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LANDERSON FERREIRA SILVA

SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS


ATMOSFÉRICAS EM EDIFICAÇÕES

Betim
2017
LANDERSON FERREIRA SILVA

SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS


ATMOSFÉRICAS EM EDIFICAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Pitágoras de Betim, como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. MEng. Cláudio A. Conceição.

AUTOREM ORDEM ALFABÉTICA


Betim

2017
SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS
ATMOSFÉRICAS EM EDIFICAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Pitágoras de Betim, como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Engenharia Elétrica.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Esp. Fernando Thomé De Azevedo Silva

Prof. Esp. Márcio Antônio Cometti

Betim, 05 de dezembro de 2017


Dedico este trabalho a Deus, que me deu
forças para chegar até aqui, a minha
família, a minha noiva, amigos e
professores.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me inspirar todos os dias de minha vida a


fazer coisas boas, e principalmente pela inspiração no desenvolvimento deste
trabalho, que mesmo com todas as dificuldades e barreiras enfrentadas, também me
deu forças para chegar até o final desta etapa.
Agradeço aos meus pais José Maria e Elisabeth Silva, que me ensinaram o
significado de um trabalho bem feito, e a não o executar somente em benefício próprio,
mas sim em favor dos outros.
Agradeço ao meu mestre e amigo, Professor Cláudio Alvares Conceição, por
toda paciência e sabedoria em me orientar na elaboração deste trabalho, e me
impulsionar a explanar o tema pretendido com profundidade e clareza, a fim de
agregar conhecimentos a mim e aos leitores.
SILVA, Landerson F. Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas em
Edificações. 2017. 106 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Elétrica) – Faculdade Pitágoras, Betim, 2017.

RESUMO

O presente trabalho, tem como finalidade apresentar os conceitos e elementos


primordiais para a concepção de um Sistema de Proteção contra Descargas
Atmosféricas (SPDA) aplicados em edificações. Seguindo uma metodologia pautada
em pesquisas literárias, a livros e artigos do tema pertinente, focados desde as
definições teóricas relativas a formação das descargas atmosféricas, com abordagem
aos estudos do circuito elétrico global, e sua importância para a manutenção da vida
terrestre, e também aos danos causados pelos raios. Além disso, expõe as
concepções para uma análise sobre a necessidade de implantação de um SPDA a
tipos diversos de estruturas, e os conceitos e descrição das características próprias
de cada método de proteção, de elementos naturais e não naturais.

Palavras-chave: Projetos; SPDA; Captores Franklin; Gaiola de Faraday.


SILVA, Landerson F. Lightning Protection Systems in buildings. 2017. 106 pages.
Course Completion Work (Undergraduate in Electrical Engineering) - Faculdade
Pitágoras, Betim, 2017.

ABSTRACT

The present work has the purpose of presenting the main elements for the Lightning
Protection Systems (LPS) design to be applied to buildings. Following a methodology
based on literary research, books and articles of the relevant theme, focused on the
theoretical definitions concerning the formation of atmospheric discharges, with an
approach to the studies of the global electric circuit, and their importance for the
maintenance of terrestrial life, damage caused by lightning. In addition, it exposes the
concepts for an analysis of the need to implement an LPS for different types of
structures, and the concepts and description of the characteristics of each protection
method, natural and non-natural elements.

Keywords: Projects; LPS; Franklin’s rod; Faraday's cage.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Infográfico - Densidades de raios no Brasil.................................................16


Figura 2 - Características elétricas da atmosfera terrestre.........................................19
Figura 3 - Esquema representativo do Circuito Elétrico Global...................................21
Figura 4 - Distribuição das cargas elétricas das nuvens e do solo..............................23
Figura 5 - Formação de uma descarga atmosférica...................................................24
Figura 6 - Forma de onda típica da corrente...............................................................26
Figura7 - Mapa da densidade de descargas atmosféricas adaptado
(descargas/km²/ano)...................................................................................................32
Figura 8 - Estrutura isolada localizada em superfície plana........................................34
Figura 9 - Área de uma estrutura complexa................................................................35
Figura 10 - Áreas de exposição equivalente (AD, AM, AI e AL)..................................40
Figura 11 - Captor de haste de ponta.........................................................................66
Figura 12 - Captor do tipo Franklin.............................................................................66
Figura 13 - Elementos de descida de um SPDA em estruturas que utilizam materiais
não combustíveis........................................................................................................69
Figura 14 - Elementos de descida de um SPDA em estruturas que utilizam materiais
combustíveis nas paredes..........................................................................................69
Figura 15 - Comprimento mínimo do eletrodo de aterramento....................................73
Figura 16 - Ligações equipotenciais ao barramento de equipotencialização principal
(BEP)..........................................................................................................................76
Figura 17 - Sistema captor em malha.........................................................................79
Figura 18 - Sistema captor em malha.........................................................................79
Figura 19 - Volume de proteção provido pelo mastro do para-raios............................81
Figura 20 - Ilustração da concentração de cargas elétricas no captor........................81
Figura 21 - Ângulo de proteção do para-raios.............................................................83
Figura 22 - Volume de proteção provido pelo para-raios em duas alturas..................83
Figura 23 - Exemplificação esquemática de descidas................................................85
Figura 24 - Volume de proteção por um condutor suspenso.......................................86
Figura 25 - Exemplificação do Método Das Malhas....................................................88
Figura 26 - Determinação da distância do raio da esfera do MEG..............................89
Figura 27 - Volume de proteção para H < Re..............................................................90
Figura 28 - Volume de proteção para H ≥ Re.............................................................91
Figura 29 - MEG para estruturas complexas..............................................................92
Figura 30 - MEG para estruturas simples...................................................................92
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SPDA Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas


ELAT Grupo de Eletricidade Atmosférica
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
NBR Norma Brasileira
NP Nível de Proteção
CIGRE International Council on Large Electrical Systems
LIS Ligthning Imaging Sensor
TRMM Tropical Raifall Meassuring Mission
NASA National Aeronautics and Space Administration
ITU International Telecommunication Union
DPS Dispositivo de Proteção contra Surtos
LEMP Lightning Electromagnetic Pulse
IACS International Annealed Copper Standard
PVC Policloreto de Vinila
QGBT Quadro Geral de Baixa Tensão
BEL Barramento Equipotencial de Ligação
BEP Barramento de Equipotencialização Principal
MEG Método Eletrogeométrico
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14
1. DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ................................................................... 16
1.1. PRINCÍPIOS GERAIS .................................................................................... 17
1.1.1. Conceitos Elétricos Da Terra.......................................................................... 18
1.1.2. O Circuito Elétrico Global ............................................................................... 20
1.1.3. A Eletrificação Das Nuvens ............................................................................ 21
1.1.4. A Formação Das Descargas Atmosféricas ..................................................... 22
1.2. PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS . 25
1.3. ONDA TÍPICA DE UMA DESCARGA ATMOSFÉRICA .................................. 26
1.4. PROTEÇÃO PARA O INDIVÍDUO ................................................................. 27

2. ANÁLISE DA NECESSIDADE DE UM SPDA ................................................ 28


2.1. VERIFICAÇÃO DAS COMPONENTES DANOS E PERDAS ......................... 28
2.2. VERIFICAÇÃO DE RISCOS E COMPONENTES DE RISCO ........................ 29
2.3. PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA GERENCIAMENTO DE RISCOS ....... 30
2.4. ESTRUTURA CONSIDERADA PARA UMA ANÁLISE DE RISCO................. 31
2.5. ANÁLISE DO NÚMERO MÉDIO ANUAL Nx DE EVENTOS PERIGOSOS..... 33
2.5.1. Determinação Da Área De Exposição Equivalente AD e AD’........................... 33
2.5.2. Localização Relativa Da Estrutura ................................................................. 35
2.5.3. Número De Eventos Perigosos ND Para A Estrutura ...................................... 36
2.5.4. Número De Eventos Perigosos NDJ Para Uma Estrutura Adjacente ............. 36
2.5.5. Avaliação Do Número Médio Anual De Eventos Perigosos NM Devido A
Descargas Atmosféricas Próxima A Estrutura........................................................... 37
2.6. AVALIAÇÃO DO NÚMERO MÉDIO ANUAL DE EVENTOS PERIGOSOS NL
DEVIDO A DESCARGAS PRÓXIMA A LINHA E NA LINHA DE ENERGIA
ELÉTRICA..................................................................................................................38
2.7. AVALIAÇÃO DA PROBABILIADADE DE DANOS PX ..................................... 40
2.7.1. Probabilidade Pa De Uma Descarga Atmosférica Em Uma Estrutura Causar
Ferimentos A Seres Vivos Por Choque Elétrico ........................................................ 40
2.7.2. Probabilidade Pb De Danos Físicos Causados Por Uma Descarga Atmosférica
Em Uma Estrutura ..................................................................................................... 41
2.7.3. Probabilidade Pc De Uma Descarga Atmosférica Em Uma Estrutura Causar
Falhas A Sistemas Internos....................................................................................... 42
2.7.4. Probabilidade PM De Uma Descarga Atmosférica Atingir Um Local Próximo A
Estrutura E Causar Falhas Em Sistemas Internos .................................................... 44
2.7.5. Probabilidade PU De Uma Descarga Atmosférica Em Uma Linha De Energia
Causar Ferimentos A Seres Vivos ............................................................................ 46
2.7.6. Probabilidade PV De Uma Descarga Atmosférica Atingir Uma Linha De Energia
Causar Danos Físicos ............................................................................................... 48
2.7.7. Probabilidade PW De Uma Descarga Atmosférica Em Uma Linha Causar Falhas
A Sistemas Internos .................................................................................................. 49
2.7.8. Probabilidade PZ De Uma Descarga Atmosférica Perto De Uma Linha Causar
FalhasA Sistemas Internos ....................................................................................... 49
2.8. ANÁLISE DA QUANTIDADE DE PERDA (LX) ................................................ 50
2.8.1. Perda De Vida Humana L1 ............................................................................. 51
2.9. ANÁLISE DOS COMPONENTES DE RISCO ................................................ 55
2.9.1. Fonte De Danos (S1) Devido Às Descargas Atmosféricas Na Estrutura ....... 55
2.9.2. Fonte De Danos (S2) Devido Às Descargas Atmosféricas Perto Da
Estrutura.....................................................................................................................56
2.9.3. Fonte De Danos (S3) Devido Às Descargas Atmosféricas Em Uma Linha De
Energia Conectada A Estrutura ................................................................................. 57
2.9.4. Fonte De Danos (S4) Devido Às Descargas Atmosféricas Perto De Uma Linha
Conectada À Estrutura................................................................................................58
2.10. RISCOS TOLERÁVEIS ................................................................................... 59
2.11. DIVISÃO DA ESTRUTURA EM ZONAS ......................................................... 59
2.12. DIVIDINDO UMA LINHA EM SEÇÕES SL ...................................................... 60

3. SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ..... 61


3.1. ESTRUTURAÇÃO DE UM SPDA ................................................................... 61
3.1.2. Estruturas Protegidas Por Elementos Naturais ............................................... 62
3.1.3. Estruturas Protegidas Por Elementos Não Naturais ........................................ 65
3.2. LIGAÇÕES EQUIPOTENCIAIS....................................................................... 74
3.2. PROXIMIDADES DO SPDA COM OUTRAS ESTRUTURAS ......................... 77
3.3. METODOLOGIA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS
ATMOSFÉRICAS.......................................................................................................79
3.3.1 Método Do Ângulo De Proteção – Método De Franklin ................................... 80
3.3.2 Método Das Malhas – Método De Faraday ..................................................... 86
3.3.3 Método Da Esfera Rolante .............................................................................. 89

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 93


REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 94
ANEXOS ................................................................................................................... 96
ANEXO A .................................................................................................................. 97
ANEXO B .................................................................................................................. 98
ANEXO C ................................................................................................................ 100
ANEXO D ................................................................................................................ 101
ANEXO E ................................................................................................................ 102
14

INTRODUÇÃO

Os fenômenos atmosféricos nos primórdios da civilização, eram cercados por


misticismos, acreditando-se por exemplo, que era fruto da manifestação de alguma
divindade. Os gregos por exemplo, acreditavam que os raios eram lançados por Zeus,
o rei dos deuses, como forma de punição a humanidade por suas atitudes perversas.
Uma crença muito popular que perdura ainda hoje no nordeste brasileiro sobre
os raios, é a pedra-de-corisco. Segundo a crença, a pedra seria trazida por um raio
durante a tempestade, e pela força meteórica que isso acontecia, era enterrada.
Devido a isso, e acreditando-se na falsa ideia de que um raio não cai duas vezes no
mesmo lugar, as pessoas que encontravam a suposta pedra, usavam-na como
amuleto no pescoço, ou colocavam-na em cima de suas casas, pois segundo eles
estavam protegidos, porque o raio não atingiria outra vez aquela pedra.
Com a evolução da ciência, tais crenças começaram a ser desacreditadas,
dando lugar a explicações com embasamentos científicos, ou seja, com argumentos
válidos para explicar o porquê da formação dos raios. A partir dessa evolução,
surgiram vários estudos proeminentes, que alavancariam pesquisas importantes no
campo da eletricidade atmosférica.
A justificativa para um estudo detalhado sobre a origem das descargas
atmosféricas e as formas de proteção contra elas, é sustentada pelo conhecimento da
importância que esses fenômenos têm para a vida terrestre, pelos estragos que
podem causar, e os enormes prejuízos associados.
Os estragos e prejuízos causados pelas descargas atmosféricas, encontram-
se em diversas áreas, como as de telecomunicação, construção, energia elétrica,
pecuária, e dentre outras. E analisando-se todos os problemas consequente das
descargas atmosféricas, qual é a importância do desenvolvimento de sistemas de
proteção contra elas?
Para entender a interrogativa, o estudo apresentou como objetivo geral,
conhecimentos necessários sobre a maneira correta da implantação de um SPDA
(Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas) em uma edificação segundo a
NBR 5419:2015 (Norma Brasileira), pontuando objetivos específicos com a finalidade
de relatar os conceitos acerca da formação das descargas atmosféricas, a forma de
15

definir a necessidade da implantação de um SPDA, e a apresentação dos tipos de


sistemas de proteção aplicados nas edificações.
As argumentações dos objetivos apontados, foram desenvolvidas a partir dos
estudos realizados no âmbito da eletricidade atmosférica, que ao longo dos capítulos
do presente trabalho, foram introduzidas partindo-se da concepção de uma
metodologia prática, com o objetivo de apresentar uma revisão literária, sustentada
por referências consultadas nos livros: Instalações Elétricas Industriais, Instalações
Elétricas, Descargas Atmosféricas: Uma Abordagem de Engenharia, a norma NBR
5419:2015 e artigos do site do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que
foram publicados nos últimos 12 anos. As palavras chaves utilizadas foram: SPDA,
captores Franklin, gaiola de Faraday, e descargas atmosféricas.
16

1. DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

São registradas cerca de 10 milhões de descargas atmosféricas por dia e


aproximadamente 3 bilhões anuais em todo o mundo. A distribuição global das
descargas atmosféricas, foi pela primeira vez estimada com base em observações da
ocorrência de tempestades nas primeiras décadas do século XIX.
No Brasil, aproximadamente 50 milhões de raios são registrados anualmente,
fazendo com que seja o país com a maior incidência de raios em todo o planeta. Tal
fato pode ser explicado pela localização geográfica do país, que tem a maior área
territorial localizada em uma zona tropical, esta que é de clima quente e muito
favorável a formação de tempestades e raios (ELAT/INPE, 2017).
No infográfico retirado do site do ELAT, pode-se observar a incidência de raios
pelas regiões do país, com a menor e maior incidência por ano (descargas/km²/ano).

Figura 1: Infográfico - Densidades de raios no Brasil

Fonte: ELAT/INPE (2017)


17

De acordo com o infográfico apresentado na figura 1, a cidade de Porto Real,


no Rio de Janeiro, possui a maior concentração de raios de todo o território brasileiro,
com o registro de mais de 20 raios/km²/ano, seguida pela cidade de São Paulo, com
a marca de 20 mil raios por ano. O Estado do Rio Grande do Sul é considerado pelo
ELAT como o estado com a maior concentração de raios e os mais destrutivos do
país.
As descargas atmosféricas provocam várias mortes todos os anos no Brasil,
como apontado em uma pesquisa feita pelo (ELAT/INPE, 2016), que realizou um
levantamento entre os anos 2000 a 2014. Nesse período houve uma média de
aproximadamente 111 casos de mortes por ano devido aos acidentes decorrentes das
descargas atmosféricas no país. O estudo também indica que no ano de 2015, foram
cerca de 104 mortes registradas, e em 2016 o número de vítimas ficou abaixo da
média histórica, com menos de 70 casos. Um destaque para a cidade de Manaus,
mostrada no infográfico. Manaus possui o maior número de mortos por raio no país,
só entre os anos 2000 e 2013, foram 20 mortes.
Além dos prejuízos imensuráveis com a morte de várias pessoas, as descargas
atmosféricas também trazem enormes prejuízos financeiros a setores de serviços,
como os de telecomunicação, energia elétrica, construção civil, agropecuária,
seguradoras e eletroeletrônicos. Ainda segundo o ELAT/INPE (2016), o maior
prejudicado é o Setor Elétrico, com a queima de equipamentos, manutenção, perda
de faturamento, e penalidades sofridas devido as interrupções do fornecimento de
energia elétrica. Seu prejuízo está avaliado em cerca de 600 milhões de reais
anualmente.
Não há métodos ou dispositivos capazes de mudar os fenômenos climáticos e
impedir o surgimento das descargas atmosféricas. Entretanto, existem algumas
formas de amenizar seus efeitos danosos, e proteger a vida de pessoas,
equipamentos, estruturas e seus conteúdos. Os métodos de proteção de acordo com
a NBR 5419:2015 serão apresentados ao longo dos capítulos.

1.1. PRINCÍPIOS GERAIS

Para a compreensão do tema proposto neste trabalho, é necessário um estudo


introdutório sobre os conceitos e características concernentes as descargas
18

atmosféricas, com visão global da dinâmica dos processos elétricos que ocorrem no
planeta. Essa dinâmica pode ser contextualizada através da caracterização
simplificada do ambiente elétrico da terra, com o objetivo de contribuir para uma fácil
compreensão da física envolvida na formação das descargas atmosféricas.

1.1.1. Conceitos Elétricos Da Terra

Na terra está presente toda uma dinâmica de processos elétricos e magnéticos,


que faz com que exista um equilíbrio das condições ambientais, assegurando a
existência da vida na terra. A dinâmica dos processos, compõem um circuito elétrico
global, responsável pelo fluxo contínuo de correntes elétricas, e a manutenção de
potenciais elétricos no planeta. Em condições naturais ao nível do solo e bom tempo,
os valores de campo elétrico e de densidade de fluxo magnético está compreendido
respectivamente entre 100 e 200 V/m e entre 30 e 60 µT (VISACRO, 2005).
As constatações do texto foram obtidas a partir de evidências experimentais,
que permitiram o desenvolvimento dos conceitos pertinentes a caracterização do
ambiente elétrico do planeta. Por ser complexo, se fez necessária uma abordagem
multidisciplinar do tema, para a compreensão de cada processo presente na formação
elétrica do ambiente. No entanto, ainda se encontra em seu estágio hipotético,
carecendo de maiores comprovações.
A partir de conceitos relevantes já consolidados como consensual no meio
cientifico, constatou-se a existência de uma tênue eletrificação na atmosfera terrestre,
em decorrência de um carregamento positivo do ar, e do carregamento negativo do
corpo sólido e líquido da terra. Essa distribuição de cargas resulta na formação do
campo elétrico vertical, junto a superfície terrestre, de valor médio da ordem de 100
V/m (VISACRO, 2005).
O processo de eletrificação na atmosfera terrestre, caracterizou um mecanismo
de geração que é capaz de manter a distribuição de cargas elétricas entre o solo e a
atmosfera, comprovado pela persistência do fluxo continuo encontrado no
comportamento do ambiente elétrico do planeta. Se não fosse esse mecanismo, em
poucas horas a carga negativa da terra seria neutralizada pelas correntes positivas do
ar.
19

As características da atmosfera da terra, muito influenciam na distribuição do


fluxo contínuo de correntes elétricas, devido a diferença nos parâmetros elétricos
fundamentais (condutividade elétrica e densidade de elétrons) das camadas da
atmosfera terrestre. Esses parâmetros podem ser verificados no modelo simplificado
apresentado por VISACRO (2005), na figura 2.

Figura 2: Características elétricas da atmosfera terrestre

Fonte: Visacro (2005)

Segundo o modelo, a camada de ar mais próxima à superfície da terra,


apresenta um menor valor de condutividade (10-14 a 10-12 S/m), e observa-se também,
20

que a condutividade cresce com a altitude, sendo na mesma proporção em que se


aumenta a densidade de íons no ar, segundo uma relação praticamente exponencial.
Em altitudes inferiores a 60 km, a presença de íons positivos e negativos no ar
é resultado do efeito de ionização causado pela incidência direta de raios cósmicos.
Na camada superior da atmosfera a temperatura é mais alta, e analisando a ionosfera,
constata-se que esta possui um alto indicie de condutividade elétrica, e uma grande
densidade de elétrons, gerados por processos de ionização complementares.
Vale ressaltar que as características elétricas do solo é resultado de processos
evolutivos do planeta, e uma grande parcela das características das camadas da
atmosfera é resultado dos processos em curso.

1.1.2. O Circuito Elétrico Global

Como já abordado anteriormente, existe um fluxo continuo de correntes


elétricas na atmosfera, que indica a existência de um mecanismo de geração,
responsável pela distribuição de cargas entre a atmosfera e o solo. Caso esse
mecanismo não existisse, as cargas armazenadas na parte sólida e liquida da terra
seriam neutralizadas, devido a presença do ar local e sua condutividade elétrica,
dissipando todo o campo elétrico existente.
Para exemplificar o processo, apresenta-se na figura 3, a definição do percurso
que adentra a fonte geradora e o fluxo continuo de correntes entre a atmosfera e o
solo, segundo VISACRO (2005).
21

Figura 3: Esquema representativo do Circuito Elétrico Global

Fonte: Visacro (2005)

Simplificando a ilustração, o planeta pode ser analisado como composto por


duas camadas condutoras (o solo e a ionosfera) separada pelo ar, na qual se
posicionam as nuvens de tempestades. A corrente circula do topo das nuvens,
carregadas positivamente, para a ionosfera, seguindo pelos caminhos de alta
condutividade, e depois passando pela região de bom tempo (região sem
tempestades), fechando o circuito na região carregada negativamente abaixo da
nuvem, na forma de descarga atmosférica. Esse processo implica na transferência de
uma parcela de cargas negativas da nuvem para a terra através de seus raios.

1.1.3. A Eletrificação Das Nuvens

Muitas teorias foram desenvolvidas ao longo do tempo, com o objetivo de se


explicar as etapas do processo de eletrificação das nuvens, e identificou-se vários
processos capazes de contribuir. No entanto, até o momento não foi definida uma
teoria única capaz de abranger totalmente o resultado da eletrificação. Contudo, tais
processos podem ser organizados segundo duas dimensões; a microscópica e a
macroscópica (VISACRO, 2005).
22

Seguindo nessa linha apresentada, os processos microscópicos amparam os


mecanismos de geração de cargas que levam ao carregamento de partículas de água
e gelo através da recombinação de cargas, captura de íons por outra molécula e a
separação de cargas por colisão ou atrito entre as partículas suspensas e em
precipitação ou convecção. Por outro lado, os processos macroscópicos defendem
que a eletrificação é resultado da separação de grandes volumes de cargas negativas
e positivas, que pode ser atribuída a precipitação em larga escala, a convecção, ou a
combinação de ambas.

1.1.4. A Formação Das Descargas Atmosféricas

As descargas atmosféricas originam-se principalmente pelas nuvens de


tempestades, caracterizadas por uma grande atividade convectiva, e uma pequena
parcela ocorre através de nuvens temperadas ou subtropicais (VISACRO, 2005).
Entendendo-se os conceitos abordados sobre o circuito elétrico global e a
eletrificação das nuvens, deve-se atrelar a este uma definição categórica e concisa,
ao passo que caberá um entendimento mais aprofundado acerca do assunto. Uma
definição a descargas atmosféricas poderá ser denotada da seguinte forma:

A descarga atmosférica é um processo de transformação de energia


eletrostática em energia eletromagnética (onda de luz e rádio), térmica e
acústica. Em estágios mais avançados de carregamento da nuvem, os
valores de campo elétrico ao nível do solo abaixo da nuvem atingem 10 kV/m
(100 vezes maiores do que em condição de tempo bom), e no interior da
nuvem os campos atingem centenas de milhares de volts por metro.
(CREDER, 2016, p. 213).

Analisando as colocações citadas no texto, observa-se que as cargas


acumuladas, gera um campo elétrico resultante da interação das cargas elétricas
contidas na nuvem.
Uma verificação experimental descrita por (MAMEDE, 2017), mostra que as
cargas elétricas positivas ocupam a parte superior da nuvem, enquanto que as cargas
negativas se posicionam em sua parte inferior, conforme ilustrado na figura 4.
23

Figura 4: Distribuição das cargas elétricas das nuvens e do solo

Fonte: Mamede (2017)

De acordo com a ilustração, as nuvens adquirem uma característica bipolar, e


devido à localização de cargas opostas em determinada região, surge uma diferença
de potencial entre a nuvem e a terra. Raios descendentes com polaridade negativa
(das nuvens para o solo) são os mais comuns, com cerca de 90% de incidência, e os
ascendentes com polaridade positiva (do solo para as nuvens) com cerca de 10% de
incidência. Para comprovar tal afirmação, lê-se o trecho:

Os raios negativos, globalmente cerca de 90% dos raios, transferem


cargas negativas (elétrons) de uma região carregada negativamente dentro
da nuvem para o solo. Os raios positivos, cerca de 10%, transferem cargas
positivas de uma região carregada positivamente dentro da nuvem para o
solo (na realidade, elétrons são transportados do solo para a nuvem).
(ELAT/INPE, 2017).

No presente estudo, foi abordada somente a análise referente as descargas de


transferência de cargas negativas da nuvem para a terra (descargas descendentes).
Na figura 5, está representado de forma simplificada os passos em que ocorre a
descarga descendente.
24

Figura 5: Formação de uma descarga atmosférica

Fonte: Mamede (2017)

Com a análise da ilustração e dos conceitos referentes a formação das


descargas atmosféricas, conclui-se que a presença do ar funciona como um dielétrico,
e em conformidade com as condições ambientais, sua rigidez será elevada. Contudo,
devido ao aumento do gradiente de tensão que poderá superar sua rigidez dielétrica,
haverá a migração de cargas negativas da nuvem para a terra, identificada por um
líder descendente com uma trajetória normalmente ramificada. A ionização do ar
seguida da descarga descendente que mais se aproxima do solo, é também
identificada como descarga piloto.
A ionização do ar pela descarga piloto propicia condições favoráveis de
condutibilidade do meio, e nesse efeito forma-se outro fenômeno, chamado de
descarga de retorno, que é resultante do elevado gradiente de tensão, e da
aproximação de uma das ramificações da descarga em relação ao solo. A descarga
de retorno, denominada descarga ascendente, é constituída por cargas positivas de
retorno da terra para a nuvem.
Após a descarga de retorno, será formada uma outra mais acentuada, chamada
de descarga principal, com deslocamento de cargas negativas da nuvem em direção
a terra. A intensidade da descarga principal, faz com que haja um grande
deslocamento de massa de ar, devido à ampla elevação da temperatura do ar, e
consequentemente um repentino aumento em seu volume. Com o deslocamento da
massa de ar, surge outro fenômeno conhecido por trovão.
Caso as nuvens após a descarga principal ainda acumulem uma quantidade
elevada de cargas não neutralizadas, ocorrerá descargas reflexas ou múltiplas,
25

semelhantes a descarga principal. Outros dados acerca da formação das descargas


atmosféricas, podem ser consultados no site do ELAT/INPE.

1.2. PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

A NBR 5419:2015 apresenta dados referentes a probabilidade de ocorrência


de descargas atmosféricas em função de sua corrente de pico, a fim de se determinar
o NP (nível de proteção). Os dados são obtidos a partir da tabela 1.

Tabela 1: Valores de probabilidade P em função da corrente I da descarga


atmosférica
I (kA) P (%)
0 1
3 0,99
5 0,95
10 0,9
20 0,8
30 0,6
35 0,5
40 0,4
50 0,3
60 0,2
80 0,1
100 0,05
150 0,02
200 0,01
300 0,005
400 0,002
600 0,001

Fonte: NBR 5419-1:2015

Segundo a NBR 5419:2015, a tabela pôde ser idealizada através dos dados
obtidos de um estudo feito pelo International Council on Large Electrical Systems
(CIGRE), sobre os parâmetros da corrente das descargas atmosféricas,
disponibilizados no anexo A, e também através da distribuição logarítmica normal dos
26

parâmetros da corrente de descargas atmosféricas, média µ e dispersão σlog,


calculados para 95% e 5%, disponibilizada no Anexo B.
Com os valores da Tabela 1, a NBR 5419:2015 afirma que pode ser
determinada a probabilidade de ocorrência para qualquer valor de parâmetro de
descarga atmosférica.

1.3. ONDA TÍPICA DE UMA DESCARGA ATMOSFÉRICA

A partir dos estudos feitos sobre as descargas atmosféricas, comprovou-se que


a corrente da descarga tem apenas uma polaridade, ou seja, uma só direção
(MAMEDE et al., 2017). Com está afirmação, pôde-se determinar uma forma de onda
típica de descarga atmosférica, conforme a figura 6.

Figura 6: Forma de onda típica da corrente

Fonte: Mamede (2017)

Para compreender a forma de onda, segue-se o raciocínio: A onda atinge seu


valor máximo em V2 (valor de crista) em um intervalo de tempo T2 (frente de onda),
que pode variar entre 1 a 10 µs. Em seguida, o valor da tensão começa a cair e chega
em seu valor médio V1 (tempo de meia cauda), no intervalo de tempo T1, de 20 a 50
µs. A tensão continua a cair e chega a praticamente zero em V ≈ 0, com intervalo de
tempo T0 (tempo de cauda), compreendido entre 100 e 200 µs.
Existe uma normalização para formas de onda de tensão e corrente, esta
normalização pode ser verificada a partir da citação:
27

A onda de tensão característica foi normalizada para valores T1 = 50


µs e T2 = 1, 5 µs, normalmente conhecida como onda de 1, 2 x 50 µs. Já a
onda característica da corrente de descarga foi normalizada para T1 = 20 µs
e T2 = 8 µs, também conhecida como onda 8 a 20 µs (MAMEDE, 2017, P.
600).

Os conceitos aqui apresentados sobre a forma de onda de uma descarga


atmosférica, e seus valores típicos de corrente e tensão, tem grande importância para
estudos destinados a criação de projetos de SPDA. Com esses conceitos, é possível
fazer o dimensionamento dos condutores e dos para-raios destinados a proteção de
construções, ou linhas elétricas de maneira segura e eficaz.

1.4. PROTEÇÃO PARA O INDIVÍDUO

Em situações de ocorrências de descargas atmosféricas, é necessário que o


indivíduo procure por um abrigo, preferencialmente com proteção de descargas
atmosféricas, ou túneis, grandes estruturas de concreto (mesmo que não possua
proteção contra descarga atmosférica), automóveis (desde que devidamente
fechados e dotados de superfície metálica). Na impossibilidade, deve-se tomar
algumas medidas de proteção. MAMEDE (2017) lista algumas dessas medidas:

 Retirar-se da água evitando a posição de nado;


 Evitar caminhar pela praia ou permanecer na areia, e procurar um abrigo;
 No interior de um barco ou jangada, por exemplo, praticando pesca, recolher
as varas, colocando-as no interior do barco, mantendo-se abaixado se
possível, e retirar-se do barco em segurança, e em seguida procurar por um
abrigo;
 Interromper práticas esportivas ao ar livre, e procurar um abrigo;
 Evitar permanecer em picos de morros elevados;
 Evitar locais abertos, como estacionamentos ou área rural;
 Evitar permanecer sob árvores isoladas, e se não encontrar abrigo é
preferível procurar locais com maior número de árvores. Não ficar deitado,
deve procurar ficar agachado e com a cabeça baixa.

Seguidas as orientações apresentadas, é possível reduzir significativamente o


risco de acidentes decorrentes das descargas atmosféricas.
28

2. ANÁLISE DA NECESSIDADE DE UM SPDA

Quando é realizada uma análise a fim de se determinar a necessidade da


implantação de um SPDA a uma estrutura, a verificação dos riscos se faz necessária,
pois estabelece uma relação numérica de prováveis perdas médias anuais (MAMEDE,
2017). Esse contexto refere-se aos danos e perdas causadas pelas descargas
atmosféricas, que poderão atingir a estrutura.

2.1. VERIFICAÇÃO DAS COMPONENTES DANOS E PERDAS

Para a facilitação da identificação das fontes, e os tipos de danos e perdas, a


norma que trata sobre o gerenciamento de riscos em projetos de sistemas de proteção
contra descargas atmosféricas, identificada como NBR 5419-2:2015, estabelece uma
codificação a essas variáveis, para a definição da necessidade ou não de
implementação de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas a
determinada estrutura. Essas variáveis são identificadas como:

a) Fontes De Danos

 S1: descarga atmosférica que atinge a estrutura;


 S2: descarga atmosférica que atinge áreas próximas a estrutura;
 S3: descarga atmosférica que atinge a linha de energia elétrica, linha
telefônica e cabo de internet;
 S4: descarga atmosférica que atinge as proximidades da linha de energia
elétrica, linha telefônica e cabo de internet.

Para essas variáveis, a corrente da descarga atmosférica é a principal fonte de


dano (NBR 5419-2:2015).

b) Tipos De Danos

 D1: ferimentos a seres vivos por choque elétrico;


 D2: danos físicos;
29

 D3: falhas de sistemas eletroeletrônicos.

Os danos causados a estrutura, dependerá do seu tipo e suas características,


as características mais importantes são: (i) a constituição da estrutura (concreto
armado, aço e etc.), (ii) tipo de serviço executado no interior da estrutura, e (iii)
medidas de proteção existentes (NBR 5419-2:2015).

c) Tipos De Perdas

Os tipos de perdas, sozinhas ou combinadas podem produzir diferentes perdas


consequentes em uma estrutura a ser protegida. Elas acontecem dependendo das
características da estrutura e do seu conteúdo (NBR 5419-2:2015). As perdas que
devem ser levadas em consideração são:

 L1: ferimentos a seres vivos por choque elétrico;


 L2: perda de serviço público;
 L3: perda de patrimônio cultural;
 L4: perda de valores econômicos.

A NBR 5419-2:2015, ainda apresenta uma tabela para a identificação dos tipos
de danos e perdas de acordo com o ponto de impacto da descarga atmosférica, que
pode ser consultada no Anexo D deste trabalho.

2.2. VERIFICAÇÃO DE RISCOS E COMPONENTES DE RISCO

Considera-se o risco R, como um valor relativo à perda média anual provável


(NBR 5419-2:2015). Para cada tipo de perda provável na estrutura, os riscos que
devem ser considerados são:

 R1: risco de perda de vida humana (incluindo ferimentos permanentes);


 R2: risco de perda de serviço público;
 R3: risco de perda de patrimônio cultural;
 R4: risco de perdas de valores econômicos.
30

Na avaliação de risco R, a NBR 5419-2:2015 estabelece que os relevantes


componentes de risco devem ser definidos e calculados. Contudo, os riscos parciais
dependem da fonte e do tipo de dano ao qual ficam submetidas as estruturas, diante
da ocorrência das descargas atmosféricas. A forma básica que avalia o nível de risco
é dada pela equação (1).

𝑅 =𝑁 ∗𝑃 ∗𝐿 (1)

Onde:

 Rx: componente de risco devido a um evento perigoso causado por uma


descarga atmosférica;
 Nx: número de eventos perigosos decorrentes de descargas atmosféricas
ocorridas no intervalo de um ano, valor determinado na seção 2.5;
 Px: probabilidade de ocorrência de dano à estrutura, valor determinado na
seção 2.7;
 Lx: perda consequente de um evento perigoso causado por uma descarga
atmosférica, valor determinado na seção 2.8.

2.3. PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA GERENCIAMENTO DE RISCOS

A proposta deste estudo em apresentar os métodos de proteção aplicados a


edificações, tem como responsabilidade garantir a integridade física aos seres vivos,
e a proteção contra falhas de sistemas eletroeletrônicos contidos na estrutura. Sendo
assim, serão abordados apenas o componente de risco R1, o tipo de perda L1, e as
fontes de danos D1, D2 e D3. O procedimento para o gerenciamento de risco segundo
a NBR 5419-2:2015, deverá obedecer às etapas:

 Identificação da estrutura e suas características;


 Identificação de todos os tipos de perdas na estrutura e os equivalentes
riscos significativos R (neste caso, será considerado apenas o R1);
 Avaliação do risco R para cada tipo de perda R1 a R4 (avaliação de R1, para
este caso);
31

 Avaliação da necessidade de proteção, por meio da confrontação dos riscos


R1, R2 e R3 com os riscos toleráveis RT;
 Avaliação da eficiência da proteção pela confrontação do custo total das
perdas com ou sem medidas de proteção.

Considerando-se apenas o cálculo da componente de risco R1, e obtendo-se


um valor ao final do cálculo superior a RT = 10-5 (risco tolerável), deverá ser
considerada a proteção por meio de um projeto de SPDA, e seu nível de proteção, ou
classe será compreendida entre I e IV. A verificação dessa exigência, encontra-se na
tabela 2.

Tabela 2: Valores típicos de risco tolerável RT.


Tipo de perda RT(y-1)

L1 Perda de vida humana ou ferimentos permanentes 10-5

L2 Perda de serviço público 10-3


L3 Perda de patrimônio cultural 10-4

Fonte: NBR 5419-2:2015

2.4. ESTRUTURA CONSIDERADA PARA UMA ANÁLISE DE RISCO

É considerado pela NBR 5419-2:2015, os eventos perigosos:

 Descargas atmosféricas atingindo a estrutura;


 As instalações da estrutura;
 O conteúdo da estrutura;
 As pessoas na estrutura ou nas zonas até 3 m para fora da estrutura;
 O meio ambiente afetado por danos a estrutura.

Em complemento, a NBR 5419-2:2015 estabelece que a proteção não inclui


linhas fora da estrutura, a não ser que esta esteja conectada a ela, e além disso
estabelece que a estrutura poderá ser subdivida em zonas, conforme critérios anexos
no item 6.7 da norma referenciada.
32

Os eventos perigosos podem ser avaliados a partir de sua densidade, conforme


exposto na figura 7, que caracteriza uma região onde é localizada a estrutura ou
edificação, bem como suas características físicas.

Figura 7: Mapa da densidade de descargas atmosféricas adaptado


(descargas/km²/ano)

Fonte: Creder (2016)

O mapa foi desenvolvido pelo ELAT/INPE, a partir dos registros de pulsos


luminosos capturados do espaço, pelo Ligthning Imaging Sensor (LIS), a bordo do
satélite Tropical Raifall Meassuring Mission (TRMM), da NASA, durante o período de
1998 a 2011.
33

2.5. ANÁLISE DO NÚMERO MÉDIO ANUAL Nx DE EVENTOS PERIGOSOS

Segundo a NBR 5419-2:2015, para a avaliação do número médio anual Nx de


eventos perigosos decorrentes das descargas atmosféricas, serão consideradas as
descargas que atingem tanto a estrutura, como as estruturas adjacentes. Ademais, a
norma esclarece que esse número depende da atividade atmosférica da região onde
a estrutura está localizada, assim como suas características físicas.
Para estabelecer o cálculo do número Nx, deve-se obter o produto da densidade
de descargas atmosféricas para a terra (NG), obtido no site do ELAT/INPE, pela área
de exposição equivalente da estrutura a ser protegida. Contudo, leva-se em
consideração os fatores de correção para as características físicas da estrutura.

2.5.1. Determinação Da Área De Exposição Equivalente AD e AD’

Segundo a NBR 5419-2:2015, para a determinação da área de exposição


equivalente, leva-se em consideração dois tipos de edificações:

a) Estrutura Retangular

A determinação da área de exposição de uma estrutura retangular de


comprimento Le, largura W e e altura He em uma superfície plana (ver figura 8), é dada
pela equação (2).

𝐴 = 𝐿 ∗ 𝑊 + 2 ∗ (3 ∗ 𝐻 ) ∗ (𝐿 + 𝑊 ) + π ∗ (3 ∗ 𝐻 )² (2)

Onde:

 AD: área da estrutura equivalente para superfícies planas e retangulares, em


metro quadrado (m²);
 Le: comprimento da estrutura a ser protegida, em metro (m);
 We: largura da estrutura a ser protegida, em metro (m);
 He: altura da estrutura a ser protegida, em metro (m).
34

Figura 8: Estrutura isolada localizada em superfície plana

Fonte: Mamede (2017)

b) Estrutura Complexa

De acordo com a NBR 5419-2:2015, se a estrutura possuir saliências na


cobertura, como na figura 9, deve-se utilizar um método gráfico para a avaliação de
AD, empregando-se a equação (3).

𝐴 ′ = π ∗ (3 ∗ 𝐻 )² (3)

Onde:

 AD’: área da estrutura equivalente para estruturas complexas atribuídas à


saliência construída sobre a estrutura, em metro quadrado (m²);
 He: altura da saliência construída sobre a estrutura, em metro (m).
35

Figura 9: Área de uma estrutura complexa

Fonte: Mamede (2017)

O maior valor calculado de AD, é o valor da área de exposição equivalente,


considerando He e Hmin (altura mínima da estrutura), e a área de exposição equivalente
obtida, AD’.

2.5.2. Localização Relativa Da Estrutura

A localização relativa da estrutura quando exposta separadamente ou


equiparada por estruturas adjacentes, deve ser considerada pelo fator de localização
(CD) da estrutura (ver tabela 3), associada a cada condição de sua posição em relação
aos obstáculos próximos (NBR 5419-2:2015).
36

Tabela 3: Fator de localização da estrutura CD

Localização Relativa CD
Estrutura cercada por objetos mais altos 0,25
Estrutura cercada por objetos da mesma altura ou mais baixos 0,5
Estrutura isolada: nenhum outro objeto nas vizinhanças 1
Estrutura isolada no topo de uma colina ou monte 2

Fonte: NBR 5419-2:2015

Com os dados da tabela, observa-se que o fator de localização (CD), decresce


à proporção que a estrutura é compensada por estruturas circunvizinhas e mais altas,
e cresce à medida que a estrutura fica exposta, ou isolada.

2.5.3. Número De Eventos Perigosos ND Para A Estrutura

Em conformidade com a NBR 5419-2:2015, a determinação do número de


eventos perigosos de uma estrutura (ND), é feita através da equação (4).

𝑁 = 𝑁 ∗ 𝐴 ∗ 𝐶 ∗ 10 /𝑎𝑛𝑜 (4)

Onde:

 NG: é a densidade de descargas atmosféricas para a terra (ver figura 7), em


(1/km² x ano);
 AD: é a área de exposição equivalente da estrutura (ver figura 10), em metro
quadrado (m²);
 CD: é o fator de localização da estrutura (ver tabela 3).

2.5.4. Número De Eventos Perigosos NDJ Para Uma Estrutura Adjacente

Para a determinação do número de eventos perigosos de uma estrutura


adjacente (NDJ), aplica-se a equação (5).

𝑁 =𝑁 ∗ 𝐴 ∗ 𝐶 ∗ 𝐶 ∗ 10 /ano (5)
37

Onde:

 NG: é a densidade de descargas atmosféricas para a terra (ver figura 7), em


(1/km² x ano);
 ADJ: é a área de exposição equivalente da estrutura (ver figura 10), em metro
quadrado (m²);
 CDJ: é o fator de localização da estrutura (ver tabela 3);
 CT: é o fator tipo de linha (ver tabela 5).

2.5.5. Avaliação Do Número Médio Anual De Eventos Perigosos NM Devido A


Descargas Atmosféricas Próxima A Estrutura

Segundo a NBR 5419-2:2015, o valor de NM é obtido a partir da equação (6).

𝑁 = 𝑁 ∗ 𝐴 ∗ 10 /ano (6)

Onde:

 NG: é a densidade de descargas atmosféricas para a terra (ver figura 7), em


(1/km² x ano);
 AM: é a área de exposição equivalente de descargas atmosféricas que
atingem próxima à estrutura (ver figura 10), em metro quadrado (m²);

Ainda segundo a norma, a área de exposição equivalente AM que se estende a


uma distância de 500 m do perímetro da estrutura (ver figura 10), é determinada pela
equação (7).

𝐴 = 2 ∗ 500 ∗ (𝐿 + 𝐻) + π ∗ 500² (m²) (7)


38

2.6. AVALIAÇÃO DO NÚMERO MÉDIO ANUAL DE EVENTOS PERIGOSOS NL


DEVIDO A DESCARGAS PRÓXIMA A LINHA E NA LINHA DE ENERGIA
ELÉTRICA

De acordo com a NBR 5419-2:2015, uma linha de energia elétrica pode abarcar
múltiplas seções, e para cada seção da linha, o valor de NL poderá ser avaliado pela
equação (8).

𝑁 = 𝑁 = 𝑁 * 𝐴 * 𝐶 * 𝐶 * 𝐶 * 10 /ano (8)

Onde:

 NL e NI: é o número de sobretensões de amplitude ≥ 1kV (1/ano) na seção


da linha;
 NG: é a densidade de descargas atmosféricas para a terra, na linha ou
próxima dela (ver figura 7), em (1/km² x ano);
 AL: é a área de exposição equivalente da estrutura (ver figura 10), em metro
quadrado (m²);
 CI: é o fator de instalação da linha (ver tabela 4);

Tabela 4: Fator de instalação da linha CI

Roteamento Cl
Aéreo 1
Enterrado 0,5
Cabos enterrados instalados completamente dentro de uma malha de aterramento
0,01
(NBR 5419-2:2015, Item 5,2).

Fonte: NBR 5419-2:2015

 CT: é o fator tipo de linha (ver tabela 5).


39

Tabela 5: Fator tipo de linha CT

Instalação CT
Linha de energia ou sinal 1
Linha de energia em AT (com transformador AT/BT) 0,2

Fonte: NBR 5419-2:2015

 CE: é o fator ambiental (ver tabela 6).

Tabela 6: Fator ambiental da linha CE

Localização Relativa CE
Rural 1
Suburbano 0,5
Urbano 0,1
Urbano com edifícios mais altos que 20 m 0,01

Fonte: NBR 5419-2:2015

Para a área de exposição equivalente da linha de energia, emprega-se a


equação (9).

𝐴 = 40 * 𝐿 (9)

Onde:

 LL: é o comprimento da seção da linha, dado em metro (m).

E para a área de exposição equivalente para descargas atmosféricas próximas


a linha, utiliza-se a equação (10).
𝐴 = 4000 * 𝐿 (10)

Onde:

 LL: é o comprimento da seção da linha, dado em metro (m).


40

Quando o comprimento da linha é desconhecido, assume-se LL = 1000 m.

Para uma avaliação mais precisa de AL, a NBR 5419-2:2015, sugere uma
consulta mais detalhada na Electra nº 161 e 162, para linhas de energia, e na
International Telecommunication Union (ITU-T); Recomendação K.46, para linhas de
sinais.
A NBR 5419-2:2015, faz uma ressalva a tabela 4, em análise a resistividade do
solo, e indica que quanto maior for essa resistividade, maior será a área de exposição
equivalente (AL) de seções enterradas. Desse modo, a tabela adota uma resistividade
ρ= 400Ω. Maiores detalhes podem ser consultados na ITU-T, recomendação K.47.

Figura 10: Áreas de exposição equivalente (AD, AM, AI e AL)

Fonte: NBR 5419-2:2015

2.7. AVALIAÇÃO DA PROBABILIADADE DE DANOS PX

2.7.1. Probabilidade Pa De Uma Descarga Atmosférica Em Uma Estrutura Causar


Ferimentos A Seres Vivos Por Choque Elétrico

Dependem do SPDA utilizado e das medidas de proteção suplementares


admitidas; os valores de probabilidade Pa de choque a seres vivos devido a tensão de
toque e passo, proveniente de uma descarga atmosférica (NBR 5419-2:2015). Essa
probabilidade pode ser obtida a partir da equação (11).
41

𝑃 =𝑃 *𝑃 (11)

Onde:

 Pta: depende das medidas de proteção adicionais adotadas, conforme a


tabela 7.

Tabela 7: Valores de probabilidade Pta de uma descarga atmosférica atingir uma


estrutura e causar choque a seres vivos devido a tensões de passo e de toque

Medida de proteção adicional Pta


Nenhuma medida de proteção 1
Avisos de alerta 10-1
Isolação elétrica, por exemplo, de pelo menos 3 mm de polietileno reticulado das
10-2
partes expostas (condutores de descida)
Equipotencialização efetiva do solo 10-2
Restrições físicas ou estrutura do edifício utilizada como subsistema de descida 0

Fonte: NBR 5419-2:2015

 Pb: depende do nível de proteção contra descargas atmosféricas (NP) para


o qual o SPDA foi projetado, conforme a tabela 8.

Os valores de Pta, somente são efetivos para estruturas protegidas por SPDA,
ou estruturas de concreto armado atuando como SPDA de descida natural. E caso
mais de uma medida para Pta for tomada, o resultado será o produto dos valores
correspondentes.

2.7.2. Probabilidade Pb De Danos Físicos Causados Por Uma Descarga Atmosférica


Em Uma Estrutura

Os valores de Pb para a redução da probabilidade de ocorrência de danos


físicos, segundo a NBR 5419-2:2015, é aplicável em função do nível de proteção para
redução de danos físicos, que se encontra na tabela 8.
42

Tabela 8: Valores de probabilidade Pb em função das medidas de proteção para


reduzir danos físicos a estrutura

Características da estrutura Classe do SPDA Pb


Estrutura não protegida por SPDA - 1
IV 0,2
III 0,1
Estrutura protegida por SPDA
II 0,05
I 0,02
Estrutura com subsistema de captação conforme SPDA classe I e uma estrutura metálica
0,01
contínua ou de concreto armado, atuando como um subsistema de descida natural
Estrutura com cobertura metálica e um subsistema de captação, possivelmente incluindo
componentes naturais, com proteção completa de qualquer instalação na cobertura contra
0,001
descargas atmosféricas diretas, e uma estrutura metálica contínua ou de concreto armado
atuando como um subsistema de descida natural

Fonte: NBR 5419-2:2015

Segundo a NBR 5419-2:2015, valores de Pb diferentes são praticáveis, se


baseados em uma investigação detalhada, e considerando-se os requisitos de
dimensionamento e critérios de intercepção definidos pela NBR 5419-1:2015. Demais
informações podem ser consultadas no Anexo B da norma 5419-2:2015.

2.7.3. Probabilidade Pc De Uma Descarga Atmosférica Em Uma Estrutura Causar


Falhas A Sistemas Internos

Para medidas adequadas de proteção contra falhas em sistemas internos,


como os circuitos elétricos da instalação e equipamentos de tecnologia da informação,
poderá ser empregado o sistema DPS (Dispositivos de Proteção contra
Sobretensões), devendo-se realizar coordenações entre seus elementos (MAMEDE,
2017), cujos valores podem ser calculados a partir da equação (12).

𝑃 =𝑃 *𝐶 (12)

Onde:

 PSPD: depende do sistema coordenado de DPS, conforme a (NBR 5419-


4:2015), e do nível de proteção contra descargas atmosféricas (NP) para o
43

qual os DPS foram projetados. Valores para PSPD podem ser consultados na
tabela 9.

Tabela 9: Valores de probabilidade PSPD em função do NP para o qual os DPS foram


projetados

Nível de proteção (NP) PSPD


Nenhum sistema de DPS coordenado 1
III – IV 0,05
II 0,02
I 0,01
Para DPS com melhores características de proteção quando comparados com
0,005 – 0,001
os requisitos definidos para NP I

Fonte: NBR 5419-2:2015

 CLD: fator que depende das condições de blindagem, aterramento e


isolamento da linha a qual o sistema interno está conectado. São fornecidos
pela tabela 10.

Tabela 10: Valores dos fatores CLD e CLI em função das condições de blindagem,
aterramento e isolamento

Tipo de Linha externa Conexão de entrada CLD CLI


Linha aérea não blindada Indefinida 1 1
Linha enterrada não blindada Indefinida 1 1
Linha de energia com neutro
Nenhuma 1 0,2
multiaterrado
Blindagem não interligada ao mesmo
Linha enterrada blindada (energia ou
barramento de equipotencialização que 1 0,3
sinal)
o equipamento
Blindagem não interligada ao mesmo
Linha aérea blindada (energia ou sinal) barramento de equipotencialização que 1 0,3
o equipamento
Blindagem interligada ao mesmo
Linha enterrada blindada (energia ou
barramento de equipotencialização que 1 0,1
sinal)
o equipamento
Blindagem interligada ao mesmo
Linha aérea blindada (energia ou sinal) barramento de equipotencialização que 1 0
o equipamento
44

Continuação da tabela 10

Cabo protegido contra descargas


atmosféricas ou cabeamento em dutos Blindagem interligada ao mesmo
para cabos protegidos contra descargas barramento de equipotencialização que 0 0
atmosféricas, eletroduto metálico ou o equipamento
tubos metálicos
Sem conexões com linhas externas
Nenhuma linha externa 0 0
(sistemas independentes)
Interfaces isolantes de acordo com a
Qualquer tipo 0 0
NBR 5419-4:2015

Fonte: NBR 5419-2:2015

2.7.4. Probabilidade PM De Uma Descarga Atmosférica Atingir Um Local Próximo A


Estrutura E Causar Falhas Em Sistemas Internos

São considerados adequados para medidas de proteção para redução do PM;


um SPDA em malha, sistema coordenado de DPS, interfaces isolantes, blindagens
com malha, tensão suportável aumentada e precauções de roteamento (NBR 5419-
2:2015). Para a determinação do valor PM, emprega-se a equação (13).

𝑃 =𝑃 *𝑃 (13)

Com a finalidade de se obter o entendimento da equação, é necessário que se


faça algumas considerações quanto aos fatores que a constitui. Dessa forma, denota-
se que os valores de PMS são calculados pela equação (14).

𝑃 = (𝐾 * 𝐾 * 𝐾 * 𝐾 )² (14)

Os fatores constituintes da equação (14) são identificados pela NBR 5419-


2:2015 como:

a) KS1

Função da eficiência por blindagem por malha na estrutura do projeto de SPDA,


e seu valor deve ser menor ou igual a 1. Para o cálculo, aplica-se a equação (15).
45

𝐾 = 0,12 ∗ 𝑊 (15)

b) KS2

É a função da eficiência por blindagem através da malha interna à estrutura, e


seu valor deve ser ≤ 1. Para o cálculo, aplica-se a equação (16).

𝐾 = 0,12 ∗ 𝑊 (16)

c) KS3

Fator que leva em consideração as características da fiação interna, conforme


apresentado na tabela 11.

d) KS3

É o fator que considera a tensão suportável de impulso do sistema a ser


protegido. Calculado pela equação (17).

𝐾 = (17)

Onde:

 Wm1 e W m2: larguras da blindagem em forma de grade, ou dos condutores de


descida do SPDA tipo malha, ou o espaçamento entre as colunas metálicas
da estrutura, ou o espaçamento entre as estruturas de concreto armado
atuando como um SPDA natural. Para blindagens metálicas contínuas com
espessura não inferior a 0,1 mm, KS1 = KS2 = 10-6 (NBR 5419-2:2015);
 UW: tensão suportável nominal de impulso do sistema a ser protegido, em
kV.
46

Tabela 11: Fator KS3 em função dos cabos da instalação interna

Tipo de fiação interna KS3


Cabo não blindado – sem preocupação no roteamento no sentido de evitar laços (a) 1
Cabo não blindado – preocupações no roteamento no sentido de evitar laços (b) 0,2
Cabo não blindado – preocupação no roteamento no sentido de evitar laços (c) 0,01
Cabo blindado e cabos instalados em eletrodutos metálicos (d) 0,0001
a) Condutores em laço com diferentes roteamentos em grandes edifícios (áreas do laço da
ordem de 50 m²);
b) Condutores em laço roteados em um mesmo eletroduto ou condutores em laço com
diferentes roteamentos em edifícios pequenos (área do laço da ordem de 10 m²);
c) Condutores em laço roteados em um mesmo cabo (área do laço da ordem de 0, 5 m²);
d) Blindados e eletrodutos metálicos interligados a um barramento de equipotencialização em
ambas extremidades e equipamentos estão conectados no mesmo barramento de
equipotencialização.

Fonte: NBR 5419-2:2015

2.7.5. Probabilidade PU De Uma Descarga Atmosférica Em Uma Linha De Energia


Causar Ferimentos A Seres Vivos

O fator PU, resume-se nas características de blindagem da linha, tensão


suportável de impulso dos sistemas internos conectados a linha, medidas de
restrições físicas ou avisos visíveis de alerta, e DPS utilizados na entrada da linha
(NBR 5419-2:2015). Para estabelecer a probabilidade PU, aplica-se a equação (18).

𝑃 =𝑃 *𝑃 *𝑃 *C (18)

Onde:

 PTU: depende das medidas de proteção contra tensões de toque, como


restrições físicas ou avisos de alerta, dados na tabela 12;
47

Tabela 12: Valores de probabilidade PTU de uma descarga atmosférica, em uma


linha que adentre a estrutura causar choque a seres vivos devido a tensões de toque
perigosas

Nível de proteção (NP) PTU


Nenhuma medida de proteção 1
Avisos visíveis de alerta 10-1
Isolação elétrica 10-2
Restrições físicas 0

Fonte: NBR 5419-2:2015

 PEB: depende das ligações equipotenciais para descargas atmosféricas (EB)


conforme a NBR 5419-3:2015, e do nível de proteção contra descargas
atmosféricas (NP) para o qual o DPS foi projetado, dados na tabela 13;

Tabela 13: Valores de probabilidade PEB em função do NP para o qual os DPS


foram projetados

Nível de proteção (NP) PEB


Sem DPS 1
III – IV 0,05
II 0,02
I 0,01
Os valores de PEB podem ser reduzidos para DPS
que tenham melhores características de proteção 0,005 – 0,001
comprados com os requisitos definidos pela NP I

Fonte: NBR 5419-2:2015

 PLD: fator de probabilidade de falha de sistemas internos devido a uma


descarga atmosférica na linha conectada dependendo das características da
linha, dados na tabela 14;
 CLD: fator dependente da blindagem, do aterramento e das condições de
isolação da linha, dados na tabela 10.
48

Tabela 14: Valores de probabilidade PLD dependendo da resistência RS da


blindagem do cabo e da tensão suportável do impulso UW do equipamento

Tensão suportável UW em
Tipo de
Condições do roteamento, blindagem e interligação kV
linha
1 1,5 2,5 4 6
Linha aérea ou enterrada, não blindada ou com a
blindagem não interligada no mesmo barramento de 1 1 1 1 1
Linhas equipotencialização do equipamento
de Blindagem aérea ou enterrada, 5 Ω/km < RS ≤ 20
1 1 0,95 0,9 0,8
energia cuja blindagem está interligada Ω/km
ou sinal ao mesmo barramento de 1 Ω/km < RS ≤ 5 Ω/km 0,9 0,8 0,6 0,3 0,1
equipotencialização do
RS ≤ 1 Ω/km 0,6 0,4 0,2 0,04 0,02
equipamento

Fonte: NBR 5419-2:2015

2.7.6. Probabilidade PV De Uma Descarga Atmosférica Atingir Uma Linha De Energia


Causar Danos Físicos

A probabilidade PV, depende das características de blindagem da linha, tensão


suportável de impulso dos sistemas internos conectados a linha, e DPS utilizados na
entrada da linha (NBR 5419-2:2015). O estabelecimento da probabilidade PV, é feito
através da equação (19).

𝑃 =𝑃 *𝑃 *C (19)

Onde:

 PEB: sujeita-se as ligações equipotenciais para descargas atmosféricas (EB)


conforme a NBR 5419-3:2015, e do nível de proteção contra descargas
atmosféricas (NP) para o qual o DPS foi projetado, dados na tabela 13;
 PLD: fator de probabilidade de falha de sistemas internos devido a uma
descarga atmosférica na linha conectada dependendo das características da
linha, dados na tabela 14;
 CLD: fator dependente da blindagem, do aterramento e das condições de
isolação da linha, dados na tabela 10.
49

2.7.7. Probabilidade PW De Uma Descarga Atmosférica Em Uma Linha Causar


Falhas A Sistemas Internos

A instauração da probabilidade PW de uma descarga atmosférica adentrar a


estrutura através da linha de energia e causar falhas a sistemas internos, depende
das características de blindagem da linha, dos sistemas coordenados de DPS,
interface isolantes e tensão suportável dos sistemas internos conectados a linha (NBR
5419-2:2015). Para a definição do cálculo, utiliza-se a equação (20).

𝑃 =𝑃 *𝑃 *𝐶 (20)

Onde:

 PSPD: sujeita-se ao sistema coordenado de DPS, conforme a (NBR 5419-


4:2015), e do nível de proteção contra descargas atmosféricas (NP) para o
qual os DPS foram projetados. Valores para PSPD podem ser consultados na
tabela 9;
 PLD: fator de probabilidade de falha de sistemas internos devido a uma
descarga atmosférica na linha conectada dependendo das características da
linha, dados na tabela 14;
 CLD: fator que depende das condições de blindagem, aterramento e
isolamento da linha a qual o sistema interno está conectado. São fornecidos
pela tabela 10.

2.7.8. Probabilidade PZ De Uma Descarga Atmosférica Perto De Uma Linha Causar


Falhas A Sistemas Internos

A instauração da probabilidade PZ de uma descarga atmosférica próxima a


estrutura, e adentrar através da linha de energia, causando falhas a sistemas internos,
depende das características de blindagem da linha, dos sistemas coordenados de
DPS, interface isolantes e tensão suportável dos sistemas internos conectados a linha
(NBR 5419-2:2015). Para a definição do cálculo, utiliza-se a equação (21).
50

𝑃 =𝑃 *𝑃 *𝐶 (21)

Onde:

 PSPD: depende do sistema coordenado de DPS, conforme a (NBR 5419-


4:2015), e do nível de proteção contra descargas atmosféricas (NP) para o
qual os DPS foram projetados. Valores para PSPD podem ser consultados na
tabela 9;
 PLI: fator de probabilidade de falha de sistemas internos devido a uma
descarga atmosférica perto de uma linha conectada, dependendo das
características da linha e equipamentos conectados, dados na tabela 15;
 CLI: fator que depende das condições de blindagem, aterramento e
isolamento da linha a qual o sistema interno está conectado. São fornecidos
pela tabela 10.

Tabela 15: Valores de probabilidade PLI dependendo do tipo de linha e da tensão


suportável de impulso UW dos equipamentos

Tensão suportável UW em (kV)


Tipo de linha
1 1,5 2,5 4 6
Linhas de energia 1 0,6 0,3 0,16 0,1
Linhas de sinais 1 0,5 0,2 0,08 0,04

Fonte: NBR 5419-2:2015

2.8. ANÁLISE DA QUANTIDADE DE PERDA (LX)

A perda LX é a quantidade relativa média de um tipo de dano causado por uma


descarga atmosférica. De tal modo, é aconselhado que os valores da quantidade de
perdas LX sejam examinados e estabelecidos pelo projetista ou dono da estrutura
onde será inserido o SPDA (NBR 5419-2:2015), como exposto na seção 2.1, “item C”.
Os dados apresentados por este trabalho, estão relacionados apenas a perda L1
(perdas de vida humana).
51

2.8.1. Perda De Vida Humana L1

A análise de perda de vida humana L1, leva em consideração os tipos de danos


que são causados por uma descarga atmosférica, correlacionados ao tipo de
estrutura, ao tipo de serviço executado no interior da estrutura e as medidas de
proteção existentes, como sistemas de DPS coordenados (MAMEDE, 2017). Para o
cálculo de L1, serão considerados os riscos (D1, D2 e D3), explanados através das
equações (22) a (24) em conformidade a norma NBR 5419-2:2015.

 Tipo de dano D1: ferimentos a seres vivos por choque elétrico.

𝐿 =𝐿 =𝑟 ∗𝐿 * ∗ (22)

Segundo a norma, a perda de vidas humanas é afetada pelas características


da zona. Portanto, a expressão ∗ é denominada fator para pessoas na zona.

 Tipo de dano D2: danos físicos.

𝐿 =𝐿 =𝑟 ∗𝑟 ∗𝐻 ∗𝐿 * ∗ (23)

 Tipo de dano D3: falhas em sistemas eletroeletrônicos

𝐿 = 𝐿 =𝐿 =𝐿 =𝐿 * ∗ (24)

Onde:

 LT: número relativo médio típico de feridos por choque elétrico devido a um
evento perigoso (D1), dados na tabela 16;
 LF: número relativo médio típico de vítimas por danos físicos devido a um
evento perigoso (D2), dados na tabela 16;
 LO: número relativo médio típico de vítimas por falhas de sistemas internos
devido a um evento perigoso (D3), dados na tabela 16.
52

Tabela 16: Tipo de perda L1: valores médios típicos de LT, LF e LO

Tipo de dano Valor de perda típico Tipo de estrutura


D1
LT 10-2 Todos os tipos
Ferimentos
10-1 Risco de explosão
10-1 Hospital, hotel, escola, edifício cívico
D2
LF 5x10-2 Entretenimento público, igreja, museu
Danos físicos
2x10-2 Industrial, comercial
10-2 Outros
D3 10-1 Risco de explosão
Falhas de Unidade de terapia intensiva e bloco
LO 10-2
sistemas cirúrgico de hospital
internos 10-3 Outras partes de hospital

Fonte: NBR 5419-2:2015

 rt: fator de redução da perda de vida humana de acordo com o tipo de solo
ou piso, dados na tabela 17.

Tabela 17: Fatores de redução rt

Tipo de superfície (b) Resistência de contato k Ω (a) rt


Agricultura, concreto ≤1 10-2
Mármore, cerâmica 1 – 10 10-3
Cascalho, tapete, carpete 10 – 100 10-4
Asfalto, linóleo, madeira ≥ 100 10-5
a) Valores medidos entre um eletroduto de 400 cm² comprimido com uma força uniforme de
500 N e um ponto considerado no infinito.
b) Uma camada de material isolante, por exemplo, asfalto de 5 cm de espessura (ou uma
camada de cascalho de 15 cm de espessura) geralmente reduz o perigo a um nível
tolerável.

Fonte: NBR 5419-2:2015

 rP: fator de redução da perda devido a danos físicos dependendo do tipo de


ações tomadas para redução das consequências do incêndio, dados na
tabela 18.
53

Tabela 18: Fator de redução rp

Providências rp
Nenhuma providência 1
Uma das seguintes providências: extintores, instalações fixas operadas manualmente,
0,5
instalações de alarme, hidrantes, compartimentos à prova de fogo, rotas de escape.
Uma das seguintes providências: instalações fixas operadas automaticamente,
0,2
instalações de alarme automático (a)
(a) Somente se protegidas contra sobretensões e outros danos, e se os bombeiros puderem
chegar em menos de 10 min.

Fonte: NBR 5419-2:2015

 rf: fator de redução da perda devido danos físicos dependendo dos riscos de
incêndio ou explosão da estrutura, dados na tabela 19.

Tabela 19: Fator de redução rf

Risco Quantidade de risco rf


Zonas 0, 20 e explosivos sólidos 1
Explosão Zonas 1, 21 10-1
Zonas 2, 22 10-3
Alto 10-1
Incêndio Normal 10-2
Baixo 10-3
Explosão ou incêndio Nenhum 0
Zona 0: local no qual uma atmosfera explosiva consistindo em uma mistura de ar e substâncias
inflamáveis em forma de gás, vapor ou névoa está presente continuamente ou por longos períodos
ou frequentemente (ABNT NBR IEC 60050-426);
Zona 1: local no qual uma atmosfera explosiva consistindo em uma mistura de ar e substâncias
inflamáveis em forma de gás, vapor ou névoa não é provável de ocorrer em operação normal, mas,
se isto acontecer, irá persistir somente por períodos curtos (ABNT IEC 60050-426);
Zona 20: local no qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de poeira combustível no ar,
está presente continuamente ou por longos períodos ou frequentemente (ABNT IEC 60079-10-2);
Zona 21: local no qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de poeira combustível no ar,
pode ocorrer em operação normal ocasionalmente (ABNT NBR IEC 60079-10-2);
Zona 22: local no qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de poeira combustível no ar,
não é provável de ocorrer em operação normal, mas, se isto acontecer, irá persistir somente por
um período curto (ABNT NBR IEC 60079-10-2).

Fonte: NBR 5419-2:2015


54

 HZ: fator de aumento da perda por consequência de danos físicos quando


um perigo especial estiver presente, dados na tabela 20.

Tabela 20: Fator de redução rp

Tipo de perigo especial Hz


Sem perigo especial 1
Baixo nível de pânico (por exemplo, uma estrutura limitada a dois andares e número de
2
pessoas não superior a 100)
Nível médio de pânico (por exemplo, uma estrutura designada para eventos culturais ou
5
esportivos com um número de participantes entre 100 e 1000 pessoas)
Dificuldade de evacuação (por exemplo, estruturas com pessoas imobilizadas, hospitais) 5
Alto nível de pânico (por exemplo, estruturas designadas para eventos culturais ou
10
esportivos com um número de participantes maior que 1000 pessoas)

Fonte: NBR 5419-2:2015

 nz: números de pessoas na zona;


 nt: número total de pessoas na estrutura;
 tz: tempo durante o qual as pessoas estão presentes na zona, em horas/ano.

Segundo a NBR 5419-2:2015, caso uma estrutura, ou o meio ambiente (por


exemplo: emissões químicas ou radioativas), possam ser danificas por descargas
atmosféricas, perdas adicionais (LE) podem ser consideradas para avaliar a perda total
(LFT). Conforme a equação (25):

𝐿 =𝐿 +𝐿 (25)

Onde:

 LE: perdas adicionais, calculada através da equação (26).

𝐿 =𝐿 * (26)

 LF: perdas devido a danos físicos fora da estrutura;


55

 Te: tempo de permanência de pessoas nos lugares perigosos fora da


estrutura.

Caso os valores de LFE e te forem desconhecidos, recomenda-se que LFE e


te/8760 = 1, sejam assumidos (NBR 5419-2:2015).

Em casos que mais de uma ação seja tomada, recomenda-se que o valor rp
seja considerado como o menor dos valores relevantes. Além disso, em estruturas
com risco de explosão, rp = 1 deverá ser assumido para todos os casos.

2.9. ANÁLISE DOS COMPONENTES DE RISCO

2.9.1. Fonte De Danos (S1) Devido Às Descargas Atmosféricas Na Estrutura

Segundo a NBR 5419-2:2015, a avaliação de risco devido às descargas


atmosféricas na estrutura, se dá pelas equações (27) a (29).

a) D1: componente relacionada a ferimentos a seres vivos por choque elétrico,


determinada pela equação (27).

𝑅 =𝑁 *𝑃 ∗𝐿 (27)

Onde:

 Ra: componente correlatada a ferimentos a seres vivos consecutiva de


choques elétricos devido à tensão de passo e de choque na parte interna e
externa da estrutura, nas zonas em torno dos condutores de descida;
 ND: equação (4);
 Pa: Equação (11);
 LA: Equação (22).

b) D2: componente relacionada a danos físicos, determinada pela equação


(28).
56

𝑅 =𝑁 *𝑃 ∗𝐿 (28)

Onde:

 Rb: componente relativo a danos físicos causados por centelhamentos


perigosos, na parte interna da estrutura, ocasionando incêndio ou explosão;
 Pb: tabela (8);
 LB: Equação (23).

c) D3: componente relacionada a falhas em sistemas internos, determinada


pela equação (29).

𝑅 =𝑁 *𝑃 ∗𝐿 (29)

Onde:

 Rc: componente relativo a falhas de sistemas internos causados por LEMP


(Lightning Electromagnetic Pulse), podendo ocorrer perdas do tipo L2 e L4,
em todos os casos juntamente com L1 nos casos de estruturas com risco de
explosão;
 PC: Equação (12);
 LC: Equação (24).

2.9.2. Fonte De Danos (S2) Devido Às Descargas Atmosféricas Perto Da Estrutura

Segundo a NBR 5419-2:2015, a avaliação de risco para falhas em sistemas


eletroeletrônicos pode ser determinada pela equação (30).

a) D3: componente relacionada a falhas em sistemas eletroeletrônicos,


determinada pela equação (30).

𝑅 =𝑁 *𝑃 ∗𝐿 (30)

Onde:
57

 RM: componente relativo a falhas de sistemas internos causados por LEMP,


podendo ocorrer perdas do tipo L2 e L4 em todos os casos, juntamente com
o tipo L1 nos casos de estruturas com risco de explosão;
 NM: Equação (6);
 PM: Equação (13);
 LM: Equação (24).

2.9.3. Fonte De Danos (S3) Devido Às Descargas Atmosféricas Em Uma Linha De


Energia Conectada A Estrutura

Segundo a NBR 5419-2:2015, a avaliação dos componentes de risco devido às


descargas atmosféricas em uma linha de energia conectada a estrutura, á feita pelas
equações (31) a (33).

a) D1: componente relacionada a ferimentos a seres vivos por choque elétrico,


determinada pela equação (31).

𝑅 = (𝑁 + 𝑁 ) ∗ 𝑃 ∗ 𝐿 (31)

Onde:

 RU: componente relativo a ferimentos a seres vivos causados por choque


elétrico devido às tensões de toque e de passo na parte interna da estrutura;
 NL: equação (8);
 NDJ: Equação (5);
 PU: Equação (18);
 LU: Equação (22).

b) D2: componente relacionada a danos físicos, determinada pela equação


(32).
𝑅 = (𝑁 + 𝑁 ) ∗ 𝑃 ∗ 𝐿 (32)

Onde:
58

 RV: componente relativo a danos físicos decorrentes de incêndio ou explosão


iniciado por centelhamentos perigosos entre instalações externas e partes
metálicas, geralmente no ponto de entrada da linha na estrutura, tendo como
origem a corrente de descarga atmosférica transmitida ao longo das linhas;
 NL: equação (8);
 NDJ: Equação (5);
 PV: Equação (19);
 LV: Equação (23).

c) D3: componente relacionada a falhas em sistemas internos, determinada


pela equação (33).

𝑅 = (𝑁 + 𝑁 ) ∗ 𝑃 ∗ 𝐿 (33)

Onde:

 RW: componente relativo a danos físicos decorrentes de incêndio ou


explosão iniciado por centelhamentos perigosos entre instalações externas
e partes metálicas, geralmente no ponto de entrada da linha na estrutura,
tendo como origem a corrente de descarga atmosférica transmitida ao longo
das linhas;
 NL: equação (8);
 NDJ: Equação (5);
 PW: Equação (20);
 LW: Equação (24).

2.9.4. Fonte De Danos (S4) Devido Às Descargas Atmosféricas Perto De Uma Linha
Conectada À Estrutura

Segundo a NBR 5419-2:2015, a avaliação de risco devido às descargas


atmosféricas nas proximidades de uma linha conectada a estrutura, é feita pela
equação (34).
59

𝑅 =𝑁 ∗𝑃 ∗𝐿 (34)

Onde:

 RZ: componente relativo a falhas de sistemas internos causadas por


sobretensões induzidas nas linhas que entram na estrutura e transmitidas às
mesmas, podendo ocorrer em todos os casos de perdas do tipo L1 e L4,
juntamente com o tipo L1, nos casos de estruturas com risco de explosão;
 NI: equação (8);
 PZ: Equação (21);
 LZ: Equação (23).

2.10. RISCOS TOLERÁVEIS

A NBR 5419-2:2015, determina que os valores de referência de risco tolerável


(Rt) decorrentes das descargas atmosféricas para os tipos de perdas são:

 L1: perda de vida humana ou ferimentos permanentes, Rt = 10-3;


 L2: perda de serviço público, Rt = 10-4;
 L3: perda de patrimônio cultural, Rt = 10-3.

É preciso destacar, que a identificação dos riscos toleráveis deve ser feita por
um responsável técnico que tenha jurisdição. E além disso, caso o risco identificado
não possa ser reduzido a um risco tolerável, o proprietário do SPDA deverá ser
informado, e o responsável pelo projeto com jurisdição, aplicará o mais alto nível de
proteção à instalação.

2.11. DIVISÃO DA ESTRUTURA EM ZONAS

Na avaliação de cada uma das componentes de risco, a estrutura analisada


poderá ser dividida em zonas ZS, cada uma com características homogêneas (NBR
5419-2:2015). A divisão é feita por exemplo:

a) Zonas ZS
60

 Tipos de solo ou piso (componentes de risco RA e RU);


 Compartimentos a prova de fogo (componentes de risco RB e RV);
 Blindagem especial (componentes de risco RC e RM).

b) Zonas Adicionais

 Layout dos sistemas internos (componentes de risco RC e RM);


 Medidas de proteção existentes ou a serem instaladas (todos os
componentes de risco);
 Valores de perdas LX (todos os componentes de risco).

A divisão da estrutura em zonas, deve contemplar a viabilidade de


implementação para a maioria das ações protetivas apropriadas (NBR 5419-2:2015).
Ou seja, a divisão em zonas ZS deve ser justificada por meio da praticabilidade da
elaboração do sistema de proteção, se após analisada, e considerada impraticável a
divisão em zonas, a estrutura pode ser, ou pode se admitir ser uma única zona.

2.12. DIVIDINDO UMA LINHA EM SEÇÕES SL

Na análise das componentes de risco devido a uma descarga atmosférica,


próxima, ou na linha analisada, está poderá ser dividida em seções ZL (NBR 5419-
2:2015). Para todos os componentes de risco, a divisão é feita principalmente por:

 Tipo da linha (aérea ou enterrada);


 Fatores que afetam a área de exposição equivalente (CD, CE e CT);
 Características da linha (blindagem ou não, resistência da blindagem).

Contudo, a linha pode ser assumida como uma única seção, conforme
viabilidade técnica do projeto. Além disso, caso exista mais de um valor de parâmetro
em uma seção, deve-se admitir aquele que eleve ao mais alto valor de risco.
61

3. SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

As descargas atmosféricas podem atingir a estrutura de maneira direta ou


indireta, causando assim diversos danos a ela, as pessoas que frequentam o recinto
e os sistemas elétricos internos (CREDER, 2016). Dessa forma, é recomendado que
as edificações em geral, devam ser protegidas contra a incidência direta das
descargas atmosféricas através de para-raios, e as instalações elétricas e de sinal da
estrutura, sejam protegidas contra os efeitos indiretos das descargas (surtos induzidos
de tensão provocadas por acoplamento capacitivo ou indutivo, e por surtos injetados
por acoplamento resistivo através da malha de aterramento), através de um sistema
coordenado de DPS, pois os para-raios e a malha de aterramento não protegem
equipamentos eletrônicos. Por outro lado, a implementação do sistema de proteção
deve obedecer a análise da necessidade de implantação de um SPDA, como fora
abordada no capítulo 2 deste trabalho.

3.1. ESTRUTURAÇÃO DE UM SPDA

Os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), podem ser


projetados e constituídos utilizando-se de materiais naturais, que são aqueles que
integram partes da estrutura, ou seja, que não podem ser movidos, por exemplo; os
pilares e fundações.
E também por materiais não naturais, aqueles que não compõem a estrutura,
como exemplo, os cabos de cobre, alumínio e hastes (MAMEDE, 2017). Esses
materiais, são utilizados com a finalidade única de proteger a estrutura contra as
descargas atmosféricas, e estão incorporados nos três subsistemas constitutivos, ou
típicos de um SPDA.
Segundo a NBR 5419-3:2015, os subsistemas do SPDA são identificados
como:

a) Subsistema De Captação

Elementos condutores normalmente expostos, responsáveis pelo contato direto


com as descargas atmosféricas, suspensos ou em malha.
62

b) Subsistema De Descida

Elementos condutores expostos ou não, responsáveis pela continuidade


elétrica entre os captores e o subsistema de aterramento.

c) Subsistema De Aterramento

Elementos condutores enterrados, e ou embutidos nas fundações da estrutura,


responsável pela dispersão das correntes elétricas pelo solo.

Analisando-se os subsistemas incorporados, é fácil compreender que o SPDA


tem por objetivo básico interceptar as descargas atmosféricas e conduzi-las a terra,
através da facilitação do caminho para a corrente de descarga, sem provocar
transitórios perigosos a vida, ao patrimônio, e nem causar efeitos danosos, decorrente
de efeitos térmicos e mecânicos à estrutura. Para mais detalhes, é aconselhável uma
prévia leitura a norma NBR 5419-3:2015, que trata dos danos físicos a estrutura e
perigos a vida.

3.1.2. Estruturas Protegidas Por Elementos Naturais

As estruturas protegidas por elementos naturais, são aquelas que utilizam


como seus subsistemas de SPDA, sua própria estrutura para a captação, condução e
dissipação da corrente proveniente da descarga atmosférica no solo através da malha
de aterramento.
Como exemplos de elementos naturais, MAMEDE (2017), menciona:

a) Para O Subsistema De Captores Naturais

 Coberturas metálicas de edificações;


 Mastros ou outros elementos metálicos, com extremidade sobressalente à
cobertura;
 Chapas metálicas em galpões, sendo as mais utilizadas as de alumínio (ver
tabela 21);
63

Tabela 21: Seção mínima das chapas ou tubulações metálicas dos subsistemas de
captação: classes dos SPDA de I a IV (reprodução parcial)

Espessura (mm²)
Material
E (1) E’ (2)
Aço inoxidável galvanizado a
4 0,5
quente
Cobre 5 0,5
Alumínio 7 0,65
(1) Valor de E previne perfurações, pontos quentes ou ignição.
(2) O valor de E’ somente para chapas metálicas, se não for importante prevenir a perfuração,
pontos quentes ou problemas com ignição.

Fonte: NBR 5419-3:2015

 Estruturas metálicas de suporte de fachadas de vidro construídas 60 m


acima do solo.
 Tubulações metálicas e tanques com misturas explosivas ou combustíveis,
obedecendo-se os requisitos da tabela 22;
 Deve haver conectividade elétrica entre os componentes dos captores;
 O diâmetro dos condutores de descida, devem obedecer às condições
mínimas expostas na tabela 22.

Tabela 22: Seção mínima dos condutores e hastes (representação parcial)

Material Configuração Área da seção (mm²) Comentários


Fita maciça 50 Espessura mínima de 2,5 mm
Arredondado maciço 50 Diâmetro de 8mm
Aço galvanizado
Diâmetro de cada fio da
Encordoado 50
cordoalha 1,7 mm
Fita maciça 35 Espessura de 1,75 mm
Cobre Diâmetro de cada fio da
Encordoado 35
cordoalha 2,5 mm
Fita maciça 70 Espessura de 3 mm
Arredondado maciço 70 Diâmetro de 9,5 mm
Alumínio
Diâmetro de cada fio da
Encordoado 70
cordoalha 3,5 mm
Fita maciça 50 Espessura de 2 mm
Arredondado maciço 50 Diâmetro de 8 mm
Aço inox
Diâmetro de cada fio da
Encordoado 70
cordoalha 1,7 mm
Fita maciça 50 Espessura de 8 mm
Aço cobreado
Diâmetro de cada fio da
IACS 30% Encordoado 50
cordoalha 3 mm

Fonte: NBR 5419-3:2015


64

b) Para O Subsistema De Descida Natural

 Pilares metálicos das estruturas de concreto;


 Instalações metálicas das estruturas, desde que comprovada continuidade
elétrica e os condutores respeitem os requisitos mínimos definidos na tabela
22;
 Armações de aço interligadas das estruturas de concreto armado, desde que
pelo menos 50% dos cruzamentos das barras verticais com as horizontais
sejam firmemente amarradas com arame torcido, e as barras verticais sejam
sobrepostas ou soldadas, no mínimo 20 vezes seu diâmetro, e amarradas
firmemente, além de haver continuidade elétrica entre as partes
comprovada. Para esse caso, não é necessário a utilização de anéis
condutores intermediários;
 As tubulações com misturas inflamáveis ou explosivas, podem ser utilizadas,
desde que as gaxetas de acoplamento de flanges sejam metálicas,
conectadas eletricamente, com comprovação através de teste de
continuidade, além das posturas locais permitirem seu uso como tal;
 Podem ser embutidos em cada pilar da estrutura, condutores de descida
específicos (cabo de aço galvanizado, barra chata ou redonda de aço),
paralelamente instaladas às barras redondas estruturais dos pilares. Deve-
se asseguras que haja contato elétrico através de soldas exotérmicas, ou
conexão mecânica do tipo aparafusado ou compressão, comprovada por
teste de continuidade elétrica;
 A armação de aço embutido em concreto armado ou pré-fabricado, também
pode ser utilizado, desde que haja continuidade da conexão e resistência
elétrica não ultrapasse 1 Ω;
 As chapas de alumínio, podem ser utilizadas como subsistema de descida
natural, desde que observado os limites mínimos estabelecidos na tabela 21.

c) Para O Subsistema De Aterramento Natural

 As armações embutidas nas fundações das estruturas em concreto armado,


poderão ser utilizados como eletrodos de aterramento, desde que sejam
65

amarradas com arame retorcido em cerca de 50% de seus cruzamentos, ou


que sejam simplesmente soldadas, e assegurando conectividade elétrica;
 As barras horizontais das armações de aço das fundações, poderão ser
utilizadas como condutores de aterramento, devendo ser sobrepostas por no
mínimo 20 vezes o seu diâmetro, firmemente amarradas com arame
retorcido, ou soldadas com solda exotérmica, além de comprovar sua
conectividade elétrica;
 As estruturas metálicas subterrâneas contidas na área da edificação,
também podem ser utilizadas como condutoras de aterramento, desde que
garantida sua condutividade elétrica;
 As armações de aço das fundações, devem estar interligadas com as
armações de aço dos pilares, utilizadas como condutores de descida, e
assegurada sua conectividade elétrica através do teste de condutividade;
 A camada de concreto envolvendo os eletrodos citados previamente, deve
ter no mínimo, 5 cm de espessura.

3.1.3. Estruturas Protegidas Por Elementos Não Naturais

São denominadas estruturas protegidas por elementos não naturais, aquelas


que utilizam elementos condutores específicos na função de captação das descargas,
descida das correntes provenientes das descargas, e a dissipação no solo através da
malha de aterramento. A norma (NBR 5419-3:2015), estabelece que os materiais
empregados deverão satisfazer as condições:
 Suportar os efeitos térmicos e eletrodinâmicos derivado das correntes de
descargas atmosféricas;
 Devem ser condutores de cobre, alumínio, aço cobreado IACS 30%, aço
galvanizado a quente, e aço inoxidável.

Como exemplos de elementos não naturais, MAMEDE (2017) indica:

a) Para O Subsistema De Captores Não Naturais

 Captores de haste
66

São elementos metálicos, especialmente construídos para suportar o impacto


das descargas atmosféricas, normalmente instalados na parte superior das
edificações, nos projetos que utilizam o método do ângulo de proteção ou método de
Franklin.
A figura 11, mostra dois captores de haste simples, que são muito utilizados na
proteção de subestações ao tempo.

Figura 11: Captor de haste de ponta

Fonte: Mamede (2017)

Já na figura 12, é exemplificado um tipo de captor Franklin, amplamente


utilizados em projetos de SPDA diversos.

Figura 12: Captor do tipo Franklin

Fonte: Mamede (2017)


67

O captor de haste carece de um suporte metálico ou não, intitulado mastro,


preso a extremidade superior. O suporte pode ser composto por um tubo de cobre de
comprimento entre 3 e 5 m, com 55 mm de diâmetro. Deve ser firmemente fixado a
uma base metálica plana, que será presa no topo da estrutura a proteger. A função
do mastro, além de sustentar o captor, também servirá como condutor metálico.
Também é utilizada hastes não metálicas como suporte ao captor. Dessa
forma, deve-se conectar a parte superior do subsistema de descida diretamente ao
captor.

 Minicaptores de haste

São elementos de composição metálica em forma de haste, com tamanho


compreendido entre 20 e 30 cm, conectados às malhas captoras estabelecidas na
parte superior das edificações. São responsáveis em evitar que a ocorrência de
centelhamentos em consequência do impacto das descargas atmosféricas em contato
com o sistema de condutores instalados na horizontal, produza avarias no material de
cobertura da edificação protegida.

 Subsistemas de captação de condutores em malha

O subsistema de captação de condutores em malha, é composto por cabos


condutores em cobre nus, alumínio, aço cobreado IACS 30%, aço galvanizado a
quente ou a aço inoxidável, dispostos horizontalmente na parte superior de uma
edificação. A seção transversal mínima para o dimensionamento dos condutores é
disponibilizada na tabela 22.
A norma NBR 5419-3:2015, indica que caso a edificação for composta por
material não combustível, os condutores poderão ser fixados diretamente na estrutura
da cobertura. No entanto, caso a cobertura seja constituída por material combustível,
a fixação deverá ser feita a uma distância de 15 cm acima da cobertura.
Além disso, na existência de uma ou mais hastes fixadas em mastros isolados,
não metálicos e sem conexão com a armação da cobertura, deve-se aplicar um
condutor de descida para cada haste. E ainda, caso o mastro seja metálico e
68

interligado a armação da edificação, é dispensável a utilização de condutores de


descida. É importante que o projetista obedeça às seções mínimas para condutores,
chapas e tubulações metálicas apresentadas pela norma (NBR 5419-3:2015),
expressas nas tabelas 21 e 22 deste trabalho.

b) Para O Subsistema De Descida Não Natural

O subsistema de descida não natural segundo a NBR 5419-3:2015, é composta


por condutores de cobres nus, alumínio, aço cobreado IACS 30%, aço galvanizado a
quente e aço inoxidável, e suas seções mínimas são fornecidas na tabela 22 para
consulta.
Segundo MAMEDE (2017), o subsistema de descida não natural deve atender
as condições básicas:

 A seção mínima deverá ser de 35 mm², na utilização de condutores de cobre


nus, conforme a tabela 22;
 Os condutores devem ser distribuídos ao longo do perímetro do local da
estrutura a proteger, obedecendo-se os afastamentos máximos
apresentados na tabela 23, adotando-se no mínimo dois condutores de
descida;

Tabela 23: Espaçamento típico entre os condutores de descida e entre os anéis


condutores de acordo com a classe do SPDA

Classe do SPDA Espaçamento em (m)


I 10
II 15
III 15
IV 20

Fonte: NBR 5419-3:2015

 Os condutores de descida devem ser instalados a uma distância mínima de


50 cm de portas, janelas e outras aberturas da edificação protegida pelo
SPDA;
 Para os condutores de descida não isolados, admite-se que sejam instalados
na superfície da edificação, conforme a figura 13, ou no interior da parede,
69

se não for composta por material inflamável e a elevação da temperatura


derivada da passagem da corrente, não ocasione perigo de avarias para o
material da parede da edificação;

Figura 13: Elementos de descida de um SPDA em estruturas que utilizam materiais


não combustíveis

Fonte: Mamede (2017)

 Em caso de uma edificação composta por materiais inflamáveis, os


condutores metálicos devem estar a uma distância mínima de 10 cm,
conforme a figura 14;

Figura 14: Elementos de descida de um SPDA em estruturas que utilizam materiais


combustíveis nas paredes

Fonte: Mamede (2017)


70

 Sempre que possível, deve-se instalar um condutor em cada canto saliente


da estrutura, excluso a quantidade de descidas determinadas pelas
distâncias informadas na tabela 23;
 Não é recomendável que se utilize equipamentos de tecnologia da
informação próximos aos condutores de descida;
 Em princípio, os condutores de descida não devem ser instalados no interior
de tubos ou calhas de águas pluviais, para não ocorrer corrosão, mesmo que
o condutor seja isolado;
 Os condutores devem ser protegidos contra danos mecânicos até no mínimo
2,5 m acima do nível do solo, conforme as figuras 13 e 14. A proteção dos
condutores de descida, devem ser feitas por eletrodutos rígidos de PVC ou
metálico, e quando a proteção é feita por eletrodutos metálicos, o condutor
de descida deve ser conectado em ambas as extremidades do eletroduto;
 O trajeto dos condutores deve ser o mais curto possível, e é necessário que
sua instalação seja retilínea e vertical;
 Não é recomendável que os condutores contenham emendas, mas em caso
de necessidade, as emendas devem ser feitas com solda exotérmica ou
elétrica;
 Para uma melhor uniformidade na distribuição das correntes de descarga,
recomenda-se que sejam interligados os diversos condutores
horizontalmente, a intervalos de 10 a 20 m de altura e ao nível do solo, de
acordo com os espaçamentos dados na tabela 23;
 Na adoção de captores de haste fixados em mastros isolados, não metálicos
e não interligados às armações da edificação, deve ser conectado no mínimo
um eletrodo de aterramento distinto, radial ou vertical, para cada condutor
de descida, utilizando-se no mínimo dois eletrodos;
 Para os captores de SPDA isolado composto de condutores suspensos,
deverá ser utilizado um conduto de descida para cada suporte;
 Em caso de captores de SPDA isolado estabelecendo uma rede de
condutores, deve ser utilizado, no mínimo um condutor de descida em cada
suporte de terminação dos condutores;
 Há uma baixa probabilidade de uma descarga atmosférica atingir a lateral de
uma estrutura com altura inferior a 60 m. Mas quando há uma altura superior
71

a 60 m, ainda que o risco seja considerado baixo, e de efeitos muito inferiores


aos impactos diretos na parte superior da estrutura, algumas precauções
devem ser tomadas, como por exemplo, quando há saliências nas paredes,
como uma antena de sinal de tv instalada na parede externa, elas podem ser
danificadas, mesmo com baixos picos de corrente de impacto. Na
necessidade de utilização de captores externos laterais, deve-se optar por
condutores de descida em cobre, ou outro material recomendado pela norma
referenciada, localizados nas arestas verticais das estruturas, desde que não
existam condutores metálicos naturais externos;
 Algumas distâncias máximas também devem ser obedecidas para a fixação
dos condutores de descida flexíveis (cabos e cordoalhas) e rígidos (fitas e
barras), são elas:

- Condutores flexíveis posicionados horizontalmente: ≤ 1,0 m;


- Condutores flexíveis posicionados verticalmente: ≤ 1,5 m;
- Condutores rígidos posicionados horizontalmente: ≤ 1,0 m;
- Condutores rígidos posicionados verticalmente: ≤ 1,5 m.

c) Para O Subsistema De Aterramento Não Natural

O subsistema de aterramento não natural é composto pelos elementos listados


por MAMEDE (2017), como sendo:

 Eletrodos verticais (hastes de aterramento), que são especialmente


fabricados em material metálico para utilização em aterramento de sistemas
elétricos, devem ser distribuídos uniformemente no perímetro da estrutura;
 Eletrodos horizontais, cuja seção é indicada pela tabela 24. Para condutores
de cobre, a seção mínima é de 50 mm²;
 Eletrodos não naturais devem ser instalados a uma distância aproximada de
1,0 m das paredes externas e enterrados no mínimo a 50 cm de
profundidade;
 A resistência da malha de terra não deve ser superior a 10 Ω, em qualquer
época do ano;
72

Tabela 24: Dimensões mínimas dos eletrodos de aterramento (reprodução parcial)

Eletrodo
Eletrodo não
Material Configuração cravado Comentários
cravado
diametro (mm)
Espessura
Fita maciça - 90 mm²
mínima de 3 mm
Arredondamento
Aço galvanizado 16 Diâmetro: 10 mm -
maciço
a quente
Espessura
Tubo 25 -
mínima de 2 mm
Encordoado - 70 mm² -
Espessura de 2
Fita maciça - 50 mm²
mm
Arredondamento Diâmetro de cada
- 50 mm²
maciço fio: 3 mm
Cobre
Tubo 15 - -
Espessura
Encordoado 20 - mínima da
parede 2 mm
Arredondamento
Diâmetro:10 mm Espessura da
Aço inox maciço 15
parede de 2 mm
Fita maciça 100 mm²
Arredondamento Diâmetro de cada
Aço cobreado
maciço 12,7 70 mm² fio da cordoalha:
IACS 30%
Fita maciça 8 mm

Fonte: NBR 5419-3:2015

 Deve-se formar um anel em torno da estrutura com o condutor de


aterramento, com pelo menos 80% de contato com o solo. O raio médio da
área Rma contida pelos condutores em anel não pode ser inferior a L1, cujos
valores estão indicados no gráfico da figura 15. Ou podem também ser
calculados pela equação (35) para SPDA da classe I e pela equação (36)
para SPDA da classe II

𝐿 = 0,03 ∗ ρ − 10 (35)

𝐿 = 0,02 ∗ ρ − 11 (36)

ρ – resistividade do solo em Ω.m


73

Figura 15: Comprimento mínimo do eletrodo de aterramento

Fonte: Mamede (2017)

Ainda segundo, MAMEDE (2017), os subsistemas naturais e não naturais


devem atender algumas prescições gerais, como:

 O subsistema de aterramento deve ser único para os SPDA, sistemas de


potência, e tecnologia da informação;
 O arranjo e as dimensões da malha de aterramento se fazem mais
importante do que o valor de sua resistência considerada, quando é
necessário assegurar a dispersão das correntes elétricas sem causar
sobretensões que acarretará perigo às pessoas e danos materiais;
 Deve-se buscar uma resistência de aterramento igual ou inferior a 10 Ω, afim
de se diminuir os valores dos potenciais elétricos produzidos no solo, e o
processo de centelhamentos entre elementos da estrutura a ser protegida;
 Se houver em uma mesma área dois ou mais subsistemas de aterramento,
estes devem ser interligados por meio de uma ligação equipotencial
realizada pela fita trançada de cobre nu, usualmente, cabo de cobre;
74

 Deve se evitar emendas nos condutores, mas na necessidade, deve-se


utilizar para as conexões, solda exotérmica, ou conexões mecânicas de
pressão, que devem estar contidas em uma caixa de inspeção.

3.2. LIGAÇÕES EQUIPOTENCIAIS

Os elementos condutivos dos subsistemas do SPDA devem ser interligados


aos demais elementos contidos na estrutura, equalizando-se assim os potenciais
elétricos, para evitar riscos de choques elétricos, incêndios e explosões no interior da
estrutura a ser protegida (MAMEDE, 2017). Ou seja, o SPDA deve ser conectado com
os demais sistemas de aterramento, massas do sistema elétrico, armações metálicas
das estruturas, instalações metálicas, e as massas dos equipamentos de tecnologia
da informação, seguindo-se as etapas orientadas pela NBR 5419-3:2015:

 A equipotencialização dos SPDA externos isolados, deve ser feita ao nível


do solo;
 A equipotencialização dos SPDA externos não isolados deve ser feita na
base da estrutura ao nível do solo;
 Todos os condutores de ligação equipotencial deverão ser conectados a uma
barra de ligação equipotencial estabelecida no subsolo ou adjunta ao nível
do solo, ou ainda próxima ao QGBT (Quadro Geral de Baixa Tensão);
 Os condutores de equipotencialização devem ter o menor comprimento
permissível, e instalados o mais retilíneo possível;
 Deverá ser instalada mais de uma barra de ligação equipotencial interligadas
em grandes estruturas;
 Para estruturas com mais de 20 m de altura, deverá existir uma ligação
equipotencial (BEL) em intervalos não superior a 20 m;
 As barras de equipotencialização local (BEL) devem ser conectadas ao anel
horizontal que interligam os condutores de descida;
 O barramento de equipotencialização principal (BEP), deverá ser ligado ao
subsistema de aterramento;
 Deverão ser conectados à ligação equipotencial, todos os condutores não
vivos dos sistemas elétricos e equipamentos de tecnologia da informação;
75

 Todas as luvas isolantes introduzidas nas canalizações de água ou gás


deverão ser curto-circuitadas;
 Para a consulta da seção mínima dos condutores que interligam diferentes
barramentos BEP e BEL utiliza-se a tabela 25;

Tabela 25: Seção mínima dos condutores para ligação equipotencial que interligam
diferentes barramentos (BEP e BEL) ou que ligam barras ao sistema de aterramento:
classes de I a IV do SPDA

Modo de instalação Material Seção em mm²


Cobre 16
Não enterrado Alumínio 25
Aço galvanizado a fogo 50
Cobre 50
Enterrado
Aço galvanizado a fogo 80

Fonte: NBR 5419-3:2015

 E para os condutores de ligação equipotencial que conectam diferentes


instalações metálicas internas aos barramentos BEP E BEL, são
consultadas na tabela 26;

Tabela 26: Seção mínima dos condutores para ligação equipotencial que conectam
diferentes instalações metálicas internas aos barramentos (BEP e BEL): classes de I
a IV do SPDA

Material Seção em mm²


Cobre 6
Alumínio 10
Aço galvanizado a fogo 16

Fonte: NBR 5419-3:2015

 A seção do condutor em aço inoxidável como condutor equipotencial, deve


ser igual à do aço galvanizado;
 Em uma edificação, deverá ser projetado somente um sistema de
aterramento que se conectariam todas as partes da instalação, que
obrigatoriamente devem ser aterrados. A figura 16 exemplifica a forma pelo
qual são conectadas todas as partes não construtivas da instalação. Para a
76

conexão da tubulação de gás, é necessário observar as normas da


concessionária de gás local;

Figura 16: Ligações equipotenciais ao barramento de equipotencialização principal


(BEP)

Fonte: Mamede (2017)

 As interligações equipotenciais podem sem realizadas pelos meios:

- Direto: empregar condutores de ligação não naturais em que a


condutibilidade elétrica não possa ser assegurada pelas ligações naturais.
- Indireto: utilizar DPS quando não for possível executar a ligação direta por
meio de condutores não naturais, ou empregar centelhadores quando a
ligação direta não for permitida.

 Quando não for viável ou admissível uma conexão direta de


equipotencialização, deve-se fazer uso de um DPS que apresente as
características técnicas:
77

- A corrente de impulso deverá ser igual ou maior que à corrente de descarga


atmosférica que deriva do SPDA externo para os elementos metálicos
interligados.
- A tensão de impulso disruptiva nominal deverá ser menor que o nível de
impulso suportável entre as partes.

 Devem possuir equipotencialização ao BEP por meio de um DPS, os


condutores vivos dos sistemas internos que não sejam blindados nem
estejam situados no interior de eletrodutos;
 Os condutores devem ser conectados ao BEL E BEP por meio de um DPS;
 Os condutores PE e PEN de um sistema TN deverão ser ligados diretamente
ao BEL ou ao BEP;
 Deve ser intercalada por condutores ou DPS dedicados para a união dos
seguimentos das tubulações metálicas de gás, água, ar comprimido e óleo
que recebam anéis isolantes interpolados.

3.2. PROXIMIDADES DO SPDA COM OUTRAS ESTRUTURAS

Em caso de existir um SPDA qualquer, nas proximidades de uma estrutura


composta por condutores de um sistema elétrico, instalações metálicas e constituída
de massas, dentre o SPDA, e na impossibilidade de assegurar uma ligação
equipotencial a fim de se evitar centelhamentos perigosos, deve-se garantir um limite
de distância segura (MAMEDE, 2017). O limite de distância segura indicado deve ser
igual ou superior ao valor dado pela equação (37).

D=𝐾 ∗ ∗𝐿 (37)

Onde:

 Ki: depende do nível de proteção admitido, seu valor é dado na tabela 27;
 Lcd: comprimento ao longo do subsistema de captação ou do subsistema de
descida, desde o ponto onde a distância de segurança deve ser considerada
até a equipotencialização mais próxima, dada em metro (m);
78

 Km: depende do material de construção, seu valor é dado na tabela 28;

Tabela 27: Valores de Ki e Km

Nível de proteção do
Ki Material Km
SPDA
I 0,080 Ar 1,00
II 0,060 Sólido 0,50
III 0,040 - -
IV 0,040 - -

Fonte: NBR 5419-3:2015

 Kc: seu valor é igual a 1 se um condutor de descida de um SPDA externo


isolado;
 Kc: seu valor é igual a 0,66 se para duas descidas de um SPDA externo
isolado;
 Kc: seu valor é igual a 0,44 se para três ou mais descidas de um SPDA
externo isolado.

Se o sistema captor for composto por malha e compreender um número de


descidas ≥ 4, ligadas por condutores em anel, o valor KC poderá ser determinado pela
equação (38) (MAMEDE, 2017).

𝐾 = + 0,1 + 0,2 + (38)


A identificação dos valores H e C podem ser identificados por meio da figura


17, sendo N o número de condutores de descida.
79

Figura 17: Sistema captor em malha

Fonte: Mamede (2017)

3.3. METODOLOGIA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

A NBR 5419-3:2015, define três formas de proteção contra as descargas


atmosféricas: (i) método do ângulo de proteção; (ii) método das malhas; e (iii) método
da esfera rolante, que foram explanados ao longo dessa seção através de conceitos,
tabelas, equações e figuras. A exemplo, a figura 18, que representa os valores do
ângulo de proteção em função da altura da estrutura, e da classe do SPDA.

Figura 18: Sistema captor em malha

Fonte: Mamede (2017)


80

(*) Raios das bases dos cones de proteção, em metros.

Notas:

(1) H é a altura do captor acima do plano de referência da área a ser protegida;


(2) O ângulo não será alterado para valores de H inferior a 2 m;
(3) Para valores de H superiores aos valores de cada curva, são aplicáveis somente ao Método
Da Esfera Rolante e ao Método Das Malhas.

Enquanto que a tabela 28, indica o tamanho da malha captora, e o raio da


esfera rolante em função da classe do SPDA.

Tabela 28: Valores máximos do ângulo de proteção αº, de dimensão da malha de


terra e do raio da esfera rolante

Métodos de proteção
Máximo afastamento
Ângulo de proteção Raio da esfera
Classe do SPDA dos condutores da
αº rolante
malha
(1) (2) (3)
I 5x5 20
II 10x10 30
Ver figura 18
III 15x15 45
IV 20x20 60

Fonte: NBR 5419-3:2015

Além dos métodos indicados nessa seção, o leitor poderá conhecer os


acessórios e detalhes construtivos de um projeto de SPDA no Anexo E deste trabalho,
conforme proposto por MAMEDE (2017).

3.3.1 Método Do Ângulo De Proteção – Método De Franklin

Esse método consiste na determinação do volume de proteção ocasionado por


um cone, do qual o ângulo da geratriz com a vertical varia consoante ao nível de
proteção esperado, e para determinada altura da edificação Hc (MAMEDE, 2017). A
figura 19 expõe como o ângulo de proteção máximo é uma função da altura do captor
para classes do SPDA.
81

Figura 19: Volume de proteção provido pelo mastro do para-raios

Fonte: Mamede (2017)

Baseada na teoria do poder das pontas, que consiste em facilitar um fluxo de


cargas para a atmosfera, Franklin elaborou e instalou um dispositivo que exerce essa
função, chamado para-raios (MAMEDE, 2017). A partir do conceito apresentado, é
fácil perceber que às descargas atmosféricas tem um caminho mais facilitado para o
seu escoamento passando pelo para-raios, do que por uma base de concreto, por
exemplo.
O processo exemplificado da atuação do para-raios pode ser conferido na
figura 20.
82

Figura 20: Ilustração da concentração de cargas elétricas no captor

Fonte: Mamede (2017)

De acordo com a ilustração, as cargas de polaridade negativa contidas na


nuvem, são atraídas pelas cargas positivas contidas no para-raios, que serão
direcionadas a terra, passando pelo captor que se encontra na ponta da haste, como
exemplificado pela figura 12, e conduzidas ao eletrodo de aterramento através do
condutor de descida, proporcionando assim proteção a edificação.
O para-raios de Franklin, deverá oferecer uma proteção por meio de um cone,
do qual o vértice corresponde à extremidade superior do captor e sua geratriz forma
um ângulo αº com a vertical (MAMEDE, 2017). Esse efeito gera um raio de base do
cone, de valor calculado pela equação (39), e demonstrado pela figura 21.

𝑅 = 𝐻 ∗ tgα (39)

Onde:

 Rp: raio da base do cone de proteção, em metro (m);


 Hc: altura da extremidade do captor em relação à base, em metro (m);
 α: ângulo de proteção com a vertical, conforme a figura 21.
83

Figura 21: Ângulo de proteção do para-raios

Fonte: Mamede (2017)

E para compor a malha do captores, deverá ser estabelecida uma proteção de


borda na parte superior da edificação, através de um condutor.
Com a utilização de apenas um mastro, é possível estabelecer a proteção para
dois planos de referência e também dois ângulos diferentes (MAMEDE, 2017),
conforme a figura 22.

Figura 22: Volume de proteção provido pelo para-raios em duas alturas

Fonte: Mamede (2017)


84

Como descrito, a possibilidade de proteção a dois planos de referência é


possível através da disposição do mastro, que forma dois cones de proteção, de
ângulo α1 e altura H1 com referência ao plano estabelecido pela área superior da
edificação, e o ângulo α2 com altura formada por H2 = He + H1 com referência o plano
do solo.
Para precisar a relação do número de condutores de descida para o para-raios,
é necessário que seja feita em função do nível de proteção desejado e do afastamento
entre os condutores de descida (MAMEDE, 2017), conforme explanado na seção 3.1.3
e indicada pela tabela 23. O número de condutores de descida é também calculado
pela equação (40).

𝑁 = (40)

Onde:

 Ncd: número de condutores de descida;


 Pco: perímetro da construção, em metro (m);
 Dco: espaçamento dos condutores de descida, dado na tabela 23.

Os condutores de descida, devem ser espaçados ao longo do perímetro,


admitindo-se um espaçamento entre eles 20% maior que o registrado na tabela 23.
Contudo, não é admitido um número de descida inferior a dois (MAMEDE, 2017). A
figura 23 exibe o esquema de descida de uma edificação como exemplo.
85

Figura 23: Exemplificação esquemática de descidas

Fonte: Mamede (2017)

Com a determinação do número de condutores de descida, é necessário definir


o tipo de condutor a ser empregado, utilizando-se de preferência os de cobre nus,
principalmente em zonas industriais de alta poluição ou próxima a orla marítima
(MAMEDE, 2017). Com a definição do tipo de condutor, a seção mínima, que é dada
de acordo com o material empregado e da altura da estrutura a ser protegida, é
definida com base na tabela 22.
É de relevância que se conheça as possibilidades da aplicação do método do
ângulo de proteção, pois há possibilidades de se utilizar um cabo condutor fixado em
duas ou mais estruturas com altura elevada, a fim de que crie um volume de proteção,
conforme exemplificado pela figura 24.
86

Figura 24: Volume de proteção por um condutor suspenso

Fonte: Mamede (2017)

Observa-se na figura, que o cabo suspenso cria um volume prismático irregular,


formando um ângulo máximo nas extremidades e ângulo inferior no ponto de flecha
máxima do condutor suspenso. É importante saber, que as estruturas ou objetos a
serem protegidos, devem estar dentro do volume de proteção prismático.

3.3.2 Método Das Malhas – Método De Faraday

É um método utilizado para proteção contra às descargas atmosféricas, através


da formação de uma malha de condutores elétricos nus, por toda a extensão da parte
superior de uma edificação, com as distâncias entre eles estabelecidas pela tabela
28, que segundo MAMEDE (2017), o módulo da malha de proteção é estabelecido
por:

Armc ≤ Amc
87

Onde:

 Armc: é a área mínima do módulo da malha captora, dada em metro quadrado


(m²), conforme a coluna (2) da tabela 28;
 Armc: é a área mínima do módulo da malha captora, obtida a partir da área
de cobertura da edificação, dada em metro quadrado (m²).

Esse método é baseado na teoria pelo qual o campo magnético é nulo no


interior de uma estrutura metálica, ou circundada por uma malha metálica, quando
percorrida por uma corrente elétrica de qualquer intensidade, como propôs Michael
Faraday em seu experimento, conhecido por Gaiola De Faraday.
O método das malhas, é indicado nos casos em que a estrutura a ser protegida
possui uma grande área horizontal, de forma que seria necessária uma grande
quantidade de captores tipo haste, tornando o projeto impraticável (MAMEDE, 2017).
Para se fazer o uso desse método, é necessário que siga algumas orientações para
um projeto seguro e funcional:

 Esse método é indicado para telhados planos, sem curva, ou pode ser
aplicado também em superfícies laterais planas da estrutura, funcionando
como captor para descargas laterais, conforme exemplificado pela figura 25;
 Deverá ser instalada na parte superior da estrutura e nas saliências que
possivelmente possam estar presentes;
 Se a crista do telhado possuir um declive maior que 1/10, deverá ser
envolvida pela malha de proteção;
 A abertura da malha é função do nível de proteção calculado para uma
estrutura, conforme a tabela 28;
 Quanto menor a abertura da malha de proteção, maior será a proteção
concedida a estrutura;
 Orienta-se que sejam instalados minicaptores verticais, com comprimento
entre 20 e 30 cm ao longo dos condutores que compõem a malha de
proteção, para evitar centelhamentos derivados do impacto da descarga
atmosférica avarie o material da cobertura;
 O número de descidas pode ser determinado pela tabela 23;
88

 Deverá ser protegida por um dispositivo de captação conectado a malha,


qualquer estrutura na cobertura, que se projete a mais de 30 cm do plano da
malha captora;
 Caso haja alguma estrutura metálica que não sirva de captor, deverá estar
contida dentro do volume de proteção da malha captora.

Figura 25: Exemplificação do Método Das Malhas

Fonte: Mamede (2017)


89

3.3.3 Método Da Esfera Rolante

O Método Da Esfera Rolante ou Método Eletrogeométrico (MEG), é respaldado


segundo MAMEDE (2017), na delimitação do volume de proteção dos captores de um
SPDA, podendo no caso, serem utilizadas hastes, cabos ou até mesmo instaurar um
sistema híbrido, no qual são utilizados tanto os cabos quanto as hastes como
captores. Por sua característica peculiar, o MEG é amplamente utilizado em estruturas
de formas arquitetônicas complexas.
Seu princípio de funcionamento é baseado na conceituação da formação das
descargas atmosféricas apresentada no capítulo 1 deste trabalho, que ainda segundo
MAMEDE (2017), é fomentada na ideia de uma esfera de raio Re, com ponto médio
estabelecido no limite da descarga líder antes do último salto, conforme elucidado na
figura 26.

Figura 26: Determinação da distância do raio da esfera do MEG

Fonte: Mamede (2017)

Retomando o raciocínio do conceito supramencionado, o local que


teoricamente será atingido pela descarga atmosférica são os pontos da superfície da
hipotética esfera, que ao gira-la sobre o solo e sobre o sistema de proteção,
90

determina-se a região por ela não tocada, constituindo assim, a zona protegida.
Conforme definido por MAMEDE (2017) quando argumenta: “A zona protegida pode
ser definida como a região em que a esfera rolante não consegue tocar, exceto nos
captores...” (p. 651).
Ainda segundo a referência, existem duas formas de aplicar o Método Da
Esfera Rolante, conforme o caso:
 Caso I: quando a altura do captor Hc é inferior a Re

Tomando-se como base de entendimento apresenta-se a figura 27.

Figura 27: Volume de proteção para H < Re

Fonte: Mamede (2017)

Com a esfera centrada no ponto de convergência P e raio Re, projeta-se um


segmento de círculo que tangencie o plano do solo e o topo do captor. A área
sombreada, é o volume de proteção oferecido pelo SPDA.

 Caso II: quando a altura do captor Hc é superior a Re

Tomando-se como base o entendimento anterior e a figura 28.


91

Figura 28: Volume de proteção para H ≥ Re

Fonte: Mamede (2017)

Neste caso, existe uma ressalva quanto a estrutura excedente ao volume de


proteção. Está poderá ser atingida por descargas laterais, pois a medida que a altura
da haste captora aumenta, sua eficiência é reduzida, pois o volume de proteção não
acompanha o aumento do comprimento da haste.
Como mencionado, o Modelo Da Esfera Rolante, tem grande uso em estrutura
complexas como explicitado pela figura 29, porém pode ser desenvolvido projetos de
SPDA do tipo MEG para estruturas simples, conforme exposto na figura 30.
92

Figura 29: MEG para estruturas complexas

Fonte: Mamede (2017)

Figura 30: MEG para estruturas simples

Fonte: Mamede (2017)


93

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão dos objetivos considerados neste trabalho, foram dissertados a


partir dos estudos realizados no campo da eletricidade atmosférica, que teve como
objetivo transmitir ao leitor a relevância deste para a forma de proteção contra as
descargas atmosféricas, e também sua importância para a possibilidade de vida na
terra.
Ademais, o estudo atesta que é possível identificar riscos e gerenciá-los através
de uma análise minuciosa, afim de que não se coloque em risco a vida humana,
ocasione perdas em bens materiais, sistemas elétricos e sistemas de tecnologia da
informação. Além é claro, de se verificar com inteligibilidade quando se é necessário
ou não a implantação de um SPDA.
Outro ponto a se destacar, são as diversas possibilidades encontradas em se
projetar SPDA eficazes e seguros, com abrangência de proteção a praticamente
qualquer tipo de estrutura encontrada. Utiliza-se para esse fim, sistemas naturais, com
recursos da própria estrutura como forma de captação, descida das descargas e
dissipação das correntes na terra, ou através de sistemas não naturais, que se utiliza
de elementos com a finalidade única de proteção, como o método do ângulo de
proteção, que se utiliza para-raios do tipo Franklin; Método das malhas, que utiliza
cabos condutores nu, atuando como uma gaiola de Faraday pela estrutura; e o método
das esferas rolantes, que utiliza captores com o objetivo de criar uma área esférica de
proteção ao redor da estrutura a ser protegida.
Considerando-se todos os conceitos e aspectos desenvolvidos por meio da
metodologia utilizada na elaboração deste trabalho, concernentes as descargas
atmosféricas, conclui-se que é possível compreender a pergunta inicial, quando
questiona o leitor: “qual é a importância do desenvolvimento de sistemas de proteção
contra elas?”.
Com os objetivos propostos alcançados por este estudo, foi possível perceber
a dimensão dos estragos causados pelas descargas atmosféricas, e a necessidade
em se criar formas de preservação de vidas, equipamentos e estruturas,
considerando-se a eficácia comprovada dos sistemas de proteção contra as
descargas atmosféricas, possibilitando em um próximo trabalho, o desenvolvimento
de um estudo de caso.
94

REFERÊNCIAS

ABNT – NBR ISO/IEC 60079-10-2. Atmosferas Explosivas – Parte 10-2:


Classificação De Áreas – Atmosferas De Poeiras Explosivas - Rio de Janeiro:
ABNT, 2016.

VISACRO, Silvério. Descargas Atmosféricas: Uma abordagem de engenharia. 1ª


ed. – São Paulo: Artliber Editora, 2005.

ABNT – NBR ISO/IEC 60050-426. Equipamentos Elétricos Para Atmosferas


Explosivas - Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

ELAT/INPE. Infográfico – Densidades De Raios No Brasil. Disponível em:


<http://www.inpe.br/webelat/homepage/menu/noticias/infografico.-
.densidade.de.raios.no.brasil.php>. Acesso em: 17 jul. 2017.

CREDER, Hélio. Instalação De Para-Raios Prediais. In: CREDER, Hélio. Instalações


Elétricas. 16ª ed. – Rio de Janeiro: LTC; 2016. 213 – 223.

MAMEDE, João. Proteção Contra Descargas Atmosféricas. In: MAMEDE FILHO,


João. Instalações Elétricas Industriais. 9ª ed. – Rio de Janeiro: LTC; 2017. 600 –
662.

ELAT/INPE. Prejuízos Causados Pelas Descargas Atmosféricas. Disponível em:


<http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=936>. Acesso em: 17 jul. 2017.

ABNT - NBR 5419-2. Proteção Contra Descargas Atmosféricas – Parte 1:


Princípios Gerais - Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

ABNT - NBR 5419-2. Proteção Contra Descargas Atmosféricas – Parte 2:


Gerenciamento De Risco - Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

ABNT - NBR 5419-2. Proteção Contra Descargas Atmosféricas – Parte 3: Danos


Físicos A Estrutura E Perigos À Vida - Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

ABNT - NBR 5419-2. Proteção Contra Descargas Atmosféricas – Parte 4:


Sistemas Elétricos E Eletrônicos Internos Na Estrutura - Rio de Janeiro: ABNT,
2015.
95

ELAT/INPE. O Que São Descargas Atmosféricas. Disponível em:


<http://www.inpe.br/webelat/rindat/menu/desc.atm>. Acesso em: 13 jul. 2017.

ELAT/INPE. Ocorrência Na Terra. INPE, 2017. Disponível em:


<http://www.inpe.br/webelat/homepage/menu/relamp/relampagos/ocorrencia.na.terra
.php>. Acesso em: 04 jul. 2017.
96

ANEXOS
97

ANEXO A

Tabela A.1: Valores tabulados dos parâmetros da corrente das descargas


atmosféricas obtidos do CIGRE (Electra Nº 41 ou Nº 69)

Fonte: ABNT 5419-1:2015


98

ANEXO B

Tabela A.2: Distribuição logarítmica normal dos parâmetros da corrente das


descargas atmosféricas – Média µ e Dispersão σlog calculados para 95% e 5% dos
valores a partir do CIGRE (Electra Nº 41 ou Nº 69)
99

Continuação tabela A.2

Fonte: ABNT 5419-1:2015


100

ANEXO C

Figura A.5: Distribuição cumulativa de frequência dos parâmetros das correntes das
descargas atmosféricas (linhas com valores de 95% a 5%)

Fonte: ABNT 5419-1:2015

Nota - Para numeração das curvas, ver Tabelas A.1 e A.2.

Para todos os valores estabelecidos para os níveis de proteção NP, referem-se


tanto a descargas atmosféricas ascendentes como descendentes.
101

ANEXO D

Tabela 2: Fontes de danos, tipos de danos e tipos de perdas de acordo com o ponto
de impacto

Fonte: ABNT 5419-2:2015, Item 4.1


102

ANEXO E
ACESSÓRIOS E DETALHES CONSTRUTIVOS DE UM SPDA

Neste anexo, são demonstrados os acessórios e detalhes construtivos de um


SPDA, contemplando peças e acessórios disponibilizados no mercado por fabricantes
da área. Todas as imagens desta seção foram retiradas do livro: Instalações Elétricas
Industriais 9ª ed., escrito pelo autor Eng. João Mamede Filho.
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