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Resumos de economia

A Empresa

A empresa é o agente económico que transforma factores produtivos e bens intermédios em bens
(agente económico que leva a cabo a produção).

Objectivo: maximização do lucro, a diferença entre as receitas provenientes da venda dos seus
produtos e os custos associados a remuneração dos factores produtivos e a aquisição dos bens
intermédios utilizados na produção.

Produção e Custos

Produção

Função técnica que indica a relação através da qual os factores produtivos são combinados de
forma a obter-se o produto final.

A cada função produção corresponde uma só tecnologia e supõe-se que as combinações técnicas
utilizadas são todas eficientes.

A função produção relaciona as quantidades de factores utilizadas na produção com a quantidade


(máxima) de produto que pode ser obtida.

Q = Q (K, L)

Factores variáveis e factores fixos

O período curto é o período de tempo durante o qual a empresa não pode variar a quantidade
utilizada de alguns factores. A estes factores chamamos factores fixos (exemplo: edifícios,
máquinas, mão de obra efectiva, terrenos, etc.) e são estes que definem a dimensão da empresa.

Os factores de produção cuja quantidade a empresa pode alterar durante um determinado período
de tempo considerado são designados por factores variáveis (exemplo: matérias primas,
matérias subsidiárias, mão-de-obra temporária, etc.)

O estudo da função produção é realizado apenas no curto prazo, o que faz com que exista pelo
menos um factor fixo.

 Produtividade total (produto total) do factor variável (PTL)


 Produtividade média do factor variável (PmdL)
 Produtividade marginal do factor variável (PmgL)

Produtividade total (produto total) do factor variável (PTL)

 Mostra o volume de produção que se obtém para cada unidade de factor variável
utilizado, combinada com uma dada quantidade de factor fixo. Constitui um indicador
da capacidade produtiva do factor variável, combinado com o factor fixo.

Características da função PTL

 Se não se utilizar trabalho o volume de produção é nulo.


 A produção aumenta com o aumento da quantidade de trabalho, mas a partir de um
dado volume de produção a quantidade utilizada de trabalho aumenta mas a produção
decresce.

Lei dos Rendimentos Decrescentes

 Elevando-se a quantidade do factor variável, permanecendo fixa a quantidade dos


restantes factores, a produção inicialmente ira aumentar a taxas crescentes; a seguir,
depois de uma certa quantidade utilizada do factor variável, continuará a crescer, mas
a taxas decrescentes (ou seja acréscimos cada vez menores); continuando o
incremento da utilização do factor variável, a produção total chegará a um máximo,
para depois decrescer.
Produtividade média do factor variável (PmdL)

 Indica a quantidade que, em média, se obtém do produto por unidade de trabalho


(combinado com determinada quantidade do factor fixo). É uma medida da eficiência
do trabalho.

PmdL ₌ PTL/L

Características da função produtividade média do trabalho:

 A PmdL é sempre positiva porque também o quantidades utilizadas dos factores de


produção e do volume de produção também o são.
 Quando a PmdL é máxima, o trabalho está a ser utilizado com a máxima eficiência. É
o óptimo técnico da empresa.

Produtividade marginal do factor variável (PmgL)

 Avalia o acréscimo de produção resultante da utilização de uma unidade adicional de


factor variável (combinada com uma dada quantidade de factor fixo).

PmgL ₌ ∆PTL /∆L

Características da função PmgL:

 A PmgL é crescente quando ocorrem rendimentos marginais crescentes. De acordo


com a lei dos rendimentos marginais crescentes, à medida que se combinam unidades
adicionais de trabalho com capital (o factor fixo), a produção aumenta a ritmos
crescentes até determinado volume de produção, dadas as condições técnicas de
produção.
 A PmgL é decrescente quando ocorrem rendimentos marginais decrescentes. A partir
de determinado volume de produção, aumenta a quantidade utilizada de trabalho e a
produção aumenta cada vez menos - verifica-se a lei dos rendimentos marginais (ou
físicos) decrescentes.
 A produtividade marginal é igual ao declive da função produção, sendo normalmente
positiva e decrescente.
Propriedades

Monotonia: o aumento da quantidade de um dos factores produtivos (mantendo constantes as


quantidades dos restantes factores) permite aumentar o volume de produção.

Produtividades marginais decrescentes: aumentos sucessivos na quantidade de um factor


produtivo (mantendo constantes as quantidades dos restantes factores) proporcionam aumentos
cada vez menores do volume de producão.

A Lei dos rendimentos marginais decrescentes afirma que: a produtividade marginal de um


factor e decrescente, pelo menos a partir de uma certa quantidade desse factor.
Relações entre a produtividade média e a produtividade marginal do trabalho:

 Se a PmgL é superior à PmdL, a produtividade média é crescente. Se utilizarmos uma


unidade adicional de trabalho e a produção aumentar mais do que média produzida
anteriormente, então a produção por unidade de factor trabalho aumenta.
 Quando a PmdL é máxima, a PmdL é igual à PmgL.
 Se a PmgL é inferior à PmdL, a PmdL é decrescente. Se utilizarmos uma unidade
adicional do factor variável e a produção aumentar menos do que a produção média
anterior, então a produção por unidade de factor variável diminui.

Produtividade e Eficiência
Estágios de Produção

1º Estágio

Estágio - quantidades de fases de trabalho até ao óptimo técnico.

 A PmgL é superior à PmdL o que torna a PmdL crescente. Isto significa quando se utiliza
uma unidade adicional de trabalho combinado com determinada quantidade de factor fixo
o acréscimo de produção é superior à produção média anterior. A produção por unidade
de trabalho aumenta.
 A PmdL é uma medida de eficiência do factor variável e, como ela está a aumentar,
significa que a eficiência do factor variável (quando combinado com determinada
quantidade de factor fixo) está a aumentar.

Ótimo técnico - A PmdL é máxima o que significa que, o factor trabalho está a ser utilizado com
a máxima eficiência quando combinado com determinada quantidade do factor fixo.

2º Estágio

 Entre o óptimo e o máximo técnico.


 Neste estágio a PTL cresce a ritmos decrescentes, a PmgL e a PmdL são decrescentes. A
PmdL ao ser decrescente significa que a eficiência do factor variável (na combinação
com o factor fixo) está a decrescer. Como a produção total continua a crescer a eficiência
do factor fixo é, ainda, crescente.

Máximo Técnico - Neste ponto a produtividade total é máxima e a PmgL é nula. Como a PmgL
é nula o produto total não aumenta com a utilização do factor trabalho. No entanto, como a
produção total é máxima, neste ponto, a empresa está perante a combinação de factores em que é
máxima a eficiência do factor fixo.

3º Estágio

 A Produção decresce à medida que a quantidade utilizada do factor trabalho aumenta.


 factor variável é utilizado de uma forma ineficiente. O factor fixo passa a ter uma
eficiência decrescente nas combinações utilizadas.
Nenhum produtor que procure maximizar o seu lucro se irá situar no 1º ou 3º estágio. No
primeiro estágio se aumentar uma unidade de trabalho, o produtor pode aumentar a
produtividade média de todas as unidades. Por este motivo não deve parar a produção neste
estágio. No terceiro estágio, o produtor ao aumentar a quantidade utilizada de trabalho reduz a
produção.

O produtor racional deve-se situar no 2º estágio de produção, entre o ponto de máxima


eficiência do trabalho (Óptimo Técnico) e o de máxima eficiência do capital (Máximo
Técnico). Deverá situar-se mais próximo do óptimo técnico ou do máximo técnico,
conforme o factor variável seja relativamente mais caro ou o factor fixo, respectivamente.
Procura-se, assim, maximizar a eficiência do factor que for relativamente mais caro.

A função produção não é estática. Modifica-se ao longo do tempo em virtude do processo


técnico

Exemplo:

Função de Produção com 2 Factores


Mapa de Isoquantas

Propriedades das Isoquantas

 Como as produtividades marginais são positivas, a utilização de maiores quantidades de


factores permite alcançar um maior nível de produção. Assim, quanto mais afastada
estiver da origem, maior é o nível de produção associado a isoquanta.
 As isoquantas não se cruzam. Seria absurdo que uma determinada combinação de
factores produtivos pudesse proporcionar dois níveis distintos de produção.

 Como as produtividades marginais são positivas, as isoquantas são negativamente


inclinadas.

 Se as produtividades marginais forem decrescentes, as isoquantas são necessariamente


convexas.
Taxa Marginal de Substituição Técnica

Se a quantidade de trabalho variar ligeiramente, qual a variação da quantidade de capital


necessária para manter constante o nível de produção?

A taxa marginal de substituição técnica entre capital e trabalho traduz o aumento de capital
necessário para compensar uma pequena diminuição unitária da quantidade de trabalho, de forma
a manter o nível de produção constante.

Observe que a TMSTLK e dada pelo declive da isoquanta:

 Ao longo de uma isoquanta, a perda de produção associada a diminuição da utilização de


trabalho (PMgL dL) e compensada pelo aumento proporcionado pelo aumento da
utilização de capital (PMgK dK). A TMSTLK equivale, portanto, à razão entre as
produtividades marginais do trabalho e do capital.

A TMST vai diminuindo ao longo da isoquanta, sendo maior em B do que em A.


Como as produtividades marginais são decrescentes, à medida que diminui a quantidade de
um factor, torna-se mais difícil a sua substituição por outro.

Rendimentos à Escala

Os rendimentos à escala medem o efeito sobre o volume de produção provocado por uma
variação de todos os factores produtivos na mesma proporção.

 Se a produção varia menos do que proporcionalmente, temos rendimentos decrescentes.


 Se a produção varia na mesma proporção, temos rendimentos constantes.
 Se a produção varia mais do que proporcionalmente, temos rendimentos crescentes.
Razões que contribuem para a existência de rendimentos decrescentes:

 Excesso de divisão de trabalho e consequente perda da visão global da empresa e seus


objectivos devido a grande complexidade organizacional);
 Dificuldades de supervisão/gestão: a medida que a escala de produção aumenta, a
hierarquia de supervisores tende a aumentar e a respectiva eficiência a diminuir
devido a grande complexidade organizacional;
 Limitação do produto (industrias extractivas);
 Impossibilidade física de aumentar determinado factor.

Razões que contribuem para a existência de rendimentos crescentes:

 Existência de indivisibilidades técnicas ou custos fixos, que se diluem com o aumento da


escala de produção (exemplo: custos da rede de telefones moveis, design de produto,
produção musical ou cinematográfica);
 A divisão do trabalho e especialização pode permitir ganhos de eficiência (exemplo: linha
de montagem);
 As necessidades de stocks aumentam normalmente menos do que a escala (exemplo:
hipermercados);
 Relações geométricas: por exemplo, duplicar as paredes de um armazém, quadruplica a
área disponível.

Função Homogénea
Uma função é homogénea de grau n se:

 n<1 - rendimentos decrescentes a escala;


 n=1 - rendimentos constantes a escala;
 n>1 - rendimentos crescentes a escala.

Custos de Produção

A análise dos custos é importante para qualquer empresa uma vez que estas decidem que
quantidades devem produzir e vender conforme o preço do produto no mercado e os custos de
produção.

Os custos de produção de uma empresa incluem todos os custos de oportunidade envolvidos na


produção dos bens e serviços.

Os custos de produção de uma empresa incluem custos explícitos e implícitos.

 Custo explícito - envolve o pagamento directo na aquisição de factores de produção.


 Custo implícito - não envolve o pagamento directo na aquisição de factores de produção.

Lucro Económico vs Lucro Contabilístico

 Os economistas consideram o lucro económico de uma empresa como sendo a receita


total menos todos os custos de oportunidade (explícitos e implícitos).
 Os contabilistas consideram o lucro contabilístico de uma empresa como sendo a receita
total menos os custos explícitos. Os contabilistas ignoram os custos implícitos.

Quando a receita total é maior que os custos explícitos e implícitos, a empresa tem lucro
económico. O lucro económico é sempre menor que o lucro contabilístico.

Custo total, custo fixo e custo variável

Custo Total – soma dos custos de todos os inputs necessários à produção de uma determinada
quantidade.

CT= CFT+CVT
Custos Fixos Totais (CFT) - são os encargos que a empresa suporta habitualmente no curto
prazo e que não variam em função do volume de produção. Ex: Electricidade, telefone, aluguer
do edifício, leasing de máquinas…

Custos Variáveis Totais (CVT) – representam os custos que a empresa suporta pela aquisição
dos factores variáveis necessários à produção. Ex: matérias-primas, mão de obra temporária…

O custo variável é, neste caso, o custo do factor trabalho. Calcula-se multiplicando a quantidade
de trabalho utilizada na produção pelo salário.

O custo fixo é, neste caso, o custo do factor capital. Como não podemos variar a quantidade do
factor fixo, o custo fixo e independente do volume de produção.

O custo total de período curto pode obter-se somando o custo fixo e o custo variável.
Custos Fixos Médios (CFM) - é o custo fixo por unidade produzida, isto é, indica, para um dado
volume de produção, quanto é que em média cada unidade produzida custa em termos de
factores fixos.
CFM ₌ CFT/X

Custos Fixos Médios (CFM), obtêm-se dividindo o custo fixo pela quantidade produzida.
Traduz-se, graficamente, pelo declive da linha que une a origem ao ponto considerado.

É sempre decrescente, os custos fixos vão-se diluindo.

Custo Variável Médio (CVM) - é o custo unitário do produto em termos dos encargos com os
factores variáveis utilizados. Indica, para um dado volume de produção e qual o custo de cada
unidade produzida em termos do trabalho incorporado.

CVM ₌ CVT/X

Há medida que se aumenta a quantidade utilizada dos factores variáveis (combinados com os
factores fixos), a produtividade média aumenta, logo o custo unitário do produto, em termos dos
factores variáveis, diminui (CVM é decrescente). Isto acontece até se alcançar o ponto de óptimo
técnico, onde o CVM é mínimo – Ponto Mínimo de Exploração.

Custo Total Médio (CTM) - representa o custo unitário do produto. Indica, para um dado
volume de produção, quanto é que, em média, custa produzir cada unidade de produto.

CTM ₌ CTX/X

Quando a empresa produz um volume de produção que torna o custo unitário mínimo diz-se que
atingiu o seu óptimo de exploração.

Custo Marginal (Cmg) - é a variação dos custos totais resultantes da produção da última
unidade do produto. É o custo da última unidade produzida.
Cmg ₌ ∆CT/∆X

O custo médio de período curto pode calcular-se pela soma do custo fixo médio com o custo
variável médio.

Tanto o custo médio de período curto como o custo variável médio são mínimos no volume em
que se se cruzam com o custo marginal de período curto.

Propriedades

 Custo marginal sobe com o aumento da quantidade produzida;


 A curva do custo total médio tem o formato da letra “U”;
 A curva de custo marginal cruza a curva de custo total médio no ponto onde o custo total
médio é mínimo;

A curva do custo total médio tem o formato de um “U”, porque:

 A níveis muito baixo de produção o custo total médio é alto, pois os custos fixos são
“diluídos” sobre uma quantidade pequena de produção.
 À medida em que a produção aumenta o custo total médio diminui.
 custo total médio começa a subir porque o custo variável médio cresce substancialmente.
 Na parte inferior da curva em formato de “U” (Custo Total Médio) é o ponto onde o
custo total médio é o menor!
 Essa quantidade é muitas vezes chamada de escala eficiente da empresa.

Custos no Longo Prazo

Para muitas empresas a divisão dos custos totais entre custo fixo e variável depende do horizonte
de tempo sendo considerado

 No curto prazo os custos são fixos


 No longo prazo os custos fixos transformam-se em custos variáveis

Devido ao facto dos custos serem fixos no curto prazo mas variáveis no longo prazo, as curvas
de custo de longo prazo são diferentes das de curto prazo.

Quando os custos aumentam numa proporção menor que o aumento da Produção, dizemos
que estamos perante a existência de Economias de Escala.

O conceito de economias de escala traduz a relação entre o aumento do volume de


produção, e o correspondente aumento dos custos.

O conceito de rendimentos à escala traduz a relação existente entre a variação ocorrida na


quantidade de factores produtivos, e a correspondente variação no volume de produção.

Rendimentos crescentes à escala – um aumento proporcional em cada input/factor produtivo


leva a um aumento mais do que proporcional na produção.
Rendimentos constantes à escala – um aumento proporcional em cada input/factor produtivo
leva a um aumento de igual proporção na produção.

Rendimentos decrescentes à escala - um aumento proporcional em cada input/factor produtivo


leva a um aumento de menor proporção na produção.

Distinção entre Rendimentos decrescentes à escala e a Lei dos rendimentos marginais


decrescentes

Rendimentos decrescentes à escala - um aumento proporcional em cada input/factor produtivo


leva a um aumento de menor proporção na produção.

Lei dos rendimentos marginais decrescentes – referem-se ao caso, no qual um só factor


produtivo varia enquanto todos os outros são fixos.

Estruturas de Mercado

As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente de três características:

 Número de empresas que compõem esse mercado


 Tipo do produto (se são idênticos ou diferenciados)
 Barreiras ou não quanto ao acesso a esse mercado

De acordo com a importância da empresa no mercado e a homogeneidade do produto oferecido,


os mercados podem ser classificados em:

 Concorrência perfeita
 Monopólio
 Oligopólio
 Concorrência Monopolista

Concorrência Perfeita - Mercado onde existe um grande número de empresas a oferecer o


mesmo produto, percepcionado como sendo igual aos olhos do consumidor. (Ex: Pão Quente)

Caracteristicas:

 Produto homogéneo
 Mercado transparente => atrairá mais empresas, aumentado a oferta, leva a que os preços
desçam e os lucros iniciais extraordinários, tendem a cair e a transformar-se em lucros
normais.
 Livre circulação de informação
 Não existem barreiras nem à entrada nem à saída de empresas do mercado
 Preço definido no Mercado

Monopólio - Mercado onde só existe uma única empresa a oferecer um único produto ou
serviço, para o qual não existem produtos substitutos, nem concorrentes. (Ex: CTT)

Características:

 Existem barreiras à entrada e à saída;


 Existem economias de escala;
 Grande controlo sobre o preço.

Oligopólio - Mercado onde existe um pequeno número de empresas que dominam a oferta de
mercado. As empresas produzem bens diferenciados, mas substituíveis entre si. (Ex: Cimentos)

Características:

 Produto homogéneo ou não;


 Pequeno número de empresas;
 Difícil controlo sobre os preços devido à interdependência;

Concorrência Monopolista - Mercado onde existe um grande número de empresas a produzir o


mesmo bem, que aos olhos do consumidor é percepcionado, como sendo diferente, embora seja
dominado apenas por uma marca. (Ex: Tiffosi e Salsa)

Características:

 Produto diferenciado;
 Grande número de empresas;
 Alguma possibilidade de controlo sobre o preço;
 Existência de poucas barreiras à entrada.
Concorrência Perfeita

 O Modelo de concorrência perfeita descreve um mercado no qual nenhum agente tem


capacidade para influenciar os preços (poder de mercado nulo).
 Assim, cada empresa age individualmente, sem precisar de ter em conta as decisões das
outras. Observando o preço de mercado, decide que quantidade pretende vender a esse
preço.
 É um bom ponto de partida para o estudo de estruturas de mercado mais complexas.

Pressupostos

1. Existem muitos produtores e muitos consumidores, negligenciáveis em termos


individuais.
2. Os produtos das diferentes empresas são substitutos perfeitos, ou seja, o produto é
homogéneo.
3. Os agentes têm toda a informação relevante.
4. Todas as empresas instaladas na indústria, tal como as que ponderam entrar na indústria,
têm igual acesso à tecnologia e aos factores de produção.
5. Não existem barreiras à entrada ou saída do Mercado.

Procura da Empresa

Estas hipóteses justificam o pressuposto seguinte, que, na prática, define concorrência perfeita.

Ao preço de mercado, p, a empresa vende a quantidade de produto que quiser. A um preço


superior, a empresa não consegue vender qualquer quantidade.

A procura da empresa (qD) é horizontal, ou seja, infinitamente elástica. A procura do mercado


(QD) mantém a configuração típica (negativamente inclinada).
Receita e Rendimento

O objectivo da empresa é maximizar o seu lucro. Em concorrência perfeita, como o preço é


independente da quantidade, a receita total é linear:

A receita média e o rendimento marginal são constantes e iguais ao preço de Mercado.

A empresa escolhe o volume de produção que maximiza a diferença entre a receita total e o
custo total. Nesse volume óptimo, o custo marginal é igual ao rendimento marginal.

Limiar da Rentabilidade

 Para que o lucro seja positivo, é necessário que a empresa produza um custo médio
inferior ao preço de mercado.
 Quando o preço é igual ao mínimo do custo médio de período longo, a empresa tem
lucros nulos (ou normais) no longo prazo. Está no seu limiar de rentabilidade ou limiar de
encerramento de longo prazo. No curto prazo, ainda que os lucros sejam negativos, a
empresa pode ter interesse em manter a produção. Se não produzir, terá um prejuízo igual
aos custos fixos (afundados).
 Portanto, deve produzir caso as receitas sejam suficientes para compensar os custos
variáveis.
 Se o preço for igual ao mínimo do custo variável médio de período curto, a empresa está
no seu limiar de encerramento de curto prazo.

Concorrência Perfeita

Equilíbrio de Curto Prazo


Oferta de curto prazo

 Quando o preço é inferior ao mínimo do custo variável médio de período curto, a


empresa não deve produzir (no curto prazo).
 Sendo superior, a oferta individual de curto prazo é dada pela curva de custo marginal
de curto prazo.
 Cada empresa escolhe o volume de produção que maximiza o seu lucro.
A condição de optimização consiste na igualdade entre o preço e o custo marginal de
período curto.
CMgPC=p

 Para que não seja preferível encerrar no curto prazo, é necessário que o lucro neste
volume de produção seja superior ao que a empresa consegue se não produzir nada.
Ou seja, é necessário que o preço seja superior ao mínimo do custo variável médio.
 Somando as ofertas de curto prazo das n empresas que estão no mercado (no curto
prazo não há entradas nem saídas) obtemos a oferta de curto prazo da indústria.

Em equilíbrio de período curto:

1. Cada empresa produz a quantidade que maximiza o seu lucro, isto é, a quantidade para a
qual o custo marginal de período curto é igual ao preço (desde que o preço seja superior
ao custo variável médio). Para maximizarem os seus lucros, as empresas produzem uma
quantidade tal que o custo marginal de período curto é igual ao preço de venda.
2. A oferta da indústria é igual à procura de Mercado. O preço de equilíbrio de período
curto é tal que a oferta da indústria e a procura de mercado são iguais.

Concorrência Perfeita

Equilíbrio de Longo Prazo

Oferta de Longo Prazo

 Quando o preço é inferior ao mínimo do custo médio de longo prazo, a empresa não
produz (no longo prazo).
 Quando é superior, a oferta individual de longo prazo é dada pela curva de custo marginal
de período longo.
 Quando coincidem, o volume de produção da empresa é igual à escala mínima eficiente
(pode também ser igual a zero).
 No longo prazo, a empresa pode ajustar todos os factores produtivos, por isso consegue
produzir as mesmas quantidades a um menor custo.
 Logo, a curva da oferta individual de longo prazo é menos inclinada que a curva da oferta
individual no curto prazo (que coincidem com os respectivos custos marginais)
 A soma das ofertas de longo prazo de um número fixo de empresas não é a oferta de
longo prazo da indústria.
 Enquanto o preço for superior ao mínimo do custo médio de período longo, entram mais
empresas no mercado, por isso, nessa gama de preços, a indústria pode oferecer um
volume de produção ilimitado.

Entrada e Saída de Empresas

No longo prazo, pode haver entrada ou saída de empresas, dependendo da relação entre o preço
de mercado e o mínimo do custo médio de período longo.

Se o preço for superior ao mínimo do custo médio de período longo, é vantajoso entrar no
mercado, dado que a actividade nesta indústria proporcionará lucros no futuro.

Se o preço for inferior ao mínimo do custo médio de período longo, as empresas que estão no
mercado têm incentivos para encerrar, dado que para manter a actividade nesta indústria é
necessário suportar um prejuízo.

Estando o preço acima do mínimo do custo médio de período longo, entram novas empresas no
mercado. Aumenta, assim, a oferta da indústria, para cada preço de venda.

O preço de mercado vai baixando. A quantidade que cada empresa vende vai diminuindo, mas o
volume de vendas da indústria vai aumentando.

Equilíbrio de Longo Prazo

Em equilíbrio de longo prazo:


 O preço é igual ao mínimo do custo médio de período longo.
 As empresas têm a dimensão óptima e o volume de produção individual é igual à escala
mínima eficiente.
 O número de empresas é tal que a oferta da indústria iguala a procura do mercado, ao
preço de equilíbrio.

Monopólio

 Monopólio é uma estrutura de mercado na qual:


 Existe apenas 1 empresa produtora;
 A empresa produtora é “price-maker”, ou seja, é o monopolista que fixa o preço do
produto;
 Existem muitos compradores de pequena dimensão, que são “price-takers”;
 A entrada no mercado esta impossibilitada por barreiras estruturais e/ou estratégicas;
 Nao existem substitutos próximos.

Barreiras à Entrada

As barreiras a entrada na indústria, que tornam o mercado monopolista, podem ser de natureza
estrutural ou estratégica.

- Barreiras estruturais: decorrem das características tecnológicas, económicas ou legais


dos mercados.
- Barreiras estratégicas: devidas à acção deliberada dos monopolistas, que procuram
evitar a entrada de concorrentes e manter a sua posição dominante.

Exemplos de barreiras estruturais:

- Economias de escala (monopólios naturais);


- Economias de aprendizagem;
- Economias de relacionamento/confianca;
- Diferenciação (clubes de futebol);
- Efeitos de rede (Windows, redes de telemóveis)
- Patentes (incentivo à inovação);
- Concessões (incentivo ao investimento);
- Tarifas e quotas (restrições ao comércio internacional).

Exemplos de barreiras estratégicas:

- Preço limite: preço fixado não com o objectivo de maximizar o lucro, mas com o
objectivo de fazer com que a entrada no mercado não seja rentável;
- Excesso de diferenciação: a proliferação de marcas cobre o mercado de forma a não
deixar espaço a potenciais concorrentes (cereais de pequeno-almoço, imprensa);
- Controle de inputs e outlets: a integração vertical e os contratos de exclusividade
garantem vantagens competitivas à empresa instalada em termos de custos de transacção;
- Publicidade: a fidelização e a imagem de marca podem tornar a entrada demasiado
dispendiosa.

Solução Monopólio

A empresa monopolista tem poder de mercado, dado que fixa o preço de mercado do produto
(price-maker).

A procura da empresa é sempre igual à procura do mercado, havendo uma relação inversa entre
o preço fixado e a quantidade vendida: quanto mais elevado for o preço, menor é a quantidade
que os consumidores estão dispostos a adquirir. Estando sujeito à procura do mercado, o
monopolista deve escolher o ponto mais rentável da curva da procura.

Em concorrência perfeita, a situação era diametralmente oposta. Cada empresa enfrentava uma
função procura (da empresa) horizontal, não tendo qualquer poder de mercado: qualquer que
fosse a quantidade vendida pela empresa, o preço de mercado permanecia inalterado.

O monopolista escolhe a quantidade a produzir e vender de forma a maximizar o seu lucro

Concluímos que o monopolista maximiza o seu lucro escolhendo o volume de produção, Q*,
para o qual o RMg iguala o CMg.

O lucro do monopolista é maximizado quando o benefício obtido com a venda da última unidade
produzida iguala o custo de produzir essa unidade adicional: RMg(Q*)=CMg(Q*).
Para qualquer outro volume de produção, é possível aumentar o lucro variando a quantidade
produzida e vendida.

Se RMg(Q)>CMg(Q), então a produção de uma unidade adicional tem um rendimento superior


ao custo. A empresa deve aumentar o volume de produção para maximizar o seu lucro.

Se RMg(Q)<CMg(Q), então a produção da última unidade fez diminuir o lucro (rendimento


inferior ao custo). Logo, a empresa deve diminuir o volume de produção.

A solução de monopólio determina-se pela intersecção entre as funções custo marginal e


rendimento marginal.

O lucro pode calcular-se com a seguinte formula:

LT= (RMd – CMd) *Q

Limiar de Encerramento

Tal como em concorrência perfeita, é possível que não seja rentável produzir.

Em período curto, o monopolista produz se as receitas forem suficientes para compensar os


custos variáveis. Isto é, se os prejuízos forem inferiores aos custos fixos (que seriam os prejuízos
que teria se não produzisse). Em período longo, não há custos fixos.

Índice de Lerner diz que…

Quanto menos elástica for a procura com que uma empresa se depara (bens essenciais ou sem
substitutos próximos), maior é o poder da empresa sobre o consumidor e, portanto, maior será a
diferença entre o preço praticado e o custo marginal.

O índice de Lerner varia entre 0 e 1, sendo zero em concorrência perfeita. Em concorrência


perfeita, a elasticidade da procura da empresa é infinita, portanto, em equilíbrio, o preço é igual
ao custo marginal.

Monopólio

Perda de Bem Estar do Monopólio

Bem Estar Social


Iremos definir uma função de bem-estar social como a soma dos excedentes de todos os agentes
económicos. Neste caso, vamos somar o excedente do monopolista com o excedente dos
consumidores. Graficamente, o bem-estar corresponde à área situada entre a curva de custo
marginal e a curva da procura. O preço de equilíbrio de concorrência perfeita, igual ao custo
marginal, maximiza o bem-estar social. Mas a empresa monopolista prefere uma situação na qual
fixa um preço superior (que implica uma menor quantidade produzida e transaccionada),
conseguindo aumentar o seu excedente à custa do excedente dos consumidores.

Relativamente à concorrência perfeita, o monopólio implica uma perda de bem-estar social.


Outras desvantagens:

 Desincentivo à inovação por acomodação à posição dominante;


 Ineficiências pelo facto de a empresa não precisar de produzir ao menor custo possível
para sobreviver no mercado;
 Comportamento rent-seeking: são consumidos recursos com o objectivo de adquirir ou
manter a posição dominante (recursos esses que poderiam ser utilizados na produção de
bens e serviços).

Contudo, o monopólio tem vantagens:

 A possibilidade de obter de lucros de monopólio (ainda que temporários) pode ser um


incentivo à inovação;
 Havendo economias de escala até volumes de produção muito elevados, pode ser mais
eficiente ter uma única empresa no mercado (monopólio natural).
Concorrência Monopolística

Exemplo:

Presupostos
Oligopólio

Mercado onde existe um pequeno número de empresas que dominam a oferta de mercado. As
empresas produzem bens diferenciados, mas substituíveis entre si. (Ex: Cimentos)

Características do mercado:

- Produto homogéneo ou não


- Pequeno número de empresas
- Difícil controlo sobre os preços devido à interdependência

Mercado com apenas Alguns Vendedores – devido aos poucos vendedores, uma
característica chave do oligopólio é a tensão entre cooperação e interesse próprio.

Características do Oligopólio

- Poucos vendedores oferecendo produtos idênticos ou similares;


- Empresas interdependentes;
- Cooperação entre as firmas agindo como monopolista e produzindo uma pequena
quantidade de produto e cobrando um preço acima do custo marginal;
- É um oligopólio onde existem apenas duas firmas;
- É o mais simples dos oligopólio.

Duopólio

Os duopolistas podem decidir exercer um monopólio:

Conluio (acordo) - As duas empresas concordam com a quantidade a produzir e o preço a cobrar.

Cartel (empresas) - As duas empresas unem-se e agem como se fossem uma.

Embora oligopolistas gostariam de formar cartéis e obter lucros monopolistas, muitas vezes isso
não é possível. Leis anti-trust proíbem explicitamente acordos entre oligopolistas.

Equilíbrio no Oligopólio

Um Equilíbrio Nash é uma situação em que os agentes económicos interagindo entre si


escolhem, cada um deles, a melhor estratégia para si com base nas estratégias escolhidas pelos
demais.

Quando firmas em um oligopólio individualmente determinam a quantidade a ser produzida para


maximizar os seus lucros, eles produzem uma quantidade de produtos maior que a produzida por
monopolistas mas menor que a produzida através da concorrência perfeita e monopolística.

O preço do oligopólio é menor que o preço do monopolista, mas maior que o preço da
concorrência perfeita (que é igual ao custo marginal).
Equilíbrio no Oligopólio – Resumo

- Possíveis acontecimentos se os oligopolistas perseguirem o seu próprio interesse:


- Produzem uma quantidade de produtos maior que a produzida por monopolistas, mas
menor que a produzida através da concorrência perfeita.
- Preço do oligopólio é menor que o preço do monopolista mas maior que o preço da
concorrência perfeita.
- Lucro é menor que o do monopolista

Como o Tamanho do Oligopólio afecta os Resultados do Mercado

Como o aumento do número de vendedores afecta o preço e a quantidade:

Efeito quantidade: porque o preço é maior que o custo marginal, vender mais uma unidade do
produto aumenta o lucro.

Efeito preço: o aumento da produção aumentará o total das vendas, o que reduzirá o preço e o
lucro de todas as quantidades vendidas.

À medida em que o número de vendedores em um oligopólio aumenta, mais o oligopólio se


parece com um mercado competitivo.

O preço aproxima-se do custo marginal, e a quantidade produzida aproxima-se do nível


socialmente eficiente.

Teoria dos jogos

Teoria dos jogos é o estudo de como os indivíduos se comportam em situações estratégicas.

Decisões estratégicas são aquelas que cada pessoa, em decidindo que acção tomar, tem que
levar em conta como as outras pessoas irão responder à sua acção.

Teoria de Jogos e o Oligopólio

Como em um oligopólio o número de vendedores é relativamente pequeno, cada firma deve agir
estrategicamente.

Cada empresa sabe que o seu lucro depende não apenas de quanto ele produz, mas de quanto
todas as outras empresas produzem.
Outras Estruturas de Mercado

Estruturas de Mercado dos factores de Produção

Monopsônio – estrutura onde há apenas uma única empresa compradora e muitos vendedores
(Ex: caso da amêndoa no interior).

Concorrência Perfeita – oferta abundante de Factores produtivos, pelas muitas empresas


existentes no mercado.

Oligopsônio – existem poucos compradores e muitos vendedores (ex: caso do leite)

Monopólio bilateral – quando existe só uma empresa a comprar e só uma empresa a vender (Ex:
aço).

Estruturas de Mercado

Outras formas:

Cartel – várias empresas do mesmo sector de actividade, fazem um acordo, mas sem perderem
autonomia, que pode ser a propósito da politica de preços, características e qualidades do
produto, volumes de produção.

Trust – traduz-se num acordo entre diversas empresas de vários sectores, que passam a ser
controladas por uma nova empresa ou grupo financeiro. Neste caso, há perda de autonomia e
perdem também parte da sua autonomia administrativa.

Holding – ocorre quando uma empresa adquire a maioria das acções de várias empresas um ou
vários sectores, obtendo o controlo accionista sobre cada uma das empresas.

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