Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GRANDE DO SUL
Ijuí- RS
2020
ERICSON DIEGO DOS SANTOS TRINDADE
Ijuí- RS
2020
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, Adriana e Dilmar Trindade que não mediram esforços para
que eu pudesse realizar meus objetivos, que sempre me apoiaram e me incentivaram ao
máximo, pela compreensão e ajuda durante esse período.
Agradecimento em especial ao meu professor orientador Me. Eliseu Kotlinski por todo
o empenho e auxílio prestado ao longo da elaboração deste trabalho, onde a sua contribuição e
conhecimento compartilhado foi de fundamental importância para o desenvolvimento e
organização do trabalho.
Por fim, gostaria de agradecer também a todos os meus colegas do curso e amigos, que
de alguma forma contribuíram para a minha formação durante todo o período de graduação.
“ Nenhum obstáculo será grande se a sua vontade de
vencer for maior. ”
Autor desconhecido
José de Alencar
RESUMO
TRINDADE, Ericson Diego dos Santos. Estudo das Células a Combustível tipo Membrana
de Troca de Prótons (PEMFC), modelagem e simulação computacional. 2020. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul- UNIJUÍ, Ijuí, 2020.
TRINDADE, Ericson Diego dos Santos. Estudo das Células a Combustível tipo Membrana
de Troca de Prótons (PEMFC), modelagem e simulação computacional. 2020. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul- UNIJUÍ, Ijuí, 2020.
Currently, the electric power generation model based on fossil fuels has been generating
a lot of discussion in the world due to the various impacts caused to the environment. Therefore,
the use of renewable energy sources is increasingly gaining space in the global energy matrix.
One of these new technologies are fuel cells that are devices that convert chemical energy
directly into electrical energy, through electrochemical reactions involving hydrogen and
oxygen gases, without combustion. Thus, fuel cells can be a great alternative to fossil fuels.
And because of this, the accomplishment of this work has as objective to make a study on the
fuel cells, bringing the main concepts, main existing types, besides doing a more in-depth
analysis on the fuel cells of the PEMFC type, performing the mathematical modeling and
simulations at MATLAB / Simulink, seeking to demonstrate its potential application in the
electric energy sector, more specifically, in the distributed generation modality for serving
residential consumers.
Tabela 3- Máxima Tensão e eficiência para células a combustível para diferentes temperaturas
.................................................................................................................................................. 43
GD Geração Distribuída
trocadora de prótons
1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 13
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................................... 13
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 15
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 15
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 15
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................. 16
1.4 METODOLOGIA ..................................................................................................... 17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 18
2.1 INTRODUÇÃO AS CÉLULAS A COMBUSTÍVEL ................................................ 18
2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO...................................................................... 19
2.3 TIPOS DE CÉLULAS A COMBUSTÍVEL .............................................................. 21
2.4 PRINCIPAIS APLICAÇÕES ................................................................................... 24
2.5 CÉLULA A COMBUSTÍVEL DE MEMBRANA DE TROCA DE PRÓTONS
(PEMFC) ............................................................................................................................ 25
2.5.1 Características Operacionais de uma PEMFC ...................................... 26
2.5.2 Estrutura de uma PEMFC ........................................................................ 26
2.5.2.1 Membrana Polimérica e Eletrodos.............................................................. 27
2.5.2.2 Placas Bipolares ............................................................................................ 27
2.5.2.3 Canal difusor de gás ..................................................................................... 28
2.5.2.4 Células de Refrigeração ............................................................................... 28
2.5.3 Interligação de Células em série ............................................................ 28
2.5.4 Gerenciamento de água .......................................................................... 29
3. MODELAGEM MATEMÁTICA DAS CÉLULAS PEMFC.................. 31
3.1 DESEMPENHO IDEAL ........................................................................................... 31
3.2 PERDAS EM UMA CÉLULA A COMBUSTÍVEL .................................................. 34
3.2.1 Perdas por Ativação ................................................................................ 35
3.2.2 Perdas Ôhmicas ....................................................................................... 36
3.2.3 Perdas por Concentração ....................................................................... 37
3.3 CURVA DE POLARIZAÇÃO E TENSÃO REAL DE SAÍDA ............................. 38
3.4 DINÂMICA DAS CÉLULAS A COMBUSTÍVEL ................................................ 40
3.5 EFICIÊNCIA TEÓRICA .................................................................................... 42
3.6 CONSUMO DOS REAGENTES E PRODUTOS .............................................. 44
3.6.1 Consumo de Hidrogênio ............................................................................ 44
3.6.2 Consumo de Oxigênio e Ar ........................................................................ 45
3.6.3 Produção de Água ...................................................................................... 45
3.6.4 Produção de Calor ...................................................................................... 46
4. SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL ................................................... 47
4.1 CONSIDERAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DO MODELO ................. 47
4.2 SOFTWARE MATLAB/SIMULINK ......................................................................... 47
4.3 IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO ......................................................................... 48
4.4 VALIDAÇÃO DO MODELO DESENVOLVIDO ..................................................... 53
4.5 SIMULAÇÕES REALIZADAS ................................................................................ 55
4.5.1 Influência da Temperatura de operação ................................................ 56
4.5.2 Influência da pressão do Hidrogênio (PH2) ........................................... 58
4.5.3 Influência da pressão do Oxigênio (PO2) .............................................. 60
4.5.4 Influência do coeficiente de transferência de carga (α) ....................... 61
4.5.5 Influência da densidade de corrente de troca (Io) ................................ 63
4.5.6 Influência da resistência interna ............................................................ 65
4.5.7 Influência da corrente limite (ILIM) ......................................................... 66
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 68
5.1 CONCLUSÕES ................................................................................................ 68
5.2 SUJESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................ 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 70
ANEXOS .............................................................................................. 73
13
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Tendo em vista que o atual modelo de geração de energia elétrica a base de combustíveis
fosseis, principalmente o petróleo, vem gerando bastante discussão no mundo, devido aos
grandes índices de poluição, dos impactos causados no meio ambiente, além da diminuição das
reservas desses recursos, é necessário pensar em novas fontes de geração de energia que sejam
provenientes de recursos renováveis e também que sejam eficientes. Por isso, a utilização de
fontes de energia renováveis, como a energia eólica e a energia solar estão cada vez mais
ganhando espaço na matriz energética mundial. Mas além dessas mais conhecidas, existe uma
outra fonte de energia limpa, com alta eficiência que deve ganhar espaço nos próximos anos,
que é a tecnologia das Células a Combustível.
Nesse contexto, Campos (2009) argumenta que, as células a combustível surgem como
uma excelente alternativa aos combustíveis fósseis, sendo suficientemente versáteis para serem
aplicadas tanto em centrais de geração de energia elétrica como em veículos, chegando até a
14
Devido a isso, essa forma de geração de energia merece maior atenção, onde é preciso
realizar mais pesquisas nessa área, estudar mais afundo sobre os tipos e as aplicações de células
a combustível, buscando alternativas para reduzir seu custo, pois é de grande importância para
se analisar o seu potencial e para a utilização na matriz energética mundial em um futuro
próximo. De acordo com Costa, 2005, para que isso possa ser feito de maneira eficiente, é
necessário o desenvolvimento de modelos computacionais que simulem, com a maior
fidelidade possível, o complexo comportamento das células combustíveis somente através da
definição de suas características, eliminando assim a necessidade da montagem de um número
excessivo de protótipos durante seu desenvolvimento.
Porém, apenas encontrar novas tecnologias para a geração de energia não é suficiente,
é preciso também encontrar novas maneiras para se utilizar essas novas fontes, a fim de
melhorar a qualidade da energia.
Essa nova tendência de geração de energia abre espaço para a utilização de fontes
provenientes de recursos renováveis na matriz energética, como a energia solar fotovoltaica e a
eólica, sendo as principais utilizadas atualmente e quem sabe para os próximos anos, as células
a combustível.
1.2 OBJETIVOS
A realização desse trabalho tem como objetivo geral o estudo sobre a modelagem
matemática de células a combustível, buscando realizar a sua implementação em softwares
computacionais, fazendo simulações destes dispositivos, mais especificamente de uma célula
do tipo Membrana de Troca de Prótons (PEMFC), visando a sua aplicação para a utilização
como geração distribuída.
• Demonstrar através dos conceitos trazidos, sua potencial aplicação no setor de energia
elétrica, mais especificamente, na modalidade de geração descentralizada ou distribuída
para o atendimento a consumidores residenciais.
• Desenvolver e validar o modelo computacional, de modo que possa representar sistemas
de geração de energia elétrica através de células a combustível.
1.4 METODOLOGIA
Logo depois será feito um estudo sobre a modelagem matemática das células a
combustível do tipo PEMFC, trazendo as principais equações que descrevem o comportamento
desse tipo de células, e após será desenvolvido um modelo com base nas equações apresentadas,
onde para a realização das simulações computacional será utilizado o software
MATLAB/Simulink.
Por fim, será feita a análise através de gráficos dos resultados obtidos na simulação
utilizando o modelo desenvolvido, onde através dessas análises será feito as considerações
finais sobre o trabalho desenvolvido.
18
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo faz-se uma revisão da literatura existente sobre as células a combustível,
onde será descrito os principais conceitos, seu princípio de funcionamento, os principais tipos
existentes, algumas aplicações, suas vantagens e desvantagens, entre outros conceitos.
A primeira demonstração de uma célula a combustível foi feita pelo cientista britânico
William R. Grove em 1839 (LOPES, 2013), onde a partir de um experimento simples, ele
descobriu que a eletrólise da água em ácido sulfúrico diluído era reversível. Para tal
experimento, utilizou dois eletrodos de platina parcialmente mergulhados numa solução aquosa
ácida, separando estes eletrodos em dois reservatórios com hidrogênio e oxigênio. Assim,
através desse experimento, ele verificou que o sistema fazia fluir uma pequena corrente para
uma carga externa (CAIXETA, 2010).
As Células a Combustível são definidas como sendo dispositivos eletroquímicos que
produzem energia elétrica através de reações químicas, utilizando um combustível, geralmente
empregado o hidrogênio ou um gás rico em hidrogênio, sem que haja combustão.
A utilização de hidrogênio em uma célula a combustível, quando combinado com
oxigênio, resulta apenas na liberação de energia elétrica, de calor e de água, assim, não existindo
quase nenhuma emissão de gases poluentes. Além disso, ele também apresenta uma alta
eficiência em relação aos outros combustíveis existentes, o que o torna o principal combustível
utilizado nas células a combustível.
As principais vantagens da utilização de Células a Combustível para geração de energia
elétrica estão na sua alta eficiência na conversão de energia, alta confiabilidade e qualidade de
energia, flexibilidade quanto ao combustível, pouca manutenção, ausência de ruídos na
operação, baixa emissão de poluentes, grande flexibilidade em relação a aplicações (DOS REIS,
2011). Devido a essas vantagens, de acordo com Nascimento (2017), as Células a Combustível
possuem potencial para competir com os meios convencionais de geração de energia, já que
não apresentam limitações geográficas, podendo ser instaladas em qualquer local do sistema de
distribuição.
Porém, apresentam algumas desvantagens, sendo as principais: o custo do investimento
para instalação dessa tecnologia ainda é muito elevado; sensibilidade a contaminação;
necessidade da utilização de metais nobres, como a platina; a produção do hidrogênio ainda é
muito dependente dos combustíveis fósseis.
19
Uma célula a combustível é constituída por dois eletrodos, o ânodo (polo negativo),
onde ocorre a oxidação do hidrogênio, e o cátodo (polo positivo), onde ocorre a redução do
oxigênio, que são separados por um eletrólito, que é um composto material que permite o fluxo
dos íons entre os eletrodos, mas por sua vez impede a passagem de elétrons, os quais são
obrigados a percorrer por um circuito elétrico externo, produzindo assim uma corrente elétrica
(DOS REIS, 2011). Outro componente importante em uma célula a combustível é o catalisador,
o qual tem a função de acelerar as reações. A figura 1 mostra o esquema básico de uma célula
a combustível.
H2 → 2H + + 2e− (1)
Continuando o processo, os elétrons são conduzidos até o cátodo pelo circuito elétrico
externo, e o íons H + através do eletrólito. Então, no lado do cátodo é fornecido um gás rico em
oxigênio, onde ele reage com os elétrons e os íons H + vindos do ânodo, assim formando água
e gerando calor. A equação a seguir descreve esse processo:
Por fim, a reação total que descreve o funcionamento de uma célula a combustível,
considerando as semi-reações (1) e (2) é dada pela seguinte equação (CAIXETA, 2010):
Temperatura de Combustível e
Tipo de Célula Íon Tipo do Eletrólito
operação (°C) Oxidante
KOH ou solução de
Alcalina (AFC) OH⁺ ≈ 60 -120 H₂, O₂
sódio
Ácido Fosfórico
H⁺ Ácido Fosfórico ≈ 160 - 220 H₂ puro
(PAFC)
Carbonatos
Lítio ou carbonato H₂, CO, CH₄ e outros
Fundidos CO₃⁻² ≈ 600 - 800
de potássio hidrocarbonetos
(MCFC)
Membrana de
Polímero Sólido
Troca de prótons H⁺ ≈ 80 H₂
(Nafion®)
(PEMFC)
Óxido Sólido
O⁻² Zircônia (ZRO₂) ≈ 800 - 1000 H₂, CO
(SOFC)
Metanol direto
H⁺ Polímero Sólido ≈ 80 Metanol
(DMFC)
As células alcalinas - AFC (do inglês Alkaline Fuel Cell), utilizam como eletrólito um
material alcalino, usualmente empregado uma solução de hidróxido de potássio (KOH) ou
também hidróxido de sódio. Trabalham com baixas temperaturas, em torno de 60ºC a 120ºC.
Para Dos Reis (2011), as AFCs possuem algumas aplicações remotas estratégicas, como em
missões espaciais, submarinas e militares. O grande problema das AFCs é devido ao fato da
contaminação do seu eletrólito com CO₂, assim formando carbonato.
As células de Ácido Fosfórico- PAFC (do inglês Phosphoric Acid Fuel Cell), utilizam
como eletrólito ácido fosfórico puro. Operam com temperaturas entre 160ºC e 220ºC. Sua
principal aplicação é para geração em unidades estacionárias com potência de 50KW a 1MW,
usados em instalações nas dependências dos consumidores. As PAFC segundo FRANCHI
(2009), foram as primeiras a ser produzidas comercialmente e apresentam uma ampla aplicação
a nível mundial, sendo essa tecnologia a mais avançada comercialmente.
23
Nas células de Carbonatos Fundidos- MCFC (do inglês Molten Carbonate Fuel Cell), o
eletrólito utilizado é composto por uma solução de carbonatos de lítio, potássio e sódio fundidos
em alta temperatura. Trabalham com temperaturas elevadas, em torno de 600ºC a 800ºC, o que
permitem funcionarem sem a necessidade de catalisadores, além de permitir o uso de outros
combustíveis como o gás natural e etanol sem utilizar reformadores. Possuem aplicação em
unidades estacionárias de médio e grande porte com potência superior a 1MW.
Nas células de Óxido Sólido- SOFC (do inglês Solid Oxid Fuel Cell), o eletrólito
utilizado é geralmente um material a base de Zircônia (ZrO₂). São classificadas como células
de alta temperatura, onde operam na faixa de 800ºC a 1000ºC, o que dispensa o uso de
catalisadores. Possuem aplicações em unidades estacionárias de 10kW a 1MW e para a
produção de calor residual em sistemas de cogeração de energia.
As células de Metanol Direto- DMFC (do inglês Direct Methanol Fuel Cell), utilizam
como eletrólito um material de polímero sólido e operam com temperaturas de 80ºC assim como
as células PEMFC. No entanto, segundo LOPES (2013), seus eletrodos são feitos de forma
diferenciada para a utilização de metanol como combustível ao invés do hidrogênio puro, além
de usarem dois metais como catalisadores (Platina e Rutênio), enquanto as PEMFC utilizam só
a platina. Sua potencial aplicação é na indústria automobilística e em equipamentos portáteis.
24
Foi escolhida esse tipo de célula devido a sua simplicidade e versatilidade, além de
poderem ser aplicadas em diversas situações, desde a utilização em veículos, em equipamentos
portáteis, e até para a geração de energia para consumidores residenciais. Desse modo, Campos
(2009) cita as seguintes vantagens que fazem as células do tipo PEMFC se destacar em relação
aos outros tipos existentes:
e dois conjuntos formados por um suporte difusor de gases e uma placa separadora (Placa
Bipolar) de cada lado da MEA (COSTA, 2005). Na figura 4 é mostrado a estrutura básica de
uma PEMFC.
As placas separadoras, também conhecidas como Placas Bipolares, tem como funções
básicas prover a rigidez mecânica, além de propiciar o encaminhamento dos gases através da
célula. Elas também constituem os terminais elétricos de uma célula isolada, portanto são
28
O Canal difusor de gás é um material poroso com três funções básicas, sendo elas:
Propiciar o contato elétrico entre os eletrodos e as placas separadoras, fazer uma melhor difusão
gasosa dos reagentes (hidrogênio e oxigênio) e permitir somente ao trânsito de vapor de água,
mantendo a umidade necessária para o transporte iônico na membrana confinada à MEA.
Possuem espessura entre 300 e 400 μm, sendo constituídos de um material condutor elétrico,
geralmente papel carbono poroso ou tecido a base de carbono (COSTA, 2005).
Outro componente importante são as células de refrigeração. Como a reação que ocorre
na célula é exotérmica, então o calor em excesso produzido deverá ser retirado. Caso isso não
seja feito, a temperatura da célula PEMFC pode ultrapassar a temperatura de vaporização da
água (≈100°C), provocando o ressecamento da membrana, parando o transporte protônico,
interrompendo assim a reação na célula (COSTA, 2005).
Por isso, utiliza-se células de refrigeração intercaladas com as células a combustível
para realizar esse controle da temperatura, que são responsáveis pela circulação de uma
substância refrigerante, geralmente utilizado a água.
A tensão gerada por uma única célula a combustível é bem pequena, na faixa de 0,4V e
1,2V. E Como a maior parte dos dispositivos eletroeletrônicos não operam em um nível de
tensão tão reduzida, a solução adotada é a conexão de várias células unitárias em série. Onde
ao conjunto de duas ou mais células a combustível, interligadas em série é denominado
empilhamento de células (em inglês Stack) (CAIXETA, 2010).
A forma mais usual de realizar essa conexão é utilizando as chamadas placas bipolares
(CAIXETA, 2010), as quais foram descritas anteriormente. Essas placas conectam a superfície
de um cátodo ao ânodo da célula, e servem como vias de alimentação de hidrogênio para o
29
ânodo e de oxigênio para o cátodo, provendo assim a todas as células, quantidades homogêneas
e suficientes de ambos os gases, conforme essa interligação pode ser vista na figura 5.
A umidade da membrana é garantida através dos gases de entrada tanto no cátodo como
no ânodo que são umidificados com fator próximo a 100% (DA SILVA, 2007). Em LARMINE
e DICKS (2003) é proposto que a umidade relativa do ar que deixa a célula a combustível deve
estar entre 80% a 100% para que a mesma possua boa condutividade de prótons e
consequentemente um bom desempenho. Assim, quando necessário, o ar e/ou o hidrogênio
devem ser umidificados antes de serem fornecidos à célula.
A energia livre de Gibbs (ΔG) relaciona-se com a Entalpia (ΔH), definida como a
quantidade de energia contida em uma determinada substância que sofre reação (CAIXETA,
2010) e com a Entropia (ΔS), definida como energia que não pode ser convertida em trabalho
de um sistema, conforme mostra a seguinte equação (DA SILVA, 2007):
ΔG = ΔH − TΔS (4)
32
Partindo que para cada molécula de hidrogênio que reage e para cada molécula de água
produzida, ocorre o deslocamento de dois elétrons. O trabalho elétrico realizado ao mover dois
elétrons por um potencial elétrico (𝐸𝑟𝑒𝑣 ) é expresso por (NASCIMENTO, 2017):
Onde:
F é a constante de Faraday, igual a 96485 Coulombs/mol.
Como explicado anteriormente, sabe-se que a variação da energia livre de Gibbs (ΔG)
é definida como sendo a energia disponível para realizar trabalho externo. Assim, em uma
célula a combustível, esse trabalho corresponde a circulação de elétrons por um circuito
externo, onde se não tiver perdas no sistema, ou seja, se o processo é reversível, toda a energia
de Gibbs é convertida em energia elétrica (LOPES, 2013). Então o trabalho elétrico realizado
é igual à variação da energia livre de Gibbs (Welétrico = ΔG− ), assim isolando 𝐸𝑟𝑒𝑣 da equação
(5), temos:
ΔG−
𝐸𝑟𝑒𝑣 = − 2∗𝐹 [𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠] (6)
Onde ΔG− é a variação da energia livre de Gibbs. A equação (6) representa o potencial
reversível (𝐸𝑟𝑒𝑣 ) de uma célula a combustível a uma certa temperatura e pressão. A tabela 2
mostra o valor de ΔG− para determinadas temperaturas.
1
Tabela 2- 𝛥𝐺 − para a reação 𝐻2 + 𝑂2 → 𝐻2 𝑂 para diferentes temperaturas
2
Como pode ser visto na tabela 2, para uma temperatura de 25ºC e pressão de 1 bar, ou
seja, em condições ambientes, a energia livre de Gibbs (Δ𝐺 ⁻⁰ ) é igual a -237,2 kJ mol⁻¹. Então
o potencial elétrico máximo que pode ser gerado por uma célula a combustível é 1,229 Volts,
conforme calculado através da equação (7):
0 Δ𝐺 ⁻⁰ −237,2𝑘
𝐸𝑟𝑒𝑣 =− =− = 1,229 𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠 (7)
2∗𝐹 2∗96485
0
𝐸𝑟𝑒𝑣 = 1,229 − 0,85𝑥10−3 ∗ (𝑇 − 298,15) (8)
1
⁄
− ⁻⁰ 𝑎𝐻2 .(𝑎𝑂2 ) 2
ΔG = Δ𝐺 − 𝑅𝑇 ∗ 𝑙𝑛 [ 𝑎 ] (9)
𝐻 𝑂
2
água (na forma de vapor), respectivamente. No caso de gases ideais, essas variáveis são dadas
pelas equações:
𝑃𝐻2 𝑃𝑂2 𝑃𝐻 𝑂
2
𝑎𝐻2 = , 𝑎𝑂2 = , 𝑎𝐻2𝑂 = (10)
𝑃𝑜 𝑃𝑜 𝑃𝑜
Onde:
• 𝑃𝐻2 , 𝑃𝑂2 , 𝑃𝐻2 𝑂 : Pressões parciais do hidrogênio, oxigênio e da água, respectivamente;
• 𝑃𝑜 : Pressão atmosférica;
34
O desempenho ideal de uma célula a combustível é definido pelo seu potencial de Nernst
que é representado como tensão da célula. Essa equação fornece a relação entre o potencial
ideal padrão, ou seja, o potencial à pressão de uma atmosfera e temperatura ambiente de 25ºC
para a reação da célula e o potencial ideal de equilíbrio a outras temperaturas e pressões parciais
dos reagentes e produtos (CAMPOS, 2009). Em resumo, o desempenho ideal de uma célula a
combustível depende principalmente das reações eletroquímicas que acontecem entre o
oxigênio, o hidrogênio e a água produzida.
1
𝑅𝑇 𝑃𝐻2 .(𝑃𝑂2 ) ⁄2
𝐸𝑁𝑒𝑟𝑛𝑠𝑡 = 𝐸⁰𝑟𝑒𝑣 + 𝑙𝑛 [ ] (11)
2𝐹 𝑃𝐻2 𝑂
Onde:
• 𝐸⁰𝑟𝑒𝑣 : Potencial reversível a pressão atmosférica;
• R: Constante universal dos gases nobres, igual a 8,314 J mol⁻¹K⁻¹;
• T: Temperatura que ocorre a reação (Kelvin);
• 𝑃𝐻2 , 𝑃𝑂2 , 𝑃𝐻2 𝑂 : Pressões parciais do hidrogênio, oxigênio e da água, respectivamente;
• F: Constante de Faraday, igual a 96485 Coulombs;
A tensão de saída de uma célula a combustível é afetada por perdas, ou seja, uma parte
do potencial elétrico é perdido quando se adiciona uma carga nos terminais de saída da célula.
Assim, segundo Caixeta (2010), as perdas representam o processo irreversível nas reações que
envolvem células a combustível, sendo responsáveis em causar quedas no potencial elétrico
disponível para um circuito externo.
35
As perdas de uma célula a combustível geralmente são denominadas como perdas por
polarização, sobre potencial (overpotential) ou sobre tensão (overvoltage) (CAMPOS, 2009).
As perdas por ativação ocorrem devido à energia consumida na realização das reações
químicas no ânodo e no cátodo, e no transporte de elétrons pelos eletrodos (LOPES FILHO,
2011), ou seja, esse tipo de perda acontece devido à baixa velocidade das reações eletroquímicas
que ocorrem na superfície dos eletrodos. Para Nascimento (2017), os fatores que influenciam
as perdas por ativação são os reagentes da reação química, o catalisador utilizado e a densidade
de corrente na superfície dos eletrodos. Em geral, de acordo com Caixeta (2010), as perdas de
ativação são mais significativas ao se trabalhar com baixas correntes e possuem característica
altamente não-linear. Em geral, as perdas por ativação são expressas através da equação de
Tafel, conforme descreve (LOPES, 2013):
RT I RT I
Eativ = ln ( )+ ln ( ) (12)
nαA F I0,A nαC F I0,C
Onde:
• R: Constante dos Gases Nobres, igual a 8,314 J mol⁻¹K⁻¹;
• T: Temperatura que ocorre a reação, em (Kelvin);
• n: Número de elétrons produzidos;
• I: Densidade de corrente atual da célula, em (A/cm²);
• 𝛼𝐴 : Coeficiente de transferência de carga no anodo;
• 𝐼0,𝐴 : Densidade de corrente de troca no anodo (A/cm²);
• 𝛼𝐶 : Coeficiente de transferência de carga no catodo;
• 𝐼0,𝐶 : Densidade de corrente de troca no catodo (A/cm²);
A primeira parte da equação (12) refere-se as perdas por ativação no ânodo e a segunda
as perdas por ativação no cátodo. O parâmetro 𝐼0 (𝐼0,𝐴 𝑜𝑢 𝐼0,𝐶 ) é denominado densidade de
36
corrente de troca, que pode ser entendida como a corrente a partir da qual as perdas por ativação
começam a sair do zero (LOPES, 2013). Em geral, a densidade de corrente de troca no ânodo
é muito maior que a no cátodo, e devido a isso, o potencial de ativação no ânodo é muito menor
em relação ao cátodo, assim a equação (12) pode ser simplificada desconsiderando a parte do
ânodo, conforme a equação abaixo:
RT I
Eativ = ∗ ln ( ) (13)
αnF I 0
Outro tipo de perdas que ocorre em uma célula são as perdas ôhmicas, ou também
conhecidas como perdas por resistividade. Essas perdas são ocasionadas devido à resistência
que o eletrólito oferece para a passagem do fluxo de íons e pela resistência ao fluxo dos elétrons
através dos componentes condutores da célula a combustível (FRANCHI, 2009), ou seja, são
perdas relacionadas devido à resistência do cátodo, do ânodo e dos elementos de conexão do
circuito (ZANETTI, 2016). Assim, as perdas ôhmicas são dadas segundo a lei de Ohm:
Onde:
• I: densidade de corrente da célula;
• 𝑅𝑀: resistência do eletrólito (Membrana);
𝜌𝑀∗𝑙
𝑅𝑀 = (15)
𝐴
2 2.5
181.6∗[0.03∗(𝐼⁄𝐴)+0.062∗(𝑇⁄303) ∗(𝐼⁄𝐴) ]
𝜌𝑀 = 303 (16)
𝜓−0.634−3∗(𝐼⁄𝐴)∗𝑒 4.18∗(𝑇− ⁄𝑇)
Onde: 𝜓 é um parâmetro ajustável com um valor máximo de 23, influenciado pelo processo de
preparação da membrana, T é a temperatura, A é área e I é a corrente da célula.
As perdas por concentração, também conhecidas como perdas por transporte de massa,
são resultantes da variação da concentração efetiva dos gases reagentes na superfície dos
eletrodos durante a operação da célula a combustível, sendo mais relevantes ao se trabalhar com
altas densidades de corrente (CAIXETA, 2010).
Para Franchi (2009), a perda de tensão por concentração está associada a dois fatores,
sendo o primeiro devido ao fato de que a área do eletrodo não é uniformemente porosa e o
segundo fator está relacionado com a densidade de corrente, que não é uniforme na superfície
do eletrodo. Assim, as perdas por concentração podem ser obtidas a partir da seguinte equação
apresentada por (LARMINIE E DICKS, 2003):
𝑅𝑇 𝐼
𝐸𝑐𝑜𝑛𝑐 = ∗ ln [1 − ] (17)
𝑛𝐹 𝐼lim
Onde:
• I: Densidade de Corrente atual da célula;
• 𝐼𝑙𝑖𝑚 : Densidade de corrente que começa haver queda pronunciada na tensão terminal
da célula.
Na figura 6 pode ser visualizado o comportamento de cada uma das perdas de potencial
elétrico em uma célula a combustível. É possível verificar que no início da reação, ou seja, para
pequenas correntes, a queda de tensão é mais influenciada pelas perdas por ativação, no meio
da reação são predominantes as perdas ôhmicas e para maiores correntes, a queda de tensão é
mais influenciada pelas perdas por concentração (SMARSSARO, 2007).
38
Por fim, agora que se conhece o desempenho ideal e as perdas que ocorrem nas células
a combustível, pode-se calcular o desempenho real da célula, ao qual se subtraí as perdas
mostradas anteriormente do seu potencial de Nernst. Então, a tensão de saída da célula
(𝐸𝑆𝑎í𝑑𝑎 ) pode ser obtida através da seguinte equação:
Nas células de combustível, existe um fenómeno denominado por “charge double layer”
(CAMPOS, 2009), traduzindo para o português, esse fenômeno é conhecido como dupla
camada de carga.
A formação da dupla camada de carga é um fenômeno que ocorre nos eletrodos, sendo
importante para entender a dinâmica do comportamento elétrico das células a combustível.
Quando dois materiais diferentes estão em contato, ocorre o acúmulo de carga nas superfícies
ou a troca de carga entre os materiais. Em sistemas eletroquímicos, esse carregamento em dupla
camada se forma em parte devido aos efeitos de difusão e também por conta das reações entre
os elétrons e os eletrodos e entre os íons no eletrólito (NASCIMENTO, 2017; LARMINIE e
DICKS, 2003).
Ao ocorrerem alterações de tensão, estas vão demorar algum tempo a serem sentidas e
a gerarem alterações de corrente. Tal atraso afeta as perdas de ativação e de concentração,
porém não afeta as perdas ôhmicas, visto que estas, só dependem da corrente, ou seja, não são
afetadas pelas alterações nos valores de tensão (CAMPOS, 2009).
Conforme mostra a figura 10, a tensão sobre a resistência 𝑅𝑎𝑡𝑖𝑣 e sobre o capacitor
corresponde as perdas por ativação e 𝑅𝑜ℎ𝑚 representa as perdas ôhmicas. Também pode ser
inserido as perdas por concentração (𝑅𝑐𝑜𝑛𝑐 ) em série com 𝑅𝑎𝑡𝑖𝑣 nesse circuito (LOPES,2013).
Δ𝐺 − TΔ𝑆
𝜂𝑚á𝑥 = =1− (20)
Δ𝐻 Δ𝐻
A Tabela 3 mostra o valor da eficiência máxima ideal e da tensão ideal para as células
a combustível em diferentes temperaturas.
Tabela 3- Máxima Tensão e eficiência para células a combustível para diferentes temperaturas
Conforme pode ser visto na tabela 3, nas condições padrões de 25°C (298°K) e 1
atmosfera, sabe-se que a energia térmica liberada (∆H) na reação hidrogênio/oxigênio é -285,8
kJ/mol e a energia livre disponível para o trabalho é -237,2 kJ/mol. Então a eficiência máxima
ideal de uma célula a combustível em condições padrões seria (LAMA, 2006):
Δ𝐺 − −237,2 kJ/mol
𝜂𝑚á𝑥 = = = 0,83 𝑜𝑢 83% (21)
Δ𝐻 −285,8 kJ/mol
44
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝐸
𝑠𝑎í𝑑𝑎 ∗𝐼 𝐸𝑠𝑎í𝑑𝑎
𝜂𝑟𝑒𝑎𝑙 = Δ𝑔− = (𝐸𝑁𝑒𝑟𝑛𝑡 ∗𝐼) = ∗ 𝜂𝑚á𝑥 (22)
⁄𝜂𝑚á𝑥 ⁄𝜂 𝐸𝑁𝑒𝑟𝑛𝑡
𝑚á𝑥
I
𝑛̇ 𝐻 2 = (𝑚𝑜𝑙/𝑠) (24)
2F
𝑀𝐻 2 ∗I
𝑛̇ 𝐻 2 = (𝐾𝑔/𝑠) (25)
2F
45
I
𝑛̇ 𝑂 2 = (𝑚𝑜𝑙/𝑠) (26)
4F
Da mesma forma que foi feito para o hidrogênio, utilizando a relação da massa molar
de oxigênio (𝑀𝑂 2 ) que é igual a 16g/mol na equação (24) (CAIXETA, 2010), tem-se a vazão
molar de oxigênio em Kg/s.
𝑀𝑂 2 ∗I
𝑛̇ 𝑂 2 = (𝐾𝑔/𝑠) (27)
4F
Caso o gás oxidante a ser utilizado for o ar ambiente ao invés de oxigênio puro, utiliza-
se uma constante de proporcionalidade que representa a porcentagem da contribuição do
oxigênio no ar atmosférico (ZANETTI, 2016). Ou também, a expressão da vazão mássica pode
ser obtida considerado a massa molar (igual a 28,97𝑥10−3 kg/mol) e a fração molar de O2 no
ar seco (21%) (CAIXETA, 2010).
𝑀𝑂 2 ∗I 1
𝑛̇ 𝑂 2 = ∗ (𝐾𝑔/𝑠) (28)
4F 0,21
Como foi mostrado anteriormente, sabe-se que o produto da reação química em uma
célula a combustível é a água, conforme pode ser visto na semi-reação (3). O cálculo para água
produzida é similar ao realizado para o consumo de oxigênio/ar e hidrogênio. Onde para cada
dois elétrons liberados, um mol de água é formado (CAIXETA, 2010), logo:
I
𝑛̇ H2O = (𝑚𝑜𝑙/𝑠) (29)
2F
Ou também pode ser obtido em Kg/s, considerando que a massa molecular de água é de
18,02𝑥10−3 Kg/mol.
𝑀H2 O ∗I
𝑛̇ H2O = (𝐾𝑔/𝑠) (30)
2F
46
Sabe-se que durante o funcionamento de uma célula a combustível não existem perdas
devido a vibração ou ruídos, assim toda a energia perdida durante o processo será dissipada em
forma de calor. Então a potência dissipada na forma de calor (𝑃𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 ) pode ser obtida através de
um balanço energético conforme a equação a seguir (COSTA, 2005):
4. SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL
Neste capitulo será desenvolvido a metodologia utilizada para a realização das
simulações da célula a combustível em estudo, demonstrando os meios utilizados, as
considerações e parâmetros utilizados, a implementação do modelo desenvolvido, além de
trazer os resultados e fazer a análise desses resultados obtidos com as simulações realizadas.
Como pode ser observado na figura 13, o modelo está dividido em cinco subsistemas,
sendo eles: a tensão ideal da célula está representado em cinza claro, as perdas por ativação em
azul, as perdas ôhmicas em vermelho, as perdas por concentração em verde e em cinza mais
escuro, o cálculo da tensão de saída da célula. Na saída, a célula é multiplicada pelo o número
de células presentes, caso for necessário (Neste trabalho foi considerado apenas uma única
célula). Foi utilizado um bloco elétrico de uma fonte de tensão, pois era necessário para se
conseguir fazer a conexão com a carga, que será mostrado no fim dessa seção.
O segundo subsistema (em azul) representa as perdas por ativação, o qual foi
desenvolvido o diagrama de blocos baseados na equação (13). A figura 14 mostra o diagrama
de blocos interno desse subsistema.
O quarto subsistema (em verde) representa as perdas por concentração, o qual foi
desenvolvido o diagrama de blocos baseados na equação (17). A figura 16 mostra o diagrama
de blocos interno desse subsistema.
Por fim, no último subsistema é feito o cálculo da tensão de saída da célula baseado na
equação (18), onde os valores dos três tipos de perdas são subtraídos do seu potencial de Nernst,
assim resultando na tensão de saída real da célula. A figura 17 mostra o diagrama de blocos
interno desse subsistema.
Para conseguir realizar a simulação da célula a combustível, foi necessário utilizar uma
fonte de corrente controlada e limitada, representando assim uma carga. Para a corrente da
célula foi utilizada um sinal de rampa, que faz com que a corrente aumente o seu valor em um
para cada segundo de simulação, onde no bloco saturador está limitado o valor da corrente em
no máximo 1.8 A. Essa limitação tornou-se necessário para fazer a demonstração da limitação
física da produção da corrente da célula a combustível, pois sabe-se que cada tipo de célula tem
sua própria limitação de corrente. Essa carga foi desenvolvida baseada nos trabalhos de
(SMARSSARO, 2007) e também de (ZANETTI, 2016), com algumas alterações.
Utilizando os “Scopes”, que são blocos para gerar os gráficos, foi possível obter os
gráficos da tensão de saída (“Scope” em verde) do modelo de célula desenvolvido. Também foi
possível obter as curvas de potência de saída da célula (“Scope” em cinza), multiplicando a
tensão de saída pela corrente. E através dos blocos de medição “To Workspace”, que são
utilizados para enviar os dados obtidos no Simulink para a área de trabalho do MATLAB, assim
53
foi possível detalhar os gráficos obtidos com mais informações das simulações realizadas, os
quais serão mostrados na próxima seção.
Assim, o modelo completo da célula a combustível junto com a carga desenvolvido no
Simulink pode ser visualizado na figura 18.
Analisando as curvas obtidas na figura 21, é possível notar que para temperaturas
menores, maior é a tensão de saída de uma célula a combustível. E conforme vai aumentando
a temperatura, menor é o aproveitamento da célula, inviabilizando a sua utilização. O mesmo
acontece com a potência de saída da célula, conforme pode ser visto na figura 22. Esse
comportamento é característico de uma PEMFC e por isso esse tipo de célula trabalha com
baixas temperaturas, entre 60ºC e 80ºC, para se obter um maior aproveitamento na saída. Por
isso é fundamental manter essa temperatura constante, e também as células PEMFC devem
possuir um sistema eficiente de refrigeração. Vale ressaltar que dependendo do tipo de célula,
o aumento da temperatura pode ocasionar um melhor aproveitamento da célula.
58
Analisando as curvas obtidas, percebe-se que esse parâmetro tem uma maior influência
na curva de polarização no valor da tensão e potência para pequenos valores de densidade de
corrente. Assim é possível verificar que quanto menor for o coeficiente de transferência de
carga, maiores serão as perdas no início da ativação da célula a combustível. Por isso é
importante que esse parâmetro seja o maior possível. Geralmente o valor utilizado para esse
coeficiente fica em torno de 0.5.
62
Metal Io (A/cm²)
Pd (Paládio) 4𝑥10−3
Pt (Platina) 5𝑥10−4
Ni (Níquel) 6𝑥10−6
Ag (Prata) 4𝑥10−7
Zn (Zinco) 3𝑥10−11
Analisando as curvas obtidas, percebe-se que a corrente limite como o próprio nome já
diz, é um fator limitante superior de condução de corrente, ou seja, é o valor máximo de corrente
que a célula é capaz de produzir, onde quando essa corrente chega no valor que foi limitado, a
tensão e a potência efetiva da célula caí bastante, indicando que não é mais possível de se
conduzir mais corrente. Assim é possível verificar que as perdas por concentração só se tornam
mais significativas em condições de operação próximo a corrente limite da célula, ou seja, em
condições extremas de operação.
67
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 CONCLUSÕES
Com a realização deste trabalho de conclusão de curso, buscou-se fazer um estudo sobre
os principais conceitos, o princípio de funcionamento e fazer a análise do comportamento de
uma célula a combustível, através da modelagem matemática e da simulação computacional
com o software MATLAB/Simulink.
Porém, para a utilização das células a combustível como fonte de geração de energia
distribuída, ainda é necessário um maior estudo e desenvolvimento nessa área. Ainda existe
diversos fatores que impedem a utilização dessa tecnologia em grande escala, como por
exemplo, encontrar um meio eficiente e seguro para o armazenamento do hidrogênio, além do
seu alto custo. Conseguindo encontrar soluções para esses problemas, as células a combustível
seriam umas das melhores formas de geração de energia limpa e renovável e de alta eficiência,
causando uma grande revolução na forma de se gerar energia elétrica dos dias atuais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOEFF, Luís Felipe. Relé de Potência Reversa. In: Salão UFRGS 2013: SIC - XXV SALÃO
DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFRGS, Porto Alegre, RS, 2013.
CAMPOS, Daniel José Batista da Costa. Modelação de Células de Combustível. 2009. 147 f.
Tese (Mestrado de Engenharia Eletrotécnica) - Instituto Superior de Engenharia do Porto, Porto,
PT, 2009.
DOS REIS, Lineu Bélico. Geração de Energia Elétrica. 2ª Edição. Barueri, SP: Editora
Manole, 2011.
FRANCHI, Thales Prini. Utilização de células a combustível tipo PEM como alternativa na
geração auxiliar em instalações elétricas de grande porte. 2009. 88 f. Tese (Mestrado de
Engenharia Elétrica) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2009.
LARMINE, James; DICKS, Andrew, “Fuel Cell Systems Explained”, 2nd edition, Nova
York, EUA: Wiley, 2003.
ANEXOS
74
%Equação de Nernst
ENernst= Erev +((R*Temp)/(n*F))*log(PH2*sqrt(PO2));
end
75
function RM = ResRM(IFC,Temp,A,l)
%Resistividade da Membrana
pM=181.6*[1+0.03*(IFC/A)+0.062*((Temp/303)^2)*((IFC/A)^2.5)]/
[[psi-0.634-(3*(IFC/A))]*exp(4.18*((Temp-303)/Temp))];
%Resistência do Eletrólito
RM=(pM*l)/A;
end