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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

DIVISÃO DE ENGENHARIA
LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA

Relatório de estágio profissional

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA PROTECÇÃO REDUNDANTE


CONTRA PERDA DE EXCITAÇÃO NAS UNIDADES GERADORAS DA
CENTRAL HIDROELÉCTRICA DE MAVUZI-EDM

Autor: Supervisores:

Ramiro José Singano Eng.º Narciso Fernando Nota (ISPS)

Eng.º Barsil Fumo (EDM CH de Mavuzi)

Songo, Maio de 2023


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

DIVISÃO DE ENGENHARIA
LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA

Relatório de estágio profissional

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA PROTECÇÃO REDUNDANTE


CONTRA PERDA DE EXCITAÇÃO NAS UNIDADES GERADORAS DA
CENTRAL HIDROELÉCTRICA DE MAVUZI-EDM

Autor: Supervisores:

Ramiro José Singano Eng.º Narciso Fernando Nota (ISPS)

Eng.º Barsil Fumo (EDM CH de Mavuzi)

Songo, Maio de 2023


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha linda e


querida mãe Linda Inácio, ao meu pai
José Singano e a minha parceira
Crimilda Bomba

i
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, o criador dos criadores por ter abençoado o meu
caminho e por ter dado sempre forças de me levantar.

De seguida quero agradecer a minha família por sempre estarem do meu lado, pelo
apoio financeiro e apoio moral, obrigado pai e mãe por tudo de bom que vocês têm
feito por mim.

Agradeço a todos os meus amigos que de uma ou de outra forma contribuíram directa
ou indirectamente pra que eu esteja onde estou agora, obrigado Domingos Fifitine,
Inácio Zimbulane Leonel Chichava, Hélio Mamite, Ernesto Magaia, Idelson Chongo por
todo apoio que vocês têm fornecido, a vossa amizade significa muito para mim.

Agradeço a todos colegas da faculdade pelos vários momentos de aprendizagem que


me foi proporcionado e dizer que foi uma honra ter muitos deles como colegas.

Agradeço os colaboradores da EDM,E.P. na central Mavuzi, pelos momentos de


aprendizagem que me deram, obrigado engo. José Wach, eng.o Alberto Augusto e um
agradecimento especial ao meu supervisor engenheiro Barsil Fumo.

Agradeço a todos os meus docentes da faculdade e neste trabalho agradeço em


especial ao meu supervisor engenheiro Narciso Fernando Nota, pela paciência e tempo
no acompanhamento do meu estágio.

ii
EPÍGRAFE

Não é segurando nas asas que


se ensina um pássaro a voar, o
pássaro voa simplesmente
porque o deixam ser pássaro.

(MIA COUTO)

iii
RESUMO
Falar em proteger é literalmente falar em salvar, ou seja, é basicamente falar de
garantir que o activo a ser protegido, tenha um tempo de vida útil prolongado.

Um sistema eléctrico de potência, tem a sua origem na geração de energia eléctrica, as


centrais de geração de energia eléctricas, são dotadas de máquinas de grande porte
com um sistema de protecção literalmente complexo que garante que o sistema de
geração não opere fora dos padrões.

O presente relatório foi elaborado durante um estágio profissional realizado na Central


Hidroeléctrica de Mavuzi, esta central pertencente a empresa pública Electricidade de
Moçambique. O relatório, faz um estudo do sistema de excitação das unidades
geradoras da Central de Mavuze e propõe a implementação de um relé para a
protecção contra perda de excitação que funcionará com retaguarda.

Através de informações colhidas em diversas bibliografias, é neste trabalho tratado


assuntos referentes a geradores síncronos, seus tipos, características do indutor e o do
induzido, funções de protecção e métodos aplicados na protecção contra perda de
excitação, sendo abordados neste trabalho os métodos de MASON (1949), BERDY
(1975) e o método offset positivo.

Foram feitos levantamentos de dados no terreno assim como algumas ocorrências


relacionadas ao defeito em estudo, a partir dessas informações, foi possível determinar
o método a aplicar nesta protecção, assim como o próprio funcionamento do relé
proposto para o uso como retaguarda.

Através do simulador Simulink do software MATLAB, foi possível simular as perdas de


excitação parciais e total das unidades geradoras da Central Hidroeléctrica de Mavuzi,
esses defeitos foram simulados atendendo diversos carregamentos dos gerados na
ordem de 25%, 75% e 100% da capacidade nominal das unidades geradoras.

Palavra-chave: (Proteger; Excitação; Retaguarda; Alternador)

iv
Abstract
Talking about protecting is literally talking about saving, that is, it is basically talking
about ensuring that the asset to be protected has an extended useful life.

An electrical power system, has its origin in the generation of electrical energy, these
plants are equipped with large machines with a literally complex protection system that
guarantees that the generation system does not work out of standards.

This report was prepared during a professional internship at the Mavuzi Hydroelectric
Power Plant, which belongs to the public company Electricidade de Moçambique. The
same, makes a study of the excitation system of the generating units of the Mavuze
Central and proposes the implementation of a relay for the protection against loss of
excitation that will work with backup.

Through information collected in several bibliographies, this work treats subjects related
to synchronous generators, their types, characteristics of the inductor and the armature,
protection functions and methods applied in the protection against loss of excitation,
being approached in this work the methods of MASON (1949), BERDY (1975) and the
positive offset method.

Data surveys were carried out on the ground as well as some occurrences related to the
defect under study, from this information it was possible to determine the method to
apply in this protection, as well as the proper functioning of the relay proposed for use
as a backup.

Through the Simulink simulator of the MATLAB software, it was possible to simulate the
partial and total excitation losses of the generating units of the Mavuzi Hydroelectric
Power Plant, these defects were simulated taking into account several loads of those
generated in the order of 25%, 75% and 100% of the nominal capacity of the generating
units.

Keyword: (Protect; Excitation; Rear; Alternator)

v
ÍNDICE

DEDICATÓRIA ................................................................................................................. i
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... ii
EPÍGRAFE ..................................................................................................................... iii
RESUMO ........................................................................................................................ iv
Abstract ........................................................................................................................... v
LISTA DE ABREVIATURAS SIMBOLOS E ACRÓNIMOS ........................................... viii
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ x
CAPÍTULO 1:INTRODUÇÃO........................................................................................... 1
1.1. Formulação do problema.................................................................................... 2
1.2. Hipóteses ........................................................................................................... 2
1.3. Delimitação do Tema.......................................................................................... 2
1.4. Objectivos ........................................................................................................... 3
1.4.1. Geral ............................................................................................................ 3
1.4.2. Específicos................................................................................................... 3
1.5. Metodologia ........................................................................................................ 3
CAPÍTULO 2: DESCRIÇÃO DA CENTRAL HIDROELÉCTRICA DE MAVUZI ................ 4
CAPÍTULO 3: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 7
3.1. Máquinas Síncronas ........................................................................................... 7
3.2. Gerador Síncrono ............................................................................................... 8
3.2.1. A VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DE UM GERADOR SÍNCRONO ............ 11
3.2.2. A TENSÃO INTERNA GERADA POR UM GERADOR SÍNCRONO ......... 12
3.2.3. O CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM GERADOR SÍNCRONO ................ 13
3.2.4. FUNCIONAMENTO DE ALTERNADORES EM PARALELO ..................... 14
3.3. Protecção de geradores síncronos ............................................................... 21
CAPÍTULO 4: PERDA DE EXCITAÇÃO NO GERADOR SÍNCRONO .......................... 25
4.1. Curva de Capacidade ....................................................................................... 26
4.2. Protecção contra perda de excitação de um gerador síncrono ........................ 27
4.2.1. Métodos de protecção contra perda de excitação ..................................... 29
vi
4.2.1.1. Método de Mason ................................................................................... 30
4.2.1.2. Método de Berdy .................................................................................... 31
4.2.1.3. Método Offset positivo ............................................................................ 33
CAPÍTULO 5: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................ 36
5.1. Descrições técnicas da unidade geradora 2 da CHM ...................................... 36
5.1.2. Apresentação das grandezas eléctricas. ................................................... 36
5.2. Descrição do sistema de excitação .................................................................. 36
5.2.2. Funcionalidades ......................................................................................... 37
5.2.3. Aplicação ................................................................................................... 37
5.2.4. Descrição funcional.................................................................................... 39
5.3. Caso de estudo ................................................................................................ 41
CAPÍTULO 6: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA PROTECÇÃO ANSI 40 PARA
RETAGUARDA NAS UNIDADES GERADORAS DA CHM ........................................... 44
6.1. Determinação dos ajustes da protecção para os grupos pequenos da CHM ... 44
6.2. Determinação dos ajustes da protecção para os grupos grandes da CHM ...... 45
CAPÍTULO 7: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................. 48
8.1. Referências bibliográficas ................................................................................ 50
8.2. Outras referências Bibliográficas ...................................................................... 51
APÊNDICES .................................................................................................................. 52
ANEXOS........................................................................................................................ 64

vii
LISTA DE ABREVIATURAS SIMBOLOS E ACRÓNIMOS
ANN aArtificial neural networks

ANSI American National Standards Institute

AVR Regulador automático de tensão (do inglês Automatic voltage


regulator)

CA Corrente alternada

CAV Característica a vazio

CC Corrente Contínua

CHM Central eléctrica de Mavuzi

DCES Sistema Digital de Controlo de Excitação

DME Díodo monitor do excitador

EA Tenção interna gera da pelo alternador

EDM,E.P. Electricidade de Moçambique, Empresa Publica

FCR Regulador de corrente de campo (do inglês Fild corent regulator)

Fe Frequência eléctrica

GE General electric

Hz hertz

ICRM Módulo de Redução da Corrente de Irrupção

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

Corrente de Campo

Ing Corrente nominal do gerador

ISPS Instituto Superior Politécnico de Songo

kV Quilovolt

Auto-indutancia

MATLAB Matrix Laboratory

MW Mega watt

nm Velocidade mecânica

viii
OEL Limitador de sobreexcitação (do inglês Over excitation Limitator)

P.E Perda de excitação

PF Factor de Potencia

PMG Gerador magnético permanente

PWM Modulação por duração de impulsos

p Número de par de polos

Q Potencia reactiva

Potencia aparente de base

Sn Potencia aparente nominal

SCADA Supervisory Control And Data Acquisition

SE Subestação eléctrica

SEP Sistema eléctrico de potencia

SSSL Steady-state Stability Limit

TC Transformador de corrente

Constante de tempo transitória do eixo directo com o circuito de


campo aberto

TP Transformador de potencial

UEL Limitador de perda de excitação (Do inglês Under excitation


Limitator)

Tenção nominal

Var Volte Ampere Reactivo

Reactância do eixo directo

Reactância transitória do eixo directo

Reactância subtransitória do eixo directo

Fluxo da máquina

Velocidade angular

ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 3. 1 VISTA ESQUEMÁTICA DE UM GERADOR SÍNCRONO MONOFÁSICO COM UM ÚNICO
ENROLAMENTO E DOIS PÓLOS ....................................................................................... 8
FIGURA 3. 2 O RÓTOR DE DOIS PÓLOS NÃO SALIENTES DE UMA MÁQUINA SÍNCRONA................. 9
FIGURA 3. 3 (A) RÓTOR DE SEIS PÓLOS SALIENTES DE UMA MÁQUINA SÍNCRONA. FONTE:
(STEPHEN 2014) (B) FOTOGRAFIA DE RÓTOR DE OITO PÓLOS SALIENTES DO GERADOR DA
CHM, PODENDO-SE VER OS ENROLAMENTOS DOS PÓLOS INDIVIDUAI. FONTE (O AUTOR,
2022) ....................................................................................................................... 10
FIGURA 3. 4 ESCOVAS USADAS COMO MEIO PARA FORNECER POTÊNCIA CC AO RÓTOR .......... 11
FIGURA 3. 5 (A)GRÁFICO DE FLUXO VERSUS CORRENTE DE CAMPO DE GERADOR SÍNCRONO. (B)
A CURVA DE MAGNETIZAÇÃO DO GERADOR SÍNCRONO................................................... 13
FIGURA 3. 6 O CIRCUITO EQUIVALENTE COMPLETO DE UM GERADOR SÍNCRONO TRIFÁSICO..... 14
FIGURA 3. 7 DISTRIBUIÇÃO ESTÁVEL DE REACTIVOS ............................................................ 15
FIGURA 3. 8 CARACTERÍSTICA DE VELOCIDADE ................................................................... 16
FIGURA 3. 9 SISTEMA DE EXCITAÇÃO ESTÁTICO DE UM GERADOR SÍNCRONO ......................... 18
FIGURA 3. 10 TEMPO PARA REGULAR A TENSÃO ................................................................. 20
FIGURA 3. 11 TEMPO DE REGULAÇÃO DE TENSÃO ............................................................... 21

FIGURA 4. 1 CURVA DE CAPACIDADE DO GERADOR HIDRÁULICO ........................................... 27


FIGURA 4. 2 PRINCIPAIS FUNÇÕES DE PROTECÇÃO ASSOCIADAS À UNIDADE GERADORA ......... 28
FIGURA 4. 3 DIAGRAMA DE UMA PROTECÇÃO DE PERDA DE EXCITAÇÃO ................................. 29
FIGURA 4. 4 CARACTERÍSTICA OPERACIONAL NO PLANO R-X DO RELÉ MASON (1949) ......... 31
FIGURA 4. 5 CARACTERÍSTICA OPERACIONAL NO PLANO R-X DA PROTECÇÃO CONTRA PERDA E
EXCITAÇÃO PROPOSTA POR BERDY (1975) ................................................................ 32
FIGURA 4. 6 CARACTERÍSTICA OPERACIONAL NO PLANO R-X DA PROTECÇÃO CONTRA PERDA E
EXCITAÇÃO PELO MÉTODO DE OFFSET POSITIVO ........................................................... 34
FIGURA 4. 7 CONVERSÃO DE LEP PARA O PLANO R-X ........................................................ 35

FIGURA 5. 1 DIAGRAMA DE BLOCOS DA APLICAÇÃO TÍPICA DO DECS-200 ............................ 38


FIGURA 5. 2 CURVA PERSONALIZADA DE CINCO PONTOS ...................................................... 40
FIGURA 5. 3 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO CASO 1 DA TABELA 5.2 ...................................... 41
FIGURA 5. 4 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO CASO 2 DA TABELA 5.2...................................... 42
FIGURA 5. 5 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO CASO 7 NA TABELA 5.2...................................... 43

x
LISTA DE TABELAS

TABELA 3. 1PROTECÇÕES ADEQUADAS PARA GERADORES .................................................. 23

TABELA 5. 1DADOS REFERENTES A UNIDADE GERADORA 2 DA CHM ..................................... 36


TABELA 5. 2 CASOS SIMULADOS NO MATLAB .................................................................... 41

xi
CAPÍTULO 1:INTRODUÇÃO

Em um sistema eléctrico de potência, temos uma interligação eléctrica de


equipamentos responsáveis pela geração, transformação, transporte e distribuição da
energia eléctrica, para gerar essa energia, podem ser usadas diferentes tipos de
máquinas, em que uma delas é o gerador síncrono ou alternador, sendo ele
responsável na conversão de potência mecânica em potência eléctrica CA.

Sabendo que o SEP está sujeito a falhas, perturbações internas e externas, o SEP
é equipado com aparelhagens de protecção de modo a garantir fiabilidade do sistema e
salvaguardar a integridade dos equipamentos.

Os geradores são máquinas de grande importância dentro de um SEP. A sua falha


ou saídas indesejáveis, provoca graves consequências no sistema eléctrico se não
houver geração disponível para substituir a unidade defeituosa. Estão sujeitos a vários
tipos de defeito e certamente é um dos elementos de um sistema de potência com
maior número de falhas. Em virtude disso, o seu esquema de protecção deve abranger
um grande número de falhas possíveis, tornando-se muitas vezes complexo o sistema
de protecção adoptado. (João e Daniel, 2020).

A protecção de primeira defesa é feita pela protecção principal (primária) e em


segunda instância pela protecção secundária, que pode ser local por meio da
protecção em réplica ou remotamente por meio da protecção de retaguarda (back-
up).(Kindermann 2005).

O presente trabalho, retratará sobre protecção contra perdas de excitação em um


gerador síncrono, mais especificamente no alternador da central hidroeléctrica de
Mavuzi.

Um grupo gerador com máquina primária uma turbina hidráulica, pode suportar sem
o seu sistema de excitação, carregamentos de até 25% do nominal sem perder o
sincronismo. No entanto, no caso de carregamentos próximos ao nominal, as
consequências são severas.

SINGANO RJ 1
1.1. Formulação do problema

Como anteriormente descrito, as máquinas síncronas se estiverem sujeitas a


excitação reduzida, os efeitos são severos e chegam até a comprometer o SEP visto
que toda acção subsequente depende da geração. Um sistema de protecção como
qualquer outro sistema, está sujeito a falhas, por essa razão que se diz, “devemos
sempre ter plano B”.

Os Geradores da central de Mavuzi estão protegidos contra perda de excitação


só por um AVR. Analisando a afirmação surge a seguinte questão:

Se em caso de uma subexcitação, o AVR não responder, que protecção actuará


em forma de retaguarda?

1.2. Hipóteses

De modo a ultrapassar a dificuldade apresentada no ponto anterior, são levantadas as


seguintes conjecturas:

 Aplicação em réplica de um AVR;


 Aplicação de uma unidade G60;
 Dimensionar um relé ANSI 40 e montar com uma curva de disparo lenta.

1.3. Delimitação do Tema

A Central de Mavuzi, possui cinco (5) grupos geradores, todos com um sistema
de controlo de subexcitação similar, mas, certos grupos possuem características
eléctricas diferentes, assim sendo, o trabalho em questão, se limitará em procurar
propor um método de protecção contra perda de excitação que funcionará como Back-
Up para as unidades geradoras da CHM, sem entrar em detalhes profundos do tipo de
protecção aplicada nas unidades geradoras da CHM e nem dos sistemas de excitação
DC e AC.

SINGANO RJ 2
1.4. Objectivos
1.4.1. Geral
 Modelar o sistema de protecção contra perda de excitação nas unidades
geradoras da central hidroeléctrica de Mavuzi.

1.4.2. Específicos
 Estudar os efeitos da ausência parcial e total de excitação em uma unidade
geradora;
 Ensaiar perdas de excitação parcial e total nos grupos geradores da CHM; e
 Propor um método como back up para protecção contra perdas de excitação.

1.5. Metodologia

Para a realização do presente trabalho, baseou-se no método hipotético-


dedutivo, ou seja, depois de uma boa observação do sistema de excitação dos grupos
geradores da central de Mavuzi, várias hipóteses foram levantadas e as mesmas serão
validadas ou falseadas por meio de testes com o intuito de melhorar a protecção dos
grupos contra perda de excitação. Foram feitas colectas de dados, tratamento e análise
dos mesmos e também fez-se a interpretação dos resultados obtidos.

SINGANO RJ 3
CAPÍTULO 2: DESCRIÇÃO DA CENTRAL HIDROELÉCTRICA DE
MAVUZI

O presente trabalho, é o resultado de uma pesquisa desenvolvida na central


hidroeléctrica de Mavuzi, durante um estágio profissional, central esta pertencente a
uma empresa pública denominada Electricidade de Moçambique, E.P-EDM,E.P.

A EDM como empresa estatal foi criada em 27 de


Agosto de 1977, há sensivelmente dois anos depois da
independência de Moçambique. O seu objectivo era o
estabelecimento e a exploração do serviço público de
produção, transporte e distribuição de energia eléctrica.
Foi dentro do contexto de reestruturação da Economia
do País que, em 1995, a EDM foi transformada em
Empresa Pública, através de Decreto 28/95 de 17 de
Julho, herdando um encargo do serviço da dívida
associado a investimentos realizados e em curso de
difícil retorno do capital. A “nova EDM” (EDM-E.P),
passou a orientar e desenvolver a sua actividade tendo
sempre em conta a eficiente utilização de energia,
promovendo assim a sua imagem. (EDM 2022)

A estrutura orgânica da EDM está composta como ilustra a seguinte figura:

Figura 1. 1 Estrutura orgânica da EDM


Fonte (EDM, 2022)

SINGANO RJ 4
O estágio foi realizado na direcção de produção, sendo essa estruturada como ilustra a
figura a baixo.

Figura 1. 2 Estrutura Orgânica da direcção de produção da EDM


Fonte: (EDM, 2022)

O estágio, foi realizado de 02 de Agosto de 2022 à 02 de Janeiro de 2023 na


central hidroeléctrica de Mavuzi. A Central Mavuzi, localiza-se no centro do país, na
província de Manica no distrito de Sussundenga na localidade de Nhaorombe com as
seguintes coordenadas geográficas: Latitude: -19.545417, Longitude: 33.508758.

Esta central, como outras centrais Hidroeléctricas, possui um açude, um túnel


que a partir da tomada de água, conduz água do açude até a casa das válvulas (tendo
um chaminé de equilíbrio nesse percurso) que pelo caminho ocorre uma divisão por
três, assim, da casa das válvulas saem três condutas forçadas (Conduta 1, Conduta2 e
Conduta3) em direcção a casa das máquinas, a conduta 2 divide-se em duas e a
conduta3 também, totalizando cinco (5) condutas forçadas para igual número de
Grupos geradores na casa das máquinas.

SINGANO RJ 5
Figura 1. 3 Açude da CHM
Fonte: (O Autor, 2022)

A Central produz uma tensão a nível de 6,6kV, converte para 110kV e transporta
através de três LTEE denominadas CL77 (Casa Nova), CL71 (Beira 1) e CL73
(Chicamba).

Ela encontra-se em anel através da Linha B00 de 220 kV, que sai da subestação
eléctrica de Matambo na província de Tete, para Subestação eléctrica de Chibata na
província de Manica cidade de Chimoio.

Detsa SE, é ligada uma linha de 110kV denominada CL76 que vai a Central
hidroeléctrica de Chicamba e por sua vez, através da linha CL73 vai a central
hidroeléctrica de Mavuzi.

2.1. CAPACIDADES DISPONÍVEIS DOS GRUPOS DA CENTRAL

As capacidades disponíveis dos grupos da CHM variam de zero (0 MW) a quinze


(15MW) como ilustrado no anexo 2.

SINGANO RJ 6
CAPÍTULO 3: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Máquinas Síncronas

As máquinas síncronas estão entre os três tipos mais comuns de máquinas


eléctricas; elas são assim chamadas porque operam à velocidade e frequência
constante em regime permanente. Como a maioria das máquinas girantes, a máquina
síncrona é capaz de operar tanto como um motor, e como um gerador (NASAR, 1984).

(Stephen 2014) Propõe que em uma máquina síncrona e em condições de


regime permanente, o rótor, juntamente com o campo magnético criado por uma
corrente CC ou por ímanes, gira na mesma velocidade ou em sincronismo com o
campo magnético girante produzido pelas correntes de armadura e tem como resultado
um conjugado constante.

A operação de um gerador é baseada na lei da indução electromagnética de


Faraday, e um gerador síncrono trabalha semelhantemente a um gerador de CC, no
qual a geração de f.e.m é devido ao movimento relativo entre os condutores e o fluxo
magnético. Entretanto, um gerador síncrono não tem um comutador como o gerador de
CC. As duas partes básicas de uma máquina síncrona são o enrolamento de campo de
excitação, que é o enrolamento com excitação CC, e armadura. A armadura
frequentemente tem um enrolamento trifásico no qual a f.e.m CA é gerada (NASAR,
1984).

Uma descrição preliminar do desempenho de uma máquina síncrona pode ser


obtida discutindo a tensão induzida na armadura do gerador síncrono CA de pólos
salientes, muito simplificado, que está mostrado esquematicamente na Figura 3.1. O
enrolamento de campo desta máquina produz apenas um par de pólos magnéticos
(como os de uma barra imantada), e por essa razão essa máquina é referida como
máquina de dois pólos (STEPHEN 2014).

SINGANO RJ 7
Figura 3. 1 Vista esquemática de um gerador síncrono monofásico com um único
enrolamento e dois pólos
Fonte: (STEPHEN 2014)

Com raras excepções, o enrolamento de armadura de uma máquina síncrona


localiza-se no estátor e o enrolamento de campo está no rótor, como também é o caso
da máquina simplificada na Figura 3.1. O enrolamento de campo é excitado por uma
corrente contínua que é levada até ele por meio de escovas estacionárias de carvão
que fazem contacto com anéis colectores ou anéis deslizantes girantes, embora em
alguns casos o enrolamento de campo pode ser alimentado a partir de um sistema de
excitação rotativo, conhecido como sistema de excitação sem escovas. Normalmente,
essa disposição para os dois enrolamentos é ditada por factores de ordem prática: é
vantajoso ter o enrolamento de campo, único e de baixa potência, no rótor, e o
enrolamento de armadura, de potência elevada e geralmente polifásico, no estátor.
(STEPHEN 2014)

Dependendo da construção do rótor, uma máquina síncrona pode ser ou do tipo


rótor cilíndrico (ou pólos lisos, ou rótor liso) ou do tipo pólos salientes. O primeiro tipo é
usado em máquinas de alta velocidade tais como turbo-geradores, enquanto o último
tipo é destinado para baixa velocidades, como os geradores hidráulicos. (NASAR,
1984).

3.2. Gerador Síncrono

Em um gerador síncrono, um campo magnético é produzido no rótor. Durante o


projecto do rótor, para obter esse campo magnético, pode-se optar pelo uso de um

SINGANO RJ 8
íman permanente ou de um electroíman, obtido pela aplicação de uma corrente CC a
um enrolamento desse rótor. O rótor do gerador é então accionado por uma máquina
motriz primária, que produz um campo magnético girante dentro da máquina. Esse
campo magnético girante induz um conjunto de tensões trifásicas nos enrolamentos de
estátor do gerador.

Duas expressões comummente usadas para descrever os enrolamentos de uma


máquina são enrolamentos de campo e enrolamentos de armadura. Em geral, a
expressão enrolamentos de campo é aplicada aos enrolamentos que produzem o
campo magnético principal da máquina e a expressão enrolamentos de armadura é
aplicada aos enrolamentos nos quais é induzida a tensão principal. Nas máquinas
síncronas, os enrolamentos de campo estão no rótor, de modo que as expressões
enrolamentos de rótor e enrolamentos de campo são usadas com o mesmo sentido. De
modo semelhante, as expressões enrolamentos de estátor e enrolamentos de
armadura são também usadas com o mesmo sentido. O rótor de um gerador síncrono
é essencialmente um grande electroíman.

Os pólos magnéticos do rótor podem ser construídos de duas formas: salientes


ou não salientes (Pólos lisos). O termo saliente significa “que se projecta para fora” e
um polo saliente é um polo magnético que se sobressai radialmente do rótor. Por outro
lado, um polo não saliente é um polo magnético com os enrolamentos encaixados e
nivelados com a superfície do rótor. Um rótor com pólos não saliente está mostrado na
Figura 3.2. Observa-se que os enrolamentos do electroíman estão encaixados em
fendas na superfície do rótor.

Figura 3. 2 O rótor de dois pólos não salientes de uma máquina síncrona

SINGANO RJ 9
Fonte: (Stephen 2014)

Um rótor com pólos salientes está mostrado na Figura 4-2. Observa-se que aqui
os enrolamentos do electroíman estão envolvendo o próprio polo, em vez de serem
encaixados em ranhuras na superfície do rótor.

Figura 3. 3 (a) Rótor de seis pólos salientes de uma máquina síncrona. Fonte: (Stephen
2014) (b) Fotografia de rótor de oito pólos salientes do gerador da CHM, podendo-se
ver os enrolamentos dos pólos individual. Fonte (O autor, 2022)
Os rótores de pólos não saliente são usados normalmente em rótores de dois e
quatro pólos, ao passo que os rótores de pólos salientes são usados normalmente em
rótores de quatro ou mais pólos. Como o rótor está sujeito a campos magnéticos
variáveis, ele é construído com lâminas delgadas para reduzir as perdas por corrente
parasita. Se o rótor for um electroíman, uma corrente CC deverá ser fornecida ao
circuito de campo desse rótor. Como ele está girando, um arranjo especial será
necessário para levar a potência CC até seus enrolamentos de campo. Há duas
abordagens comuns para fornecer a potência CC: (STEPHEN 2014)

1. A partir de uma fonte CC externa, fornece a potência CC para o rótor por meio
de escovas e anéis colectores (ou deslizantes).
2. Fornece a potência CC a partir de uma fonte de potência CC especial, montada
directamente no eixo do gerador síncrono.

Anéis colectores (ou deslizantes) são anéis de metal que envolvem completamente

SINGANO RJ 10
o eixo de uma máquina, mas estão isolados deste. Cada extremidade do enrolamento
CC do rótor é conectada a um dos dois anéis colectores no eixo da máquina síncrona e
uma escova estacionária está em contacto com cada anel colector. Uma “escova” é um
bloco de carbono semelhante a grafite que conduz electricidade facilmente mas que
tem um atrito muito baixo.

Figura 3. 4 Escovas usadas como meio para fornecer potência CC ao rótor


Fonte: (O autor, 2022)

Deste modo, a escova não desgasta o anel deslizante. Se o terminal positivo de


uma fonte de tensão CC for conectado a uma escova e o terminal negativo for
conectado à outra, então a mesma tensão CC será aplicada continuamente ao
enrolamento de campo, independentemente da posição angular ou da velocidade
do rótor.

3.2.1. A VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DE UM GERADOR SÍNCRONO

Os geradores síncronos são por definição síncronos, significando que a


frequência eléctrica produzida está sincronizada ou vinculada à velocidade
mecânica de rotação do gerador. O rótor de um gerador síncrono consiste em um
electroíman ao qual aplica-se uma corrente contínua. O campo magnético do rótor
aponta em qualquer direcção, na qual o rótor foi posicionado ao ser girado. Agora, a
taxa de rotação dos campos magnéticos da máquina está relacionada com a
frequência eléctrica do estátor por meio da Equação (3-1):

SINGANO RJ 11
em que: Frequência eléctrica, em Hz

Velocidade mecânica do campo magnético, em rpm (igual à velocidade do


rótor nas máquinas síncronas)

número de pólos

3.2.2. A TENSÃO INTERNA GERADA POR UM GERADOR SÍNCRONO

Quando problemas de máquinas síncronas são resolvidos, a equação da tensão


interna gerada pelo alternador é descrita da seguinte forma:

em que constante que representa os aspectos construtivos da máquina.

Fluxo da máquina em Weber

Velocidacde angular em radianos por segundo rad/s

Se for expressa em radianos eléctricos por segundo, então

ao passo que, se for expressa em radianos mecânicos por segundo, então

em que número de condutores no ângulo 0°

SINGANO RJ 12
Figura 3. 5 (a)Gráfico de fluxo versus corrente de campo de gerador síncrono. (b) A
curva de magnetização do gerador síncrono
Fonte: (Stephen 2014)

A tensão interna gerada EA é directamente proporcional ao fluxo e à velocidade,


mas o fluxo propriamente depende da corrente que flui no circuito de campo do rótor. A
corrente IF do circuito de campo relaciona-se com o fluxo , conforme mostra a Figura
a cima, (a). Como EA é directamente proporcional ao fluxo, a tensão gerada interna EA
relaciona-se com a corrente de campo, conforme está mostrado na Figura a cima (b).
Esse gráfico é denominado curva de magnetização ou característica a vazio (CAV) da
máquina.

E tendo a tensão gerada pelo gerador e a sua respectiva potência nominal,


podemos descrever a corrente nominal do gerador como sendo:

3.2.3. O CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM GERADOR SÍNCRONO

A figura a baixo, representa um circuito equivalente de um gerador síncrono.


Essa figura apresenta uma fonte de tensão CC alimentando o circuito de campo do
rótor, que é modelado pela indutância e a resistência em série da bobina. Em série com
, há um resistor ajustável que controla o fluxo da corrente de campo. O restante
do circuito equivalente consiste nos modelos de cada fase. Cada uma delas tem uma
tensão gerada internamente, com uma indutância em série (consistindo na soma da
reactância de armadura e a autoindutância da bobina) e uma resistência em série .

SINGANO RJ 13
As tensões e correntes das três fases estão distanciadas entre si de 120° em ângulo,
mas, fora isso, as três fases são idênticas.

Figura 3. 6 O circuito equivalente completo de um gerador síncrono trifásico


Fonte: (Stephen 2014)

3.2.4. FUNCIONAMENTO DE ALTERNADORES EM PARALELO

Durante a operação de um gerador, ele pode ser exigido, ora em sua potência nominal
e ora em valores menores que o nominal. Quando o gerador está sendo pouco exigido,
o seu rendimento e da máquina primária caem. Por este e outros motivos, e pelo facto
de termos uma maior fiabilidade no fornecimento de energia, pode-se optar pela
operação em paralelo de geradores. Quando da ligação de geradores em paralelo
devemos observar:

 As tensões dos geradores a serem conectados devem ser iguais;


 Os ângulos de fase das tensões dos geradores devem ser iguais;
 As frequências das tensões dos geradores devem ser iguais;
 A ordem de sequência das fases nos pontos a conectar devem ser as mesmas.

As observações acima são válidas também quando da conexão em paralelo de


geradores com a rede. Ligando-se geradores em paralelo, a distribuição da potência
activa depende do conjugado da máquina primária, enquanto a distribuição da potência

SINGANO RJ 14
reactiva depende da excitação de cada gerador.

As máquinas primárias mostram uma tendência de queda de rotação com o aumento


da potência activa. Isto é necessário para termos uma distribuição estável da potência
activa.

Da mesma maneira, para termos uma distribuição estável de reactivos, devemos ter
uma diminuição na excitação do gerador, com aumento dos reactivos. Isto pode ser
mostrado na Figura 3.7, onde a curva característica da tensão é decrescente.

Figura 3. 7 Distribuição estável de reactivos


Fonte: (WEG DT-5 revisão 2020)

 Divisão de potência activa (P)

Para dois geradores operando em paralelo, se a carga é aumentada, ocorre uma


redução em suas velocidades, a qual é sentida pelos sistemas de controlo de
velocidade das máquinas primárias.

Os reguladores de velocidade agem para restabelecer a velocidade normal. Assim a


divisão de carga entre dois geradores é determinada pelas características dos
reguladores de velocidade das máquinas primárias.

Se um sistema tem características de velocidade tipo "a" (Figura 3.8) e outro tipo "b",
eles irão dividir a carga numa proporção Pa e Pb quando estiverem operando em uma
velocidade S.

O controlo de carga em cada unidade é conseguido ajustando as características do


regulador de velocidade “para cima ou para baixo”.

SINGANO RJ 15
Figura 3. 8 Característica de velocidade
Fonte: (WEG DT-5 revisão 2020)

 Divisão de reactivos (Q)

A tensão aplicada em uma carga conectada a dois geradores é determinada


pela excitação total nos mesmos. Geradores idênticos com reguladores de velocidade
de suas máquinas primárias com características iguais dividem cargas activas
igualmente e se possuírem mesma excitação dividem VA reactivos também
igualmente. Assim cada gerador opera com mesmo FP.

Um acréscimo de excitação em um dos geradores irá causar um aumento na


tensão do sistema e este gerador irá suprir uma maior parcela dos VA reactivos.

Um decréscimo na excitação do outro gerador fará com que a tensão terminal


volte ao valor original, mas irá agravar a diferença na divisão dos VA reactivos.

Ajustes da excitação dos geradores, então, determinam não só a tensão


aplicada à carga, mas também a divisão de reactivos entre os geradores.

3.2.5. O SISTEMA DE EXCITAÇÃO DO GERADOR SÍNCRONO

Os geradores podem ser fabricados com dois tipos de sistemas de excitação, ou seja:

Sistema de excitação sem escovas: também conhecido como brushless, é


constituído de um gerador síncrono de pequenas dimensões com o enrolamento de
campo fixado no estátor e a armadura montada no eixo do gerador principal.

SINGANO RJ 16
Este tipo de sistema de excitação, apresenta as seguintes vantagens:

 Não necessita de escovas e anéis colectores;


 Não ocorrem interferências geradas por mau contacto;
 Tem manutenção reduzida, precisando apenas de lubrificar os rolamentos;
 Permite fácil controlo manual;
 Possui uma tensão CC injectada no campo do gerador mais limpo, pois
é apenas rectificada em onda completa e com menor conteúdo de harmónico em
relação à tensão de uma excitatriz estática.

Mas este sistema também apresenta algumas desvantagens que precisam


ser levadas em consideração ao se optar pela utilização, que são:

 Conjunto rectificador fica submetido a grandes forças centrífugas;


 Tempo de resposta na elevação da tensão de excitação baixa.

A diminuição desse tempo causa menor desempenho nas retomadas em


casos de queda de tensão.

Sistema de excitação estática: é constituído de um transformador de excitação


conectado aos terminais do gerador. Os terminais secundários do transformador
alimentam um conversor tiristorizado fornecendo corrente contínua ao enrolamento de
campo do gerador, por meio de escovas e anéis colectores. Esse sistema pode ser
visto esquematicamente na Figura abaixo.

SINGANO RJ 17
Figura 3. 9 Sistema de excitação estático de um gerador síncrono
Fonte: (João e Daniel 2020)

A função primária do sistema de excitação de um gerador síncrono é regular a


tensão na saída do gerador. Numa máquina síncrona, o campo magnético de rotação
necessário para induzir tensão nos enrolamentos do estátor é produzido pela corrente
CC que circula no enrolamento de campo ou rótor. A tensão de excitação do gerador
síncrono é a tensão medida nos terminais do gerador quando a corrente de carga for
igual a zero. Seu valor eficaz (“root-mean-square”–rms) é proporcional à corrente que
circula no enrolamento do rótor:

Esta corrente CC que circula no enrolamento do rótor produzida pelo sistema de


excitação, Em regime, ela é igual à tensão de excitação CC, fornecida para o
enrolamento do rótor, dividida pela resistência do enrolamento:

O enrolamento de campo possui uma auto-indutância . Uma característica

SINGANO RJ 18
fundamental do gerador síncrono é a constante de tempo transitória do eixo directo
com o circuito de campo aberto, , que é a relação entre a auto-indutância do campo
e a resistência CC:

Esta constante de tempo, cujo valor é de alguns segundos, indica tipicamente


que a tensão nos terminais do gerador síncrono não pode variar instantaneamente; em
outras palavras, a corrente do enrolamento de campo, varia de acordo com a constante
de tempo com o circuito de campo aberto.`

3.2.6. Regulador Automático de Tensão

O regulador de tensão automático AVR do inglês (Automtic Voltage Regulator), é


uma unidade encapsulada, de alto desempenho e compacta. O regulador incorpora a
mais recente tecnologia e semicondutores eficientes para obter um elevado grau de
miniaturização quando aplicado num gerador sem escovas AC trifásico e monofásico
dentro dos limites de entrada e saída. A unidade proporciona uma excelente fiabilidade.

Regulador de tensão: tem como função controlar a tensão de saída da excitatriz


que alimenta o campo magnético do gerador de forma que a potência reactiva gerada e
a tensão nos terminais do gerador variem de acordo com as necessidades do sistema
eléctrico. O regulador de tensão detecta a tensão nos terminais do gerador e compara
com um valor de referência, accionando daí os circuitos de controlo de excitação que
variam em função da tecnologia do gerador. É de fundamental importância para a
estabilidade do sistema eléctrico a velocidade com que o regulador de tensão actua
sobre o sistema de controlo.

O regulador de tensão possui cinco características principais, sendo essas


enumeradas abaixo: (Simões, 2011)

1. Controlar a tensão terminal da máquina, dentro dos limites prescritos;


2. Regular a divisão de potência reactiva entre máquinas que operam em
paralelo, particularmente quando estas estão em barra comum, gerando a

SINGANO RJ 19
mesma tensão terminal, isto é, sem transformador;
3. Controlar de perto a corrente de campo, para manter a máquina em
sincronismo com o sistema, quando esta opera a factor de potência unitário ou
adiantado;
4. Aumentar a excitação sobre condições de curto-circuito no sistema, para
manter a máquina em sincronismo com os demais geradores do sistema;
5. Amortecer oscilações de baixa frequência que podem trazer problemas de
estabilidade dinâmica.

O regulador de tensão possui uma tarefa a ser efectuada em diferentes


equipamentos, em caso de compensadores síncronos sua finalidade é do controlo
da tensão, no caso de geradores conectados a turbina hidráulica, sua função é de
manter a tensão com um valor baixo em casos de perdas repentinas de carga e
consequente aumento de velocidade angular do eixo por perda de estabilidade e da
mesma forma em turbo geradores. Os reguladores de tensão promovem a estabilidade
dos geradores síncronos. (Simões, 2011)

3.2.7. Tempo para regular a tensão (tempo de resposta)

O tempo para regular a tensão entende-se como o tempo transcorrido desde o


início de uma queda de tensão até o momento em que a tensão volta ao intervalo de
tolerância estacionária (por exemplo + 0,5%) e permanece na mesma (“ta ” na Figura
3.10).

Figura 3. 10 Tempo para regular a tensão


Fonte: (WEG DT-5 revisão 2020)

SINGANO RJ 20
O tempo exacto para regular a tensão depende na prática de inúmeros factores.
Portanto só pode ser indicado aproximadamente. A Figura 3.11 dá uma indicação
aproximada sobre os tempos de regulação a serem considerados, e valem para os
degraus de cargas nominais. Em condições diferentes da acima, os tempos podem ser
calculados proporcionalmente à queda de tensão.

Figura 3. 11 Tempo de regulação de tensão


Fonte: (WEG DT-5 revisão 2020)

3.3. Protecção de geradores síncronos

Os dispositivos de protecção de geradores síncronos devem atender dois requisitos


básicos: evitar a ocorrência de defeitos e, se eles ocorrerem, minimizar os danos
decorrentes. Assim, na ocorrência de um defeito entre duas espiras de um
enrolamento, o dano deverá ficar limitado a essa bobina com a intervenção segura do
elemento de protecção. Caso a protecção não actue adequadamente, essa pequena
avaria poderá estender-se às outras bobinas, culminando com um dano de maior
natureza ou irreversível.

É numerosa a lista de causas que podem resultar em falhas nas unidades de

SINGANO RJ 21
geração, podendo, no entanto, ser resumida nos seguintes itens:

a) Falhas construtivas e de materiais


 Falha nos materiais isolantes e não isolantes. Envelhecimento precoce
dos enrolamentos.
 Introdução de corpos estranhos no interior do gerador durante a
fabricação.
b) Origem externa
 Sobrecargas contínuas.
 Curtos-circuitos nas linhas de transporte.
 Rejeição de carga.
 Sobretensões de origem atmosférica.
 Sobretensões por manobra no sistema de potência.
 Perda de excitação.
 Desequilíbrio de carga entre as fases.
 Sobre velocidade causada por perda de carga.
 Perda de sincronismo.
 Vibração do eixo do conjunto máquina primária-gerador.
 Temperatura externa elevada.
 Deficiência do meio refrigerante.
 Instalação do gerador em superfície inadequada.
c) Origem interna
 Curto-circuito no rótor.
 Curto-circuito no estátor.
 Curto-circuito nos terminais.
d) Origem nos equipamentos agregados
 Curto-circuito nos transformadores de corrente.
 Curto-circuito nos transformadores de potencial.
 Curto-circuito no transformador elevador.
 Curto-circuito no serviço auxiliar.
 Defeito na máquina primária.

SINGANO RJ 22
Na presença de qualquer uma destas causas, podem surgir defeitos no gerador
na forma de curto-circuitos trifásicos, bifásicos e fase terra. (João e Daniel, 2020)

Deve-se acrescentar que não existem relés e esquemas que proporcionem total
protecção ao gerador. Assim, a actuação de qualquer função da protecção para
qualquer falha que ocorra internamente ao gerador síncrono é inútil do ponto de vista
de danos ao gerador. A protecção apenas reduzirá a área de abrangência da falha.

O número de funções de protecção adoptadas para um gerador é uma questão


técnico-económica. A fim de orientar os projectistas quanto às protecções adequadas
que podem ser implementadas num gerador em função da sua potência nominal
podem-se seguir as recomendações oferecidas pela Tabela 3.1.

Tabela 3. 1Protecções adequadas para geradores


Potência nominal dos geradores em kW
Protecção 100- 500- 1000- 5000- 10.000- 50.000-
500 1000 5000 10.000 50.000 100.000
Diferencial ₓ ₓ ₓ   
Sobre corrente      
Sobrecarga      
Sobretensão      
Temperatura elevada      
Sobre velocidade      
Perda e carga ₓ ₓ ₓ ₓ  
Perda de sincronismo ₓ ₓ ₓ ₓ  
Perda de excitação ₓ ₓ ₓ   
Sobre frequência      
Fonte: (João e Daniel 2020)

No entanto, é aconselhável que o fabricante seja consultado para que não haja
restrições quanto à perda do seguro da máquina.

Segundo (João e Daniel, 2020), de forma geral, as funções de protecção que

SINGANO RJ 23
podem ser empregues nos geradores são:

 Função 12: protecção contra sobre velocidade.


 Função 21: protecção de distância.
 Função 24: protecção contra sobreexcitação.
 Função 26: protecção térmica.
 Função 27: protecção contra subtensão.
 Função 30: dispositivo anunciador.
 Função 32G: protecção direccional contra potência activa: antimotorização.
 Função 32Q: protecção direccional contra potência reactiva.
 Função 38:. Dispositivo de protecção de mancal
 Função 40: Protecção contra perda de excitação
 Função 46: protecção contra desequilíbrio de corrente, também conhecida como
protecção de sequência negativa.
 Função 49: protecção de imagem térmica.
 Função 50: protecção instantânea de fase.
 Função 50N: protecção instantânea de neutro.
 Função 50IE: protecção contra energização involuntária.
 Função 51: protecção temporizada de fase.
 Função 51N: protecção temporizada de neutro.
 Função 51G: protecção contra sobre corrente temporizada de terra.
 Função 59: protecção contra sobretensão.
 Função 60: protecção contra desequilíbrio de tensão.
 Função 61: defeitos entre espiras do estátor.
 Função 64R: protecção de terra do rótor.
 Função 64G: protecção de terra do estátor.
 Função 78: protecção contra perda de sincronismo.
 Função 81: protecção contra sub e sobre frequências.
 Função 87G: protecção de sobre corrente diferencial.

SINGANO RJ 24
CAPÍTULO 4: PERDA DE EXCITAÇÃO NO GERADOR SÍNCRONO

Quando um gerador síncrono perde seu sistema de excitação, o campo do rótor


perde repentinamente sua força magnetomotriz – fmm. O efeito da queda de tensão
interna do gerador é a redução do ângulo de potência transmitida. Devido a isso, o
rótor começa a girar com uma velocidade diferente da nominal, perde o seu
acoplamento magnético com o estátor, e ocasiona uma queda na potência activa
gerada. Durante este período, como o regulador de velocidade ainda está ajustado
para entregar a mesma quantidade de potência mecânica, a máquina acelera.

Os métodos convencionais, em alguns casos, podem permitir operações indevidas


da protecção como, por exemplo, durante as oscilações estáveis de potência, e assim,
retirar de serviço a unidade geradora sem necessidade.

De acordo com o descrito em IEEE Std C37.102TM (2006), a excitação em


máquinas síncronas pode ser completamente ou parcialmente perdida por meio de:

 Abertura acidental do disjuntor/chave de campo;


 Curto-circuito no campo;
 Falha controlo do Regulador de Tensão;
 Mau contacto nas escovas do anel colector;
 Falha na fonte de alimentação do sistema de excitação.

Em função de suas características de funcionamento e de acordo com as


necessidades do sistema eléctrico ao qual está conectado, o gerador síncrono pode
operar com corrente de excitação dentro de uma larga faixa. Quando a corrente de
circuito de campo atinge valores elevados, próximo ao limite térmico deste circuito tem-
se uma condição de sobreexcitação. Nesse regime de operação, o gerador fornece
potência reactiva ao sistema e seu comportamento, visto do lado do sistema, se
assemelha ao de um capacitor.

SINGANO RJ 25
Ao contrário. Para valores muito pequenos da corrente de campo, o gerador estará
operando em regime de subexcitação. Pode-se dizer que uma condição de
subexcitação para o gerador síncrono será satisfeita quando o mesmo estiver
absorvendo potencia reactiva do sistema. Nesse caso, visto do lado do sistema, o seu
comportamento se assemelha ao de um reactor. (LIMA,2002).

É bom lembrar que a perda de sincronismo pode ocorrer sem que haja defeito
no sistema de excitação do gerador. Perturbações no sistema de potência que
ocasionem oscilações de potência ou operação da máquina em sobrecarga fazem com
que o gerador absorva potência reactiva da rede.

Durante a perda de excitação, o estátor absorve uma corrente elevada que pode
alcançar cerca de 3 a 5 vezes a sua corrente nominal. Essa corrente tem um forte
componente reactivo e é a causa do sobreaquecimento do estátor. Também o rótor é
submetido a um forte aquecimento devido ao desequilíbrio magnético que ocorre. O
gerador nessas condições deve ser desligado da rede para não sofrer sérias avarias.
(João e Daniel 2020)

4.1. Curva de Capacidade

Curva de operação ou curva de capacidade de um gerador síncrono é o gráfico


plotado sobre um plano de coordenadas P x Q (Potência activa x Potência reactiva)
que define os limites operativos da máquina em regime permanente e sob condições
pré-determinadas. Estes limites são baseados nas características de projecto e
construção da máquina que influenciam e determinam limitações de sua capacidade de
operação.

A utilização das curvas de capacidade oferece as seguintes vantagens:

 Conhecimento pleno de toda a faixa de operação do gerador, permitindo uma


exploração mais favorável de suas potencialidades;
 Aplicação nos estudos de planeamento da operação do sistema como, por
exemplo, utilização de reservas de reactivos disponíveis para melhoria da
regulação e compensação do sistema ao qual está conectado o gerador;

SINGANO RJ 26
 Aplicação nos estudos de comportamento da máquina frente às variações nos
parâmetros do sistema, como tensão ou frequência, e sob condições normais ou
normais de operação.

Uma representação simplificada de uma curva de capacidade típica de um gerador


síncrono é apresentada na figura seguinte. Os diversos trechos que formam a curva de
capabilidade correspondem a uma determinada limitação operativa para o gerador,
conforme descrito a seguir:

Figura 4. 1 Curva de capacidade do gerador hidráulico


Fonte: (MONTEZUMA, 2015)

4.2. Protecção contra perda de excitação de um gerador síncrono

É recomendável o uso da protecção 40 em geradores com potência nominal


superior a 5MVA, sendo opcional sua aplicação em unidades geradoras com potências
nominais inferiores a esta. (CIGRE, 2011)

Em geradores de pequeno porte podem ser adoptados relés de factor de


potência (ANSI 55) ou relé de potência reversa (ANSI32) ou, até mesmo, detectores de
corrente no circuito de excitação como meios de protecção contra perda de excitação.
Entretanto, na prática, as técnicas mais utilizadas são as mais conhecidas e/ou com

SINGANO RJ 27
maior facilidade de ajuste, normalmente aquelas baseada em relés de impedância.
(GAZEN, 2015)

Figura 4. 2 Principais funções de protecção associadas à unidade geradora


Fonte: (MONTEZUMA, 2015)

A protecção contra perda de excitação é normalmente projectada de modo a


disparar o disjuntor principal do gerador e o disjuntor de campo e parar a máquina
primária. Existem vários tipos de relés que são utilizados nestes métodos, dentre eles,
podem-se citar os de distância, direccional de potência reactiva, subtensão e
subcorrente do circuito de excitação. Deve-se salientar que a maioria dos métodos
utiliza o relé de distância para a protecção contra perda de excitação, com base no
método desenvolvido por Mason (1949). A experiência tem mostrado que os métodos
que utilizam relés de distância são mais selectivos que os métodos baseados no fluxo
de energia reactiva, subcorrente e sobrecorrente contínua, amplamente utilizados no
passado (STEMMER e BASTOS, 1977).

Nos últimos anos, também têm sido apresentados alguns esquemas de


protecção alternativos para detecção da perda de excitação em máquinas síncronas
tais como relés direccionais de potência reactiva, relés de subtensão e subcorrente do
circuito de excitação. Além disso, a aplicação de modernas técnicas digitais tais quais
lógicas adaptativas, técnicas de reconhecimento de padrões, teoria dos conjuntos

SINGANO RJ 28
nebulosos (fuzzy) e redes neurais artificiais (ANN, acrónimo do inglês artificial neural
networks), vêm sendo objecto de pesquisa nos últimos anos (PAJUELO et al., 2013).

Figura 4. 3 Diagrama de uma protecção de perda de excitação


Fonte: (JOÃO e DANIEL 2020)

A principal desvantagem com relação aos convencionais é a dificuldade de


ajuste, pois geralmente exigem simulações computacionais que demandam muito
tempo e conhecimento, se o método fizer o uso de técnicas de inteligência artificial. […]
(MORAIS, 2008, p. 48)

4.2.1. Métodos de protecção contra perda de excitação

Para proteger um gerador eléctrico síncrono contra a perda de excitação, deve-se


recorrer a métodos para o efeito.

Os métodos de protecção contra perda de excitação, são vários, no entanto. Na


prática são utilizados os mais conhecidos e/ou com maior facilidade de ajuste, que nem

SINGANO RJ 29
sempre são os mais adequados. Entre os métodos, o que varia de um para outro, é a
complexidade na sua aplicação e o grau de protecção oferecido.

Actualmente, o método escolhido depende de factores como custo do gerador,


custo do relé e importância do gerador para o sistema. (Gazen, 2015)

Nessa secção, serão descritos três métodos de protecção contra perda de


excitação amplamente utilizados, sendo eles:

 Metodo de Mason (1949);


 Método de berdy (1975);
 Técnica offset Positivo (2006).
4.2.1.1. Método de Mason

Em 1949, a partir dos diversos relatos sobre as dificuldades em compatibilizar o


funcionamento da protecção então adoptada, C. R. Mason (MASON, 1949) apresentou
uma nova proposta para protecção contra perda de excitação.

O esquema de protecção de perda de excitação proposto por C. R. Mason em 1949


introduziu o conceito de se utilizar o relé de distância para detectar a perda de
excitação. Esta foi a alternativa apresentada diante das limitações dos relés de
subtensão e subcorrente de campo que eram utilizados, pois apresentavam baixo
desempenho quando o gerador estava principalmente com baixo carregamento e
excitação reduzida (MASON,1949).

Este relé utilizado por C.R Mason, obtém medição da impedância através da
tensão fase-fase e a diferença entre as correntes de fase nos terminais do gerador e
assim define quando a impedância está dentro da área operacional (GAZEN, 2015).

A característica deste esquema é de círculo mho, similar aos relés de protecção


de linhas de transmissão, porém com ajustes recomendados de offset negativo
(afastamento da origem) igual a metade da reactância transitória de eixo directo e de
diâmetro igual a reactância de eixo directo do gerador.

O offset negativo introduz uma margem de segurança para que o relé não actue
indevidamente para falhas próximas ao TP. Este tipo de falha teria uma impedância
vista pela protecção como próxima a origem do plano R-X.

A definição da temporização deste esquema deverá considerar a não actuação

SINGANO RJ 30
da protecção na ocasião de possíveis excursões de impedância dentro da
característica durante oscilações estáveis e a actuação deverá ser rápida o suficiente
de forma a não exceder o tempo que representaria danos ao gerador ou a perda de
estabilidade.

Actualmente este método é recomendado para máquinas que possuem


menor que 1,2 p.u. (LIMA et al., 2003).

Figura 4. 4 Característica operacional no plano R-X do relé MASON (1949)


Fonte: (Modificado de: GAZEN, 2015)

4.2.1.2. Método de Berdy

Nas décadas de 60 e 70, o método de Mason (1949) passou a enfrentar


problemas de selectividade devido ao aumento das reactâncias síncronas e
consequentemente aumento da área operacional do relé, o que aumentaria a
possibilidade de operação indevida (MORAIS, 2008).

Para sanar este problema, fez-se necessária uma sofisticação adicional com
relação ao método de Moson (1949), tal qual o uso de uma unidade mho adicional e
temporização proposto por Berdy (1975). A primeira zona do método de Berdy ( ) não
possui retardo de tempo e seu diâmetro é igual a 1,0 p.u. na base do gerador. Esta
zona tem como função detectar a perda de excitação com o gerador operando entre
100% e 30% do seu carregamento nominal, que se caracterizam como condições mais
severas em termos de danos no gerador e efeitos adversos no sistema (MORAIS,
2008). Por outro lado, a segunda zona ( ) é ajustada com o diâmetro igual à
reactância síncrona do eixo directo ( ), e com uma temporização adicional da ordem
de 0,5 até 0,6 segundos. Esta temporização serve em casos onde o gerador estava

SINGANO RJ 31
operando com baixo carregamento ou para perdas parciais de excitação. As duas
zonas apresentam o ajuste do offset igual à metade da reactância transitória de eixo
directo ( ⁄ ).

Figura 4. 5 Característica operacional no plano R-X da protecção contra perda e


excitação proposta por BERDY (1975)
Fonte: (MONTEZUMA, 2015)

O objectivo da Zona 1 é de detectar as condições mais severas para integridade


do gerador e do sistema, ou seja, nos casos onde a perda de excitação ocorre quando
o carregamento do gerador está elevado. Nesta região a temporização de actuação do
esquema é bem reduzida ou não deverá haver retardo intencional.

A Zona 2 detecta a perda de excitação durante operação em carga leve e atua


com uma temporização maior devido ao seu maior alcance.

A temporização ideal destes esquemas é obtida através dos resultados da

SINGANO RJ 32
análise dinâmica dos eventos. Entretanto, a norma IEEE C37.102TM sugere a
temporização de aproximadamente 0,1 s para a Zona 1 e temporização de 0,5 s a 0,6 s
para a Zona 2. O Guia Internacional de Protecção de Geradores Síncronos do Cigré
sugere a temporização da Zona 1 inferior a 0,3 s e temporização para Zona 2 entre 0,5
s e 1,5 s.

Após Berdy (1975) apresentar seu ajuste, passou-se a utilizar o ajuste de Mason
(1949) para máquinas com reactância de eixo directo até 1,2 p.u. e o ajuste de Berdy
(1975) para máquinas com reactância de eixo directo maiores que 1,2 p.u. (LIMA et al,
2003).

4.2.1.3. Método Offset positivo

O esquema Mho com offset positivo é combinação de duas unidades de


distância mho com uma unidade direccional. Em alguns casos, a unidade de
supervisão de subtensão é adicionada ao esquema.

A Zona 1 do relé tem diâmetro com offset negativo com valor de metade da
reactância transitória de eixo directo (X’d/2) e o alcance negativo é ajustado a fim de
encontrar o alcance da Zona 2. A sensibilidade reduzida favorece a não actuação para
os casos de oscilações estáveis, porém, por outro lado, esta unidade pode não actuar
para alguns eventos de perda de excitação.

A Zona 2 tem offset positivo com valor igual a reactância vista a frente do
gerador que é a soma da reactância do transformador elevador com a reactância
equivalente do sistema, considerando a linha de transmissão mais forte fora de serviço.
O alcance negativo da Zona 2 é ajustado em 110% de reactância de eixo directo (Xd).
O maior alcance desta unidade promove maior sensibilidade para os eventos de perda
de excitação, porém aumenta-se o risco para disparo durante oscilações.

A Zona 2 deverá ser coordenada com o limite de estabilidade de regime


permanente (SSSL) por uma margem de 10% (alcance negativo de 1,1∙Xd) conforme
Figura seguinte, ou ser ajustada de forma coincidente com este limite (alcance negativo
de Xd). O SSSL no plano R-X é uma circunferência de raio com valor de metade da

SINGANO RJ 33
soma das reactâncias de eixo directo e a reactância equivalente do sistema e centro
sobre o eixo X igual a metade da diferença entre as mesmas reactâncias.

Figura 4. 6 Característica operacional no plano R-X da protecção contra perda e


excitação pelo método de offset positivo
Fonte: (MONTEZUMA, 2015)

SINGANO RJ 34
Figura 4. 7 Conversão de LEP para o plano R-X

Fonte: (GAZEN, 2015)

SINGANO RJ 35
CAPÍTULO 5: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A central hidroeléctrica de Mavuzi, como foi descrita no capítulo 2, dispõe de cinco


(5) unidades geradoras sendo a primeira e a segunda denominadas grupos pequenos
com 5 MW de potência nominal cada e as restantes denominadas grupos grandes com
15 MW de potência nominal cada.

Para o caso de estudo, será usada a unidade geradora 2 para implementação da


protecção de retaguarda contra a perda de excitação no gerador síncrono.

5.1. Descrições técnicas da unidade geradora 2 da CHM


 Estátor

A estrutura do gerador é de construção soldada. Os pacotes do núcleo são feitos


de aço eléctrico1 laminado a frio e revestido com verniz isolante.

5.1.2. Apresentação das grandezas eléctricas.

Tabela 5. 1Dados referentes a unidade geradora 2 da CHM


GRANDEZA UNIDADE VALOR
Potencia nominal kVA/kW kVA/kW 605/4840
Tensão nominal V V 6600
Factor de potência ----- 0.8
Reactância síncrona do eixo directo ( ) % 94
Reactância síncrona do eixo de quadratura ( ) % 84
Reactância transitória do eixo directo ( ) % 28
Reactância subtransitória do eixo directo ( ) % 15
Fonte: (Adaptado do anexo 1 Tabela A1-1)

5.2. Descrição do sistema de excitação

Na planta em estudo, é usado um sistema digital de controlo de excitação da


Basler Electric DECS-200. Este sistema, é um dispositivo de controlo baseado num
microprocessador, destinado à gestão de energia do gerador. A programabilidade dos
parâmetros do sistema e as definições de regulação permitem utilizar o DECS-200
numa variedade de aplicações, proporcionando uma maior flexibilidade na utilização do
sistema de excitação. O DECS-200 pode acomodar continuamente requisitos do
campo de excitação do gerador até 15 Adc, em aplicações de 32, 63 ou 125 Vdc com
um modelo.

1
Aços eléctricos têm elevada capacidade em amplificar milhares de vezes um campo magnético externamente
aplicado, conhecida como permeabilidade magnética. As classes de aços para fins eléctricos são divididas em dois
grandes grupos: grãos orientados (GO) e grãos não orientados (GNO).
SINGANO RJ 36
5.2.2. Funcionalidades

As unidades DECS-200 possuem as seguintes funcionalidades e capacidades.

Funções

 Quatro modos de controlo


1. Regulação automática de tensão (AVR);
2. Regulação manual ou da corrente de campo (FCR);
3. Factor de potência (PF);
4. Potencia reactiva (VAR).
 Acumulação para o arranque suave com uma rampa ajustável nos modos de
controlo AVR e FCR;
 Um intervalo de ajuste ou pré-posicionamento para cada modo de controlo;
 Limitação da sobreexcitação (OEL) e da subexcitação (UEL) nos modos de
controlo AVR, var e PF;
 Vinte selecções de estabilidade;
 Compensação de sub-frequência ou limitador do rácio de volts/hertz’’;
 Rastreamento automático entre modos operacionais e entre unidades DECS-
200 (opcional);
 Transferência automática para uma unidade DECS-200 de backup (opcional);
 Oito geradores possuem funcionalidades de sobretensão
1. Sobretensão de campo
2. Sobreintensidade de campo sobretensão do gerador;
3. Subtensão do gerador;
4. Temporizador do circuito de vigilância;
5. Perda de detecção;
6. Díodo monitor do excitador (DME);
7. Perda de campo;
 Gerador paralelo à compensação estática reactiva e à compensação diferencial
reactiva;
 Registo de dados e de eventos.
5.2.3. Aplicação

Na aplicação típica exibida na figura a baixo, o DECS-200 controla o campo de


excitação da unidade geradora 2 da central hidroeléctrica de Mavuzi. Os controlos,
indicadores e portas de comunicação em série no painel frontal, que utiliza o software
informático, fazem com que o sistema seja fácil de operar, tanto a nível local como
remotamente.

SINGANO RJ 37
Figura 5. 1 Diagrama de blocos da Aplicação típica do DECS-200
Fonte: (EDM)

Potência operacional

A potência operacional para a saída de excitação com modulação por duração


de impulsos (PWM) obtém-se, geralmente, a partir da saída do gerador, através de um
transformador de potência. Em alternativa, a potência operacional pode ser fornecida a
partir de um gerador magnético permanente (PMG).

Durante o arranque do DECS-200, um ICRM (Módulo de Redução da Corrente


de Irrupção) opcional previne danos no DECS-200, limitando a corrente de irrupção
para níveis seguros.

Detecção

O DECS-200 detecta a tensão e a corrente do gerador através de


transformadores de tensão e de corrente. Os valores de tensão e de corrente de campo
são detectados internamente.

Limitadores de excitação

Os limitadores de sobreexcitação e subexcitação (OEL e UEL) integrados


encontram-se disponíveis para a protecção online e offline.

Rastreamento interno entre modos operacionais DECS-200

Em aplicações que utilizam um único DECS-200, este pode ser programado de


modo a que os modos operacionais rastreiem o modo operacional activo. Os modos

SINGANO RJ 38
operacionais incluem AVR,FCR, PF e var. Se o sistema de excitação funciona
normalmente online no modo interno e ocorre uma perda de detecção, o DECS-200
pode ser transferido para o modo manual (FCR), onde a perda de detecção não tem
qualquer impacto sobre a capacidade do excitador de manter os níveis de excitação a
níveis adequados.

5.2.4. Descrição funcional

Circuito de entrada de contacto

Onze circuitos de entrada de contacto, alimentados isoladamente por 12 Vdc,


oferecem um controlo de entradas operacionais para o DECS-200, nomeadamente:

1. Arranque
2. Paragem
3. AVR

Esta entrada aceita um fecho momentâneo de contactos que coloca o DECS-


200 em modo AVR. Assim que o DECS-200 estiver em modo AVR, esta entrada fica
sem efeito.

4. FCR (Regulação da corrente de Campo)

Esta entrada aceita um fecho momentâneo de contactos que coloca o DECS-200


em modo FCR. Assim que a unidade estiver em modo FCR, esta entrada fica sem
efeito. A entrada FCR tem precedência sobre a entrada AVR.

5. Aumentar
6. Diminuir
7. PRE-P (Pré-posicionamento)
8. 52L/M (Unidade/Paralela)
9. 52J/K (Activar Var/Factor de potência)
10. SECEN (Activar secundário)
11. ALEST (Repor Alarme)

Se as entradas de arranque e paragem ficarem activas ao mesmo tempo, a entrada


paragem tem prioridade. Se as entradas de AVR e FCR ficarem activas ao mesmo
tempo, a entrada FCR tem prioridade.

Potência operacional

A entrada de potencia operacional do DECS-200 aceita tensão trifásica ou


monofásica no intervalo de 50 a 277 Vac (dependendo da tensão nominal de campo),
com 50 a 500 hertz. A entrada é rectificada e filtrada pelo filtro passa-baixo da entrada,
que alimenta a fase do transístor. Dependendo da potência operacional aplicada,

SINGANO RJ 39
existem três possibilidades de tensão nominal de saída: 32, 63 ou 125 Vdc.

Potência de controlo

A potência de controlo pode ser de dois tipos: nominal de 24/48 Vdc ou nominal
de 120 Vac/125 Vdc. Para potência de controlo de 120 Vac/125 Vdc, pode aplicar-se a
tensão de entrada ac e dc em operações de fornecimento de energia redundantes.

FUNÇÕES DO LIMITADOR

As funções do limitador do DECS-200 incluem um limitador de subfrequência,


um limitador do rácio de V/Hz, um limitador de sobreexcitação e subexcitação e um
limitador da corrente do estátor.

Limitador de Subexcitação

A limitação de subexcitação (UEL) funciona em todos os modos à excepção do


modo FCR. O UEL detecta a saída var principal do gerador e limita qualquer redução
adicional na excitação, de modo a prevenir a perda de sincronização e o aquecimento
do núcleo durante o funcionamento paralelo. No modo FCR, o DECS-200 avisa que
todos os estados de UEL estão preenchidos. O nível de potência reactiva é
seleccionado em potência activa zero e a curva de limitação UEL é calculada com base
nesse valor, na tensão do gerador e na corrente nominal. As principais curvas típicas
kvar e uma curva seleccionada pelo utilizador, de cinco (5) pontos, são exibidas na
figura seguinte:

Figura 5. 2 Curva personalizada de cinco pontos


Fonte: (EDM CHM, 2022)

SINGANO RJ 40
5.3. Caso de estudo

Perdas de excitação de um gerador síncrono. Tem-se como amostra um gerador que


as suas especificações técnicas estão representadas no anexo 1 Figura A1-1.

Tabela 5. 2 Casos simulados no MATLAB


Caso Tipo de falha Valor da Percentagem Carregamento
Perdida da (kW)
Caso1 Perda parcial de excitação 93.75 25% 1210
Caso 2 Perda Parcial de excitação 31.25 75% 2420
Caso 7 Perda Total de excitação 0 100% 1210
Fonte: (Extraído do Apêndice APi-j)

Caso 1: Perda de 25% da tensão de campo com um carregamento de 1210kW

Figura 5. 3 Representação gráfica do caso 1 da tabela 5.2

SINGANO RJ 41
Caso 2: Perda de 20% da tensão de campo com um carregamento de 3630kW

Figura 5. 4 Representação gráfica do caso 2 da Tabela 5.2

Caso 7: Perda de 100% da tensão de campo com um carregamento de 1210kW

SINGANO RJ 42
Figura 5. 5 Representação gráfica do caso 7 na Tabela 5.2

SINGANO RJ 43
CAPÍTULO 6: PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DA PROTECÇÃO
ANSI 40 PARA RETAGUARDA NAS UNIDADES GERADORAS DA CHM

Segundo as apresentações teóricas feitas nos capítulos anteriores, neste capítulo


será apresentada a proposta para a protecção de retaguarda nas unidades geradoras
da central hidroeléctrica de Mavuzi.

6.1. Determinação dos ajustes da protecção para os grupos pequenos da CHM


 Dados das unidades geradoras:

 Determinação da corrente nominal do gerador

Utilizando a fórmula (3.4) teremos:


 Definição dos valores de base

 Informações dos transformadores de medida

Os cálculos a seguir a serem apresentados, foram baseados nos dados dos


apêndices APD 1-61 e APD 2-61

 Determinação da impedância em ohm

A impedância transitória do eixo directo não saturada no SI, no secundário do relé será:

SINGANO RJ 44
A impedância síncrona do eixo directo não saturada no SI, no secundário do relé será:

 Ajuste da zona de operação

Segundo a expressão (4.2) teremos:

 Temporização:

6.2. Determinação dos ajustes da protecção para os grupos grandes da CHM


 Dados das unidades geradoras:

 Determinação da corrente nominal do gerador

Utilizando a fórmula (3.4) teremos:


 Definição dos valores de base

 Informações dos transformadores de medida

SINGANO RJ 45
 Determinação da impedância em ohm

A impedância transitória do eixo directo não saturada no SI, no secundário do relé será:

A impedância síncrona do eixo directo não saturada no SI, no secundário do relé será:

 Ajuste da primeira zona

Segundo a expressão (4.1) teremos:

 Temporização:

 Ajuste da segunda zona

Segundo a expressão (4.2) teremos:

SINGANO RJ 46
 Temporização:

 Representação gráfica das zonas de protecção no plano R-X

Figura 6. 1 Característica da função de distância para a protecção de perda de


excitação dos grupos grandes da CHM
Fonte: (O Autor, 2022)

SINGANO RJ 47
CAPÍTULO 7: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

7.1. Conclusão

No presente trabalho, foi apresentado uma proposta de implementação de um


relé de protecção que funcionará como retaguarda na protecção contra perda de
excitação nos geradores da central hidroeléctrica de Mavuzi. Foi primeiramente no
capítulo três (3) abordado de uma forma geral sobre as máquinas síncronas e depois
foi abordado sobre a perda de excitação em alternadores onde verificou-se diversos
defeitos que possam estar acompanhados com a perda de excitação em um gerador
síncrono, que, perante este senário concluiu-se a necessidade de implementar um relé
de protecção para o efeito.

Segundo a informação descrita no capítulo quatro (4), pode se verificar que os


grupos pequenos da central Mavuzi, em condição de perda de excitação, o estátor
absorverá uma elevada corrente que poderá alcançar cerca de 1705.8075A a
2843.0125A, esses valores correspondem de 3 a 5 vezes maiores que a sua corrente
nominal respectivamente. Esta corrente tem uma forte componente reactiva e é a
causa do sobreaquecimento da componente induzida. Também o indutor é submetido a
um forte aquecimento devido ao desequilíbrio magnético que ocorre.

Perante este cenário, no segmento da apresentação desta proposta, foram


levantadas três hipóteses na qual duas delas foram nulas pelas seguintes razões. A
primeira hipótese seria a aplicação em réplica de um AVR que este simplesmente
serviria para compensar a corrente e ou a tensão de campo, visto que isso não seria
possível se estivéssemos perante uma perda total ou mesmo parcial em grande escala.
De seguida, seria a implementação da unidade G60, esta hipótese foi nula devido a
quantidade de funções envolvidas no seu sistema, seria um desperdício usar uma
unidade multifuncional para proteger um equipamento de um defeito específico.

A forma de pensar aplicada neste trabalho para se chegar à natureza do


problema em questão, a fim de estudar os possíveis efeitos que o problema possa vir
causar, ajudou a concluir que as consequências são severas, não só para a unidade
geradora, mas sim, para o sistema no seu todo, visto que a máquina subexcitada
desenvolve características contrárias das suas normais.

Foram ensaiadas pelo autor perdas de excitação em um gerador implementado


no simulador simulink do MATLAB (Apêndice APB 3-56), no gerador modelo foi
garantido que ele tivesse especificações técnicas idênticas do gerador da unidade
geradora 2 da CHM (apresentado no anexo Figura A1-1). Na simulação efectuada foi
possível tirar conclusões como até que nível de carregamento é possível um gerador
suportar sem o seu total sistema de excitação.

Foi finalmente proposta uma modelação do sistema de protecção contra perda


de excitação das unidades geradoras da CHM, tendo sido usado as unidades 2 e 4
como modelo num universo de cinco (5) unidades geradoras. A selecção destas duas

SINGANO RJ 48
unidades deveu-se ao facto da unidade 2 ter características semelhantes a unidade 1,
e a unidade 4 ter características semelhantes a das unidades 3 e 5, assim sendo, a
proposta pode ser aplicada a todas unidades geradoras da Central.

7.2. Recomendações

A proposta de implementação da função ANSI 40 nas unidades geradoras da central


hidroeléctrica de Mavuzi, irá proteger as unidades de todo o tipo de defeitos que que
vier acompanhado com a perda de excitação.

As Unidades com excitação por escova, são mais propensas a falha terra no rótor,
assim sendo, recomenda-se o seguinte:

 Implementação do sistema de excitação AC com rectificação rotativa para as


unidades geradoras 4 e 5 da central hidroeléctrica de Mavuzi.

SINGANO RJ 49
CAPÍTULO 8: BIBLIOGRAFIA

8.1. Referências bibliográficas

[1[ BERDY, J. "Loss of Excitation Protection for Modern Synchronous Generator". IEEE
Transactions on Power Apparatus and System, vol. 94, no.5, pp. 1457-1463,
Setembro/Outubro 1975.

[2] BÉRUBÉ, G. R., HAJAGOS, L.M., BEAULIEU, R. E. 1995- “A Utility Perspective on


Under-Excitation Limiters”, IEEE/PES Winter Meeting, January 29 to February 2, 1995,
New York, N.Y.

[3] CIGRE TECHINICAL BROCHURE 479. International Guide on the Protection of


Synchronous Generators. Outubro de 2011

[4] Chapman, Stephan J. 2014- Fundamento de máquinas eléctricas, 5. Ed., AMGH


EDITOR LTDA, Santana

[5] EDM,CHM. Indicadores de Desempenho da Central de Mavuzi – Janeiro à


Novembro de 2022. Mavuzi, 2022

[6] EDM, CHM. RPN MAV 01 MEU DC 00 436, Unidades G1 & G2- Sistema digital de
controlo de excitação Manual de Operação. Mavuzi, 2022

[7] EDM,CHM, RPN MAV 01 MKF DC 00 296, Mavuzi G1 and G2 Operation and
Maintenance Manual Technical Documentation. Mavuzi, 2022

[8] EDM, CHM. RPN MAV 01 MKC DC 00 297, Mavuzi G1 and G2 Digital Excitation
Control System – DECS-200 INSTRUCTION MANUAL. Mavuzi, 2022

[9] FILHO, João Mamede, MAMEDE, Daniel Ribeiro. 2020- Protecção de sistemas
eléctricos de potência, 2. Ed., Livros Técnicos e científicos Ltda, Rio de Janeiro.

[10] KINDERMANN, Geraldo. 2005-proteccao de sistemas eléctricos de poténcia, 2.


ed., Florionopolis-Sc. Rio de Janeiro

[11] LIMA, J. C. M, DELBONI, M. P, ANDRADE, J. C B. 2003-Revisao crítica da


filosofia de protecção contra perda de excitação em geradores síncronos. In:
SEMINÁRIO TÉCNICO DE PROTEÇCÃO E CONTROLO, 7., 2003, Rio de Janeiro.
Anais… Rio de Janeiro: Cigre-Brasil, 2003

[12] LIMA, J. C. 2002-Aspectos de Protecção e Controlo do Gerador Síncrono


Subexcitado. 2002. 13 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Eléctrica)-Pontifícia
Universidade Católica de Minas gerais, Belo Horizonte, 2002

[13] MASON, C. R. "A New Loss of Excitation Relay for Synchronous Generators".

SINGANO RJ 50
AIEE Transactions, vol. 68, 1949.

[14] MORAIS, A. P. Avaliacao do desempenho dos métodps de protecção contra a


perda de excitação em geradores síncronos: Uma contribuição utilizando a teoria
dos conjuntos nebulosos. 2008. 104 f. Dissertacao (Mestrado em Engenharia
Eléctrica)- Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2008

[15] Marques, N. L., “Máquinas Síncronas Subexcitadas”, Tese de Livre Docência,


Escola Nacional de Engenharia, Rio de Janeiro, 1959

[16] Nilson, N. E. and Mercurio, J., “Synchronous Generator Capability Curve Testing
and Evaluation”, IEEE Transactions on Power Delivery, Vol. 9, No. 1, January 1994

[17] PAJUELO, E.; GOKARAJU, R.; SACHDEV, N. S. Identification of generator loss-


os-excitation from power-swing using a fast pattern classification method. IET Gener.
Transm. Distrib., v. 7, n. 1, p. 24-36, 2013

[18] STEMMER, F.; BASTOS, A.C. Proteccao de sistemas Eléctricos de Potencia:


Informes técnicos da Comanhia Estaduas de Energia Eléctria do Estado do Rio Grande
do Sul. Porto Alegre, 1977

[19] SIMÕES, D. Sistemas de Excitação de Geradores Síncronos. Universidade


Federal de Santa Catarina, 2011. Disponível em:
http://www.labspot.ufsc.br/~simoes/dincont/dc-cap5.pdf. Acesso em: 27.01.2023,
06:05PM.

[20] Walker, J. H., “Operating Characteristics of Salient-Pole Machines”, Proc. IEE, Vol.
100, 1953.

8.2. Outras referências Bibliográficas

[1] BENMOUYAL, G.; CALERO, F.; GOIN, R.; HERRMANN, H. J.; OTERINO, O. M.;
MESSING, L.; MISRA, N. N.; YALLA, M. V. V. S.; YIP, T.; WROBLEWSKA,
S.."International Guide on the Protection of Synchronous Generators". A Report of
Cigré Working Group B5.04, 2011.

[2] EDM,CHM. Manual da Central. Mavuzi, 2022

[3] https://www.edm.co.mz/pt/website/page/gera%C3%A7%C3%A3o Acesso em


19.12.2022, 11:05PM

[4] IEEE Guide for AC Generator Protection, ANSI/IEEE C37.102, 2006.

[5] NASAR, Sayed Abu, 1984-Máquinas eléctricas, 1. ed., editora McGraw-hill do brasil
Ltda, São Paulo

[6] 9+WEG. 2020-DT-5-Caracteristicas e especificações de geradores,p.33-34 e 53-55


disponível em: www.weg.net acesso em 16.09.2022, 02:34PM

SINGANO RJ 51
APÊNDICES

SINGANO RJ APA.52
Apêndice A-Actividades desenvolvidas pelo estagiário

Durante o estágio profissional realizado na central hidroeléctrica de Mavuzi, o


autor teve a oportunidade de realizar diversas tarefas que algumas delas foram
essenciais para a aquisição de dados precisos para a realização do presente relatório.

Na tabela APA 1-52 são apresentadas as actividades desenvolvidas pelo autor no


período de estágio.

Nº ACTIVIDADE DESENVOLVIDAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO


1 Palestras matinais sobre HST
2 Manutenções preventivas e correctivas nas unidades geradoras da central
3 Manutenção preventiva no sistema de controlo de excitação
4 Manutenção correctiva do inversor 01. 10-BRU-00-GH-301 110Vdc-230Vac
5 Manutenção preventiva do rectificador 10-BTM-00-GH-501
6 Manutenções preventivas e preditivas do grupo diesel
7 Manutenção preventiva de transformadores de potência
8 Manutenção correctiva da rede pública de distribuição de energia eléctrica
Elaboração e implementação do projecto de comando e controlo do sistema
9
de filtros da piscina da central.
10 Elaboração do projecto fotovoltáico para uma bomba de água
11 Teste de relação de transformação junto da equipa da DTCE
12 Teste do núcleo do estátor do gerador, junto da equipa da SINOHYDRO
Teste de resistência de isolamento nos transformadores, junto da equipa da
13
DTCE
14 Preparação do perfil para implantação da rede pública de baixa tensão
Controlo do comportamento das unidades geradora e das LTEE a partir do
15
sistema SCADA
16 Elaboração de roteiros de manutenção
APA 1-52 Actividades desenvolvidas pelo estagiário
 Manutenção no sistema de controlo de excitação da Unidade geradora 2

O autor participou na manutenção do sistema de controlo de excitação


especificamente na unidade DECS 200 (Figura APA3-53), o esquema de ligação
analisado no APA3-53, está representado no Anexo 2.

 Teste do núcleo do estátor da unidade geradora 3

O autor teve a oportunidade de participar em um teste feito no núcleo do rótor do


gerado, o teste visava determinar até que temperatura as barras do núcleo
suportavam, se algumas barras aqueciam mais que outras.

A figura APA2-53 mostra o esquema utilizado na realização deste teste.

SINGANO RJ APA.53
APA 2- 53 Circuito de teste do núcleo do estátor do G3

APA 3-53 Manutenção do sistema de controlo de excitação da unidade geradora 2

SINGANO RJ APA.54
Apêndice B: Simulação do caso em estudo no Simulink, do software MATLAB

O Simulink é uma ferramenta de simulação integrada no software MATLAB, que


permite modelar, simular e analisar sistemas dinâmicos. Neste sentido uma grande
variedade de sistemas podem ser projectados e testados, nomeadamente sistemas de
controlo, sistemas de processamento de sinal, sistemas de comunicação, sistemas
logísticos, entre muitos outros.

Ao contrário do MATLAB que utiliza a linha de comandos, o Simulink usa uma


interface gráfica em que os modelos são criados sob a forma de diagramas de blocos,
facilitando a interacção com o utilizador. Ainda assim, esta ferramenta pode ser
interligada com o MATLAB, podendo inclusive os modelos ser desenvolvidos através
da linha de comandos.

O Simulink inclui uma biblioteca de blocos pré-definidos, mas o utilizador pode


igualmente criar os seus próprios blocos.

Caso Tipo de falha Valor da Percentagem Carregamento


Perdida da (kW)
Caso 0 Condições nominais 125 0% 4840
Caso1 Perda parcial de excitação 93.75 25% 1210
Caso 2 Perda parcial de excitação 100 20% 3630
Caso 3 Perda Parcial de excitação 31.25 75% 2410
Caso 4 Perda parcial de excitação 62.5 50% 3630
Caso 5 Perda Parcial de excitação 31.25 75% 1210
Caso 6 Perda parcial de excitação 31.25 75% 4840
Caso 7 Perda Total de excitação 0 100% 1210
Caso 8 Perda Total de excitação 0 100% 2420
APB 1-54 Casos de perda de excitação em estudo
Os resultados dos casos apresentados na tabela APB 1, estão graficamente
representados nos apêndices APB 4, APB5 e APB 6

SINGANO RJ APB.55
APB 2-55 Parâmetros do bloco UNIDADE G2 representada no APB 3-56

SINGANO RJ APB.56
APB 3-56 Diagrama de blocos do Sistema de Potência da unidade geradora 2 utilizado no Simulink MATLAB

SINGANO RJ APB.57
APB 4-57 Representação gráfica do caso 0 no APB 1-54

SINGANO RJ APB.58
APB 5-58 Resultado gráfico da simulação do caso 3 em APB 1-54

SINGANO RJ APB.59
APB 6-59 Resultado gráfico da simulação do caso 5 em APB 1-54

SINGANO RJ APB.60
Apêndice C: Falha à Terra no rótor

Qualquer falha única à terra que ocorra no enrolamento de campo ou no circuito


do excitador, não é um grande problema para a máquina. Mas s mais de uma falha de
terra ocorrer, pode haver uma chance de curto-circuito entre os pontos defeituosos no
enrolamento. Esta porção de curto-circuito do enrolamento pode causar desequilíbrio
no campo magnético e, consequentemente, podem ocorrer danos mecânicos no
enrolamento da máquina devido a rotação desequilibrada. Portanto, é sempre
essencial detectar falha de aterramento ocorrida no circuito de enrolamento do campo
do rótor e rectifica-lo para operação normal da máquina.

O defeito terra no rótor, vem acompanhado com a perda de excitação da


unidade geradora e consequentemente perda de sincronismo. A proposta apresentada
nesse trabalho, também servira como retaguarda para o rele de protecção contra falha
à terra no rótor.

APC 1-60 Relé de protecção contra a falha terra no rótor do G4 da CHM

SINGANO RJ APC.61
Apêndice D: TI’s e TP’s para protecção

O sistema de excitação das unidades geradoras, é composto por dois transformadores


de protecção sendo um Transformador de potencial e um transformador de corrente
como ilustrado no esquema apresentado no Anexo 2.

APD 1-61 Chapa do TP para usado no sistema de excitação da UG 2 da CHM

APD 2-61 TC utilizado no sistema de excitação da UG 2 da CHM

SINGANO RJ APD.62
Apêndice E: interior da casa das máquinas

APE 1-62 Vista de cima da UG em estudo, UG2

APE 2-62 Vista superior do interior da casa das máquinas

SINGANO RJ APE.63
ANEXOS

SINGANO RJ 64
ANEXO 1: Informações técnicas das unidas geradoras

Figura A1- 1 Especificações técnicas dos dados da UG2


Fonte: CHM, 2022

SINGANO RJ A1.65
Anexo 2: Capacidades disponíveis da CHM

Capacidade Capacidade
Grupos Observações
instalada [MVA] disponível [MW]

Grupo 1 6.05 5 Disponível


Central
Grupo 2 6.05 5 Disponível
de Mavuzi
Indisponível devido
Grupo 3 17.5 0
a avaria no estátor

Grupo 4 17.5 15 Disponível

Grupo 5 17.5 10 Disponível

Tabela 2- 1 Disponibilidade das UG da CHM


Fonte: CHM, 2022

SINGANO RJ A2.66
ANEXO 3: Unidade DECS 200

Figura A3- 1 Esquema do sistema de excitação da UG 2 da CHM


Fonte: (CHM, 2022)

SINGANO RJ A3.67
ANEXO 4: Limites operativos das maquinas em regime permanente e sob condicoes pré-determiadas

Figura A4- 1Curva de operação da unidade geradora 2 da CHM


Fonte: (CHM, 2022)

SINGANO RJ A4.68
Figura A4- 2 Curva de operação da unidade geradora 4 da CHM
Fonte: (CHM, 2022)

SINGANO RJ A4.69
ANEXO 5: Registo de eventos

Figura A5- 1 Eventos da UG4 de 07/12/2022-12/12/2022


Fonte: (CHM, 2022)

SINGANO RJ A5.70
ANEXO 6: Perfil Hidráulico

Figura A6- 1 Perfil Hidráulico da CHM


Fonte: (CHM, 2022)

SINGANO RJ A6.71

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