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Estudo de Motor de Combustão Interna de 3,5 kW Operando

com Biogás

ALYSON CRYSTIAN LOPES DA SILVA

GUARATINGUETÁ – SP
BRASIL
ALYSON CRYSTIAN LOPES DA SILVA

Estudo de Motor de Combustão Interna de 3,5 kW Operando

com Biogás

Trabalho de Iniciação Cientifica, bolsa


Pibic, apresentado na Faculdade de
Engenharia Campus de Guaratinguetá,
Universidade Estadual Paulista.

Orientador: José Luz Silveira


Co-orientadora: Einara Blanco Machin

Guaratinguetá
2013
DEDICATÓRIA

Dedico a meus pais e irmãos que sempre me


apoiaram em todas as etapas de minha vida
acadêmica, sempre com uma palavra de conforto
e suporte nos momentos de dificuldade.
AGRADECIMENTOS

A Deus por me dar sabedoria e capacidade para buscar meus objetivos.

Aos meus pais e irmãos por sempre me apoiarem e me ajudarem como podiam nos momentos
de dificuldade.

A minha namorada por estar sempre comigo, sempre me incentivando a ir em frente.

Ao meu orientador José Luz Silveira por ter me dado a oportunidade de realizar este trabalho e
ter acreditado em meu potencial.

A Einara Blanco Machin minha co-orientadora e amiga por ter me ajudado em várias etapas da
realização deste trabalho

A todas as pessoas do LOSE – Laboratório de Otmização de Sistemas Energéticos, por terem


tornado essa caminhada menos árdua e por terem dado dicas essenciais.
EPÍGRAFE

“Ama-se mais o que se conquista com esforço.”

Benjamin Disraeli

“Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas façam porque elas
o querem fazer.”

Dwight Eisenhower

“A persistência é o menor caminho do êxito.”

Charles Chaplin
RESUMO
Em uma sociedade onde a maior parte da energia é gerada a partir de combustíveis
fosseis e não renováveis (devido ao longo tempo que gastam para se formarem na natureza) é
essencial o desenvolvimento de novas formas de geração de energia elétrica, por diversos
fatores, dentre eles, escapar dos aumentos excessivos e imprevisíveis dos combustíveis,
garantia do fornecimento elétrico para o país e preservação ambiental.
O Brasil se destaca no cenário mundial pela grande utilização de fontes renováveis na
sua matriz energética, sendo que as hidrelétricas representam a maior parcela desta.
Entretanto, por ser tratar de um pais tropical e com grandes criações de animais, o pais pode
ganhar ainda mais destaque aumentando a fatia das energias renováveis, desenvolvendo
tecnologias de produção e uso de biogás. O país resolveria problemas internos, como o
tratamento de seu lixo orgânico e de dejetos de animais, pois ambos são matéria prima para
biodigestores.
Nesse trabalho, inicialmente são apresentados dados do Cenário Nacional e Mundial de
recursos energéticos. Posteriormente descreve o biogás, como ele pode ser obtido e purificado
para sua utilização em motores de combustão interna. São analisadas aspectos
termodinâmicos e econômicos do uso do biogás em plantas de geração descentralizada de
geração de energia, considerando o MOTOR/GERADOR Marca Branco, Modelo B4T-5000LE,
Potencial Nominal 3,6 kW e Potência Máxima 4 kW.

PALAVRAS-CHAVE: Biogás, cogeração, motor de combustão interna.


ABSTRACT
In a society where most of the energy is generated from fossil fuels and non-renewable
(due to the long time they spend to be formed in nature) is essential to develop new forms of
generating electricity by several factors, among them escape from the unpredictable and
excessive increases in fuel, ensuring electricity supply for the country and environmental
preservation.
Brazil stands out on the world stage for the high utilization of renewable sources in its
energy matrix, and the hydroelectric represents the largest part of this. Nevertheless, since it is
a tropical country with a large animal breeding, the country can gain even more prominence by
increasing the share of renewable energy, developing technologies for production and use of
biogas. The country would solve internal problems, such as treatment of organic waste and
animal waste, and both are feedstock for digesters.
In this paper, initially are presented some data from National Scenario and World energy
resources. Subsequently describes biogas, and how it can be obtained and purified for use in
internal combustion engines. Were analyzed thermodynamic , economic and ecologic aspects
of the use of biogas generation plants for decentralized power generation, considering the
MOTOR / GENERATOR Branco Model B4T-5000LE, with Nominal Power 3.6 kW and
Maximum Power 4 kW.
KEYWORDS: Biogas, cogeneration, internal combustion engine.
Lista de figuras
Figura 1 - Matriz energética no Brasil e no mundo em 2009 ...................................................... 15

Figura 2 - Sistema descontínuo (batelada) de produção de biogás ........................................... 25

Figura 3 - Esquema do Biodigestor tipo contínuo ...................................................................... 25

Figura 4 - Representação tridimensional em corte do biodigestor modelo indiano.................... 27

Figura 5 – Representação da produção de biogás a partir de dejetos de animais .................... 29

Figura 6 – Exemplo de lixão........................................................................................................ 30

Figura 7 - Modelo de Aterro sanitário.......................................................................................... 30

Figura 8 - Representação de um motor ciclo OTTO ................................................................... 31

Figura 9 - Diagrama P-V e T-S do ciclo OTTO ideal................................................................... 32

Figura 10 - Diagrama esquemático da transformação combustível – eletricidade..................... 34

Figura 11 - Comparação de sistema convencional com sistema de cogeração ........................ 34

Figura 12 - Esquematização do sistema..................................................................................... 36

Figura 13 - Custo de geracao do biogas produzido por hora trabalhada no biodigestor............ 40

Figura 14 - Variacao dos custos de geracao de eletricidade para um motor-gerador................ 41

Figura 15 - Economia anual esperada ........................................................................................ 42

Figura 16 - Variação da emissão de CO2 em função da temperatura de chama para motor de


combustão interna ....................................................................................................................... 45

Figura 17 - Variação da emissão de NOx em função da temperatura de chama para motor de


combustão interna ....................................................................................................................... 46

Figura 18 - Variação do MP em função da temperatura de chama para motor de combustão


interna.......................................................................................................................................... 46

Figura 19 - Eficiência ecológica em função da temperatura de chama para motor de combustão


interna.......................................................................................................................................... 47
Lista de tabelas

Tabela 1 - Principais gases de efeito estufa ............................................................................... 18


3
Tabela 2 - Correspondente para 1 [m ] de biogás: ..................................................................... 21

Tabela 3 - Matérias primas capazes de produzir biogás ............................................................ 22

Tabela 4 - Porcentagem de gases no biogás ............................................................................. 22

Tabela 5 - Resultados preliminares do desempenho de biodigestores modelo Indiano e Chinês,


3
Tabela capacidade de 5,5 m de biomassa, operados com esterco bovino............................... 28

Tabela 6 - Especificações técnicas B4T – 5000 Bio ................................................................... 33

Tabela 7 - Composição dos gases de exaustão, após a queima em MCI.................................. 45

Tabela 8 - Valores dos parâmetros associados a eficiência ecológica. ..................................... 47


Sumário
_Toc350675328

CAPITULO 1 – Introdução .......................................................................................................... 13

CAPITULO 2 – Cenário nacional e mundial de recursos energéticos ........................................ 15

CAPITULO 3 – Aquecimento global e o protocolo de Kyoto ...................................................... 18

CAPITULO 4 - Biogás aspectos gerais ....................................................................................... 21

4.1. Introdução............................................................................................................................. 21

4.2. Formação ............................................................................................................................. 21

4.3. Composição.......................................................................................................................... 22

4.4. Purificação............................................................................................................................ 23

4.4.1. Retirada do gás sulfídrico por óxido de ferro................................................................. 23

4.4.2. Remoção do gás sulfídrico e do dióxido de carbono por hidróxido de sódio, potássio ou
cálcio........................................................................................................................................ 24

4.5. Biodigestores........................................................................................................................ 24

4.5.1. Introdução ...................................................................................................................... 24

4.5.2. Biodigestor descontínuo – Modelo batelada ................................................................. 25

4.5.3. Biodigestor contínuo – Indiano ...................................................................................... 26

4.5.4. Biodigestor chinês ......................................................................................................... 28

4.6. Material orgânico para produção do biogás......................................................................... 28

CAPITULO 5 – Motor de combustão interna .............................................................................. 31

CAPITULO 6 – Cogeração.......................................................................................................... 34

CAPITULO 7 – Análise técnica ................................................................................................... 36

CAPITULO 8 – Análise econômica ............................................................................................. 39

CAPITULO 9 – Análise ecológica ............................................................................................... 43

CAPITULO 10 – Conclusões....................................................................................................... 48

CAPITULO 11 – Referências bibliográficas ................................................................................ 49


CAPITULO 1 – Introdução

As atuais preocupações com o aumento da temperatura do planeta e iniciativas


motivadas pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo proposto pelo protocolo de Quioto
veem forçando a humanidade a buscar novas fontes de energia menos poluentes e renováveis
(BLEY, 2010)
De acordo com DEGANUTTI et al., a partir da crise do petróleo da década de 70, a
economia das nações dependentes desse energético vem sofrendo profundas modificações na
busca da substituição do mesmo. Sendo que o Brasil vem buscando fontes substitutivas como
o álcool, xisto, metanol, etc.
A data de descoberta do biogás, ou "gás dos pântanos" é do ano de 1667 e só um
século mais tarde que se volta a reconhecer a presença de metano no gás dos pântanos,
atribuído a Alessandro Volta, em 1776 (CLASSEN; LIER; STAMRS, 1999)
O biogás é obtido a partir da decomposição anaeróbica de matéria orgânica, portanto
sua matéria prima provém de lixos urbanos, resíduos animais e de estações de tratamento de
efluentes domésticos. Sendo essa tecnologia uma importante aliada da preservação ambiental.
Por se tratar de uma tecnologia simples e barata, comparada a outras existentes, o
biogás pode ser utilizado para geração de energia elétrica descentralizada, atendendo
principalmente comunidades isoladas onde a rede elétrica não é capaz de levar energia.
Em meios rurais quando implantada a geração de energia elétrica com biodigestor o
produtor rural poderá:
• Produzir parte da energia elétrica utilizada em sua propriedade, aumentando a
confiabilidade do sistema. Como o biogás pode ser armazenado, o produtor
não estará mais vulnerável a quedas de energia da rede elétrica, evitando
possíveis prejuízos.
• Redução da conta elétrica. O biogás pode ser armazenado e utilizado no
horário de pico, onde a tarifa de energia aumenta significativamente.
• Tratamento de efluentes rurais. Antes o produtor necessitava disponibilizar um
montante considerável de dinheiro para dar o correto direcionamento dos
dejetos dos animais, agora ele o utiliza como matéria prima nos biodigestores.
• Geração de biofertilizante. Após a produção do biogás a matéria restante no
biodigestor apresenta boas características como adubo e deve ser utilizada
como biofertizante.
• Comercialização dos créditos de Carbono. Com os atuais acordos globais, e a
necessidade de redução de gases de efeito estufa (GEE) no ambiente, os
produtores podem também comercializar os créditos de carbono com outros
países que não conseguem cumprir suas metas.

12
Até pouco tempo, o biogás era simplesmente conhecido como um subproduto obtido a
partir da decomposição anaeróbia de lixo urbano, resíduos animais e de estações de
tratamento de efluentes domésticos. No entanto, o acelerado desenvolvimento econômico dos
últimos anos e a alta acentuada do preço dos combustíveis convencionais tem encorajado as
investigações na produção de energia a partir de novas fontes renováveis e economicamente
atrativas, tentando sempre que possível, criar novas formas de produção energética que
possibilitem a poupança dos recursos naturais esgotáveis (VILLELA; SILVEIRA, 2005).

13
CAPITULO 2 – Cenário nacional e mundial de recursos
energéticos

As fontes de energia podem ser classificadas como primárias ou secundárias.


São Fontes Primárias de Energia todas aquelas que são provenientes diretamente da
natureza, tais como: Água, sol, vento, combustíveis fósseis, urânio, etc. E podem ser
renováveis (inesgotáveis) ou não renováveis (esgotamento de reservas, visto que o processo
de produção é mais lento que o seu consumo).
As Fontes Secundárias de Energia são aquelas que resultam da transformação de
Fontes Primárias. Temos como exemplo: eletricidade, gasolina, gasóleo, etc.
A disponibilidade de recursos energéticos é de grande relevância no desenvolvimento
de uma nação. Atualmente o mundo vive uma dependência de combustíveis fósseis, mas os
constantes aumentos dos preços do petróleo e a sua possível escassez, fazem com que novas
tecnologias denominadas renováveis ganhem destaque no cenário nacional e mundial.
Considerando o ano de 2009 e comparando com o cenário mundial do mesmo ano,
temos:

Figura 1 - Matriz energética no Brasil e no mundo em 2009.


[KAWABE JÚNIOR, 2011]

No mundo, aproximadamente 80,9% da energia produzida é de origem fóssil, sendo:


20,9% de gás natural, 27,2% de carvão e 32,8% de petróleo. No Brasil esse valor é bem menor
totalizando 47,5% oriundo de recursos não renováveis, destes 8,7% de gás natural, 0,9% de
carvão e 37,9% de petróleo.
O Brasil se destaca no cenário mundial pela elevada participação das fontes
renováveis em sua matriz energética, elas representam 46,8% (Fontes Renováveis 32,9% e
Hidráulica 13,9%). Isso se explica por alguns privilégios da natureza, como uma bacia
hidrográfica bastante favorável a construção de usinas hidrelétricas, por conter vários rios de
planalto, fundamentais para a produção de eletricidade. E também por ser o maior país tropical

14
do mundo, sendo um diferencial positivo para a produção de energia de biomassa (KAWABE
JÚNIOR, 2011).
Dentre as principais fontes de energia renováveis temos:
• Solar – Produção de calor através de coletores solares ou geração de energia por
painéis fotovoltaicos.
• Eólico – Geração de eletricidade através de aerogeradores.
• Hidráulica – Geração de eletricidade através de barragens hidrelétricas
• Biomassa – Aproveitamento da energia acumulada em todo material vegetal, orgânico
e animal.
• Gêiseres e Fumarolas – Aproveitamento do calor proveniente do interior da Terra.
• Marés – Geração de eletricidade através de centrais elétricas que funcionam por ação
das águas das marés. Para uma boa eficiência de geração a partir deste processo, é
necessário que haja pelo menos uma diferença de 5 metros entre a maré alta e baixa.
De acordo Santos e Mothe (2007), a biomassa aparenta ser a maior e a mais
sustentável fonte de energia alternativa renovável, que pode ser prontamente aproveitado, com
custos competitivos, considerando as barreiras culturais e de portabilidade da energia.
Outra vantagem no uso da biomassa na geração de energia elétrica é o balanço neutro
do carbono que contribui para redução do efeito estufa. Isso ocorre porque o gás carbônico
produzido durante o processo é absorvido pelas plantas que serão utilizadas novamente no
processo mantendo a concentração do gás carbônico praticamente inalterável. (KINTO et al.,
2002).
Alguns exemplos de produtos derivados da biomassa são:
• Bio-óleo: líquido negro obtido por meio do processo de pirólise cujas destinações
principais são aquecimento e geração de energia elétrica.
• Biogás: metano obtido juntamente com dióxido de carbono por meio da decomposição
de materiais como resíduos, alimentos, esgoto e esterco em digestores de biomassa.
• Biomass-to-Liquids: líquido obtido em duas etapas. Primeiro é realizado um processo
de gasificação, cujo produto é submetido ao processo de Fischer-Tropsch. Pode ser
empregado na composição de lubrificantes e combustíveis líquidos para utilização em
motores do ciclo diesel.
• Etanol celulósico: etanol obtido alternativamente por dois processos. Em um deles a
biomassa, formada basicamente por moléculas de celulose, é submetida ao processo
de hidrólise enzimática, utilizando várias enzimas, como a celulase, celobiase e β-
glicosidase. O outro processo é composto pela execução sucessiva das três seguintes
fases: gasificação, fermentação e destilação.
• Bioetanol "comum": feito no Brasil à base do sumo extraído da cana de açúcar (caldo
de cana). Há países que empregam milho (caso dos Estados Unidos) e beterraba (da
França) para a sua produção. O sistema à base de cana-de-açúcar empregado no
Brasil é mais viável do que o utilizado pelo americano e francês.

15
• Biodiesel: éster produzido com óleos vegetais como do dendê, da mamona, do sorgo e
da soja, etc.
• Óleo vegetal: Pode ser usado em Motores diesel usando a tecnologia Elsbett
• Lenha: Forma mais antiga de utilização da Biomassa.
• Carvão vegetal: Sólido negro obtido pela carbonização pirogenal da lenha ou
carbonização hidrotermal.
• Turfa: Material orgânico, semidecomposto encontrado em regiões pantanosas.

Para o presente estudo, trataremos da conversão da biomassa por um processo


bioquímico de digestão anaeróbica, cujo produto final é o biogás.

16
CAPITULO 3 – Aquecimento global e o protocolo de Kyoto

Desde o período da revolução industrial vem ocorrendo um aumento significativo nas


concentrações dos chamados Gases de Efeito Estufa (GEEs) na atmosfera terrestre, fato
atribuído principalmente às ações chamadas antrópicas ou induzidas por atividades humanas.
O grande aumento dessas atividades se deu principalmente pela expansão das
atividades no setor industrial, agrícola e de transportes, que demandou grande consumo de
energia, proveniente da queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás
natural), além do desflorestamento de novas áreas para ocupação e uso da terra com outras
atividades.
Com a queima de combustíveis fósseis, somados o desmatamento e demais atividades
responsáveis pela emissão de GEEs à atmosfera, a concentração desses gases aumentou
significativamente ocasionando o fenômeno chamado de efeito-estufa (Mendes, 2005).
O Potencial de Aquecimento Global - GWP (Global Warning Power) é a principal
medida de comparação entre os diferentes GEE. Tomando-se como referência o CO2, os
demais GEE são estimados, considerando-se diferentes intervalos de tempo.

Tabela 1: Principais gases de efeito estufa (Mendes, 2005)


Espécies (GEE) Formula Tempo de Potencial de aquecimento global
química vida [anos] (GWP*)
20 anos 100 anos 500 anos
Dióxido de Carbono CO2 Variável 1 1 1
Metano CH4 12 +/- 3 56 21 6,5
Oxido Nitroso N2O 120 280 310 170
Ozônio O3 0,1 – 0,3 n.d. n.d. n.d.
CFCs n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Na década de 1990 eram grandes as pressões para a criação de um tratado mundial


para cuidar deste tema. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a
Organização Meteorológica Mundial (OMM) responderam a tais pressões criando um grupo de
trabalho intergovernamental que se encarregou de preparar as negociações desse tratado.
Desde então, fizeram-se enormes progressos na área científica - podendo citar a criação do
Painel Intergovernamental em Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate
Change - IPCC) e na área política - com a Organização das Nações Unidas estabelecendo o
Comitê Intergovernamental de Negociação para a Convenção-Quadro sobre Mudança do

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Clima (INC/FCCC), que mais tarde culminou na criação da Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima – CQNUMC (UNFCCC – United Nations Framework
Convention on Climate Change).
Para a implementação da CQNUMC foram criados alguns órgãos que seriam
responsáveis por fazer com que seus objetivos fossem atingidos, dentre estes está a
Conferência das Partes (COP) que objetiva promover e revisar a implementação da UNFCCC,
revisar compromissos existentes periodicamente levando em conta os objetivos da convenção,
divulgar achados científicos novos e verificar a efetividade dos programas de mudanças
climáticas nacionais.
Foram realizadas até o ano de 2013 dezoito Conferências das Partes (COP), e estas
estão listadas abaixo: (OC, 2013):
• COP 1 - Berlim, Alemanha (28/03 a 07/04 de 1995);
• COP 2 - Genebra, Suíça (08 a 19/06 de 1996);
• COP 3 - Kyoto, Japão (01 a 10/12 de 1997) – O Protocolo de Kyoto;
• COP 4 - Buenos Aires, Argentina (02 a 13/11 de 1998);
• COP 5 - Bonn, Alemanha (25/10 a 05/11 de 1999);
• COP 6 - Haia, Países Baixos (13 a 24/11 de 2000);
- Bonn, Alemanha (16 a 27/07 de 2000);
• COP 7 - Marrakesh, Marrocos (29/10 a 09/11 de 2001);
• COP 8 - Nova Deli, Índia (23/10 a 01/11 de 2002);
• COP 9 - Milão, Itália (01 a 12/12 de 2003);
• COP 10 - Buenos Aires, Argentina (6 a 18/12 de 2004;
• COP 11 – Montreal, Canadá (28/11ª 09/12 de 2005);
• COP 12 – Nairobi, Quênia (06/11 a 17/11 de 2006);
• COP 13 – Bali, Indonésia (dez 2007);
• COP 14 – Poznam, Polônia (dez 2008);
• COP 15 – Copenhague, Dinamarca (07/12 a 18/12 de 2009);
• COP 16 – Cancún, México (29/11 a 10/12 de 2010);
• COP 17 – Durban, África do Sul (28/11 a 09/12 de 2011);
• COP 18 – Doha, Catar (dez 2012);

O Protocolo de Kyoto define que os países industrializados reduziriam em pelo menos


5,2% suas emissões combinadas de gases de efeito estufa em relação aos níveis de 1990. A
União Europeia assumiu o compromisso de reduzir em 8%; ficou acertada a redução de 7%
para os Estados Unidos, entretanto esta não foi ratificada por aquele país; e o Japão
concordou em reduzir 6%. Essa meta global deverá ser atingida no período de 2008 a 2012.
Para que o Protocolo de Kyoto entrasse em vigor ficou decidido que seria necessária a
ratificação de pelo menos 55 países, e que juntos deveriam corresponder por pelo menos 55%
das emissões globais de GEEs. Ao ser ratificado, o Protocolo passaria a vigorar no prazo de 90
dias da data de ratificação, o que significa que passaria a ter um compromisso legal vinculando

18
todas as “Partes” envolvidas, e a não complacência de alguma “Parte” estaria sujeita a
penalidades dentro do Protocolo (CENAMO, 2004b).
O Brasil ratificou o protocolo em 23 de julho de 2002 (MCT, 2002).
Com a ratificação da Rússia, o Protocolo de Kyoto entrou em vigor em 16 de fevereiro
de 2005. Mesmo sem o apoio de alguns países, como os EUA que, sozinhos, são responsáveis
por 25% da poluição mundial, o Protocolo de Kyoto se concretizou e, finalmente, tem valor
legal (Mendes, 2005).
Pesquisa realizada pelo Ministério do meio ambiente revelou que dificilmente as metas
estabelecidas no protocolo de Kyoto seriam atingidas em 2012, já que no período de 1990 até
2005 houve um aumento de 11% na emissão de gases, com destaque para o setor energético,
o grande emissor de GEE, que também apresenta emissões crescentes (MMA, 2013).
Na COP-18 cerca de 200 países concordaram em estender a validade do Protocolo de
Kyoto, que expiraria no final de 2012 para 2020, sendo que esta é a única ferramenta que
compromete os países industrializados a reduzir os gases de efeito estufa.
O alcance do novo acordo, no entanto, é ainda menor do que o Protocolo de Kyoto era.
Japão, Rússia, Canadá e Nova Zelândia se recusaram a assiná-lo porque queriam que países
emergentes como a Índia, a China e o Brasil também tivessem metas a cumprir, o que não é
previsto pelo documento. Nesse novo acordo a União europeia se comprometeu em reduzir
suas emissões em 20%, comparando com o registrado em 1990.
Os próximos encontros do COP devem ocorrer em Bonn, Alemanha e em Paris,
França, sendo que a pauta principal para esses reuniões é elaborar um novo acordo, que
deverá entrar em vigor em 2020 incluindo os maiores poluidores do planeta: China e Estados
Unidos (OC, 2013).

19
CAPITULO 4 - Biogás aspectos gerais

4.1. Introdução
O biogás é composto de uma mistura de gases, contendo principalmente metano (CH4)
e dióxido de carbono (CO2), encontrando-se ainda em menores proporções de gás sulfídrico
(H2S) e nitrogênio (N).
A formação do biogás é comum na natureza. Assim, ele pode ser encontrado em
pântanos, lamas escuras, etc. Locais onde a celulose sofre naturalmente a decomposição.
O biogás é um produto resultante da fermentação na ausência do ar, de dejetos de
animais, resíduos vegetais e de lixo orgânico industrial ou residencial, em condições
adequadas de umidade. A reação desta natureza é denominada digestão anaeróbica.
O principal componente do biogás é o metano e em função da porcentagem com que o
este participa na composição do biogás varia seu poder calorifico. O poder calorífico do biogás
pode variar de 5.000 a 7.000 kcal por metro cúbico. Esse poder calorífico pode chegar a 12.000
kcal por metro cúbico uma vez eliminado todo o gás carbônico da mistura (DEGANUTT et al.,
2002)
Traduzindo em termos práticos, é apresentada uma relação comparativa de
equivalência de 1 metro cúbico de biogás com os combustíveis usuais:

3
Tabela 2 - Correspondente para 1 m de biogás. [8]
• 0,61 litros de gasolina;
• 0,57 litros de querosene;
• 0,55 litros de óleo diesel;
• 0,45 kg de gás liquefeito;
• 0,79 litros de álcool combustível;
• 1,538 kg de lenha;
• 1,428 kWh de energia elétrica.

4.2. Formação
O biogás é uma mistura gasosa combustível, produzida através da digestão anaeróbia,
processo fermentativo que tem como finalidade à remoção de matéria orgânica, a formação de
biogás e a produção de biofertilizantes ricos em nutrientes. (PECORA, 2006).

20
Quando a digestão anaeróbia é realizada em biodigestores especialmente planejados,
a mistura gasosa produzida pode ser usada como combustível, o qual, além de seu alto poder
calorífico, de não produzir gases tóxicos durante a queima e de ser uma ótima alternativa para
o aproveitamento do lixo orgânico, ainda deixa como resíduo um lodo que é um excelente
biofertilizante (PECORA, 2006).
De acordo com GRYSCHEK e BELO, cada matéria prima ou fonte de resíduo possui
um potencial de geração de biogás. Resíduos altamente fibrosos, como bagaço de cana e
casca de arroz, considerados de baixa digestibilidade apresentam um menor potencial para a
produção do biogás. Já matérias ricas em amidos, proteínas, celulose e carboidratos, como
grãos, gramíneas, restos de abatedouros e fezes, apresentam alto potencial de produção de
biogás. A seguir é apresentada diversas fontes de matéria prima para obtenção do biogás

Tabela 3 - Matérias primas capazes de produzir biogás. [13]


• Fezes de suínos
• Fezes de bovinos
• Fezes de aves
• Resíduos orgânicos
• Resíduos de abatedouros
• Esgoto
• Resíduos de cervejarias e vinícolas
• Soro do queijo

4.3. Composição
O principal componente do biogás é o metano representando cerca de 40 a 75% na
composição total da mistura (CASTANÓN, 2002). O metano é um gás incolor, altamente
combustível, queimado com chama azul lilás, sem deixar fuligem e com um mínimo de poluição
(DEGANUTTI et al., 2002). Por ser um gás leve e de baixa densidade, possibilita que ele ocupe
um volume maior. Seu ponto crítico (-82,5 ºC e 46,5 bar) o que dificulta sua liquefação e com
isso seu transporte e armazenamento. O biogás só se torna combustível eficiente quando seu
teor de metano for superior ao de gás carbônico.
Além do metano outros gases como o dióxido de carbono e o ácido sulfídrico compõem
o biogás, sendo que suas porcentagens irão diretamente influenciar no poder calorifico do gás
e em suas características corrosivas.

Tabela 4 – Porcentagem de gases no biogás. [6]


GÁS PORCENTAGEM (%)
Metano (CH4) 40 - 75
Dióxido Carbônico (CO2) 25 - 40
Nitrogênio (N) 0,5 - 2,5
Oxigênio (O) 0,1 - 1
Ácido Sulfídrico (H2S) 0,1 - 0,5

21
Amônia (NH3) 0,1 - 0,5
Monóxido de Carbono (CO) 0 - 0,1
Hidrogênio (H) 1-3

O gás carbônico e o gás sulfídrico são considerados como os principais problemas na


viabilização do biogás, interferindo principalmente na qualidade do biogás, acarretando
problemas de corrosão desde o sistema de condução até sua transformação como fonte de
energia elétrica ou térmica, necessitando de processos de tratamento (MAGALHÃES, 1986).
O gás sulfídrico aparece em uma concentração aproximada de 10g/m³ no biogás.
Portanto, existe a necessidade do mesmo passar por um filtro purificador para evitar o mau
cheiro gerado, mas principalmente para retirar seu efeito corrosivo, devendo aparecer com uma
concentração abaixo de 1,5 g/m³ (OLIVEIRAS, 1993).
Portanto para viabilização do biogás é necessária que impurezas como o CO2, H2S e a
água (H2O) sejam retiradas ao máximo possível de sua composição.

4.4. Purificação
A presença de substâncias não combustíveis no biogás, como água e dióxido de
carbono, prejudicam o processo de queima, tornando-o menos eficiente. Uma vez presentes na
combustão, absorvem parte da energia gerada (PRATI, 2010). A remoção da umidade pode
ser feita com glicóis, com sílica gel, dentre outros. Sendo que a utilização final irá estabelecer o
grau de umidade aceitável.
Na medida em que se eleva a concentração de impurezas, o poder calorífico do biogás
torna-se menor. (ALVES, 2000)
A presença do gás sulfídrico (H2S) pode acarretar corrosão, diminuindo tanto o
rendimento, quanto à vida útil do motor térmico utilizado. A maioria dos digestores anaeróbicos
produzem um biogás que contém entre 0,3 a 2% de H2S, sendo necessária posterior
purificação (COELHO, 2006). Para isso destacam-se dois processos: Retirada do gás sulfídrico
por óxido de ferro e remoção do gás sulfídrico e do dióxido de carbono por hidróxido de sódio,
potássio ou cálcio.

4.4.1. Retirada do gás sulfídrico por óxido de ferro


Consiste em passar a mistura gasosa por uma torre com preenchimento de óxido de
ferro (Fe2O3) e aparas de madeira. O gás é injetado pela base da torre e conforme vai
circulando pela mesma vai perdendo o gás sulfídrico que fica retido ao reagir com o óxido de
ferro (CRAVEIRO, 1982). Esse é possivelmente o processo mais simples e barato. A reação
química é apresentada na equação 1:
Fe2O3 + 3H2S  Fe2S3 + 3H2O (1)
Para regenerar o óxido de ferro basta expor ao oxigênio, como apresentado pela reação
química da equação 2:

22
2Fe2S3 + 3O2  2Fe2O3 + 3S2 (2)
Em vez de ser utilizado óxido de ferro também pode ser usado óxido de zinco, porém esse é
mais caro. (PRATI, 2010)

4.4.2. Remoção do gás sulfídrico e do dióxido de carbono por hidróxido


de sódio, potássio ou cálcio
Quando o gás carbônico entra em contato com a solução de hidróxido de sódio,
potássio ou cálcio ocorre à formação de bicarbonato, sendo essa formação irreversível
conforme as equações 3 e 4. Se houver tempo suficiente o gás sulfídrico também será
absorvido conforme a equação 5 (CRAVEIRO, 1982).
2 NaOH + CO2  Na2CO3 + H2O (3)

Na2CO3 + CO2 + H2O  2NaHCO3 (4)

H2S + Na2CO3  NaHS + NaHCO3 (5)


Entre os hidróxidos, o de cálcio é o mais barato. Porém existe um problema na sua
utilização, há a precipitação do carbonato de cálcio, o que pode provocar o entupimento de
tubulações, bombas e os demais equipamentos utilizados gerando transtornos (CRAVEIRO,
1982).
Podem ser utilizados outros dois processos para a remoção do dióxido de carbono e do
gás sulfídrico. Um é utilizar solventes orgânicos, mas devido à corrosão e perdas elevadas por
constituírem substâncias muito voláteis, e por periculosidade em geral este processo deve ser
evitado. Outro processo é utilizando carbonato de potássio a quente, mas como exige
aquecimento e operação a 110°C, demandando energia para esse aquecimento, também deve
ser evitado objetivando assim a eficiência energética (OLIVEIRA, 2009).

4.5. Biodigestores

4.5.1. Introdução
Biodigestor anaeróbico é um equipamento usado para a produção de biogás, através
de bactérias que digerem matéria orgânica em condições anaeróbicas (isto é, em ausência de
oxigênio). Um biodigestor nada mais é que um reator químico em que as reações químicas têm
origem biológica [36].
Os biodigestores podem ser encontrados em diversos modelos (indiano, paquistanês,
chinês, tailandês, filipino) cada qual com suas vantagens e desvantagens e características
próprias de operação. Entretanto, existem dois tipos básicos de biodigestores classificados de
acordo com a frequência de operação: os biodigestores em “batelada” e os biodigestores
“contínuos”.
Chama-se de biodigestores “em batelada” àqueles que operam de forma descontínua:
o processo de biodigestão se dá por cargas que são inseridas no compartimento de

23
fermentação. Este processo é utilizado quando, por algum motivo, não é possível a
alimentação do biodigestor com matéria orgânica diariamente, ou, quando o consumo de
biogás é baixo, não exigindo uma produção diária do biogás.
Nos biodigestores em batelada a matéria orgânica é inserida toda de uma só vez e
então ele é fechado hermeticamente (de forma a não permitir a entrada de oxigênio) até que
ocorra o processo de digestão anaeróbia. O biodigestor será aberto novamente só quando a
produção de biogás cair, indicando que a matéria orgânica já foi decomposta e que pode ser
feita a retirada da matéria restante, o biofertilizante.

Figura 2 - Sistema descontínuo (batelada) de produção de biogás.


[34]

Já os biodigestores de operação “contínua” operam com cargas diárias de matéria


orgânica que se movimenta por meio de carga hidráulica dentro do biodigestor devendo a
matéria orgânica, portanto, ser diluída e até mesmo triturada para evitar entupimentos e
formação de crostas no interior do biodigestor [26].

Figura 3 - Esquema do Biodigestor tipo contínuo.


[34]

4.5.2. Biodigestor descontínuo – Modelo batelada


Trata-se de um sistema bastante simples e de pequena exigência operacional. Sua
instalação poderá ser apenas um tanque anaeróbio, ou vários tanques em série. Esse tipo de
biodigestor é abastecido uma única vez, portanto não é um biodigestor contínuo, mantendo-se
em fermentação por um período conveniente, sendo o material descarregado posteriormente
após o término do período efetivo de produção de biogás.
Enquanto, os modelos chinês e indiano prestam-se para atender propriedades em que
a disponibilidade de biomassa ocorre em períodos curtos, como exemplo aquelas que
recolhem o gado duas vezes ao dia para ordenha, permitindo coleta diária de biomassa, que
deve ser encaminhada ao biodigestor, o modelo em batelada adapta-se melhor quando essa

24
disponibilidade ocorre em períodos mais longos, como ocorre em granjas avícolas de corte,
cuja a biomassa fica a disposição após a venda dos animais e limpeza do galpão.

4.5.3. Biodigestor contínuo – Indiano


O Biodigestor Indiano é composto basicamente por:
· Caixa de Carga;
· Tubo de Carga;
· Câmara de biodigestão cilíndrica;
· Gasômetro;
· Tubo-guia;
· Tubo de Descarga;
· Caixa ou Caneleta de Descarga;
· Saída de Biogás.
Sendo que:
· Caixa De carga: feita em alvenaria, refere-se ao local onde os dejetos diluídos em água
serão colocados para serem introduzidos nos sistema;
· Tubo de Carga: serve para conduzir o material, por gravidade, desde a caixa de carga
até o interior do biodigestor. Normalmente utiliza-se um tubo em PVC com 150 mm de
diâmetro;
· Câmara de biodigestão cilíndrica: refere-se ao local onde ocorrerá a fermentação do
material e a consequente liberação do biogás. Ela também deverá ser construída em alvenaria;
· Gasômetro: refere-se ao elemento que será responsável por armazenar o biogás
produzido, permitindo o seu fornecimento com pressão constante. Isto é possível, porque ele
se movimentará para cima ou para baixo, de acordo com o volume de biogás acumulado ou
retirado. Geralmente o gasômetro é feito de chapa de aço numero 14, a qual deverá ser
soldada em uma estrutura metálica, feita de cantoneiras de aço carbono ¾”. Ele deverá ter
formato cilíndrico, sendo a cobertura superior abaulada (em forma de cone), para evitar a
deposição de impurezas e água na parte externa do mesmo;
· Tubo-guia: terá a função de guiar o gasômetro, quando este se movimentar para cima ou
para baixo. Esse elemento deverá ser obtido a partir de um tubo galvanizado com duas e meio
de polegadas de diâmetro;
· Tubo de descarga: servirá para fazer a retirada do material fermentado (sólidos e
líquidos) de dentro do biodigestor. Para isso, deve-se utilizar também tubo PVC com 150 mm
de diâmetro;
· Caixa ou caneleta de descarga: refere-se ao local para onde será encaminhado o
material retirado de dentro do biodigestor até ser conduzido para outro local. Ela também
deverá ser construída em alvenaria;
· Saída de biogás: refere-se a um dispositivo que deverá na parte superior do gasômetro,
pelo qual o biogás sairá do interior do gasômetro e será conduzido até os pontos de consumo
de combustível. Recomenda-se que esse dispositivo seja de mangueira flexível, para
possibilitar acompanhar os movimentos do gasômetro.

25
A fermentação ocorrerá mais intensamente quando a temperatura do material estiver
entre 30º e 35º C, sendo que nestas condições, a produção de biogás, por quilograma de
material utilizado, é maior e ocorre em menor tempo. Por essa razão é que o biodigestor é
construído enterrado, pois abaixo da superfície do solo as temperaturas são mais elevadas e
as suas variações são menores. Além disso, o manejo dos biodigestores enterrados é mais
fácil de ser executado.
FONTE: [8]

Figura 4 – Representação tridimensional em corte do biodigestor modelo indiano.


[8]

Esse modelo de biodigestor caracteriza-se por possuir uma campânula como


gasômetro, a qual pode estar mergulhada sobre a biomassa em fermentação, ou em um selo
d’água externo, e uma parede central que divide o tanque de fermentação em duas câmaras. A
função da parede divisória faz com que o material circule por todo o interior da câmara de
fermentação. Conforme pôde ser observado na figura.
O modelo indiano possui pressão de operação constante, ou seja, à medida que o
volume de gás produzido não é consumido de imediato, o gasômetro tende a deslocar-se
verticalmente, aumentando o volume deste, portanto, mantendo a pressão no interior deste
constante.
O fato de o gasômetro estar disposto ou sobre o substrato ou sobre o selo d’água
reduz as perdas durante o processo de produção do gás. [1]
O resíduo a ser utilizado para alimentar o biodigestor indiano, deverá apresentar uma
concentração de sólidos totais (ST) não superior a 8%, para facilitar a circulação do resíduo
pelo interior da câmara de fermentação e evitar entupimentos dos canos de entrada e saída do
material. O abastecimento também deverá ser contínuo, ou seja, geralmente é alimentado por
dejetos bovinos e/ou suínos, que apresentam certa regularidade no fornecimento de dejetos.

26
Do ponto de vista construtivo, apresenta-se de fácil construção, contudo o gasômetro
de metal pode encarecer o custo final, e também à distância da propriedade pode dificultar e
encarecer o transporte inviabilizando a implantação deste modelo de biodigestor.

4.5.4. Biodigestor chinês


Formado por uma câmara cilíndrica em alvenaria (tijolo) para a fermentação, com teto
abobado, impermeável, destinado ao armazenamento do biogás. Este biodigestor funciona
com base no princípio de prensa hidráulica, de modo que aumentos de pressão em seu interior
resultantes do acúmulo de biogás resultarão em deslocamentos do efluente da câmara de
fermentação para a caixa de saída, e em sentido contrário quando ocorre descompressão.
O modelo Chinês é constituído quase que totalmente em alvenaria, dispensando o uso
de gasômetro em chapa de aço, reduzindo os custos, contudo pode ocorrer problemas com
vazamento do biogás caso a estrutura não seja bem vedada e impermeabilizada.
Neste tipo de biodigestor uma parcela do gás formado na caixa de saída é libertado
para a atmosfera, reduzindo parcialmente a pressão interna do gás, por este motivo as
construções de biodigestor tipo chinês não são utilizadas para instalações de grande porte.
Semelhante ao modelo indiano, o substrato deverá ser fornecido continuamente, com a
concentração de sólidos totais em torno de 8%, para evitar entupimentos do sistema de
entrada e facilitar a circulação do material.
Em termos comparativos, os modelos Chinês e Indiano, apresentam desempenho
semelhante, apesar do modelo Indiano ter apresentado em determinados experimentos ligeira
superioridade quanto a produção de biogás e redução de sólidos no substrato, conforme
podemos visualizar na tabela a seguir.

Tabela 5 - Resultados preliminares do desempenho de biodigestores modelo Indiano e


3
Chinês, com capacidade de 5,5 m de biomassa, operados com esterco bovino. [19]
Biodigestor
Chinês Indiano

Redução de Sólidos (%) 37 38

Produção média (m3 / dia) 2,7 3,0


Produção média
489 538
(l.m-3 de substrato)

4.6. Material orgânico para produção do biogás


Por ser um país tropical, o Brasil apresenta um enorme potencial de biomassa, devido
a grande produtividade de massa vegetal. A biomassa é definida como toda matéria orgânica
de origem animal e vegetal, formada pelo processo de fotossíntese, o qual ocorre na presença
da luz solar. Pode-se dizer que a biomassa é uma forma de armazenamento de uma pequena

27
fração da energia solar, que incide na superfície da terra, na forma de ligações moleculares
orgânicas. É liberada por processos biológicos e termoquímicos. Ao contrário da energia dos
combustíveis fósseis, a biomassa é renovável e não contribui para o acúmulo de dióxido de
carbono na atmosfera terrestre, ou melhor, todo CO2 liberado durante o uso da biomassa é
absorvido novamente no processo de fotossíntese para formação da mesma.
No Brasil podemos citar o exemplo do aproveitamento de resíduos da cana de açúcar
onde temos usinas com possibilidade de venda de energia para o sistema elétrico, o que ainda
não aconteceu de maneira mais acentuada pela falta de regulamentação no setor elétrico.
Os resíduos rurais incluem todos os tipos gerados pelas atividades produtivas nas
zonas rurais, qual seja: os resíduos agrícolas, florestais e pecuários. Os resíduos da pecuária
são constituídos por estercos e outros produtos resultantes da atividade biológica do gado
bovino, suíno, caprino e outros, cuja relevância local justifica seu aproveitamento energético.
Este tipo de resíduo é importante matéria-prima para a produção de biogás. (Souza, 2010)

Figura 5 - Representação da produção de biogás a partir de dejetos de animais.


[36]

A figura 09 representa as etapas da produção do biogás a partir de dejetos de animais


1 - Os excrementos dos animais e restos de alimentos são misturados com água no
alimentador do biodigestor
2 - Dentro do biodigestor, a ação das bactérias decompõe o lixo, transformando-o em
gás metano e adubo.
3 - O gás metano pode ser encanado para alimentar um gerador ou aquecedor.
4 - O resto dos dejetos pode ser utilizado como fertilizante.
Outra fonte de matéria prima para produção do biogás provém dos aterros sanitários.
Antigamente os lixões por não terem tido nenhuma preparação do solo para recebimento dos

28
dejetos e por não tratarem os efluentes líquidos, despejavam o chorume (liquido preto que
escorre do lixo) no solo, contaminando o lençol freático. Como o lixo ficava exposto também, o
mau cheiro e a poluição se espalhavam pela região, atraindo animais indesejáveis para a
região como urubus, e também propiciava a difusão de doenças.

Figura 6 – Exemplo de lixão.


[37]

Portanto não apenas para resolver o problema das emissões de gases de fontes
poluidoras, a busca de outras formas de energia pode também conjuntamente resolver outros
problemas da sociedade.
A disposição adequada dos resíduos sólidos é o aterro sanitário, que antes de iniciar
sua operação teve o terreno devidamente nivelado, selado e onde o chorume é coletado para
posterior tratamento, evitando a poluição do solo. Como o lixo depositado no aterro é
diariamente coletado. Ele não prolifera mau cheiro para as redondezas.

29
Figura 7 – Modelo de Aterro sanitário. [37]

CAPITULO 5 – Motor de combustão interna


Os motores de combustão interna são muito utilizados por poderem operar com
diferentes tipos de combustíveis, tanto líquidos como gasosos. São máquinas térmicas nas
quais a energia química do combustível se transforma em trabalho mecânico, sendo que o
fluido de trabalho consiste dos produtos da combustão da mistura ar-combustível, e a câmara
de combustão e o próprio processo de combustão estão integrados ao funcionamento geral do
motor. Representam a tecnologia mais difundida dentre as máquinas térmicas, devido à sua
simplicidade, robustez e alta relação potência/peso, o que faz com que estes acionadores
sejam empregados em larga escala como elementos de propulsão para geração de eletricidade
contínua, de back-up ou de carga de pico e para acionamento de bombas, compressores ou
qualquer outro tipo de carga estacionária (SALOMON, 2007).
Os motores de combustão podem ser classificados como do tipo de COMBUSTÃO
EXTERNA, no qual o fluido de trabalho está completamente separado da mistura
ar/combustível, sendo o calor dos produtos da combustão transferido através das paredes de
um reservatório ou caldeira, e do tipo de COMBUSTÃO INTERNA, no qual o fluido de trabalho
consiste nos produtos da combustão da mistura de ar/combustível propriamente. Uma
vantagem fundamental do motor alternativo de combustão interna, sobre as instalações de
potência de outros tipos, consiste na ausência de trocadores de calor no circuito do fluido de
trabalho, tal como a caldeira e condensador de uma instalação a vapor. (HENHAM, MAKKAR,
1998)

Figura 8 – Representação de um motor ciclo OTTO.


[38]
Observando a figura acima é possível compreender o funcionamento de um motor de
combustão interna, ciclo OTTO.
A primeira etapa representa a admissão da mistura ar combustível, o pistão é puxando
para baixo até o ponto morto inferior (PMI) e traz com ele a solução ar/combustível para dentro
do cilindro. Em seguida o pistão sobe até o ponto motor superior (PMS), comprimindo a mistura
de combustível, até o momento da centelha. Quando dada a centelha, terceira etapa, o pistão é
empurrado para baixo, até o PMI e produz assim a potência. E finalmente, o pistão é
empurrado para cima, até PMS, e libera os gases da combustão.

30
Figura 9 – Diagrama P-V e T-S do ciclo OTTO ideal.
[4]

Acima estão representados os diagramas P-V e T-S, considerando o ciclo OTTO ideal.
No processo 1-2 ocorre a compressão da mistura ar/combustível, o pistão se move do
PMI até o PMS, no ciclo OTTO ideal essa compressão é isoentrópica. De 2-3 o calor é
transferido para o ar, enquanto o motor esta momentaneamente em repouso no PMS, nesse
momento é dada a ignição da mistura ar/combustível pela centelha.
No processo 3-4 é produzida a potência do motor devida a explosão interna no cilindro,
O pistão é então empurrado fortemente para baixo, e finalmente de 4-1 ocorre a rejeição de
calor do ar, enquanto o pistão esta no PMI. (BORGNAKKE, SONNTAG, 2009)
Para operar com combustível gasoso ao invés de combutivel liquido, algumas
modificação devem ser feitas. Para um motor de combustão interna ciclo OTTO, essas
altereções são relativamente fáceis, pois o motor já é projetado para operar com uma mistura
de ar/combustível com ignição por centelha. A modificação básica a ser feita é a instalação de
um misturador de ar e gás ao invés do carburador. O controle da potência do motor é realizado
pela variação do suplimento de combustivel. Motores de ignição por centelha convertidos para
funcionar com gás, apresentam uma diminuição de potência de 15, 20%, atribuída a uma
diminuição da eficiência volumétrica do combustível gasoso e a menor velocidade de chama da
mistura de ar/gás em comparação com as misturas de ar/gasolina. Esta perda de energia pode
ser reduzida, até certo ponto, utilizando uma razão de compressão mais elevada, possibilitada
pelo gás, e avançando o momento da centelha. Em aplicações estacionárias esta perda de
potência é menos importante, pois são geralmente utilizados em plena carga. (HENHAM,
MAKKAR, 1998)

31
Para a realização da pesquisa iremos utilizar o motor gerador B4T – 5000 Bio, cujo os
dados técnicos são apresentados abaixo:

Tabela 6 - Especificações técnicas B4T – 5000 Bio [39]


Código 90312420
Motor 11,0 cv
potência máxima 4 kW
potência nominal 3,6 kW
Rotação 3600 rpm
tensão de saída 110 V / 220 V (bivolt)
sistema de partida Partida manual, Partida elétrica

Sistema de filtro integrado que permite a conexão do gerador


Outros
diretamente na lona do biodigestor.

Consumo 2,0 m³ de biogás por hora de trabalho.

32
CAPITULO 6 – Cogeração

A eletricidade é a forma mais nobre de energia, adequada a inúmeras aplicações tanto


na indústria como no setor residencial e terciário. Por ser uma energia de qualidade superior,
seu conteúdo de exergia é 100%, podendo converter-se em calor, energia mecânica ou
qualquer outra forma de energia. (Reis, 2006)
A eletricidade, embora sendo nobre, é gerada a partir da queima de combustíveis
fósseis em centrais termoelétricas ou em centrais nucleares usando o calor liberado por
reações de fusão. Esquematicamente, as transformações são como mostradas na Figura a
seguir.

Figura 10 - Diagrama esquemático da transformação combustível – eletricidade (SILVEIRA,


1994).

O objetivo da cogeração é produzir eletricidade ou energia mecânica de tal forma que a


maior parte da energia disponível no combustível seja utilizada, em lugar de somente uma
pequena parte.
Na Figura a seguir compara-se a energia primária necessária para a obtenção de
eletricidade e calefação num sistema convencional e em um sistema onde a técnica da
cogeração é empregada.

• Sistema
convencional

33
• Cogeração

Figura 11 - Comparação de sistema convencional com sistema de cogeração


(LIZARRAGA, 1994).

Conforme pode ser observado, no sistema convencional para se obter 30 unidades


físicas de eletricidade e 55 unidades físicas de calefação, serão necessárias 153 unidades
físicas de combustível, totalizando uma perda de 68 unidades nos processos. Entretanto, se
aplicamos a técnica da cogeração conseguimos obter as mesmas 30 unidades físicas
destinadas à eletricidade e 55 unidades destinadas à calefação, entretanto com menos
combustível, nesse caso 100 unidades físicas de combustível serão necessárias e as perdas
totalizarão apenas 15 unidades.
Portanto, o sistema de cogeração busca a partir de uma fonte de energética obter duas
diferentes formas de energia útil, eletromecânica e térmica, de forma a aumentar o rendimento
global do sistema.
Na próxima figura apresenta-se um esquema básico de atendimento de demandas de
energia utilizando-se uma Central de Cogeração. Um fator importante a ser observado é a
presença de sistemas independentes de geração de energia eletromecânica e térmica. Esses
sistemas têm como função aumentar a confiabilidade de geração da planta, ou seja, eles
devem ser capazes de suprir demandas extras de energia térmica e/ou elétrica e também
atuarem em eventuais paradas de emergência ou por manutenção.
Os principais equipamentos térmicos de uma Central de Cogeração são:
- Caldeiras;
- Turbinas;
- Motores de Combustão interna;
- Ciclos de refrigeração.
A cogeração no Brasil tem sido vista com grandes expectativas de desenvolvimento
para os próximos anos, devido a diversos fatores, tais como: entrada do gás natural da Bolívia,
privatização dos serviços de energia em muitas concessionárias federais e estaduais,
programa nacional de incentivo a construções de termelétricas e também pelo advento do
Mercado Atacadista de Energia. (Reis, 2006)

34
CAPITULO 7 – Análise técnica
A figura a seguir representa o sistema estudado.
Será utilizado um motor de combustão interna acoplado a um gerador de 3,5 kW, o
3
qual apresenta consumo de combustível igual 2 m por hora de trabalho.
Também será calculada a capacidade de geração de energia térmica do sistema. Para
isso será necessário a utilização de um trocador de calor cuja eficiência é de 70%.

Figura 12 – Esquematização do sistema.

• Calculo da energia total fornecida pelo combustível:


Conforme Deganutti et. al. o PCI do biogás esta compreendido entre 5000 e 7000
3
cal por metro cubico, será adotado o valor de 6000 cal/m para os cálculos adiante.
Portanto, a energia total fornecida pelo biogás é de:
-4 3 3
Ecomb. = 5,55.10 Nm /s x 6000 x 4,186 kJ/Nm = 13,94 kW

• Eficiência de geração de energia elétrica:

A eficiência de geração de energia elétrica é dada pela razão entre a energia que o gerador
produz e a energia fornecida pelo combustível. Nesse caso temos:

ᶯ GE = 3,5 kW / 13,94 kW = 0,2510 = 25,1%

35
36
• Calculo da Energia fornecida pelos gases de combustão:

De acordo com Govani, 2011 a reação estequiométrica para a queima do biogás é dada
pela seguinte reação:
0,62 CH4 + 0,38 CO2 + α2,48 O2 + α 9.32 N2  CO2 + 1,24 H2O + 3,76 α x N2 + x (α – 1) O2

Considerando que a razão Ar/combustível igual a 10, temos:

0,62 CH4 + 0,38 CO2 + 24,8 O2 + 93,2N2  1 CO2 + 1,24 H2O + 93,2 N2 + 23,56 O2

A massas moleculares dos produtos estão apresentadas a seguir:

CO2 = 44 g/mol
H2O = 18 g/mol
N2 = 28 g/mol
O2 = 32 g/mol

3
Portanto, para queima de 1 m de biogás, temos:
CO2 = 44 g
H2O = 22,32 g
N2 = 2609,6 g
O2 = 753,92 g
Massa Molecular = 3429,84 g
3 3
Para cada m de biogás, 3429,84 gramas de gases de combustão, como são utilizados 2 m de
biogás por hora, temos 6859,68 g de gases de combustão por hora que é igual a 1,905 g/seg.
De acordo com Boehm, 1987 podemos calcular o cpgases com a seguinte formula:

T = [(450+250)/2] + 273.15=623,15 K
Cp gases =1,107 kJ/kg.K

Podemos, agora calcular a energia cedida pelos gases ao trocador de calor:


E = mgases . cpgases . ∆T
-3
E = 1,905.10 kg/s . 1,107 kJ/kg.K . (450-250) K
E= 0,422 kW
Como o rendimento do TC = 0,70, será transmitido 0,295 kW para agua.

37
• Determinação da vazão de agua quente gerada
Adotando o cpagua igual a 4,186 kJ/kg.K, conhecendo a energia da água quente no trocador de
calor e as temperaturas de entrada e saída, é possível determinar a vazão de água quente no
sistema.

0,295 kW = maq x 4,186 kJ/kg.K x (65 ºC – 25 ºC)


maq = 0,0018 kg/s

• Eficiência de geração de água quente:

A eficiência de geração de água quente é dada pela razão da energia da agua quente
gerada pela energia fornecida pelo combustível.

ᶯ Aq = 0,295 kW / 13,94 kW = 0,0212 = 2,1 %

• Eficiência global de geração


A eficiência global pode ser calculada pela razão da somatória das energias produzidas pela
energia do combustível fornecido

Ou simplesmente pela soma das eficiências parciais.

ᶯ ᶯ G= GE + ᶯ Aq = 25,1% + 2,1% = 27,2 %

Conforme pôde ser observado o potencial máximo de energia fornecido pelo

combustível foi de 13,94 kW e o rendimento do sistema sob a técnica da cogeração foi de

27,2% o que era esperado.

38
Além dos 3,5 kW de energia elétrica produzido pelo motor-gerador o sistema também é

capaz de gerar aproximadamente 6.48 kg de água quente por hora a 65 ºC

CAPITULO 8 – Análise econômica


O objetivo da análise econômica é determinar o custo da energia elétrica produzida no
motor-gerador [US$/kWh] a partir do combustível utilizado, neste caso, biogás.
Será utilizada como base a metodologia desenvolvida por Silveira 1990, que relaciona
parâmetros tais como: custo de implantação do biodigestor, custo de manutenção e operação
do biodigestor, custo do investimento feito no motor-gerador.
Os valores considerados para o desenvolvimento do estudo foram:
• Investimento no motor de combustão interna US$1.000,00 por kW;
• Investimento no biodigestor para geração do combustível utilizado US$40,00
3
por m de biogás gerado;
• Período equivalente de utilização de 6000, 7000 e 8000 horas ano;
• Período de amortização do capital de 1 a 10 anos;
• Taxa de juros de 12%;
• Custo de manutenção e operação do motor-gerador US$ 0,011kWh (Wang,
2006);

Com o período de amortização do capital investido de 1 a 10 anos e com a taxa de


juros de 12%, foram utilizadas as seguintes equações:

Segundo Florentino (2004), considerou-se para o cálculo do combustível utilizado, o


investimento efetuado no biodigestor e o custo de manutenção para ele, sendo representados
pelas seguintes formulas:

39
Portanto, tem-se a equação global para o custo do combustível:

Sendo que, Ecomb é a energia total fornecia pelo combustível;

Figura 13 - Custo de geração do biogás produzido por hora trabalhada no biodigestor.

Como pode-se observar na figura, quanto maior o número de horas trabalhadas no ano
menor é o custo final do biogás obtido.
Para poucos anos de amortização do investimento efetuado o custo do biogás é
superior e assim possivelmente inviabilize o projeto. Observa-se que a curva decresce com o
incremento do período de amortização e que a partir do 4º ano o preço do gás obtido tende a
ser mais constante e mais em barato, portanto, será este o valor adotado para se comparar o
custo de produção de eletricidade, Govoni (2011).
A equação a seguir representa o custo total da energia elétrica produzida pelo motor de
combustão interna

A primeira parcela da equação anterior representa o investimento feito no motor-


gerador. A segunda representa o investimento no combustível utilizado e finalmente a terceira

40
e última parcela representa os custos de manutenção no motor-gerador. Tem-se, portanto, a
variação dos custos da eletricidade gerada.

Figura 14 – Variação dos custos de geração de eletricidade para um motor-gerador.

Quanto menor é o numero de horas trabalhadas no ano, maior é o tempo necessario


para o retorno do investimento feito.
Para o motor-gerador estudado observa-se que serao necessarios ao menos 10 anos
para que o preco da energia eletrica gerada seja inferior ao oferecido pela rede eletrica que foi
considerado de 0,12 US$ por kWh segundo Govoni (2011).
O grafico a seguir representa a economia anual gerada. Quando o valor das ordenadas
forem negativos, isso representa que a energia fornecida pela rede eletrica é mais vantajosa,
entretanto a partir do momento onde a curva corta o eixo das abcissas, tornando as ordenadas
positivas, a implantacao do sistema alternativo de geracao de energia eletrica já se torna
viavel.

41
Figura 15 – Economia anual esperada.

Como pode-se observar, a partir de 10 anos de utilização, o sistema se torna viável


para geração de eletricidade.

42
CAPITULO 9 – Análise ecológica
Nos últimos 100 anos, devido a um progressivo incremento na concentração dos gases
de efeito estufa, a temperatura global do planeta tem aumentado. Tal incremento tem sido
provocado pelas atividades humanas que emitem esses gases. A potencialização do efeito
estufa pode resultar em consequências sérias para a vida na Terra no futuro próximo.
Para a avaliação do impacto ambiental que um combustível causa ao meio ambiente
diversos fatores são levados em conta:

• Emissões de material particulado (MP): São particulados emitidos em centrais


termelétricas, geralmente a carvão, e são mais acentuados em combustíveis
sólidos e líquidos. A emissão de particulados menores que 2,5 microns,
prejudicam as vias aéreas, devido a sua eficiência de penetração, pois quando
inalados chegam aos pulmões provocando tosses, asmas, dificuldades de
respiração e bronquites, além de auxiliar na formação de chuva ácida.
(ViLLELA. 2007);

• Óxido de enxofre (Sox): Depende da quantidade de enxofre presente no


combustível e sua maior produção se dá nas centrais a óleo e a carvão. O
enxofre reage com o combustível para formar SO2, SO3 e H2SO4. Na
atmosfera o SO2 reage com o vapor de água existente no ar e com o oxigênio,
formando os sulfatos e o ácido sulfúrico, que são os responsáveis pela chuva
ácida. Além disso, o SO2 é irritante para mucosas dos olhos e as vias
respiratórias provocando broncopneumonia. (VILLELA, 2007);

• Oxido de nitrogênio (Nox): Compreendem o oxido de nitrogênio e o dióxido de


nitrogênio (NO2)x e se formam da reação do oxigênio com o nitrogênio do
próprio ar. Ao ser descarregado na atmosfera o NO é convertido em NO2,
reagindo com todas as partes do corpo expostas (no caso, pele e mucosas) e
acaba intoxicando principalmente pulmões e vias aéreas periféricas. Esses
nesnis gases também promovem a formação do ozônio troposferico, através
de reações fotoquímicas na atmosfera, produzindo o efeito estufa.
(VILLELA,2007);

• Monóxido de Carbono (CO): Produto da combustão do carvão e dos derivados


de petróleo. Prejudica a oxigenação dos tecidos e age como asfixiante
sistêmico;

A avaliação se baseia na combustão completa de 1 kg de combustível, e


será efetuada utilizando gás natural e biogás como combustíveis em um MCI
(GOVONI, 2011);

43
O resultado da eficiência deve se encontrar entre “0” e “1”. Sendo que
“0” representa altamente poluidor e “1” sem impactos ambientais.
Cardu M. e Barca M. (1999), propõem um indicador adimensional que
expressa o impacto ecológico dos gases nocivos emitidos para a atmosfera
com a queima de um combustível em relação a sua energia útil produzida, por
usinas termoelétricas, denominado eficiência ecológica:

A eficiência ecológica mostra o quão poluidor é um processo produtivo,


considerando as emissões por combustível ou eletricidade utilizada. Outro
aspecto relevante é o conceito de dióxido de carbono equivalente (CO2)e, que
se baseia na concentração máxima de CO2 permitida na atmosfera. Os
coeficientes equivalentes para alguns poluentes, cuja unidade é kg/kg de
combustível, são calculadas de acordo com a equação a seguir
(VILLELA.2007):

Para quantificar o impacto ambiental, foi definido um indicador que é a


razão entre o dióxido de carbono equivalente do combustível e seu poder
calorífico, representado por ∏g.

Onde:
(CO2) e: Dióxido de carbono equivalente (kg/kg combustível);
∏g: Indicador de poluição kg/MJ;
Qi: Poder calorífico inferior do combustível MJ/kg;

Para que se pudesse avaliar o grau de impacto causado pelas


tecnologias em estudo, foi tomado como base o gás natural, pois este
apresenta composição química similar ao do biogás.
Considerou-se para os cálculos as equações estequiométricas de
combustão do gás natural e do biogás:

44
• Gás natural:
0,893 CH4 + 0,08 C2H6 + 0,008 C3H8 + 0,0005 C4H10 + 0,0005 C5H12 + 0,005 CO2 + 0,013 N2 + ar
(2.118αO2 + 7.965αN2)  1,087 CO2 + 2,064 H2O + 7,965 αN2 + 2,118 (α – 1) O2

• Biogás:
0,62 CH4 + 0,038 CO2 + α2,48 O2 + α 9.32 N2  CO2 + 1,24 H2O + 3,76 α x N2 + x (α – 1) O2

O excesso de ar é um fator determinante da eficiência da combustão, pois controla o


volume, temperatura e a entalpia dos produtos da combustão. Um valor ideal para o excesso
de ar é aquele que não é muito alto, pois diminui a temperatura da chama, e nem muito baixo
podendo resultar em combustão incompleta e na formação de CO, fuligem e fumaça. O
excesso de ar utilizado no MCI foi de 40%.
Os resultados obtidos foram obtidos a partir dos experimentos realizados por GOVONI,
2011. O qual utilizou o software GASEQ, versão 0.54 para a análise da composição química
dos gases de exaustão. Os resultados podem ser observados na tabela a seguir:

Tabela 7 – Composição dos gases de exaustão, após a queima em MCI


Composição dos gases em base seca
Temperatura Gás Natural Biogás
nk CO2 nk NO nk CO2 nk NO
1073 0,895 1,85E-03 1 1,29E-03
1173 0,895 4,40E-03 1 3,06E-03
1273 0,895 9,11E-03 1 6,34E-03
1373 0,895 17,0E-03 1 11,8E-03

Segundo as reações estequiométricas da combustão do gás natural e do biogás, têm-


se as seguintes emissões demonstradas:

45
Figura 16 – Variação da emissão de CO2 em função da temperatura de chama para motor
de combustão interna.

Observa-se que as emissões de CO2 não sofrem alterações com o incremento da temperatura,
e que o gás natural leva uma leve vantagem sobre o biogás.

Figura 17 – Variação da emissão de NOx em função da temperatura de chama para motor


de combustão interna.

Neste caso, ambos combustíveis passam a liberar mais NOx com o aumento da
temperatura, sendo que o gás natural é mais poluidor que o biogás.

46
Figura 18 – Variação do MP em função da temperatura de chama para motor de
combustão interna.

Comparando-se as emissões de material particulado, percebe-se que o gás natural


apresenta certa vantagem sobre o biogás. Isso ocorre devido a uma concentração maior de
CO2 na composição química do biogás.
O enxofre não foi considerado pois de acordo com Nogueira & Lora 2003, o conteúdo
de enxofre na biomassa é sempre muito baixo, o que torna a porcentagem de SO2
praticamente desprezível.
Os resultados obtidos de eficiência ecológica são apresentados a seguir:

Tabela 8 – Valores dos parâmetros associados a eficiência ecológica.


Parâmetros calculados
Temperatura πP (kg CO2e/MJ) ε (%)
de chama
Gás natural Biogás Gás natural Biogás
1073 0,07 0,25 0,9 0,68
1173 0,08 0,26 0,89 0,67
1273 0,09 0,29 0,88 0,65
1373 0,11 0,33 0,86 0,63

47
Figura 19 – Eficiência ecológica em função da temperatura de chama para motor de
combustão interna.

48
CAPITULO 10 – Conclusões
Conforme foi visto, fica evidente a importância de fontes alternativas de geração de
energia, seja por necessidades econômicas, ou para evitar que crises externas afetem o
fornecimento elétrico ao país. Também questões ecológicas devem ser consideradas, de modo
a reduzir impactos ambientais.
Para melhorar a qualidade de vida de populações mais afastadas de centros urbanos,
pequenas comunidas rurais localizadas em regiões desprovidas de eletrificação (sem redes
elétricas), pode-se recorrer ao uso de biogás em motor de combustão interna para o próprio
fornecimento elétrico.
O biogás é um gás composto principalmente de CH4 o qual quando liberado na
atmosfera chega a ser 21 mais poluente que o CO2, produto da combustão do biogás (e de
outros combustíveis). O biogás é resultante da fermentação anaeróbica (ausência de ar) de
dejetos de animais, resíduos vegetais e lixo orgânico industrial, portanto, além de se tratar de
uma forma economicamente atrativa de geração de energia ele ainda pode ajudar a solucionar
problemas da sociedade moderna.
Foi utilizado o motor-gerador B4T – 5000 o qual é capaz de produzir 3,5 kW de energia
3
elétrica consumindo 2 m de biogás por hora. A energia total fornecida pelo combustível é de
13,94 kW, indicando uma eficiência elétrica de 25,1%.
Para aumentar eficiência do sistema, pode-se aplicar a técnica da cogeração e obter
além da energia elétrica, energia térmica em forma de água quente. Para isso foi necessária a
utilização de um trocador de calor com rendimento de 70%, resultando em uma vazão de
0,0018 kg/s de agua a 65 ºC, o que representa um ganho de 2,1%. A eficiência global do
sistema operando sobre a técnica da cogeração indica um valor de 27,2%.
Sobre o ponto de vista econômico, observa-se que para tarifas ou custo marginal de
expanção de eletricidade acima de 0,12 US$/kWh, existe viabilidade do uso de sistemas
compactos de geração de energia utilizando biogás.

49
CAPITULO 11 – Referências bibliográficas

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anaeróbica e aspectos teóricos e práticos, 1982.

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(abril, 2013);

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