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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

CAIQUE JUAN DO PRADO OLIVEIRA RA00293941

CURSO: CIÊNCIAS ECONÔMICAS

DISCIPLINA: ECONOMIA POLÍTICA 2

PROFESSOR: PATRIC RORIGUES ANDRADE

Junho 2023
Questão 1. A divisão do trabalho no interior do modo de produção capitalista aparece como
se fosse nada mais do que um modo de circulação simples de mercadorias distintas e
mediadas pela compra e venda. Contudo, de acordo com Marx, a divisão social do trabalho
aponta para duas relações não idênticas: uma definida pela compra e venda de meios de
produção e outra determinada pela compra e venda de força de trabalho. No interior dessa
dinâmica há uma fusão “curiosa”: de um lado, a anarquia da divisão social do trabalho e, de
outro, a autoridade incondicional dos capitalistas sobre o conjunto dos trabalhadores (algo
complemente adequada às “leis da propriedade mercantil”, afinal o comprador de uma
mercadoria tem plenos direitos sobre o modo de consumir o valor de uso dessa, o que se
expressa, segundo o autor, como um despotismo da divisão social do trabalho. Para Marx essa
problemática está intimamente relacionada à questão da subsunção (“subordinação) do
trabalho ao capital. Diante desse quadro, explique:

1.1. Quais os determinantes da elevação da produtividade?

Para Karl Marx, os ganhos de produtividade dependiam da apropriação do trabalho


individual pelo capitalismo, resultando em um aumento contínuo da produção com reduções
correspondentes no custo e no tempo necessário. Ele argumentou que esse processo de
aumento da produtividade foi impulsionado pela competição entre os capitalistas para
maximizar os lucros por meio da produção em massa.

Além disso, Marx acredita que a tecnologia e a inovação são fatores importantes para
aumentar a produtividade. Ele acredita que essas máquinas podem realizar tarefas que antes
eram feitas manualmente e podem aumentar muito a produção, permitindo menos tempo para
trabalhar e mais tempo para se dedicar a outras atividades.

Outro fator importante para o aumento da produtividade, para Marx, era a


organização do trabalho. Ele argumenta que a divisão do trabalho em tarefas especializadas na
linha de produção pode aumentar a produtividade, mas também pode servir para desumanizar
os trabalhadores e reduzir sua independência.

Finalmente, de acordo com Marx, aumentos na produtividade levam a uma menor


taxa de lucro para os capitalistas porque a competição impulsionada pelo aumento da
produtividade leva a preços mais baixos dos produtos. Enquanto a produtividade continua
aumentando, os capitalistas ainda precisam encontrar novas maneiras de explorá-la para
continuar enriquecendo, como manter o controle sobre a tecnologia ou expandir os mercados
de consumo.

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Em última análise, de acordo com Marx, o aumento da produtividade depende da
competição entre capitalistas, tecnologia e inovação e da organização do trabalho, e envolve a
exploração do trabalho e a marginalização dos trabalhadores.

1.2. Qual a relação entre produtividade e valor das mercadorias? Apresente o


caso particular da mercadoria força de trabalho.

A relação entre produtividade e valor das mercadorias é fundamental para a


compreensão do sistema capitalista. Segundo o autor, o valor de uma mercadoria não está
relacionado somente com seus custos de produção, mas também com a quantidade de trabalho
necessário para produzi-la.

Dessa forma, quanto maior for a produtividade do trabalho, ou seja, quanto mais
mercadorias forem produzidas por hora, menor será o valor individual de cada mercadoria.
Isso ocorre porque o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade média de
trabalho socialmente necessário para a sua produção.

No caso particular da mercadoria força de trabalho, Marx defende que o valor dessa
mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzir e
reproduzir essa força de trabalho. Ou seja, o valor da força de trabalho está relacionado com o
tempo de trabalho necessário para a sua formação e com o tempo de trabalho necessário para
a manutenção do trabalhador e de sua família.

Assim, o valor da força de trabalho é determinado não somente pelos custos da


alimentação, moradia e outras necessidades básicas do trabalhador, mas também pelo custo da
formação profissional e educação necessárias para a sua qualificação. Além disso, Marx
defende que a força de trabalho é única porque é a única mercadoria capaz de produzir valor.

Em suma, segundo Marx, a relação entre produtividade e valor das mercadorias é


fundamental para compreender a lógica do capitalismo, pois o valor das mercadorias é
determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzi-las. No caso da
mercadoria força de trabalho, o valor é determinado pelo tempo de trabalho necessário para a
sua formação e manutenção, sendo ela a única mercadoria capaz de produzir valor.

1.3. Qual a relação entre ditames de produtividade e subsunção do trabalho?


Subsunção do trabalho a que?
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Na teoria de Marx, a subsunção do trabalho refere-se ao processo de subordinação dos
trabalhadores à lógica capitalista de produção, ou seja, os ditames da produtividade visam
maximizar os lucros dos proprietários dos meios de produção.

Esse processo acontece de duas maneiras. Formalmente, a produção permanece


relativamente inalterada, mas a gestão da mão de obra é organizada de tal forma que os
trabalhadores são pressionados a produzir mais em menos tempo. Na realidade, as tecnologias
e técnicas de produção estão mudando para atender às necessidades do capital, que incluem
automação, eficiência do trabalho e períodos de ociosidade mais curtos.

O ditame da produtividade é, portanto, consequência direta da subjugação do


trabalho, que subordina o processo de produção e o trabalho às exigências do capital. Em
outras palavras, os trabalhadores são forçados a trabalhar mais rápido, produzir mais e
trabalhar mais horas para produzir mais lucro para os proprietários dos meios de produção.

Assim, pode-se dizer que a relação entre ditames de produtividade e engajamento no


trabalho é estreita porque o primeiro é consequência do segundo. O objetivo do capital é obter
valor agregado por meio da exploração mais intensiva do trabalho, e as garantias de
produtividade são um meio para atingir esse objetivo.

1.4. Quais as formas apresentadas por Marx de subsunção? Conceitue-as e as


relacione ao desenvolvimento capitalista.

Marx apresentou duas formas de subsunção no desenvolvimento capitalista:


subsunção formal e subsunção real.
A subsunção formal ocorre quando o capitalismo faz uso mais eficiente das
tecnologias e técnicas de produção existentes sem alterá-las fundamentalmente. Neste caso as
relações de produção ainda são baseadas no sistema artesanal e o trabalhador é exposto ao
processo produtivo, porém de forma mais intensa e com auxílio de máquinas e ferramentas.
No entanto, a verdadeira subversão ocorre quando o capitalismo muda
fundamentalmente o processo de produção, mudando técnicas e arranjos de trabalho para
aumentar a produtividade. Nessa forma abstrata, as relações de produção são completamente
alteradas pelo uso intensivo de maquinaria, tecnologia e automação, e o trabalhador é
submetido ao processo produtivo e sua vida é regulada pelo ritmo da produção. Essas duas

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formas de subsunção estão relacionadas ao desenvolvimento capitalista porque representam
diferentes etapas do processo de industrialização. A soma formal representa uma fase
preliminar onde a produção sofre racionalização e mecanização, mas ainda mantém algumas
das características do trabalho manual. A verdadeira subsunção, por outro lado, representa um
estágio mais avançado do processo de industrialização, onde a produção é totalmente
automatizada e o trabalho humano é minimizado.

Questão 2. No que concerne à temática dos esquemas de reprodução do capital no


Livro II, responda às seguintes questões:

2.1. Apresente os aspectos formais dos esquemas de reprodução.

A teoria de Karl Marx sobre esquemas de reprodução é uma importante contribuição


para a compreensão da dinâmica capitalista, pois revela como o processo de produção e
circulação de bens é determinado pelas relações entre as classes sociais. Em termos formais,
os esquemas de reprodução de Marx consistem na organização das seguintes categorias:

Esquema I: Produção de bens de consumo

O esquema I representa a produção de bens de consumo, isto é, aqueles produtos que


são diretamente consumidos pelas pessoas, como alimentos, roupas, móveis, etc. Esse
esquema é composto por duas categorias principais:

a) Departamento I: Produção de meios de produção

O departamento I é responsável pela produção dos meios de produção, isto é, das


ferramentas, maquinários e equipamentos necessários para a produção dos bens de consumo.
Isso significa que o departamento I é o setor que produz os bens que serão utilizados na
produção de outros bens. Essa categoria é considerada a mais importante para a acumulação
de capital.

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b) Departamento II: Produção de bens de consumo

O departamento II é responsável pela produção dos bens de consumo propriamente


ditos, isto é, aqueles que serão consumidos diretamente pelas pessoas. Nessa categoria, estão
incluídos os alimentos, as roupas, os móveis, entre outros produtos.

Esquema II: Produção de bens de produção

O esquema II representa a produção de bens de produção, isto é, aqueles produtos que


serão utilizados na produção de outros bens. Esse esquema é composto por duas categorias
principais:

a) Departamento III: Produção de meios de produção

Assim como no esquema I, o departamento III é responsável pela produção dos meios
de produção, isto é, das ferramentas, maquinários e equipamentos necessários para a produção
de bens de produção. No entanto, nesse esquema, esses bens serão utilizados na produção de
outros bens de produção.

b) Departamento IV: Produção de bens de consumo

O departamento IV é responsável pela produção de bens de consumo que serão


utilizados como insumos na produção de outros bens de produção. Nessa categoria estão
incluídos, por exemplo, os produtos químicos, os plásticos, as matérias-primas, entre outros.

Em termos gerais, os esquemas de reprodução de Marx são estruturados com base na


ideia de que a reprodução do capitalismo depende da relação entre as classes sociais. No
esquema I, a classe operária produz os bens de consumo que são consumidos pela própria
classe operária e pela burguesia. Já no esquema II, a classe operária produz os bens de
produção que são utilizados tanto na produção de outros bens de produção quanto na
produção de bens de consumo.

Com base nesses esquemas, Marx argumenta que o processo de acumulação de capital
depende da capacidade do departamento I de produzir meios de produção de maneira

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eficiente. Isso porque, quanto mais eficiente for a produção dos meios de produção, maiores
serão os lucros obtidos pela burguesia, o que permitirá a acumulação de capital e a expansão
do sistema capitalista.

Portanto, os esquemas de reprodução de Marx são uma representação formal da


dinâmica capitalista, que revela como a produção e a circulação de bens são determinadas
pelas relações de classe e pela busca incessante por lucro e acumulação de capital.

2.2. Quais os objetivos de Marx ao produzir o modelo de esquemas de


reprodução?

O propósito do modelo do modo de reprodução de Marx é explicar como a economia


capitalista se reproduz continuamente na forma de produção e consumo. Segundo Marx, para
entender uma economia capitalista, é preciso entender como as classes opostas interagem e
como isso afeta a produção e o consumo da sociedade.

Com esse modelo, Marx pretendia mostrar como as relações capitalistas de produção
geram desigualdades sociais persistentes. Ele acreditava que, para reproduzir a economia
capitalista, era necessário acumular capital continuamente por meio da exploração do trabalho
assalariado. Este processo tornará os trabalhadores cada vez mais pobres e os donos dos meios
de produção (os capitalistas) cada vez mais ricos. O modelo do sistema reprodutivo de Marx
também mostra como a economia capitalista se reproduz na forma de consumo. Em sua
opinião, para manter a acumulação de capital, é preciso consumir uma quantidade suficiente
de produtos. Mas como a maioria dos trabalhadores não recebia o suficiente para comprar
todos os bens que produziam, Marx argumentou que esse déficit poderia ser compensado
pelas exportações.

Em suma, o objetivo de Marx ao propor o modelo esquemático da reprodução era


explicar como a economia capitalista se reproduz constantemente em termos de produção e
consumo, mostrar como as classes opostas interagem e como isso afeta a sociedade como um
todo. Ele vê a exploração do trabalho assalariado e a contínua acumulação de capital como
base para a manutenção do sistema capitalista e acredita que o crescimento econômico
depende da exploração contínua do trabalho assalariado e do comércio internacional.

2.3. Qual a relação entre esquemas de reprodução e subsunção do trabalho?


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Karl Marx estabeleceu uma relação entre esquemas de reprodução e subsunção do
trabalho. Segundo ele, a subsunção do trabalho acontece quando o trabalho humano é
absorvido pelo sistema capitalista e submetido a seus interesses, tornando-se ferramenta para
gerar lucros. Esse processo tem sua base na exploração da força de trabalho, em que o
trabalhador é obrigado a vender sua mão de obra em troca do salário.

Por sua vez, os esquemas de reprodução surgem como uma tentativa de equilibrar a
produção e a demanda, garantindo a sustentabilidade do sistema capitalista. Esses esquemas
envolvem a distribuição da produção em diferentes setores da economia, tais como
alimentação, habitação, saúde, transporte, entre outros. Através dessa organização, a produção
de bens e serviços é mantida e a circulação de dinheiro é favorecida, criando uma dinâmica
econômica.

A relação entre os esquemas de reprodução e a subsunção do trabalho se dá pelo fato


de que, para que os esquemas de reprodução funcionem, é necessário que o trabalho humano
seja incorporado ao sistema capitalista. No entanto, essa incorporação não se dá de forma
neutra, mas sim de maneira submissa aos interesses do capital. Sendo assim, a subsunção do
trabalho é um fenômeno fundamental para a manutenção da lógica capitalista, proporcionando
a exploração dos trabalhadores como um meio de gerar lucros.

Portanto, a relação entre esquemas de reprodução e subsunção do trabalho se mostra


como uma relação de interdependência, em que a organização da produção requer a
submissão do trabalho humano aos interesses do capital. Esse fenômeno se mantém
atualmente, visto que o modelo econômico capitalista ainda é dominante no mundo, gerando
desigualdades e exploração em muitas partes do globo.

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