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Universidade Independente de Angola

Microeconomia
Ano lectivo de 2019
TEORIA DO PRODUTOR

TEORIA DO PRODUTOR

Duas das mais importantes decisões empresariais são a que se referem às quantidades a
produzir e aos preços a praticar. A verdade é que, se nem todas as empresas têm margem
para determinar os preços por que vendem os seus produtos, todas as empresas tomam
decisões respeitantes à quantidade a produzir.

Neste contexto, pretende-se analisar as decisões que uma empresa toma relativamente à
quantidade a produzir e à forma como produzir essa quantidade, nomeadamente quanto
às quantidades de factores produtivos a empregar e à forma de os combinar para
produzir. Não irá ser considerada a possibilidade da empresa escolher o preço a que a
empresa vende o produto.

É efectivamente com a teoria do produtor que irá ser analisado o comportamento dos
agentes económicos enquanto produtores, ou seja, o comportamento da oferta. A oferta é
composta pelas existências existentes e pela produção de novas quantidades. A fonte
última da oferta é a produção. As leis que governam a oferta são as que governam a
produção.

Na teoria do produtor irão ser analisados os seguintes pontos:


1. definição e classificação dos factores de produção;
2. definição do horizonte temporal do produtor;
3. análise da produção (combinação de factores de produção) em cada um dos
horizontes temporais definidos.

Para produzir utilizam-se os factores de produção. É da sua combinação que resulta a


produção. Os factores de produção dividem-se em:
1. Força de trabalho;
2. Capital ou meios produção;
3. Recursos naturais.

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Força de trabalho define-se como a capacidade que cada indivíduo possui para
trabalhar.

Capital ou meios de produção ainda se subdividem em:


a) Objectos de trabalho que é tudo aquilo sobre o que recai o trabalho humano.
Exemplo: matérias-primas como o algodão na indústria têxtil ou matérias
subsidiárias como a água ou a electricidade;
b) Meios de trabalho são utilizados pelo Homem na transformação dos objectos
de trabalho a fim de obter produtos utilizáveis. Exemplo: maquinaria,
martelo, edifícios, canais de irrigação, etc.

Os factores de produção podem ainda ser classificados em:


Divisíveis

Ausência de divisibilidade

Os factores de produção são divisíveis quando podem ser divididos em partes muito
pequenas. Exemplo: energia e a maior parte das matérias-primas e matérias-subsidiárias.

Factores de produção como as máquinas ou os veículos não podem ser divididos.

Finalmente, podem ainda ser classificados em:


Fixos

Variáveis

Factores de produção fixos são aqueles cuja quantidade utilizada não pode ser
imediatamente alterada quando as condições de mercado aconselham uma alteração
imediata na quantidade produzida. Rigorosamente, nenhum factor de produção é
absolutamente fixo. No entanto, o custo de alteração imediata da utilização de certos
factores é tão elevado que eles podem ser considerados fixos.

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Factores de produção variáveis são aqueles cuja quantidade pode ser alterada quase
imediatamente em resposta a condições favoráveis a uma variação da produção.

Com base nesta distinção entre factores fixos e factores variáveis é possível definir o
horizonte temporal do produtor: curto prazo e longo prazo. Na verdade, para produzir, as
empresas têm que fazer um número razoavelmente elevado de escolhas. Têm que
escolher o tipo de produtos que vão produzir, a localização do estabelecimento
produtivo, a sua dimensão e o tipo de equipamento a instalar, o número de pessoas a
empregar na laboração, etc. Todas estas escolhas têm impacto sobre a quantidade que a
empresa poderá produzir. Contudo, as diversas escolhas são feitas em momentos
diferentes e têm consequências sobre a actividade da empresa por períodos mais ou
menos alargados.

Curto prazo
Define-se como o mais longo período de tempo durante o qual pelo menos um dos
factores de produção utilizados no processo produtivo não varia (factor fixo). Para além
do curto prazo envolver a alteração de um número limitado de factores, as decisões
tomadas produzem efeitos por períodos reduzidos. No curto prazo uma empresa é
obrigada a empregar factores mesmo que produza quantidade zero. Desta maneira é
possível que uma empresa no curto prazo tenha lucros negativos.

Longo prazo
Define-se como o mais curto período de tempo necessário para alterar a quantidade de
todos os factores de produção utilizados no processo de produção. Todos os factores de
produção no longo prazo são variáveis, ou seja, a sua quantidade pode ser livremente
alterada. As decisões de longo prazo produzem efeitos durante um período alargado.

Considere-se o exemplo de um agricultor que produz laranjas. No início de cada


campanha agrícola, o agricultor tem que decidir quantas pessoas vai empregar de forma
permanente ao longo do ano, qual a quantidade de tratamentos que vai realizar, etc.

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Nessa altura, há factores que condicionam a quantidade de laranjas que vai produzir e
sobre as quais ele não pode tomar decisões. Por exemplo, a dimensão da sua exploração
ou o número de árvores plantadas são dados que ele não pode alterar para essa
campanha. Com horizontes temporais mais alargados, o agricultor pode alterar essas
restrições. Pode decidir comprar mais terra, plantar mais árvores, ou vender a
propriedade e abandonar a exploração. Estas decisões não podem ser implementadas da
noite para o dia. Se o agricultor quiser plantar mais árvores tem que esperar o momento
próprio, se quiser comprar mais terra tem que procurar e negociar essa compra.

Uma vez as árvores plantadas ou a terra comprada, estas decisões não podem facilmente
ser revertidas, a não ser com o incurso em perdas que podem ser substanciais. Por outro
lado, quando se aproxima o momento da apanha da laranja, o agricultor tem que decidir
quantas pessoas contrata para o ajudarem nessa tarefa. Em contraste com as decisões de
compra de terra ou de plantação de novas árvores, a decisão de contratação de pessoas
para a colheita pode ser tomada com poucas semanas (ou mesmo dias) de antecedência,
e os seus efeitos esgotam-se praticamente logo após ter passado o período da apanha.

ANÁLISE DE CURTO PRAZO

Na análise de curto prazo é considerado que existem apenas dois factores de produção:
um factor fixo que será o factor de produção capital e é representado pela letra K; que
se combina com um factor variável que será o factor de produção trabalho e é
representado pela letra L. Irá ser analisada a decisão da empresa quando pode apenas
alterar a quantidade empregue de um factor de produção, ou seja, do factor trabalho
porque é um dos factores que é normalmente mais facilmente alterável.

Para se analisar esta decisão considere-se o caso de uma empresa que fornece refeições
na cantina de uma universidade. Depois de ter assinado o contrato, que tem normalmente
uma duração anual, a empresa fornecedora não volta a ter a possibilidade de alterar o
preço enquanto durar o contrato. A empresa também não tem normalmente condições

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para alterar as características físicas da cantina, nomeadamente no que diz respeito ao


número de lugares sentados, capacidade das cozinhas ou ao números de filas de self-
service. A sua única decisão diz respeito ao número de pessoas a empregar.

Para simplificar, irão apenas ser consideradas as tarefas ligadas à linha de self-service e
ignorar tudo o resto que é necessário fazer numa cantina, nomeadamente as questões
ligadas à confecção da comida, recolha e lavagem de louça, etc. Admite-se que todas
estas tarefas não representam uma restrição para a operação da linha de self-service. A
grande decisão da empresa diz respeito ao número de funcionários que vai empregar, e
este número vai afectar o número de refeições que consegue produzir.

À relação entre a quantidade do factor produtivo empregue e a produção obtida chama-


se FUNÇÃO PRODDUÇÃO. Indica o montante máximo de produção que pode ser
obtido a partir de combinações de factores produtivos específicos e dada a tecnologia
existente. Há milhares de funções de produção diferentes – uma para cada produto. As
funções produção descrevem a forma como uma empresa pode produzir o conjunto dos
seus produtos. O montante máximo de produto que é dado pela função de produção é o
produto total. Ou seja, o produto total designa a quantidade total realizada do produto em
unidades físicas tais como toneladas de trigo ou barris de petróleo bombeado.

A produção total ou produto total é representado pela letra Q e a expressão analítica da


função produção é: Q  f ( K , L) .

Quantidades variáveis do factor trabalho (L) combinam-se com um montante fixo do


factor capital (K), obtendo-se quantidades variáveis de produto total (Q).
No quadro seguinte está representada a função produção da empresa:

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Número de Número de refeições


trabalhadores Produção total
(L) (Q)
0 0
1 20
2 50
3 85
4 114
5 140
6 159
7 159
8 154

Este quadro diz que, se a empresa não empregar ninguém, não vai produzir nada. Se
empregar uma pessoa, essa pessoa vai conseguir produzir 20 refeições durante o período
em que os seus potenciais utilizadores a procuram. Com o aumento do número de
pessoas empregue a produção continuará a aumentar. Com duas pessoas na empresa a
produção será 50, com três será 85, com sete pessoas será 159. Com o emprego da oitava
pessoa, contudo, a produção cessa de aumentar tendo mesmo uma quebra. O quadro
reflecte o máximo de produção que é possível atingir com cada nível de emprego. É
óbvio que se a empresa empregar três trabalhadores, mas eles não trabalharem
eficientemente, a empresa, poderá produzir menos que as 85 unidades indicadas no
quadro.

A função produção descrita no quadro pode também ser representada graficamente na


seguinte figura:

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REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA FUNÇÃO PRODUÇÃO

Produção Total (Q)

Q  f ( K , L)

Factor variável L

A função de produção relaciona níveis de utilização de factores produtivos com


produção, admitindo que os factores estão a ser usados de uma forma eficiente. Se esta
for menos que eficiente, a sua produção ficará abaixo do sugerido pela função de
produção.

Características comuns à função produção Q  f ( K , L) de curto prazo:


1. Passa pela origem, ou seja, quando não é utilizada nenhuma unidade do
factor variável trabalho não se obtém nenhuma produção;
2. é possível identificar três fases distintas no gráfico da função produção.

Essas fases são:


a) Da origem até ao ponto de inflexão (P.I.) o produto total é crescente a uma
taxa crescente e a curva do produto total é convexa;
b) Do ponto de inflexão (P.I.) até ao ponto A o produto total é crescente a uma
taxa decrescente e a curva do produto total é côncava;
c) Por fim, a partir do ponto A a curva do produto total é decrescente traduzindo
a diminuição da quantidade produzida.

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De igual forma, da observação do quadro que descreve a função de produção, verifica-se


que a produtividade dos empregados desta empresa não é sempre idêntica. Uma razão
plausível para que se encontrem estas diferenças na prática é o facto de as pessoas serem
diferentes. Duas pessoas diferentes postas a executar a mesma tarefa têm desempenhos
por vezes muito diferenciados. Nesta análise, porém, irão ser ignoradas estas diferenças
e admite-se que todos os trabalhadores são igualmente eficientes. A que se poderá dever
então a evolução da produção? Para analisar esta questão convém introduzir dois
conceitos: produto médio ou produtividade média do factor variável que, nesta análise
de curto prazo é o factor de produção trabalho (L) e o produto marginal ou
produtividade marginal do factor trabalho.

O produto médio do trabalho representa-se por Pme L e é dado pelo produto total (Q)
dividido pela quantidade do factor trabalho (L), ou seja, pelo número de trabalhadores
que o gerou. Este conceito indica o produto por unidade do factor produtivo variável
Q
empregue. Analiticamente vem, PmeL  . É este o conceito que, de algum modo,
L
sustentou a observação anterior de que a produtividade dos trabalhadores não era
constante.

O produto marginal ou produtividade marginal do factor trabalho indica o acréscimo


de produção total (  Q) obtido pelo emprego adicional de uma unidade do factor de
Q
produção variável (  L).1 Analiticamente vem, PmgL  , onde Pmg L diz respeito ao
L
produto marginal do factor variável trabalho. Ou seja, é o quociente entre os acrêscimos
à produção total e os acréscimos à quantidade de trabalho que é necessária para gerar os
primeiros.

Se forem consideradas variações infinitesimais na quantidade empregue do factor


variável a expressão do Pmg L vem dada por:
dQ
PmgL 
dL

1
A letra grega delta maiúsculo  representa os acréscimos.

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O quadro apresenta os valores do produto médio e do produto marginal:

Número de Número de refeições Produto Médio Produto Marginal


trabalhadores Produção total Pme L Pmg L
(L) (Q)
0 0 - -
1 20 20 20
2 50 25 30
3 85 28 35
4 114 29 29
5 140 28 26
6 159 27 19
7 159 23 0
8 154 19 -5

O produto marginal do primeiro trabalhador é 20. A empresa não produzia nada antes de
ele ter começado a trabalhar e produz 20 com a sua colaboração. O produto marginal do
segundo trabalhador é 30. Antes da sua chegada à empresa, esta produzia 20 unidades.
Após a sua chegada, passou a produzir 50. Continuando a leitura dos valores constantes
da última coluna do quadro, observa-se que estes são bem diferentes para os diversos
níveis de emprego. Se estas diferenças não se devem à heterogeneidade dos
trabalhadores, a que se podem ficar elas a dever?

Quando não há ninguém a trabalhar no self-service, a cantina não fornecerá refeição


nenhuma. Quando lá trabalha uma única pessoa é possível começar a servir refeições.
Contudo, uma única pessoa tem dificuldade em fazer tudo o que é necessário na linha de
self-service, andando sempre a correr do local onde está a comida para a caixa e da caixa
para a cozinha e armazém. Os utentes levam muito tempo a ser atendidos e o número de
refeições que é possível servir nestas condições é limitado.

A admissão de uma segunda pessoa pode melhorar claramente as condições de laboração


na cantina. Uma pessoa pode dedicar-se inteiramente a fazer os pratos, enquanto que a
outra fica na caixa. Para além de permitir uma melhor concentração nas tarefas

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respectivas, esta divisão do trabalho permite que cada pessoa se especialize na tarefa que
desempenha, o que leva a que o número de refeições mais que duplique. Ainda assim,
persistem pausas evitáveis. De tempos a tempos, a pessoa que está a fazer os pratos tem
que se deslocar à cozinha para se reabastecer de comida, enquanto que a outra tem que ir
buscar as sobremesas e as bebidas. Se a linha for operada com uma terceira pessoa, esta
pode encarregar-se destas tarefas. Mais uma vez, a divisão e a especialização do trabalho
aumentam, e o número de refeições servidas aumenta substancialmente.

Quando a linha é operada com quatro funcionários, o quarto estará também a fazer os
pratos. Isto aumenta o número de pratos que é possível servir durante a hora de almoço e
o número médio de refeiçõs servidas por funcionário continua a crescer. Contudo, é de
notar que a partir do quarto funcionário o produto marginal passa a ser decrescente. Isto
é, o número adicional de refeições que é possível servir por empregar quatro e não
apenas três funcionários é apenas 29. Uma quinta pessoa continua a aumentar o número
de refeições servida, mas o produto marginal é agora apenas de 26. O produto marginal
continua a decrescer com o aumento do número de funcionários.

Cada vez é mais difícil ter um funcionário adicional a trabalhar na linha, porque o
espaço é limitado e os funcionários começam a acotovelar-se. Não obstante, o produto
total, o número de refeições servidas, continua a aumentar até ao oitavo funcionário. Se
a empresa chegar a empregar oito pessoas, porém, a situação torna-se insustentável; oito
pessoas produzem menos do que sete.

Existem razões para que o produto marginal do trabalho possa evoluir da forma descrita
no quadro. Inicialmente existem ganhos de produtividade que decorrem do facto de o
aumento do número de trabalhadores permitir uma especialização de cada trabalhador
nas suas tarefas. A partir do momento em que a adição de trabalhadores não permite
incrementar a divisão e a especialização do trabalho, cada novo trabalhador pode fazer,
na melhor das hipóteses, tão bem quanto os já empregues.

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Se não existirem restrições impostas pela capacidade instalada da empresa não há razão
para que a produtividade marginal decline. Se, considerando o exemplo, de cada vez que
se admitem três novos trabalhadores se pudesse aumentar o número de linhas de self-
service, e não existissem restrições ao nível da cozinha e outros serviços de apoio, não
haveria razão para que esses novos trabalhadores servissem menos refeições que os
restantes.

Contudo, dado que a capacidade da empresa é fixa e o número de linhas não pode ser
alterado, esta capacidade acabará por vir a ser uma restrição à produção que um
trabalhador adicional pode conseguir e a produtividade marginal acabará por declinar.

CONCLUSÃO
Para utilizações reduzidas do factor variável trabalho (L) a produção aumenta mais
rapidamente que o consumo do factor variável. Ou seja, a adição de unidades adicionais
do factor variável trabalho aumenta a produção total a uma taxa crescente.

A partir do ponto de inflexão (P.I.) as unidades adicionais do factor variável trabalho vão
dar origem a aumentos cada vez menores da produção total. A produção continua a
aumentar para cada aumento de trabalho mas cada vez menos. Ou seja, a produção
aumenta mas a uma taxa decrescente. A lei dos rendimentos decrescentes aplica-se
nesta fase. A produção marginal ou o acréscimo de produção resultante da utilização de
cada unidade adicional de factor de produção é decrescente com o aumento da
quantidade utilizada desse factor, mantendo-se constantes todos os restantes factores
produtivos. Porque razão as funções de produção obedecem geralmente à lei dos
rendimentos decrescentes? Porque quanto mais um factor, como o trabalho, é
acrescentado a uma quantidade fixa de terra, de maquinaria e de outros factores de
produção, tem uma quantidade cada vez menor desses factores para trabalhar. A terra
fica cada vez mais ocupada, a maquinaria fica demasiado utilizada e as tarefas
efectuadas são cada vez menos importantes.

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LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES à medida que se combinam unidades adicionais


do factor variável com o factor fixo, a produtividade marginal do factor variável
decresce, pelo menos a partir de certo ponto.

A partir do ponto A a produção diminui conforme aumentam as unidades do factor


variável trabalho. Há ineficiências.
Produção Total (Q)

A Q  f ( K , L)

PI

Factor variável L

Para A A produção total diminui


utilizações produção a partir do ponto A.
reduzidas do aumenta a
factor uma taxa
variável decrescent
trabalho, a e – LEI
adição de DOS
unidades RENDI-
adicionais MENTOS
do factor MARGI-
trabalho NAIS
implica um DECRES
aumento da CENTES
produção a
uma taxa
crescente

Os conceitos de produto médio (PmeL) e produto marginal (PmgL) do trabalho tal como
a função produção podem ser calculados e representados graficamente.

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RELATIVAMENTE AO PMEL:

Produção Total (Q)

Q  f ( K , L)

A
Factor variável L
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Graficamente o produto ou produtividade média do trabalho (PmeL) é dado pela


inclinação do ângulo formado pela semi-recta que partindo da origem corta o ponto da
curva da produção onde se pretende calcular o produto médio.

Quando são empregues 10 unidades do factor trabalho (L = 10) o valor da produção total
é de 100 (Q = 100). Graficamente, o produto médio do trabalho é dado pela tangente do
ângulo  que se forma com a recta que parte da origem e corta o ponto A.

Em termos gerais, Quando são utilizadas B unidades do factor trabalho, ou seja, L  B ,


catetooposto BC
o PmeL  tg   .
catetoadjacente 0 B

Projectando várias semi-restas partindo da origem, onde será o valor máximo do ângulo
que se forma, ou seja, qual será o valor máximo do PmeL?

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Produção Total (Q)

Q  f ( K , L)

0 Factor variável L

Verifica-se que a amplitude do ângulo que se forma com a recta partindo da origem
atinge o valor máximo quando a recta é tangente à curva da função produção total. Isso
equivale ao ponto E da figura. Ou seja, no ponto E o PmeL atinge o seu valor máximo.
Assim, até ao ponto E a produtividade média do trabalho é crescente, atinge um valor
máximo e, a partir de E a produtividade média do trabalho começa a diminuir, é
decrescente.

Quando são utilizadas D unidades do factor trabalho, ou seja, L  D, o


DE
PmeL  tg 
0D

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RELATIVAMENTE AO PMGL:

Produção Total (Q)

Q  f ( K , L)

Factor variável L

Graficamente o produto ou produtividade marginal do trabalho (PmgL) é dado pela


tangente do ângulo ao ponto da curva da produção onde se pretende calcular o produto
marginal. Esta tangente traduz a inclinação da curva da produção total no ponto onde se
pretende calcular o produto marginal.

BA
Quando são utilizadas B unidades do trabalho ( L  B ) , o PmgL  tg 
CB

DE
Quando são utilizadas D unidades do trabalho ( L  D) , o PmgL  tg 
FD

Qual é a evolução do PmgL? Até ao ponto de inflexão (P.I.) da curva da produção total o
valor das tangentes dos ângulos vão aumentando, ou seja, o valor do produto marginal
do trabalho está a aumentar. Trata-se de uma fase de rendimentos ou produtos marginais
crescentes. No ponto de inflexão o Pmg L atinge o valor máximo. A partir deste ponto e
até ao ponto A da curva da produção total as amplitudes dos ângulos formados por rectas
tangentes à curva da produção total vão diminuindo, ou seja, nesta fase o produto
marginal do trabalho é decrescente. A lei dos rendimentos decrescentes verifica-se nesta
fase.

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A partir do ponto A o produto ou rendimentos marginais continuam a ser decrescentes


mas, agora são também negativos. Traduz o efeito de ineficiências na produção pela
saturação da utilização do factor fixo capital (K).

RELAÇÃO GRÁFICA ENTRE AS CURVAS DO PMEL E DO PMGL:

Produção Total (Q)


Q  f ( K , L)

Quantidades factor variável L

Pme L
Pmg L P.I.
Pme L = Pmg L
M

PmeL

Quantidades do factor variável L


PmgL

Quando o Pme L atinge o valor máximo o seu valor é dado pela tangente à curva da
função produção total. Como, graficamente, o valor do Pmg L é dado pelo valor da
tangente à curva da produção total, pode-se concluir que quando o Pme L atinge o valor
máximo também se iguala ao valor do Pmg L. Ou seja, no ponto M tem-se que Pme L =

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Pmg L. Graficamente isso verifica-se porque as curvas se intersectam no ponto M


(quando Pme L é máximo).

Ainda se observa pela figura que, quando a curva do Pmg L estiver acima da curva do
Pme L este está na sua fase ascendente. Ou seja, enquanto o Pmg L é superior ao Pme L,
o produto médio está também a crescer. Da mesma forma, observa-se que quando a
curva do Pmg L estiver abaixo da curva do Pme L este está na sua fase descendente. Ou
seja, a partir do momento em que o produto marginal é inferior ao produto médio este
entra na sua fase decrescente. Finalmente, observa-se que o produto marginal é nulo
quando o produto total atinge o seu máximo.

Podem ser definidos três estágios da produção:


1. Estágio I – Tem início na origem dos eixos e prolonga-se até ao ponto de
inflexão (P.I.). Caracteriza-se por um produto médio do trabalho (Pme L)
crescente e é limitado pelo ponto de produtividade marginal máxima, ou seja,
o ponto de inflexão da função produção que é onde o Pmg L atinge o valor
máximo;
2. Estágio II – do ponto de inflexão até ao ponto A. Caracteriza-se por um
produto médio de trabalho crescente e depois decrescente e, por um produto
marginal do trabalho decrescente e positivo;
3. Estágio III – a partir do ponto A e é caracterizado por um produto marginal
do trabalho negativo, ou seja, empregar-se-iam mais unidades de trabalho
(factor variável) e o resultado será um decréscimo da produção. O lucro do
empresário diminuirá e por isso não é rentável a produção. Neste estágio da
produção não se produz porque o Pmg L é negativo.

A produção também não se realizará no estágio de produção I porque como o produto


médio ou a produtividade média do factor variável está aumentar logo ainda se pode
aumentar o produto marginal do trabalho aumentando o factor variável empregue. No
estágio da produção I o factor fixo e o factor variável estão a ser combinados em
proporções não económicas.

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A produção efectua-se no estágio da produção II. O ponto do estágio II onde se realiza a


produção depende do preço relativo dos factores de produção.

Não é forçoso que a produtividade marginal chegue alguma vez a ser negativa, assim
como não é necessário que exista uma zona onde ela seja crescente com o aumento do
empego. Raramente se observarão na prática situações em que a produtividade marginal
seja crescente ou negativa. O que é mais importante é reter que, em geral, a
produtividade marginal é decrescente com o número de trabalhadores.

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ANÁLISE DE LONGO PRAZO

O longo prazo é definido pela ausência de consideração de qualquer factor de produção


como sendo fixo nas decisões de produção da unidade de produção.

Por isso, nesta análise a hipótese a considerar é que existem dois factores de produção
variáveis. Além disso, é considerado que estes dois factores produtivos são os únicos
empregues pelo empresário.

Considera-se uma função de produção (Q) em que se empreguem dois factores de


produção variáveis – capital (K) e trabalho (L) – para produzir determinado bem, ou
seja:
Q = f ( K, L )

Como é assumido, por questões de simplificação, que a unidade de produção apenas terá
de escolher entre dois factores de produção, estes vão ser representados num mesmo
gráfico que junta os pontos que associam quantidades diferentes dos dois factores –
capital (K) e trabalho (L) – que conduzem à produção de um dado bem.

Capital (K)

Q0
Trabalho (L)

Obtém-se uma curva que se designa de ISOQUANTA

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A Isoquanta representa o conjunto de combinações de factores de produção que


permitem obter o mesmo nível de produto. À isoquanta corresponde a produção de uma
quantidade fixa do bem. Uma isoquanta pode ser definida analiticamente da seguinte
forma:
Q = f ( K, L ) = Q0 onde Q0 é uma constante

No gráfico está representada uma isoquanta que dá as combinações de capital (K) e


trabalho (L) que permitem obter o nível de produto Q 0.

Quanto mais afastada da origem se encontrar a isoquanta maior o nível de produção a ela
associado.

Capital
(K)

Q2
Q0

Trabalho (L)

Q2 > Q1 > Q0

Um conjunto de isoquantas representa um mapa de isoquantas. No gráfico está


representado um mapa de isoquantas. O mapa fornece uma representação concisa de um
processo de produção.

Características das isoquantas:


1. É possível traçar um número infinito de isoquantas, cada uma delas
correspondendo a um determinado nível de produção;

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2. São negativamente inclinadas – se o empresário pretender manter a sua


produção, quando diminui a quantidade empregue de um dos factores
tem de forçosamente aumentar a quantidade empregue do outro factor;

Capital
(K)

K2
K1 Q0

L2 L1 Trabalho (L)

Quando o empresário aumenta o consumo do factor variável trabalho de L1 para L2 terá


que diminuir o consumo do factor capital de K1 para K2.

3. São convexas em relação à origem – isto traduz o facto de à medida que


se prescinde do mesmo montante de capital (K0 K1 = K1 K2 = K2 K3) são
necessárias cada vez mais unidades de trabalho para substituir esse
mesmo montante de capital (L2L3 > L1L2 > L1L0);

Capital
(K)

Trabalho (L)

4. Duas isoquantas nunca se cruzam (demonstração pelo absurdo) –


suponhamos duas isoquantas que se cruzassem – se isto acontecesse a

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combinação de factores produtivos (K0, L0) - ponto A – permitia obter o


mesmo nível de produção Q0 ou Q1. Isto não é possível porque se está
sempre a empregar a melhor tecnologia possível.

Capital
(K)

A Q1
Q0
Trabalho ( L )

Considere a seguinte figura:


Capital
(K)

K2 P
K1 R Q0

L2 L1 Trabalho (L)

O mesmo nível de produto pode ser obtido empregando a combinação de factores


produtivos (K1, L1) – ponto P – ou a combinação de capital e trabalho (K2, L2) – ponto
R. Quando o empresário se desloca do ponto P para o ponto R pode obter o mesmo nível
de produto substituindo k1K2 unidades de capital por L1L2 unidades de trabalho.

A taxa à qual o capital pode ser substituído por trabalho ao longo da isoquanta é dado
K
por:
L

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Esta é taxa marginal de substituição técnica (TMST) e indica o número de unidades


que o empresário terá de utilizar adicionalmente de um dos factores produtivos para se
prescindir do emprego de uma unidade do outro factor e obter o mesmo nível de
produto.
K
TMST =
L

Se forem consideradas variações infinitesimais da quantidade empregue de factores a


TMST vem dada por:
dK
TMST =
dL
A taxa marginal de substituição técnica identifica-se com a inclinação da tangente à
isoquanta nesse ponto. A TMST no ponto R é dada por:

Capital
(K)

∆K
Isoquanta
∆L
Trabalho ( L )

catetooposto K
TMST = inclinação da isoquanta = 
catetoadjacente L

A taxa marginal de substituição técnica é DECRESCENTE porque a isoquanta é


convexa em relação à origem.

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Capital
(K)

Trabalho (L)

L1L2 = L2L3 = L3L4


K3K4 < K3 K2 < K2 K1

O empresário terá que prescindir de cada vez menores unidades do factor capital (K)
para aumentos do mesmo montante do factor trabalho (L) logo a TMST está a diminuir.

Agora interessa analisar qual será o COMPORTAMENTO ÓPTIMO DO


EMPRESÁRIO, no longo prazo. O problema que se coloca à unidade de produção tem
dupla natureza, ou seja, o empresário no longo prazo enfrentará duas questões
alternativas:

Que valor do produto escolher? O nível de produto Q0 ou Q1 ou ...

Que combinação de factores de produção para obter um determinado


nível de produção?

Ao responder a estas questões alternativas, o empresário terá que optar por duas
hipóteses diferentes:

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1. Para a primeira pergunta o empresário terá que maximizar a sua


produção tendo em conta um determinado nível de rendimento fixo, ou
seja, está sujeito a uma restrição orçamental;
2. Para a segunda pergunta, o empresário terá que minimizar os custos dos
factores de produção que combina para produzir um determinado nível
de produção fixo, ou seja, está sujeito a uma restrição da quantidade a
produzir.

A resposta a estas questões irá definir o comportamento óptimo do empresário no longo


prazo.

Análise da primeira hipótese para definir o comportamento óptimo do empresário.


Interessa analisar como o empresário actua no caso de querer maximizar o volume de
produção com um dado custo, ou seja, na posse de um dado rendimento fixo.

Tal como acontece com o equilíbrio do consumidor também agora a restrição orçamental
vai ser essencial para a decisão do agente económico enquanto produtor. Daí ser
necessário estabelecer a restrição orçamental.

Suponha-se que o rendimento disponível da unidade de produção para a compra dos


factores de produção é representado por Y0.

Considera-se que o empresário ou produtor é um perfeito competidor no mercado dos


factores e, portanto, os preços destes são um dado para o empresário. Suponha-se que o
empresário utiliza os dois factores de produção – trabalho (L) e capital (K) – cujos
preços respectivos são o salário, repesentado pela letra w, e a taxa de juro, representada
pela letra r.

Logo, o custo total com a aquisição dos dois factores de produção é a restrição
orçamental e é representada por:

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Y0 = w L + r K

A recta ou restrição orçamental é a soma das despesas feitas com a aquisição dos
factores trabalho e capital. Esta equação também se pode designar de recta de isocusto e
representa o conjunto das combinações de factores que o empresário pode adquirir com
o orçamento de que dispõe. Dá o custo máximo que o empresário pode suportar.

Interessa explicitar a equação da recta de isocusto em ordem a K:


Y0 w
K  L
r r
Y0
A ordenada na origem da recta de isocusto é dada por que dá o número de unidades
r
de capital que seriam adquiridas de capital se não se utilizasse o factor trabalho. O
empresário gasta todo o seu rendimento disponível na aquisição do factor capital.

Explicitando a recta de isocusto em ordem a L obtém-se:


Y0 r
L  K
w w
Y0
A abcissa na origem da recta de isocusto é dada por que dá o número de unidades de
w
trabalho adquiridas se não se empregasse o factor capital.
Graficamente a recta de isocusto é:
Capital
Y0
r

Trabalho
Y0
w

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Os pontos representados são combinações dos factores trabalho (L) e capital (K) com o
mesmo custo total.

w
A inclinação da recta de isocusto é dada por  , ou seja, a inclinação equivale ao rácio
r
do preço relativo dos factores de produção.
Y0
catetooposto Y w w
Inclinação da recta de isocusto   r  0. 
catetoadjacente Y0 r Y0 r
w

Para análise do comportamento óptimo do produtor, interessa conjugar num mesmo


gráfico um mapa de isoquantas com uma recta de isocusto:

P Q2
R Q1
Q0
L

O objectivo do empresário é maximizar a sua produção mas está condicionado pelo seu
orçamento (representado pela recta de isocusto). Assim, o interesse do produtor reside
em situar-se na curva de isoquanta o mais possível afastada da origem, mas tendo de se
situar ao mesmo tempo na recta de isocusto.

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Assim, o nível de produção Q2 embora represente a isoquanta o mais possível afastada


da origem não pode ser atingido com o orçamento de que o empresário dispõe: este só se
pode situar sobre a recta de isocusto ou abaixo dela.

Em que ponto se vai situar o produtor?

Suponha-se que o empresário se situa no ponto Q. Ele não está a maximizar a sua
produção porque se ele se deslocar, ao longo da recta de isocusto, na direcção do ponto P
ele atinge isoquantas sucessivamente mais afastadas da origem até que produz o nível de
produção Q1 situando-se no ponto P.

Também se o empresário se situar no ponto R não está a maximizar a sua produção pois
se se deslocar, ao longo da recta de isocusto, na direcção do ponto P atingirá isoquantas
cada vez mais afastadas da origem até que produz o nível de produção Q1, situando-se
no ponto P. O nível Q1 é o máximo que o empresário pode produzir com o orçamento
disponível. O empresário vai situar-se no ponto P, único ponto da recta de isocusto que
permite produzir o nível de produção Q1.

O empresário maximiza o seu nível de produção, condicionado pelo orçamento


disponível, no ponto em que a recta de isocusto é tangente a uma isoquanta.

A inclinação da tangente à isoquanta num ponto é o valor da taxa marginal de


K
substituição técnica (TMST) nesse ponto TMST = refere-se à isoquanta porque
L
indica as quantidades do factor capital (K) que podem ser substituídas pelo factor
trabalho (L), mantendo-se constante o nível de produção.

w
Por outro lado, a inclinação da recta de isocusto é rácio dos preços:  .
r

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Logo, como quando o produtor está em equilíbrio, a tangente à isoquanta no ponto


(TMST) coincide com a própria recta de isocusto, ou seja, a inclinação da isoquanta
K w
(TMST= ) coincide com a inclinação da recta de isocusto (  ).
L r

Logo, é fácil deduzir que a condição de equilíbrio do empresário é definida


K w
analiticamente por: TMST = =
L r

Em equilíbrio, o produtor utiliza os factores produtivos de tal forma que a taxa à qual
deseja substituir os factores – a taxa marginal de substituição técnica – iguala a taxa à
qual os pode substituir.

Relação entre a taxa marginal de substituição técnica (TMST) e as produtividades


marginais dos factores:

Considere-se a função produção


Q = f ( K; L )

Numa isoquanta, o acréscimo de produção que resulta da utilização de uma maior


quantidade de um factor é precisamente compensado pela redução da produção que a
menor utilização do outro factor acarreta. Ou seja, o aumento da utilização do factor
capital K implica uma variação da produtividade marginal deste factor (Pmg K). Esta
variação é compensada pela variação da produtividade marginal do outro factor (Pmg L)
quando também se alteraram as quantidades utilizadas de trabalho.

PmgL
Assim, pode-se escrever que TMST =
PmgK

Dedução da solução analítica do equilíbrio do produtor:

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O problema fundamental consiste em maximizar a produção condicionada por


um rendimento monetário limitado que é dado.
Tem-se, portanto, formalmente o problema:
MaxQ  f ( L, K )
s.a.
Y  wL  rK
O máximo de Q( L, K ) sujeito à restrição linear Y  wL  rK pode ser obtido
através da construção da função de Lagrange: L( L, K ,  )  Q( L, K )   (Y  wL  rK )
As condições de 1ª ordem necessárias para a existência de um máximo da função
L( L, K ,  ) no ponto de escolha óptima ( L , K  ) são as seguintes:

 L  Q  Q
 L  0  L  w  0  L  w(1)
    Pmg L  w(1' )
 L  Q  Q 
 0  r  0   r (2)   Pmg K  r (2' )
 K  K  K Y  wL  rK
 L Y  wL  rK  0 Y  wL  rK 
   0  
  

Dividindo a primeira equação pela segunda:


(1' ) Pmg L w Pmg L w
   
(2' ) Pmg K r Pmg K r
Esta é a condição de equilíbrio do produtor.

A condição de equilíbrio também se pode escrever como


PmgL w PmgL PmgK
  
PmgK r w r

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PmgL PmgK
1. Quando 
w r
O empresário estaria a utilizar o factor trabalho (L) em quantidade excessiva pois
este factor teria uma produtividade marginal relativamente baixa a um preço
relativamente alto.

Como a PmgL é inferior à PmgK o empresário teria vantagem em substituir L


por K (nota: quando o produtor adquire mais de um factor terá que diminuir o
consumo do outro factor de produção de forma a que se mantenha na mesma
isoquanta, ou seja, por forma a manter o mesmo nível de produção). Ao adquirir
menos do factor trabalho (L), a produtividade marginal do factor em causa (L)
aumenta devido à lei dos rendimentos ou produtividades marginais decrescentes.
Em simultâneo, ao adquirir mais quantidades do factor K a sua Pmg diminui.
Assim, tende-se para a igualdade, ou seja, para o equilíbrio.

PmgL PmgK
2. Quando 
w r
O produtor ou empresário teria vantagem em substituir K por L aumentando a
PmgK e diminuindo a Pmg L até se atingir de novo o equilíbrio. Ou seja, como a
PmgL é maior que a PmgK então deve o produtor adquirir mais do factor
trabalho (L). Ao comprar mais de L a sua produtividade marginal vai diminuir
devido à lei dos rendimentos decrescentes. Ao mesmo tempo, ao diminuir o
consumo do factor K a sua Pmg vai aumentar.

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PmgL w PmgL PmgK


  
PmgK r w r
Q0

Na escolha mais eficiente a taxa marginal de substituição técnica – o quociente das


produtividades marginais – é igual ao quociente dos preços dos factores respectivos.

O comportamento do consumidor foi analisado de acordo com a hipótese de que este


defrontava uma restrição orçamental. Agora, essa hipótese será alterada e será
considerado que o produtor não defronta uma restrição orçamental mas uma restrição
de quantidade a produzir.

A unidade de produção vai produzir até um máximo possível de vendas. Sendo assim,
apenas interessa a isoquanta que corresponde a essa quantidade de produto. Suponha-se
que o empresário pretende produzir o nível de produto Q0.

Ao contrário de anteriormente, o orçamento ou rendimento disponível não é constante.


Este orçamento é o custo do investimento.

Interessa analisar a solução gráfica do problema:

Existe uma infinidade de curvas de isocusto, correspondendo cada uma delas a


diferentes níveis de rendimento, de investimento ou de custos totais.

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Na figura são consideradas três curvas de isocusto.

Onde vai situar-se o empresário?

Q0

Y0 Y1 Y2
L
Y0 < Y1 < Y2 correspondem a diferentes curvas de isocusto, ou seja, a diferentes níveis
de orçamento ou rendimentos disponíveis para o empresário que pretende atingi o nível
de produção máximo Q0.

Com um custo total, investimento ou rendimento no valor de Y 0 o empresário não pode


atingir o nível de produção desejado (Q0).

Suponha-se que o empresário de situa no ponto Q. Ele não está a minimizar os seus
custos porque se se deslocar ao longo da isoquanta Q0, na direcção do ponto P, ele
poderá produzir o mesmo nível de produção Q0 com um custos sucessivamente mais
baixos até que produz o nível de produto Qo.com um custo total Y1 (Y1 < Y2) quando o
produtor se situar no ponto P.

Também se o empresário se situar no ponto R não está a minimizar os seus custos pois
se se deslocar ao longo da isoquanta, na direcção do ponto P, pode produzir o mesmo

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nível de produto Q0 com custos cada vez mais baixos até que obtém o nível de produto
Q0 com um custo total Y1 quando se situa no ponto P ( Y1 < Y2 ).

Y1 é o rendimento mínimo ou o custo mínimo de investimento que o empresário tem de


suportar para produzir o nível de produção Q0. O produtor vai situar-se no ponto P,
único ponto da recta de isocusto Y1 que lhe permite produzir unidades Q0 do bem.

Mais uma vez, a situação de equilíbrio do empresário é dada, graficamente, no ponto de


tangência entre a isoquanta e uma recta de isocusto.

Também se verifica, em termos analíticos, que a situação de equilíbrio do empresário é


dada por:

PmgL w
TMST = 
PmgK r

Dedução da solução analítica do equilíbrio do produtor:


O problema fundamental consiste em minimizar o custo de produção
condicionado por um nível de produção limitado e que é dado.
Tem-se, portanto, formalmente o problema:
MinY  wL  rK
s.a.
Q  f ( L, K )

O mínimo de Y  wL  rK sujeito ao nível de produção fixo Q  f ( L, K ) pode


ser obtido através da construção da função de Lagrange:
L( L, K ,  )  ( wL  rK   (Q  f ( L, K ))
As condições de 1ª ordem necessárias para a existência de um máximo da função
L( L, K ,  ) no ponto de escolha óptima ( L , K  ) são as seguintes:

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 L  Q  Q
 L  0 w   L  0  L  w(1)
   Pmg L  w(1' )
 L  Q  Q 
  0  r   0    r (2)  Pmg K  r (2' )
 K  K  K Q  f ( L, K )
 L Q  f ( L, K )  0 Q  f ( L, K ) 
   0  
  

Dividindo a primeira equação pela segunda:


(1' ) Pmg L w
 
(2' ) Pmg K r
Esta é a condição de equilíbrio do produtor.

CONCLUSÃO
Foram analisadas duas formas de considerar o comportamento racional do produtor. Na
primeira alternativa, a unidade de produção maximizava o nível de produto ou produção
a obter em face do seu rendimento disponível (ou seja, custo total do investimento
constante).

Na segunda alternativa, minimizava os custos de produção com vista à obtenção de um


dado nível de produto.

Em ambos os casos a solução é obtida num ponto em que a inclinação da curva de


isocusto (ou restrição orçamental) coincidia com a inclinação da isoquanta.

w
Atendendo que a inclinação da primeira é  no ponto de solução racional da escolha
r
w
da unidade de produção obtém-se: TMST =  , onde TMST designa a taxa marginal
r
de substituição técnica e refere-se à inclinação de uma isoquanta.

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