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com Biogás
GUARATINGUETÁ – SP
BRASIL
ALYSON CRYSTIAN LOPES DA SILVA
com Biogás
Guaratinguetá
2013
DEDICATÓRIA
Aos meus pais e irmãos por sempre me apoiarem e me ajudarem como podiam nos momentos
de dificuldade.
Ao meu orientador José Luz Silveira por ter me dado a oportunidade de realizar este trabalho e
ter acreditado em meu potencial.
A Einara Blanco Machin minha co-orientadora e amiga por ter me ajudado em várias etapas da
realização deste trabalho
Benjamin Disraeli
“Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas façam porque elas
o querem fazer.”
Dwight Eisenhower
Charles Chaplin
RESUMO
Em uma sociedade onde a maior parte da energia é gerada a partir de combustíveis
fosseis e não renováveis (devido ao longo tempo que gastam para se formarem na natureza) é
essencial o desenvolvimento de novas formas de geração de energia elétrica, por diversos
fatores, dentre eles, escapar dos aumentos excessivos e imprevisíveis dos combustíveis,
garantia do fornecimento elétrico para o país e preservação ambiental.
O Brasil se destaca no cenário mundial pela grande utilização de fontes renováveis na
sua matriz energética, sendo que as hidrelétricas representam a maior parcela desta.
Entretanto, por ser tratar de um pais tropical e com grandes criações de animais, o pais pode
ganhar ainda mais destaque aumentando a fatia das energias renováveis, desenvolvendo
tecnologias de produção e uso de biogás. O país resolveria problemas internos, como o
tratamento de seu lixo orgânico e de dejetos de animais, pois ambos são matéria prima para
biodigestores.
Nesse trabalho, inicialmente são apresentados dados do Cenário Nacional e Mundial de
recursos energéticos. Posteriormente descreve o biogás, como ele pode ser obtido e purificado
para sua utilização em motores de combustão interna. São analisadas aspectos
termodinâmicos e econômicos do uso do biogás em plantas de geração descentralizada de
geração de energia, considerando o MOTOR/GERADOR Marca Branco, Modelo B4T-5000LE,
Potencial Nominal 3,6 kW e Potência Máxima 4 kW.
4.1. Introdução............................................................................................................................. 21
4.3. Composição.......................................................................................................................... 22
4.4. Purificação............................................................................................................................ 23
4.4.2. Remoção do gás sulfídrico e do dióxido de carbono por hidróxido de sódio, potássio ou
cálcio........................................................................................................................................ 24
4.5. Biodigestores........................................................................................................................ 24
CAPITULO 6 – Cogeração.......................................................................................................... 34
CAPITULO 10 – Conclusões....................................................................................................... 48
12
Até pouco tempo, o biogás era simplesmente conhecido como um subproduto obtido a
partir da decomposição anaeróbia de lixo urbano, resíduos animais e de estações de
tratamento de efluentes domésticos. No entanto, o acelerado desenvolvimento econômico dos
últimos anos e a alta acentuada do preço dos combustíveis convencionais tem encorajado as
investigações na produção de energia a partir de novas fontes renováveis e economicamente
atrativas, tentando sempre que possível, criar novas formas de produção energética que
possibilitem a poupança dos recursos naturais esgotáveis (VILLELA; SILVEIRA, 2005).
13
CAPITULO 2 – Cenário nacional e mundial de recursos
energéticos
14
do mundo, sendo um diferencial positivo para a produção de energia de biomassa (KAWABE
JÚNIOR, 2011).
Dentre as principais fontes de energia renováveis temos:
• Solar – Produção de calor através de coletores solares ou geração de energia por
painéis fotovoltaicos.
• Eólico – Geração de eletricidade através de aerogeradores.
• Hidráulica – Geração de eletricidade através de barragens hidrelétricas
• Biomassa – Aproveitamento da energia acumulada em todo material vegetal, orgânico
e animal.
• Gêiseres e Fumarolas – Aproveitamento do calor proveniente do interior da Terra.
• Marés – Geração de eletricidade através de centrais elétricas que funcionam por ação
das águas das marés. Para uma boa eficiência de geração a partir deste processo, é
necessário que haja pelo menos uma diferença de 5 metros entre a maré alta e baixa.
De acordo Santos e Mothe (2007), a biomassa aparenta ser a maior e a mais
sustentável fonte de energia alternativa renovável, que pode ser prontamente aproveitado, com
custos competitivos, considerando as barreiras culturais e de portabilidade da energia.
Outra vantagem no uso da biomassa na geração de energia elétrica é o balanço neutro
do carbono que contribui para redução do efeito estufa. Isso ocorre porque o gás carbônico
produzido durante o processo é absorvido pelas plantas que serão utilizadas novamente no
processo mantendo a concentração do gás carbônico praticamente inalterável. (KINTO et al.,
2002).
Alguns exemplos de produtos derivados da biomassa são:
• Bio-óleo: líquido negro obtido por meio do processo de pirólise cujas destinações
principais são aquecimento e geração de energia elétrica.
• Biogás: metano obtido juntamente com dióxido de carbono por meio da decomposição
de materiais como resíduos, alimentos, esgoto e esterco em digestores de biomassa.
• Biomass-to-Liquids: líquido obtido em duas etapas. Primeiro é realizado um processo
de gasificação, cujo produto é submetido ao processo de Fischer-Tropsch. Pode ser
empregado na composição de lubrificantes e combustíveis líquidos para utilização em
motores do ciclo diesel.
• Etanol celulósico: etanol obtido alternativamente por dois processos. Em um deles a
biomassa, formada basicamente por moléculas de celulose, é submetida ao processo
de hidrólise enzimática, utilizando várias enzimas, como a celulase, celobiase e β-
glicosidase. O outro processo é composto pela execução sucessiva das três seguintes
fases: gasificação, fermentação e destilação.
• Bioetanol "comum": feito no Brasil à base do sumo extraído da cana de açúcar (caldo
de cana). Há países que empregam milho (caso dos Estados Unidos) e beterraba (da
França) para a sua produção. O sistema à base de cana-de-açúcar empregado no
Brasil é mais viável do que o utilizado pelo americano e francês.
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• Biodiesel: éster produzido com óleos vegetais como do dendê, da mamona, do sorgo e
da soja, etc.
• Óleo vegetal: Pode ser usado em Motores diesel usando a tecnologia Elsbett
• Lenha: Forma mais antiga de utilização da Biomassa.
• Carvão vegetal: Sólido negro obtido pela carbonização pirogenal da lenha ou
carbonização hidrotermal.
• Turfa: Material orgânico, semidecomposto encontrado em regiões pantanosas.
16
CAPITULO 3 – Aquecimento global e o protocolo de Kyoto
17
Clima (INC/FCCC), que mais tarde culminou na criação da Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima – CQNUMC (UNFCCC – United Nations Framework
Convention on Climate Change).
Para a implementação da CQNUMC foram criados alguns órgãos que seriam
responsáveis por fazer com que seus objetivos fossem atingidos, dentre estes está a
Conferência das Partes (COP) que objetiva promover e revisar a implementação da UNFCCC,
revisar compromissos existentes periodicamente levando em conta os objetivos da convenção,
divulgar achados científicos novos e verificar a efetividade dos programas de mudanças
climáticas nacionais.
Foram realizadas até o ano de 2013 dezoito Conferências das Partes (COP), e estas
estão listadas abaixo: (OC, 2013):
• COP 1 - Berlim, Alemanha (28/03 a 07/04 de 1995);
• COP 2 - Genebra, Suíça (08 a 19/06 de 1996);
• COP 3 - Kyoto, Japão (01 a 10/12 de 1997) – O Protocolo de Kyoto;
• COP 4 - Buenos Aires, Argentina (02 a 13/11 de 1998);
• COP 5 - Bonn, Alemanha (25/10 a 05/11 de 1999);
• COP 6 - Haia, Países Baixos (13 a 24/11 de 2000);
- Bonn, Alemanha (16 a 27/07 de 2000);
• COP 7 - Marrakesh, Marrocos (29/10 a 09/11 de 2001);
• COP 8 - Nova Deli, Índia (23/10 a 01/11 de 2002);
• COP 9 - Milão, Itália (01 a 12/12 de 2003);
• COP 10 - Buenos Aires, Argentina (6 a 18/12 de 2004;
• COP 11 – Montreal, Canadá (28/11ª 09/12 de 2005);
• COP 12 – Nairobi, Quênia (06/11 a 17/11 de 2006);
• COP 13 – Bali, Indonésia (dez 2007);
• COP 14 – Poznam, Polônia (dez 2008);
• COP 15 – Copenhague, Dinamarca (07/12 a 18/12 de 2009);
• COP 16 – Cancún, México (29/11 a 10/12 de 2010);
• COP 17 – Durban, África do Sul (28/11 a 09/12 de 2011);
• COP 18 – Doha, Catar (dez 2012);
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todas as “Partes” envolvidas, e a não complacência de alguma “Parte” estaria sujeita a
penalidades dentro do Protocolo (CENAMO, 2004b).
O Brasil ratificou o protocolo em 23 de julho de 2002 (MCT, 2002).
Com a ratificação da Rússia, o Protocolo de Kyoto entrou em vigor em 16 de fevereiro
de 2005. Mesmo sem o apoio de alguns países, como os EUA que, sozinhos, são responsáveis
por 25% da poluição mundial, o Protocolo de Kyoto se concretizou e, finalmente, tem valor
legal (Mendes, 2005).
Pesquisa realizada pelo Ministério do meio ambiente revelou que dificilmente as metas
estabelecidas no protocolo de Kyoto seriam atingidas em 2012, já que no período de 1990 até
2005 houve um aumento de 11% na emissão de gases, com destaque para o setor energético,
o grande emissor de GEE, que também apresenta emissões crescentes (MMA, 2013).
Na COP-18 cerca de 200 países concordaram em estender a validade do Protocolo de
Kyoto, que expiraria no final de 2012 para 2020, sendo que esta é a única ferramenta que
compromete os países industrializados a reduzir os gases de efeito estufa.
O alcance do novo acordo, no entanto, é ainda menor do que o Protocolo de Kyoto era.
Japão, Rússia, Canadá e Nova Zelândia se recusaram a assiná-lo porque queriam que países
emergentes como a Índia, a China e o Brasil também tivessem metas a cumprir, o que não é
previsto pelo documento. Nesse novo acordo a União europeia se comprometeu em reduzir
suas emissões em 20%, comparando com o registrado em 1990.
Os próximos encontros do COP devem ocorrer em Bonn, Alemanha e em Paris,
França, sendo que a pauta principal para esses reuniões é elaborar um novo acordo, que
deverá entrar em vigor em 2020 incluindo os maiores poluidores do planeta: China e Estados
Unidos (OC, 2013).
19
CAPITULO 4 - Biogás aspectos gerais
4.1. Introdução
O biogás é composto de uma mistura de gases, contendo principalmente metano (CH4)
e dióxido de carbono (CO2), encontrando-se ainda em menores proporções de gás sulfídrico
(H2S) e nitrogênio (N).
A formação do biogás é comum na natureza. Assim, ele pode ser encontrado em
pântanos, lamas escuras, etc. Locais onde a celulose sofre naturalmente a decomposição.
O biogás é um produto resultante da fermentação na ausência do ar, de dejetos de
animais, resíduos vegetais e de lixo orgânico industrial ou residencial, em condições
adequadas de umidade. A reação desta natureza é denominada digestão anaeróbica.
O principal componente do biogás é o metano e em função da porcentagem com que o
este participa na composição do biogás varia seu poder calorifico. O poder calorífico do biogás
pode variar de 5.000 a 7.000 kcal por metro cúbico. Esse poder calorífico pode chegar a 12.000
kcal por metro cúbico uma vez eliminado todo o gás carbônico da mistura (DEGANUTT et al.,
2002)
Traduzindo em termos práticos, é apresentada uma relação comparativa de
equivalência de 1 metro cúbico de biogás com os combustíveis usuais:
3
Tabela 2 - Correspondente para 1 m de biogás. [8]
• 0,61 litros de gasolina;
• 0,57 litros de querosene;
• 0,55 litros de óleo diesel;
• 0,45 kg de gás liquefeito;
• 0,79 litros de álcool combustível;
• 1,538 kg de lenha;
• 1,428 kWh de energia elétrica.
4.2. Formação
O biogás é uma mistura gasosa combustível, produzida através da digestão anaeróbia,
processo fermentativo que tem como finalidade à remoção de matéria orgânica, a formação de
biogás e a produção de biofertilizantes ricos em nutrientes. (PECORA, 2006).
20
Quando a digestão anaeróbia é realizada em biodigestores especialmente planejados,
a mistura gasosa produzida pode ser usada como combustível, o qual, além de seu alto poder
calorífico, de não produzir gases tóxicos durante a queima e de ser uma ótima alternativa para
o aproveitamento do lixo orgânico, ainda deixa como resíduo um lodo que é um excelente
biofertilizante (PECORA, 2006).
De acordo com GRYSCHEK e BELO, cada matéria prima ou fonte de resíduo possui
um potencial de geração de biogás. Resíduos altamente fibrosos, como bagaço de cana e
casca de arroz, considerados de baixa digestibilidade apresentam um menor potencial para a
produção do biogás. Já matérias ricas em amidos, proteínas, celulose e carboidratos, como
grãos, gramíneas, restos de abatedouros e fezes, apresentam alto potencial de produção de
biogás. A seguir é apresentada diversas fontes de matéria prima para obtenção do biogás
4.3. Composição
O principal componente do biogás é o metano representando cerca de 40 a 75% na
composição total da mistura (CASTANÓN, 2002). O metano é um gás incolor, altamente
combustível, queimado com chama azul lilás, sem deixar fuligem e com um mínimo de poluição
(DEGANUTTI et al., 2002). Por ser um gás leve e de baixa densidade, possibilita que ele ocupe
um volume maior. Seu ponto crítico (-82,5 ºC e 46,5 bar) o que dificulta sua liquefação e com
isso seu transporte e armazenamento. O biogás só se torna combustível eficiente quando seu
teor de metano for superior ao de gás carbônico.
Além do metano outros gases como o dióxido de carbono e o ácido sulfídrico compõem
o biogás, sendo que suas porcentagens irão diretamente influenciar no poder calorifico do gás
e em suas características corrosivas.
21
Amônia (NH3) 0,1 - 0,5
Monóxido de Carbono (CO) 0 - 0,1
Hidrogênio (H) 1-3
4.4. Purificação
A presença de substâncias não combustíveis no biogás, como água e dióxido de
carbono, prejudicam o processo de queima, tornando-o menos eficiente. Uma vez presentes na
combustão, absorvem parte da energia gerada (PRATI, 2010). A remoção da umidade pode
ser feita com glicóis, com sílica gel, dentre outros. Sendo que a utilização final irá estabelecer o
grau de umidade aceitável.
Na medida em que se eleva a concentração de impurezas, o poder calorífico do biogás
torna-se menor. (ALVES, 2000)
A presença do gás sulfídrico (H2S) pode acarretar corrosão, diminuindo tanto o
rendimento, quanto à vida útil do motor térmico utilizado. A maioria dos digestores anaeróbicos
produzem um biogás que contém entre 0,3 a 2% de H2S, sendo necessária posterior
purificação (COELHO, 2006). Para isso destacam-se dois processos: Retirada do gás sulfídrico
por óxido de ferro e remoção do gás sulfídrico e do dióxido de carbono por hidróxido de sódio,
potássio ou cálcio.
22
2Fe2S3 + 3O2 2Fe2O3 + 3S2 (2)
Em vez de ser utilizado óxido de ferro também pode ser usado óxido de zinco, porém esse é
mais caro. (PRATI, 2010)
4.5. Biodigestores
4.5.1. Introdução
Biodigestor anaeróbico é um equipamento usado para a produção de biogás, através
de bactérias que digerem matéria orgânica em condições anaeróbicas (isto é, em ausência de
oxigênio). Um biodigestor nada mais é que um reator químico em que as reações químicas têm
origem biológica [36].
Os biodigestores podem ser encontrados em diversos modelos (indiano, paquistanês,
chinês, tailandês, filipino) cada qual com suas vantagens e desvantagens e características
próprias de operação. Entretanto, existem dois tipos básicos de biodigestores classificados de
acordo com a frequência de operação: os biodigestores em “batelada” e os biodigestores
“contínuos”.
Chama-se de biodigestores “em batelada” àqueles que operam de forma descontínua:
o processo de biodigestão se dá por cargas que são inseridas no compartimento de
23
fermentação. Este processo é utilizado quando, por algum motivo, não é possível a
alimentação do biodigestor com matéria orgânica diariamente, ou, quando o consumo de
biogás é baixo, não exigindo uma produção diária do biogás.
Nos biodigestores em batelada a matéria orgânica é inserida toda de uma só vez e
então ele é fechado hermeticamente (de forma a não permitir a entrada de oxigênio) até que
ocorra o processo de digestão anaeróbia. O biodigestor será aberto novamente só quando a
produção de biogás cair, indicando que a matéria orgânica já foi decomposta e que pode ser
feita a retirada da matéria restante, o biofertilizante.
24
disponibilidade ocorre em períodos mais longos, como ocorre em granjas avícolas de corte,
cuja a biomassa fica a disposição após a venda dos animais e limpeza do galpão.
25
A fermentação ocorrerá mais intensamente quando a temperatura do material estiver
entre 30º e 35º C, sendo que nestas condições, a produção de biogás, por quilograma de
material utilizado, é maior e ocorre em menor tempo. Por essa razão é que o biodigestor é
construído enterrado, pois abaixo da superfície do solo as temperaturas são mais elevadas e
as suas variações são menores. Além disso, o manejo dos biodigestores enterrados é mais
fácil de ser executado.
FONTE: [8]
26
Do ponto de vista construtivo, apresenta-se de fácil construção, contudo o gasômetro
de metal pode encarecer o custo final, e também à distância da propriedade pode dificultar e
encarecer o transporte inviabilizando a implantação deste modelo de biodigestor.
27
fração da energia solar, que incide na superfície da terra, na forma de ligações moleculares
orgânicas. É liberada por processos biológicos e termoquímicos. Ao contrário da energia dos
combustíveis fósseis, a biomassa é renovável e não contribui para o acúmulo de dióxido de
carbono na atmosfera terrestre, ou melhor, todo CO2 liberado durante o uso da biomassa é
absorvido novamente no processo de fotossíntese para formação da mesma.
No Brasil podemos citar o exemplo do aproveitamento de resíduos da cana de açúcar
onde temos usinas com possibilidade de venda de energia para o sistema elétrico, o que ainda
não aconteceu de maneira mais acentuada pela falta de regulamentação no setor elétrico.
Os resíduos rurais incluem todos os tipos gerados pelas atividades produtivas nas
zonas rurais, qual seja: os resíduos agrícolas, florestais e pecuários. Os resíduos da pecuária
são constituídos por estercos e outros produtos resultantes da atividade biológica do gado
bovino, suíno, caprino e outros, cuja relevância local justifica seu aproveitamento energético.
Este tipo de resíduo é importante matéria-prima para a produção de biogás. (Souza, 2010)
28
dejetos e por não tratarem os efluentes líquidos, despejavam o chorume (liquido preto que
escorre do lixo) no solo, contaminando o lençol freático. Como o lixo ficava exposto também, o
mau cheiro e a poluição se espalhavam pela região, atraindo animais indesejáveis para a
região como urubus, e também propiciava a difusão de doenças.
Portanto não apenas para resolver o problema das emissões de gases de fontes
poluidoras, a busca de outras formas de energia pode também conjuntamente resolver outros
problemas da sociedade.
A disposição adequada dos resíduos sólidos é o aterro sanitário, que antes de iniciar
sua operação teve o terreno devidamente nivelado, selado e onde o chorume é coletado para
posterior tratamento, evitando a poluição do solo. Como o lixo depositado no aterro é
diariamente coletado. Ele não prolifera mau cheiro para as redondezas.
29
Figura 7 – Modelo de Aterro sanitário. [37]
30
Figura 9 – Diagrama P-V e T-S do ciclo OTTO ideal.
[4]
Acima estão representados os diagramas P-V e T-S, considerando o ciclo OTTO ideal.
No processo 1-2 ocorre a compressão da mistura ar/combustível, o pistão se move do
PMI até o PMS, no ciclo OTTO ideal essa compressão é isoentrópica. De 2-3 o calor é
transferido para o ar, enquanto o motor esta momentaneamente em repouso no PMS, nesse
momento é dada a ignição da mistura ar/combustível pela centelha.
No processo 3-4 é produzida a potência do motor devida a explosão interna no cilindro,
O pistão é então empurrado fortemente para baixo, e finalmente de 4-1 ocorre a rejeição de
calor do ar, enquanto o pistão esta no PMI. (BORGNAKKE, SONNTAG, 2009)
Para operar com combustível gasoso ao invés de combutivel liquido, algumas
modificação devem ser feitas. Para um motor de combustão interna ciclo OTTO, essas
altereções são relativamente fáceis, pois o motor já é projetado para operar com uma mistura
de ar/combustível com ignição por centelha. A modificação básica a ser feita é a instalação de
um misturador de ar e gás ao invés do carburador. O controle da potência do motor é realizado
pela variação do suplimento de combustivel. Motores de ignição por centelha convertidos para
funcionar com gás, apresentam uma diminuição de potência de 15, 20%, atribuída a uma
diminuição da eficiência volumétrica do combustível gasoso e a menor velocidade de chama da
mistura de ar/gás em comparação com as misturas de ar/gasolina. Esta perda de energia pode
ser reduzida, até certo ponto, utilizando uma razão de compressão mais elevada, possibilitada
pelo gás, e avançando o momento da centelha. Em aplicações estacionárias esta perda de
potência é menos importante, pois são geralmente utilizados em plena carga. (HENHAM,
MAKKAR, 1998)
31
Para a realização da pesquisa iremos utilizar o motor gerador B4T – 5000 Bio, cujo os
dados técnicos são apresentados abaixo:
32
CAPITULO 6 – Cogeração
• Sistema
convencional
33
• Cogeração
34
CAPITULO 7 – Análise técnica
A figura a seguir representa o sistema estudado.
Será utilizado um motor de combustão interna acoplado a um gerador de 3,5 kW, o
3
qual apresenta consumo de combustível igual 2 m por hora de trabalho.
Também será calculada a capacidade de geração de energia térmica do sistema. Para
isso será necessário a utilização de um trocador de calor cuja eficiência é de 70%.
A eficiência de geração de energia elétrica é dada pela razão entre a energia que o gerador
produz e a energia fornecida pelo combustível. Nesse caso temos:
35
36
• Calculo da Energia fornecida pelos gases de combustão:
De acordo com Govani, 2011 a reação estequiométrica para a queima do biogás é dada
pela seguinte reação:
0,62 CH4 + 0,38 CO2 + α2,48 O2 + α 9.32 N2 CO2 + 1,24 H2O + 3,76 α x N2 + x (α – 1) O2
0,62 CH4 + 0,38 CO2 + 24,8 O2 + 93,2N2 1 CO2 + 1,24 H2O + 93,2 N2 + 23,56 O2
CO2 = 44 g/mol
H2O = 18 g/mol
N2 = 28 g/mol
O2 = 32 g/mol
3
Portanto, para queima de 1 m de biogás, temos:
CO2 = 44 g
H2O = 22,32 g
N2 = 2609,6 g
O2 = 753,92 g
Massa Molecular = 3429,84 g
3 3
Para cada m de biogás, 3429,84 gramas de gases de combustão, como são utilizados 2 m de
biogás por hora, temos 6859,68 g de gases de combustão por hora que é igual a 1,905 g/seg.
De acordo com Boehm, 1987 podemos calcular o cpgases com a seguinte formula:
T = [(450+250)/2] + 273.15=623,15 K
Cp gases =1,107 kJ/kg.K
37
• Determinação da vazão de agua quente gerada
Adotando o cpagua igual a 4,186 kJ/kg.K, conhecendo a energia da água quente no trocador de
calor e as temperaturas de entrada e saída, é possível determinar a vazão de água quente no
sistema.
A eficiência de geração de água quente é dada pela razão da energia da agua quente
gerada pela energia fornecida pelo combustível.
38
Além dos 3,5 kW de energia elétrica produzido pelo motor-gerador o sistema também é
39
Portanto, tem-se a equação global para o custo do combustível:
Como pode-se observar na figura, quanto maior o número de horas trabalhadas no ano
menor é o custo final do biogás obtido.
Para poucos anos de amortização do investimento efetuado o custo do biogás é
superior e assim possivelmente inviabilize o projeto. Observa-se que a curva decresce com o
incremento do período de amortização e que a partir do 4º ano o preço do gás obtido tende a
ser mais constante e mais em barato, portanto, será este o valor adotado para se comparar o
custo de produção de eletricidade, Govoni (2011).
A equação a seguir representa o custo total da energia elétrica produzida pelo motor de
combustão interna
40
e última parcela representa os custos de manutenção no motor-gerador. Tem-se, portanto, a
variação dos custos da eletricidade gerada.
41
Figura 15 – Economia anual esperada.
42
CAPITULO 9 – Análise ecológica
Nos últimos 100 anos, devido a um progressivo incremento na concentração dos gases
de efeito estufa, a temperatura global do planeta tem aumentado. Tal incremento tem sido
provocado pelas atividades humanas que emitem esses gases. A potencialização do efeito
estufa pode resultar em consequências sérias para a vida na Terra no futuro próximo.
Para a avaliação do impacto ambiental que um combustível causa ao meio ambiente
diversos fatores são levados em conta:
43
O resultado da eficiência deve se encontrar entre “0” e “1”. Sendo que
“0” representa altamente poluidor e “1” sem impactos ambientais.
Cardu M. e Barca M. (1999), propõem um indicador adimensional que
expressa o impacto ecológico dos gases nocivos emitidos para a atmosfera
com a queima de um combustível em relação a sua energia útil produzida, por
usinas termoelétricas, denominado eficiência ecológica:
Onde:
(CO2) e: Dióxido de carbono equivalente (kg/kg combustível);
∏g: Indicador de poluição kg/MJ;
Qi: Poder calorífico inferior do combustível MJ/kg;
44
• Gás natural:
0,893 CH4 + 0,08 C2H6 + 0,008 C3H8 + 0,0005 C4H10 + 0,0005 C5H12 + 0,005 CO2 + 0,013 N2 + ar
(2.118αO2 + 7.965αN2) 1,087 CO2 + 2,064 H2O + 7,965 αN2 + 2,118 (α – 1) O2
• Biogás:
0,62 CH4 + 0,038 CO2 + α2,48 O2 + α 9.32 N2 CO2 + 1,24 H2O + 3,76 α x N2 + x (α – 1) O2
45
Figura 16 – Variação da emissão de CO2 em função da temperatura de chama para motor
de combustão interna.
Observa-se que as emissões de CO2 não sofrem alterações com o incremento da temperatura,
e que o gás natural leva uma leve vantagem sobre o biogás.
Neste caso, ambos combustíveis passam a liberar mais NOx com o aumento da
temperatura, sendo que o gás natural é mais poluidor que o biogás.
46
Figura 18 – Variação do MP em função da temperatura de chama para motor de
combustão interna.
47
Figura 19 – Eficiência ecológica em função da temperatura de chama para motor de
combustão interna.
48
CAPITULO 10 – Conclusões
Conforme foi visto, fica evidente a importância de fontes alternativas de geração de
energia, seja por necessidades econômicas, ou para evitar que crises externas afetem o
fornecimento elétrico ao país. Também questões ecológicas devem ser consideradas, de modo
a reduzir impactos ambientais.
Para melhorar a qualidade de vida de populações mais afastadas de centros urbanos,
pequenas comunidas rurais localizadas em regiões desprovidas de eletrificação (sem redes
elétricas), pode-se recorrer ao uso de biogás em motor de combustão interna para o próprio
fornecimento elétrico.
O biogás é um gás composto principalmente de CH4 o qual quando liberado na
atmosfera chega a ser 21 mais poluente que o CO2, produto da combustão do biogás (e de
outros combustíveis). O biogás é resultante da fermentação anaeróbica (ausência de ar) de
dejetos de animais, resíduos vegetais e lixo orgânico industrial, portanto, além de se tratar de
uma forma economicamente atrativa de geração de energia ele ainda pode ajudar a solucionar
problemas da sociedade moderna.
Foi utilizado o motor-gerador B4T – 5000 o qual é capaz de produzir 3,5 kW de energia
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elétrica consumindo 2 m de biogás por hora. A energia total fornecida pelo combustível é de
13,94 kW, indicando uma eficiência elétrica de 25,1%.
Para aumentar eficiência do sistema, pode-se aplicar a técnica da cogeração e obter
além da energia elétrica, energia térmica em forma de água quente. Para isso foi necessária a
utilização de um trocador de calor com rendimento de 70%, resultando em uma vazão de
0,0018 kg/s de agua a 65 ºC, o que representa um ganho de 2,1%. A eficiência global do
sistema operando sobre a técnica da cogeração indica um valor de 27,2%.
Sobre o ponto de vista econômico, observa-se que para tarifas ou custo marginal de
expanção de eletricidade acima de 0,12 US$/kWh, existe viabilidade do uso de sistemas
compactos de geração de energia utilizando biogás.
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CAPITULO 11 – Referências bibliográficas
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