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Introdução

à Economia
Tatiana Boulhosa

E-book 3
E-book
Introdução à Economia
3

Neste E-book:
Introdução���������������������������������������������������� 4
Conceitos Básicos�������������������������������������� 6
Produção������������������������������������������������������� 8
Função da Produção��������������������������������� 9
Fatores de Produção Fixos e
Variáveis��������������������������������������������������������11
Conceitos de Produto Total,
Produtividade Média e
Produtividade Marginal��������������������������13
Lei dos Rendimentos Decrescentes ��15
Economia de Escala ou
Rendimentos de Escala �������������������������16
Custos de Produção ��������������������������������18
Custos de Produção de Curto Prazo�20
Conceitos de Custo Total Médio, Custo
Variável Médio e Custo Fixo Médio�������������������21
Custos a Longo Prazo���������������������������������������23

2
Diferenças entre a Visão
Econômica e a Visão Contábil-
Financeira dos Custos de Produção��24
Custos Privados e Custos Sociais:
as Externalidades ou Economias
Externas������������������������������������������������������ 25
Definição de Custos e Despesas��������26
Maximização dos Lucros ���������������������� 27
Lucro Normal e Extraordinário������������29
Lucro Econômico e Lucro Contábil��������������������29

Conceito de Break Even Point �����������30


Estrutura de Mercado������������������������������31
Concorrência Perfeita ��������������������������������������31
Monopólio �������������������������������������������������������32
Oligopólio���������������������������������������������������������34
Concorrência Monopolista��������������������������������35

Estrutura de Mercado dos Fatores


de Produção�����������������������������������������������36
A Ação do Governo e os Abusos do
Poder Econômico nos Mercados�������� 37
Considerações finais������������������������������38
Síntese���������������������������������������������������������39

3
INTRODUÇÃO
Quando falamos em produção, é comum pensarmos
não só nos produtos que a empresa produz, mas tam-
bém nos fatores de produção, que são os recursos
que as empresas usam para manufaturar produtos.
Os fatores de produção incluem não só os recursos
produtivos (trabalho, capital, terra e capacidade em-
presarial), como também matérias-primas e outros
bens e serviços adquiridos de outras empresas.

Dessa forma, neste módulo, examinaremos as opera-


ções internas de uma empresa, analisando a natureza
dos custos de produção e do impacto que esses
custos causam na tomada de decisões empresariais.
Algumas das questões enfrentadas pelos adminis-
tradores das empresas são:
• Aumentar ou reduzir a produção?
• Aumentar a produção utilizando mais mão de obra?
• Aumentar ou não a escala geral de produção, ex-
pandindo a empresa para uma nova fábrica?

Assim como os consumidores que, por terem rendas


limitadas, tomam decisões sobre que bens comprar
e em que quantidade, os administradores das em-
presas devem tomar decisões sobre o que produzir,
para quem produzir, quanto produzir, como produzir,
em termos de combinação de fatores de produção
utilizados, e essas decisões dependerão fortemente
dos custos da produção em questão.

4
Além desse tema, este módulo aborda ainda a maxi-
mização dos lucros e estrutura de mercado e a ação
governamental e o abuso de poder econômico nos
mercados.

Podcast 1 

5
CONCEITOS BÁSICOS
Para o melhor entendimento do conteúdo, apresen-
tamos alguns conceitos fundamentais:

Empresa: é uma unidade técnica que produz bens


e serviços.

Empresário: é quem decide quanto e a maneira pela


qual um ou mais produtos serão produzidos. Ele está
sujeito a receber lucros ou incorrer em prejuízos, con-
forme o resultado da sua decisão.

Fatores de produção: são os bens e serviços trans-


formáveis em produção.

Produção: pode ser definida como a transformação


dos fatores de produção adquiridos pela empresa
em bens ou serviços para venda no mercado. Se a
produção dá origem a um único produto, ela é cha-
mada de simples, e será múltipla quando dê origem
a mais de um produto. Não podemos esquecer, ain-
da, que o conceito de produção é bastante amplo,
não restringindo somente à transformação física ou
química de fatores de produção em bens materiais.
Ele abrange, por exemplo, a oferta de serviços como
serviços bancários, transporte, comércio, etc.

Produto: é qualquer bem ou serviço resultante de


um processo de produção.

Tecnologia: é o conjunto de processos de produção


conhecidos. É comum existir mais de uma forma de
se produzir uma determinada mercadoria, abrangen-

6
do desde uma grande quantidade de funcionários
e poucas máquinas e equipamentos; ou de outra
maneira, com poucas máquinas e equipamentos e
pouca quantidade de mão de obra.

Portanto, de todas as possibilidades disponíveis, o


empresário selecionará aquela que na visão dele é
a mais eficiente economicamente, sendo a técnica
economicamente mais eficiente aquela que permi-
tirá a obtenção do mesmo nível de produção que as
técnicas alternativas, ao menor custo possível.

Diante das possibilidades disponíveis de produção


a uma empresa, esse processo de escolha se dá
basicamente de duas formas: pela eficiência técnica
e pela eficiência econômica.

Eficiência Técnica: um método de produção é tec-


nicamente o mais eficiente entre os métodos alter-
nativos conhecidos quando permite a obtenção da
mesma quantidade de produto que os outros proces-
sos, com a utilização de menor quantidade de todos
os fatores de produção, ou menor quantidade de,
pelo menos, um fator de produção, com a quantida-
de dos demais fatores de produção permanecendo
inalterada.

Eficiência econômica: um método de produção será


considerado economicamente eficiente se permitir a
obtenção da mesma quantidade de produto que os
métodos alternativos, ao mesmo custo.

Podcast 2 

7
PRODUÇÃO
Produção é a transformação dos fatores adquiridos
pela empresa em bens e serviços.

Podcast 3 

8
FUNÇÃO DA
PRODUÇÃO
As empresas estão essencialmente envolvidas em
agregar valor convertendo fatores de produção em
produtos. As empresas empregam mão de obra,
compram materiais e componentes, e investem em
terras, edifícios, fábricas e equipamentos, tendo em
vista a maximização da quantidade de produtos que
podem ser decorrentes desses fatores de produção.

Para tanto, com base no comportamento do mercado


consumidor, o empresário, tem que decidir o que,
como, quanto e para quem produzir, e terá condições
também de saber a quantidade de fatores de pro-
dução que será utilizada no processo de produção.
A função produção é uma expressão matemática
que relaciona a quantidade de todas as entradas à
quantidade de todas as saídas, supondo que os em-
presários empregam todas as entradas de maneira
eficiente. Podemos conceituar a função produção
também como a relação que indica a quantidade má-
xima que se pode obter de um produto, por unidade
de tempo, a partir da utilização de uma determinada
quantidade de fatores de produção, e mediante a
escolha do processo de produção mais adequado.
E ela pode ser representada da seguinte forma:

𝒒𝒒 = 𝒇𝒇(𝒙𝒙1, 𝒙𝒙2, 𝒙𝒙3, … , 𝒙𝒙𝒙𝒙)

9
Onde:

q= quantidade produzida do bem ou serviço, em de-


terminado período de tempo.

X1,X2,X3....Xn, identificam as quantidades de diver-


sos fatores de produção.

ƒ= indica que q depende de x1,x2,x3,...xn, é uma fun-


ção da quantidade de insumos utilizados.

E, para facilitar o entendimento, é comum utilizarmos


uma função de apenas duas variáveis.

𝒒𝒒 = 𝒇𝒇(𝑵𝑵, 𝑲𝑲)
Neste caso, foram utilizados apenas dois fatores
de produção: mão de obra (N) e o capital (K), sendo
a mão de obra variável e o capital (equipamentos e
instalação) fixo, e q sendo a quantidade.

Saiba mais
A função produção é uma expressão matemática
que relaciona a quantidade de todas as entradas
à quantidade de todas as saídas, supondo que os
administradores empreguem todas as entradas
de maneira eficiente.

10
FATORES DE
PRODUÇÃO FIXOS E
VARIÁVEIS
A análise do processo de produção costuma clas-
sificar os fatores de produção utilizados em fixos e
variáveis. Assim, conceituamos cada um deles.

No processo produção, os custos fixos são aqueles


não variam quando a produção muda.

Já os custos variáveis no processo de produção


são aqueles que variam de acordo com o volume
de produção.

A partir da classificação dos fatores de produção em


fixos e variáveis, estabelece-se a noção dos períodos
de tempo relevantes para a empresa, sendo eles de
curto e longo prazo.

Curto prazo: diz respeito ao período de tempo em


que, pelo menos, um dos fatores de produção empre-
gados na produção é fixo. Com isso, se o administra-
dor quiser aumentar o volume físico de produção no
curto prazo, só poderá fazê-lo mediante a utilização
mais intensa dos fatores de produção variáveis. Ele
pode, por exemplo, usar mais horas de trabalho com
as mesmas máquinas e equipamentos existentes.

Já o longo prazo é definido como o período de tempo


em que todos os fatores de produção são variáveis.
No longo prazo, o tamanho da empresa pode mudar,

11
aumentando a capacidade de produção com a aqui-
sição de novas máquinas e equipamentos, assim
como também pode diminuir de tamanho, vendendo
suas máquinas e equipamentos.

Um exemplo de uma função de produção simplifi-


cada, ou seja, com apenas dois fatores (um fixo e
outro variável)

𝒒𝒒 = 𝒇𝒇(𝑵𝑵, 𝑲𝑲)
Onde:

q= quantidade

N= mão-de-obra (fator variável)

K=capital (fator fixo)

Neste exemplo, a quantidade produzida depende


somente de uma variável da quantidade utilizada do
fator variável, isto é, de uma variação da quantida-
de de mão de obra. Pode ser expressa a função de
produção como:

𝒒𝒒 = 𝒇𝒇(𝑵𝑵)

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CONCEITOS DE
PRODUTO TOTAL,
PRODUTIVIDADE
MÉDIA E
PRODUTIVIDADE
MARGINAL
Produto total: é a quantidade total produzida, em
determinado período de tempo. Representa quanto
produz cada fator:

𝑷𝑷𝑷𝑷 = 𝒒𝒒

Produto médio do fator de produção: é a relação


entre o nível do produto e a quantidade do fator
de produção, em determinado período de tempo.
Representa a contribuição média de cada fator de
produção.

Produtividade média da mão de obra:

𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑


𝑷𝑷𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝑵𝑵ú𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕𝒕

Produtividade média do capital:

𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑


𝑷𝑷𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝑵𝑵ú𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒎𝒎á𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒𝒒

13
Produtividade marginal do fator: é a relação entre
a variação do produto total e as variações da quan-
tidade utilizada do fator de produção. Ou seja, é a
variação na produção total decorrente de uma varia-
ção de uma unidade, no fator de produção variável.

Produtividade marginal da mão de obra:

𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽çã𝒐𝒐 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑


𝑷𝑷𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝑨𝑨𝑨𝑨𝑨𝑨é𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝒅𝒅𝒅𝒅 1 𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒎𝒎ã𝒐𝒐 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒐𝒐𝒐𝒐𝒐𝒐𝒐𝒐

Produtividade marginal do capital:

𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽çã𝒐𝒐 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑


𝑷𝑷𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝑨𝑨𝑨𝑨𝑨𝑨é𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝒅𝒅𝒅𝒅 1 𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒇𝒇𝒇𝒇𝒇𝒇𝒇𝒇𝒇𝒇 𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄

Produtividade média da terra:

𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑
𝑷𝑷𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
Á𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓 𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄

Produtividade marginal da terra:

𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽𝑽çã𝒐𝒐 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑𝒑


𝑷𝑷𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 =
𝑨𝑨𝑨𝑨𝑨𝑨é𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔𝒔 𝒅𝒅𝒅𝒅 1 𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖𝒖 𝒅𝒅𝒅𝒅 á𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓𝒓 𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄

14
LEI DOS
RENDIMENTOS
DECRESCENTES
Supondo que a empresa esteja utilizando seus recur-
sos existentes com eficiência, o quanto a produção
pode ser ampliada depende de quanto os fatores de
produção podem variar. Isso apresenta o conceito
de rendimentos (marginais) decrescentes.

Podemos ainda dizer que, elevando-se a quantidade


do fator variável, permanecendo fixa a quantidade
dos demais fatores, a produção inicial aumentará a
taxas crescentes, na sequência, depois de certa quan-
tidade utilizada, o fator variável continuará a crescer,
mas a taxas decrescentes, ou seja, com acréscimos
cada vez menores, continuando com o incremento da
utilização do fator variável, a produção total chegará
a um máximo, para depois decrescer. Isso é o que
chamamos de lei dos rendimentos decrescentes.

Saiba mais
A lei de rendimentos decrescentes:

No curto prazo, quando um ou mais fatores de


produção são mantidos fixos, haverá um ponto
além do qual a produção adicional decorrente do
uso de unidades extras dos fatores de produção
variáveis irá diminuir.

15
ECONOMIA DE
ESCALA OU
RENDIMENTOS DE
ESCALA
No longo prazo, as decisões do empresário esta-
rão ocupadas em como os custos de produção irão
mudar, à medida que o tamanho da empresa for se
alterando.

Dessa forma, no longo prazo, interessa analisar as


vantagens e desvantagens de a empresa aumentar
sua dimensão, seu tamanho, o que implica demandar
mais fatores de produção. Assim, surge o conceito
de rendimentos ou economias de escala.
Definimos, ainda, economias de escala tanto do pon-
to de vista tecnológico como dos custos.

Economia de escala técnica ou tecnológica: quando


a produtividade física varia com a variação de todos
os fatores de produção.

Economia de escala pecuniária: quando os custos


por unidade produzida variam com a variação de
todos os fatores de produção.

Diante disso, podemos ter rendimentos crescentes,


decrescentes ou constantes de escala.

16
• Rendimentos crescentes de escala: se todos os
fatores de produção crescerem numa mesma pro-
porção, a produção cresce numa proporção maior.
• Rendimentos decrescentes de escala: ocorre quan-
do todos os fatores de produção crescem numa
mesma proporção, e a produção cresce numa pro-
porção menor.
• Rendimentos constantes de escala: se todos os fa-
tores crescem em dada proporção, a produção cresce
na mesma proporção. As produtividades médias dos
fatores de produção permanecem constantes.

17
CUSTOS DE
PRODUÇÃO
Quando tratamos com os empresários a respeito de
gerenciamento de negócios, sabemos que a motiva-
ção de suas ações está centrada na maximização
dos lucros. No entanto, para maximizar o lucro de
uma empresa, deve-se procurar maximizar a diferen-
ça entre receita total e os custos totais de produção.
Por isso, uma das principais preocupações dos em-
presários diz respeito aos custos de produção: como
medir, como controlar e como reduzir tais custos.

Em função disso, precisamos estudar sobre os cus-


tos de produção, começando pelas definições de
custos explícitos e custos implícitos.
Os custos explícitos consistem nos pagamentos
explícitos realizados pela empresa para adquirir ou
contratar recursos. Como exemplo, citamos o caso
dos salários, o pagamento feito pelo uso de energia,
água, aluguel, etc.

Já os custos implícitos correspondem ao custo de


oportunidade pela utilização dos recursos da própria
da empresa. Dessa forma, pelo fato de pertencerem
à empresa, nenhum pagamento monetário é feito
pela utilização desses recursos. Assim, tais custos
são estimados a partir do que poderia ser ganho por
esses recursos no seu melhor emprego alternativo.

18
Outra forma de otimizar os recursos da empresa
poderá ser conseguida quando for possível alcançar
um dos dois objetivos a seguir:
• Maximizar a produção para um dado custo total; ou
• Maximizar o custo total para um dado nível de
produção.

Sendo que, em qualquer uma das situações, a em-


presa estará maximizando ou otimizando seus re-
sultados. Assim, estará em uma situação em que a
teoria econômica chama de equilíbrio da empresa.

19
CUSTOS DE
PRODUÇÃO DE
CURTO PRAZO
Da mesma forma que os recursos produtivos podem
ser divididos em fixos e variáveis, no curto prazo, os
custos de produção também podem ser divididos
em custos fixos e variáveis.
• Custos Fixos (CF): os custos fixos são os custos
que permanecem inalterados independentemente do
volume de produção; por exemplo, aluguel do imóvel,
salário, ou seja, a empresa produzindo ou não, são
obrigações financeiras a que a empresa irá incorrer.
• Custos Variáveis (CV): os custos variáveis oscilam
de acordo com o volume de produção. Por exemplo:
volume de matéria-prima, comissão sobre vendas,
etc. Esses custos serão zerados quando não houver
produção, e aumentam à medida que a produção
aumentar.
• Custo Total (CT): é o custo de produção total; a
somatória do custo fixo mais custos variáveis. É
claro que, se a produção for zero, o custo total será
igual ao custo fixo.

𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝐶𝐶𝐶𝐶 + 𝐶𝐶𝐶𝐶

20
(1) Quantida- (2) Custo Fixo (3) Custo (4) = (2) + (3)
de produzida CF ($) Variável Custo Total
Q CV ($) CT ($)

0 180,00 0 180,00

1 180,00 90,00 270,00

2 180,00 120,00 300,00

3 180,00 135,00 315,00

4 180,00 165,00 345,00

5 180,00 225,00 405,00

6 180,00 360,00 540,00

Tabela 1: Custo fixo, Custo variável e Custo total.

Conceitos de Custo Total Médio,


Custo Variável Médio e Custo
Fixo Médio
São conceitos por unidade de produção:

O custo total médio é calculado por meio de divisão


entre o custo total pela quantidade produzida.

Custos totais 𝐶𝐶𝐶𝐶


Custo Total Médio CMe ou CTMe = =
Quantidade produzida 𝑞𝑞

O custo variável médio é calculado pela divisão do


custo variável total e quantidade produzida.

21
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
Custo Variável Médio CVMe =
𝑄𝑄

Custo fixo médio é a divisão entre o custo fixo total


e quantidade total produzida.

𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
Custo Fixo Médio (CFMe) =
𝑄𝑄

CTMe = CVMe + CFMe

O formato em U das curvas de CTMe e CVMe, a curto


prazo, também se deve à lei dos rendimentos decres-
centes, ou lei dos custos crescentes. Inicialmente, os
custos médios são declinantes, pois tem-se pouca
mão de obra para um relativo grande equipamento de
capital. Até certo ponto, é vantajoso absorver mais
trabalhadores e aumentar a produção, pois, o custo
médio cai. No entanto, chega-se a certo ponto em
que se satura a utilização de capital (que está fixa-
do) e a admissão de mais trabalhadores não trará
aumentos proporcionais de produção (ou seja, os
custos médios ou unitários começam a elevar-se).

Custo marginal (CMg) é dado pela variação do cus-


to total em resposta a uma variação da quantidade
produzida.

∆CT variação do custo total


CMg = =
∆q acréscimo de 1 unidade na produção

22
O CMg é o custo de se produzir uma unidade extra
do produto.

Como o custo fixo total não se modifica com as va-


riações da produção, a curto prazo, o custo marginal
é determinado apenas pela variação do custo variável
total.

Custos a Longo Prazo


O longo prazo representa um período de tempo su-
ficiente para que o gestor seja capaz de variar os
fatores de produção envolvidos no processo de
produção.

O longo prazo também é conhecido como horizonte


de planejamento da empresa, em contraste ao perí-
odo de operação atual.

23
DIFERENÇAS ENTRE
A VISÃO ECONÔMICA
E A VISÃO CONTÁBIL-
FINANCEIRA
DOS CUSTOS DE
PRODUÇÃO
No nível microeconômico, a diferença entre custos
contábeis e custos de oportunidade pode ser apre-
sentada da seguinte forma:
• Custos contábeis: envolvem dispêndio monetário.
É o custo explícito, considerado na contabilidade
privada.
• Custos de oportunidade: são custos implícitos,
que não envolvem desembolso. Os custos de opor-
tunidade privados são os valores dos insumos que
pertencem à empresa e são usados no processo
produtivo, e que são estimados a partir do que po-
deria ser ganho, no melhor uso alternativo (por isso,
também são chamados de custos alternativos).

24
CUSTOS PRIVADOS
E CUSTOS SOCIAIS:
AS EXTERNALIDADES
OU ECONOMIAS
EXTERNAS
Como uma extensão da diferença entre o enfoque
contábil e o enforque econômico, há uma clara dife-
rença entre avaliação privada e avaliação social de
projetos de investimento.
• Avaliação privada é uma avaliação financeira, es-
pecífica da empresa.
• Avaliação social: são os custos (e benefícios) para
toda a sociedade, derivados da atividade produtiva.

A diferença entre ótica privada e a social é dada pelas


externalidades ou economias externas.

As externalidades podem ser definidas como as al-


terações de custos e benefícios para a sociedade,
derivadas da produção das empresas, ou ainda pode-
mos dizer que são as alterações de custos e receitas
da empresa devido a fatores externos.

25
DEFINIÇÃO DE
CUSTOS E DESPESAS
Custos são gastos associados ao processo de fabri-
cação de produtos e serviços, enquanto despesas
são associadas ao exercício social e alocadas para
o resultado geral do período; como exemplo, citamos
as despesas financeiras, comerciais e administrati-
vas, etc.

Os custos podem ser divididos em diretos e indiretos.

Custos indiretos: correspondem aos custos variáveis.

Custos diretos: referem-se aos custos fixos.

26
MAXIMIZAÇÃO DOS
LUCROS
A regra geral relativa a se uma empresa deve expan-
dir ou não a produção refere-se aos custos marginais
da receita provenientes das vendas. Quando uma
empresa estiver tentado maximizar seus lucros, en-
quanto o custo marginal de produzir uma unidade a
mais for menor que a adição à receita decorrente da
produção e venda dessa unidade, então valerá a pena
para a empresa continuar expandindo a produção.

Um ponto que vale destacar, quando falamos em


maximização dos lucros, é que os lucros são maxi-
mizados quando o custo marginal for igual à receita
marginal.

RMg = CMg

Definimos lucro total como a diferença entre receita


total e custos totais de produção, da forma como
segue:

LT = RT – CT

Onde:

LT = lucro total

RT = receita total

27
CT = custo total

Receita marginal (RMg) é o acréscimo da receita


total da empresa quando esta vende uma unidade
adicional de seu produto.

Custo marginal (CMg) é o acréscimo do custo total


de produção da empresa quando esta produz uma
unidade adicional de seu produto.

Saiba mais
A regra da maximização dos lucros:

Os lucros são maximizados quando o custo mar-


ginal for igual à receita marginal.

28
LUCRO NORMAL E
EXTRAORDINÁRIO
Lucro normal é o lucro mínimo que deve ser obtido
para garantir que a empresa continue a fornecer os
bens ou serviços existentes. Já o lucro extraordiná-
rio é aquele obtido acima do lucro normal, e é uma
forma de renda econômica.

Lucro Econômico e Lucro


Contábil
Lucro Contábil = Receita Total – Custo Total

Lucro Econômico = Receita total – Custo de


Oportunidade

Ou

Lucro Econômico = Receita Total – (Custos Explícitos


+ Custos Implícitos)

29
CONCEITO DE BREAK
EVEN POINT
É o ponto em que o custo total de produção é igual
à receita total. Em outras palavras, é o nível mínimo
de produção e vendas em que uma empresa precisa
alcançar sem que ocorram perdas.

RT = CT

30
ESTRUTURA DE
MERCADO
O grau de concorrência que uma empresa realmen-
te enfrenta varia, dependendo da estrutura de sua
indústria. Isso faz surgir a noção de um espectro
competitivo que ilustra até que ponto a concorrência
no mercado pode variar: em uma extremidade, do
monopólio puro até a outra extremidade, da concor-
rência pura.

A estrutura de mercado pode ser classificada da


seguinte forma: concorrência perfeita, monopólio,
concorrência monopolista e oligopólio.

Podcast 4 

Concorrência Perfeita
É um mercado em que há um grau extremamente
alto de concorrência. A rigor, a concorrência pura
exige as seguintes condições:
• Produtos homogeneamente idênticos – isto é, a
presença de substitutos perfeitos.
• Nenhuma empresa com uma vantagem de custo –
isto é, todas as empresas possuem curva de custos
idênticos.

31
• Um número bastante grande de fornecedores –
assim, nenhum produtor, por si só, variando a sua
produção, pode perceptivelmente afetar a produção
total e, portanto, o preço de mercado.
• livre entrada e saída da indústria – garantindo que
se mantenha a concorrência ao longo do tempo.
• Nenhum custo de transporte e distribuição para
distorcer a concorrência.
• Fornecedores e consumidores que estejam plena-
mente informados em relação aos lucros, aos preços
e às características dos produtos no mercado – as-
sim, a ignorância ou informações incompletas não
distorcem a concorrência.

Monopólio
O monopólio é uma situação de mercado em que
existe um só produtor de um bem ou serviço que
não tenha substituto próximo. Devido a isso, o mo-
nopolista exerce grande influência na determinação
do preço a ser cobrado pelo seu produto.

O monopólio também está condicionado ao cumpri-


mento das condições seguintes:
• Um determinado produto é suprido por uma única
empresa: nesse caso, o monopólio é composto por
uma única empresa, ou seja, uma única empresa ofe-
rece um único produto em um determinado mercado.

32
• Não há substitutos próximos para esse produto:
isso significa dizer que o monopolista enfrenta pouca
ou nenhuma concorrência.
• Existem obstáculos (barreiras) à entrada de novas
empresas na indústria (nesse caso, a indústria é
composta por uma única empresa): isso significa que
devem existir barreiras que impeçam o surgimento de
competidores, protegendo, dessa forma, a posição
do monopolista.
• Existência de economia de escala na empresa mo-
nopolista, implicando o surgimento do monopólio
natural: nesse caso, uma empresa já existente e de
grandes dimensões pode suprir o mercado a custos
mais baixos do que qualquer outra que deseje entrar
na indústria.
• Controle sobre o fornecimento de matérias-primas:
se uma empresa monopolista detém o controle so-
bre o fornecimento das matérias-primas essenciais
à produção de um determinado bem (ou serviço),
ela pode bloquear o ingresso de novas empresas
no mercado.
• Barreiras legais: as barreiras legais incluem paten-
tes, licenças e concessões governamentais. A posse
de patentes dá ao monopolista o direito único de
produzir um determinado produto ou serviço durante
um determinado tempo. Dessa forma, outras empre-
sas ficam impedidas de produzirem e venderem o
produto ou serviço patenteado.
• Monopólios estatais: existem ainda os monopólios
estatais, que pertencem e são regulamentados pelos

33
governos (federal, estaduais e municipais). Como
exemplo, os Correios, a Petrobrás, entre outras.

Oligopólio
É uma estrutura de mercado em que um pequeno
número de empresas controla a oferta de um deter-
minado bem ou serviço.

O oligopólio é uma estrutura de mercado que possui


os seguintes elementos:

Existência de poucas empresas: uma das principais


características do oligopólio é o fato de as empresas
serem interdependentes.

Produto homogêneo ou diferenciado: o oligopólio


pode ser puro ou diferenciado. Ele será puro, caso
os concorrentes ofereçam um produto homogêneo.
Caso não seja homogêneo, o oligopólio será consi-
derado diferenciado.

Existência de dificuldades para entrar na indústria:


existem barreiras que favorecem o surgimento do
oligopólio, impedindo a entrada de novas empresas
na indústria, tais como economia de escala, existên-
cia de patentes, entre várias outras.

34
Concorrência Monopolista
É uma estrutura de mercado que contém elementos
da concorrência perfeita e do monopólio, ficando em
situação intermediária entre essas duas formas de
organização de mercado.

O modelo de concorrência monopolista está baseado


nas seguintes hipóteses:
• Existência de um grande número de compradores e
de vendedores: da mesma forma que na concorrên-
cia perfeita, a concorrência monopolista apresenta
grande número de empresas, cada qual respondendo
por uma fração da produção total de mercado.
• Cada empresa produz e vende um produto diferen-
ciado, embora substituto próximo.
• Existência de livre entrada e saída de empresas:
não existem barreiras legais ou de qualquer outro
tipo que impeçam a livre entrada e saída de empre-
sas no mercado.

35
ESTRUTURA DE
MERCADO DOS
FATORES DE
PRODUÇÃO
As estruturas no mercado de fatores de produção
estão resumidas como segue:
• Concorrência perfeita no mercado de fatores: e
a estrutura de mercado em que a oferta do fator de
produção é abundante, tornando assim o preço desse
fator constante.
• Monopsônio: nesse caso, há somente um com-
prador para muitos vendedores de bens e serviços
dos insumos.
• Oligopsônio é o mercado em que há poucos com-
pradores negociando com muitos vendedores.
• Monopólio Bilateral: esse caso ocorre quando um
monopsônista, na compra do fator de produção, se
depara com um monopolista na venda desse fator.

36
A AÇÃO DO
GOVERNO E OS
ABUSOS DO PODER
ECONÔMICO NOS
MERCADOS
Atualmente, o governo dispõe de ferramentas que
impedem o abuso do poder econômico, um exem-
plo disso, é o Conselho Administrativo de Direito
Econômico – CADE, órgão subordinado ao Ministério
da Justiça e que tem por objetivo julgar os proces-
sos administrativos relativos a abusos do poder
econômico.

37
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Quando falamos com empresários a respeito da ges-
tão do negócio, sabemos que a motivação de suas
ações está centrada na maximização dos lucros.
E, para maximizar o lucro de uma empresa, deve-
-se procurar maximizar a diferença entre receitas
e custos de produção. Por isso, uma das principais
preocupações dos presidentes das empresas diz
respeito aos custos de produção da empresa.

Por isso, neste módulo estudamos os conceitos de


custos de produção, os mecanismos de maximização
de lucros, a estrutura de mercado e a estrutura do
mercado de fatores de produção, e a ação governa-
mental para evitar o abuso de poder econômico no
mercado.

38
Síntese
Referências
MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. 5. ed.
São Paulo: Cengage Learning, 2009.

MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia: fundamen-


tos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson Education,
2009.

MORCILLO, Francisco Mochón. Princípios de eco-


nomia. São Paulo: Pearson, 2008.

PARKIN, Michael. Economia. São Paulo: Pearson,


2009.

ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia.


São Paulo: Atlas, 2000.

TROSTER, Roberto Luis; MORCILLO, Francisco


Mochón. Introdução à economia. São Paulo: Pearson
Education, 2002.

VASCONCELLOS, Marco Antonio S. Fundamentos de


economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

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