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Projeto Pós-graduação

Curso Engenharia de Produção


Disciplina Custos Industriais
Tema Esquema Básico de Contabilidade de Custos
Professor Rodrigo Vinícius Sartori

Introdução
Olá! Neste tema vamos dar sequência à disciplina de Custos Industriais.
Eu sou o professor Rodrigo Sartori e lhe convido a conhecer comigo, nesse
segundo tema, o esquema básico de contabilidade de custos.
Este é um procedimento essencial para organizar uma empresa em
relação ao seu gerenciamento de custos. Só é possível gerenciar
adequadamente os custos se, antes, os conhecemos com precisão e para isso
é necessária eficácia organizacional.
O objetivo é saber quanto custa o produto, para que o preço de venda
(muitas vezes, determinado pelo mercado) e a lucratividade resultante fechem a
equação que viabiliza o empreendimento.
Veremos aqui o passo a passo de como separar custos e despesas, como
fazer a apropriação dos custos diretos e o rateio dos custos indiretos. Bom
estudo!

Problematização
Sérgio acaba de completar o primeiro ano de empreendimento do seu
pequeno negócio de automação industrial. Como conseguiu somente agora o
primeiro contrato de fornecimento de longo prazo, com seu principal cliente, ele
sabe que precisará investir, então recorrer ao empréstimo bancário parece
realmente inevitável.
Na primeira simulação de financiamento, pela internet, as condições
oferecidas pelo banco pareciam caríssimas e a taxa de juros era muito alta.

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Sérgio, então, telefonou para seu gerente, que ainda não o conhecia
pessoalmente, por não ter recorrido a empréstimos antes, e escuta dele que a
apresentação da contabilidade de sua empresa pode fazer com que o banco
analise mais criteriosamente a situação e ofereça um empréstimo em condições
mais atrativas. Assim, pela primeira vez, Sérgio é requisitado a realizar uma
apresentação formal dos custos de seu empreendimento.
Da parte das contas a receber, há um razoável controle das entradas
(receitas). No entanto, no que diz respeito às contas a pagar, como não tem nada
estruturado até agora, Sérgio – que sempre guarda notas fiscais e recibos até
da menor despesa realizada – pensa em tabelar todos esses lançamentos em
uma planilha Excel. Porém, além de relacionar cada data, valor e finalidade, o
empresário sabe que uma análise pormenorizada de seus custos, pelo banco,
implica em especificar os tipos de custos, de alguma maneira.
Então, que tipo de controle Sérgio deve adotar para tabelar essas
informações?
Não responda ainda! Estude, na sequência, nosso conteúdo teórico e, ao
final deste módulo, você estará apto para formular sua resposta.

Esquema Básico de Contabilidade de Custos


Existe um esquema básico de contabilidade de custos. Ele é aplicável a
todo tipo de empreendimento. São três passos, essencialmente, que compõe
esse esquema:

 Primeiro passo: separar custos e despesas.

 Segundo passo: realizar apropriação dos custos diretos.

 Terceiro passo: realizar rateio dos custos indiretos.

A seguir vamos detalhar cada um deles, mas antes assista a um vídeo do


professor Rodrigo, disponível no material on-line, que comenta alguns erros

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comumente cometidos por pequenos empresários e que podem ser prejudiciais
à contabilidade. Não perca!

Primeiro passo: separar custos e despesas


Para ilustrar, suponha que os gastos da empresa, em um determinado
período de tempo (nesse caso, um mês), sejam os seguintes:

TIPO DE GASTO VALOR


Matéria-prima consumida 200.000
Salários da administração 30.000
Comissões de venda 20.000
Correios 3.000
Material de escritório 2.000
Energia elétrica 40.000
Salários - fábrica 60.000
Depreciação - fábrica 15.000
Água - fábrica 25.000
Manutenção - fábrica 35.000
Telefone 2.000
Despesas financeiras 20.000
Fretes para entregas 25.000
Seguros - fábrica 13.000
Total de gastos no mês 490.000

Primeiramente, é necessário fazer a separação dos custos de produção


dos gastos. Eles ficarão distribuídos da seguinte forma:

CUSTOS DE PRODUÇÃO VALOR


Matéria-prima consumida 200.000
Energia elétrica - fabrica 40.000
Salários - fábrica 60.000
Depreciação - fábrica 15.000
Água - fábrica 25.000
Manutenção - fábrica 35.000
Seguros - fábrica 13.000
Total de gastos no mês 388.000

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DESPESAS ADMINISTRATIVAS VALOR
Matéria-prima consumida 200.000
Salários da administração 30.000
Correios 3.000
Material de escritório 2.000
Total de gastos no mês 37.000

DESPESAS COMERCIAIS VALOR


Comissões de venda 20.000
Fretes para entregas 25.000
Total de gastos no mês 45.000

DESPESAS FINANCEIRAS VALOR


Despesas financeiras 20.000
Total de gastos no mês 20.000

Vale relembrar o conceito principal que é aplicado até essa etapa: Custo
de Produção, que inclui o custo de aquisição de materiais acrescido aos demais
gastos incorridos na produção. Desenvolvendo um pouco mais esse conceito,
cabe listar alguns de seus elementos básicos, que são, a saber:

 Matérias-primas (MP) - materiais integrantes do produto acabado.

 Mão de obra (MOD) - relaciona-se nitidamente com os produtos,


facilmente consignável a um determinado produto ou serviço
específico.

 Custos indiretos de fabricação (CIF) - todos os custos de fabricação,


exceto MP e MOD.

 Insumos - bens adquiridos para consumo no processo de produção de


novos bens ou prestação de serviços.

 Custo da Produção Acabada (CPA) - é a soma dos custos contidos na


produção acabada no período. Pode conter Custos de Produção
também de períodos anteriores existentes em unidades que só foram
completadas no presente período.

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 Custo dos Produtos Vendidos (CPV) - é a soma dos custos incorridos
na fabricação dos bens que só agora estão sendo vendidos. Pode
conter custos de produção de diversos períodos, caso os itens
vendidos tenham sido produzidos em épocas diferentes.

 Custos Primários (CP) - soma de matéria-prima com mão de obra


direta. Não são a mesma coisa que os Custos Diretos, já que nos
Primários só estão incluídos aqueles dois itens. Assim, a embalagem é
um Custo Direto, mas não Primário.

 Custos de Transformação (CT) - soma de todos os Custos de


Produção, exceto os relativos a matérias-primas e outros eventuais
adquiridos e empregados sem nenhuma modificação pela empresa
(componentes adquiridos prontos, embalagens compradas etc.).

Entenda melhor cada um desses muitos conceitos que abordamos aqui


assistindo ao vídeo do professor Rodrigo, disponível on-line.

Segundo passo: realizar apropriação dos custos diretos


Todos os gastos ocorridos no processo produtivo, como chão de fábrica
em uma indústria de manufatura, são classificados como custos. Desta forma, a
matéria-prima, a mão de obra, a energia elétrica, a depreciação de máquinas e
equipamentos, e, até mesmo, o cafezinho e os materiais de higiene, consumidos
pela área fabril/departamento de produção, constituem custos.
Como os custos são apropriados aos produtos, é necessário estabelecer
critérios para medi-los e a separação em custos diretos e indiretos é o início
dessa análise. Os termos direto e indireto são empregados com as seguintes
conotações:

 Direto: a apropriação de um custo direto se dá pelo que esse produto


consumiu de fato. No caso da matéria-prima, pela quantidade
efetivamente consumida e, no caso da mão de obra direta, pela
quantidade de horas de trabalho.

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 Indireto: a apropriação de um custo ao produto ocorre por rateio, o que
faz com que essa apropriação seja descaracterizada como direta.

Suponha-se uma empresa que fabrica dois diferentes produtos,


chamados X e Y. Para saber o custo de produção desses dois itens, o primeiro
passo é distribuir os custos diretos de produção:

 Para a matéria-prima há um sistema de requisição de materiais obtido


pelo almoxarifado.

 Para a mão de obra, torna-se um pouco mais complicado, pois é


necessário uma lista de pessoas e do tempo dedicado a cada produto
e a cada período (mês).

 A parte da despesa com água pode ser apropriada diretamente, por


meio de equipamento de medição, mas outra parte, não mensurável,
deve ser apropriada por rateio.

No exemplo, para ilustrar, considera-se que 50% do valor da mão de obra


seja custo indireto e 60% da despesa com água seja custo direto. Então:
a. Para matéria-prima, utiliza-se o sistema de requisições,
proporcionando alocação direta do consumo aos produtos.

MATÉRIA-PRIMA VALOR
Produto X 150.000
Produto Y 50.000
Total 200.000

b. Distribuição do custo com mão de obra e do gasto com água,


observando que 50% do valor é custo indireto e 60% do gasto com
água é direto.

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Mão de obra
PRODUTO M.O. DIRETA M.O. INDIRETA
X 22.500
Y 7.500
30.000
Total 30.000 30.000

Gastos com água


PRODUTO GASTO DIRETO GASTO INDIRETO
X 11.250
Y 3.750
10.000
Total 15.000 10.000

Quando-resumo da apropriação dos custos diretos:


TIPOS DE GASTOS CUSTOS DIRETOS CUSTOS TOTAL
Produto X Produto Y INDIRETOS
Matéria-prima 150.000 50.000 200.000
Energia Elétrica 40.000 40.000
Mão de obra 22.500 7.500 30.000 60.000
Água 11.250 3.750 10.000 25.000
Manutenção 35.000 35.000
Seguro 13.000 13.000
Depreciação 15.000 15.000
Total 183.750 61.250 143.000 388.000
245.000

O professor Rodrigo preparou mais um vídeo, dedicado à explicar os


desafios que essa gestão enfrenta nas empresas atuais. Assista acessando o
material on-line.

Terceiro passo: realizar rateio dos custos indiretos


Nessa etapa, são alocados os custos indiretos, no montante de 143.000,
aos produtos X e Y. Para estabelecer os percentuais a serem apropriados,
utiliza-se a proporção de cada produto constante no quadro-resumo de
apropriação dos custos diretos, a saber:

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PRODUTO CUSTOS DIRETOS CUSTOS INDIRETOS TOTAL
$ % $ % $
X 183.750 75 107.250 75 291.000
Y 61.250 25 35.750 25 97.000
Total 245.000 100 143.000 100 388.000

Pode-se concluir, então, que os custos de produção dos produtos X e Y


são os especificados nesse quadro na coluna total de cada produto. Lembrando
mais uma vez, o esquema básico é:

 Primeiro passo: separar custos e despesas.

 Segundo passo: realizar apropriação dos custos diretos.

 Terceiro passo: realizar rateio dos custos indiretos.

Para complementar seu estudo o professor Rodrigo fez um vídeo sobre a


controladoria e seu papel na redução de custos. Acesse pelo material on-line.

Na sequência, ocupa-se da apuração dos custos dos produtos vendidos,


que contribuem diretamente para a obtenção de receitas. Os custos desses
produtos são definidos como sendo a somatória dos custos incorridos nos
produtos em determinado período. O custo de produção é determinado pela
seguinte fórmula:

Materiais diretos (MD)


+ Mão de obra direta (MOD)
+ Custos indiretos de fabricação (CIF)
___________________________________
= Custo de Produção

O que se conclui a respeito dessa estratégia de gerenciamento de custos?


Existe a necessidade de estruturar passo a passo o esquema de contabilização
de custos, além de ser importante o conhecimento sobre a classificação dos
gastos para determinação dos esquemas contábeis. Esses rateios podem ser

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feitos por vários critérios diferentes e seus méritos são abordados nos próximos
módulos.
Veja um exemplo dado pelo professor Rodrigo no próximo vídeo,
disponível no material on-line.

Revendo a problematização
Você se lembra do Sérgio? O empresário que vai enfrentar sua primeira
negociação com um banco para conseguir boas condições de contrato de
financiamento! Lembra que, para isso, ele terá que estar munido, entre outros,
de uma boa documentação dos custos da empresa?
Então, qual a melhor estratégia para que o documento de custos fique
consistente, potencializando, assim, as chances de uma boa análise de crédito
por parte do banco?
a. Contratar uma consultoria especializada para fazer isso.
b. Fazer ele mesmo o exercício de separar custos e despesas, apropriar
custos diretos e realizar rateio de custos indiretos.
c. Pagar para o contador terceirizado fazer isso.
Os feedbacks estão disponíveis no material on-line.

Síntese
Nesse módulo você acompanhou o esquema básico de contabilidade de
custos. Como vimos, esse é um procedimento essencial para começar a
organizar a empresa em relação ao gerenciamento de custos.
Como afirmamos antes, saber quanto custa o produto é essencial, para
que o preço de venda (muitas vezes, determinado pelo Mercado) e a
lucratividade resultante fechem a equação que viabiliza o empreendimento e que
garante realmente sua sustentabilidade, do ponto de vista financeiro.
Por fim, você acompanhou passo a passo como efetuar a separação entre
custos e despesas, como proceder com a apropriação dos custos diretos e,
finalmente, como fazer o rateio dos custos indiretos.

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Para fixar melhor os conteúdos mais importantes desse tema acompanhe
a síntese preparada pelo professor Rodrigo, no vídeo disponível on-line. Até a
próxima!

Atividades
A empresa “Bolsas Bacanas” apresentou os seguintes gastos no mês de abril:
matéria-prima consumida; salário das 5 costureiras (MOD); depreciação das
máquinas de costura; aluguel da fábrica; salário do chefe de produção;
energia elétrica da fábrica; gastos com limpeza da fábrica; seguro contra
incêndio da fábrica; IPTU da fábrica - parcela mensal; salário da
administração; material de consumo - escritório; despesas de marketing;
despesas de entrega; comissões de vendedores e juros pagos. Qual
alternativa identifica todos os custos de produção?
a. Matéria-prima consumida; salário das 5 costureiras (MOD); aluguel do
prédio da fábrica; salário do chefe de produção; material de consumo –
escritório; energia elétrica da fábrica; gastos com limpeza da fábrica;
seguro contra incêndio da fábrica e IPTU da fábrica - parcela mensal.
b. Matéria-prima consumida; salário das 5 costureiras (MOD); depreciação
das máquinas de costura; gastos com limpeza da fábrica; seguro contra
incêndio da fábrica; IPTU da fábrica - parcela mensal; despesas de
entrega e comissões de vendedores.
c. Salário das 5 costureiras (MOD); depreciação das máquinas de costura;
aluguel do prédio da fábrica; despesas de entrega e de produção; gastos
com limpeza da fábrica e seguro contra incêndio da fábrica.
d. Matéria-prima consumida; salário das 5 costureiras (MOD); depreciação
das máquinas de costura; aluguel do prédio da fábrica; salário do chefe
de produção; energia elétrica da fábrica; gastos com limpeza da fábrica;
seguro contra incêndio da fábrica; IPTU da fábrica - parcela mensal.

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Indique a alternativa que não representa custo:
a. Salários dos operadores de máquinas de fabricação.
b. Salários dos funcionários do departamento de vendas.
c. Depreciação de máquinas de fabricação.
d. Energia elétrica consumida pelas máquinas de fabricação.

Uma empresa, para fabricar 1.000 unidades mensais de um determinado


produto, realiza os seguintes gastos:
Matéria prima 600.000
Mão de obra direta 300.000
Mão de obra indireta 100.000
Custos fixos 200.000

Se a empresa produzir 1.500 unidades desse produto, por mês com as


mesmas instalações e com a mesma mão de obra, o custo por unidade
produzida corresponderá a:
a. $ 1.500,00
b. $ 833,33
c. $ 800,00
d. $ 1.000,00

Custo total: $ 900.000 + $ 300.000 + $ 100.000 + $ 200.000 = $ 1.500.000,00


Custo Unitário: $ 1.500.000,00 / 1500 = $ 1.000.

O demonstrativo abaixo é de uma empresa fictícia:


CONTA VALOR
Mão de obra direta R$ 100.000,00
Mão de obra indireta R$ 75.000,00
Salários administrativos R$ 8.000,00
Materiais indiretos consumidos na fábrica R$ 4.000,00
Aluguel administrativo R$ 3.000,00

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Com base nos dados apontados acima, analise as contas descritas a
seguir e marque C para Custos e D para Despesas. Assinale a alternativa que
apresenta a sequência correta.
( ) Mão de obra direta
( ) Mão de obra indireta
( ) Salários administrativos
( ) Materiais indiretos consumidos na fábrica
( ) Aluguel administrativo
a. C – C – D – D – D
b. C – C – D – C – D
c. C – D – D – C – D
d. C – D – C – D – C

Como é definido o custo de produção?


a. A multiplicação dos materiais diretos (MD) x mão de obra direta (MOD)
b. A divisão dos materiais diretos (MD) pelos custos indiretos de fabricação
(CIF)
c. Apenas pela somatória dos custos indiretos
d. Materiais diretos (MD) + Mão de obra direta (MOD) + Custos indiretos de
fabricação (CIF)

Os feedbacks estão disponíveis no material on-line.

Referências
MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. 370 p.
MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos
patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2002.
MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2ª ed. São Paulo: Person Prentice
Hall, 2007.

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PEREZ JUNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M.; COSTA, R. G. Gestão Estratégica de
Custos. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

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