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Microeconomia

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3. Teoria da Firma e dos Custos
3.1. Teoria da Firma
•Como as empresas organizam de forma eficiente a produção?

•Como variam os custos quando os preços dos insumos e os níveis de produção se


alteram?
Produção: É a transformação dos fatores de produção em bens e serviços para venda no
mercado. Se refere, também, a oferta de serviços de transporte, serviços bancários,
comércios, etc...
3.1 Teoria da Firma

•Firma: unidade técnica que produz bens e serviços. É a unidade básica de


produção em um sistema econômico;

•Empresário: tem o poder de decisão (quanto e como produzir) – lucro/prejuízo;

•Fatores de produção: bens e serviços transformáveis em produção;

➢Construção Civil: madeira, cimento, tijolos, água, mão de obra, areia, serviços
de administração da construtora, etc...

➢Vendedor de cachorro quente: pães, salsichas, fogão, carrinho e os serviços


do vendedor.
3.1 Teoria da Firma

•Tecnologia: conjunto de processos de produção conhecidos (especifica as


possibilidades técnicas pelos quais os fatores de produção poderão ser
transformados em produto);

➢Qual será escolhida? A mais eficiente;


•Eficiência técnica:
Método de produção que obtém a mesma quantidade de produto que os outros
processos com a utilização de menor quantidade de todos os fatores de produção
ou de pelo menos um dos fatores, mantendo os demais constantes;

•Eficiência econômica:
Método de produção que obtém a mesma quantidade de produto que os métodos
alternativos, ao menor custo possível.
3.1 Teoria da Firma

•Função de produção é a relação que indica a quantidade máxima que se


pode obter de um produto, por unidade de tempo, a partir da utilização de
uma determinada quantidade de fatores de produção e mediante a escolha
do processo de produção mais adequado:
𝑄 = 𝑓(𝐾; 𝐿; 𝑇)

➢Fator de produção fixo: não podem ser modificados rapidamente;


Ex: prédios, mão de obra, máquinas, a administração, etc...

➢Fator de produção variável: fator cuja quantidade pode variar facilmente;


Ex: mão de obra, matérias-primas, energia elétrica, combustíveis, etc...
a) Função de Produção

Função de produção
Produto 65
total (Q) 60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Número de
trabalhadores (L)
Produção cresce Produção decresce
a) Função de Produção

•Período de tempo: curto x longo prazo;

Curto prazo:
➢período de tempo em que pelo menos um fator de produção é fixo (aluguel,
máquinas, etc...)
➢A produção pode ser aumentada por meio dos fatores variáveis - horas extras
ou equipamentos sem uso;

Longo prazo:
➢período de tempo em que todos os fatores de produção variam;

➢Aumenta a capacidade instalada (novas instalações, novos equipamentos, etc...)


a) Função de Produção

•Produção no curto prazo:

➢Exemplo: produção de trigo (Q)

➢Insumos utilizados(terra, capital e mão de obra): 𝑄 = 𝑓(𝐾; 𝐿; 𝑇)


Insumos fixos: terra (T) e capital (K);

Insumo variável: mão de obra (L). Portanto: 𝑄 = 𝑓(𝐿)

• Quanto a produção aumentará se aumentar, também, a mão de obra?


Chamamos de produto médio: Q
Pme = (1)
L
Exemplo:
Produto médio do
Quantidade (T) Quantidade (L) Produto Total (Q)
fator trabalho (Q / L)
10 0 0 -
10 1 10 10
10 2 22 11
10 3 39 13
10 4 52 13
10 5 60 12
10 6 60 10
10 7 56 8
10 8 48 6

Aumenta até alcançar seu máximo entre 3 e 4 unidades de trabalho;


Decresce a partir deste ponto.
a) Função de Produção
Lei dos Rendimentos Decrescentes

• Descreve a taxa de mudança na produção de uma firma quando se varia a quantidade


de apenas um fator de produção;

•Ou seja, ao aumentar a quantidade de um fator de produção variável em iguais


incrementos, por unidade de tempo e mantendo os demais fatores fixos, a produção
aumenta mas, a partir de determinado momento, os acréscimos resultantes na produção
serão menores;

• Na produção de milho, o aumento da contratação de mão obra resulta em rendimentos


marginais crescentes;

•A contratação de trabalhadores adicionais aumenta a produção com acréscimos cada


vez menores.
b) Fronteira de possibilidade de produção
➢ Fatores de Produção e classificação dos bens

•Recursos naturais;
•Trabalho
•Capital físico
Produção
•Capital humano
•Capacidade empresarial
b) Fronteira de possibilidade de produção

•Como realizar as melhores escolhas?

•Fronteira de possibilidade de produção (FPP) ou curva de


possibilidade de produção (CPP)

❖conceito teórico que explica a escolha que os agentes


econômicos fazem, dado a escassez;

❖combinações eficientes.
b) Fronteira de possibilidade de produção

•Fronteira de possibilidade de produção (FPP) ou curva de


possibilidade de produção (CPP): trade off x escassez de recursos;

•Exemplo: produção de alimentos e de roupas


b) Fronteira de possibilidade de produção

•Pontos na curva: uso eficiente dos insumos;

•Pontos fora da curva: tecnologia (expansão da fronteira);

•Pontos abaixo da curva: uso ineficiente dos insumos;


b) Fronteira de possibilidade de produção

• Padrão de vida x capacidade de produção

❖ Produtividade;

❖Salário x produtividade;

❖ Educação;

❖Tecnologia.
3.2. Teoria dos Custos

•O objetivo da empresa é maximizar lucros: a partir de receita e custo;

•Custos:

➢O que são?

➢Como são medidos?

➢Como se comportam com o aumento do nível de produção das


empresas?
3.2. Teoria dos Custos

a) Custo explícito x Custo implícito:

Custo explícito:

•São pagamentos explícitos de uma empresa para adquirir ou contratar recursos


(é o custo contábil);

•Fazem parte do custo de oportunidade da empresa (poderiam ser utilizados para


pagar outras despesas).

Ex: Salários; aluguel de prédio, energia elétrica, fornecedores, etc...


3.2. Teoria dos Custos

a) Custo explícito x Custo implícito:

Custos implícitos:

•É o custo de oportunidade pela utilização dos recursos de propriedade da própria


empresa (não há pagamento monetário pela utilização desses recursos);

Ex: dono de loja que é proprietário do imóvel; ou que investiu todo o seu dinheiro;
ou que deixa de receber um salário como gerente em outro loja

O custo econômico é: custo implícito + custo explícito


3.2. Teoria dos Custos

a) Custo explícito x Custo implícito:


Exemplo 1:
O dono da loja como proprietário da loja física:

•Na Contabilidade:
Custo do aluguel = R$0;
Custo implícito: aluguel que
•Na Economia: poderia ser obtido

Custo do aluguel = Custo de oportunidade (quanto o proprietário deixou de


ganhar como aluguel caso alugasse o imóvel a terceiros?)
3.2. Teoria dos Custos

a) Custo explícito x Custo implícito:


Exemplo 2:
O investimento na compra do imóvel e de todos os equipamentos para o
funcionamento da loja:

•Na Contabilidade:
Dívida e juros = R$0;
Custo implícito: juros que
•Na Economia: poderia ter sido ganho
Custo do investimento = Custo de oportunidade (quanto o proprietário
deixou de ganhar ao aplicar o dinheiro em uma aplicação alternativa que lhe
rendesse juros sobre o capital aplicado?)
3.2. Teoria dos Custos

a) Custo explícito x Custo implícito:


Exemplo 3:
O dono da loja assume os negócios:

•Na Contabilidade:
Salário = R$0;
Custo implícito: salário que
•Na Economia: poderia ter sido ganho

Custo do salário = Custo de oportunidade (quanto o proprietário deixou de


receber ao trabalhar em outra loja caso deixasse de ser o gerente do seu
negócio?)
3.2. Teoria dos Custos

b) Lucro contábil x Lucro econômico:

E o que é lucro?

Lucro = Receita Total – Custos totais; (2)

Lucro contábil = Receita Total - Custo Explícito


Lucro econômico = Receita Total – Custo de oportunidade
Lucro econômico = Receita Total – (Custo Explícito + Custo Implícito)

•É possível uma firma ter lucro contábil positivo e lucro econômico zero?
3.2. Teoria dos Custos

b) Lucro contábil x Lucro econômico:

•Sim! É possível uma firma ter lucro contábil positivo e lucro econômico zero?

(Custo explícito)
(Custo explícito) < +
(Custo implícito)

•Isso ocorre porque a firma cobriu os custos de oportunidade totais


(explícitos e implícitos) com a receita obtida.
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

•Custos Fixos (CF):

➢Custos relacionados aos fatores de produção que são fixos;

➢São despesas que precisam ser pagas havendo ou não produção;

➢São sempre iguais para qualquer nível de produção (quanto maior a


produção, os custos fixos serão os mesmos);

•Exemplos: alguns impostos, aluguel do prédio, pagamentos de seguros,


depreciação e os custos implícitos.
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

•Custos Variáveis (CV):

➢Custos relacionados aos fatores de produção variáveis;

➢São despesas que precisam ser pagas de acordo com o nível de


produção (quanto maior a produção, maior os custos variáveis);

•Exemplos: despesas com matérias primas, energia elétrica, mão de obra,


etc...
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

•Custo Total (CT):

➢Custo relacionado a cada nível de produção;

CT = CF + CV (3)
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

•Exemplo 10: São dadas as seguintes informações de uma empresa:

Quantidade produzida Custo Fixo (CF) Custo Variável (CV ) Custo total (CT)
(Q) (R$) (R$) (R$)
0 180 0 180
1 180 90 270
2 180 120 300
3 180 135 315
4 180 165 345
5 180 225 405
6 180 360 540
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

• Lei dos rendimentos marginais decrescentes: determina o formato da


curva de custo variável

➢ Custos variáveis aumentam a uma taxa decrescente (côncava


para baixo);

➢ Custos variáveis crescem a taxas crescentes (côncava para


cima) - início dos rendimentos decrescentes.
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo CT = 180+90 = 270

CT = 180+120 = 300
Custo Total
CT 600
(R$) CT
500
400
CV
300
200 CF
100
Q
0
0 1 2 3 4 5 6 7
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

Custos médios: custos por unidade

•Custos Fixos Médio (CFMe):

➢Custos fixos divididos pela quantidade produzida;

CF (4)
CFMe =
Q
➢Diminui à medida que Q aumenta;
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

•Custos Fixos Médio (CFMe):


Quantidade produzida Custo Fixo Custo Fixo Médio
(Q) (CF) (R$) (CFMe)
0 180 -
1 180 180
2 180 90
3 180 60
4 180 45
5 180 36
6 180 30
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

Custos médios: custos por unidade

•Custo Variável Médio (CVMe):

➢Custos variáveis divididos pela quantidade produzida;

CV (5)
CVMe =
Q
➢Diminui à medida que Q aumenta e cresce depois do seu mínimo;
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

•Custos Variável Médio (CVMe):

Custo Fixo Custo Variável Custo Variável


Quantidade produzida (Q)
(CF) (R$) (CV ) (R$) Médio (CVMe)
0 180 0 -
1 180 90 90
2 180 120 60
3 180 135 45
4 180 165 41,25
5 180 225 45
6 180 360 60
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

Custos médios: custos por unidade

•Custo Médio (CMe):

➢Custos totais divididos pela quantidade produzida;

CT (6)
CMe =
Q
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

•Custos Total Médio (CTMe):

Quantidade produzida Custo Fixo Custo Variável Custo total Custo Total
(Q) (CF) (R$) (CV ) (R$) (CT) (R$) Médio (CVMe)
0 180 0 180 -
1 180 90 270 270
2 180 120 300 150
3 180 135 315 105
4 180 165 345 86,25
5 180 225 405 81
6 180 360 540 90
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

Custos médios: custos por unidade

•Custo Médio (CMe):

➢A produção aumenta inicialmente: a eficiência dos fatores aumenta


(diminui os CFMe e CVMe);

➢Após atingir seu mínimo, o Cme aumenta;


3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

Custos médios: custos por unidade

•Custo Marginal (CMg):

➢É o acréscimo no custo total resultante do acréscimo de uma unidade na


produção;
CT (7)
CMg =
Q
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo

•Custo Marginal (CMg):


Custo Marginal (CMg)
Quantidade produzida (Q) Custo total (CT) (R$)
(R$)
0 180 -
1 270 90
2 300 30
3 315 15
4 345 30
5 405 60
6 540 135
3.2. Teoria dos Custos

d) Custos de Produção no Curto Prazo


•Custo Marginal (CMg):

Cmg: corta as curvas de CVme e


de Cme nos pontos mínimos (a e
b, respectivamente);
3.3. Lucro e ponto de equilíbrio

•O lucro da empresa é dado pela subtração dos custos totais em relação à receita,
como segue da equação 2:
Lucro (L) = Receita total (RT) – Custo total (CT)
•A receita se refere a tudo que é obtido pela empresa com a produção e/ou venda dos
produtos finais, ou seja, a quantidade produzida (Q) multiplicada pelo preço de venda
(P):
RT = P * Q
•E, como vimos da equação 3, CT = CF + CV (Q).

•Dessa forma, substituindo em Lucro (L) = Receita – Custo total


Lucro (L) = Receita total (RT) – Custo total (CT)
L = P*Q – (CF + CV) => L = P*Q – CF – CV (8)
3.3. Lucro e ponto de equilíbrio RT = P * Q
Δ𝐶𝑇
Vamos calcular o lucro dessa empresa, lembrando que: 𝐶𝑀𝑔 =
Δ𝑄
L = P*Q – CF – CV

Preço Q RT CT Cmg Lucro total Lucro total


10 0 15
9 1 17
8 2 18,75
7 3 20,25
6 4 22
5 5 24
4 6 26,5
3 7 29,75
2 8 34
1 9 39,5
0,5 10 46,5
3.3. Lucro e ponto de equilíbrio RT = P * Q
Δ𝐶𝑇
Vamos calcular o lucro dessa empresa, lembrando que: 𝐶𝑀𝑔 =
Δ𝑄
L = P*Q – CF – CV

Preço Q RT Rmg CT Cmg Lucro total

10 0 0 - 13 - -13
9 1 9 9 16 3 -7
8 2 16 7 19 3 -3
7 3 21 5 21 2 0
6 4 24 3 23 2 1
5 5 25 1 24 1 1
4 6 24 -1 26 2 -2
3 7 21 -3 30 4 -9
2 8 16 -5 34 4 -18
1 9 9 -7 39 5 -30
0,5 10 5 -4 47 8 -42
3.3. Lucro e ponto de equilíbrio

•Ponto de equilíbrio (Breakeven point)


➢Muitas vezes, a empresa está interessada em saber onde está seu ponto de equilíbrio,
comumente chamado de breakeven point, mas o que esse termo significa?

➢O momento de equilíbrio é aquele que iguala as receitas e aos custos (fixos e


variáveis), ou seja, não há prejuízos, embora não haja lucro.
✓Na análise da receita, deve-se ressaltar que pode haver variações de preços ao longo do tempo
(sazonalidade tanto de custo quanto de receita);
✓Cabe ressaltar que cada negócio e empresa tem um momento para que isso ocorra, nem
sempre é necessário alcança-lo rapidamente ou ainda, muitos negócios podem demorar um
tempo considerável quando comparado a outros;

✓Caso a empresa já dê lucro, já alcançou o ponto de equilíbrio. Isso é importante para saber
sobre a viabilidade do negócio.
3.3. Lucro e ponto de equilíbrio

•Ponto de equilíbrio (Breakeven point)


➢No exemplo anterior, o Breakeven point seria obtido ao produzir 3 unidades, por quê?

➢Porque a receita total e o custo total são iguais a 21 e, portanto, o lucro é zero. A partir
da 4ª unidade, a empresa já tem lucro positivo.
3.3. Lucro e ponto de equilíbrio

•Exemplo prático do ponto de equilíbrio:

Um evento beneficente foi organizado e os organizadores fizeram um cálculo de que


seria gasto R$40,00 por pessoa, considerando o buffet, o aluguel do prédio, os
trabalhadores como seguranças e garçons, dentre outros. Além disso, estabeleceu-se
que seria dado um prêmio de R$18.000.

Ao divulgar o evento, os ingressos foram anunciados a um preço de R$250.


a) Para que a receita cubra os custos, quantas pessoas deveriam ser convidadas para
o evento?
b) Como é chamado esse critério? Por que ele é importante?
Referências
MANKIW, G. N. Introdução à Economia: princípios de micro e macroeconomia. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001.

PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. São Paulo: Cengage


Learning, 2012. (Cap. 6 e 7)
Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788522124930/pageid/0

PINDYCK, R.; RUBINFELD, D. L . Microeconomia. São Paulo: Prentice Hall, 5ª ed., 2002 (Cap. 6)

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