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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

WELLINGTON DE PAIVA BERTOLETI

PROJETO E EXECUÇÃO DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO


CONTRA DESCARGA ATMOSFÉRICAS EM UM ARMAZÉM
DE GRÃOS NA CIDADE DE SORRISO - MT

SINOP-MT
2023
WELLINGTON DE PAIVA BERTOLETI

PROJETO E EXECUÇÃO DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO


CONTRA DESCARGA ATMOSFÉRICAS EM UM ARMAZÉM
DE GRÃOS NA CIDADE DE SORRISO - MT

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca


Examinadora do Curso de Engenharia Elétrica -
UNEMAT, Campus Universitário de Sinop - MT, como
pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Elétrica.

Prof. Orientador: Dr. André do Amaral Penteado Biscaro

SINOP-MT
2023
ERRATA
(Caso necessitar)
GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP - AQUARELA
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

WELLINGTON DE PAIVA BERTOLETI

PROJETO E EXECUÇÃO DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA


DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA) EM UM ARMAZÉM DE GRÃOS NA
CIDADE DE SORRISO - MT

Prof. Silvio Cesar Garcia Granja


Professor Avaliador

Prof. Vinicius Gonsales Dias


Professor Avaliador

Prof. André do Amaral Penteado Biscaro.


Professor Orientador

Prof(a). Aparecida Fernanda de Souza Zanato


Presidente da Banca

Aprovado em _____ / _____ /_____


Ficha Catalográfica

BERTOLETI, Wellington de Paiva

PROJETO E EXECUÇÃO DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA


DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA) EM UM ARMAZÉM DE GRÃOS NA
CIDADE DE SORRISO-MT

Projeto e Execução de um Sistema de Proteção Contra Descargas


Atmosféricas (SPDA) em um Armazém de Grãos na Cidade de
Sorriso-MT / Wellington de Paiva Bertoleti. Sinop, MT, 2023.

Orientador: Prof. Dr. André do Amaral Penteado Biscaro.


Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca
Examinadora do Curso de Engenharia Elétrica - UNEMAT, Campus
Universitário de Sinop - MT, como pré-requisito para a obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Elétrica.

Sinop, 2º semestre de 2023.


DEDICATÓRIA

Dedico o trabalho para meus avós e familiares, que sempre me apoiaram e


incentivaram em todos os momentos da minha vida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por colocar uma oportunidade dessa no meu


caminho e por ter me dado força e dedicação a cada dia que passa. A todos os
meus familiares que desde que nasci me ensinaram a viver o que é certo e sempre
mostrando o caminho melhor a cada dia, que sempre me apoiaram e incentivam aos
estudos e trabalho.
EPÍGRAFE

“Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas” – Confúcio.


RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso descreve de um modo sucinto a


implementação de um Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA)
em um armazém de grãos localizado na cidade de Sorriso-MT, de acordo com a
norma brasileira da ABNT NBR-5419/2015. Para uma melhor compreensão dos
assuntos abordados, introduziram-se vários conceitos e explicações acerca desse
fenômeno eletromagnético que são os raios, destacando-se sua origem, formação,
descargas atmosféricas locais de maior ocorrência, dentre outros. Destaca-se
também os métodos e as ferramentas para se dimensionar um sistema de proteção
contra descargas atmosféricas (SPDA), proporcionando assim maior segurança para
o ser humano e para as estruturas a serem protegidas, evitando danos e
contribuindo para uma maior qualidade das instalações elétricas. Nos resultados e
discussões apresenta-se o projeto do Sistema de Proteção Contra Descargas
Atmosféricas desenvolvido e instalado, apresentando-se fotos e imagens do local de
instalação, destacando-se a importância do sistema instalado e de se seguir a NBR-
5419/2015.

Palavras-chave: Descargas Atmosféricas. Captores Franklin. Gaiola de Faraday.


SPDA. Raio.
ABSTRACT

This work succinctly describes the implementation of an Atmospheric


Discharge Protection System (ADPS) in a grain warehouse located in the city of
Sorriso-MT, in accordance with the Brazilian standard ABNT NBR-5419/2015 . For a
better understanding of the topics covered, several concepts and explanations were
introduced about this electromagnetic phenomenon that is lightning, highlighting its
origin, formation, local atmospheric discharges with greater occurrence, among
others. Also highlighted are the methods and tools for designing a lightning protection
system (SPDA), thus providing greater safety for humans and the structures to be
protected, avoiding damage and contributing to a higher quality of electrical
installations. The results and discussions present the design of the Atmospheric
Discharge Protection System developed and installed, presenting photos and images
of the installation site, highlighting the importance of the installed system and of
following NBR-5419/2015.

Keywords: Atmosferic discharges. Franklin Captors. Faraday cage. SPDA. Ray.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Nuvem carregada eletricamente ............................................................... 19


Figura 2 - Descargas atmosféricas............................................................................ 20
Figura 3 - Relâmpago intranuvem e Relâmpago nuvem-nuvem ............................... 20
Figura 4 - Relâmpago nuvem-solo ............................................................................ 21
Figura 5 - Formação de Descargas Atmosféricas ..................................................... 22
Figura 6 - Condutores de Descarga Atmosférica ...................................................... 23
Figura 7 - Trajetória do Raio em Uma Edificação...................................................... 24
Figura 8 - Ângulo de proteção correspondente à classe de SPDA ........................... 26
Figura 9 - Ângulo de proteção do para-raio ............................................................... 27
Figura 10 - Método das malhas ................................................................................. 27
Figura 11 - Determinação da distância do raio da esfera do modelo eletro-
geométrico.............................................................................................. 31
Figura 12 - Fachada do Armazém de grãos .............................................................. 40
Figura 13 - Escavação do Solo ................................................................................. 40
Figura 14 - Haste de Aterramento ............................................................................. 41
Figura 15 - Cabo de Cobre Nú 50mm² ...................................................................... 42
Figura 16 - Começo da Solda Exotérmica. ................................................................ 42
Figura 17 - Disco de Retenção .................................................................................. 43
Figura 18 - Pó Exotérmico ......................................................................................... 43
Figura 19 - Palito Ignitor ............................................................................................ 44
Figura 20 - Solda Exotérmica .................................................................................... 44
Figura 21 - Término da Solda Exotérmica ................................................................. 45
Figura 22 - Detalhe da Solda Exotérmica .................................................................. 45
Figura 23 - Descida do Cabo de Cobre e Isoladores. ............................................... 46
Figura 24 - Descida do Cabo de Cobre ..................................................................... 46
Figura 25 - Descidas dos Cabos de Cobre ............................................................... 46
Figura 26 - Caixa de Inspeção Aberta ....................................................................... 47
Figura 27 - Caixa de Inspeção Fechada ................................................................... 47
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores máximos dos raios da esfera rolante, tamanho da malha e ângulo
de proteção correspondentes da classe do SPDA ................................... 25

Tabela 2 - Valores típicos de distância entre os condutores de descida e entre os


anéis condutores de acordo com a classe de SPDA ................................ 29

Tabela 3 - Classificação das estruturas quanto ao nível de proteção ....................... 33


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológica
SPDA – Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas
BEP – Barramento de Equipotencialização Principal
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 18
2.1. Descargas atmosféricas............................................................................... 18
2.2. Principais tipos de raios .............................................................................. 20
2.2.1. Os raios em nuvens ........................................................................................ 20
2.2.2. Raios entre nuvens e solo .............................................................................. 21
2.3. Origem do para-raios.................................................................................... 22
2.4. Métodos de Sistema de proteção contra descarga atmosférica .............. 24
2.4.1. Método do ângulo de proteção ....................................................................... 26
2.4.2. Método das Malhas ........................................................................................ 27
2.4.3. Método esfera rolante ..................................................................................... 30
2.5. Incidência dos raios ..................................................................................... 31
2.5.1. Proteção para equipamentos eletrônicos........................................................ 32
2.6. Classificação das estruturas quanto ao nível de proteção ....................... 32
2.7. Sistema de proteção contra descarga atmosférica ................................... 34
2.8. Procedimentos de medição ......................................................................... 36
2.9. Medidas preventivas para não ser atingido por descargas atmosféricas . 37
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 38
4. CONCLUSÃO ................................................................................................. 48
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49
ANEXOS ................................................................................................................... 51
15

1. INTRODUÇÃO

A descarga elétrica atmosférica, conhecida como raio, é um fenômeno da


natureza imprevisível e aleatório, tanto em relação às suas características elétricas
(intensidade de corrente, tempo de duração, etc.), como em relação aos efeitos
destruidores decorrentes de sua incidência sobre as edificações. Perante isso, a
instalação de um Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas – SPDA se
torna imprescindível, pois além de minimizar danos estruturais e danos à rede
elétrica, quando corretamente dimensionado, guarda vidas.
Na execução dos centros de armazenamento de grãos (silos e armazéns),
muitos não possuem a instalação e implantação de SPDA, conforme a norma da
ABNT - NBR 5419-1/2015 estabelece, gerando uma não conformidade e passível de
uma punição perante os órgãos fiscalizadores. As edificações precisam ser
protegidas por um sistema de proteção porque, caso a edificação seja atingida por
uma descarga atmosférica e não possua a referida proteção, a mesma estará
vulnerável a possíveis prejuízos tais como explosões, incêndios, danos materiais e
até mesmo risco à vida de pessoas e animais. (ABNT, 215a)
O Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas – SPDA não impede
a ocorrência das descargas atmosféricas. O sistema projetado e instalado conforme
norma, não pode assegurar a proteção absoluta de uma estrutura, pessoas ou
objetos, entretanto, reduz os riscos de danos maiores. O tipo e o posicionamento do
SPDA devem ser estudados no projeto da edificação para máximo proveito dos
elementos condutores da estrutura.
O Estado do Mato Grosso cresce muito referente ao agronegócio e para
armazenamento da produção necessita de construção de unidade armazenadoras
de grãos, sendo silos e armazéns, e conforme normas do Corpo de Bombeiros, os
edifícios com mais de 30 metros de altura e as instalações comerciais e industriais
com mais de 1.500 metros quadrados de área construída precisam ter um SPDA.
(NTCB-MT-01, 2020)
Muitas unidades armazenadoras não possuem a implantação do SPDA, não
cumprindo a exigência da lei. O projeto e instalação de um SPDA deve ser
entendido como uma aplicação da eletricidade para um fim aproveitável, objetivando
a redução de prejuízos e danos como os raios das edificações, animais e das
pessoas.
16

O objetivo geral deste trabalho foi demonstrar a importância da


implementação de um sistema de proteção contra descarga atmosférica em um
armazém de grãos na cidade de Sorriso-MT. Já os objetivos específicos abordaram
pesquisas sobre as Normas de SPDA e sua aplicação, análises e demonstrações
sobre os procedimentos adotados para a aplicação do SPDA dentro da norma da
ABNT - NBR 5419-2/2015, detalhando os métodos e tipos de SPDA nas instalações,
destacando a importância do SPDA nas instalações elétricas. (ABNT, 2015b)
A justificativa do referido trabalho se baseia em que o Sistema de Proteção de
Descargas Atmosféricas – SPDA são indispensáveis em construções, sendo mais
empregadas nas áreas industriais e comerciais. Quando a edificação não está de
acordo com a legislação, no caso de uma fiscalização ou vistoria feita pelo Corpo de
Bombeiro, será exigido o laudo de inspeção, e na ausência não será renovado o
alvará. A Norma Brasileira de Regulamentação da ABNT - NBR 5419-3/2015 tem
como objetivo fixar as condições de projeto, instalação e manutenção de SPDA,
para proteger as edificações e estruturas contra a incidência direta dos raios. Além
de ser um tema muito importante para os profissionais de engenharia, a abordagem
desse tema tem grande importância para fins de adquirir maior conhecimento sobre
o SPDA, colocando em prática os conhecimentos adquiridos durante o curso de
Engenharia Elétrica. (ABNT, 2015c)
Os resultados obtidos demonstram as etapas de implementação de um SPDA
em um armazém desde o projeto até a instalação no local, apresentando o
funcionamento, a importância, sua instalação, proteção e outros aspectos. As
hipóteses abordadas neste trabalho foram três sendo, sendo elas: (1) a aplicação e
conhecimento das Normas NBR 5419/2015 garante ao estudante melhor
capacitação? (2) a aplicação e as finalidades de um SPDA garantem a proteção de
construções e a proteção de pessoas? e (3) a instalação de um SPDA em um
armazém de grãos de acordo com a norma NBR 5419/2015 é viável e fornece ao
estudante a aprendizagem da teoria e da prática sobre sistemas de proteção contra
descargas atmosféricas?
17

O texto foi organizado da seguinte maneira: na seção 1 foi introduzido o tema


de estudo deste trabalho de conclusão de curso. Na seção 2 apresenta-se toda a
fundamentação teórica pertinente ao tema relacionado às descargas atmosféricas e
aos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas. Na seção 3 apresentam-
se os resultados e discussões relacionados ao projeto e execução de um sistema de
proteção contra descargas atmosféricas (spda) em um armazém de grãos na cidade
de sorriso – MT. E, por fim, na seção 4 apresentam-se as conclusões relativas ao
desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso.
18

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção serão apresentados os conceitos e fundamentos de eletricidade


utilizados para o desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso.

2.1. Descargas atmosféricas


A descarga atmosférica, popularmente conhecida como raio, é um
fenômeno natural que sempre impôs temor ao homem, tanto pelo ruído do trovão
quanto pelos incêndios e destruições que causa. O caminho percorrido foi longo
para descobrir a natureza elétrica das descargas atmosféricas e para chegar a
regras confiáveis de proteção a edificações, aparelhos, equipamentos, animais e
principalmente das pessoas.
As descargas atmosféricas, raios ou relâmpagos são fenômenos que
ocorrem na atmosfera pela formação de descarga elétrica de alta intensidade.
Esse fenômeno de descargas elétricas ocorre dentro das nuvens e vemos apenas
como clarões. O mesmo se dá devido à formação de cargas nas nuvens e a sua
consequente descarga a terra. Portanto, às características das descargas elétricas,
se deslocam para o solo originando os raios, que em frações de segundo, produz
uma diferença de potencial de milhões e volts e corrente de milhares de ampères.
Mamede Filho (2017) considera que, ao longo dos anos, várias teorias foram
desenvolvidas para explicar o fenômeno chamado de raio. A fricção entre as
partículas de água, que formam as nuvens, provocada pelos ventos ascendentes
de forte intensidade, dá origem a uma grande quantidade de cargas elétricas. Nos
experimentos feitos, na maioria dos fenômenos atmosféricos, pode-se verificar que
as cargas elétricas positivas ocupam a parte superior da nuvem, enquanto as
cargas elétricas negativas se posicionam na sua parte inferior, acarretando uma
intensa migração de cargas positivas na superfície da terra para a área de
localização da nuvem, adquirindo uma característica bipolar, Figura 1.
19

Figura 1 - Nuvem carregada eletricamente

Fonte: (MAMEDE FILHO, 2017, p. 600).

Um raio, um relâmpago ou corisco é talvez a mais violenta manifestação da


natureza. Numa fração de segundo, um raio pode produzir uma carga de energia
cujos parâmetros chegam a atingir valores altíssimos: de 100 milhões a 1 bilhão de
volts, 300 mil amperes e 30 mil graus célsius.
Embora nem sempre sejam alcançados tais valores, mesmo um raio menos
potente ainda tem energia suficiente para matar, ferir, incendiar, quebrar estruturas,
derrubar árvores e abrir buracos ou valas no chão. Segundo estudos da Defesa Civil
do Rio de Janeiro, ao redor da terra caem cerca de 100 raios por segundo.
(DEFESA CIVIL-RJ, 2023)
O Brasil é o país campeão mundial de incidência do fenômeno na terra e nas
regiões Sudeste e Sul há incidência de 25 milhões de raios anualmente, sendo a
maior quantidade no período de dezembro a março, o qual corresponde à época das
chuvas de verão (KOBIYAMA, 2023).
Aproximadamente 50 a 70 milhões de descargas classificadas de nuvem-
solo ocorrem todos os anos em todo território brasileiro, o equivalente a três raios
por segundo. Na cartilha do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a
cada 50 mortes por raios no mundo, uma é no Brasil. São 130 mortes, mais de 200
feridos por ano e prejuízos anuais da ordem de um bilhão de reais no país,
entretanto o país dispõe de tecnologias avançadas para proteger a população
desses fenômenos (INPE, 2023).
A probabilidade de morrer atingido por um raio é de 0,8 por milhão por ano
no Brasil, mas esta probabilidade pode ser ainda maior, de um para mil,
dependendo de onde a pessoa está e o que está fazendo durante uma
tempestade. A Figura 2 ilustra os raios no momento de uma descarga atmosférica.
20

Figura 2 - Descargas atmosféricas

Fonte: (MAMEDE FILHO, 2017, p. 601)

2.2. Principais tipos de raios

2.2.1. Os raios em nuvens


Os raios em nuvens são chamados assim por iniciarem dentro de uma
nuvem. Eles são menos perigosos para nós. Os relâmpagos que esses raios
geram podem ser vistos por nós e fazem cerca de 70% do total que atingem nosso
planeta. O fato de estarem escondidos pelas nuvens impossibilita um melhor
estudo sobre sua formação. Suas descargas podem ocorrer de três maneiras: no
interior das nuvens (chamados de descargas intranuvem) como mostra a Figura 3,
entre duas ou mais nuvens (as descargas nuvem-nuvem) ilustrados na Figura 3 e
para fora da nuvem, sem atingir o solo (denominadas de descargas para o ar).
Figura 3 - Relâmpago intranuvem e Relâmpago nuvem-nuvem

Fonte: (ELAT, 2019)


21

2.2.2. Raios entre nuvens e solo


Este tipo de raio inicia na superfície de uma nuvem ou no chão, abaixo ou
próximo de uma nuvem de tempestade. Sua denominação é feita de acordo com o
sentido de movimento da carga que o origina. Dessa maneira, os raios entre
nuvens e solo podem ser do tipo nuvem-solo ou solo-nuvem.
Os raios também se classificam quanto ao sinal da carga líder que inicia
uma descarga, podendo ser ascendentes ou descendentes. A maioria das
descargas nuvem-solo são descendentes. Esses raios são os que realmente
preocupam os homens. Estimativas indicam que cerca de 100 milhões de raios
nuvem-solo ocorrem no Brasil todo ano e a maior parte deles acontece na
Amazônia, talvez pelo fator climático da região (LOPES, 2016).
Nas cidades, já se comprovou que a poluição aumenta a quantidade de
descargas elétricas na atmosfera. A formação de raios entre nuvens e solo é bem
conhecida. Os nuvem-solo correspondem a quase 99% dessas descargas (Figura
4), enquanto os solo-nuvem (ascendentes) são raros, ocorrendo geralmente no
topo de montanhas ou em estruturas altas (como torres e edifícios). Um solo-
nuvem pode até ser "criado" por foguetes lançados na direção da nuvem de chuva.
Isso, aliás, tem permitido o estudo dos relâmpagos e melhorado as técnicas de
proteção.

Figura 4 - Relâmpago nuvem-solo

Fonte: (ELAT, 2019)


22

2.3. Origem do para-raios

Para que o para-raios fosse inventado, foi necessário primeiramente


descobrir que os raios são um fenômeno elétrico, o que foi feito através de um
estudo experimental de Benjamin Franklin (VANSPANCKEREN, 2016).
Para testar sua hipótese, Franklin executou o seguinte experimento:
planejou fixar uma vareta no alto de uma edificação, que seria uma torre de uma
igreja que estava em construção, porém, o mesmo ficou impaciente com a demora
da obra. Portanto decidiu soltar uma pipa e presa à ponta uma vareta, ao
aproximar a nuvens de tempestade, conseguiu carregar um capacitor com uma
descarga elétrica contínua que percorreu a linha que sustentava essa pipa (Figura
5). Com esse experimento, provou então, de forma incontestável, a existência da
eletricidade na atmosfera e nas nuvens (ANJOS, 2022).
Figura 5 - Formação de Descargas Atmosféricas

Fonte: (CAVALIN; CERVELIN, 2017, p.373)

O experimento realizado em 15 de junho de 1752 comprovou à comunidade


científica da época que o raio é apenas uma corrente elétrica de grandes
proporções. Franklin demonstrou ainda que hastes de ferro ligadas à terra e
posicionadas sobre ou ao lado de edificações serviriam de condutores de
descargas elétricas atmosféricas (WALTRICK, 2018). Assim surgia o para-raios,
conforme Figura 6.
23

Figura 6 - Condutores de Descarga Atmosférica

Fonte: (SERBENA, 2013, p.28)

Franklin escreveu uma carta e enviou a um amigo que residia em Londres,


sugerindo a ampla instalação dessas estacas de proteção contra a ação dos raios,
a fim de proteger as casas. A ideia espalhou-se rapidamente e, apenas um ano
depois, um padre construía o primeiro para-raios na Europa. Na Alemanha, a
invenção chegaria alguns anos mais tarde, tendo sido o primeiro dispositivo
instalado em Hamburgo no ano de 1769.
Desde 1747, Franklin ocupara-se de estudos sobre a teoria da eletricidade.
Embora fosse conhecida anteriormente, a hipótese de que o raio é um fenômeno
elétrico só veio a ser constatada por ele, o que muito contribuiu para sua reputação
entre a comunidade científica europeia da época. Portanto, Franklin desenvolveu
conceitos que, em seus parâmetros básicos, são válidos até hoje. As obras de
Benjamin Franklin sobre a eletricidade foram publicadas nas colônias e na Europa,
e a mais importante delas foi Experiments and Observations on Eletricity
(“Experiências e Observações sobre Eletricidade”). Criou alguns termos técnicos
que ainda hoje são usados, como bateria e condensador. (FRANKLIN, 1769)
Desde a invenção do para-raios não havia consenso entre os cientistas
sobre a melhor forma de construir o dispositivo. Franklin sugeria um objeto
pontiagudo, enquanto na Inglaterra foram confeccionados para-raios
arredondados, por decreto do rei Jorge 3º. Segundo ordens da corte, um
24

dispositivo pontiagudo iria atrair ainda mais os raios. Somente no ano de 2000, as
experiências precisas provaram que a forma arredondada é mais eficaz no
transporte das correntes elétricas. Isso não implica, no entanto, qualquer espécie
de elogio ao rei Jorge 3º. O monarca não dispunha nem de conhecimentos básicos
sobre o tema e só defendeu a forma arredondada devido a desavenças políticas
com o inventor norte-americano.
Cavalin e Cervelin (2008) destacam que com todo o conhecimento adquirido
no decorrer dos anos, desde que Benjamin Franklin propôs pela primeira vez um
método mais eficiente de proteção contra os raios, ainda hoje não se conseguiu
100% de proteção. O máximo é na ordem de 98% de eficiência.
Hoje um para-raios é composto por hastes e cabos metálicos, colocados no
ponto mais alto do local a ser protegido. Estes cabos, que ligam o topo de uma
edificação ao solo, recebem as descargas dos raios, direcionando-as para a terra.
A outra extremidade do fio condutor é ligada a uma barra metálica enterrada no
solo, que recebe a corrente elétrica, como demonstra a Figura 7.

Figura 7 - Trajetória do Raio em Uma Edificação

Fonte: (SERBENA, 2018, p. 29)

2.4. Métodos de Sistema de proteção contra descarga atmosférica

A queda de uma descarga atmosférica tem uma intensidade de corrente que


varia 2 a 200 kA, apesar de ser de um curto de tempo, cujo período crítico na faixa
de dezenas de microssegundos. Entretanto só uma parte da energia disponível no
raio é que vai atingir as diferentes unidades consumidoras da rede de baixa
tensão. Esses "raios" podem causar destruição de casas, comércios, queimadas,
25

danos em equipamentos eletrônicos e até mortes. Por isso, a importância de se


instalar um SPDA e fazer suas inspeções como determina a norma da ABNT -
NBR 5419/2015. (BOHN, 2020)
A invenção do SPDA permitiu maior segurança contra as descargas
atmosféricas. Ele faz parte do que hoje se chama de sistema de proteção. Esses
sistemas foram feitos para proteger construções e seus ocupantes dos efeitos da
eletricidade dos relâmpagos.
O SPDA cria um caminho, com um material de baixa resistência elétrica,
para que a descarga entre ou saia pelo solo com um risco mínimo às pessoas
presentes no local. Um sistema é dividido em três componentes: o terminal aéreo,
os condutores de descida e o terminal de aterramento (NETO, 2004).
O terminal aéreo é uma haste metálica rígida e pontiaguda, montada numa
base ou tripé, no ponto mais alto da estrutura, que deverá capturar a descarga. É
comumente conhecido pelo nome de para-raios. Existem três modelos básicos de
para-raios: método do ângulo de proteção, método das malhas e o método das
esferas rolantes (BOHN, 2020).
O gráfico da Figura 8 mostra os valores do ângulo de proteção em função
da altura da estrutura e da classe do SPDA, enquanto a Tabela 1 indica o tamanho
da malha captora e o raio da esfera rolante em função da classe do SPDA.

Tabela 1 - Valores máximos dos raios da esfera rolante, tamanho da malha e ângulo de proteção
correspondentes da classe do SPDA

Fonte: (ABNT, 2015c, p. 11).


26

Figura 8 - Ângulo de proteção correspondente à classe de SPDA

Fonte: (ABNT, 2015c, p11).

Para valores de H (m) acima dos valores finais de cada curva (classe I a
IV) são aplicáveis apenas os métodos da esfera rolante e das malhas H é a
altura do captor acima do plano de referência da área a ser protegida O ângulo
não será alterado para valores de H abaixo de 2 m.

2.4.1. Método do ângulo de proteção


O método do ângulo de proteção também conhecido como método de Franklin
foi criado no ano de 1752 por Benjamim Franklin e seu princípio de funcionamento é
o de criar uma alta concentração de cargas elétricas que juntamente com um campo
elétrico intenso, produz a ionização do ar. O para raio deve oferecer uma proteção
dada por um cone cujo vértice corresponde a extremidade superior do captor e cuja
geratriz faz um ângulo αº com vertical, propiciando um raio de base cone de valor
dado pela Equação abaixo, conforme se observa na Figura 8.
Rp = Hc x tg α (1)
Sendo:
Rp = raio da base do cone de proteção, em m;
Hc = altura da extremidade do captor em relação à base, em m;
α = ângulo de proteção com vertical, conforme mostra figura 9.

O método do ângulo de proteção é composto por um captor, montado sobre


um mastro metálico, que conduzem a eletricidade ao solo por meio do aterramento,
com o rompimento da rigidez dielétrica do ar, o raio surge entre a nuvem e a haste
de altura h aterrada ao solo. O equipamento serve de condutor para as descargas
27

liberadas (por nuvens ou solo) permitindo o equilíbrio de carregas elétricas


existentes nos dois polos. O captador "Franklin" é constituído por uma haste
metálica, sendo mais barato, mas pouco seguro, pois funciona de acordo com
probabilidades, conforme mostra a Figura 9.
Figura 9 - Ângulo de proteção do para-raio

Fonte: (MAMEDE FILHO, 2017, p. 645)

2.4.2. Método das Malhas


O método das malhas também conhecido como gaiola de Faraday consiste
em um sistema de vários receptores colocados de modo a envolver o topo da
estrutura, como uma gaiola, conforme Figura 10.

Figura 10 - Método das malhas

.
Fonte: (MAMEDE FILHO, 2017, p. 651)
28

Esse sistema proporciona maior proteção. A haste dos para-raios deve ser
pontiaguda pois desse modo têm maior poder de acúmulo de cargas. O material
deve ser rígido para suportar o impacto da descarga, além de ter um elevado
ponto de fusão, não derretendo com o calor gerado pela descarga. E por último, o
material da haste deve ser bom condutor. Os condutores de descida são cabos
metálicos que unem o terminal aéreo ao terminal de aterramento. Nos edifícios,
eles são dispostos em paredes sem janelas, por questão de segurança. Os
terminais de aterramento são hastes, geralmente de cobre, enterradas no chão, a
um nível que dependerá do tipo de solo e do tipo de construção que se deseja
proteger. Os minerais que compõem o solo determinam melhores resultados no
escoamento da descarga.
Conforme os estudos de Mamede Filho (2017), esse método consiste em
envolver a parte superior da construção com a malha captora de condutores
elétricos nus, cujas distâncias entre eles é uma função do nível de proteção
desejado dado pela tabela 1, que estabelece as dimensões do módulo da malha de
proteção.
Armc ≤ Amc (2)

Sendo:
Armc = área mínima do módulo da malha captora, em m²,
Amc = área do módulo da malha captora obtida a partir da área de cobertura da
edificação, em m².

O método das malhas é indicado para edificações com uma grande área
horizontal, nas quais seria necessária uma grande quantidade de captores do tipo
Franklin, tornando o projeto muito oneroso.
O método das malhas é fundamental na teoria pela qual o campo
eletromagnético é nulo no interior de uma estrutura metálica ou envolvida por uma
superfície metálica ou por malha metálica, quando são percorridas por uma
corrente elétrica de qualquer intensidade.
A maior proteção que se pode ter utilizado o método das malhas é construir
uma estrutura e envolvê-la completamente com uma superfície metálica, o que
obviamente não é uma solução aplicável.
Para fazer o uso do método das malhas é necessário conhecer as seguintes
prescrições abaixo:
29

• A abertura da malha é uma função do nível de proteção que se deseja


adotar para uma particular estrutura;
• Para se obter o mesmo nível de proteção oferecido pelo método das
malhas, estabelecer a largura mínima do módulo das malhas de proteção,
segundo a tabela acima;
• Quanto menor for a abertura da malha protetora, maior a proteção oferecida
pelo método das malhas;
• Recomenda-se a instalação de captores auxiliares verticais com altura de 50
cm ao longo dos condutores que compõem a malha protetora. Isso evita
que o centelhamento devido ao impacto da descarga atmosférica danifique
o material da cobertura;
• A distância entre os captores anteriormente mencionados não deve ser
superior a 8m;
• Recomenda-se que os usuários das estruturas protegidas pelo método das
malhas evitem utilizar equipamentos de tecnologia da informação próximos
aos condutores de descida;
• O número de descida pode ser determinada pela Tabela 2.

Tabela 2 - Valores típicos de distância entre os condutores de descida e entre os anéis


condutores de acordo com a classe de SPDA

Fonte: (ABNT, 2015c, p15)

• Quando existir qualquer estrutura na cobertura que se projete a mais de 30


cm do plano da malha captora e constituída de materiais não condutores,
tais como chaminés, sistema de exaustão de ar etc., ela deve ser protegida
por um dispositivo de captação conectado a malha captora;
30

• Quando existir estrutura metálica na cobertura, não conectada a um sistema


aterrado, a estrutura deve ser conectada ao sistema captor, se ocorrer uma
das seguintes condições:
- A altura da estrutura acima do plano da malha captora seja superior a 30
cm;
- A estrutura esteja a uma distância igual ou superior a 50 cm de um
dispositivo de captação;
- A estrutura deve ter uma dimensão mínima, na horizontal, de 2 m;
- A estrutura deve ter uma área mínima, no plano horizontal, de 1 m²;
• O aterramento do sistema de proteção contra descargas atmosféricas pode
ser também executado tanto no interior das fundações de concreto armado
da edificação como através de malhas de aterramento não naturais;
• Pode-se usar durante a construção das fundações uma barra de aço
galvanizado, de seção circular, com 8 mm de diâmetro. Alternativamente,
pode-se empregar uma fita de aço galvanizado, de dimensões de 25 x 4
mm.
• Deve-se evitar isolar as fundações contra a penetração de umidade, o que
provocaria uma elevada resistência de contato com o solo natural,
anulando, dessa forma, a eficiência do sistema de aterramento.

O método das malhas tem recebido ultimamente a preferência dos


projetistas. É que, por esse método, a interligação entre as hastes e os suportes
dos captores pode conduzir a uma malha no topo da construção de dimensões tais
que resultam praticamente nas dimensões necessárias à aplicação do método das
malhas.

2.4.3. Método esfera rolante


Esse método também é conhecido como eletrogemométrico. Mamede Filho
(2017) fala que esse método se baseia na delimitação do volume de proteção dos
captores de um SPDA. Podem-se utilizar hastes, cabos ou mesmo uma
combinação de ambos. É empregado com muita eficiência em estruturas de
altura elevada e de formas arquitetônicas complexas. Dada essa característica, o
31

método esfera rolante tem bastante aplicação em subestação de potência de


instalação exterior.
Com base na conceituação da formação de uma descarga atmosférica, o
método esfera rolante se fundamenta na premissa de uma esfera de raio R, com
o centro localizado na extremidade do líder antes do seu último salto, conforme a
Figura 11.

Figura 11 - Determinação da distância do raio da esfera do modelo eletro-geométrico.

Fonte: (MAMEDE FILHO, 2017, p. 652)

Os pontos da superfície da referida esfera constituem o lugar geométrico, e


devem ser atingidos por uma descarga atmosférica. Ao rolar a esfera fictícia sobre
o solo e sobre o sistema de proteção, delimita-se a região em que ela não toque,
formando assim a zona protegida. Ou melhor, a zona protegida pode ser definida
como a região em que a esfera rolante não consegue tocar.

2.5. Incidência dos raios

A descarga elétrica pode ocorrer de três formas: Diretamente, lateralmente


e indução pelo solo (NETO, 2004). Diretamente: é quando o raio vem a atingir
diretamente a uma pessoa, raramente uma pessoa sobrevive a um raio
diretamente.
32

Lateralmente: é quando uma pessoa está localizada perto de alguma coisa


alta como uma árvore e a descarga vem atingir a essa árvore, a pessoa vem a
sofrer uma parte da descarga.
Raio induzido: é quando a descarga cai no solo e forma uma onda de tensão
que se propaga radialmente, quanto mais longe uma onda da outra maior a
diferença de potencial, por essa razão o gado tem maior probabilidade de morte
por raios.

2.5.1. Proteção para equipamentos eletrônicos


Os SPDA ou para-raios são instalados com a finalidade de proteger
edificações, estruturas e pessoas que estão no seu interior. Esses equipamentos
não protegem as instalações elétricas nem equipamentos eletrônicos. Existem
vários dispositivos para essa proteção de equipamentos com corrente alternada.
Os dois dispositivos mais usados para a proteção dos equipamentos são os
centelhadores e varistores.
Centelhadores: O funcionamento se baseia na ionização do ar em um
ambiente controlado através de dois eletrodos isolados, porém, com uma
geometria que facilita a formação do arco voltaico na presença da sobretensão.
Dessa forma, a energia que passaria para os equipamentos dentro do imóvel, é
dissipada na forma de calor dentro do centelhador.
Varistores: tem uma tensão nominal de atuação, enquanto a tensão aplicada
em seus terminais for igual ou menor que a nominal do componente, seu estado é
de alta resistência.

2.6. Classificação das estruturas quanto ao nível de proteção

Segundo Stéfani (2011) a norma da ABNT - NBR 5419/2015 possui o


melhor método para classificar as estruturas atmosféricas quanto ao nível de
proteção necessário ou indicativo para cada uma delas.
A Tabela 3, exemplifica os diversos tipos de estruturas e os equivalentes
níveis de proteção quanto as descargas atmosféricas, facilitando, dessa forma, a
formulação dos projetos de SPDA.
33

Tabela 3 - Classificação das estruturas quanto ao nível de proteção


Classificação Tipo de Estrutura Efeitos das Descargas Atmosféricas Nível de
da Estrutura Proteção
Residências Perfuração da isolação de instalações elétricas, III
incêndio, e danos materiais. Danos normalmente
limitados a objetos no ponto de impacto ou no
caminho do raio
Fazendas, Risco direto de incêndio e tensões de passo III ou IV²
Estabelecimentos perigosas. Risco indireto devido à interrupção de
agropecuários energia e risco de morte para animais devido à
perda de controles eletrônicos, ventilação,
suprimento de alimentação e outros
Teatros, escolas, Danos às instalações elétricas (por exemplo: II
lojas de iluminação) e possibilidade de pânico. Falha do
Estruturas departamentos, áreas sistema de alarme contra incêndio, causando atraso
Comuns¹ esportivas e igrejas no socorro
Bancos, companhias Como acima, além de efeitos indiretos com a perda II
de seguro, de comunicação, falhas dos computadores e perda
companhias de dados
Hospitais, casas de Como para escolas, além de efeitos indiretos para II
repouso e prisões pessoas em tratamento intensivo e dificuldade de
resgate de pessoas imobilizadas
Indústrias Efeitos indiretos conforme o conteúdo das III
estruturas, variando de danos pequenos e prejuízos
inaceitáveis e perda de produção
Museus, locais Perda de patrimônio cultural insubstituível II
arqueológicos
Estrutura Estações de Interrupção inaceitável de serviços públicos por I
com risco telecomunicação o, breve ou longo período. Risco indireto para as
confinado usinas elétricas, imediações devido a incêndios e outros com risco
indústrias de incêndio

Estruturas Refinarias, postos de Risco de incêndio e explosão para a instalação e I


com risco combustível, fabricas seus arredores
para os de fogos, fabricas de
arredores munição
Estruturas Indústrias químicas, Risco de incêndio e falhas de operação, com I
com risco usinas nucleares, consequências perigosas para o local e para o meio
para o meio laboratórios químicos ambiente
ambiente
¹ ETI (Equipamentos de Tecnologia da Informação) podem ser instalados em todos os tipos de estruturas, inclusive estruturas
comuns. É impraticável a proteção total contra danos causados pelos raios dentro dessas estruturas; não obstante, devem ser
tomadas medidas (conforme a NBR 5410) de modo a limitar os prejuízos a níveis aceitáveis.

² Estruturas de madeira: nível III; estruturas nível IV. Estruturas contendo produtos agrícolas potencialmente combustíveis (pós
de grãos) sujeitos a explosão são consideradas com risco para arredores.
Fonte: (ABNT, 2015b)

De forma genérica, esses índices de nível de proteção podem ser


resumidamente definidos como se segue:
a) Nível I: é o nível mais severo enquanto a perda de patrimônio. Refere
às construções protegidas, cuja falha no sistema de para-raios pode provocar
34

danos as estruturas adjacentes, tais como as indústrias petroquímicas, de


materiais explosivos etc.
b) Nível II: refere-se as construções protegidas, cuja falha no sistema de
para-raios pode ocasionar a perda de bens de estimável valor ou provocar pânico
aos presentes, porém sem nenhuma consequência para as construções
adjacentes. Enquadram-se neste nível os museus, teatros, estádios, companhias
comerciais comuns etc.
c) Nível III: refere-se as construções de uso comum, tais como os
prédios residências, lojas de departamento e indústrias de manufaturados simples.
d) Nível VI: refere-se as construções onde não é rotineira a presença de
pessoas. Essas construções são feitas de materiais não inflamável, sendo o
produto armazenado nelas de material não combustível, tais como armazéns de
concreto para produtos de construção.

2.7. Sistema de proteção contra descarga atmosférica


Os sistemas de proteção contra descarga atmosférica, de forma geral, são
constituídos de três partes bem definidas, porém intimamente interligadas, ou seja:
a) Sistema de captores: são os elementos condutores expostos, normalmente
localizados na parte mais elevada da edificação, responsável pelo contato
direto com as descargas atmosféricas.
Os captores podem ser classificados segundo sua natureza construtiva:
• Captores Naturais: são constituídos de elementos condutores expostos,
normalmente partes integrantes da edificação que se quer proteger. São
exemplos de captores naturais as coberturas metálicas das estruturas,
mastros ou quaisquer elementos condutores expostos acima das coberturas,
tubos e tanques metálicos etc.
• Captores não naturais: são constituídos de elementos condutores expostos,
normalmente instalados sobre a cobertura e a lateral superior das edificações
cuja finalidade é estabelecer o contato direto com as descargas atmosféricas.
São exemplos de captores não naturais os condutores de cobre nu, expostos
em forma de malha e os captores do tipo Franklin.
b) Sistemas de descidas: são elementos condutores expostos ou não que
permitem a continuidade elétrica entre os captores e o sistema de
aterramento.
35

Os sistemas de descida podem ser classificados segundo a sua natureza


construtiva:
• Sistema de descidas naturais: são elementos condutores, normalmente partes
integrantes da edificação que por sua natureza condutiva permitem escoar
para o sistema de aterramento as correntes elétricas resultantes das
descargas atmosféricas. São exemplos de sistemas de descidas naturais os
postes metálicos, as torres metálicas, as torres metálicas de comunicação
(rádio e TV), as armaduras de aço interligadas dos pilares das estruturas etc.
• Sistemas de descidas não naturais: são constituídos de elementos condutores
expostos ou não, dedicados exclusivamente a condução ao sistema de
aterramento da edificação das correntes elétricas dos raios que atingem os
captores. São exemplos de sistemas de descidas não naturais os condutores
de cobre nu instalados sobre as laterais das edificações ou nela embutidas,
barras de ferro de construção ou similar instaladas no interior dos pilares das
edificações para uso exclusivo do sistema de proteção contra descargas
atmosféricas etc.
c) Sistema de aterramento: são constituídos de elementos condutores
enterrados ou embutidos nas fundações das edificações responsáveis pela
dispersão das correntes elétricas no solo.
Os sistemas de aterramento podem ser classificados segundo a sua natureza
construtiva:
• Sistemas de aterramentos naturais: são constituídos de elementos metálicos
embutidos nas fundações das edificações e parte integrante destas. São
exemplos de sistemas de aterramento naturais as fundações de concreto
armado das edificações, as bases de torre de aerogeradores, as estruturas de
concreto enterradas especialmente construídas para a finalidade de dispersão
das correntes elétricas etc.
• Sistemas de aterramentos não naturais: são constituídos de elementos
condutores enterrados horizontal ou verticalmente que dispersam as correntes
elétricas no solo. São exemplos de sistemas de aterramento não naturais os
condutores de cobre nu diretamente enterradas verticalmente, interligadas ou
não aos condutores horizontais.
Os sistemas de aterramento naturais e não naturais devem atender as
seguintes prescrições gerais:
36

• O sistema de aterramento deve ser único para os sistemas de proteção contra


descargas atmosféricas, sistema de potência e sistema de tecnologia da
informação.
• A mesma norma recomenda uma resistência de aterramento próxima a 10
ohms quando são utilizados eletrodos não naturais. Este procedimento pode
reduzir o processo de centelhamento entre elementos da estrutura a ser
protegida e diminuir os valores dos potenciais elétricos produzidos no solo.
• Quando numa mesma área houver dois ou mais sistemas de aterramento,
devem-se interligar todos eles através de uma ligação equipotencial realizada
através de fita trançada de cobre.
• Os eletrodos de aterramento podem ser constituídos das seguintes formas:
- Armaduras de aço das fundações das edificações;
- Condutores de cobre, de preferência, em forma de anel em torno da
edificação a ser protegida;
- Condutores de cobre, de preferência, em forma radial;
- Hastes verticais metálicas tecnicamente apropriadas.

2.8. Procedimentos de medição

De acordo com a norma da ABNT - NBR 5419/2015, a medição deve ser


realizada com aparelhos que forneçam corrente elétrica entre 1 A e 10 A, com
frequência diferente de 60 Hz e seus múltiplos. Importante notar que a corrente
utilizada deve ser suficiente para garantir precisão no resultado sem danificar as
armaduras. No caso da primeira verificação, pode-se admitir que a continuidade
das armaduras é aceitável, se os valores medidos para trechos semelhantes forem
da mesma ordem de grandeza e inferiores a 10 Ω.
A verificação final deve ser realizada nos sistemas de proteção contra
descargas atmosféricas que utilizam componentes naturais nas descidas, após a
conclusão da instalação do sistema. A medição da resistência deve ser realizada
entre a parte mais alta do subsistema de captação e o de aterramento,
preferencialmente no BEP. O valor máximo permitido para o ensaio de resistência
nesse trecho é de 0,2 Ω.
37

2.9. Medidas preventivas para não ser atingido por descargas atmosféricas

Conforme Cavalin e Cervelin (2017) durante a algumas tempestades com


incidência de raios, deve-se seguir algumas regras de segurança.
• Permanecer dentro de casa, sair apenas se for absolutamente necessário.
• Manter afastado de portas e janelas abertas, de fogões, aquecedores centrais,
ferramentas, canos, pias e objetos metálicos de grande massa.
• Não usar o telefone, pois um raio pode atingir as linhas e chegar até quem o
estiver utilizando.
• Não recolher roupas estendidas no varal.
• Não trabalhar em cercas, telefone ou linhas de força, encanamentos metálicos
ou em estruturas de aço, durante a tempestade.
• Não segurar varas de pesca de fibra de carbono com carretilhas ou outros
objetos metálicos.
• Interromper imediatamente o trabalho com tratores, especialmente se estiver
puxando equipamentos metálicos.
• Não permanecer na água ou em barcos pequenos.
• Havendo, nas proximidades, árvores isoladas, o melhor será agachar ou deitar
a uma distância correspondente a duas vezes a altura da árvore mais próxima.
• Afastar-se do topo de colinas, de áreas abertas (onde você passa a ser o
ponto mais alto), cercar de arame, varais metálicos e qualquer outro objeto
condutor de eletricidade.
Lembre-se de manter os pés juntos: ao atingir o solo a descarga elétrica se
propaga em ondas concêntricas, como quando se atira uma pedra na água, gerando
diferenças de potencial elétrico no chão.
38

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este trabalho de conclusão do curso está baseado na Norma NBR 5419/2015.


Inicialmente deve-se lembrar que um SPDA não impede a ocorrência das descargas
atmosféricas. Um SPDA projetado e instalado conforme a NBR 5419/2015 não pode
assegurar a proteção absoluta de uma estrutura, de pessoas e/ou bens. Entretanto,
a aplicação deste sistema de proteção conforme a norma reduz de forma
significativa os riscos de danos devido as descargas atmosféricas.
Com um SPDA eficiente instalado no volume a proteger a probabilidade de
penetração de uma descarga atmosférica é consideravelmente reduzida pela
presença de um subsistema de captação corretamente projetado. Não é função do
SPDA proteger equipamentos eletroeletrônicos, pois mesmo com uma descarga
atmosférica captada e conduzida à terra com segurança, produz forte interferência
eletromagnética, capaz de danificar estes equipamentos.
É de fundamental importância que após a instalação haja uma manutenção
periódica anual a fim de garantir a confiabilidade do sistema. São também
recomendadas vistorias preventivas após reformas que possam alterar o sistema e
toda vez que a edificação for atingida por descarga direta. Pois, ao longo do tempo o
cliente pode mudar as atividades dentro da edificação, e nas vistorias anuais deverá
ser checada a necessidade de adaptação do SPDA, ou não, de acordo com a
utilização atual.
Todas as providências foram tomadas em relação aos serviços preliminares,
compreendendo todos os equipamentos e ferramentas, necessários à correta
execução da obra. Visando a segurança dos operários, foram interrompidas as
atividades de montagem quando constatados a aproximação de nuvens que
indicaram a provável incidência de chuvas, visando evitar acidentes, em uma
eventual descarga atmosférica.
Na execução da obra, as normativas abaixo foram observadas:
- ABNT NBR 5419/2015: Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas
e - Lei nº 10.402, de 25 de maio de 2016 - Dispõe sobre segurança contra
incêndio e pânico no Estado de Mato Grosso.
39

O SPDA visou permitir a captação, a condução e a destinação segura das


descargas atmosféricas externamente à estrutura da edificação. O método de
proteção de SPDA utilizado no armazém de grãos foi o de Gaiola de Faraday e a
classificação é do tipo natural, devido à estrutura do armazém de grãos ser metálica,
a cobertura foi utilizada como captor.
Os componentes do SPDA executado nos armazéns de grãos são:
- Captores: parte do SPDA destinada a interceptar as descargas atmosféricas. Tem
a função de reduzir, ao mínimo, a probabilidade de a estrutura ser atingida
diretamente pelo raio, além disso, deve possuir resistência térmica e mecânica
suficientes para suportar o calor gerado no ponto de impacto, bem como, os
esforços eletromecânicos resultantes. Nesse caso o captor é o próprio telhado,
chamado captor natural.
- Condutores de descida: parte do SPDA destinada a conduzir a corrente de
descarga atmosférica desde os captores até o subsistema de aterramento. Assim
como os captores, também deve possuir resistência térmica e mecânica
suficientes para suportar o calor e as tensões geradas pela passagem de corrente
elétrica altíssima.
- Subsistema de aterramento: parte de SPDA destinada a conduzir e dispersar a
corrente da descarga atmosférica na terra. Além de suportarem os esforços a que
são submetidos os captores de os condutores de descida, o subsistema de
aterramento deve resistir ainda, aos agentes agressivos encontrados nos
diferentes tipos de solo.
Nas Figuras a seguir apresenta-se a execução do SPDA. Na Figura 12
destaca-se a fachada do armazém de grãos na qual foram executados os serviços
na montagem de sistema de proteção contra descargas atmosféricas – SPDA.,O
projeto foi instalado no conjunto de armazenagens de grãos, no município de
Sorriso, estado de Mato Grosso, com área total do terreno de 5,50 Ha e a área total
construída de 4.146,32 m², sendo 03 (três) silos, conforme planta em anexo, SA1,
SA2 e SA3 de concreto armado e SP1 de estrutura metálica.
40

Figura 12 - Fachada do Armazém de grãos

Fonte: Autoria própria (2023)

Na Figura 13 apresentam-se as valas escavadas no solo, de acordo com


indicações mostradas no projeto, observando a retirada de pedras, raízes e
quaisquer elementos estranhos. Após a montagem da malha, foi realizado o reaterro
aproveitando o próprio solo retirado na escavação.

Figura 13 - Escavação do Solo

Fonte: Autoria própria (2023)


41

A escavação começou no dia 21 de abril de 2023 e o término ocorreu no dia


30 de maio de 2023, tendo a finalidade de dispersar no solo a corrente recebida dos
condutores de descida, reduzindo ao mínimo a probabilidade de tensões de toque e
de passo perigosas. As hastes e condutores instalados precisam ter capacidade
térmica suficiente para suportar o aquecimento produzido pela passagem da
corrente e, principalmente deve resistir a corrosão pelos agentes agressivos
encontrados nos diferentes tipos de solos.
O aterramento desse sistema consistiu na colocação de haste de
aterramento, variando sua quantidade conforme característica do solo. A escavação
do solo foi feita de no mínimo 50 cm de profundidade, conforme determina a NBR
5419/2015.
O local onde foi disposto a malha aterrada tem distância no mínimo de 2 m de
outras instalações e de 1 m das fundações dos armazéns de grãos, conforme NBR
5419/2015, visando a integridade das mesmas em caso de descargas.
Na Figura 14 pode-se observar as hastes de aterramento, que são elementos
metálicos em contato direto com o solo, cuja função é drenar a corrente diretamente.
Interligam os pontos de recebimento das descargas impulsivas. São enterradas
profundamente no solo em posição vertical e espaçadas entre si por uma distância
não inferior ao seu comprimento, conforme o projeto em anexo. Foram instalados
neste SPDA um total de 85 hastes, sendo 22 hastes de descidas.
Figura 14 - Haste de Aterramento

Fonte: Autoria própria (2023)

Na Figura 15, pode-se observar que no solo foi enterrado o condutor que é
com cabo de cobre nu 50 mm², conforme determina NBR 5419/2015, seção mínima
dos materiais do SPDA. Foram instalados a uma profundidade mínima de 0,50 m e
uma distância mínima de 1,00 m do limite da edificação conforme NBR 5419/2015.
42

O cabo de cobre contornou toda a edificação, interligando todas as hastes de


aterramento tipo copperweld, 5/8” x 3 m com camada alta (254µm), embutidos no
solo visando equalizar o potencial.

Figura 15 - Cabo de Cobre Nú 50mm²

Fonte: Autoria própria (2023)

Na Figura 16 pode-se observar o começo da solda exotérmica. A solda


exotérmica é um método de soldagem de alta temperatura (maior que 1000°C)
usado na união permanente de metais e condutores elétricos como cobre, aço, inox,
aço copperweld e bronze. A solda exotérmica executada serve para fazer a conexão
entre cabo/haste e cabo/cabo. Pode ser interligada com terminais de pressão ou
com solda oxiacetileno.
Figura 16 - Começo da Solda Exotérmica.

Fonte: Autoria própria (2023)


43

Na Figura 17 pode-se observar o disco de retenção. Este disco metálico é


posicionado no fundo do molde a fim de reter o pó. É derretido durante o processo.

Figura 17 - Disco de Retenção

Fonte: Autoria própria (2023)

Na Figura 18, pode-se observar o pó exotérmico, que é um composto químico


responsável pela solda.

Figura 18 - Pó Exotérmico

Fonte: Autoria própria (2023)


44

Na Figura 19 o palito ignitor atinge a temperatura necessária à ignição do pó


para fundir os cabos/hastes. Pode ser acendido com isqueiro ou fósforo comum.
Figura 19 - Palito Ignitor

Fonte: Autoria própria (2023)

Nas Figuras 20, 21 e 22, apresenta-se a conexão de haste/cabo com a solda


exotérmica.

Figura 20 - Solda Exotérmica

Fonte: Autoria própria (2023)


45

Figura 21 - Término da Solda Exotérmica

Fonte: Autoria própria (2023)

Figura 22 - Detalhe da Solda Exotérmica

Fonte: Autoria própria (2023)

Nas Figuras 23, 24 e 25, apresentam-se as descidas do sistema de SPDA,


todo o sistema foi fixado no telhado através de presilhas de latão, porcas e hastes
em rosca soberba fixadas na estrutura de aço da cobertura conforme projeto.
A malha da cobertura foi conectada à malha de aterramento no solo através de
descidas laterais externas elaboradas com cordoalhas de cobre nu 35 mm², sendo
conduzido a partir dos 2,5 m de altura até o solo através de eletrodutos e conexões
rígidas em PVC com diâmetro de 1” em pontos especificados no projeto, tudo de
acordo com a Norma da NBR 5419/2015.
46

Figura 23 - Descida do Cabo de Cobre e Isoladores.

Fonte: Autoria própria (2023)

Figura 24 - Descida do Cabo de Cobre

Fonte: Autoria própria (2023)

Figura 25 - Descidas dos Cabos de Cobre

Fonte: Autoria própria (2023)


47

Nas Figuras 26 e 27, apresentam-se as caixas de inspeção que foram


instaladas nas conexões de descidas cabo/haste ou cabo/cabo, com diâmetro
mínimo de 250 mm e que permite o manuseio de ferramenta, conforme NBR
5419/2015. A caixa de inspeção é utilizada para a manutenção preventiva anual, e
sempre que atingido por descargas atmosféricas deverá verificar eventuais
irregularidades para garantir a eficiência do SPDA.
Figura 26 - Caixa de Inspeção Aberta

Fonte: Autoria própria (2023)

Figura 27 - Caixa de Inspeção Fechada

Fonte: Autoria própria (2023)

Após a montagem, o engenheiro eletricista realizou o teste confirmando a


resistência máxima de aterramento. No caso de a resistência ser superior, deverá
ser realizado tratamento químico do solo com produtos como bentonita, Earthron ou
Erico-Gel no entorno das hastes.
48

4. CONCLUSÃO
Os efeitos dos raios sobre equipamentos e placas eletrônicas são, na maioria
das vezes, catastróficos. Ao contrário da descarga eletrostática que danifica a
placa apenas eletricamente, o raio costuma a danificar também mecanicamente.
Trilhas da placa de circuito impresso destruídas, buracos na placa, incêndios,
destruição total de componentes, são apenas alguns dos exemplos de danos que
o raio pode causar.
O estudo e implementação do sistema de proteção contra descargas
atmosféricas proporcionou a aquisição maior de conhecimentos, tanto teóricos
quanto práticos, sobre SPD, baseando-se na Norma de Segurança NBR 5419/2015
e em outras referências bibliográficas consultadas. Tive a oportunidade de aplicar os
conhecimentos adquiridos nos estudos, durante a instalação e execução do projeto
de SPDA em um armazém de grãos, pois é através de tal sistema que se pode
fornecer maior proteção das estruturas e para as pessoas. Infelizmente essa
proteção não é total, mas tem sido bastante eficiente até os dias atuais.
De acordo com a norma da ABNT - NBR 5419/2015, para assegurar a
dispersão das correntes elétricas devido as descargas atmosféricas sem causar
sobretensões que possam trazer perigo as pessoas e danos materiais é mais
importante o arranjo e as dimensões da malha de aterramento que o valor da sua
resistência considerada para muitos o ponto fundamental de um sistema de
aterramento para finalidades anteriormente mencionada.
Pode-se observar que algumas edificações não levam a sério e não atendem
Normas específicas da NBR 5419/2015 e a exigência do Corpo de Bombeiros
referente a avaliação geral de risco e instalação de SPDA. Apenas quando o Corpo
de Bombeiro notifica a empresa que ela se preocupa em instalar o sistema de
proteção contra descargas atmosféricas e procurar um profissional habilitado com
CREA para executar o mesmo.
É preciso ressaltar que o SPDA não é um artigo de luxo, é um sistema para
proteção das construções/estruturas e de pessoas, portanto deveria seguir à risca as
regras estabelecidas pela NBR 5419/2015. O estudo do tema trouxe conhecimentos
específicos do que é um SPDA, a sua importância e a sua implementação, e a
importância de se atentar à Norma NBR 5419/2015.
49

REFERÊNCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5419-1


Proteção contra descargas atmosféricas. Parte 1: Princípios gerais. Norma
técnica, 2015a.

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51

ANEXOS

– ANEXO A –

Planta-baixa de execução do sistema de proteção contra descargas atmosférica -


SPDA - da edificação
52
53

ANEXO B – Planta dos detalhes para execução da obra.

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