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CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
Fortaleza
Dezembro de 2010
ii
Fortaleza
Dezembro de 2010
ASPECTOS FUNDAMENTAlS DA COGERA<;AO A CICLO
COMBINADO GASN APOR
Esta monografia foi julgada adequada para obteny3.o do titulo de Graduado em Engenharia
Eletrica e aprovada em sua forma final pelo programa de Graduay3.o em Engenharia Eletrica
na Universidade Federal do Ceara.
~~~-
. Prof.Alexandre Rocha Filgu~~
/ A J
7O/YYVO
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Prof. Tomaz Nunes Cavalcante Neto, MSc.
iv
A Deus,
Aos meus pais, Paulo e Inúbia.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e pela força que Ele me deu ao longo de toda a minha
trajetória.
Aos professores do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do
Ceará, que transmitiram seus conhecimentos e experiências durante todos esses anos de
graduação e são responsáveis diretos pelo profissional que estou me tornando.
Ao professor José Almeida do Nascimento, pelo tempo dedicado à orientação deste
trabalho e pelas palavras de incentivo.
Aos meus amigos e colegas de graduação cujos nomes não citarei por risco de cometer
algum esquecimento imperdoável. É nos momentos difíceis que descobrimos quem está
realmente disposto a nos ajudar. Juntos, fomos mais fortes.
Aos amigos que fiz durante meu estágio na França, pelo material fornecido e a
disponibilidade para contribuir, mesmo de longe.
A toda minha família, meus amigos e à minha namorada pelo suporte, a ajuda, as
palavras de apoio, o incentivo, as broncas, a compreensão nos momentos de ausência e a
paciência nas horas de mau humor.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho,
meus sinceros agradecimentos.
vii
RESUMO
Este trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre a cogeração de energia elétrica a ciclo
combinado. Para a sua compreensão é feita uma análise dos princípios básicos de
funcionamento, bem como configurações de montagem e classificação da turbina a gás e da
turbina a vapor. São expostos também seus principais componentes e descrição de suas
funções e características. Sobre a geração a ciclo combinado, além da mesma análise de
princípios básicos e sistemas auxiliares, são mostrados cálculos de rendimento e eficiência de
cada ciclo, para diferentes esquemas de montagem. São passadas ainda as informações
iniciais que devem ser levadas em consideração no levantamento de custos de instalação de
uma central deste tipo. Ao final, é feita uma exposição das características de projeto do
modelo K26 de central a ciclo combinado, fabricado e montado pela fabricante ALSTOM.
termelétrica, K26.
viii
ABSTRACT
Mota Filho, P.E.D. e “Studies of cogeneration with gaz/steam combined cycle.”, Universidade
Federal do Ceará – UFC, 2010, 66p.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 - Dados característicos dos equipamentos a gás da usina termelétrica. .................. 40
Tabela 4.2 - Valores de saída da central. .................................................................................. 47
Tabela 4.3 - Valores de pressão e temperatura para os níveis do ciclo a vapor (KA26). ........ 47
Tabela 4.4 – Características do Gerador. .................................................................................. 49
xii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. vi
RESUMO ................................................................................................................................. vii
ABSTRACT ............................................................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... ix
LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. xi
SUMÁRIO ................................................................................................................................ xii
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................... 1
1.2 JUSTIFICATIVAS E MOTIVAÇÃO ................................................................................. 1
1.3 OBJETIVOS E METODOLOGIA ...................................................................................... 3
2 TURBINA A GÁS ............................................................................................................. 4
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................... 4
2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................................................. 4
2.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE FUNCIONAMENTO E TIPOS DE CIRCUITO ................. 4
2.5 CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS COMPONENTES DA TURBINA A GÁS .... 6
2.5.1 CÂMARA DE COMBUSTÃO .................................................................................... 7
2.5.2 COMPRESSORES AXIAIS ........................................................................................ 9
2.5.3 TURBINAS AXIAIS .................................................................................................. 11
2.5.4 SISTEMA DE ENTRADA DE AR ............................................................................ 12
2.5.5 SISTEMA DE EXAUSTÃO ...................................................................................... 12
2.6 DESEMPENHO NO PONTO DE PROJETO ................................................................... 13
2.6.1 PARÂMETROS DE DESEMPENHO NO PONTO DE PROJETO DA TURBINA 13
3 TURBINA A VAPOR ...................................................................................................... 15
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................... 15
3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ............................................................................................... 15
3.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE FUNCIONAMENTO ......................................................... 16
3.4 CLASSIFICAÇÃO DAS TURBINAS A VAPOR ........................................................... 18
3.4.1 PRINCIPIO DE AÇÃO E REAÇÃO ......................................................................... 18
3.4.2 - TURBINA DE AÇÃO E TURBINA DE REAÇÃO ................................................ 18
3.4.3 CONFIGURAÇÕES DAS TURBINAS A VAPOR ................................................... 20
3.5 PRINCIPAIS COMPONENTES DA TURBINA A VAPOR ........................................... 21
4 ESTUDO QUALITATIVO E QUANTITATIVO DA GERAÇÃO À CICLO
COMBINADO ......................................................................................................................... 25
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................... 25
4.2 MOTIVAÇÃO E HISTÓRICO ......................................................................................... 25
4.3 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ............................................................................. 26
xiii
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Figura 1.1 - Matriz energética mundial (International Energy Agency - IEA. Key World Energy Statistics, 2009).
[1]
água, as tornam uma opção altamente atrativa para o setor elétrico brasileiro.
É importante ressaltar que, apesar do potencial hidráulico abundante, esses recursos
estão normalmente disponibilizados em áreas distantes dos centros consumidores.
Outro aspecto relevante sobre a geração termelétrica, é o seu menor impacto
ambiental, possibilitado por áreas de ocupação cada vez menores e técnicas avançadas de
recuperação e limpeza dos gases produzidos.
Podemos lembrar ainda que no início da década de 2000 o Brasil se encontrou em uma
situação de déficit energético, largamente mostrada pela mídia e que culminou em apagões e
outros problemas na rede. Essa crise evidenciou a necessidade de se aumentar a capacidade de
geração instalada no país.
Com isso, a implantação de sistemas térmicos está tomando um volume cada vez mais
significativo no Brasil, seguindo o exemplo de países europeus e dos Estados Unidos.
Segundo o sítio eletrônico da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a parcela da
capacidade de geração instalada no Brasil referente a usinas termelétricas (UTE) tem crescido
ininterruptamente desde 2001. O percentual aumentou de 14% (10.481 MW) em dezembro
deste ano para 22,34% (22.999 MW) em dezembro de 2008. Nosso país conta atualmente com
1374 UTEs em operação e mais 43 em construção. [2]
Além da geração através do uso do gás natural, a eletricidade pode ser produzida,
principalmente, pelas usinas de açúcar e álcool, através da biomassa proveniente do bagaço.
Deve-se destacar que a colheita da cana-de-açúcar ocorre no período de menor
disponibilidade de água (secas), quando um melhor aproveitamento do bagaço gerado pela
indústria da cana poderia gerar um excedente de energia elétrica para ser vendido às
concessionárias distribuidoras de energia elétrica, ligando, intimamente, a cogeração à
geração distribuída.
No entanto, a participação da cogeração nos números apresentados ainda é baixa.
Definida como a produção combinada de eletricidade e calor obtida pelo uso seqüencial de
energia a partir de um combustível, a cogeração é largamente utilizada nos processos de
grandes indústrias. O aproveitamento seqüencial da energia térmica traz basicamente três
grandes benefícios. O primeiro é o aumento do rendimento global energético, contribuindo
para a redução da demanda global de combustível e, conseqüentemente, para a queda no
preço do combustível. O segundo, as emissões de carbono e de outros poluentes atmosféricos
são diminuídas, pois menos combustível é queimado. Por último, os impactos causados ao
meio ambiente devido à liberação de calor por grandes plantas geradoras diminuem muito.
3
Com o intuito de trazer um resumo das informações técnicas básicas sobre sistemas de
cogeração a ciclo combinado, esse trabalho busca fazer uma introdução para uma primeira
análise sobre o assunto. Serão apresentados os principais equipamentos utilizados na
cogeração bem como os ciclos de funcionamento.
Para atingir tal objetivo este trabalho foi dividido em quatro capítulos. O capítulo
introdutório traz uma apresentação das suas motivações e suas pretensões, além da
delimitação do estudo.
Nos capítulos 2 e 3 são mostradas informações sobre princípio de funcionamento e
classificações dos dois principais componentes de uma central a ciclo combinado: a turbina a
gás e a turbina a vapor.
O capítulo 4 aborda as principais características de uma central de geração a ciclo
combinado e dos seus sistemas auxiliares, além de trazer as equações e os parâmetros
utilizados no cálculo de rendimento e eficiência de centrais desse tipo. Por fim, este capítulo
traz como exemplo dados e características do modelo K26 de centrais de ciclo combinado
desenvolvidos pela fabricante ALSTOM POWER.
4
2 TURBINA A GÁS
Neste capítulo faremos um estudo sobre o elemento que participa do início do ciclo de
operação de uma planta a ciclo combinado: a turbina a gás. Após um breve apanhado
histórico, serão apresentadas suas características, seus componentes principais e diferentes
classificações
.
Primeiramente, é importante mostrar que uma turbina a gás pode funcionar em dois
5
A máxima potência útil fornecida pela turbina a gás está limitada pela temperatura com
que o material da turbina, associada às tecnologias de resfriamento, pode suportar e pela vida
útil requerida. Dois fatores que afetam o desempenho das turbinas são a eficiência dos
compressores e a sua temperatura.
Outro fator que pode influenciar seu desempenho é o tipo de câmara de combustão.
Existem câmaras a pressão constante e a volume constante.
Teoricamente, a eficiência termodinâmica do ciclo a volume contante é maior que a
pressão constante, mas as dificuldades mecânicas são muito maiores.
Já no circuito fechado, o processo de funcionamento é o mesmo do ciclo aberto, com a
diferença que o fluido de trabalho permanece dentro do sistema e o combustível é queimado
em um trocador de calor externo.
6
A figura 2.3 traz um exemplo de uma turbina a gás onde são mostrados seus
componentes básicos.
2.5 (c) ainda não é suficiente para manter a combustão. Para uma câmara de combustão típica
produzir o aumento de temperatura desejado, o valor global da razão ar/combustível na
câmara deve ser por volta de 50, o que está bem acima dos limites da chamabilidade da
mistura ar/hidrocarboneto. Idealmente, a razão de equivalência na zona primária de
combustão deve ser por volta de 0,6 a 0,8. Assim, é necessário admitir somente parte do ar na
zona primária de combustão, de maneira que a razão ar/combustível fique próxima do ótimo.
A figura 2.5 (d) mostra um tubo de chama acoplado à placa plana, admitindo ar através de
orifícios com tamanho e número suficientes para atingir a razão ar/combustível necessária.
A maior parte do ar é adicionada na zona da diluição, com o objetivo de abaixar a
temperatura dos gases quentes que vêm da zona primária. Nenhuma combustão é realizada na
zona de diluição.
Em algumas câmaras de combustão, a zona intermediária é incluída entre a zona
primária e a de diluição. A zona intermediária serve para completar a combustão que começa
na zona primária e resfria um pouco os gases quentes, visando permitir que os produtos
dissociados se recombinem e liberem energia.
Palhetas do Estator
Palhetas do Rotor
Da entrada para a saída do compressor, existe uma redução gradual da área anular. Isto
é necessário para manter a velocidade média axial do ar aproximadamente constante na
medida em que a densidade aumenta através do comprimento do compressor.
Alguns projetos de compressores têm dois ou mais compressores ou “carretéis” os
quais são acionados por diferentes turbinas e são, portanto, livres para girar com diferentes
velocidades. O compressor simples consiste em vários estágios, montados sobre um único
eixo, para atingir a razão de pressão e a vazão em massa desejadas.
O compressor de múltiplos eixos consiste de dois ou mais rotores com vários estágios,
cada um acionado por turbinas diferentes, com rotações diferentes, para alcançar altas razões
de pressão e dar grande flexibilidade de operação. Compressores axiais têm a vantagem de
serem capazes de alcançar altas razões de pressão com eficiências relativamente altas, se
comparados com os compressores radiais.
O fluido de trabalho é inicialmente acelerado pelo rotor e, então, desacelerado pelo
estator, onde a energia cinética transferida no rotor é convertida em pressão estática. O
processo é repetido em vários estágios, tantos quantos forem necessários para atingir a razão
de pressão desejada.
O escoamento está sempre sujeito a um gradiente adverso de pressão e, quanto maior
for a razão de pressão, maior será a dificuldade do projeto do compressor. O processo consiste
em uma série de difusões, no rotor e no estator. Embora a velocidade absoluta do fluido seja
aumentada no rotor, a velocidade relativa do fluido no rotor é reduzida. Isto é, existe difusão
no rotor. Limites de difusão devem ser impostos para garantir uma compressão com alta
eficiência. Estes limites de difusão em cada estágio significam que um compressor simples, de
um único estagio, pode produzir somente uma razão de pressão relativamente pequena, e
muito menor do que pode ser usada pela turbina que tem um gradiente de pressão favorável,
palhetas com passagem convergente e escoamento acelerado. Por isso, uma turbina de um
único estágio pode acionar um compressor de vários estágios.
Quando o compressor esta operando numa condição de vazão e rotação muito
diferente daquela de projeto, podemos observar o fenômeno do stall. No caso de um aerofólio
isolado, o stall surge do aumento excessivo do ângulo de incidência. O cuidadoso projeto das
palhetas do compressor é necessário para evitar perdas e minimizar este problema,
especialmente se a razão de pressão for alta.
Quando o compressor está operando a uma rotação mais baixa do que a de projeto, a
densidade do fluido de trabalho nos últimos estágios estará bem diferente do valor de projeto,
resultando em uma velocidade axial incorreta, a qual acarreta stall nas palhetas e o
11
mesma condição de funcionamento que o ponto do projeto do motor, ainda que em uma fase
de projeto mais avançada isto não pode ser verdadeiro.
Um número de parâmetros chave que definem o desempenho de motor total são
utilizados para avaliar a conformidade de um projeto à sua aplicação, ou comparar diversos
projetos possíveis do motor. Estes parâmetros de desempenho do motor são descritos abaixo:
• Potência de saída:
A potência de saída requerida é quase sempre o objetivo fundamental para o projeto do
motor e é função do fluxo de massa através da turbina, da variação de entalpia e da variação
de temperatura entre a entrada e a saída.
• Potência Específica ou Torque.
Esta é a quantidade de potencia ou de torque na saída pela unidade de fluxo mássico
que entra na turbina. Fornece uma boa indicação inicial do peso, da área frontal e do volume
do motor. É particularmente importante maximizar este parâmetro nas aplicações onde o peso
ou o volume do motor são cruciais, ou para os aviões que voam nos números de Mach
elevados onde o arrasto da área frontal da unidade é elevado.
• Consumo específico de combustível (Specific Fuel Consumption - SFC)
É a massa do combustível queimado por unidade de tempo, por unidade de potencia
ou de torque de saída. É importante minimizar SFC para as aplicações onde o peso e/ou o
custo do combustível são significativos. Ao citar valores de SFC é imperativo indicar o valor
calorífico do combustível. É uma função decrescente com relação à potência.
• Eficiência térmica de turbinas de potência
É a potência de saída do motor dividida pela taxa de entrada de energia (combustível),
expressa geralmente como uma porcentagem. É eficazmente a recíproca do SFC, mas é
independente do valor calorífico do combustível. Para aplicações de ciclo combinado os
termos eficiência térmica bruta e líquida da rede são usados. A eficiência térmica bruta não
deduz a potência exigida para conduzir os auxiliares da planta a vapor, ao contrario dos
valores líquido.
15
3 TURBINA A VAPOR
Figura 3.1 - Aeolipyle, máquina a vapor rudimentar proposta por Hero em 150 a.C.
Desde Hero, quase dois mil anos transcorreram antes que qualquer idéia fosse dada
para utilização real do vapor para produzir energia ou trabalho mecânico. Na década de 1780,
16
foi construída a primeira máquina a vapor que teve aplicações práticas e que se tornou um dos
impulsos da Revolução Industrial que aconteceria no século seguinte.
O aparecimento da primeira turbina a vapor é associado, em primeiro lugar, aos
engenheiros Carl Gustaf de Laval (1845 - 1913), da Suécia, e Charles Parsons (1854 - 1931),
da Grã-Bretanha.
Desde o início da utilização de turbinas a vapor para a geração de energia elétrica, elas
aumentaram significativamente suas capacidades e eficiências e tornaram-se mais complexas
e sofisticadas.
Nos últimos 85 anos, desenvolvimentos técnicos contínuos de turbinas a vapor fizeram
deste acionado primário o principal equipamento em centrais de geração elétrica. Para
aumentar a eficiência térmica, foi introduzido, em 1930, o conceito de reaquecimento do
vapor na fase de expansão, e tornou-se comum a sua aplicação em meados do século XX.
A necessidade de economia de escala e o aumento na eficiência térmica levou os
projetistas a aumentar a temperatura e a pressão de operação, além do aumento da potência.
Atualmente, a capacidade unitária média instalada é de 600 MW, enquanto que na época de
1920 estas potências não alcançavam 30 MW. Também houve um incremento significante na
pressão e na temperatura do vapor. Estas passaram de no máximo 1,4 MPa e 290 oC em 1920,
para cerca de 16 MPa e 540 oC.
Figura 3.2 - Foto de uma Turbina a Vapor utilizada em uma central térmica (ALSTOM).
No entanto, se a saída de vapor puder mover-se, a força de reação que atua sobre ela,
fará com que se desloque, em direção oposta do jato de vapor. Este é o princípio da reação.
Em ambos os casos a energia do vapor foi transformada em energia cinética e esta
energia cinética foi, então, convertida em trabalho. Newton, no século XVII, estabeleceu as
leis que explicam exatamente os dois princípios apresentados acima.
câmara, através de um eixo oco, teremos construído uma turbina de reação elementar. A
construção de uma turbina de reação como descrita acima, apresenta dificuldades de ordem
prática, pois a condução do vapor através do eixo de rotação não caracteriza uma solução
simples e isso impede a construção de turbinas de reação pura.
Embora turbinas apresentadas no parágrafo anterior ilustrem os princípios básicos
envolvidos, algumas modificações são necessárias para convertê-las em unidades práticas. Em
turbinas de ação reais teremos normalmente não apenas uma, mas várias câmaras de expansão
em paralelo, constituindo um arco ou um anel. Os anéis de câmaras de expansão são também
conhecidos como rodas de palhetas fixas. Eles direcionam o jato de vapor na direção de uma
roda de palhetas móveis, conforme ilustra a Figura 3.5.
Em turbinas de ação, toda a conversão de energia do vapor (entalpia) em energia
cinética ocorrerá nos expansores. Conseqüentemente, no arco ou no anel de expansores
haverá uma queda na pressão e temperatura do vapor e um aumento da sua velocidade.
Apesar da existência de dois eixos e dois geradores diferentes, a turbina constitui ainda um
conjunto único com vários estágios, sendo submetida à ação de um conjunto, também único,
de sistemas de controle. Esta configuração traz a vantagem de ter maior capacidade de
geração e permitir o aumento da eficiência. No entanto sua construção envolve custos mais
elevados.
• Válvula de bypass
A partir dos anos 1990, a instalação de centrais de grande porte que utilizam o gás
natural como combustível foi feita de maneira extensiva.
Em termos mais técnicos, um ciclo simples com turbina a gás (Ciclo de Brayton)
associado a um ciclo simples com turbina a vapor (Ciclo de Rankine) compõem a geração
a ciclo combinado. [9]
para o gerador. A cascata energética é feita utilizando a energia térmica dos gases de exaustão
da turbina a gás para aquecer a água de uma caldeira de recuperação (CR). O vapor gerado na
caldeira aciona a turbina a vapor que, por sua vez, transmite energia mecânica para um
gerador (que pode, como veremos a seguir, ser o mesmo que está acoplado à turbina a gás). O
vapor é então condensado e reenviado para a caldeira. Esse processo está ilustrado na Figura
4.1.
Figura 4.2 - Vista superior de uma central a ciclo combinado mono-eixo (ALSTOM).
Com relação à disposição das turbinas, existem três tipos centrais de ciclos combinados
para a geração de eletricidade. Estes são:
• Central de Ciclo Combinado em Série;
• Central de Ciclo Combinado em Paralelo;
28
(a)
(b)
(c)
Figura 4.3 - Tipos de centrais termelétricas de ciclo combinado gás – vapor:
a) série; b) paralelo; c) série-paralelo. [11]
Uma central de ciclo combinado em série é a que liga um ciclo Brayton com uma
turbina a gás e um ciclo a vapor através de uma caldeira de recuperação. Neste caso, os gases
de uma exaustão da turbina a gás (TG) são utilizados para a geração de vapor em dois níveis
de pressão. Uma característica particular desta configuração é que a vazão volumétrica de
vapor nos últimos estágios da turbina a vapor (TV) pode ser ate 70% maior em relação ao
estágio de alta pressão. Isto tanto pelo fornecimento de vapor a uma pressão intermediária,
29
Outra classificação das centrais termelétricas (ou blocos geradores) de ciclo combinado a
gás e vapor, na sua forma mais geral, é feita segundo o acoplamento das máquinas. Segundo
este princípio elas são:
• De múltiplos eixos ou multi-eixo (multi-shaft): As turbinas se encontram em eixos
diferentes, acopladas a geradores elétricos distintos. Tem como maior vantagem a
facilidade de operação oferecida durante o período de construção da central, uma vez que
permite a geração de eletricidade na instalação da TG enquanto se realiza a instalação da
TV e da CR. Nesses casos, para a operação da turbina a gás em ciclo simples, é
necessário o dispositivo de bypass dos gases de exaustão. Este dispositivo oferece
vantagens adicionais como, por exemplo, o aquecimento mais controlado da caldeira
durante a partida e a geração mais eficiente de vapor.
Sendo:
T1m = Temperatura média de fornecimento de calor ao ciclo;
T2m = Temperatura média de rejeição de calor do ciclo.
Onde a temperatura média Tm calcula-se como:
(4.2)
Sendo:
Q = O calor fornecido ao ciclo (para T1m) ou rejeitado do ciclo (para T2m);
∆s = A diferença de entropia durante o processo de fornecimento de calor ao ciclo (para T1m)
ou durante o processo de rejeição do ciclo (para T2m).
A eficiência térmica de centrais termelétricas a vapor com parâmetros supercríticos,
reaquecimento intermediário e com um desenvolvido sistema de regeneração pode atingir até
45% no melhor dos casos. Este valor é maior do que a eficiência de uma central termelétrica
32
com ciclo a gás simples; que tem uma eficiência térmica máxima entre 36% e 39%.
Além da turbina a gás e da turbina a vapor, uma central de geração a ciclo combinado
conta com uma série de sistemas que são responsáveis pelas diversas etapas no processo de
geração de energia. Entre os principais sistemas auxiliares, podemos citar:
• Gerador
É onde ocorre a transformação da energia mecânica em energia elétrica. Dependendo da
configuração da planta (single-shaft ou multi-shaft) podemos encontrar um gerador acoplado
às duas turbinas simultaneamente ou um gerador para cada turbina.
O sistema de resfriamento dos geradores varia com a potência nominal do equipamento.
Em centrais de maior escala os geradores resfriados a hidrogênio são os mais comuns, mas
podemos ainda encontrar gerador com resfriamento a ar ou água.
• Controle de Emissões
Tem a função de reduzir a emissão de substâncias nocivas ao ambiente. Consiste
34
normalmente de duas etapas. Primeiro, é pulverizada uma mistura de amônia e água nos gases
que saem da turbina a gás. A nova mistura passa, então, por um reator catalítico, onde óxidos
de nitrogênio em nitrogênio e água.
• Transformadores
Uma vez gerada, a energia elétrica que sai dos geradores passa por um conjunto de
transformadores para se adequar aos valores de tensão da rede, para que possa então ser
inserida. Uma parte desta energia é ainda para transformadores abaixadores e servira para
alimentar todos os sistemas da central.
(4.3)
Sendo:
(4.4)
Onde:
QF = Fluxo de energia fornecida à central com o combustível, MW;
mC = vazão mássica de combustível, kg/s;
PCI = Poder Calorífico Inferior do combustível, MJ/kg;
W = Potencia gerada pelos ciclos superior (CS) e inferior (CI), respectivamente, MW.
A eficiência térmica do ciclo superior será:
(4.5)
(4.7)
Ou
(4.8)
(4.9)
Ou
(4.10)
Sendo:
(4.11)
Ou seja ξperdas é a relação entre a energia perdida na conexão dos ciclos e a energia
total que é fornecida à central com o combustível.
As centrais em paralelo estão compostas por dois subsistemas que operam em ciclos
bem definidos, tal como se apresentam na figura 4.11.
O calor de escape do ciclo 1 pode ser o calor rejeitado à atmosfera com os gases de
exaustão da TG, enquanto que o do ciclo 2 é o calor rejeitado no condensador da instalação da
TV.
(4.12)
Sendo:
W = Potencia gerada pelos ciclos 1 e 2, MW.
Sendo que:
(4.13)
(4.15)
Substituindo as equações 4.13, 4.14 e 4.15 na equação 4.12, então, a eficiência térmica
da central de ciclo combinado em paralelo pode ser calculada como:
(4.16)
(4.17)
Ou
(4.18)
Sendo que:
(4.19)
38
E (4.20)
representam a relação entre o calor fornecido aos ciclos 1 e 2 com relação ao calor total
fornecido à central.
Assumindo que η1 > η2, percebe-se que o valor de eficiência de uma central deste tipo
se encontra entre os valores de eficiência dos ciclos η1 e η2, separadamente. Por esse motivo,
numa aplicação de repotenciação, o subsistema adicionado devera ter uma eficiência
consideravelmente maior que o subsistema existente para atingir um ganho razoável de
eficiência na central em conjunto.
Nesse caso, por exemplo, a central pode ter uma instalação de TG no ciclo superior
combinada com uma instalação de TV no ciclo inferior, com queima suplementar de
combustível na CR, sendo que esse equipamento segue o esquema tradicional da queima
suplementar de gás natural.
A eficiência térmica da central de ciclo combinado em série paralelo é dada por:
39
(4.21)
Sendo:
(4.22)
(4.23)
(4.24)
(4.26)
Para se fazer uma análise energética e exergética de uma planta devem ser realizados
balanços de massa, energia e exergia, e definidas as eficiências pela primeira e segunda lei da
termodinâmica, bem como as irreversibilidades, considerando um volume de controle para de
cada um dos equipamentos que a compõem. [13] De uma forma geral, para processos em
regime permanente e desconsiderando as variações de energia cinética e potencial, temos as
seguintes equações de balanço de massa, energia e exergia.
(4.27)
(4.28)
(4.29)
42
Onde:
onde:
h - Entalpia específica do vapor (kJ/kg);
s - Entropia específica do vapor (kJ/kg K);
ho - Entalpia da água para o estado de referência (104,86 kJ/kg);
so - Entropia da água para o estado de referência (0,367 kJ/kg K).
(4.32)
43
(4.33)
Onde:
∆hiso - Diferença entre as entalpias de entrada e saída do equipamento, para processo
isoentrópico (kJ/kg);
∆hreal - Diferença real entre as entalpias de entrada e saída do equipamento (kJ/kg);
(4.34)
(4.35)
sendo:
exf - Exergia física do gás natural (tomado como gás ideal);
exq - Exergia quimica do gás natural;
Xi - Fração molar de cada componente do combustível;
Figura 4.14 - Variação do rendimento e da potência total produzida em função da temperatura ambiente.
45
Figura 4.15 - Variação da potência da turbina a gás e da temperatura de saída em função da pressão de saída na
turbina a gás.
Figura 4.18 - Variação da potência da turbina a vapor e da eficiência da caldeira em função da pressão de alta na
turbina a vapor.
Verifica-se assim que os parâmetros não construtivos que mais afetam a produção de
potência do ciclo combinado são a temperatura ambiente e a perda de carga dos gases na
caldeira de recuperação. No que diz respeito às características construtivas o principal
parâmetro que influencia a potência é o pinch point.
47
A KA26 é uma planta compacta e de rápida montagem. Seu arranjo mono-eixo permite
um acesso fácil aos seus componentes para manutenção, com áreas de manobra espaçosas. A
tabela 4.1 traz um resumo das suas características de potência (ponto de projeto).
KA26
Potência de saída 378 MW
Eficiência 57%
Relação de energia (Heat Rate) 5985 Btu/kWh
Emissões de NOx < 25 vppm
Considerações:
• Tamb = 15°C; Combustível: Metano.
Tabela 4.3 - Valores de pressão e temperatura para os níveis do ciclo a vapor (KA26).
Pressão Temperatura
Vapor Vivo: 110 bar 565°C
Vapor reaquecido: 24 bar 565°C
Vapor reaquecido: 2.5 bar Saturação
48
Na busca por flexibilidade na sua utilização, a turbina GT26 também foi projetada
para permitir grandes variações de carga, sem aumento das emissões de NOx. Para tal, a
temperatura de combustão é mantida constante para valore de carga que vão de 30% a 100%,
sendo esta a sua maior vantagem. Além disso, a temperatura dos gases de exaustão é mantida
alta para atingir melhores valores de eficiência do ciclo combinado.
Sua estrutura básica é formada de uma única peça, soldada, permite uma acentuada
diminuição da necessidade de manutenção.
A GT26 possui também uma alta flexibilidade de combustível, podendo ser acionado
por gás natural (em diferentes composições) ou óleo diesel número 2.
Apesar da capacidade de operação em baixa carga busque evitar a inicialização
constante do sistema (conseqüentemente, da turbina), a GT26 é capaz de realizar ‘star-up”
com grande agilidade. Existem, inclusive, centrais que operam em regime de reinicializarão
diária, em função das características da carga.
Esse tipo de turbina pode chegar a fornecer uma potência de 288,3 MW, com 38.3 %
de eficiência.
4.8.3 GERADOR
A central utiliza o gerador 50WT21 H-120 projetado pela própria ALSTOM, com alta
confiabilidade, e desenho robusto de rotor.
Este modelo tem excitação estática, resfriamento indireto à hidrogênio do rotor e
estator, com alta eficiência em carga total e carga leve.
5 CONCLUSÃO
A análise dos equipamentos e dos ciclos térmicos nos mostra que o uso da cogeração
em usinas de ciclo combinado pode trazer benefícios ao processo produtivo comercial e
industrial através de um maior aproveitamento dos combustíveis na geração de energia
elétrica. Este maior aproveitamento nos combustíveis proporciona uma alta viabilidade
econômica nos empreendimentos deste tipo.
Além disso, a disponibilidade de insumos (gás natural, diesel, biomassa) no Brasil
deixa claro que esta alternativa não deve ser desprezada pelos órgãos responsáveis no
governo, como a ANEEL, tendo em vista os desafios que o país enfrentará nos próximos anos
no setor energético.
Além da geração em larga escala, sistemas de cogeração a ciclo combinado devem
também ser estudados para utilização industrial em virtude da sua natureza compacta e
flexibilidade de funcionamento. Com isso, empresas que realizarem este tipo de investimento
se beneficiarão das vantagens da geração própria, podendo até vender o excedente produzido
para as concessionárias locais.
A análise técnica dos do efeito de parâmetros construtivos e não construtivos mostrou
ainda a influência acentuada da temperatura ambiente, da perda de carga na CR e do Pitch
Point. Dessa maneira conclui-se que melhorias no rendimento de sistemas a ciclo combinado
estão intimamente ligadas à resistência dos materiais, localização da central e sistemas de
resfriamento e isolação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[7] Gomes, L. V., Modelagem matemática de centrais térmicas em ciclo combinado para
aplicação no estudo de estabilidade eletromecânica de sistemas elétricos de potência. Itajubá,
Abril de 2003. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Itajubá.
[10] Borelli, S. J. S., Método para a análise da composição dos custos da eletricidade gerada
por usinas termelétricas em ciclo combinado a gás natural. São Paulo, 2005. Dissertação de
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[13] Kotas, T.J., , The Exergy Method of Thermal Plant Analysis, Ed. Krieger Publishing
Co., Florida, 1995.
[14] Branco F., Agudo R., Mashiba M., Tavares A. , Ramos R., Análise termodinâmica,
termoeconômica e econômica de uma usina termelétrica a gás natural operando em ciclo
combinado UNESP, Departamento de Engenharia Mecânica.
[15] Atlas de energia elétrica do Brasil / Agência Nacional de Energia Elétrica. 3a. ed. –
Brasília : Aneel, 2008.
ANEXOS