escriturada do ativo após a revalorização iguale a quantia revalorizada.
Este método é muitas vezes usado quando um ativo for revalorizado por
meio da aplicação de um índice ao seu custo de reposição depreciado.
Modelo de revalorização:
Na revalorização de um item do AFT, as depreciações acumuladas, à data da
revalorização, são tratadas de uma das seguintes formas:
Valor de mercado:
As depreciações são eliminadas contra a quantia escriturada bruta do
ativo, sendo a quantia líquida reexpressa para a quantia revalorizada do
ativo.
Este método é muitas vezes usado para edifícios.
Modelo de revalorização:
Caso a revalorização seja para mais, essa quantia pode representar:
Um aumento:
esse valor deve ser creditado diretamente em capital próprio (conta 58 –
Excedentes de revalorização).
Um aumento após uma anterior diminuição:
esse aumento deve ser reconhecido nos resultados (conta 7625 – Reversões
de perdas por imparidade em AFT e 439 – Perdas por imparidade
acumuladas) até ao ponto em que reverta um decréscimo de revalorização
previamente reconhecido nos resultados.
Modelo de revalorização:
Caso a revalorização seja para menos, essa quantia pode representar:
Uma diminuição:
esse valor deve ser reconhecido em resultados (conta 655 - Perdas por
imparidade em AFT e 439 – Perdas por imparidade acumuladas)
Numa diminuição após um anterior aumento:
essa diminuição deve ser debitada diretamente no capital próprio (conta 58
– Excedentes de revalorização) até ao ponto de qualquer saldo de crédito
existente com respeito a esse ativo.
Modelo de revalorização:
Tratamento do excedente de revalorização
Realização do excedente de revalorização – Transferência do excedente de
revalorização para resultados retidos (conta 56 – Resultados transitados):
− Quando o ativo for desreconhecido (retirado ou alienado):
pela totalidade do excedente.
− Pelo uso do ativo:
pela quantia correspondente à diferença entre a depreciação baseada
na quantia escriturada revalorizada do ativo e a depreciação baseada
no custo original do ativo.
Débito Crédito
Conta Valor Conta Valor
Aumento quantia bruta 432 125.000 5891 125.000
Aumento depreciações acumuladas 5891 75.000 438x 75.000
Débito Crédito
Conta Valor Conta Valor
Excedente de revalorização 432 50.000 5891 50.000
Anulação depreciações acumuladas 438x 60.000 432 60.000
Registo contabilístico:
Débito Crédito
Conta Valor Conta Valor
Perda por imparidade 655 10.000 439x 10.000
Registo contabilístico:
Débito Crédito
Conta Valor Conta Valor
Reversão da perda por imparidade 439x 10.000 7625 10.000
Aumento da quantia bruta 432 20.000 5891 20.000
Aumento depreciações acumuladas 5891 15.000 438x 15.000
Imparidade:
Para determinar se um item do AFT está ou não em imparidade, a entidade
aplica a NCRF 12 – Imparidade de Ativos.
Perda por imparidade:
– é o excedente da quantia escriturada de um ativo, ou de uma unidade
geradora de caixa, em relação à sua quantia recuperável.
Se, e apenas se, a quantia recuperável de um ativo for menor do que a sua
quantia escriturada, a quantia escriturada do ativo deve ser reduzida para a
sua quantia recuperável.
Uma perda por imparidade deve ser imediatamente reconhecida nos
resultados, a não ser que o ativo seja escriturado pela quantia revalorizada.
Qualquer perda por imparidade de um ativo revalorizado deve ser tratada
como decréscimo de revalorização.
Imparidade:
Após o reconhecimento de uma perda por imparidade, o encargo com a
depreciação (amortização) do ativo deve ser ajustado nos períodos futuros
para imputar a quantia escriturada revista do ativo, menos o seu valor
residual (se o houver) numa base sistemática, durante a sua vida útil
remanescente.
Um aumento da quantia escriturada de um ativo, atribuível a uma reversão
de uma perda por imparidade não deve exceder a quantia escriturada que
teria sido determinada (líquida de amortização ou depreciação) se nenhuma
perda por imparidade tivesse sido reconhecida no ativo em anos anteriores
(isto é, quantia escriturada a custo histórico).
Imparidade:
Uma reversão de uma perda por imparidade de um ativo, deve ser
reconhecida imediatamente nos resultados, a não ser que o ativo esteja
escriturado pela quantia revalorizada. Qualquer reversão de uma perda por
imparidade de um ativo revalorizado deve ser tratada como um acréscimo
de revalorização.
Após ser reconhecida uma reversão de uma perda por imparidade, o débito
da depreciação (amortização) do ativo deve ser ajustado em períodos
futuros para imputar a quantia escriturada revista do ativo, menos o seu
valor residual (se o houver), numa base sistemática durante a sua vida útil
remanescente.
Desreconhecimento:
A quantia escriturada do AFT deve ser desreconhecida:
- No momento da alienação; ou
- Quando não se espera futuros benefícios económicos do seu uso ou alienação.
O ganho ou perda decorrente deve ser incluído nos resultados quando o
item for desreconhecido (a menos que se trate duma venda seguida de
locação – leaseback – em que os ganhos são diferidos – NCRF 9). Os
ganhos não devem ser classificados como rédito:
− Se ganho: 7871 – Rendimentos e ganhos em investimentos não financeiros –
Alienações
− Se perda: 6871 (3) – Gastos e perdas em investimentos não financeiros –
Alienações (Abates)
Desreconhecimento:
O ganho ou perda deve ser determinado:
Diferença entre os proventos líquidos da alienação (Valor de Venda),
se os houver, e a quantia escriturada do bem;
A retribuição a receber pela alienação de um item do AFT é reconhecida
inicialmente pelo seu justo valor;
Se o pagamento for diferido a retribuição recebida é reconhecida
inicialmente pelo equivalente ao preço do dinheiro. A diferença entre a
quantia nominal da retribuição e o equivalente ao preço do dinheiro é
reconhecida como rédito de juros de acordo com a NCRF 20.
Desreconhecimento (Alienação):
Valor de venda do AFT 20.000
Quantia escriturada:
– Quantia bruta 100.000
– Depreciações acumuladas - 79.000
– Perdas por imparidade acumuladas - 7.500 13.500
Ganho 6.500
Excedente de revalorização 3.200
Nota importante:
Não podem existir, em simultâneo, “perdas por imparidade acumuladas” e
“excedentes de revalorização”, para o mesmo item. Neste caso, trata-se de um
exemplo teórico, apenas para exemplificação dos registos contabilísticos
Desreconhecimento (Alienação):
Registo contabilístico:
Débito Crédito
Conta Valor Conta Valor
Valor de venda 278 20.000 7871 20.000
Anulação quantia bruta 7871 100.000 432 100.000
Anulação depreciações acumuladas 438x 79.000 7871 79.000
Anulação perdas por imparidade 439x 7.500 7871 7.500
acumuladas
Realização excedente de revalorização 5891 3.200 56 3.200
Desreconhecimento (Abate):
Quantia escriturada:
– Quantia bruta 100.000
– Depreciações acumuladas - 79.000
– Perdas por imparidade acumuladas - 7.500 13.500
Perda -13.500
Excedente de revalorização 3.200
Registo contabilístico
Débito Crédito
Conta Valor Conta Valor
Anulação quantia bruta 6873 100.000 432 100.000
Anulação depreciações acumuladas 438x 79.000 6873 79.000
Anulação perdas por imparidade 439x 7.500 6873 7.500
acumuladas
Realização excedente de revalorização 5891 3.200 56 3.200
Reembolso de subsídios:
Deve ser contabilizado como uma alteração de uma estimativa contabilística
(tratamento prospetivo);
Contabilização:
27.8 – O. devedores e credores 59.3 - Subsídios
(3) (1)
(1) (2)
(2) (3)
Exemplo:
O Estado atribuiu a 01/julho/N um subsídio à empresa “Subdependente, Lda.”, referente
a 30% do investimento em equipamentos adquiridos em janeiro/N, cujo custo de
aquisição foi de 100.000 euros. Estes equipamentos têm uma vida útil de 5 anos e são
depreciados pelo método do saldo decrescente (dígitos). Em 30/09/N, o Estado procedeu
ao adiantamento de 20% do subsídio. Os restantes 80% serão pagos apenas em
abril/N+1.
Como contabilizar?
Débito Crédito
Data Descrição
Conta Valor Conta Valor
01/07/N Pela atribuição do subsídio 27.8 30.000 59.3 30.000