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Macroeconomia

Modelo Keynesiano com Estado

Bibliografia

• Belbute, J. (2003). Princípios de Macroeconomia, Gradiva, pp.


73-95.
•Santos, J. et al. (1994); Macroeconomia – exercícios e teoria,
McGraw-Hill, pp. 26-33, 93-98.
Sumário
• O Setor Público
• O equilíbrio Y=D
• O equilíbrio I=S
• Novos multiplicadores em relação ao rendimento
• Estabilizadores automáticos
• O Saldo Orçamental
– Definição e representação gráfica
– Os multiplicadores em relação ao saldo
orçamental
– Diferentes tipos de SO
• O Teorema de Haavelmo
O Setor Público

• Impostos (T)

• Transferências governamentais (Tr)

• Gastos Públicos (G)


Impostos

T = T + tY
Receitas de impostos do Estado em % do PIB em Portugal
Transferências Governamentais

Tr = Tr − zY
Gastos Públicos

G = G + d (YP − Y )

(YP − Y ) - componente contra - cíclica


• Modelo na Forma Estrutural (FE)
Y =D (Eq. Equilíbrio)
D = C + I + G (Eq. Definição)
C = C + cYD (Eq. Comportamento)
YD = Y − T + Tr (Eq. Definição)
T = T (Eq. Comportamento)
Tr = Tr (Eq. Comportamento)
I=I (Eq. Comportamento)
G =G (Eq. Comportamento)
Comparação do Ye com e sem Estado

D Y=D

E’

45º

Y
Quando existe Estado o valor do rendimento de equilíbrio é
superior
• Forma reduzida em relação ao rendimento

C + I + G − cT + cTr D
Y= ou Y =
1− c 1− c

Corresponde à equação de rendimento de


equilíbrio
(Nota: as equações de comportamento poderão assumir diferentes
configurações conduzindo ao necessário ajustamento do modelo)
• Modelo na Forma Estrutural (FE)
Y =D
D = C + I +G
C = C + cYD
YD = Y − T + Tr
T = T + tY
Tr = Tr
I =I
G=G
• Forma reduzida em relação ao rendimento

C + I + G − cT + cTr D
Y= ou Y =
1 − c + ct 1 − c + ct

Corresponde à equação de rendimento de


equilíbrio
O equilíbrio I=S

YD = C + S F ⇔ Y − T + Tr = C + S F
Y = T − Tr + C + S F D = C + I +G
Y =D
⇔ T − Tr + C + S F = C + I + G
⇔ T − Tr + C/ + S F = C/ + I + G
⇔ (T − Tr − G ) + S F = I
⇔ SO + S F = I c.q.d.
I =S
⇔ I = S F + SO
⇔ I = −C + (1 − c)Yd + T + tY − G − Tr
⇔ I = −C + (1 − c)(Y − T − tY + Tr ) + T + tY − G − Tr
...
C − cT + cTr + I + G
Y=
1 - c + ct
Novos multiplicadores
em relação ao rendimento
• Multiplicador do Consumo autónomo
∆Y ∂Y
K Y ,C = ou K Y ,C =
∆C ∂C
1
que neste modelo é igual a
1 − c + ct
• Se o consumo autónomo aumentar 1 u.m., ceteris paribus,
o rendimento aumenta no valor do multiplicador.
• O multiplicador do consumo autónomo é igual aos
multiplicadores do investimento autónomo, gastos
autónomos e despesa autónoma.
• Estes multiplicadores são tanto maiores quanto:
• maior for a propensão marginal a consumir;
• menor for a taxa marginal de imposto.
Multiplicadores em relação
ao rendimento

Pelo multiplicador obtém-se:

∆Y = K Y ,C ∆C
Novos multiplicadores
em relação ao rendimento
• 3 novas variáveis influenciam o rendimento
a) Gastos autónomos
∂Y 1
K Y ,G = =
∂G 1 − c + ct
b) Transferências autónomas
∂Y c
K Y ,Tr = =
∂Tr 1 − c + ct
menor influência do que os G porque o aumento das Tr resulta num
aumento do rendimento disponível que em parte se destina à
poupança das famílias (portanto sai do modelo).
Multiplicadores do rendimento

• 3 novas variáveis influenciam o rendimento


c) Impostos autónomos

∂Y c
K Y ,T = =−
∂T 1 − c + ct
Influenciam negativamente o rendimento:

↑ T →↓ YD →↓ C →↓ D →↓ Y → ...
Estabilizador Automático

∂Y 1 1
K Y ,C = = <
∂C 1 − c + ct 1 − c
Estabilizador Automático

↑ C →↑ C →↑ D →↑ Y →↑ C →↑ D →↑ Y → ... (1) - Efeito multiplicador



↑ T →↓ YD →↓ C →↓ D →↓ Y → ... (2) - Efeito estabilizador automático

O efeito do estabilizador automático da taxa


marginal de imposto não anula o efeito
multiplicador mas reduz, tornando as flutuações
do rendimento a alterações das componentes da
despesa autónoma menores.
Estabilizador automático

• Transferências – correspondem em larga medida a


apoios sociais pelo que deverão depender
negativamente da conjuntura económica (em alturas de
expansão são necessários menos destes apoios). Logo:

Tr = Tr − zY , em que z corresponde à sensibilidade das Tr


em relação à variação de Y - 2º estabiliza dor automático
Funciona como estabilizador automático porque:

↑ C →↑ C →↑ D →↑ Y →↑ C →↑ D →↑ Y → ... (1) - Efeito multiplicador



↓ Tr →↓ YD →↓ C →↓ D →↓ Y → ... (2) - Efeito estabilizador automático
Estabilizador automático

• Gastos – são um importante instrumento de política


orçamental cujo objetivo é aproximar o rendimento do
seu valor de pleno emprego. Logo:
G = G + d (YP − Y ), em que d corresponde à sensibilidade dos G
em relação à variação de (YP − Y ) - 3º estabilizador automático

Funciona como estabilizador automático porque:

↑ C →↑ C →↑ D →↑ Y →↑ C →↑ D →↑ Y → ... (1) - Efeito multiplicador



↓ (YP − Y ) →↓ G →↓ D →↓ Y → ... (2) - Efeito estabilizador automático
Política Orçamental

• Consiste na manipulação de instrumentos orçamentais


(T, Tr e G) para influenciar a atividade económica e
com isso atingir os objetivos macroeconómicos (em
particular, aproximar o rendimento de equilíbrio para o
rendimento de pleno emprego).
Política Orçamental Instrumentos variação do Y
↑ Gastos
Expansionista ↑ Transferências ↑
↓ Impostos
↓ Gastos
Restritiva ↓ Transferências ↓
↑ Impostos
Saldo Orçamental

• Corresponde à poupança do Estado, ou seja à


diferença entre as receitas (T) e as despesas
(G e Tr) do Estado:
SO = T − G − Tr = T + ty − G − Tr

SO>0 – superavit
SO<0 – défice
SO=0 – equilibrado
(representar graficamente)
Diferentes tipos de saldo
orçamental
• Saldo Orçamental efetivo – é o mais utilizado e
corresponde à diferença entre receitas e despesas
efetivas.

• Saldo Orçamental de pleno emprego (estrutural) – é


utilizado para avaliar as orientações de uma política
orçamental e é determinado considerando o rendimento
de pleno emprego em vez do rendimento efetivo.

• Saldo Orçamental cíclico – determina-se pela


diferença entre o SO efetivo e o SO de pleno emprego
e está dependente das oscilações cíclicas (depende do
hiato do produto).
Multiplicadores em relação ao
saldo orçamental
C + I + G + cTr − cT
SO = T − G − Tr + t
1 − c − + ct

• Multiplicador do consumo autónomo

∂SO 1
K SO ,C = =t
∂C 1 − c + ct
Corresponde ao multiplicador do investimento autónomo em
relação ao saldo orçamental ou seja dizes nós de que forma
vai variar o saldo orçamental (quanto) e quando o
investimento autónomo aumenta uma unidade monetária.
Multiplicadores em relação ao
saldo orçamental
• Multiplicador dos gastos autónomos em relação ao SO

∂SO 1
K SO ,G = = −1 + t
∂G 1 − c + ct
Um aumento dos gastos provoca uma diminuição do saldo
orçamental mas em menor valor:

→↓ SO
↑G
→↑ D →↑ Y →↑ T →↑ SO
Multiplicadores em relação ao
saldo orçamental
Multiplicador das transferências autónomas em relação ao SO

∂SO c
K SO ,Tr = = −1 + t
∂Tr 1 − c + ct
Uma vez que os gastos têm maior impacto sobre o rendimento
(e logo produzem uma maior variação nos impostos) são
menos penalizadores do saldo orçamental do que as
transferências.

Multiplicador dos impostos autónomos em relação ao SO


∂SO c
K SO ,T = = 1− t
∂T 1 − c + ct
Quando os gastos aumentam uma unidade monetária o saldo orçamental vai diminuir 0,6 unidades monetárias
Multiplicadores em relação
ao saldo orçamental
Pelo multiplicador obtém-se

∆SO = K SO ,G ∆G

Quando mais do que um instrumento é alterado em simultâneo,


a variação do saldo orçamental vem:

∆SO = K SO ,G ∆G + K SO ,Tr ∆Tr + K SO ,T ∆T

(o mesmo no caso do rendimento)


Pela comparação destes multiplicadores conclui-se que os
gastos são um instrumento de política orçamental mais
eficaz do que as tranferencias porque tem um maior impacto
sobre o rendimento e para além disso prejudica menos o
saldo orçamental
Política Orçamental

Política Orçamental Instrumentos variação do Y variação do SO


↑ Gastos

Expansionista ↑ Transferências ↑ ↓

↓ Impostos
↓ Gastos

Restritiva ↓ Transferências ↓ ↑

↑ Impostos
O Teorema de Haavelmo
• Através da manipulação simultânea de vários
instrumentos orçamentais, é possível ao Estado
influenciar positivamente o rendimento, sem
alterar o saldo orçamental, fazendo variar
gastos e transferências na seguinte relação:

∆G  ∆Y = ∆ G
 ⇒
∆Tr = (t − 1)∆G ∆SO = 0
O Teorema de Haavelmo
• Demonstração:

∆Y = K Y ,G ∆G + K Y ,Tr ∆Tr =
1 c
= ∆G + (t − 1)∆G =
1 − c + ct 1 − c + ct
∆G + c(t − 1)∆G 1 + ct − c
= = ∆G = ∆G c.q.d
1 − c + ct 1 − c + ct
O Teorema de Haavelmo
• Demonstração:

SO = T + tY − G − Tr
∆SO = ∆T + t∆Y − ∆G − ∆Tr
∆SO = 0 + t∆G − ∆G − (t − 1) ∆G
∆SO = (t − 1 − t + 1)∆G = 0 c.q.d.

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