Você está na página 1de 30

RESUMO

Na teoria do consumidor, parte-se do princípio da racionalidade e das hipóteses, que se


traduz em o consumidor procurar obter o máximo de satisfação com menor custo. Dai que para o
consumidor racional as quantidades de bens procurados variam de acordo com os preços
estabelecidos. Assim quanto menores forem os preços maiores serão as
quantidades procuradas pelo consumidor. Neste presente trabalho aborda-se fundamentalmente
sobre a teoria do produtor que preocupa-se com o lado da oferta do mercado e os custos de
produção.

OBJECTIVOS GERAIS

 Produzir um conhecimento científico subordinado aos temas teoria do produtor e a teoria


dos custos de produção.

ESPECÍFICOS:

 Conceituar o produto marginal e o custo marginal;


 Definir e fundamentar a função de produção;
 Definir custo médio e custo marginal e ilustrar de forma clara (gráficos) e objectiva

1
0. INTRODUÇÃO
A teoria do produtor é o tema que nos foi proposto abordar como pressuposto para a
aquisição da nota da segunda avaliação da cadeira de Economia Política. Ao abordarmos a teoria
do produtor, não estaríamos a falar de outra coisa se não da produção.
A produção é, antes de tudo, uma questão técnica, mas, traz embutido vários aspectos
econômicos que necessitam ser analisados. Antes de começar a produzir, a empresa tem que
equacionar o principal problema técnico que é encontrar a tecnologia mais apropriada para o seu
tipo de negócio, em diferente gama de tecnologias alternativas. No entanto, os aspectos técnicos
associados à produção, não serão os objectivos desta análise. Nós deter-nos-emos em aspectos
econômicos ligados à produção.
O trabalho está dividido em três partes ou unidades temáticas: Na primeira, falaremos da
teoria do produtor e os objectivos do produtor; na segunda, teoria do produtor na óptica da
produção e na terceira, procuraremos compreender a teoria do produtor na óptica dos custos;
Dada a pertinência e a abrangência do tema, por um lado, a escassez de bibliografia
associada à nossa inexperiência em trabalhos de investigação científica, este trabalho não
pretende ser tão profundo quanto se esperava. Daí que estaremos abertos a receber mais
subsídios para o enriquecimento do mesmo e do nosso nível de conhecimentos.

2
CAPITULO 1- TEORIA DO PRODUTOR E OBJECTIVO DO PRODUTOR – MAXIMIZAÇÃO DO
LUCRO
A produção traduz-se no processo de combinar recursos (imputs) a fim de produzir bens e
serviços, utilizando uma determinada tecnologia. Em economia o conceito de tecnologia refere-se
ao método que pode ser usado para a combinação dos recursos a fim de produzir bens e serviços.
Se uma empresa pode utilizar diferentes métodos para obter o mesmo nível de bens e serviços é
suposto que escolhe o método mais eficiente que lhe permite minimizar os custos.
1.1. TEORIA TRADICIONAL. MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO
A teoria tradicional do produtor ou teoria da empresa parte do pressuposto que se procura
maximizar o lucro. É uma teoria assente no princípio da racionalidade, afastando-se, assim, a
hipótese de as empresas serem condicionadas por outros interesses.
Existem, contudo, outras teorias alternativas baseadas no pressuposto de que as empresas,
sobretudo as grandes empresas (ou grupos), têm outros objectivos além da maximização do lucro.
1.1.2. DIFERENÇA ENTRE EFICIÊNCIA TECNOLÓGICA E
EFICIÊNCIA ECONÓMICA.
Existem dois conceitos de eficiência produtiva: eficiência tecnológica e eficiência económica, que
importa não confundir.
 A Eficiência Tecnológica: verifica-se quando a empresa obtém uma dada produção com
a mínima quantidade de factores produtivos.
 A Eficiência Económica: ocorre quando a empresa obtém um dado produto com o
mínimo custo. A eficiência económica depende do preço dos factores utilizados na
produção.
Um método que seja tecnologicamente ineficiente nunca é economicamente eficiente.
Contudo, podem existir métodos que são tecnologicamente ineficientes e que sejam
economicamente eficientes, dependendo do preço dos factores de produção. A eficiência
económica depende dos custos relativos dos factores de produção e do seu grau de
substituibilidade.
1.2 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO – LEI DOS RENDIMENTOS MARGINAIS- FINALMENTE
DECRESCENTES E ECONOMIAS DE ESCALA
No processo produtivo as empresas combinam factores produtivos, obtendo bens e
serviços com o objectivo de serem vendidos a fim de se obter a realização da mais-valia, ou seja,
a obtenção de lucros.
Os factores produtivos podem ser classificados em grandes categorias, como o trabalho,
matérias-primas e capital, podendo cada uma destas categorias ser subdividida em classes mais
restritas.
As matérias-primas são os elementos que são integrados no produto final e que
transmitem o seu valor a esse produto, constituindo um dos elementos dos custos de produção.

3
O capital é constituído pelos edifícios e equipamento, cuja duração se estende por mais
de um período do processo produtivo e cujo valor se vai transmitindo, parcialmente, ao produto
final, consubstanciado nas amortizações e depreciações que também constituem um dos
elementos do custo de produção.
1.3 A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO
A relação entre a produção (output) por período de tempo e os factores de produção
(recursos) ou imputs utilizados no processo produtivo designa-se por função de produção, a qual
pode ser expressa algebricamente pela seguinte equação:

Q = f (x1, x2, x3, …,xn)

Onde (Q) representa o produto ou output e x1, x2, x3, …,xn são os factores produtivos ou
imputs utilizados, os quais podem ser de vária natureza, nomeadamente, podem ser utilizados
vários tipos de capital e força de trabalho com qualidade e quantidades diferentes. Note-se que a
função de produção é análoga à função utilidade no âmbito da teoria do consumidor.

A função de produção é uma relação tecnológica entre os imputs (factores produtivos) e


o output – produzindo o máximo output que pode ser obtido com as várias combinações dos
factores produtivos, o que significa que, no conceito de função de produção, os imputs são
utilizados eficientemente no processo produtivo, ou seja, existe eficiência de produção à Pareto,
não existindo qualquer folga (slack) na empresa, estando-se no âmbito da teoria tradicional da
maximização do lucro, como vimos anteriormente.

No longo prazo qualquer factor produtivo pode variar, levando a que a função de produção
tenda a variar no mesmo sentido, excepto quando a produtividade marginal de algum factor de
produção for negativa.

1.3.1 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO- CURTO E LONGO PRAZO

Como variam os custos com a produção? A resposta a esta questão encontra se na


análise temporal do curto e longo prazo. Os custos em que uma empresa ou indústria incorre para
produzir uma determinada quantidade de bens e serviços dependem dos tipos de ajustamentos
que podem fazer aos vários montantes de factores produtivos que empregam.
Algumas quantidades empregadas de vários factores produtivos podem variar facilmente
e com rapidez. É o caso da mão-de-obra (factor força de trabalho) e das matérias-primas.
No caso da força de trabalho é necessário considerar os constrangimentos institucionais
e legais, pois que os contratos de trabalho tendem a introduzir alguma rigidez na variabilidade
deste factor produtivo, dado que os mesmos podem ser contratos de trabalho sem termo, de
duração ilimitada, ou a termo certo com duração mais ou menos longa, podendo ainda verificar-
se os contratos de prestação de serviços que são os mais flexíveis.
Quanto a outros factores de produção já é mais difícil a sua alteração rápida, pois
necessitam de mais tempo para se ajustarem, como por exemplo, a capacidade ou escala de uma
fábrica. Daí que distingamos entre:

4
 Curto prazo, quando a empresa pode variar (aumentando ou diminuindo) alguns mas não
todos os seus factores produtivos com o objectivo de produzir uma quantidade de bens e
serviços maior ou menor.
Normalmente uma empresa, no curto prazo, para atender uma maior procura, aumenta a
sua produção procurando mais força de trabalho e comprando mais matérias-primas, mas
mantendo a sua capacidade produtiva. Neste caso a empresa mantém, pelo menos, um factor
produtivo fixo. O curto prazo é o período de tempo durante o qual pelo menos um factor produtivo
é fixo, verificando-se a lei dos rendimentos marginais finalmente decrescentes.
 Longo prazo está relacionado com a possibilidade de a empresa poder variar todos os
factores produtivos, incluindo a escala da sua produção e o seu equipamento. O longo
prazo é o período de tempo bastante para que todos os factores produtivos possam variar.
Deste modo, no longo prazo não existem custos fixos pois todos os factores produtivos
são variáveis. A distinção entre factores fixos e factores variáveis permite-nos distinguir
entre curto e longo prazo.

1.3.2 CURTO PRAZO - LEI DOS RENDIMENTOS MARGINAIS FINALMENTE


DECRESCENTES OU LEI DO PRODUTO MARGINAL
DECRESCENTE
Podemos definir o produto físico marginal de um factor produtivo como o produto adicional
que pode ser obtido com mais uma unidade adicional de um factor produtivo, mantendo constantes
todos os outros factores.
A lei dos rendimentos (produto) marginais finalmente decrescentes traduz a ideia de que
à medida que se vão adicionando unidades sucessivas de um factor variável (por exemplo o factor
trabalho) a um ou vários factores fixos (por exemplo capital e terra) – ceteris paribus - para além
de certo ponto, o produto adicional (marginal) do factor variável diminuirá.
O produto marginal de um factor é o acréscimo do produto total devido à utilização de mais
uma unidade desse factor, mantendo os outros factores constantes.
Esta lei traduz uma relação tecnológica entre os diversos factores de produção. A lei dos
rendimentos finalmente decrescentes influencia a forma da curva do produto, da curva do produto
marginal, da curva do produto total e da curva do produto médio.
Estes iniciais aumentos marginais dos rendimentos, entre outras razões, podem dever-se
à especialização que aumenta a eficiência, traduzindo a ideia da “divisão do trabalho”, conceito
que foi enfatizado por Adam Smith., na Riqueza das Nações (1776) e que já foi analisado por
Xenofonte há mais de 2300 anos.
Contudo, depois de certo ponto, ao aumentar-se mais uma unidade do factor variável, o
produto marginal declina, pelo que o produto total vai aumentando mas a uma taxa decrescente.
Por outras palavras, quando o produto total aumenta a uma taxa decrescente à medida que mais
uma unidade de um factor variável é adicionada, ceteris paribus, está-se em presença da lei dos
rendimentos marginais decrescentes.

5
A lógica que fundamenta esta lei traduz-se no seguinte: quando o emprego de um recurso
aumenta gradualmente enquanto todos os outros permanecem fixos, a proporção entre os vários
factores de produção torna-se mais eficiente numa primeira fase, sendo a taxa de variação do
produto total crescente, ou seja, o produto marginal aumenta.
Contudo, a partir de certo nível, o factor variável em combinação com os outros factores
fixos torna-se menos eficiente, levando a que o produto marginal do factor variável é decrescente
à medida que novas unidades adicionais são adicionadas aos factores fixos.

GRÁFICO
Lei dos rendimentos marginais finalmente decrescentes
Região de
Rendimentos
Output Crescentes Região de
rendimentos
decrescentes
Produto marginal do factor variável (Trabalho)

L1 Imput (Trabalho)

Dado que a lei dos rendimentos marginais finalmente decrescentes assume a existência
de um ou vários factores fixos, apenas é aplicável no curto prazo, pois no longo prazo não existem
factores fixos.

CAPITULO 2- TEORIA DO PRODUTOR NA OPTICA DA PRODUÇÃO


2.1 A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO E OS FACTORES PRODUTIVOS
As empresas são organizações, cujo objectivo é a obtenção de lucro através da venda de
bens ou serviços que podem ser por si produzidos. A forma como essa produção é feita difere de
empresa para empresa, mas pode ser genericamente entendida como um processo em que a
empresa recebe os inputs e os transforma, de modo a obter o seu output, utilizando uma
determinada tecnologia. O conjunto de inputs da empresa é identificado em economia como
factores de produção e vão desde as matérias-primas aos equipamentos que são utilizados, mas
também, por exemplo, ao trabalho que é desenvolvido pelas pessoas. Como tal, é possível
distinguir entre os diferentes factores de produção.
O factor trabalho é um desses factores, sendo composto pelas pessoas que estão afectas
ao processo produtivo. Um outro factor muito importante é o capital. No entanto é importante
perceber nesta fase que o capital não é considerado como o investimento financeiro que é feito
nas empresas. Como factor de produção, o capital diz respeito a todos os elementos que são
utilizados durante o processo produtivo de modo a que se consigam produzir os diferentes bens
6
ou serviços: são as matérias-primas, as máquinas, os equipamentos, as instalações, os terrenos
agrícolas, etc.
Além dos factores produtivos, a função de produção depende também do estado da
tecnologia utilizada. Por exemplo, dependendo de elementos como a inovação tecnológica, é
possível ter até dentro da mesma actividade económica uma empresa que utilize de forma mais
intensiva o factor trabalho e uma outra mais intensiva no factor capital. Deste modo, é natural que
a quantidade produzida de ambas as empresas seja também ela diferente.
Identificando-se Q como o produto, A como o nível tecnológico e os factores capital e
trabalho como K e L, é possível escrever de forma genérica a função de produção como:
Q = f(A,K,L).
Esta definição de função de produção chama desde logo a atenção para o facto de a
mesma poder evoluir ao longo do tempo, com aspectos como a inovação tecnológica.
Uma outra questão fundamental é a distinção entre factores de produção fixos e variáveis,
distinção essa que vai ser fundamental para compreender alguns dos conceitos que serão
apresentados adiante.
2.2 PRODUTO TOTAL, MARGINAL E MÉDIO
Considere-se agora que todos os factores de produção de uma empresa são fixos excepto
o factor trabalho, o que implica que se está numa situação de curto prazo. Neste momento pode
colocar-se a questão: se se aumentar consecutivamente o número de unidades de trabalho, qual
vai ser a resposta da quantidade produzida na empresa?
Uma primeira resposta intuitiva será a de que a produção deverá aumentar. Ainda que
seja isso que se espera, essa situação pode não ocorrer a partir de determinada altura. Para ajudar
a explicar este e outros conceitos, recorre-se a uma função de produção específica dada por:
3
𝑄 = − 𝐿3 + 5𝐿2 + 60𝐿
4
Graficamente é possível representar esta função na Figura 2.1. Num largo intervalo de
output, o comportamento é na realidade o esperado, com a produção a aumentar à medida que a
quantidade de trabalho também aumenta. No entanto essa situação deixa de ocorrer a partir de
determinado momento. Calculando o máximo da função, esse valor obtém-se quando L é
aproximadamente igual a 7,844 sendo que a partir daí o valor da produção começa a decrescer.
Esse decréscimo pode estar relacionado com um certo congestionamento do factor capital. Um
exemplo concreto é uma situação onde a contratação de mais unidades de trabalho não só não
acrescentam nada à produção como podem também, em casos extremos, vir a diminuir esse valor
(por exemplo devido ao facto de irem atrapalhar aquilo que outros já estarão a fazer).
Ao nível da teoria da produção, há outros dois conceitos fundamentais: o de produto médio
e o de produto marginal. Os conceitos também são conhecidos como produtividade média e
produtividade marginal.

7
Figura 2.1 Representação
gráfica da função de
produção

O produto médio não é mais do que o produto por unidade de factor (no caso utilizado, o
produto por unidade de trabalho). Como qualquer média, não significa que todas as unidades de
trabalho produzam o mesmo.
Formalmente, o produto médio (PM) é dado por:
PM = Produto .
Quantidade de factor

No caso do produto médio por unidade de trabalho, é possível escrever:


𝑸
𝑷𝑴𝑳 = 𝑳
Este cálculo é generalizável para qualquer outro factor de produção.

No que diz respeito ao produto marginal (Pmg), este significa a variação da quantidade
produzida que é obtida por se utilizar mais uma unidade de factor (no caso em particular, por se
contratar mais uma unidade de trabalho). Formalmente é possível escrever:
ΔProduto
Pmg =
ΔQuantidade de factor

Sendo que no caso específico do produto marginal do factor trabalho é possível escrever
𝚫
𝑷𝑴𝑮𝑳 = 𝚫𝐋
Também este cálculo é generalizável para outros factores de produção.
A determinação do produto marginal, numa situação em que a função de produção está
tabelada, por exemplo, significa que, significa que o seu cálculo pode ser feito através da diferença
dos valores tal como descrito na fórmula anterior. No entanto, caso a função seja contínua, deve
utilizar-se o cálculo diferencial. Neste caso, tem-se então que:
PmgL .
∂L

A partir da função identificada inicialmente, é possível então escrever as funções de


produto médio e produto marginal do trabalho do seguinte modo: A representação gráfica destas
funções pode ser consultada na Figura 2.2. Desta figura, realce para algumas questões que são

8
possíveis de observar. A análise individual do produto médio e do produto marginal permite
identificar que numa primeira fase ambos crescem, atingindo um valor máximo e decrescendo em
seguida. Além disso, as curvas interceptam-se e evidenciam uma relação que existe sempre que
se calcula o valor médio ou o valor marginal para uma determinada variável: sempre que o valor
marginal está acima do médio, a média sobe (é o que acontece até ao ponto em que as curvas se
intersectam); pelo contrário, quando o valor marginal está abaixo do médio, a média desce
(verificando-se esta situação, neste caso, após a intersecção). Neste caso isso acontece quando
o valor de L é igual a 10/3.

Figure 2.2 representação


gráfica do produto médio e
do produto marginal

É também importante compreender o comportamento do produto marginal. Esta função


vai tomar o valor máximo no ponto da inflexão da curva do produto total, ou seja, no ponto em que
a produção deixa de crescer a valores crescentes (isto é, o produto marginal aumenta) e passa a
crescer mas a valores decrescentes (isto é, o produto marginal diminui). Neste exemplo isso
acontece no caso em que L iguala 2/9. Além disso, o produto marginal é igual a zero no ponto em
que o produto total é máximo: isso significa que, nessa situação, qualquer variação infinitesimal
da quantidade de factor não vai afectar a quantidade de produto. Quando o produto decresce com
o aumento da quantidade de factor, o produto marginal torna-se negativo.
O facto de o produto marginal ser decrescente é aquilo a que os economistas chamam de
lei dos rendimentos marginais decrescentes: à medida que se aumenta a quantidade de um factor,
mantendo os restantes factores fixos, a produção aumenta mas a um ritmo cada vez menor. É por
isso que a curva do produto marginal é negativamente inclinada a partir de certo ponto. No entanto,
é fundamental perceber que isso não significa que o produto está a decrescer: o que acontece é
que o produto aumenta mas a ritmos que são cada vez menores. A produção só começa a
decrescer quando o produto marginal for negativo (no caso exemplificado isso só acontece a partir
da sétima unidade de trabalho que a empresa contrata).
A lei dos rendimentos marginais decrescentes é um conceito associado ao curto prazo em
termos microeconómicos por ter implícita a existência de factores fixos.
Além da relação anteriormente definida entre produto médio e marginal, que deriva das
propriedades matemáticas das funções, há ainda mais uma relação que é fundamental
compreender, de onde resulta a identificação das três etapas do processo produtivo.
A primeira etapa vai até ao ponto em que produto marginal e produto médio são iguais. A
segunda etapa de produção começa nesse ponto e vai até ao ponto em que o produto marginal é
nulo (ou seja, quando o produto total é máximo) sendo que a partir daí se está na terceira etapa

9
de produção. De acordo com o exemplo que tem sido utilizado, a Figura 2.3 identifica essas etapas
de produção.

Figure 2.3 Identificação das


três etapas do processo
produtivo

Numa situação em que se pretende maximizar o lucro, a empresa deve estar na etapa de
produção II. Por um lado, a etapa III é uma zona em que o acréscimo do factor variável (neste
caso o trabalho) conduz a uma descida do nível de produção. Como tal esta situação é prejudicial
para o funcionamento da empresa. No caso da etapa de produção I, o aumento do factor trabalho
adiciona mais ao produto total do que a média das unidades anteriores. Por esse motivo, a
empresa terá um nível de lucro maior se utilizar mais unidades do factor variável do que as
correspondentes ao final da etapa de produção I.
2.3 A DECISÃO ÓPTIMA DO PRODUTOR COM UM FACTOR VARIÁVEL
Observando as três etapas do processo produtivo, facilmente se conclui que um produtor
racional não irá produzir na etapa III porque estará a desperdiçar recursos. Sendo ainda prematuro
identificar o ponto onde o produtor maximizará o seu lucro, já que esse será o seu objectivo último,
podemos já adiantar que essa maximização ocorrerá na etapa II, como se verá no Capítulo 9.
Considere, por agora, que o produtor sabe o comportamento do seu factor variável, neste
caso o comportamento de PmgL. Como se teve oportunidade de ver em capítulos anteriores, em
Economia a tomada de decisão óptima por parte de um agente é feita quando o benefício marginal
iguala o custo marginal. Considerando uma empresa com uma quantidade de factor capital fixa e
o trabalho como sendo o factor variável, a última unidade de trabalho é o elemento que vai permitir
fazer a análise referida. Essa unidade de trabalho pode referir-se à contratação de trabalhadores
mas também ao número de horas de trabalho contratadas adicionalmente.
Importa então fazer a análise em relação à última unidade de trabalho contratada.
Intuitivamente poder-se-ia dizer que o benefício dessa contratação será o que essa unidade de
trabalho adiciona ao produto, ou seja, o quantitativo identificado por PmgL. Contudo, não é
totalmente correcto fazer esta afirmação. Na realidade, o benefício do produtor é o valor que ele
consegue obter no mercado com esse produto marginal. Assim, considerando P como o preço do
produto, o benefício da contratação da última unidade de trabalho é dado por P.PmgL. Note-se
que o preço do produto é determinado no mercado, não tendo a empresa qualquer poder para
influenciar esse preço.
Tem-se então que o valor da produtividade marginal é o benefício da contratação da última
unidade de trabalho, sendo que há que identificar qual é então o custo dessa contratação. Esse
custo não é mais do que aquilo que a empresa tem que pagar pela sua contratação, ou seja, o seu

10
salário (representado por w, do termo anglo-saxónico wage). Portanto o óptimo ocorre quando
P.PmgL = w.
É importante que nos retenhamos neste ponto por uns momentos, para evitar algumas
confusões. A identificação desta condição pode levar à conclusão errada de que a empresa não
tem lucro, visto que identifica uma situação em que o benefício iguala o custo. Esta última
afirmação não está totalmente correcta. De facto verifica-se que o benefício iguala o custo, ou
seja, o lucro é nulo, mas apenas no caso da última unidade de trabalho contratada. Todas as
unidades de trabalho contratadas anteriormente estão a permitir à empresa ter lucro. Nota para o
facto de que existem nas frases anteriores duas palavras em itálico visto que a responsabilidade
não é da última unidade de trabalho contratada em si mas sim da tecnologia utilizada e do facto
de a mesma comprovar a existência da lei dos rendimentos decrescentes.
Perante a situação identificada anteriormente, é possível verificar duas situações
diferentes de desequilíbrio, ou seja, P.PmgL > w ou P.PmgL < w.
Considere-se inicialmente a situação em que P.PmgL > w. Isto significa que a última
unidade de trabalho contratada está a dar um benefício líquido à empresa que é superior ao seu
custo. De acordo com o que foi explicado anteriormente, a empresa deverá contratar mais factor
trabalho, até chegar ao equilíbrio. É possível fazer esta interpretação de outro modo: uma vez que
tanto P como w são definidos pelo mercado, o óptimo só pode verificar-se quando o valor de PmgL
se reduzir. Assumindo que se verifica a lei dos rendimentos marginais decrescentes, situação que
é coerente com o óptimo da empresa, isso só pode acontecer se se contratarem mais unidades
de trabalho.
Obviamente, a situação inversa acaba por ter uma explicação semelhante. No caso de se
verificar a situação oposta (P.PmgL < w), isso significa que a última unidade de trabalho contratada
representa um custo para a empresa que é superior ao benefício que a empresa consegue obter
pela sua contratação, pelo que para chegar ao óptimo a empresa teria que reduzir o factor trabalho.
Fazendo a segunda análise, será necessário à empresa fazer aumentar o valor de PmgL o que,
verificando-se a lei dos rendimentos decrescentes, apenas é possível reduzindo a quantidade
contratada de trabalho.
Note-se que esta análise apenas pode ser feita considerando um factor variável e o (s)
restante(s) fixo(s). Naturalmente, se o factor considerado for outro, o tipo de análise é o mesmo.
Por exemplo, se o factor variável em causa for o capital (K) o óptimo ocorre quando P.PmgK = r,
sendo r a taxa de juro (o preço do capital).
De reforçar que toda a análise feita nesta secção, na medida em que considera a
existência de factores fixos, é feita no âmbito do curto prazo microeconómico.

11
2.4 ISOQUANTA E ISOCUSTO
A teoria do produtor tem muitas semelhanças e analogias com a teoria do consumidor
analisado nos trabalhos dos grupos nº 1 à 5. Ainda que as análises tenham na génese
problemáticas diferentes, as parecenças (semelhanças) são muitas e tanto maiores se se
considerar uma empresa como estando no longo prazo em termos microeconómicos, ou seja,
quando todos os factores são variáveis. É este tipo de análise, a longo prazo, que é utilizada nesta
secção.
Um produtor, conhecedor da sua tecnologia, sabe que pode utilizar diferentes
combinações de trabalho e de capital para obter o seu produto. Suponha que as possibilidades de
produção A e B são identificadas, sendo que no primeiro caso a empresa utiliza muito capital e
pouco trabalho e que, no segundo caso, acontece a situação inversa. O produtor conclui que
ambas as combinações permitem chegar à mesma quantidade de produto (Q1) e identifica, ainda,
todas as combinações de factores que permitem alcançar essa quantidade de produto, unindo
finalmente esses pontos. Esta situação, descrita na Figura 2.4, é a identificação de uma isoquanta:
o conjunto de diferentes combinações de factores de produção que permitem alcançar o mesmo
nível de produto.

Figure 2.4 Identificação de


uma Isoquanta

Tal como o consumidor não tem apenas uma curva de indiferença, também o produtor não
tem apenas uma isoquanta, podendo-se identificar um mapa de isoquantas como o da Figura 2.5
que apresentam a mesma particularidade de, quanto mais afastadas da origem, maior é o nível
de produção que se obtém (ou seja, Q3 > Q2 > Q1 > Q0). No entanto, ao contrário do que acontece
com os níveis de utilidade nas curvas de indiferença do consumidor, que não têm um significado
cardinal, os níveis associados ás isoquantas têm-no: trata-se do volume de produção.
Além do conceito de isoquanta é também importante definir o conceito de isocusto, que se
refere às diferentes combinações de factores que geram o mesmo custo à empresa.
O conceito em si é muito semelhante ao da restrição orçamental do consumidor.
Considere-se uma situação em que uma empresa tem um orçamento de USD 10.000 Supondo

12
que o custo unitário do capital (r) é igual a USD 1.000e o custo de cada unidade de trabalho (w) é
igual a USD 500, a empresa sabe que o máximo que consegue utilizar de capital é 10 unidades
(no caso de utilizar apenas esse factor de produção) enquanto, utilizando apenas trabalho,
consegue utilizar 20 unidades. Além disso, é possível utilizar várias combinações lineares dos
factores que tenham o mesmo custo. Por exemplo, 9 unidades de K e 2 de L ou 5 unidades de K
e 10 de L, entre infinitas outras combinações (considerando que é possível fazer a divisibilidade
dos factores). Genericamente, a função de isocusto é então cada por C = rK + wL. Considerando
K no eixo vertical e L no eixo horizontal, o isocusto cruza o eixo vertical no ponto C/r e o eixo
horizontal no ponto C/w tendo ainda declive − wr . Ou seja, é possível identificar uma recta de
isocusto genérica como a da Figura 2.6.

Figure 2.5 Mapa de


Isoquantas

A recta da Figura 2.6 representa um determinado valor para o custo, sendo possível que
este seja alterado. Por um lado a posição da recta, nomeadamente a intersecção com cada um
dos eixos, depende do valor dos preços dos factores. Por exemplo, a variação do preço de um
dos factores, faz alterar o posicionamento nesse eixo. Considere-se o caso em que o salário
aumenta de w0 para w1. Em termos práticos isso significa que, se a empresa utilizar apenas esse
factor, e perante o mesmo orçamento, terá menos possibilidades de adquirir unidades de trabalho.
No fundo o que acontece é uma contracção do isocusto no eixo horizontal, como se pode ver na
Figura 2.7, tornando-se a isocusto mais inclinada (o rácio w/r é maior).

K K
Figure 2.6 Representação de
um Isocusto

Figure 2.7 Efeito do aumento


do preço do factor trabalho

13
A alteração da configuração da isocusto pode ocorrer devido à variação de um ou do outro
preço. Se ao contrário do indicado anteriormente a variação for no sentido da diminuição do preço
do factor, então a curva alarga-se no eixo correspondente a esse factor. Mas nada obriga a que a
alteração seja apenas no preço de um factor; pode ocorrer simultaneamente uma variação no
preço de ambos os factores. Nesse caso movimentam-se as intersecções em ambos os eixos e,
se a alteração não for na mesma proporção, também a inclinação da isocusto se altera. Por
exemplo, considerando um aumento de ambos os preços mas maior no factor trabalho, então a
alteração da isocusto é semelhante à representada na Figura 2.8.
K

C/r0

Figure 2.8 Efeito de um C/r1


aumento em ambos os
factores de produção

Há ainda a situação particular da possibilidade de variação do preço dos factores na


mesma proporção. Nesse caso, a deslocação da isocusto é uma deslocação paralela (para cima
no caso da descida dos preços e para baixo no caso do seu aumento). A alteração é
qualitativamente semelhante a uma variação no orçamento propriamente dito. Por exemplo, se por
qualquer motivo uma empresa tiver um maior orçamento num determinado momento isso implica
uma recta de isocusto mais à direita da anterior (ver Figura 2.9). Isso significa que curvas de
isocusto mais longe da origem significam custos maiores para a empresa, ao contrário de
isocustos que estejam localizados mais próximo da origem.
K

Figure 2.9 Efeito de um


aumento no orçamento

14
2.5 TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO TÉCNICA E A DECISÃO DO PRODUTOR
A LONGO PRAZO
Na secção anterior foram identificadas algumas semelhanças entre a teoria do
consumidor e a teoria do produtor, nomeadamente entre as curvas de indiferença e as
isoquantas assim como entre a restrição orçamental e o isocusto. Estas semelhanças conduzem
também a situações parecidas que serão identificadas nesta secção.

Uma outra dessas parecenças é a taxa marginal de substituição técnica (TMST). Esta taxa
mostra a forma como a empresa pode fazer a troca entre os dois factores de produção
considerando que se mantém o mesmo nível de produção, isto é, que a empresa está a passar
de um ponto da isoquanta para outro.

Formalmente é possível apresentar a TMST como:

TMSTK ,L PmgL .
ΔL ∂L PmgK

Havendo substituibilidade entre factores, a TMST tem a particularidade de ser sempre


negativa uma vez que, no pressuposto de se manter a mesma produção (ou numa mesma
isoquanta), se um dos factores produtivos aumentar obrigatoriamente a utilização do outro terá
que diminuir. No entanto, e perante a configuração das isoquantas apresentadas anteriormente,
há ainda uma característica adicional, nomeadamente o facto de a TMST ser decrescente em valor
absoluto. Isso significa que à medida que se utilizam mais unidades de um dos factores de
produção (neste caso o trabalho), o outro factor tem cada vez maior valor relativo, pelo que tem
que se desistir de cada vez menos unidades desse factor (capital). Esta situação pode ser
consultada na Figura 2.10 onde se verifica que à medida que aumentamos o factor L sempre no
mesmo valor, se desiste de cada vez menos unidades de K, mantendo-se a mesma produção.
Isso significa que a isoquanta é convexa.

Figure 2.10 TMST decrescente


em valor absoluto

15
A TMST só pode utilizar-se quando os factores são substitutos, sendo esta a relação
existente no caso das isoquantas apresentadas anteriormente. Uma outra possível configuração
gráfica para as isoquantas é serem lineares. Nesse caso os factores são substitutos perfeitos. A
TMST continua a ser negativa mas tem a particularidade de ser constante. É também possível
existirem situações em que os factores de produção sejam complementares perfeitos (onde a
utilização dos factores para a produção é feita em proporções constantes e utilizando
simultaneamente ambos os factores), situação onde não havendo substituibilidade, não faz sentido
calcular a TMST. A Figura 2.11 exemplifica isoquantas deste tipo (à esquerda substitutos perfeitos
e à direita complementares perfeitos).
Um exemplo de factores de produção substitutos perfeitos pode ser encontrado numa
empresa que utilize um sistema de aquecimento para edifício, sendo que o combustível a utilizar
pode ser gás natural ou fuel-óleo. A empresa optará pelo combustível que for relativamente mais
barato, isto é, aquele que permite ter um custo menor ponderando o preço e a eficiência do
combustível em causa. Por seu turno, um exemplo de factores de produção perfeitamente
complementares pode ser encontrado numa empresa industrial que trabalhe com 3 turnos diários
e em que, numa determinada secção, cada máquina existente na secção necessite de um operário
fabril. Isso significa que por cada máquina que exista na secção terão que existir três
trabalhadores.

L L

Figure 2.11 Isoquanta de factores substitutos perfeitos (à esquerda e


de factores complementares perfeitos (à direita))

Além da interpretação identificada anteriormente, a TMST também pode ser interpretada


como o declive da isoquanta num determinado ponto, com uma interpretação semelhante à da
TMS feita no capítulo anterior. Porque as intuições são semelhantes não se repete exaustivamente
esse raciocínio neste capítulo.
Sendo assim, identificando uma empresa qual a quantidade que vai produzir (por exemplo,
identificando o número de encomendas que tem ou a quantidade de produtos que pensa conseguir
vender), conhecendo também as diferentes combinações que lhe permitem alcançar o mesmo
nível de produção (isoquanta), qual deve ser então a escolha óptima de uma empresa? Perante
este cenário, claramente a empresa pretende utilizar a combinação que lhe minimiza o custo, ou
seja, o ponto de tangência entre a isoquanta que pretende alcançar e a isocusto situado o mais
abaixo possível. A Figura 2.12 ilustra essa decisão face a uma determinada isoquanta de
quantidade de produção Q, sendo o equilíbrio o ponto E. Este equilíbrio é único. Na isocusto
mais abaixo a empresa não conseguirá satisfazer as suas encomendas sendo que na isocusto

16
mais alto, como a empresa produz a mesma quantidade Q (por estar na mesma isoquanta), ela
apresenta um custo que é superior.
Formalmente o equilíbrio é dado pela tangência da isoquanta com o isocusto, ou seja,
quando os declives são iguais: o que significa que a TMST é igual ao rácio dos preços dos factores
de produção. De outra forma, é o mesmo que ter:

𝑃𝑚𝑔𝑙 W
=
𝑃𝑚𝑔𝑘 𝑟
K

Figure 2.12 Ótimo para a


empresa

Chama-se a atenção neste ponto para uma situação em particular. Até aqui apresentou-
se o problema do produtor como tendo identificado a quantidade a produzir sendo que,
posteriormente, pretende minimizar o custo de produção dessa quantidade. Ou seja, como referido
anteriormente, encontrar o custo mais baixo em relação à isoquanta que pretende alcançar. No
entanto o problema do produtor pode ser visto de outro prisma. Na realidade, há situações em que
as empresas têm um determinado orçamento para gastar e, nesse caso, o objectivo pode passar
por produzir o máximo que é possível (assumindo que consegue escoar o produto). Nesse caso o
problema é diferente uma vez que a empresa pretende chegar à isoquanta mais alta possível que
seja coerente com o orçamento que tem. No entanto, a solução é qualitativamente semelhante
uma vez que passa também pela tangência entre uma isoquanta e uma isocusto, ou seja,
igualando os declives de ambas. Estas duas soluções, dual e primal, serão abordadas na secção
seguinte.
Sendo que o equilíbrio é dado pela igualdade da TMST com o rácio dos preços, é possível
𝑷𝒎𝒈 𝐖 𝑷𝒎𝒈 𝐖
ter duas situações distintas de desequilíbrio: 𝑷𝒎𝒈 𝒍 > 𝒓 𝒐𝒖 𝑷𝒎𝒈 𝒍 < 𝒓 . Para cada uma delas é
𝒌 𝒌
possível analisar o desequilíbrio de duas formas diferentes.
Uma vez que os valores de w e r são definidos no mercado dos factores de produção, o
primeiro caso de desequilíbrio só é resolvido se o rácio em causa diminuir. Isso obriga a que
diminua o valor de PmgL e/ou aumente o valor de PmgK. Como identificado em situações
anteriores, de acordo com a lei dos rendimentos decrescentes isso só pode acontecer se se
17
aumentar a utilização do factor trabalho e/ou se diminuir a utilização do factor capital. Mas esta
interpretação pode ser feita de outra forma.
Essa mesma situação de desequilíbrio significa que o declive da isoquanta é superior ao
declive do isocusto. Graficamente, e recorrendo à Figura 2.12, é uma situação como a do ponto A
que já havia sido identificada como sendo de desequilíbrio (porque seria possível produzir o
mesmo com um custo menor). Olhando para o gráfico, para alcançar o óptimo a empresa teria que
se movimentar do ponto A para o ponto E o que não é mais do que aumentar a utilização de L e
diminuir a utilização de K.
𝑷𝒎𝒈𝒍 𝐖
Obviamente a situação em que se verifica 𝑷𝒎𝒈𝒌
>
𝒓
configura um cenário oposto: para
voltar ao equilíbrio é necessário que aumente o produto marginal de L e/ou que diminua o produto
marginal de K. Isso só pode ocorrer reduzindo a utilização do factor trabalho e aumentando a
utilização do factor capital. Por outro lado, se o rácio das produtividades marginais for inferior ao
rácio dos preços isso significa que o declive da isoquanta é inferior ao da isocusto, o que identifica
como estando presente num ponto como o ponto B da Figura 2.12 onde, com o objectivo de se
dirigir para o óptimo, a empresa terá que diminuir a utilização do factor trabalho e aumentar a do
factor capital.
2.6 RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DO PRODUTOR
Para ilustrar o que foi referenciado na Secção 2.5, utiliza-se um exemplo concreto.
Considere-se então uma empresa com uma função de produção dada por Q = 2L0,4K0,2. Sabe-se
ainda que o custo de cada unidade de capital é igual a 5 u.m. e o custo de cada unidade de trabalho
é igual a 10 u.m..
Num determinado mês, a empresa em causa recebeu um total de encomendas de 100
unidades pretendendo o gestor saber qual a combinação óptima de factores que deve usar, de
modo a minimizar o custo de produzir aquelas 100 unidades. O que se pretende é uma solução
semelhante à anteriormente descrita na Figura 2.12, em que se sabe que Q é igual a 100 e
pretende-se ter o custo mais baixo possível. No fundo pretende-se saber o ponto E.
Uma vez que tem que se cumprir a restrição da produção ser igual a 100 unidades, então
o óptimo encontra-se substituindo K=L nessa restrição. Assim, o resultado óptimo é dado por K =
L = 678,6 o que equivale a um custo total de 10.179 u.m. Esta é a solução da abordagem dual ao
problema do produtor. A abordagem apresentada a seguir designa-se problema primal.
Considere agora que no mês seguinte ficou definido que a empresa poderia gastar um
total de 12.000 u.m. Nesse mês as encomendas não estavam limitadas mas sabe-se que aquilo
que for produzido tem capacidade para ser escoado. Como tal, o objectivo da empresa é o de
maximizar a quantidade produzida cumprindo o orçamento em causa, ou seja:
Do processo de maximização sabe-se que a condição é igual à do problema anterior, ou
seja, TMST=w/r, pelo que obviamente também se cumpre esta condição com K = L (uma vez que
nenhum dos elementos do problema se alterou). Neste caso, como a condição a cumprir é a do
custo, substitui-se K = L em 12.000 = 5L + 10 K pelo que se obtém valores de L e K iguais a 800.
Neste caso o nível de produção Q vai ser igual a 110,38 o que é coerente com o resultado anterior,

18
uma vez que, aumentando o orçamento em relação ao custo identificado anteriormente, a empresa
sabe que pode produzir mais.
A Figura 2.13 ilustra a diferença de abordagem dos dois problemas anteriores. No primeiro
caso a empresa tem um nível de produção fixo, e o seu objectivo prende-se em atingir o isocusto
mais baixo possível, ou seja, o custo mais baixo que seja coerente com o nível de produção Q =
100. É o que está identificado no painel do lado esquerdo, com as setas a tracejado a identificarem
que o objectivo da empresa é ter a isocusto mais abaixo possível.
Pelo contrário, no segundo problema o que se tem é um custo pré-definido igual a 12.000
u.m. pelo que nessa situação a empresa quer produzir o máximo possível, ou seja, encontrar a
isoquanta mais afastada da origem e que seja compatível com o custo definido (painel à direita da
Figura 2.13).
Note que, no caso de se pretender maximizar a produção Q com um orçamento igual a
10.179 u.m., a solução teria que ser, necessariamente, Q=100. Este é um resultado que é
explicado pela dualidade na teoria do produtor, temática esta que, estando fora do âmbito
introdutório da Microeconomia, fará parte de outro volume.

Figura 2.13 Diferença de abordagem dos


problemas: do lado esquerdo um problema
de minimização do custo (dual) e do lado
direito um problema de maximização da
produção (primal)

2.7 RENDIMENTOS À ESCALA


Neste capítulo foi analisado um conceito importante da teoria do produtor que é o conceito
de lei dos rendimentos marginais decrescentes. Relembrando este conceito, o mesmo indica que,
à medida que uma empresa aumenta a quantidade de um factor de produção, mantendo os outros
constantes, a produção aumenta mas a um ritmo cada vez menor. Relembra-se este conceito
porque por vezes o mesmo é confundido com um outro: o conceito de rendimentos à escala.
Enquanto no caso da lei dos rendimentos marginais decrescentes se faz variar apenas um
dos factores de produção, no caso dos rendimentos à escala temos que todos os factores de
produção variam na mesma proporção. Assim, enquanto o conceito de rendimentos marginais
decrescentes é um conceito de curto prazo, o de rendimentos à escala é um conceito de longo
prazo.
O tipo de rendimentos à escala de uma função pode ser analisado recorrendo ao conceito
de homogeneidade de uma função. Uma função é homogénea de grau b se for possível escrever
19
f(aX) = ab f(X), ou seja, se se multiplicar as variáveis da função por uma constante a e for possível
colocar essa função como proporcional à função original, a função é homogénea. O tipo de
rendimentos à escala está então relacionado com o grau de homogeneidade b: se b for inferior a
1 a função apresenta rendimentos decrescentes à escala significando que a produção aumenta
proporcionalmente menos do que o aumento dos factores; se b for superior a 1 a função apresenta
rendimentos crescentes à escala, ou seja, face ao aumento na mesma proporção dos factores a
produção aumenta mais do que essa proporção; se b for igual a 1 significa que a produção
aumenta na mesma proporção que o aumento dos factores, apresentando a função de produção
rendimentos constantes à escala nesse caso.
Neste caso a função de produção é homogénea de grau 0,6. Isso significa que, quando
os factores de produção aumentarem todos numa proporção, a produção cresce mas apenas 0,6
vezes essa proporção, pelo que a função apresenta rendimentos decrescentes à escala.
A questão dos rendimentos à escala é importante uma vez que tem implicações directas nos
custos da empresa. Por exemplo, uma empresa que exiba rendimentos crescentes à escala terá
economias de escala na função custos (isto é, custos médios de longo prazo que são
decrescentes). Quanto mais extensas forem essas economias de escala, menor será o número de
empresas que serão viáveis numa indústria, dada uma procura de dimensão fixa. Estes elementos
apresentados no próximo capítulo.

CAPITULO 3- TEORIA DO PRODUTOR NA OPTICA DOS CUSTOS


3.1 ANÁLISE DE CURTO PRAZO: DEDUÇÃO DA CURVA DE CUSTOS A PARTIR DA
CURVA DE PRODUTO TOTAL
Como se viu, uma função de produção é um modelo de tecnologia que relaciona a
quantidade de factores de produção (admitamos que são apenas capital e trabalho) com a
quantidade máxima de output que deles é possível obter. Esta definição tem implícito, portanto, o
conceito de eficiência de Pareto, já que, com a mesma quantidade de inputs não é possível obter
mais output. Admitimos, pois, que não existe desperdício no processo produtivo. Em geral, a
função de produção é da forma Q = f (K, L) com Q >0 .
A curto prazo, a quantidade de capital é constante, pelo que a função passa a ser apenas
uma relação entre a quantidade de trabalho e a quantidade produzida, relação essa conhecida por
curva de produto total, cujas características foram já estudadas nas Secções 2.1 e 2.2.
Ao custo de aquisição do capital, chamaremos custo fixo (CF), já que será o custo em que
se incorre com a aquisição das unidades de capital (factor fixo). Esse custo existe mesmo que não
se produza. Então, se cada unidade de capital tiver um custo de, digamos 10 u.m, podemos dizer
que CF = 50 u.m.
Ao custo com o trabalho, chamaremos custo variável (CV), já que é um custo de aquisição
do factor variável e depende da quantidade de produto que se pretenda obter. Se não houver,
produção, L = 0 e consequentemente CV = 0. Mas admitamos que cada unidade de trabalho tem
um custo de 20 u.m. Então,

20
CV =20L No entanto, o que é importante é a relação entre o custo variável e a quantidade
produzida, ou seja: Q é determinado por L e L determina CV, mas interessa encontrar a relação
entre Q e CV. Chamaremos função custo à relação entre essa produção e o custo total dos factores
(CT), ou seja, o total dos custos, fixos e variáveis:
C (Q) =CT = CF +CV(Q) .
A Figura 3.1 esquematiza estas relações.

Figura 3.1 Relação entre as


variáveis no modelo de
produção e custos a curto
prazo

Para perceber como se passa da curva de produto total para a função custos, atente-se à Tabela
3.1. Nesse quadro, estão calculados alguns valores (4 ≤L ≤ 9) para os custos variáveis e para os
custos totais, a partir da curva de produto total do exemplo referido. Por exemplo, se forem
utilizadas 6 unidades de trabalho, o output obtido será de 378 unidades, a que corresponde um
custo variável de 120 unidades monetárias, admitindo que cada unidade de trabalho recebe um
salário igual a 20 u.m. Se o custo de capital for 50 u.m., então o custo total que resulta da produção
das 378 unidades de produto será igual a 170 u.m.
A relação entre a coluna Q e a coluna CV é a função custos variáveis. A relação entre Q e a coluna
CT é a função custos totais. O gráfico da Figura 3.2 ilustra estas funções.
Os gráficos da Figura 3.2 lêem-se a partir do canto superior esquerdo, onde observamos a curva
de produto total. No eixo vertical lê-se a quantidade de output. Tomando um valor, por exemplo,
Q=378 conforme assinalado pela linha tracejada, podemos ver que o valor L= 6 correspondente,
lido no eixo horizontal, pode ser transferido para o gráfico imediatamente abaixo, para o associar
nesse quadrante ao valor do custo variável, ou seja, 120, lido no eixo vertical. O valor do output,
Q=378 pode ser transferido para o gráfico do canto superior direito para fazer uma rotação do eixo
e passa-lo para o gráfico no canto inferior direito, onde se pode associar imediatamente esse valor
Q=378 ao custo variável CV=120, construindo um ponto do gráfico do custo variável, representado
no canto inferior direito. Utilizando este processo para todos os pontos, podemos construir o gráfico
do custo variável, ponto a ponto, a partir da curva de produto total, pelo que se vê que o andamento
da curva de custos variáveis reproduz o andamento da curva de produto total, quase como se
fosse uma imagem em espelho.

21
L Q CF CV=wL CT=CF+CV
4 272 50 80 130
4,5 302,91 50 90 140
5 331,25 50 100 150
5,5 356,47 50 110 160
6 378 50 120 170
6,5 395,28 50 130 180
7 407,75 50 140 190
7,5 414,84 50 150 200
8 416 50 160 210
8,5 410,66 50 170 220
9 398,25 50 180 230

Figura 3.2 Obtenção da


curva de custos variáveis
por transformação de
valores da curva de
produto total

Ao desenhar a curva de custos variáveis, é frequente descartar a zona que sofre uma
inflexão para a esquerda, marcada com uma sombra no gráfico, porque é a que corresponde à
etapa III do processo produtivo, onde a produção não é eficiente, como já viu no Capítulo 2. No
nosso exemplo, isso acontece para L > 8 , ou seja depois do máximo da curva de produto total
(que ocorre na produção de Y = 416 aproximadamente).
Os gráficos da Figura 3.3 exibem os comportamentos estilizados de uma curva de produto
total e de uma curva de custos variáveis.

22
A diferença entre o custo variável e o custo total é uma constante igual ao custo fixo, seja
qual for a quantidade produzida, ilustração feita na Figura 3.4, descartando a zona correspondente
aos custos na etapa III do processo produtivo.

Figura 3.3 À esquerda, andamento


da curva de produto total com as 3
fases do processo produtivo e à
direita, a correspondente curva de
custos variáveis

LMax QMax

Figura 3.4 Custos totais, custos


variáveis e custos fixos

3.2 CUSTO MÉDIO E CUSTO MARGINAL: A GEOMETRIA DOS CUSTOS


À semelhança da análise feita no Capítulo 2, é bastante importante distinguir entre os
conceitos de custo médio e de custo marginal, já que serão fundamentais para o estudo da escolha
óptima do produtor.
Define-se custo variável médio como o custo variável por unidade produzida, ou seja:
CVM = CV .
Q
Por seu turno, define-se custo total médio, ou simplesmente custo médio, como o custo
total por unidade produzida, ou seja:
CTM = CT .
Q

Finalmente, CFQ será o custo fixo médio (CFM).

23
Por definição de custo total, CT =CF +CV , é sempre verdade que, dado um certo output
Q:
CTM =CFM +CVM .
Como o custo fixo, por definição, é constante, é também verdade que CFM se vai
reduzindo à medida que aumenta a quantidade produzida: uma empresa que tenha feito um
grande investimento em capital, terá interesse em produzir uma grande quantidade, porque isso
vai fazer reduzir o custo por unidade produzida. Não será rentável, portanto, fazer um grande
investimento inicial em instalações para depois produzir uma quantidade pequena. Imaginemos
uma linha de montagem de automóveis: só vale a pena investir na construção da fábrica, se o
objectivo for produzir uma grande quantidade, porque se produzisse poucas unidades, cada uma
teria um custo médio enorme e seria difícil encontrar consumidores dispostos a pagar um preço
unitário que permitisse à empresa obter lucro com o negócio. Como CFM se vai reduzindo, para
grandes quantidades produzidas o valor de CTM aproximar-se-á do valor de CVM.
3.3 ANÁLISE DE LONGO PRAZO: RELAÇÃO ENTRE CUSTOS MÉDIOS DE LONGO
PRAZO E AS CURVAS DE CURTO PRAZO
A longo prazo todos os custos são variáveis. É esta característica que define esse
horizonte cronológico. Isto significa que, como se viu nas Secções anteriores dada a quantidade
óptima de output a produzir, o produtor pode escolher a combinação de capital e de trabalho que
lhe minimiza os custos de produção. A quantidade óptima de output a produzir depende das
condições de mercado onde o produtor se insere. A Figura 3.5 esquematiza esta sequência de
relações no modelo de teoria do produtor, para uma quantidade oferecida Q* e um lucro π..
Curto Prazo

Procura
de
Trabalho
Estrutura no
de Mercado
Mercado de
do Factores
Produto
Procura de
K e de L
no
Mercado
de
Factores
Longo Prazo
(K variável)

Figura 3.5Esquematização do modelo da teoria do produtor

24
Uma vez que, a longo prazo, a estrutura de capital está disponível para a escolha do
produtor, já sabemos que ele vai escolher a situação que gera os custos mínimos.
Como se relaciona a curva de custo médio a longo prazo com as curvas de curto prazo
para diferentes níveis de capital? A curva de custo médio a longo prazo deve corresponder ao
custo médio da escolha óptima de capital e de trabalho para produzir uma certa quantidade de
output.

Q
Figura 3.6 Curvas de custo médio e
custo marginal a curto prazo para dois
níveis diferentes de capital K0 < K1

3.4 A RELAÇÃO ENTRE CUSTOS E LUCRO: O LUCRO ECONÓMICO E O LUCRO


CONTABILÍSTICO
Retomando as figuras anteriores ficamos a saber que as condições de mercado
determinarão o preço a que a empresa vai vender a sua produção e, por conseguinte, a quantidade
óptima a produzir. Admitindo que, para um determinado preço P, a produção óptima é Q*, a
empresa terá um certo custo que decorre da tecnologia utilizada e do preço dos factores de
produção. A receita das vendas subtraída dos custos totais, permite obter o lucro π= RT −CT .
Tendo em atenção que RT = PQ e que CTM = CTQ podemos escrever o lucro como:
π= RT −CT =Q P( −CTM).
A partir desta expressão, consegue perceber-se que a empresa terá lucro se o preço for
superior ao custo médio de produção e prejuízo caso contrário. Graficamente, o valor da expressão
p corresponde à área sombreada nas Figuras já mencionadas, pode ser positivo ou negativo, tal
como ilustrado.
O lucro calculado desta forma é o lucro económico, e é a diferença entre receitas totais e
custos totais. Não nos podemos esquecer que estes custos são compostos pelos custos dos
factores de produção, que correspondem aos custos de oportunidade da sua utilização: por
exemplo, o salário pago aos trabalhadores deve compensá-los do valor por eles atribuído à melhor
utilização alternativa do seu tempo, que eventualmente corresponderá à utilidade decorrente de
actividades de lazer. Claro que o salário pago pelas empresas será idêntico ao mínimo que os
trabalhadores estarão dispostos a receber para que trabalhar não seja uma escolha irracional.
Então, em equilíbrio, esse salário será exactamente igual ao custo de oportunidade do trabalho.

25
Figura 3.7 À esquerda, empresa com
lucro, à direita empresa com prejuízo

Em geral, o custo de um factor de produção será igual ao valor da sua melhor utilização
alternativa. Este custo pode ser de dois tipos:
 Um custo explícito, que consiste numa despesa e, portanto, num pagamento efectivo
 Um custo implícito, que não leva a um pagamento efectivo.

Um custo de oportunidade pode consistir num custo explícito, como seja o salário do
exemplo dado, mas também pode ser um custo implícito que não corresponde a uma despesa,
como seja o custo implícito do capital.
O custo implícito do capital, ou renda implícita, é o valor da melhor utilização alternativa
de determinado capital utilizado numa actividade produtiva.
Assim sendo, podemos concluir que um lucro económico será sempre menor ou igual a um lucro
contabilístico presente numa conta de demonstração de resultados.

3.5 ECONOMIAS DE ESCALA: RELAÇÃO COM A ESTRUTURA DE UMA INDÚSTRIA


Nas Secções anterior concluímos que os custos médios de longo prazo têm um formato
em U. Ao seu mínimo chama-se escala mínima eficiente. Enquanto os custos médios forem
decrescentes a longo prazo, dizemos que existem economias de escala. Quando os custos médios
são crescentes a longo prazo, dizemos que existem deseconomias de escala. Este conceito está
relacionado com o de O conceito de rendimentos à escala diz respeito ao efeito na quantidade
produzida que decorre de uma variação de todos os inputs em simultâneo e na mesma proporção.
Por seu turno, o conceito de economias de escala diz respeito ao comportamento do custo médio
de longo prazo quando a produção aumenta, conforme ilustrados nas figuras anteriores.

Figura 3.8 Economias e


deseconomias de escala; QEME
Corresponde à escala mínima
eficiente

26
São, portanto, coisas diferentes. Demonstra-se, no entanto, que tecnologias que exibam
rendimentos crescentes à escala dão origem a funções custo médio de longo prazo decrescentes,
ou seja, que exibem economias de escala, em certas condições.
A extensão das economias de escala determina a dimensão da escala mínima eficiente,
ou seja, o montante de output que minimiza os custos médios a longo prazo: QEME.
A dimensão da escala mínima eficiente depende da tecnologia e é fulcral para a
determinação do número de empresas viáveis num mercado e, portanto, para a intensidade da
concorrência que se vai verificar. Quanto maior a extensão das economias de escala, isto é, quanto
maior a dimensão de output até ao qual os custos médios decrescem em relação à dimensão da
procura, menor será o número de empresas que estão activas num mercado.

Figura 3.9 À esquerda, um mercado onde a EME é muito grande em relação à dimensão da
procura; à direita, um mercado onde a EME tem uma dimensão muito reduzida em relação
à procura

A Figura 3.9 mostra duas situações opostas em relação à dimensão da EME: à esquerda, a
quantidade de output associada à escala mínima eficiente é muito elevada proporcionalmente à procura.
Isto significa que os custos médios estão a diminuir até valores muito elevados de produção e não faz
sentido ter empresas que produzam em pequena escala: do ponto de vista dos custos de produção, fica
mais barato ter poucas empresas, ou até uma só empresa, a abastecer todo o mercado, do que ter a
quantidade que o mercado exige dispersa por muitas empresas, em que cada uma tem custos mais
elevados por produzir uma quantidade menor. Em situações deste tipo, tendencialmente os mercados têm
pouca concorrência e há poucas empresas activas.
O lado direito da Figura 3.9 mostra uma situação contrária, em que as economias de escala são
negligenciáveis. Neste contexto, não vale a pena uma empresa produzir uma quantidade muito grande:
quanto mais produzir, mais elevados serão os custos médios. É um contexto em que a produção que a
procura exige se deve dispersar por um maior número de empresas. Será, provavelmente, um mercado
onde a concorrência é feroz.
Há muitos factores que determinam o grau de concorrência num mercado: o número de empresas
activas, as características do produto, o tipo de variáveis estratégicas, etc., pelo que não são apenas as
economias de escala as responsáveis pelo número de empresas activas, mas têm um papel importante na
imposição de barreiras à entrada de empresas num mercado.

27
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em forma de conclusão, diríamos que toda e qualquer empresa produtora de bens ou
serviços, serve-se de inputs menos valorizados para transformá-los em outpts mais valorizados.
E que este processo transformador acarreta consigo custos e, como a empresa tem como
objectivo gerar o máximo de lucros possíveis, é necessário a minimização dos custos de produção.

28
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Princípios de_Microeconomia_revisto
CANO,W. Introdução à economia: uma abordagem crítica. São Paulo: Fundação Editora da
UNESP,1998.
CARVALHO, F. C, et al. Economia monetária e financeira: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Campus, 2000.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
FEIJÓ, Carmem et al. Contabilidade social: o novo sistema de contas nacionais do Brasil. Rio de
Janeiro: Campus, 2001.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,1999.
KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice. Economia internacional: teoria e política. 6. ed. São
Paulo: Makron Books, 2005.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas,
1993.
MANKIW, N. G. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2001.
PINDYCK , R. S.; RUBINFELD, D.L. Microeconomia. São Paulo: Makron Books,1994.

29
Conselho Editorial: Moisés João Paulo, Cristóvão Panda Miguel, Pedro Domingos, Adriano
Beto Manuel.
Suplentes: Kiako Eduardo, António Pedro Dala, Ambrósio Fernando Mahula, Paixão Pedro Luís

LIVROS DE CONSULTADOS

Carrera-Fernandez, José
Curso básico de microeconomia/ José
Carrera-Fernandez. – Salvador: EDUFBA,
2001,2006, 2009. 498 p.

Fundamentos de Microeconomia
Danilo Igliori (digliori@usp.br)

Princi�pios_de_Microeconomia_revisto

INTRODUÇÃO À ECONOMIA A AUTORA LENICE YPIRANGA BENEVIDES DE ARAÚJO


VIEIRA SÁ

Microeconomia. 2. Teoria microeconômica I. Título.

SYBER
Rua dos Funcionário Uíge, Syber
CrisMil Tel.: +244943003895
e-mail: moisesjoaop81@gmail.com

EDITORA- SYBER CRISMIL


2023/2024

30

Você também pode gostar