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MELISSA SENHORINHO VENTURA E ESTEVES

OTIMIZAÇÃO DO TRAÇADO DE CABO EM VIGAS DE CONCRETO


PROTENDIDO CONSIDERANDO O ESTADO LIMITE ÚLTIMO DE FLEXÃO

Dissertação apresentada ao Departamento


de Engenharia Civil da PUC/RJ como
parte dos requisitos para obtenção do título
de Mestre em Engenharia Civil: Estruturas.

Orientador: Luiz Eloy Vaz


Co-orientadora: Cláudia Ribeiro Eboli

Departamento de Engenharia Civil

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, Abril de 2002


Aos meus pais, Pedro e Gláucia,
e a Lycurgo, com todo o meu amor.
Agradecimentos

A Deus, pela oportunidade de realizar este trabalho e por toda a força que precisei para
cumprir mais esta etapa da minha vida.
Aos meus pais, Pedro e Gláucia, pelo amor absoluto, apoio incondicional e pelo
entusiasmo que sempre apresentaram diante de todos os passos do meu caminho.
Aos meus irmãos: Lucas, Pedro e Priscila, pelo carinho e pela saudade demonstrada
com ternura.
A Lycurgo, pelo amor, pela compreensão, e principalmente pela generosidade com
que sempre tratou os meus sonhos.
À minha família, em especial meus avós, Noélia e Adhemar, pelo incentivo em todos
os momentos.
Ao professor Luiz Eloy Vaz, por sua orientação tranqüila e segura.
À professora Cláudia Eboli, por sua orientação e ensinamentos, e pela paciência e
carinho com que sempre me recebeu.
A todos os professores da PUC-Rio que contribuíram muito para a conclusão destes
dois anos de mestrado.
À minha família carioca: tio José Eduardo e tia Zina; meus primos Paty, Álvaro e Véu;
e a Dora, pela acolhida carinhosa e convívio feliz durante estes dois anos.
À minha amiga Patricia, por sua amizade sincera, e pela cumplicidade em todos os
momentos deste trabalho.
À CAPES e à FAPERJ, pelo apoio financeiro.
Resumo

A busca por uma estrutura ótima, que consuma o mínimo de material possível, e
atenda, ao mesmo tempo, aos critérios de segurança e bom comportamento em serviço e aos
aspectos construtivos, deve ser preocupação primordial de todo engenheiro de projeto. Daí a
grande importância da área da engenharia que trata de otimização de estruturas, que visa
estudar ferramentas que auxiliem o engenheiro na obtenção do projeto ótimo.
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma metodologia para a determinação do
traçado ótimo de cabos aderentes de protensão, considerando-se condições do estado limite
último de flexão, além daquelas usuais referentes aos estados limites de utilização.

A solução de problema é obtida via técnicas de otimização, trabalhando com o


algoritmo de Han-Powell, de programação não-linear.

As variáveis de projeto são a força de protensão, os coeficientes das parábolas que


descrevem o cabo protendido e os parâmetros da configuração deformada em cada seção de
estudo da viga.

O problema de otimização estrutural proposto é minimizar a força de protensão em


vigas isostáticas e hiperestáticas, submetido a restrições geométricas, limitações das tensões
nos bordos extremos da viga no estado limite de utilização, e verificação do estado limite
último em seções previamente definidas.

O desenvolvimento de um programa de computador permitiu a implementação deste


problema e a geração, como resultado, do traçado ótimo de um cabo médio, e da força de
protensão mínima, após as perdas imediatas, consideradas constantes ao longo do
comprimento da viga.
Abstract

The search for the optimum design, with the minimum possible material consumption
and satisfying, at the same time, safety and in service conditions and also the constructive
aspects, must be a central preoccupation of all engineers.

Therefore the optimization of structures is such an important engineering area, which


studies tools for helping the engineering to obtain the optimum design.

The objective of this work is to present on methodology for the determination of the
optimum design of prestressed cable, considering both the ultimate limit state and the in
service limit state.

The solution of the problem is obtained through optimization techniques, normally,


the Han-Powell algorithm is applied for solving the non-linear programming problem.

The design variables are the prestressed force and the parameters, which define the
geometry of the cable and the deformation of the beam in given sections.

The proposed optimization problem is to minimize the prestressed force in beams


while constraining the geometry of the cable and the stresses during in service loads and
satisfying safety in the ultimate limit state in prescribed sections.

A computer program, based on the formulation, was developed which allowed the user
to obtain the optimum design of the cable and the correspondent minimum prestressed force,
after immediate losses which are considered constant along the beam length.
Sumário

1. Introdução ....................................................................................................... 1
1.1 Objetivo ..................................................................................................... 2
1.2 Escopo do trabalho ................................................................................... 3
2. Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido ............. 4
2.1 Sistemas de aplicação da protensão .......................................................... 4
2.2 Estados Limites ......................................................................................... 5
2.3 Tipos de protensão .................................................................................... 6
2.4 Combinações das ações ............................................................................ 8
2.5 Fases de carregamento consideradas para verificação dos estados limites 11
2.6 Protensão como sistema de cargas equivalentes ....................................... 12
2.7 Cálculo das tensões no Estado Limite de Utilização ................................ 18
2.8 Estado Limite Último de flexão simples (ELU) ....................................... 19
3. Algoritmo de solução : Han-Powell ............................................................... 26
3.1 Fundamentos da Programação Matemática (PM) ..................................... 26
3.2 Programação Quadrática ........................................................................... 30
3.3 Resolução de um PPQ como um PLC ...................................................... 32
3.4 Algoritmo de Han-Powell : Programação Seqüencial Quadrática ........... 33
4. Exposição da formulação como um problema de PM .................................... 40
4.1 Descrição do modelo da viga protendida .................................................. 40
4.2 Variáveis de projeto .................................................................................. 43
4.3 Função objetivo ........................................................................................ 43
4.4 Restrições relativas à geometria do cabo .................................................. 44
4.5 Restrições relativas aos limites das tensões em serviço (ELS) ................. 46
4.6 Restrições relativas ao estado limite último de flexão (ELU) .................. 47
4.7 Enunciado completo do problema de programação matemática .............. 49
5. Exemplos ........................................................................................................ 53
5.1 Exemplo 1 ................................................................................................ 53
5.2 Exemplo 2 ................................................................................................. 73
5.3 Exemplo 3 ................................................................................................. 88
6. Conclusões e sugestões para trabalhos futuros ................................................. 103
Referências Bibliográficas .................................................................................... 105

iii
Lista de Figuras

Figura (2.1) – Carregamento equivalente à protensão em vigas isostáticas .............. 13


Figura (2.2) – Análise de um elemento infinitesinal ................................................. 14
Figura (2.3) – Configuração deformada da seção ..................................................... 20
Figura (2.4) – Estado limite último da NBR 6118 .................................................... 21
Figura (2.5) – Diagrama tensão deformação do concreto ......................................... 23
Figura (2.6) – Diagrama tensão deformação – Aço CA – classe B ........................... 24
Figura (2.7) – Distribuição da função s c ................................................................. 25
Figura (3.1) – Algoritmo de programação quadrática recursiva ............................... 35
Figura (3.2) – Fluxograma de solução do algoritmo do problema de otimização
proposto ............................................................................................. 39
Figura (4.1) – Definição da viga e seção transversal ................................................ 40
Figura (5.1) – Esquema estrutural do Exemplo 1 ..................................................... 53
Figura (5.2) – Seção transversal do Exemplo 1 ........................................................ 54
Figura (5.3) – Seções de controle adotadas no Exemplo 1 ....................................... 55
Figura (5.4) – Parábolas adotadas na primeira análise do Exemplo 1 ...................... 56
Figura (5.5) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
6 trechos de parábola ......................................................................... 58
Figura (5.6) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
6 trechos de parábola considerando novo ponto de partida ............... 60
Figura (5.7) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
6 trechos de parábola considerando protensão limitada .................... 61
Figura (5.8) – Parábolas adotadas na segunda análise do Exemplo 1 ....................... 62
Figura (5.9) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
8 trechos de parábola ......................................................................... 64
Figura (5.10) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
8 trechos de parábola considerando protensão limitada .................... 66
Figura (5.11) – Parábolas adotadas na terceira análise do Exemplo 1 ...................... 67
Figura (5.12) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
12 trechos de parábola ...................................................................... 68
Figura (5.13) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
12 trechos de parábola considerando protensão limitada ................ 70
iv
Figura (5.14) – Comparação entre os traçados dos cabos de protensão obtidos no
projeto estrutural, através do programa comercial de otimização
linear LINDO, e através do programa desenvolvido neste trabalho 71
Figura (5.15) – Esquema estrutural do Exemplo 2 ................................................... 73
Figura (5.16) – Seção transversal da viga do Exemplo 2 ......................................... 73
Figura (5.17) – Seções de controle adotadas no Exemplo 2 .................................... 74
Figura (5.18) – Parábolas adotadas na primeira análise do Exemplo 2 .................... 76
Figura (5.19) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
20 trechos de parábola ............................................................... .... 78
Figura (5.20) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
20 trechos de parábola considerando protensão limitada ................ 80
Figura (5.21) – Parábolas adotadas na segunda análise do Exemplo 2 .................... 82
Figura (5.22) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
40 trechos de parábola ..................................................................... 83
Figura (5.23) – Comparação entre os traçados do cabo de protensão obtidos nesta
dissertação, no trabalho de Iunes e no projeto estrutural ................ 85
Figura (5.24) – Esquema estrutural do Exemplo 3 ................................................... 88
Figura (5.25) – Seção transversal da viga do Exemplo 3 ......................................... 88
Figura (5.26) – Seções de controle adotadas no Exemplo 3 ..................................... 89
Figura (5.27) – Parábolas adotadas na primeira análise do Exemplo 3 .................... 91
Figura (5.28) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
18 trechos de parábola ..................................................................... 92
Figura (5.29) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
18 trechos de parábola considerando protensão limitada ................ 94
Figura (5.30) – Parábolas adotadas na segunda análise do Exemplo 3 .................... 95
Figura (5.31) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
40 trechos de parábola ..................................................................... 97
Figura (5.32) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em
40 trechos de parábola considerando protensão limitada ................ 99
Figura (5.33) – Comparação entre traçados do cabo médio de protensão .......... 101

v
Lista de Tabelas

Tabela (2.1) – Combinações de Carregamento .......................................................... 12


Tabela (5.1) – Seções para verificação do ELU de flexão – Exemplo 1 ................... 55
Tabela (5.2) – Ações consideradas no Exemplo 1 ..................................................... 55
Tabela (5.3) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 6 trechos de parábola ................................................ 59
Tabela (5.4) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 6 trechos de parábola adotando novo ponto de partida 60
Tabela (5.5) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 6 trechos de parábola considerando protensão limitada 62
Tabela (5.6) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 8 trechos de parábola ................................................ 64
Tabela (5.7) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 8 trechos de parábola considerando protensão limitada 66
Tabela (5.8) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 12 trechos de parábola .............................................. 69
Tabela (5.9) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 12 trechos de parábola considerando protensão limitada 70
Tabela (5.10) – Comparação entre as excentricidades dos cabos de protensão obtidos
no projeto estrutural, através do programa comercial de otimização
linear LINDO, e através do programa desenvolvido neste trabalho 71
Tabela (5.11) – Seções para verificação do ELU de flexão – Exemplo 2 .................. 75
Tabela (5.12) – Ações consideradas no Exemplo 2 ................................................... 75
Tabela (5.13) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 20 trechos de parábola ............................................ 78
Tabela (5.14) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 20 trechos de parábola adotando protensão limitada 81
Tabela (5.15) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 40 trechos de parábola ............................................ 84
Tabela (5.16) – Comparação entre as excentricidades do cabo de protensão obtidos
nesta dissertação, no trabalho de Iunes e no projeto estrutural ......... 86
Tabela (5.17) – Seções para verificação do ELU de flexão – Exemplo 3 .................. 89

vi
Tabela (5.18) – Ações consideradas no Exemplo 3 ................................................... 90
Tabela (5.19) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 18 trechos de parábola ............................................ 93
Tabela (5.20) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 18 trechos de parábola adotando protensão limitada 94
Tabela (5.21) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 40 trechos de parábola ............................................ 98
Tabela (5.22) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 40 trechos de parábola adotando protensão limitada 100
Tabela (5.23) – Comparação entre excentricidades do cabo médio de protensão ..... 101

vii
Capítulo 1

Introdução

A área de otimização vem crescendo muito e ocupando espaço em diversos campos da


engenharia, como a indústria, transporte, engenharia mecânica, engenharia estrutural e
geotécnica, ciência dos materiais, entre outras. Este desenvolvimento nesta área reflete a
importância da busca pelo projeto ótimo, mais econômico, confiável e eficiente, que gere
melhores resultados para um mercado cada vez mais exigente e competitivo.
Mais especificamente, na área de engenharia estrutural, as técnicas de otimização estão
sendo aplicadas em diversas especialidades deste imenso domínio, como a otimização de
dimensões, de material, de forma, otimização topológica, etc.
As técnicas de otimização vêm sendo largamente aplicadas a problemas de engenharia
estrutural na área de concreto armado. Desde Eboli[08], o Departamento de Engenharia Civil
(DEC) da PUC - Rio vêm publicando trabalhos nesta área.
Esta dissertação pretende dar continuidade à linha de pesquisa, iniciada por Iunes[13],
do DEC da PUC – Rio, voltada para a otimização de elementos estruturais em concreto
protendido, que surgiu depois da linha de pesquisa em otimização envolvendo o concreto
armado, e ainda possui muito material a ser pesquisado.
O trabalho de Iunes, baseado na formulação apresentada por Calçada[07], considera
apenas as condições dos estados limites de utilização, além das restrições geométricas. Além
disso, Iunes, através de uma transformação de variáveis, torna o problema, originalmente não-
linear, em um problema de programação linear.
Seguindo a mesma linha, Almeida[06] ampliou a complexidade do problema,
tornando-o bastante não linear, ao incluir a consideração da variação das perdas por atrito ao
longo do comprimento do cabo de protensão. No entanto, Almeida ainda de limita à
consideração das condições dos estados limites de utilização, desconsiderando a verificação
do estado limite último na sua formulação.
Outro aspecto importante a ressaltar é que os dois trabalhos citados anteriormente
utilizaram sistemas de otimização desenvolvidos pela LINDO Systems Inc., sendo softwares
comerciais e utilizados como “caixa preta”, o que impossibilita a interação entre o algoritmo
de otimização e o programa de análise da estrutura. Iunes utilizou na sua implementação o
Capítulo 1 - Introdução 2

programa comercial LINDO – Linear Interactive and Discrete Optimizer, desenvolvido para
problemas de programação matemática linear, enquanto Almeida utilizou o sistema de
otimização LINGO, que resolve problemas de programação não linear.

1.1 Objetivo

O traçado adequado de cabos de protensão é fundamental para o bom comportamento


estrutural de peças de concreto protendido. Esta tarefa é essencialmente de responsabilidade
do engenheiro de projeto, que utiliza a sua experiência e bom senso para realizá-la de maneira
satisfatória.
O objetivo deste trabalho é a formulação e implementação de uma ferramenta de
auxílio para esta etapa de anteprojeto, que permita ao projetista obter automaticamente um
traçado bem próximo ao ótimo e a força de protensão minimizada em vigas de concreto
protendido, isostáticas e hiperestáticas.
A formulação baseia-se na otimização do traçado de um cabo médio de protensão. A
força de protensão é considerada constante ao longo do cabo e é feita uma estimativa do
percentual de perdas de protensão diferidas ao longo do tempo.
O problema de otimização proposto considera a verificação do estado limite último de
flexão, além das restrições que limitam as tensões nos bordos extremos das seções da viga no
estado limite de utilização e as restrições geométricas. Para tanto foram utilizadas técnicas de
otimização, com o uso do algoritmo de Han-Powell de programação não-linear. A utilização
deste algoritmo já representa um passo importante nesta linha de pesquisa, visto que, sendo
seu código de domínio público, permite a interação perfeita entre o algoritmo de otimização e
o programa de análise, possibilitando maior liberdade de programação.
Enfim, como objetivo último deseja-se contribuir com uma ferramenta moderna que
possa auxiliar no projeto de estruturas de concreto protendido e difundir as técnicas de
otimização no meio acadêmico e profissional.
Capítulo 1 - Introdução 3

1.2 Escopo do trabalho

Esta dissertação está dividida em seis capítulos.


O presente capítulo é uma introdução ao estudo de otimização, ressaltando a
importância desta área de pesquisa para a engenharia civil, com ênfase em estruturas.
Também é abordado neste capítulo o desenvolvimento da linha de pesquisa em otimização de
estruturas de concreto protendido no DEC da PUC – Rio, além dos objetivos a serem
alcançados ao final deste trabalho.
No capítulo 2 será feita uma revisão de tópicos importantes sobre o projeto de
estruturas de concreto protendido, necessários para o entendimento da formulação
apresentada. Além de revisar ítens das normas brasileiras NBR 8681, NBR 7197 e NBR 7187,
serão deduzidas equações relacionadas ao carregamento equivalente à protensão, ao estado
limite de utilização e ao estado limite último de flexão.
Fundamentos da Programação Matemática serão abordados no capítulo 3, iniciando
com a apresentação de um problema padrão e o procedimento básico utilizado nos métodos de
solução. Em seguida é discutida a programação seqüencial quadrática e o algoritmo de Han-
Powell, que reúne em sua estrutura muitas técnicas de PM.
No capítulo 4 será feita uma exposição da formulação do problema de otimização do
traçado dos cabos em vigas protendidas, como um problema de programação matemática.
Serão discutidos neste capítulo a escolha das variáveis de projeto e da função objetivo. Além
disso as restrições impostas serão formuladas e o enunciado completo do problema exposto no
ítem 4.7.
No capítulo 5 alguns exemplos de vigas de concreto protendido serão apresentados,
cujos traçados dos cabos e a força de protensão foram otimizados usando a formulação
proposta. Os resultados obtidos serão analisados e comparados com projetos desenvolvidos
em escritórios de cálculo estrutural e resultados obtidos em outros trabalhos desenvolvidos
nesta linha de pesquisa.
Finalmente no capítulo 6 serão apresentadas as conclusões obtidas neste trabalho e
sugestões para trabalhos futuros.
Capítulo 2

Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido

Protender uma peça de concreto significa introduzir um estado prévio de tensões


permanentes tendo em vista a melhoria do seu comportamento. Dentre as vantagens deste
processo pode-se citar o controle da fissuração; a construção de peças mais esbeltas, tendo em
vista uma inércia maior em peças não fissuradas; o controle das deformações; e maior
resistência à fadiga, já que as peças protendidas estão submetidas a menores variações de
tensão.

2.1 Sistemas de aplicação da protensão

2.1.1 Concreto protendido com aderência inicial (armadura de protensão pré-


tracionada)

Destinada geralmente para fábricas de elementos pré-moldados, este método de


protensão utiliza, para o estiramento da armadura, apoios independentes da peça; e este
procedimento é realizado antes do lançamento do concreto. Neste caso a aderência é a única
responsável pela ancoragem, visto que, após o endurecimento do concreto, a ligação da
armadura de protensão com os referidos apoios é desfeita.

2.1.2 Concreto protendido com aderência posterior (armadura de protensão pós-


tracionada)

Este método de aplicação da protensão é o mais usual em obras de grande porte, onde
a concretagem é realizada “in locu”. Nele o estiramento da armadura de protensão é feito após
o endurecimento do concreto, sendo ancorado em dispositivos instalados na própria peça.
Posteriormente a aderência com o concreto é criada de modo permanente através da injeção
de nata de cimento.
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 5

2.1.3 Concreto protendido sem aderência (armadura de protensão pós-tracionada)

Aquele obtido de maneira semelhante ao concreto protendido com aderência posterior,


diferindo apenas do fato de que não é criada aderência com o concreto após o estiramento.
Segundo a NBR 7197[04] o concreto protendido sem aderência só pode ser empregado em
casos especiais e sempre com protensão completa, não sendo admitido sua utilização em
pontes ferroviárias e vigas de pontes rolantes. Portanto este método é de uso mais restrito,
sendo mais empregado em lajes.

Neste trabalho considera-se apenas o concreto protendido com aderência posterior.

2.2 Estados Limites

Estados limites são caracterizados quando a estrutura se apresenta em colapso ou em


condições inadequadas para seu uso. São classificados em dois grupos: Estados Limites de
Utilização e Estados Limites Últimos.

2.2.1 Estados Limites de Utilização (ELS)

Aqueles que por sua ocorrência, repetição ou duração causam efeitos estruturais
incompatíveis com as condições especificadas para o uso normal da construção, ou que
comprometem a durabilidade da estrutura. Para a verificação da segurança em relação aos
estados limites de utilização das estruturas de concreto protendido, deve-se respeitar os
estados correspondentes aos riscos de fissuração e de deformação excessiva de acordo com o
tipo de protensão a ser projetada e de acordo com as prescrições da NBR 6118[01].

a) Estado limite de descompressão


Estado no qual não existem tensões de tração, ocorrendo um ou mais pontos da
seção transversal com tensão normal nula.
b) Estado limite de formação de fissuras
Estado de início de abertura de fissuras.
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 6

c) Estado limite de abertura de fissuras


Estado em que as fissuras se apresentam com aberturas características de valores
especificados.
d) Estado limite de deformações excessivas
Estado no qual os limites de deformação estabelecidos para utilização normal da
estrutura são atingidos.
e) Estado limite de compressão excessiva
Esta verificação garante que as tensões de compressão na seção transversal das
peças fletidas respeitem o limite convencional estabelecido em norma.

2.2.2 Estados Limites Últimos (ELU)

São aqueles correspondentes ao esgotamento da capacidade de carga da estrutura ou a


qualquer outra forma de ruína que determine a paralisação de seu uso. Deve-se verificar a
segurança das estruturas de concreto protendido em relação ao aparecimento dos seguintes
estados limites últimos:

a) Perda de equilíbrio: independente da resistência dos materiais, este estado limite


corresponde ao início da movimentação da estrutura, ou parte dela, como corpo
rígido.
b) Transformação da estrutura, no todo ou em parte, em sistema hipostático.
c) Devidos a solicitações normais.
d) Devidos a solicitações tangenciais.
e) Instabilidade por deformação.

2.3 Tipos de Protensão

Os tipos de protensão são caracterizados de acordo com os estados limites de


utilização referentes à fissuração e são apresentados a seguir:
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 7

2.3.1 Protensão Completa

Para ocorrer este tipo de protensão as seguintes condições devem ser satisfeitas:
· Para as combinações freqüentes de ações previstas em projeto, é respeitado o
estado limite de descompressão.
· Para as combinações raras de ações, quando previstas em projeto, é respeitado o
estado limite de formação de fissuras.

2.3.2 Protensão Limitada

Devem ser verificadas as seguintes condições para a ocorrência de protensão limitada:


· Para as combinações quase permanentes de ações previstas em projeto, é
respeitado o estado limite de descompressão.
· Para as combinações freqüentes de ações previstas em projeto, é respeitado o
estado limite de formação de fissuras.

2.3.3 Protensão Parcial

Nos casos de protensão parcial, devem ser satisfeitas as seguintes condições:


· Para as combinações quase permanentes de ações, previstas no projeto, é
respeitado o estado limite de descompressão.
· Para as combinações freqüentes de ações, previstas no projeto, é respeitado o
estado limite de abertura de fissuras, com wk £ 0.2 mm.

Entende-se por combinações quase permanentes de ações aquelas que podem atuar
durante grande parte do período de vida da estrutura, da ordem da metade deste período;
combinações freqüentes por aquelas que se repetem muitas vezes durante o período de vida da
estrutura, da ordem de 105 vezes em 50 anos, ou que tenham duração total igual a uma parte
não desprezível desse período, da ordem de 5%; e combinações raras são aquelas que podem
atuar no máximo algumas horas durante o período de vida da estrutura.
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 8

A escolha do tipo de protensão a ser projetada é condicionada pela função da


construção (requisitos de estanqueidade, limitações de flechas, entre outros) e da
agressividade do meio ambiente.
Neste trabalho consideram-se os tipos de protensão completa e limitada e adota-se a
hipótese usual de que, em serviço, o concreto se comporte no Estádio I, isto é, concreto não
fissurado e comportamento elástico linear dos materiais.

2.4 Combinações das ações

O conjunto das ações que tem probabilidade não desprezível de atuarem


simultaneamente sobre uma estrutura define um tipo de carregamento. Para cada um deles
deve-se considerar todas as combinações de ações que provocam os efeitos mais
desfavoráveis para a estrutura. As ações permanentes são consideradas em sua totalidade;
quanto às ações variáveis são consideradas apenas as parcelas que produzam efeitos
desfavoráveis para a segurança, sendo as variáveis móveis calculadas em suas posições mais
críticas para a estrutura.

2.4.1 Combinações Últimas das Ações

A verificação da segurança em relação aos estados limites últimos é feito em função


das combinações últimas de ações. Para as combinações últimas normais tem-se a seguinte
expressão para as ações de cálculo:

m é n ù
Fd = å g gi Fgi , k + g q ê Fq1, k + åy 0 j Fqj , k ú ( 2.1)
i =1 ë j =2 û
onde
Fd representa as ações de cálculo para a verificação do estado limite último

Fgi , k representa o valor característico das ações permanentes

Fq1, k representa o valor característico da ação variável principal


Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 9

y 0 j Fqj , k representa o valor efetivo de combinação de cada uma das demais ações

variáveis
g gi representa os coeficientes de ponderação das ações permanentes

gq representa o coeficiente de ponderação das ações variáveis

De acordo com a NBR 8681 [05], a Equação (2.1), para as combinações normais no
ELU consideradas, assume o mais desfavorável dos seguintes valores de cálculo das ações:

ì1,4 ü ì1,4 ü ì1,2 ü


Fd = í ý Fg ,k + í ý Fq1,k + í ý Fe ,k (2.2)
î0,9 þ î0þ î1,0 þ

sendo Fd a ação de cálculo

F g ,k o valor característico das ações permanentes diretas

Fq1,k o valor característico da carga acidental móvel, admitindo-se que esta

seja a única ação variável considerada no projeto.


Fe , k o valor característico das ações permanentes indiretas, inclusive as

decorrentes da protensão.

2.4.2 Combinações de Utilização das Ações

A verificação da segurança em relação aos estados limites de utilização é feita em


função das combinações de utilização, que dependem da duração das ações sobre as
estruturas.

2.4.2.1 Combinações quase permanentes de utilização

Entende-se por combinações quase permanentes de ações aquelas que podem atuar
durante grande parte do período de vida da estrutura, da ordem da metade deste período.
Nestas combinações, todas as ações variáveis são tomadas com seus valores quase-
permanentes y 2 j Fqj , k .
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 10

m n
Fd , uti = å F gi , k + å y 2 j Fqj , k (2.3)
i =1 j =1

2.4.2.2 Combinações Freqüentes de Utilização

Entende-se por combinações freqüentes aquelas que se repetem muitas vezes durante o
período de vida da estrutura, da ordem de 105 vezes em 50 anos, ou que tenham duração total
igual a uma parte não desprezível desse período, da ordem de 5%. Neste caso, a ação variável
principal é tomada com seu valor freqüente y 1Fq1, k , enquanto as demais ações variáveis são

tomadas com valores quase-permanentes y 2 j Fqj , k .

m n
Fd , uti = å F gi , k + y 1 Fq1, k + å y 2 j Fqj , k (2.4)
i =1 j =2

2.4.2.3 Combinações Raras de Utilização

São aquelas que podem acarretar estados limites de utilização, mesmo que atuem com
duração muito curta sobre a estrutura. Neste caso a ação variável principal Fq1 é tomada com

o seu valor característico Fq1, k e todas as demais ações variáveis são tomadas com seus

valores freqüentes y 1 Fqk .

m n
Fd , uti = å F gi , k + Fq1, k + å y 1 j Fqj , k (2.5)
i =1 j =2

De acordo com a NBR 8681/1984 [05], os fatores de combinação y 1 e y 2 assumem


respectivamente os valores máximos de 0.7 e 0.6 para as cargas acidentais dos edifícios; e 0.6
e 0.4 para cargas móveis em pontes ferroviárias.
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 11

Recorrendo à NBR 7187 [02] tem-se que, nas verificações de segurança dos estados
limites de utilização em pontes e viadutos, as seguintes combinações são consideradas, com
respectivos coeficientes de ponderação das ações:
· Combinação rara
Fd = F gk + F P 0 k + F P¥k + Fq1k + 0.7å Fqik (2.6)
i >1

· Combinação freqüente
ì0.8ü
Fd = F gk + F P 0 k + F P¥k + í ýFq1k + 0.4å Fqik (2.7)
î1.0 þ i >1

onde o coeficiente g f da ação Fq1k assume o valor de 1.0 para pontes ferroviárias e

0.8 para as demais.

· Combinação Quase Permanente


Fd = F gk + F P 0 k + F P¥k + 0.4å Fqik (2.8)
i

Neste trabalho foi considerada uma única sobrecarga atuante: a carga móvel. Portanto,
nas combinações de ações admitidas na NBR 7187 [02] só figura a parcela da ação variável
principal.

2.5 Fases de carregamento consideradas para verificação dos estados limites

Neste trabalho considerou-se três fases de carregamento para ELS. Na primeira,


imediatamente após a protensão, ou seja, no tempo t=0, foi considerado o carregamento
permanente direto, que consiste no peso próprio da estrutura; e o indireto, constituído pela
força de protensão após as perdas imediatas, conforme definido pela NBR 8681. Na segunda e
terceira etapas, ambas em t=¥, além do carregamento permanente total, com o valor da força
de protensão após as perdas diferidas a tempo infinito, considerou-se a carga acidental móvel
posicionada de forma a se obter os valores envoltórios dos momentos fletores nas seções de
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 12

projeto ao longo da viga. As ações consideradas nas diversas fases de carregamento podem
ser visualizadas na Tabela seguinte:

Tabela (2.1) – Combinações de Carregamento


Fases de Carregamento
Ações t=0 t = ¥ (1) t = ¥ (2)
peso próprio peso próprio
Permanente direta Peso próprio revestimento revestimento
(gk) guarda rodas, etc guarda rodas, etc
carga móvel carga móvel
Sobrecarga ______ (envoltória de esforços (envoltória de esforços
máximos) mínimos)
(qk)
força de protensão força de protensão força de protensão
Permanente indireta (após as perdas imediatas – (após as perdas diferidas a (após as perdas diferidas a
Po) tempo infinito – P¥) tempo infinito - P¥)
(P)

Para cada fase de carregamento são determinados os coeficientes de ponderação para


combinação de ações, tendo em vista os estados limites de utilização a serem verificados, em
função do tipo de protensão admitido para a estrutura. Desta forma são obtidos os limites de
tensões a serem respeitados em cada etapa de análise da estrutura.

No ELU só foi considerada uma fase de carregamento, a mais desfavorável para a


estrutura.

2.6 Protensão como sistema de cargas equivalentes

Os efeitos da protensão podem ser avaliados através do carregamento equivalente, ou


seja, um sistema de carregamentos externos que reproduzem o efeito dos cabos protendidos
sobre a estrutura.
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 13

O caso mais simples de carregamento equivalente à protensão está ilustrado na Figura


(2.1-a), onde, numa viga isostática com cabo de protensão passando pelo centro de gravidade
da peça, o carregamento equivalente consiste em cargas normais de compressão atuantes nas
extremidades do cabo, acompanhados pelo efeito de encurtamento uniforme da viga. Na
Figura (2.1-b), uma viga isostática com cabo reto protendido com excentricidade constante,
tem-se o carregamento equivalente constituído por cargas concentradas de compressão e
momentos fletores causados pela excentricidade do cabo, atuantes no centro de gravidade da
peça, o que provoca uma “contra - flecha” na viga. Ainda pode-se ter como carregamento
equivalente à protensão cargas concentradas verticais, provocadas por mudanças bruscas na
inclinação do cabo, como mostrado na Figura (2.1-c); e carregamentos distribuídos
equivalentes ao efeito de cabos curvos parabólicos protendidos, que se manifestam através de
forças radiais no sentido da retificação do cabo, conforme é apresentado na Figura (2.1-d).

Viga Protendida Carregamento Equivalente

P CG P P CG P
a)

D = encurtamento
D

b) P
CG P CG P
e P
M=Pe M=Pe
D
Psenq
Psenq
P CG P CG
c) P P
2q

2Pq
Psenq Psenq
P P
CG CG
d) emáx q P P

qP
Figura (2.1) – Carregamento Equivalente à Protensão em Vigas Isostáticas
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 14

Em vigas isostáticas as reações de apoio dependem apenas do carregamento externo,


sendo independentes da força de protensão, visto que a linha de pressão no concreto coincide
com a linha do centro de gravidade da armadura.
Já em vigas hiperestáticas as reações de apoio dependem da força de protensão, pois
os vínculos impedem a livre deformação da peça. Surgem então efeitos secundários ou
hiperestáticos de protensão - reações dos apoios, momentos fletores etc.
O carregamento distribuído equivalente à protensão de cabos parabólicos, ilustrado na
Figura (2.1-d), pode ser calculado tomando-se um elemento infinitesimal da peça da referida
figura e analisando o equilíbrio das forças, conforme Figura (2.2).

dq
r

P1
qprds
q

ds
P2
dx

Figura (2.2) – Análise de um elemento infinitesimal

Fazendo o equilíbrio das forças no eixo “a” temos que:

å Fa = 0 , ou seja, (2.9)

dq dq
P1 cos = P2 cos , o que implica em: (2.10)
2 2
P1 = P2 = P (2.11)
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 15

Com o equilíbrio das forças no eixo “b” vem que:

åF b =0 , ou seja, (2.12)

dq dq
P1 sen + P2 sen = q pr ds , o que implica em: (2.13)
2 2
dq
2 P sen = q pr ds (2.14)
2
dq
como é um ângulo muito pequeno temos que :
2
dq dq dq dq
sen @ tan @ e cos @1 (2.15)
2 2 2 2
que substituindo na Equação (2.14) resulta em:
dq
2P = q pr ds , que simplificando temos que: (2.16)
2
Pdq = q pr ds , que resulta em: (2.17)

Pdq
q pr = (2.18)
ds

Mas, geometricamente, temos que:


dq ds 1
sen = (2.19)
2 2 r
Simplificando a Equação (2.19), com o auxílio das expressões (2.15) temos que:
dq ds 1
= (2.20)
2 2 r
dq 1
= (2.21)
ds r

Voltando à Equação (2.18), pode-se expressar o carregamento distribuído equivalente


à protensão no trecho parabólico do cabo em função da força de protensão e do raio de
curvatura, conforme a Equação (2.22):
P
q pr = (2.22)
r
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 16

Sendo o raio de curvatura “r” expresso por:

r=
(1 + y ) '2 3 / 2
@
1
(2.23)
''
y y"
e
q p dx @ q pr ds. cosq (2.24)

a Equação (2.22) pode ser escrita como:

q p = Py '' (2.25)

Sendo assim, pode-se analisar os esforços atuantes na seção de uma viga protendida
com cabo parabólico.
O esforço normal, cortante e momento fletor decorrentes da protensão , em cada seção
de uma viga isostática são dados pelas equações seguintes:

N P ( x ) = P cosq (2.26)
VP ( x ) = P sen q (2.27)
M P ( x ) = (P cosq ) y ( x ) (2.28)

onde o ângulo q é muito pequeno, sendo cosq@1 e senq@tanq= y ' ( x ) , o que torna as Equações
(2.26), (2.27) e (2.28) mais simples, conforme as expressões (2.29), (2.30) e (2.31)
respectivamente.

N P ( x) = P (2.29)
VP ( x ) = Py ' ( x ) (2.30)
M P ( x ) = Py ( x ) (2.31)

onde M P é denominado momento primário ou isostático, visto que não considera as


reações de apoio provocadas pelos vínculos hiperestáticos em relação aos
efeitos da protensão.
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 17

P ( x , t ) é o valor da força de protensão, avaliado na seção x e no instante t


y ( x ) é a excentricidade do cabo de protensão em relação ao centro de gravidade da
seção
y ' ( x ) é a derivada da excentricidade do cabo de protensão em relação à abcissa x

A força de protensão é considerada constante ao longo do cabo nesta formulação


P ( x , t ) @ P (t ) , sendo feita uma estimativa prévia das perdas. A força de protensão inicial,

Pi , é a força máxima aplicada à armadura de protensão pelo equipamento de tração;


P0 = P (0) = Pi - DP0 é a força na armadura de protensão no tempo t=0, após as perdas

imediatas DP0 ; e P¥ = P (¥) = P0 - DP¥ é tomado como sendo a força de protensão após
perdas diferidas a tempo infinito.
Tendo em vista as Equações (2.29), (2.30) e (2.31) pode-se observar que o
carregamento equivalente à protensão pode ser calculado a partir do momento primário,
através das equações diferenciais que relacionam a carga q p , o esforço cortante V P e o

momento fletor M P , deduzidas na resistência dos materiais a partir de uma haste reta sujeita
a um carregamento vertical qualquer.

dVP
qP ( x ) = - (2.32)
dx
sendo
dM P
VP ( x ) = (2.33)
dx

Desenvolvendo estas equações vem que:


dP dy
VP ( x ) = y+ P (2.34)
dx dx
logo
æ d 2P d2 y dP dy ö
qP ( x ) = -çç 2 y + 2 P + 2 ÷÷ (2.35)
è dx dx dx dx ø
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 18

Considerando a força de protensão P = P ( x , t ) @ P (t ) , constante ao longo do cabo,

ou seja, P ( x ) @ P , as equações ficam simplificadas em:

dy d2y
VP = P e qP = - P (2.36)
dx dx 2

2.7 Cálculo das tensões no Estado Limite de Utilização

Para a verificação da segurança no estado limite de utilização, obtêm-se as tensões nas


fibras superior e inferior das seções consideradas na análise da estrutura, para cada
combinação de carregamento.
Como já foi mencionado, no estado limite de utilização considera-se que o concreto se
comporte no estádio Ia, que admite o concreto não fissurado e comportamento elástico linear
dos materiais.
Sendo assim as tensões nos bordos superior e inferior, de cada seção da viga, podem
ser calculadas através da equação a seguir, usando-se Wsup ou Winf caso se queira calcular

s sup ou s inf , respectivamente.

N d ( x ) M d ( x) P ( x) M e ( x) M P ( x)
s (x) = + = + + (2.37)
Ac W Ac W W

onde Ac é a área da seção transversal; W o módulo de resistência à flexão; P é a força de

protensão; M e e M P são os momentos fletores devidos ao carregamento externo e à

protensão (isostático e hiperestático) respectivamente. Os momentos M e e M P são valores


envoltórios de cálculo para as combinações em serviço consideradas, obtidos via programa de
análise de vigas incorporado ao programa de otimização. O momento M P é função dos
parâmetros que descrevem a geometria dos trechos dos cabos de protensão e inclui os
eventuais efeitos hiperestáticos.
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 19

O modelo de análise é carregado com o carregamento equivalente à protensão, e o


conjunto total de efeitos - primários e secundários - de protensão são obtidos diretamente da
análise. Os efeitos primários podem ser calculados diretamente, visto que se conhece a força
de protensão e a excentricidade do cabo em relação ao CG de cada seção. Consequentemente,
nas vigas hiperestáticas, os efeitos podem ser isolados, sendo os secundários obtidos através
da subtração dos primários em relação aos efeitos totais de protensão.

2.8 Estado Limite Último de Flexão Simples (ELU)

2.8.1 Configuração deformada no ELU

2.8.1.1 Hipóteses Básicas

Da Hipótese de Bernouilli – as seções transversais de peças fletidas permanecem


planas após a deformação – vem que a deformação e(h), de uma fibra da seção, pode ser
escrita como:

e (h ) = k 0h + e 0 (2.38)

onde h é a distância da fibra considerada ao centro de gravidade da seção


e0 é a deformação da fibra passando pelo centro de gravidade da seção
k0 é a curvatura do eixo do elemento estrutural no plano de flexão como ilustra a
Figura (2.3).
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 20

y h

es

k0
LN hs LN

e0
CG
e
x
hi

ei

z
Figura (2.3) – Configuração Deformada da Seção

A deformação e(h) foi considerada positiva se de alongamento, e negativa se de


encurtamento.
A curvatura k0 pode ser expressa em função das deformações da fibra superior (es), e
inferior (ei), e das distâncias hs e hi, do centro de gravidade às fibras mais deformadas da
seção resistente de cálculo.
es -ei
k0 = (2.39)
hs - hi

Sendo, portanto, positiva se o momento é negativo, e vice-versa.

2.8.1.2 Configurações no Estado Limite Último (ELU)

De acordo com a NBR 6118, o estado limite último de ruptura ou deformação plástica
excessiva é caracterizado pelas deformações específicas de cálculo do concreto ou da
armadura tracionada. A análise da Figura (2.4) permite distinguir as configurações
deformadas no estado limite último para cada domínio de ruína.
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 21

alongamento encurtamento
d` 2‰ 3.5‰
B
3h

7
a

C h
1 2
3 b
4
5
A 10‰ eyd 4a

Figura (2.4) – Estado Limite Último da NBR 6118

Para as peças de concreto protendido com aderência, deve-se tomar como situação
inicial o estado de neutralização, ou seja, considera-se que o estado limite último de
alongamento plástico excessivo é atingido quando o alongamento da armadura mais
tracionada alcança o valor 10‰, medido a partir do estado convencional de neutralização,
conforme a NBR 7197/1989.
O estado convencional de neutralização é caracterizado quando existem apenas os
esforços devido à protensão, somando-se solicitações adequadas que anulem as tensões no
concreto em toda a seção transversal considerada. Define-se então o pré-alongamento e P 0 ,
como sendo o alongamento da armadura de protensão no estado convencional de
neutralização, que é expresso pela Equação (2.40).

P
e P0 = + e c0 (2.40)
AP E P

onde P é a força de protensão


AP é a área da armadura protendida
EP é o módulo de elasticidade do aço de protensão
e c0 é a parcela do pré-alongamento relativo ao encurtamento imediato do concreto
à altura do CG de Ap
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 22

Esta última parcela é desprezada neste trabalho com o respaldo da NBR 7197/1989
que diz que, quando a solicitação normal devida ao peso próprio e as outras mobilizadas pela
protensão, é inferior a 90% da solicitação total em serviço admitida no projeto, permite-se
considerar apenas a parcela P /( AP E P ) no cálculo da deformação da armadura no estado
convencional de neutralização.

2.8.1.3 Parâmetro da configuração deformada

Para descrever a configuração deformada no ELU de flexão simples, utilizou-se o


parâmetro kx , que fixa a posição da linha neutra de forma adimensional pela seguinte
expressão:
xc
kx = (2.41)
d

onde xc é a distância da linha neutra à fibra extrema mais encurtada

d é altura útil da seção transversal da viga

Desta forma , o parâmetro kx permite caracterizar um estado limite último de flexão


simples, representando as configurações deformadas últimas possíveis e admissíveis da seção
transversal para peças sub-armadas nos domínios 2 e 3:

domínio 2 : kx varia de zero até (3.5/13.5), e o estado limite último de deformação


excessiva da armadura é caracterizado pela deformação da armadura tracionada
de 10‰

domínio 3: kx varia de (3.5/13.5) até 3.5/(epyd+3.5), e o estado limite último de ruptura é


caracterizado pela deformação do concreto de 3.5‰

2.8.2 Características Mecânicas dos Materiais

2.8.2.1 Concreto
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 23

O diagrama tensão – deformação adotado foi o simplificado da NBR 6118, conforme


Figura (2.5), e descrito pelas relações seguintes:

0 0 £ ec

s c (e c ) = 0.85 f cd (1000e c + 250000e c2 ) -2‰ < ec < 0 (2.42)

- 0.85 f cd -3.5‰ £ e c £ -2‰

f ck
onde f cd =
gc

sendo f ck a resistência característica do concreto à compressão

g c o coeficiente de minoração da resistência

f cd a resistência de cálculo do concreto à compressão

Nas Equações (2.42) o sinal negativo nas expressões das tensões no concreto
representa tensões de compressão, consequentemente o positivo representa tensões de tração.
As deformações foram consideradas positivas se de alongamento, e negativas se de
encurtamento.

sc

0.85 f cd

s c = 0.85 f cd (1000e c - 250000e c2 )

REGIÃO I REGIÃO II
ec(‰)
2. 3.5

Figura (2.5) – Diagrama Tensão Deformação do Concreto


Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 24

2.8.2.2 Aço para Concreto Protendido

Na ausência do diagrama tensão – deformação específico do aço de protensão


utilizado, geralmente fornecido pelo fabricante, considerou-se o diagrama simplificado,
análogo ao diagrama correspondente ao aço de concreto armado, da classe B, especificado
pela NBR 6118, apresentado na Figura (2.6), e definido pelas Equações (2.43).

ss

f pyd
ss 1 ss
es = + ( - 0.7 )2
0.7 f pyd E p 45 f pyd

2 e1 e pyd 15 a 20 e s (‰)

Figura (2.6) – Diagrama Tensão-Deformação – Aço CA – classe B

E pe p e p £ e1

- B + B 2 - 4 AC
s p (e p ) = sinal (e p ) e 1 < e p < e pyd (2.43)
2A

sinal (e p ) f pyd e pyd £ e p < 20 ‰

0.7 f pyd
onde e1 =
Ep

f pyd
e pyd = 2 ‰ +
Ep

1
A= 2
45 f pyd

1 1.4
B= -
E p 45 f pyd
Capítulo 2 – Considerações sobre o projeto de estruturas de concreto protendido 25

0.49
C= - ep
45
e p = e p0 + e

Como já foi comentado, para a verificação à segurança no estado limite último de


peças protendidas deve-se adicionar, ao alongamento da armadura protendida proveniente da

configuração deformada no ELU, o pré-alongamento e P 0 .

2.8.3 Esforços Resistentes

Os esforços resistentes são obtidos pela integração das tensões, na seção de concreto
protendido, para uma configuração deformada de ruptura definida.

Mr = òs
AC
c (e )hdA + A p s p (e )h p (2.44)

Nr = òs
AC
c (e )dA + A p s p (e ) (2.45)

As integrais relativas à contribuição do concreto são definidas a partir da distribuição


da função s c (e ) nas regiões I e II, representadas na Figura (2.7).

y h

es -0.85 f cd

REGIÃO II k0 -2‰
hs REGIÃO I Linha Neutra
e0 e
CG
x
hi REGIÃO 0

ei

x
Figura (2.7) – Distribuição da Função s c
Capítulo 3

Algoritmo de Solução : Han-Powell

3.1 Fundamentos da Programação Matemática (PM)

As técnicas de Programação Matemática visam analisar e resolver problemas do tipo:

Minimizar f ( x) x Î Ân (3.1-a)

Sujeito a hk (x) = 0 k = 1, l (3.1-b)

g j ( x) £ 0 j = 1, m (3.1-c)

x il £ x i £ x iu i = 1, n (3.1-d)

onde x é o vetor das variáveis de projeto; f (x) é a função objetivo, que se deseja minimizar;
l u
hk (x) representam as restrições de igualdade; g j (x) as restrições de desigualdade; x i e x i

são os valores limites inferior e superior, respectivamente, das variáveis de projeto, e


compõem as chamadas restrições laterais.
Esse é o enunciado na forma padrão de um problema geral de programação
matemática. Existem casos particulares que podem ser classificados, por exemplo, conforme
apresentado a seguir:

¨ Otimização sem restrição


¨ Otimização com restrição, que se divide em:
· Programação linear, onde a função objetivo e as restrições são lineares
· Programação não-linear, quando existe pelo menos uma restrição não linear.

A função objetivo representa a qualidade desejada da solução do problema e não é,


necessariamente, função explícita das variáveis x .
Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 27

As restrições são funções que limitam o espaço solução do problema de programação


matemática, definindo região viável e inviável, e, como a função objetivo, não precisam ser
funções explícitas das variáveis de projeto.
A região viável contém todos os pontos x ditos viáveis, ou seja, todos os vetores que
satisfazem as restrições impostas em sua totalidade.
As restrições de igualdade descrevem uma região viável do espaço solução, isto é,
atuam limitando o espaço, e não dividindo-o. Já as restrições de desigualdade descrevem uma
fronteira que divide o espaço solução em uma região viável e uma inviável. Se, numa
determinada iteração, o pontos x pertence a esta fronteira, então a restrição que a descreve é
dita ativa, caso contrário, inativa. As restrições de igualdade têm que estar sempre ativas, ou
seja, devem ser sempre satisfeitas em todas as iterações, de modo que a solução seja viável.
Supondo que a função objetivo e as restrições são funções contínuas no domínio  ,
n

o problema de programação matemática pode ter solução, se a região viável é limitada; não
ter solução, se o problema formulado é inconsistente; ou ainda ser ilimitado, podendo ter
infinitas soluções.
Os métodos de solução para um problema de programação matemática são iterativos e
seguem passos básicos fundamentais, gerando uma seqüência de soluções que, dependendo
do algoritmo utilizado, podem ser viáveis ou inviáveis. Basicamente, os algoritmos de solução
se baseiam em esquemas iterativos, que geram uma seqüência de pontos, de acordo com a
seguinte fórmula de recorrência:

x q +1 = x q + δ q (3.2-a)
δ q = a qd q (3.2-b)

onde x q +1 é o ponto final da iteração q corrente

xq é o ponto inicial da iteração q corrente

δ q é o incremento em x , dito passo, na iteração q

d q é a direção de modificação das variáveis, dita direção de busca


a q é um escalar que fornece o tamanho do passo na direção de busca
Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 28

Portanto, partindo de um ponto inicial x 0 , o algoritmo de PM procura um outro ponto


que melhore a função objetivo. Este processo é realizado através de passos de tamanho a ,
nas direções de busca d , tais que forneçam a cada iteração um menor valor da função
objetivo, respeitando as restrições. O ponto ótimo é atingido no final deste procedimento
quando não existe direção de busca que possibilite uma melhora no valor da função objetivo.
Geralmente d q é uma direção de decréscimo local da função objetivo; o escalar a q é o
tamanho do passo nessa direção, partindo-se de x q , para obtenção de uma nova estimativa
x q +1 . A técnica que permite a determinação deste passo é denominada busca linear, que é em
geral formulada como uma minimização irrestrita com uma variável. Existem muitos métodos
usados para determinação da direção de decréscimo, destacando-se os métodos de Newton e
Quase-Newton, da posição falsa, ajustamento de uma cúbica, método da seção áurea, entre
outros.
Portanto, de uma forma simplificada, os algoritmos de PM seguem os dois
procedimentos básicos descritos anteriormente – cálculo da direção de busca e a busca linear
– seguidos da verificação dos critérios de parada ou de convergência da solução.
A solução x* do problema enunciado em (3.1) tem que necessariamente atender as
condições de Kuhn Tucker enunciadas por:

Ñ L(x* , l* ) = 0 (3.3-a)
x

hk (x* ) = 0 k = 1, l (3.3-b)

g j ( x* ) £ 0 j = 1, m (3.3-c)

l*j ³ 0 (3.3-d)

l*k hk (x) = l*j gi (x) = 0 (3.3-e)

L(x* ,λ * ) é a função lagrangeana dada pela expressão a seguir:


l m
L(x* ,λ * ) = f (x* ) + å l*k hk (x) + å l*j g j (x) (3.4)
k =1 j =1

onde l*k e l*j são os multiplicadores de Lagrange associados às restrições de

igualdade e desigualdade respectivamente no ponto x* solução.


Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 29

A primeira condição de Kuhn-Tucker, conforme Equação (3.3-a), garante que o ponto


x é estacionário, isto é, que o gradiente da função lagrangeana em x é nulo. As condições
(3.3-b) e (3.3-c) garantem que as restrições de igualdade e desigualdade, respectivamente,
impostas ao problema são atendidas. As condições (3.3-d) impõem que os multiplicadores de
Lagrange, associados às restrições de desigualdade ativas em x , são não negativos. As
últimas condições, representadas pela Equação (3.3-e), é denominada de condição de
complementaridade e estabelece que, para determinada restrição, esta é nula e(ou) o
respectivo multiplicador de Lagrange o é, ou seja, toda restrição inativa tem multiplicador
nulo.
As condições de Kuhn-Tucker são também conhecidas como condições de primeira
ordem. Para determinadas classes de problemas de programação matemática as condições de
Kuhn-Tucker são não só necessárias, mas suficientes para a determinação de uma solução
ótima global. São incluídos nessas classes os problemas de programação convexa, tais como
os de programação linear e quadrática. O problema de programação convexa é caracterizado
por função objetivo e restrições convexas.
Porém, se o problema não é de programação convexa, o que é mais comum, as
condições de primeira ordem não são mais suficientes para a determinação da solução ótima
global, devendo ser verificada a condição de segunda ordem, expressa na Equação (3.5) a
seguir:
δ t W*δ ³ 0 (3.5)
onde
¶2L
W ij = (3.6)
¶x i ¶x j

o que significa a Hessiana da função Lagrangeana W* em x* ser positiva definida no ponto


ótimo para qualquer direção viável d .
No SQP, algoritmo de otimização utilizado nesta dissertação, foi usado como critério
de parada a soma da derivada direcional da função objetivo (produto interno da direção de
busca d com o gradiente de f no ponto x* ), com o produto interno do vetor dos
multiplicadores de Lagrange com o vetor das restrições no ponto x* .
Existem ainda critérios de parada adicionados como salvaguardas para erros
numéricos e problemas inconsistentes e sem solução. Nesses casos o processo pode parar por
ter excedido o número máximo de iterações permitido e especificado pelo usuário.
Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 30

A possível lentidão no processo de otimização e a ocorrência de erros numéricos


evidenciam a importância da etapa de modelagem e formulação do problema de programação
matemática. A função objetivo deve representar bem a finalidade do processo de otimização,
as variáveis devem ser bem dimensionadas, e as restrições consistentes e de preferência
adimensionalizadas. Além disso o algoritmo de otimização deve ser escolhido e adaptado de
acordo com o problema de PM, pois existem particularidades em todo algoritmo, que se
mostra mais eficiente em tipos específicos de problemas.

3.2 Programação Quadrática

A programação quadrática é aplicada em problemas onde a função objetivo é


quadrática e as restrições lineares, conforme Equações (3.7):

1 t
Minimizar q ( x) = x Bx + f t x (3.7-a)
2
Sujeito a Ct x £ b (3.7-b)
x³0 (3.7-c)
onde B é positiva definida
C é a matriz dos coeficientes das restrições de desigualdade

Essa é a formulação de um problema de programação quadrática padrão, que só


abrange restrições de desigualdade.
No intuito de contemplar também as restrições de igualdade é usado um artifício de
eliminação dessas restrições em termos do vetor de variáveis reduzidas. Seja o problema de
programação quadrática com restrições de igualdade:

1 t
Minimizar q ( x) = x Bx + f t x (3.8-a)
2
Sujeito a ait x = bi iÎI (3.8-b)

cit x £ bi iÎD (3.8-c)

x³0 (3.8-d)
Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 31

onde I representa o conjunto das restrições de igualdade


D representa o conjunto das restrições de desigualdade
A é a matriz dos coeficientes das restrições de igualdade

As restrições de igualdade podem ser manipuladas , por exemplo, através de um


método da eliminação generalizada de variáveis, onde a matriz A é decomposta em duas
matrizes S e Z com as seguintes propriedades:

AtS = I (3.9)
e
At Z = 0 (3.10)
S é dita inversa generalizada à direita de A t e
Z é dita o espaço nulo de A t

Sendo assim faz-se a seguinte mudança de variável:


x = Sb + Zy (3.11)

onde x satisfaz as restrições de igualdade A t x = b

Ou ainda
x = Sb + z (3.12)
onde z é um vetor no espaço nulo de A .

A Equação (3.11) fornece um modo de eliminar as restrições de igualdade do


problema, já que satisfaz as mesmas, em termos das variáveis reduzidas y .
Substituindo a Equação (3.11) em q (x) , obtemos a função quadrática reduzida:

1 t t 1
y Z BZy + (f + BSb ) Zy + (f + BSb ) Sb
t t
y (y ) = (3.13)
2 2

A determinação das matrizes S e Z pode ser feita através de um método que se baseia
na fatorização QR da matriz A : a decomposição de Householder [12].
Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 32

3.3 Resolução de um problema de programação quadrática (PPQ) como um problema


linear complementar (PLC)

Voltando ao problema de programação quadrática padrão, descrito nas Equações (3.7),


e incluindo as restrições laterais nas restrições de desigualdade, temos que sua função
Lagrangeana é :

1 t
L(x,λ 1 ,λ 2 ) =
2
(
x Bx + f t x + λ t Ct x - b ) (3.14)

e as condições de Kuhn-Tucker são as seguintes:

Ñ L, x = 0 Þ Bx + f + Cλ = 0
que explicitando x resulta em:
x = -B -1 (Cl + f ) (3.15-a)

Com a introdução das variáveis de folga não-negativas e complementares aos


respectivos multiplicadores de Lagrange:

li v i = 0 ; li ³ 0 ; vi ³ 0 (3.15-b)

Ct x - b + v = 0 Þ v = -Ct x + b (3.15-c)

substituindo x temos o PLC:

v = (Ct B -1C)l + (Ct B -1f + b) (3.16-a)

com li v i = 0 ; li ³ 0 ; vi ³ 0 (3.16-b)

A partir das condições de Kuhn-Tucker desenvolvidas anteriormente, pode-se montar


o seguinte problema:
Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 33

w q = M q z q + qq (3.17-a)

wi z i = 0 ; wi ³ 0 ; zi ³ 0 (3.17-b)

M 0 = [Ct B -1C 1] ; w = v; z=l (3.17-c)

q 0 = Ct B -1f + b ; w 0 = q0 ; z 0 = [0 zadicional = 0] (3.17-d)

denominado de Problema Linear Complementar (PLC), que pode ser resolvido pelo
Método de Lemke [14].

3.4 Algoritmo de Han-Powell - Programação Seqüencial Quadrática

O algoritmo de programação não – linear, usado para a solução do problema proposto


neste trabalho, é o algoritmo de Han-Powell, que utiliza a técnica de programação seqüencial
quadrática.
Neste método a direção de busca é encontrada resolvendo-se um subproblema com
uma aproximação quadrática para a função objetivo e uma aproximação linear para as
restrições no ponto corrente.
Desta forma o problema proposto inicialmente é aproximado para o seguinte
subproblema quadrático de otimização:

1
Minimizar Ñf (x) t d + d t Bd (3.18-a)
2
Sujeito a hk (x) + Ñhk (x) t d = 0 k = 1, l (3.18-b)

g j ( x ) + Ñ g j ( x) t d £ 0 j = 1, m (3.18-c)

No algoritmo B é uma aproximação (no caso uma aproximação quase-Newton –


BFGS) da matriz Hessiana da Lagrangeana do problema não linear, e Ñf é o gradiente da
função objetivo deste, ambos avaliados no ponto corrente.
A matriz B é positiva definida e inicialmente pode ser igual a matriz identidade,
sendo atualizada, em iterações subsequentes.
Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 34

O subproblema tratado aqui inclui todas as restrições do problema original. Portanto,


se o número de restrições é muito grande, geralmente seleciona-se apenas um subconjunto
com as restrições ativas.
O subproblema resultante é então resolvido pelo algoritmo de programação quadrática.
Já tendo determinado a direção viável d , um segundo passo é a atualização das
variáveis e a realização da busca unidimensional para minimizar a função Lagrangeana como
função sem restrição. No algoritmo de solução, essa busca é feita sobre uma função de
penalidade.
Para a atualização da matriz B utiliza-se o método BFGS (Broyden – Fletcher –
Goldfarb – Shanno), através da fórmula:

B qss t B q ηη t
B q +1 = B q - + (3.19-a)
s t Bqs s tη

onde s = x q +1 - x q (3.19-b)

η = q .y + (1 - q )B qs (3.19-c)

y = Ñ x L(x q +1 ,λ q +1 ) - Ñ x L(x q ,λ q ) (3.19-d)

m l
L(x,λ ) = f (x) + åλ j g j (x) + åλ m + k hk (x) (3.19-e)
j =1 k =1

1.0 se s t y ³ 0.2s t B qs (3.19-f)


q=
0.8s t B qs
t t
se s t y < 0.2s t B qs (3.19-g)
s B qs - s y

A nova matriz B q +1 agora substitui B q e o processo de otimização é repetido até a

convergência.

O algoritmo para a programação quadrática recursiva é dado na figura seguinte:


Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 35

Início

Escolha de x0

q ¬0

x ¬ x0

B ¬ I

q ¬ q+1

Determinação de dq e lq – obtidos como solução da


aproximação quadrática do problema em xq

xq+1 ¬ xq +dq

Critério de sim
saída
Convergência

não

Busca unidimensional - determinação de aq


Solução do problema irrestrito: minimizar f(a),
onde f(a) é uma função de penalidade, em uma única variável a,
o tamanho do passo

xq+1 ¬ xq + aq.dq

Critério de Convergência sim


saída
+
Parada

não

Atualização da matriz Bq ¬ Bq+1

Figura (3.1) – Algoritmo de Programação Quadrática Recursiva


Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 36

Simplificadamente o algoritmo pode ser dividido em três etapas básicas:

(1) O procedimento se inicia com a resolução de um subproblema com uma


aproximação quadrática para a função objetivo e uma aproximação linear das
restrições.

(2) Determina-se então d q e lq , que são obtidos como solução da aproximação

quadrática do problema em x q .

(2.1) Tratamento das restrições de igualdade do problema através do método da


eliminação generalizada. O problema reduzido (PPQR) resultante é equivalente
ao problema de programação quadrática padrão (PPQP).

(2.2) O PPQR, através das condições de Kuhn-Tucker da função Lagrangeana do


problema, é transformado em um problema linear complementar (PLC) que,
então, é resolvido pelo Método de Lemke.

(2.3) Recuperação da solução para o espaço original das variáveis; resultando na


solução do problema de programação quadrático.

(2.4) Faz-se então uma busca linear unidimensional para determinar o tamanho do
passo a q , na direção d q , de forma que o novo estimador da solução

x q +1 = x q + a qd q seja um ponto viável e que contribua para o decréscimo da

função objetivo. No algoritmo de Han-Powell a busca é feita sobre a função de


penalidade, construída no intuito de impor um alto custo à violação das
restrições :

f q (a ) = f q (x + ad) = f (x) + rq P (x) (3.20-a)


Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 37

máx [ 0, gi (x) ] iÎD


P ( x) = (3.20-b)
x iÎI

rq > 0 (3.20-c)

onde fq é a função de penalidade

P (x) é o termo de penalidade, definido sempre como não negativo,


com exceção do caso de x estar na região viável, quando é
nulo.
rq é o parâmetro responsável por amplificar a magnitude da

penalidade
D representa o conjunto das restrições de desigualdade
I representa o conjunto das restrições de igualdade

A busca é aproximada, isto é a solução a * não é o mínimo de f (a ) , mas


atende a um certo decréscimo pré-estipulado em f (a ) considerado satisfatório.
A busca linear aproximada, em geral, acelera a convergência global do
algoritmo de programação seqüencial.

(3) Finalmente os critérios de convergência são verificados, e o processo pára se o


ponto atual é um ponto ótimo, ou retorna ao início para uma nova iteração.

O critério de convergência utilizado no algoritmo foi a soma dos módulos dos


escalares:

d t Ñf + å li ci (3.21)
Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 38

onde d t Ñf é a derivada direcional da função objetivo que representa uma


avaliação de 1a. ordem do incremento (decréscimo) da função objetivo
na direção d

li ci representa a complementaridade e portanto o “atendimento” das

restrições, já que li ³ 0 e ci ³ 0 .

Desta forma cada parcela tem que respeitar os limites especificados como
tolerância, para que seja solução aceitável dentro da precisão desejada.

Além disto, tem os critérios de parada: salvaguarda para erros numéricos,


problemas com aproximação quadrática num ponto, pois o problema quadrático
aproximado no ponto pode ser um problema ilimitado e sem solução.
O que pode ocorrer também é o algoritmo tornar-se muito lento, com muito
poucas variações. Neste caso a convergência global do processo pode melhorar se,
após um certo número de iterações, o processo iterativo for recomeçado com uma
matriz B 0 , com x0 igual ao ponto em que foi interrompido ou igual ao último ponto
viável.

Acoplado ao algoritmo de otimização de Han-Powell está o programa de análise de


vigas que gera a função objetivo e as restrições necessárias para a solução do problema. O
programa de análise é executado em cada iteração com a atualização do valor da função
objetivo e das restrições e então é executado o procedimento de otimização.

O algoritmo do programa geral, envolvendo otimizador e programa de análise deste


trabalho pode ser conferido na figura a seguir:
Capítulo 3 - Algoritmo de Solução: Han-Powell 39

Programa Gerenciador

Programa de Análise de vigas


Método da Rigidez

Algoritmo de Otimização
Han-Powell - SQP

Determinação do ponto inicial


x0

Avaliação da função objetivo, restrições e


gradientes no ponto inicial

Início das iterações


q¬ 0

Determinação da direção de busca d


(sub-problema quadrático)

Cálculo do parâmetro
de convergência

Convergência sim
Fim

não
q ¬ q+1
Avaliação do gradiente da função
Lagrangeana no ponto inicial

Busca Linear
xq+1

Avaliação dos gradientes no novo ponto

Atualização da matriz B pelo método BFGS

Verificação de possível sim


Saída
ocorrência de erros numéricos

Figura (3.2) – Fluxograma de solução do algoritmo do problema de otimização proposto


Capítulo 4

Exposição da formulação como um problema de PM

Neste capítulo será apresentado o enunciado do problema de programação matemática


proposto neste trabalho.
Esta etapa de modelagem e formulação do problema é muito importante no processo
de otimização. As variáveis de projeto devem ser escolhidas de acordo com o método de
análise empregado, levando em consideração, por exemplo, a linearidade ou a não-linearidade
do algoritmo de otimização utilizado. A função objetivo, por sua vez, deve representar a
finalidade do processo de otimização e traduzir bem o sucesso dos resultados. E as restrições
devem ser coerentes; consistentes tanto do ponto de vista matemático, como do ponto de vista
técnico; e de preferência adimensionais.

4.1 Descrição do modelo da viga protendida

No modelo, a viga é definida no sistema global de coordenadas (x, y, z), cuja origem
coincide com o centro de gravidade da seção da extremidade esquerda, como apresentado na
Figura (4.1).

y x

7 6

8 9 10 3
4 5

CG z

1 2

Figura (4.1) – Definição da Viga e Seção Transversal


Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 41

Cada seção transversal de concreto é definida por seu contorno, através das
coordenadas dos seus vértices numerados no sentido anti-horário, num sistema de eixos local
paralelo ao sistema global.
As seções de projeto consideradas para verificação da segurança no ELS são geradas
automaticamente quando o usuário define o número de divisões a ser adotado em cada tramo
da viga, através do arquivo de entrada de dados.
Já as seções de projeto consideradas para verificação no ELU são escolhidas pelo
usuário dentre as seções para verificação no ELS, também através do arquivo de entrada de
dados.
Sendo assim define-se:

NS = número de seções para verificação no ELS


NU = número de seções para verificação no ELU de flexão

A verificação do ELU de flexão foi feita para seções críticas, pois não foi considerada
a contribuição de armadura “frouxa” (aço para concreto armado), isto é, apesar dela estar
presente no projeto final, nesta fase de anteprojeto, a que se destina a presente implementação,
a única armadura considerada é a de protensão.
A armadura protendida é modelada como um cabo médio, cujo desenvolvimento ao
longo da viga é descrito por NT segmentos parabólicos. Os valores das ordenadas do eixo do
cabo são iguais às excentricidades do cabo em relação ao centro de gravidade de cada seção e
dados em cada trecho parabólico i pela equação seguinte:

yi ( x ) = a i x 2 + bi x + ci (4.1)

onde xiinicial £ x £ xifinal , sendo x a abcissa do cabo;

y i a excentricidade do cabo em relação ao centro de gravidade da seção;


a i , bi e c i são os coeficientes da parábola que engloba a seção em questão;
com i variando de um até o número total de parábolas.
Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 42

A força de protensão P foi considerada constante ao longo do cabo, portanto em cada


seção da viga temos:
P ( x, t ) = P (t )
As variáveis de projeto para este problema são: a força de protensão P ; os
coeficientes a i , bi e c i das NT parábolas e os parâmetros da configuração deformada kx j de

cada uma das NU seções de controle das condições dos ELU de flexão. A função objetivo, a
ser minimizada, é a força de protensão P , considerada constante ao longo do cabo.
A força de protensão que foi considerada como variável de projeto foi a força no
tempo t = 0 , após perdas imediatas:
P = P 0= P (0)
sendo sua totalidade aplicada no tempo zero, isto é, não foi aplicada a protensão em etapas ao
longo do tempo.
A força de protensão no tempo t = ¥ , P¥ , após perdas lentas, foi avaliada como uma
porcentagem que deve ser estabelecida a priori pelo usuário, através do arquivo de entrada de
dados. Após a solução, o projetista pode estimar qual deve ser a força a ser aplicada pelo
equipamento de protensão.
O problema está submetido a restrições geométricas, relativas ao cabo de protensão; a
restrições que limitam as tensões em serviço nas fibras superior e inferior de cada seção; e a
restrições relativas ao estado limite último de flexão simples, que limitam o kx j , parâmetro

da configuração deformada, e controlam as relações entre esforços resistentes e atuantes em


cada uma das NU seções de verificação previamente definidas.
Então, pode-se apresentar esquematicamente o enunciado do problema de
programação matemática:

Minimizar P = força de protensão após perdas imediatas

Sujeito a Restrições geométricas impostas aos NT trechos parabólicos que


descrevem o cabo médio;
Condições em serviço impostas às NS seções de cálculo;
Condições no ELU de flexão impostas às NU seções de cálculo.
Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 43

4.2 Variáveis de Projeto

As variáveis de projeto escolhidas já foram citadas anteriormente. Cabe aqui ressaltar


os motivos e a importância desta escolha.
Um dos fatores representativos do custo da protensão é a quantidade de material
empregado, ou seja, a área de aço utilizada e o comprimento dos cabos protendidos. A área da
armadura de protensão pode ser expressa em função da força de protensão, e o comprimento
do cabo pode ser obtido através dos coeficientes das parábolas que o descrevem. Sendo assim,
a força de protensão P, da qual dependem a área da armadura e as tensões nos bordos da viga;
e os coeficientes a i , bi e c i dos trechos parabólicos, que descrevem o traçado dos cabos - do
qual também dependem as tensões nos bordos da viga - são variáveis próprias para este
problema. Esses dois grupos de variáveis representam bem as restrições geométricas e as
condições em serviço impostas às seções de cálculo, porém não são capazes de representar as
condições no ELU de flexão impostas às seções de cálculo. Para tanto foi escolhida uma
variável capaz de descrever a configuração deformada no ELU de cada uma das NU seções de
verificação da peça, limitando a posição da linha neutra de forma adimensional: kx . Desta
forma o número total de variáveis (NTV) de projeto é: NTV = 1 + 3 NT + NU.

4.3 Função Objetivo

A função objetivo de um problema de programação matemática deve representar a


finalidade do processo de otimização e a eficiência do projeto. No caso de projetos estruturais
em engenharia civil a eficiência é medida geralmente pelo custo da obra, desde que a estrutura
satisfaça os critérios de segurança e comportamento em serviço, sendo estes últimos
garantidos pelo atendimento às restrições.
No caso desta dissertação que se propõe a otimização do traçado do cabo em estruturas
de concreto protendido, deve-se minimizar a massa ou o volume de aço de protensão, uma vez
que não se está considerando armadura de aço de CA e nem se está otimizando o volume de
concreto. Logo a função objetivo poderia ser:
Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 44

Volume de aço = Ap Lcabo ,

onde Lcabo = ò y ' dx @ L (aproximação aceitável em ante-projeto) e

Ap @ P / f pyk

Desta forma a força de protensão P foi escolhida pura e simplesmente como função
objetivo, visto que, como já citado anteriormente, dela depende a área da armadura de
protensão, principal componente do custo da peça protendida, já que a área da seção
transversal e os vãos são supostos prescritos.

4.4 Restrições Relativas à Geometria do Cabo

4.4.1 Restrições de tangência das parábolas

Com o intuito de garantir a continuidade e suavidade do traçado do cabo de protensão,


o problema proposto é submetido a restrições de compatibilidade entre parábolas adjacentes.
Esta exigência é atendida com a imposição de igualdade das ordenadas do cabo e suas
derivadas de primeira ordem nos pontos de tangência entre dois trechos parabólicos.
y i ( x t ) = y i +1 ( x t ) (4.2)

y i, ( x t ) = y i, +1 ( x t ) (4.3)

onde xt é a abcissa do ponto de tangência considerado

yi é a ordenada da parábola i em xt

y i +1 é a ordenada da parábola i + 1 em xt

yi ’ é a derivada da ordenada da parábola i em relação a x em xt

y i +1 ’ é a derivada da ordenada da parábola i+1 em relação a x em xt

Substituindo y nas Equações (4.2) e (4.3), pela Equação (4.1) teremos as restrições
acima em função de variáveis do problema - os coeficientes das parábolas - como pode ser
verificado nas expressões a seguir.
Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 45

(a i - a i +1 )( x t ) 2 + (bi - bi +1 )( x t ) + (c i - c i +1 ) = 0 (4.4)

2(a i - a i +1 )( x t ) + (b i - b i +1 ) = 0 (4.5)

As restrições de tangência das parábolas assim formuladas são de igualdade, sendo um


total de 2(NT-1).

4.4.2 Restrições de recobrimento mínimo

As restrições de recobrimento estrutural mínimo ou de excentricidade máxima do cabo


de protensão, são fundamentais para garantir que o cabo esteja contido totalmente na viga,
além de respeitar os limites de recobrimento exigidos pelas normas brasileiras. Esta condição
gera, em cada seção de projeto considerada, as seguintes inequações :

y i ( x j ) £ (Y sup ) - d s (4.6)

yi ( x j ) ³ -(Yinf ) + d i (4.7)

onde j percorre o número de seções consideradas no trecho i

Ysup é a distância do centro de gravidade ao bordo superior da seção transversal

Yinf é a distância do centro de gravidade ao bordo inferior da seção transversal

ds é a distância mínima do eixo do cabo ao bordo superior da seção transversal

di é a distância mínima do eixo do cabo ao bordo inferior da seção transversal


Substituindo a ordenada y nas Equações (4.6) e (4.7), pela Equação (4.1) teremos
inequações em função de variáveis do problema, como segue:

a i ( x j ) 2 + bi ( x j ) + c i - (Ysup ) + d s £ 0 (4.8)

- a i ( x j ) 2 - bi ( x j ) - c i - (Yinf ) + d i £ 0 (4.9)

e estas restrições perfazem um total de 2NS.


Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 46

4.4.3 Restrições de raio de curvatura mínimo

A NBR 7197 limita os raios das armaduras de protensão em função do diâmetro do


fio, do cordão ou da barra, ou do diâmetro externo da bainha. Neste trabalho adotou-se um
raio de curvatura mínimo de 12 m, considerando que a norma citada dispensa justificativa do
raio de curvatura adotado, desde que ele seja superior a 4 m, 8 m e 12 m, respectivamente nos
casos de fios, barras e cordões. Esta condição dá origem à seguinte inequação :
r i ³ r mín (4.10)

onde r é o raio de curvatura e i varia de um até o número total de parábolas.

1 1
Como ri @ "
= , vem que :
y ( x ) 2a i
i

1
³ r mín (4.11)
2 ai

A soma destas restrições é igual ao número de parábolas.

4.4.4 Restrições opcionais

Existem ainda algumas restrições adicionais, que podem ou não estar presentes na
composição do problema, tais como as restrições de tangente nula sobre os apoios internos da
viga.

4.5 Restrições relativas aos limites das tensões em serviço (ELS)

Os limites de tensão relativos ao estado limite de utilização dependem do tipo de


protensão adotado e do estágio de carregamento considerado.
Para protensão completa e combinações freqüentes de ações, é respeitado o estado
limite de descompressão, conforme Equações (4.12), considerando positivas as tensões de
compressão.
s sup ³ 0 e s inf ³ 0 (4.12)
Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 47

Para protensão limitada e combinações freqüentes de ações, é respeitado o estado


limite de formação de fissuras, o que se traduz nas Equações (4.13)

s sup ³ - fctm e s inf ³ - fctm (4.13)

onde f ctm é a resistência do concreto à tração na flexão e é definido como:

f ctm = 1.5 f ctk para seção retangular (4.14-a)

f ctm = 1.2 f ctk para seção T e I (4.14-b)


e
f ck
f ctk = para f ck £ 18 MPa (4.15-a)
10
f ctk = 0.06 f ck + 0.7 MPa para f ck > 18 MPa (4.15-b)

Em ambos os casos deve-se limitar a compressão máxima nas seções, através das
Equações (4.16), para cada seção.

s sup £ s clim e s inf £ s clim (4.16)

No tempo t = 0 a norma fixa o valor de s clim = 0.7 f ck j , o que também foi adotado

para t = ¥ , devido à omissão da norma em relação a este ítem.

O total de restrições desse tipo é 4 x(NS)x (combinações de carregamentos).

4.6 Restrições relativas ao estado limite último de flexão (ELU)

As restrições referentes ao estado limite último visam limitar o parâmetro da


configuração deformada e verificar a segurança da relação entre esforços atuantes e
resistentes.
Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 48

O cálculo dos esforços resistentes foi feito como descrito em (2.8.3). Para efeito de
programação substitui-se a Equação (2.38 ), da deformada, nas Equações (2.42), o que resulta
na distribuição da função s c (e ) mostrada a seguir:

0 0£e
s c (h ) = 1000 b r ( D0 + D1h + D 2h 2 ) -2‰ < e < 0 (4.17)

- br -3.5‰ £ e £ -2‰

onde br = 0,85 fcd (4.18-a)


D0 = e 0 + 250e 02 (4.18-b)

D1 = k 0 + 500k 0 e 0 (4.18-c)

D 2 = 250k 02 (4.18-d)

Substituindo agora as Equações (4.17), nas expressões (2.44) e (2.45), vem que:

M r = 1000 b r ò (D
AC 1
0 + D1h + D2h 2 )hdA - b r òhdA + A s
AC 2
p p (e )h (4.19)

N r = 1000 b r ò (D
AC 1
0 + D1h + D2h 2 )dA - b r ò dA + A s
AC 2
p p (e ) (4.20)

Para determinação destes esforços resistentes foi utilizada uma técnica de integração
numérica de polinômios sobre domínios planos, sugerida por Werner[21] e testada por
Eboli[08].
Feito isso, temos que as restrições relativas ao Estado Limite Último perfazem um
total de 4x(NU), e são apresentadas nas Equações (4.21) a seguir:

kx ³ 0 (4.21-a)
kx £ kxlim (4.21-b)
Ma £ Mr (4.21-c)

Nr = 0 (4.21-d)
Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 49

onde kx é o parâmetro da configuração deformada


kxlim é o limite especificado para conferir a ductilidade desejada à seção
Ma é o Momento atuante na seção

Mr é o Momento resistente na seção


Nr é o Normal resistente na seção

Na implementação computacional a restrição de que sinal( M r ) = sinal( M a ) foi

imposta de forma implícita, visto que M r tem o mesmo sinal que M a .

4.7 Enunciado completo do problema de programação matemática

Agora pode-se apresentar com mais detalhes o enunciado do problema de otimização


do traçado do cabo em vigas de concreto armado:

Minimizar f =P (4.22)

Sujeito a

continuidade y i ( x t ) = y i +1 ( x t ) i =1,(NT-1)

tangência y i' ( x t ) = y i' +1 ( x t ) i =1,(NT-1)

raio de curvatura a i £ 1 / 24 i =1,(NT)

excentricidade y j ( x j ) £ (Ysup ) - d s

- y j ( x j ) £ (Yinf ) + d i j =1,(NS)

jt
tensões ELS - s sup £0 e - s infjt £ 0 se Protensão Completa

ou
jt
- s sup £ fctm e - s infjt £ fctm se Protensão Limitada

jt
s sup £ s clim e s infjt £ s clim

j =1,NS t =1,3 (instantes carregamento)


Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 50

ELU - kx j * £ 0

kx j * £ kxlim j *

M aj* - M rj* £ 0

N rj* = 0 j * =1,NU

Sendo assim o problema é composto por:


(3NT + NU + 1) variáveis e, no mínimo 3(NT) + 14(NS) + 4(NU) – 2 restrições,
sendo 2(NT – 1) + NU de igualdade.

Para efeito de implementação computacional a função objetivo e as restrições devem


ser adimensionalizadas, primeiro para torná-las independentes do sistema de unidades
considerado, e em segundo lugar para manter esses valores aproximadamente entre -1 e 1, na
tentativa de normalizar essas funções. Este último objetivo da adimensionalização torna o
programa muito mais eficiente, diminuindo possíveis erros numéricos no processo de
otimização.
Sendo assim , a função objetivo foi adimensionalizada pela força de protensão inicial
do problema de programação matemática, assumindo a seguinte forma:

f = P / P0 (4.23)

As restrições relativas à geometria do cabo foram adimensionalizadas conforme


apresentado a seguir:

· As restrições de continuidade, tangência das parábolas e raio de curvatura não


foram adimensionalizadas, visto que já se enquadravam na ordem de grandeza das
outras restrições.
· As restrições de recobrimento mínimo foram adimensionalizadas através da divisão
pela mínima distância permitida entre o cabo de protensão e a face da viga.
Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 51

yj(xj)
£1 (4.24)
(Y ) - d
sup s

- yj (x j )
£1 j =1,NS
(Yinf ) + d i
As restrições relativas a limitação das tensões nos bordos extremos da viga, no estado
limite de utilização, foram adimensionalizadas através da divisão pela resistência de cálculo
do concreto à compressão, f cd .
Quanto às restrições referentes à verificação do estado limite último, as que envolvem
o parâmetro da configuração deformada em cada seção já são adimensionais, desde que este
parâmetro já foi adotado desta forma. As restrições que relacionam o momento resistente e
atuante, e as que envolvem a normal resistente em cada seção foram adimensionalizadas
como nas tabelas de dimensionamento, como mostrado a seguir:

M aj* - M rj*
£0 (4.25)
A.h. f cd

N rj*
=0 j * =1,NU
A. f cd

onde A é a área da seção transversal da viga


h é a altura da seção transversal da viga
f cd é a resistência de cálculo à compressão do concreto

Neste trabalho também foi feito uma mudança de variável, em algumas delas variáveis
de projeto, também na tentativa de aproximar a ordem de grandeza do vetor de variáveis. A
variável P , através de uma mudança de variável, foi adimensionalizada pela força de
protensão inicial P0 . Outra variável que precisou ser adimensionaliza foi o parâmetro c dos
trechos de parábola adotados na discretização do cabo de protensão, pois as parábolas são
descritas em relação à origem do eixo de referência, e portanto em relação à extremidade
esquerda da viga, o que torna a variável c dos últimos trechos com uma ordem de grandeza
Capítulo 4 – Exposição da formulação como um problema de PM 52

muito diferente dos primeiros. No intuito de amenizar esta discrepância, esta variável foi
adimensionaliza através do comprimento total da viga.
Com isso a função objetivo, o vetor das restrições e o vetor das variáveis de projeto
tornaram-se mais homogêneos em relação à ordem de grandeza, e consequentemente o
processo de otimização tornou-se muito mais eficiente.
Capítulo 5

Exemplos

Neste capítulo são apresentados alguns exemplos com o objetivo de validar a


formulação proposta e testar a implementação computacional desenvolvida neste trabalho.
Para tanto foram estudados três exemplos, que possibilitam uma análise variada da
formulação, através da comparação dos resultados obtidos com projetos desenvolvidos em
escritórios de cálculo e outros trabalhos existentes nesta área.
O primeiro exemplo trata de uma viga isostática, biapoiada, de uma passarela sobre a
BR-381. O segundo exemplo é uma viga de cobertura, não simétrica, com quatro vãos, de um
prédio localizado em Osasco- SP. E o último exemplo é a análise de uma viga de um viaduto,
também de quatro vãos, mas agora de estrutura simétrica, localizado na rodovia BR - 101.

5.1 Exemplo 1

Este primeiro exemplo analisa a viga de uma passarela de pedestres sobre a BR - 381.
Seu esquema isostático está apresentado na Figura (5.1), e sua seção transversal na Figura
(5.2).

3.6 35.20 m 3.6

Figura (5.1) – Esquema estrutural do Exemplo 1


Capítulo 5 - Exemplos

54

3.00 m

0.45

0.15

0.30
0.15

2.10 m
1.475 0.35 1.475 (m)

Figura (5.2) – Seção transversal do Exemplo 1

Dados de projeto

· fck = 25 MPa
· raio de curvatura mínimo das parábolas: rmín = 12 m
· percentual de perdas diferidas a tempo infinito: 15% P0

· distância mínima entre o cabo e fibras superior e inferior da viga: 21,7 cm

5.1.1 Disposições gerais

Foram consideradas neste exemplo 13 seções para controle de excentricidade e tensões


em serviço, como mostra a Figura (5.3), e 7 seções para controle dos esforços no estado limite
último, especificadas na Tabela (5.1).
Capítulo 5 - Exemplos

55

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13

3.60 35.20 m 3.60

Figura (5.3) – Seções de controle adotadas no Exemplo 1

Tabela (5.1) – Seções para verificação do ELU de flexão – Exemplo 1

Seção x (m)
S4 10,64
S5 14,16
S6 17,68
S7 21,20
S8 24,72
S9 28,24
S10 31,76

A Tabela (5.2) apresenta os valores característicos das ações consideradas para este
exemplo.

Tabela (5.2) – Ações consideradas no Exemplo 1

Ações t=0 t=¥


Carregamento Uniforme (KN/m) Carregamento Uniforme (KN/m)

Permanentes (Gk) 37,40 43,00


Sobrecarga (Qk) 0.00 15,00 (carga acidental)
Capítulo 5 - Exemplos

56

Todas as análises no ELS foram realizadas a partir de três fases de carregamento : na


primeira, imediatamente após a protensão, é considerado o carregamento permanente; na
segunda, em t=¥, além do carregamento permanente, considera-se os momentos máximos da
envoltória; e numa terceira fase, também em t=¥, considera-se os momentos mínimos da
envoltória somados ao carregamento permanente.

Para este exemplo, tem-se os seguintes limites de tensões, considerando positivas as


tensões de compressão :

· Estado Limite de Descompressão : s³0


· Estado Limite de Formação de Fissuras : s ³ -2,64 MPa
· Verificação da Tensão Máxima de Compressão: s £ 17,5 MPa

5.1.2 Exemplo 1.1

Numa primeira tentativa este exemplo foi resolvido com o cabo de protensão
segmentado em 6 parábolas, tendo os pontos de tangência representados na Figura (5.4).

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13

3.60 35.20 m 3.60

Figura (5.4) – Parábolas adotadas na primeira análise do Exemplo 1


Capítulo 5 - Exemplos

57

Descrição do problema
ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 19 26
· nº de restrições de igualdade 10 17
· nº de restrições de desigualdade 188 209
· nº total de restrições 198 226

Visto que a viga possui estrutura e carregamentos simétricos, a condição de simetria


no traçado do cabo médio de protensão foi imposta da seguinte forma: a etapa de análise da
estrutura foi realizada considerando toda a viga, enquanto que as variáveis e restrições só
foram escritas para metade dela. Para tanto teve que ser imposta uma restrição de tangente
nula na seção de simetria da viga. Desta forma o número de variáveis e restrições do problema
foram reduzidos, tornando o algoritmo de otimização mais eficiente, conforme descrito a
seguir:

Descrição do problema simétrico


ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 10 14
· nº de restrições de igualdade 5 9
· nº de restrições de desigualdade 101 113
· nº total de restrições 106 122

Os valores inicias da força de protensão e dos parâmetros dos trechos de parábolas


adotados neste caso foram respectivamente:

P0 = 7000 KN

a i = 0,000

bi = 0,001

ci = 0,000 i = 1, (nº parábolas)


Capítulo 5 - Exemplos

58

Na análise que considera a verificação do estado limite último de flexão, o valor inicial
dos parâmetros da configuração deformada foi de:

kx j * = 0,25 j * = 1, (nº seções ELU)

Na verificação da segurança da estrutura em relação ao estado limite de utilização


considerou-se inicialmente protensão completa. Foram realizadas duas análises, uma
considerando apenas o estado limite de serviço, e uma segunda com a verificação do estado
limite último nas seções já definidas anteriormente.
Os resultados obtidos podem ser visualizados na Figura (5.5), com o traçado final e
otimizado do cabo médio de protensão; e através da Tabela (5.3), com os valores das
excentricidades do cabo em cada seção de controle.
É interessante colocar que o traçado da proposta 1 foi alcançado após 2 iterações do
programa de otimização, enquanto que para a proposta 2 foram necessárias 4 iterações para a
convergência, lembrando que as duas análises partiram do mesmo ponto.

0,200
0,000
-0,2000,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00
Excentricidades (m)

-0,400
-0,600
-0,800
-1,000
-1,200
-1,400
Distância das Seções (m)

Proposta 1 - ELS - Protensão Completa (P= 6942 KN)


Proposta 2 - ELS e ELU - Protensão Completa (P=6964 KN)

Figura (5.5) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado


em 6 trechos de parábola – Exemplo 1.1
Capítulo 5 - Exemplos

59

Tabela (5.3) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de


protensão discretizado em 6 trechos de parábola – Exemplo 1.1

Proposta 1 – ELS Proposta 2 - ELS e ELU


Seção x (m) Protensão Completa Protensão Completa
(P= 6942 KN) (P=6964 KN)
1 0,00 -0,596 -0,180
2 3,60 -0,593 0,004
3 7,12 -0,725 -0,248
4 10,64 -0,955 -0,689
5 14,16 -1,120 -1,005
6 17,68 -1,218 -1,194
7 21,20 -1,251 -1,257

Observando os resultados obtidos percebe-se que, para o mesmo ponto de partida, a


introdução da verificação do estado limite último altera bastante o traçado do cabo médio de
protensão otimizado. Um ponto interessante a ser observado é que, com exceção da seção 7,
as excentricidades em relação ao centro de gravidade da viga não aumentaram com a
introdução do ELU, ao contrário, foram reduzidas, ao passo que o valor da força de protensão
aumentou um pouco.
Na proposta 1 a restrição do estado limite de descompressão no instante t=¥ (1) na
fibra inferior da seção 7 está ativa, não ocorrendo o mesmo nas demais seções. Já na proposta
2 a referida restrição está ativa nas seções 6 e 7. Ainda estão ativas as restrições do estado
limite último relativas à normal resistente. Sendo estas últimas as responsáveis pela alteração
no traçado do cabo em relação à proposta 1.

Tomando agora como ponto de partida para a análise do problema com a verificação
do ELU, o resultado obtido na proposta 1, temos os seguintes resultados conforme a Figura
(5.6) e Tabela (5.4).
Capítulo 5 - Exemplos

60

0,000
-0,2000,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00

-0,400
-0,600
Excentricidades (m)

-0,800
-1,000
-1,200
-1,400
Distância das Seções (m)
Proposta 1 - ELS - Protensão Completa (P= 6942 KN)

Proposta 3 - ELS e ELU Protensão Completa (P=6956)

Figura (5.6) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em 6 trechos


de parábola considerando novo ponto de partida – Exemplo 1.1

Tabela (5.4) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão discretizado
em 6 trechos de parábola adotando novo ponto de partida – Exemplo 1.1

Proposta 1 – ELS Proposta 3 – ELS e ELU


Seção x (m) Protensão Completa Protensão Completa
(P= 6942 KN) (P=6956)
1 0,00 -0,596 -0,637
2 3,60 -0,593 -0,598
3 7,12 -0,725 -0,729
4 10,64 -0,955 -0,957
5 14,16 -1,120 -1,120
6 17,68 -1,218 -1,218
7 21,20 -1,251 -1,251

Este resultado exigiu mais 2 iterações do programa e as restrições ativas foram


praticamente as mesmas da análise anterior: o estado limite de descompressão em t=¥(1) na
fibra inferior da seção 7, e na fibra superior da seção 2; o estado limite de descompressão em
t=¥(2) da fibra superior da seção 2; as restrições de tensão no ELU das seções 6 e 7; e as
restrições em relação à normal resistente no ELU.
Capítulo 5 - Exemplos

61

Observa-se que o resultado da análise feita com a consideração do ELU, a partir do


resultado encontrado na proposta 1 é bem próximo deste último. A alteração está no aumento
das excentricidades em relação ao centro de gravidade das seções 1 a 4 e 10 a 13.

Ainda neste exemplo, considerou-se também protensão limitada na verificação da


segurança da estrutura em relação ao estado limite de utilização.
Os valores inicias da força de protensão e dos parâmetros dos trechos de parábolas
adotados para a proposta 4 foram os mesmos adotados nas propostas 1 e 2, ao passo que para
a proposta 5 foram adotados o traçado e a força de protensão obtidos na proposta 2 deste
exemplo. O traçado da proposta 4 foi alcançado após 3 iterações do programa de otimização,
enquanto que para a proposta 5 foi necessária 1 iteração para a convergência.
Os resultados obtidos podem ser visualizados na Figura (5.7), com o traçado final e
otimizado do cabo médio de protensão; e através da Tabela (5.5), com os valores das
excentricidades do cabo.

0,400
0,200
0,000
Excentricidades (m)

-0,2000,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00


-0,400
-0,600
-0,800
-1,000
-1,200
-1,400
Distância das Seções (m)

Proposta 4 - ELS - Protensão Limitada (P=6245 KN)


Proposta 5 - ELS e ELU - Protensão Limitada (P=6950 KN)

Figura (5.7) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em 6


trechos de parábola considerando protensão limitada – Exemplo 1.1
Capítulo 5 - Exemplos

62

Tabela (5.5) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão discretizado
em 6 trechos de parábola considerando protensão limitada – Exemplo 1.1

Proposta 4 – ELS Proposta 5 - ELS e ELU


Seção x (m) Protensão Limitada Protensão Limitada
(P=6245 KN) (P=6950 KN)
1 0,00 0,082 -0,180
2 3,60 0,209 0,004
3 7,12 -0,084 -0,248
4 10,64 -0,597 -0,689
5 14,16 -0,964 -1,005
6 17,68 -1,183 -1,194
7 21,20 -1,257 -1,257

Observando a Figura (5.7) percebe-se que os traçados obtidos são bem próximos. A
proposta que considera o ELU mantém os valores da força de protensão e das excentricidades
do cabo no vão central mais elevados do que a proposta que só considera o ELS. As restrições
ativas na proposta 4 são as de recobrimento mínimo na seção 7 e as restrições de tangência
das parábolas.

5.1.3 Exemplo 1.2

Numa segunda tentativa o exemplo 1 foi resolvido com o cabo de protensão


segmentado em 8 parábolas, tendo os pontos de tangência representados na Figura (5.8).

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13

3.60 35.20 m 3.60

Figura (5.8) – Parábolas adotadas na segunda análise do Exemplo 1


Capítulo 5 - Exemplos

63

Descrição do problema
ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 25 32
· nº de restrições de igualdade 14 21
· nº de restrições de desigualdade 190 211
· nº total de restrições 204 232

Descrição do problema simétrico


ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 13 17
· nº de restrições de igualdade 7 11
· nº de restrições de desigualdade 101 114
· nº total de restrições 109 125

Os valores inicias dos parâmetros dos trechos de parábolas adotados neste caso foram:
a i = 0,000

bi = 0,001

ci = 0,000 i = 1, (nº parábolas)

Na análise feita considerando-se apenas o ELS adotou-se o valor inicial da força de


protensão de:
P0 = 6000 KN

Já na análise que considera a verificação do estado limite último de flexão, os valores


iniciais da força de protensão e dos parâmetros da configuração deformada foram
respectivamente:

P0 = 7000 KN

kx j * = 0,25 j * = 1, (nº seções ELU)


Capítulo 5 - Exemplos

64

Seguindo a mesma linha do exemplo 1.1, considerou-se inicialmente na verificação da


segurança da estrutura em relação ao estado limite de utilização, com protensão completa.
Foram realizadas duas análises, uma considerando apenas o estado limite de serviço, e uma
segunda com a verificação do estado limite último nas seções já definidas anteriormente.
Os resultados podem ser conferidos na Figura (5.9) com os traçados do cabo médio de
protensão, e na Tabela (5.6), onde estão descritos as excentricidades do cabo em relação ao
centro de gravidade da peça, para cada análise realizada.
O traçado da proposta 6 foi alcançado após 13 iterações do programa de otimização,
enquanto que para a proposta 7 foram necessárias 4 iterações para a convergência.

0,400
0,200
0,000
-0,2000,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00
Excentricidades (m)

-0,400
-0,600
-0,800
-1,000
-1,200
-1,400
Distância das Seções (m)

Proposta 6 - ELS - Protensão Completa (P= 6474 KN)


Proposta 7 - ELS e ELU - Protensão Completa (P=6964 KN)

Figura (5.9) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em 8


trechos de parábola – Exemplo 1.2

Tabela (5.6) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão


discretizado em 8 trechos de parábola – Exemplo 1.2

Seção x (m) Proposta 6 - ELS Proposta 7 - ELS e ELU


Protensão Completa Protensão Completa
(P= 6474 KN) (P=6964 KN)
1 0,00 -0,620 -0,281
2 3,60 -0,403 0,259
3 7,12 -0,553 -0,246
4 10,64 -0,828 -1,004
5 14,16 -1,055 -1,257
6 17,68 -1,206 -1,256
7 21,20 -1,256 -1,256
Capítulo 5 - Exemplos

65

Analisando estes últimos resultados percebe-se que a proposta que considera restrições
em relação ao ELU convergiu mais rapidamente que a proposta que só considera o ELS. Isto
porque as restrições do ELU promovem um espaço de solução mais restrito para o problema.
Pode-se observar também que o valor da força de protensão foi elevada para atender aos
critérios do ELU, como também as excentricidades do cabo de protensão nas seções mais
solicitadas da viga, o que evidencia a influência de uma maior discretização do cabo de
protensão, que, neste caso, está dividido em 8 trechos, ao invés de 6, como no exemplo 1.1.
Este aumento do número de trechos de discretização do cabo concedeu uma maior
flexibilidade ao mesmo, possibilitando maior liberdade de geometria. As restrições ativas na
proposta 6 foram bem próximas das ativas na proposta 1: as restrições do estado limite de
descompressão na fibra inferior das seções 5, 6 e 7. Na proposta 7 a restrição do estado limite
de descompressão na fibra inferior, no instante t¥(1), e a restrição de tensão do ELU na seção
7 estão ativas, além das restrições relativas à normal resistente.

Prosseguindo a análise, considera-se agora a protensão limitada na verificação da


segurança da estrutura em relação ao estado limite de utilização.
Os valores inicias da força de protensão e dos parâmetros dos trechos de parábolas
adotados para a proposta 8 foram:
P0 = 6000 KN

a i = 0,000

bi = 0,001

ci = 0,000 i = 1, (nº parábolas)

Já a proposta 9 foi avaliada a partir dos resultados da proposta 5.


Os resultados obtidos podem ser visualizados na Figura (5.10), com o traçado final e
otimizado do cabo médio de protensão; e através da Tabela (5.7), com os valores das
excentricidades do cabo.
A proposta 8 atingiu a convergência depois de 6 iterações do algoritmo de otimização.
Já a proposta 9 convergiu na primeira iteração.
Capítulo 5 - Exemplos

66

0,400
0,200
0,000
Excentricidades (m)

-0,2000,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00


-0,400
-0,600
-0,800
-1,000
-1,200
-1,400
Distância das Seções (m)

Proposta 8 - ELS - Protensão Limitada (P=5822 KN)

Proposta 9 - ELS e ELU - Protensão Limitada (P=6900 KN)

Figura (5.10) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em 8


trechos de parábola considerando protensão limitada – Exemplo 1.2

Tabela (5.7) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão discretizado
em 8 trechos de parábola considerando protensão limitada – Exemplo 1.2

Proposta 8 - ELS – Proposta 9 - ELS e ELU -


Seção x (m) Protensão Limitada Protensão Limitada
(P=5822 KN) (P=6900 KN)
1 0,00 -0,598 -0,281
2 3,60 -0,604 0,259
3 7,12 -0,718 -0,246
4 10,64 -0,928 -1,004
5 14,16 -1,101 -1,257
6 17,68 -1,217 -1,256
7 21,20 -1,255 -1,256

A restrição de recobrimento mínimo na seção 7 da proposta 8 está ativa, além das


restrições do estado limite de formação de fissuras na fibra inferior das seções 6 e 7.
Na proposta 9 as restrições de recobrimento mínimo nas seções 5, 6 e 7 estão ativas.
Capítulo 5 - Exemplos

67

5.1.4 Exemplo 1.3

No intuito de enriquecer a análise deste exemplo considerou-se neste caso o cabo de


protensão segmentado em 12 parábolas, tendo portanto um ponto de tangência em cada seção
considerada conforme Figura (5.11).

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13

3.60 35.20 m 3.60

Figura (5.11) – Parábolas adotadas na terceira análise do Exemplo 1

Descrição do problema
ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 37 44
· nº de restrições de igualdade 22 29
· nº de restrições de desigualdade 194 215
· nº total de restrições 216 244

Descrição do problema simétrico


ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 19 23
· nº de restrições de igualdade 11 15
· nº de restrições de desigualdade 104 116
· nº total de restrições 115 131
Capítulo 5 - Exemplos

68

Considerando inicialmente a protensão completa na verificação da segurança da


estrutura em relação ao estado limite de utilização, tem-se que os valores iniciais das variáveis
de projeto são:
P0 = 7000 KN

a i = 0,000

bi = 0,001

ci = 0,000 i = 1, (nº parábolas)

Na análise considerando a verificação do estado limite último de flexão tem-se ainda:

kx j * = 0,18 j * = 1, (nº seções ELU)

Os resultados estão apresentados na Figura (5.12), e na Tabela (5.8).


A proposta 10 foi atingida após 2 iterações do algoritmo de otimização, enquanto que a
proposta 11 precisou de 4 iterações para a convergência.

0,400
0,200
0,000
-0,2000,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00
Excentricidades (m)

-0,400
-0,600
-0,800
-1,000
-1,200
-1,400
Distância das Seções (m)

Proposta 10 - ELS - Protensão Completa (P= 6943 KN)


Proposta 11 - ELS e ELU - Protensão Completa (P=6948 KN)

Figura (5.12) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado


em 12 trechos de parábola – Exemplo 1.3

Tabela (5.8) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão


discretizado em 12 trechos de parábola – Exemplo 1.3
Capítulo 5 - Exemplos

69

Proposta 10 - ELS Proposta 11 - ELS e ELU


Seção x (m) Protensão Completa Protensão Completa
(P= 6943 KN) (P=6948 KN)
1 0,00 -0,398 -0,271
2 3,60 -0,593 0,269
3 7,12 -0,704 -0,247
4 10,64 -0,919 -1,011
5 14,16 -1,097 -1,256
6 17,68 -1,211 -1,256
7 21,20 -1,251 -1,256

Esta análise com 12 trechos de parábola foi realizada no intuito de flexibilizar ao


máximo o traçado do cabo de protensão. O valor da força de protensão da proposta 10 cresceu
em relação a proposta 6, ao passo que esse valor se reduziu muito pouco da proposta 11, em
relação a proposta 7. O que podemos concluir é que uma discretização excessiva do cabo de
protensão não gera necessariamente resultados que justifiquem o aumento do esforço
computacional despendido para isso.
A restrição do estado limite de descompressão, no instante t¥(1), na fibra inferior, da
seção 7 está ativa na proposta 10. Na proposta 11 além desta restrição, estão ativas a restrição
do ELU na seção 7 e as restrições relativas à normal resistente.

Alterando para protensão limitada a verificação da segurança da estrutura em relação


ao estado limite em serviço, e conservando os mesmos valores iniciais das variáveis de
projeto, obtêm-se a proposta 12, considerando apenas o ELS, após 19 iterações; e a proposta
13, que convergiu após 6 iterações.

Os resultados estão na Figura (5.13) e Tabela (5.9).

0,000
-0,2000,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00

-0,400
ades (m)

-0,600
Capítulo 5 - Exemplos

70

Tabela (5.9) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão discretizado
em 12 trechos de parábola considerando protensão limitada – Exemplo 1.3

Proposta 12 - ELS - Proposta 13 - ELS e ELU


Seção x (m) Protensão Limitada - Protensão Limitada
(P=6245 KN) (P=6841 KN)
1 0,00 -0,550 -0,641
2 3,60 -0,768 -0,610
3 7,12 -0,879 -0,725
4 10,64 -1,046 -0,942
5 14,16 -1,141 -1,114
6 17,68 -1,218 -1,219
7 21,20 -1,256 -1,257

No traçado da proposta 12 ocorre alternância nas curvaturas nas extremidades. Este


resultado se deve ao fato de que os momentos são muito pequenos e o traçado fica pouco
restrito neste trecho. Uma solução para este problema poderia ser a de se prescrever um
ângulo de saída para o cabo.
Na proposta 13 estão ativas as restrições relativas aos esforços resistentes no ELU das
seções 6 e 7.
Capítulo 5 - Exemplos

71

Podemos comparar agora a proposta 11, à proposta apresentada por Iunes[13] para esta
estrutura e o traçado do projeto estrutural, através da Figura (5.14) e Tabela (5.10).

0,400
0,200
0,000
Excentricidades (m)

-0,2000,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00


-0,400
-0,600
-0,800
-1,000
-1,200
-1,400
Distância das Seções (m)
Projeto Estrutural (P=6873.20 KN)

Proposta Iunes - LINDO (P=6949.65 KN)


Proposta - ELS e ELU - Protensão Completa (P=6948 KN)

Figura (5.14) – Comparação entre os traçados dos cabos de protensão obtidos no


projeto estrutural, através do programa comercial de otimização
linear LINDO, e através do programa desenvolvido neste trabalho

Tabela (5.10) – Comparação entre as excentricidades dos cabos de protensão obtidos


no projeto estrutural, através do programa comercial de otimização linear
LINDO, e através do programa desenvolvido neste trabalho

Projeto Estrutural Proposta Iunes Proposta - ELS e ELU


Seção x (m) (P=6873.20 KN) LINDO Protensão Completa
(P=6949.65 KN) (P=6948 KN)
1 0,00 -0,580 -0,645 -0,271
2 3,60 -0,142 -0,472 0,269
3 7,12 -0,593 -0,629 -0,247
4 10,64 -1,031 -0,903 -1,011
5 14,16 -1,217 -1,099 -1,256
6 17,68 -1,259 -1,216 -1,256
7 21,20 -1,259 -1,256 -1,256
A proposta de Iunes foi obtida através do programa comercial de otimização linear
LINDO, não considera a verificação do ELU, e apresenta um traçado mais suave que os outros
dois.
Capítulo 5 - Exemplos

72

A proposta deste trabalho é bem próxima do traçado do projeto estrutural, sendo a


força de protensão cerca de 1.1% superior.
Comparando-se os resultados obtidos em todas as análises realizadas, verifica-se
inicialmente que, com a consideração do Estado Limite de Utilização apenas, a força de
protensão foi reduzida, principalmente adotando-se protensão limitada. Já com a consideração
adicional do Estado Limite Último, a força de protensão eleva um pouco o seu valor.
Pode-se notar também que , com a consideração do Estado Limite Último, o traçado
tende a se aproximar mais do traçado de projeto, tendo aumentado suas excentricidades nas
seções mais solicitadas.

5.2 Exemplo 2
Capítulo 5 - Exemplos

73

Este exemplo analisa uma viga de cobertura, de estrutura não simétrica, com quatro
vãos, de um prédio localizado em Osasco - SP. O esquema estrutural da viga está representado
na Figura (5.15) e sua seção transversal está mostrada na Figura (5.16), onde a viga em
questão está hachurada

23.00 m 24.00 m 22.00 m 23.00 m

Figura (5.15) – Esquema estrutural do Exemplo 2

0.10

V15 V16
1.80m

0.10 0.15
0.25 0.10

0.25 0.10

0.55
0.20

2.30m 2.30m
3.55m

2.975m 0.80 5.20m 0.80 2.975m

P2 P7
0.25

0.30

PAR. 1
0.15
3.40m

2.975m 6.80m 2.975m

Figura (5.16) – Seção transversal da viga do Exemplo 2

Dados de projeto
Capítulo 5 - Exemplos

74

· fck = 25 MPa
· raio de curvatura mínimo das parábolas: rmín = 12 m
· percentual de perdas diferidas a tempo infinito: 10% P0

· distância mínima entre o cabo e as fibras superior da viga: 15 cm


· distância mínima entre o cabo e as fibras inferior da viga: 12 cm

5.2.1 Disposições gerais

Neste exemplo foram consideradas 41 seções para controle de excentricidade e tensões


em serviço, como mostra a Figura (5.17), e 21 seções para controle dos esforços resistentes no
estado limite último, especificadas na Tabela (5.11).

S1 S6 S11 S16 S21 S26 S31 S36 S41

11.50 m 11.50 m 12.00 m 12.00 m 11.00 m 11.00 m 11.50 m 11.50 m

Figura (5.17) – Seções de Controle adotadas no Exemplo 2

Tabela (5.11) – Seções para verificação do ELU de flexão – Exemplo 2


Capítulo 5 - Exemplos

75

Seção x (m)
S5 9,20
S6 11,50
S7 13,80
S10 20,70
S11 23,00
S12 25,40
S15 32,60
S16 35,00
S17 37,40
S20 44,60
S21 47,00
S22 49,20
S25 55,80
S26 58,00
S27 60,20
S30 66,80
S31 69,00
S32 71,30
S35 78,20
S36 80,50
S37 82,80

A Tabela (5.12) apresenta os valores característicos das ações consideradas para este
exemplo.

Tabela (5.12) – Ações consideradas no Exemplo 2

Ações t=0 t=¥


Carregamento Uniforme (KN/m) Carregamento Uniforme (KN/m)

Permanentes (Gk) 63,10 160,40


Sobrecarga (Qk) 0,00 19,50

No ELS são consideradas três combinações de carregamento: a primeira logo após a


aplicação da protensão, em t=0, quando atua apenas a carga permanente correspondente ao
Capítulo 5 - Exemplos

76

peso próprio da viga; a segunda e a terceira fase de utilização, em t=¥, correspondentes à


envoltória máxima e mínima de momentos respectivamente.
Para este exemplo, tem-se os seguintes limites de tensões, considerando positivas as
tensões de compressão :
· Estado Limite de Descompressão : s³0
· Estado Limite de Formação de Fissuras : s ³ -2,64 MPa
· Verificação da Tensão Máxima de Compressão: s £ 17,5 MPa

5.2.2 Exemplo 2.1

Numa primeira tentativa do problema o cabo de protensão foi discretizado em 20


trechos de parábola, tendo os pontos de tangência representados na Figura (5.18).

S1 S6 S11 S16 S21 S26 S31 S36 S41

11.50 m 11.50 m 12.00 m 12.00 m 11.00 m 11.00 m 11.50 m 11.50 m

Figura (5.18) – Parábolas adotadas na primeira análise do Exemplo 2

Neste modelo o cabo foi mais discretizado nas regiões onde ocorrem momentos
negativos, visto que, nestes trechos, o cabo possui menor raio de curvatura e necessita,
portanto, de maior liberdade de movimento.

Descrição do problema
ELS ELS e ELU
Capítulo 5 - Exemplos

77

· nº de variáveis de projeto 61 82
· nº de restrições de igualdade 38 59
· nº de restrições de desigualdade 594 657
· nº total de restrições 632 716

Os valores iniciais das variáveis de projeto para a análise que só considera o estado
limite em serviço foram:

P0 = 10000 KN

a i = 0,00

bi = 0,00

ci = 0,00 i = 1, (nº parábolas)

Já a análise que leva em consideração o ELU teve como ponto de partida o traçado
proposto por Iunes[13] para esta estrutura, com as seguintes variáveis iniciais alteradas:

P0 = 10000 KN

kx j * = 0,20 j * = 1, (nº seções ELU)

Na verificação da segurança da peça em serviço considerou-se inicialmente protensão


completa.
Os resultados obtidos estão apresentados na Figura (5.19), e na Tabela (5.13), onde
estão apresentados os traçados resultantes e as excentricidades do cabo respectivamente.
Pode-se ainda informar que o traçado da proposta 1 foi atingido após 2 iterações do
algoritmo de otimização, enquanto o da proposta 2 após 4 iterações.

1,000

0,500
Excentricidades (m)

0,000
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00
-0,500
Capítulo 5 - Exemplos

78

Tabela (5.13) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão


discretizado em 20 trechos de parábola – Exemplo 2.1

Seção x (m) Proposta 1 - ELS Proposta 2 - ELS e ELU


Protensão Completa Protensão Completa
(P=10020 KN) (P=10530 KN)
1 0,00 -0,302 0,300
2 2,30 -0,390 0,014
3 4,60 -0,456 -0,209
4 6,90 -0,499 -0,371
5 9,20 -0,521 -0,470
6 11,50 -0,521 -0,506
7 13,80 -0,464 -0,451
8 16,10 -0,315 -0,274
9 18,40 0,101 0,103
10 20,70 0,640 0,585
11 23,00 0,860 0,808
12 25,40 0,620 0,568
13 27,80 0,203 0,147
14 30,20 -0,079 -0,128
15 32,60 -0,240 -0,273
16 35,00 -0,294 -0,325
17 37,40 -0,240 -0,273
18 39,80 -0,078 -0,119
19 42,20 0,203 0,140
20 44,60 0,617 0,550
21 47,00 0,869 0,810
22 49,20 0,667 0,608
23 51,40 0,290 0,250
24 53,60 0,057 -0,034
25 55,80 -0,061 -0,186
Capítulo 5 - Exemplos

79

26 58,00 -0,105 -0,247


28 62,40 0,069 0,005
29 64,60 0,287 0,247
30 66,80 0,632 0,567
31 69,00 0,835 0,760
32 71,30 0,664 0,574
33 73,60 0,099 0,021
34 75,90 -0,191 -0,285
35 78,20 -0,417 -0,489
36 80,50 -0,493 -0,528
37 82,80 -0,516 -0,487
38 85,10 -0,512 -0,451
39 87,40 -0,474 -0,408
40 89,70 -0,403 -0,356
41 92,00 -0,298 -0,297

A viga não é simétrica, portanto o traçado também não o é. Sendo assim o problema
foi resolvido obviamente para a viga toda e, se tratando de uma viga de muitos vãos e,
consequentemente, muitas variáveis e restrições, o algoritmo se comportou mais lentamente
que no Exemplo 1.
Analisando os resultados obtidos observa-se que os traçados são bem próximos,
mesmo com a consideração do ELU.
O traçado da proposta 2, que considera o ELU, possui excentricidades maiores em
relação ao centro de gravidade da viga em algumas seções de ocorrência de momentos
positivos. Além disso o valor da força de protensão é mais elevada nesta proposta.

Em outra análise considerando protensão limitada na verificação da segurança da


estrutura em relação ao ELS, temos novos traçados possíveis.

Na proposta 3 considerou-se apenas o estado limite de utilização e os valores iniciais


das variáveis de projeto foram:

P0 = 9000 KN
Capítulo 5 - Exemplos

80

a i = 0,0001

bi = 0,0000

ci = 0,0000 i = 1, (nº parábolas)

e o traçado final foi alcançado após 2 iterações.

Já na análise 4, onde considerou-se além do estado limite de utilização, o estado limite


último de flexão, novamente utilizou-se o traçado proposto por Iunes [13], para esta estrutura,
considerando ainda:

kx j * = 0,20 j * = 1, (nº seções ELU)

e a convergência se deu na primeira iteração.

Esses resultados podem ser conferidos na Figura (5.20) e na Tabela (5.14) a seguir:

1,500
Exc
entr 1,000
icid
ade 0,500
s
(m) 0,000
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00
-0,500

-1,000
Distância das Seções (m)

Proposta 3 - ELS - Protensão Limitada (P=9027 KN)

Proposta 4 - ELS e ELU - Protensão Limitada (P=9750 KN)

Figura (5.20) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em 20


trechos de parábola considerando protensão limitada – Exemplo 2.1

Tabela (5.14) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão discretizado em 20
trechos de parábola adotando protensão limitada – Exemplo 2.1
Capítulo 5 - Exemplos

81

Seção x (m) Proposta 3 - ELS Proposta 4 - ELS e ELU


Protensão Limitada Protensão Limitada
(P=9027 KN) (P=9750 KN)
1 0,00 0,421 0,300
2 2,30 0,006 0,014
3 4,60 -0,289 -0,209
4 6,90 -0,465 -0,371
5 9,20 -0,521 -0,470
6 11,50 -0,459 -0,506
7 13,80 -0,325 -0,451
8 16,10 -0,170 -0,274
9 18,40 0,225 0,103
10 20,70 0,736 0,585
11 23,00 0,970 0,808
12 25,40 0,731 0,568
13 27,80 0,307 0,147
14 30,20 0,029 -0,128
15 32,60 -0,122 -0,273
16 35,00 -0,174 -0,325
17 37,40 -0,121 -0,273
18 39,80 0,037 -0,119
19 42,20 0,310 0,140
20 44,60 0,723 0,550
21 47,00 0,970 0,810
22 49,20 0,815 0,608
23 51,40 0,569 0,250
24 53,60 0,243 -0,034
25 55,80 -0,034 -0,186
26 58,00 -0,123 -0,247
27 60,20 -0,034 -0,183
28 62,40 0,232 0,005
29 64,60 0,537 0,247
30 66,80 0,754 0,567
31 69,00 0,862 0,760
32 71,30 0,614 0,574
33 73,60 0,134 0,021
34 75,90 -0,251 -0,285
35 78,20 -0,461 -0,489
36 80,50 -0,535 -0,528
37 82,80 -0,522 -0,487
38 85,10 -0,515 -0,451
39 87,40 -0,476 -0,408
40 89,70 -0,407 -0,356
41 92,00 -0,306 -0,297
Capítulo 5 - Exemplos

82

Analisando os resultados observa-se que os traçados obtidos são bem próximos. Como
já era esperado o valor da força de protensão foi elevado na proposta que considera o ELU.

5.2.3 Exemplo 2.2

Numa segunda modelagem o exemplo 2 foi resolvido com o cabo de protensão


segmentado em 40 parábolas, tendo portanto um ponto de tangência para cada seção de
controle considerada, conforme Figura (5.21).

S1 S6 S11 S16 S21 S26 S31 S36 S41

11.50 m 11.50 m 12.00 m 12.00 m 11.00 m 11.00 m 11.50 m 11.50 m

Figura (5.21) – Parábolas adotadas na segunda análise do Exemplo 2

Descrição do problema
ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 121 142
· nº de restrições de igualdade 78 99
· nº de restrições de desigualdade 614 677
· nº total de restrições 692 776

Para este modelo considerou-se protensão completa na verificação da segurança da


estrutura em relação ao estado limite de utilização. Os valores iniciais das variáveis de projeto
para a proposta que só considera o ELS, proposta 5, foram:
Capítulo 5 - Exemplos

83

P0 = 9000 KN

a i = 0,000

bi = 0,001

ci = 0,000 i = 1, (nº parábolas)

Esta análise foi realizada em duas etapas: inicialmente o programa foi executado com a
descrição das variáveis e restrições para metade da viga, simulando uma simetria, como feito
no exemplo1; em seguida o resultado obtido nesse primeiro caso foi usado como ponto de
partida para a análise correta, com a consideração da viga como todo, visto que ela não é
simétrica. A análise completa desta proposta levou 5 iterações para convergência.
A proposta 6, que leva em consideração o estado limite último, teve como ponto de
partida o traçado obtido na proposta 5, com a variável correspondente ao parâmetro da
configuração deformada no estado limite último com o seguinte valor inicial:

kx j * = 0,25 j * = 1, (nº seções ELU)

e convergiu após 6 iterações do algoritmo de otimização.

Os resultados finais estão apresentados na Figura (5.22) e na Tabela (5.15), mostrados


a seguir.

1,500000

1,000000
Excentricidades (m)

0,500000

0,000000
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00
-0,500000

-1,000000
Distância das Seções (m)

Proposta 5 - ELS Protensão Completa (P=9866 KN)

Proposta 6 - ELS e ELU Protensão Completa (P=9866 KN)

Figura (5.22) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em


40 trechos de parábola – Exemplo
Tabela (5.15) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão
discretizado em 40 trechos de parábola – Exemplo 2.2
Capítulo 5 - Exemplos

84

Seção x (m) Proposta 5 - ELS Proposta 6 - ELS e ELU


Protensão Completa Protensão Completa
(P=9866 KN) (P=9866 KN)
1 0,00 -0,302 -0,244
2 2,30 -0,401 -0,412
3 4,60 -0,484 -0,520
4 6,90 -0,552 -0,551
5 9,20 -0,551 -0,552
6 11,50 -0,550 -0,551
7 13,80 -0,541 -0,552
8 16,10 -0,467 -0,481
9 18,40 0,045 0,038
10 20,70 0,629 0,613
11 23,00 0,848 0,828
12 25,40 0,608 0,588
13 27,80 0,083 0,069
14 30,20 -0,246 -0,256
15 32,60 -0,247 -0,257
16 35,00 -0,200 -0,213
17 37,40 -0,137 -0,149
18 39,80 0,004 -0,003
19 42,20 0,392 0,397
20 44,60 0,951 0,957
21 47,00 1,190 1,190
22 49,20 1,088 0,957
23 51,40 0,736 0,397
24 53,60 0,207 -0,003
25 55,80 -0,144 -0,149
26 58,00 -0,181 -0,213
27 60,20 -0,171 -0,257
28 62,40 -0,121 -0,256
29 64,60 0,137 0,069
30 66,80 0,590 0,588
31 69,00 0,797 0,828
32 71,30 0,529 0,613
33 73,60 0,123 0,038
34 75,90 -0,447 -0,481
35 78,20 -0,538 -0,552
36 80,50 -0,496 -0,551
37 82,80 -0,609 -0,552
38 85,10 -0,562 -0,551
39 87,40 -0,552 -0,520
40 89,70 -0,087 -0,412
41 92,00 0,253 -0,244
Capítulo 5 - Exemplos

85

Observando os resultados pode-se concluir que o valor da força de protensão não foi
alterado, enquanto que as excentricidades do cabo da proposta 6 são ligeiramente superiores
em relação a proposta 5 em algumas seções.
É interessante notar que o traçado da proposta 5 apresenta alternância nas curvaturas
no último vão da viga. Esta solução é pouco usável na prática, visto que o traçado é nada
suave. Este aspecto, de pouca suavidade, deve ser minorado com a consideração das perdas
por atrito, condições adicionais consideradas por Almeida[06].

No intuito de comparar agora o traçado da proposta 6, a proposta de Iunes[13] e o


traçado do projeto estrutural temos a Figura (5.23) e a Tabela (5.16) a seguir.

1,500

1,000
Excentricidades (m)

0,500

0,000
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00
-0,500

-1,000
Distância das Seções (m)

Projeto Estrutural (P=9896 KN)


Proposta Iunes - LINDO (P=10968 KN)
Proposta - ELS e ELU Protensão Completa (P=9866 KN)

Figura (5.23) – Comparação entre os traçados do cabo de protensão obtidos nesta


dissertação, no trabalho de Iunes e no projeto estrutural
Capítulo 5 - Exemplos

86

Tabela (5.16) – Comparação entre as excentricidades do cabo de protensão obtidos nesta


dissertação, no trabalho de Iunes e no projeto estrutural

Seção x (m) Projeto Estrutural Proposta Iunes Proposta - ELS e ELU


(P=9896) LINDO Protensão Completa
(P=10968) (P=9866 KN)
1 0,00 0,182 -0,295 -0,244
2 2,30 -0,135 -0,389 -0,412
3 4,60 -0,350 -0,459 -0,520
4 6,90 -0,481 -0,505 -0,551
5 9,20 -0,534 -0,529 -0,552
6 11,50 -0,547 -0,529 -0,551
7 13,80 -0,527 -0,478 -0,552
8 16,10 -0,288 -0,350 -0,481
9 18,40 0,272 0,036 0,038
10 20,70 0,934 0,560 0,613
11 23,00 1,172 0,781 0,828
12 25,40 0,927 0,541 0,588
13 27,80 0,218 0,141 0,069
14 30,20 -0,333 -0,100 -0,256
15 32,60 -0,541 -0,221 -0,257
16 35,00 -0,546 -0,262 -0,213
17 37,40 -0,542 -0,221 -0,149
18 39,80 -0,346 -0,100 -0,003
19 42,20 0,208 0,141 0,397
20 44,60 0,916 0,541 0,957
21 47,00 1,172 0,781 1,190
22 49,20 0,938 0,579 0,957
23 51,40 0,229 0,222 0,397
24 53,60 -0,285 -0,043 -0,003
25 55,80 -0,527 -0,207 -0,149
26 58,00 -0,547 -0,261 -0,213
27 60,20 -0,525 -0,207 -0,257
28 62,40 -0,268 -0,043 -0,256
29 64,60 0,290 0,222 0,069
30 66,80 0,950 0,579 0,588
31 69,00 1,172 0,781 0,828
32 71,30 0,934 0,586 0,613
33 73,60 0,273 0,082 0,038
34 75,90 -0,288 -0,316 -0,481
35 78,20 -0,527 -0,444 -0,552
36 80,50 -0,547 -0,523 -0,551
37 82,80 -0,535 -0,522 -0,552
38 85,10 -0,481 -0,497 -0,551
39 87,40 -0,350 -0,461 -0,520
40 89,70 -0,134 -0,377 -0,412
41 92,00 0,182 -0,295 -0,244
Capítulo 5 - Exemplos

87

O valor da força de protensão mínima obtida nesta dissertação é cerca de 10% inferior
a obtida no trabalho de Iunes, com excentricidades superiores em quase todas as seções.
Porém a proposta aqui apresentada ainda é bem diferente do projeto estrutural, apesar do valor
ligeiramente inferior da força de protensão.
Capítulo 5 - Exemplos

88

5.3 Exemplo 3

Este exemplo trata de um viaduto, localizado na rodovia BR – 101, no trecho Avenida


Brasil – Parada de Lucas. A Figura (5.24) ilustra o seu esquema estrutural, e a Figura (5.25) a
seção transversal da viga.

17.50 m 21.00 m 21.00 m 17.50 m

Figura (5.24) – Esquema estrutural do Exemplo 3


0.917

.20
.30.30
3.50 m 0.25 7.10 m 0.25 3.50 m

Figura (5.25) – Seção transversal da viga do Exemplo 3

Dados de projeto

· fck = 27 MPa
· raio de curvatura mínimo das parábolas: rmín = 12 m
· percentual de perdas diferidas a tempo infinito: 17% P0

· distância mínima entre o cabo e as fibras superior da viga: 17 cm


· distância mínima entre o cabo e as fibras inferior da viga: 16 cm
Capítulo 5 - Exemplos

89

5.3.1 Disposições gerais

Foram consideradas neste exemplo 41 seções para controle de excentricidade e tensões


em serviço, como mostra a Figura (5.26), e 39 seções para controle das tensões do estado
limite último, especificadas na Tabela (5.17).

S1 S6 S11 S16 S21 S26 S31 S36 S41

8.75 m 8.75 m 10.50 m 10.50 m 10.50 m 10.50 m 8.75 m 8.75 m

Figura (5.26) – Seções de Controle adotadas no Exemplo 3

Tabela (5.17) – Seções para verificação do ELU de flexão – Exemplo 3

Seção x(m) Seção x(m)


S2 1,75 S22 40,60
S3 3,50 S23 42,70
S4 5,25 S24 44,80
S5 7,00 S25 46,90
S6 8,75 S26 49,00
S7 10,50 S27 51,10
S8 12,25 S28 53,20
S9 14,00 S29 55,30
S10 15,75 S30 57,40
S11 17,50 S31 59,50
S12 19,60 S32 61,25
S13 21,70 S33 63,00
S14 23,80 S34 64,75
S15 25,90 S35 66,50
S16 28,00 S36 68,25
S17 30,10 S37 70,00
S18 32,20 S38 71,75
S19 34,30 S39 73,50
S20 36,40 S40 75,25
S21 38,50
Capítulo 5 - Exemplos

90

A Tabela (5.18) apresenta os valores característicos das ações consideradas para este
exemplo.

Tabela (5.18) – Ações consideradas no Exemplo 3

Ações t=0 t=¥


Carregamento Uniforme (KN/m) Carregamento Uniforme (KN/m)

Permanentes (Gk) 229,07 255,07


Sobrecarga (Qk) 0,00 Trem tipo classe 36

Novamente, no ELS, foram consideradas três fases de carregamento: na primeira, em


t=0, imediatamente após a protensão, atua o carregamento permanente; na segunda, em t=¥,
considera-se a envoltória de momentos máximos; e na terceira, também em t=¥, considera-se
a envoltória de momentos mínimos.

Para este exemplo, tem-se os seguintes limites de tensões, considerando positivas as


tensões de compressão :

· Estado Limite de Descompressão : s³0


· Estado Limite de Formação de Fissuras : s ³ -2,78 MPa
· Verificação da Tensão Máxima de Compressão: s £ 18,90 MPa

5.3.2 Exemplo 3.1

Para as primeiras análises do exemplo 3 o cabo foi segmentado em 18 trechos, tendo


os pontos de tangência apresentados na Figura (5.27).
Capítulo 5 - Exemplos

91

S1 S6 S11 S16 S21 S26 S31 S36 S41

8.75 m 8.75 m 10.50 m 10.50 m 10.50 m 10.50 m 8.75 m 8.75 m

Figura (5.27) – Parábolas adotadas na primeira análise do Exemplo 3

Descrição do problema
ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 55 91
· nº de restrições de igualdade 34 70
· nº de restrições de desigualdade 592 700
· nº total de restrições 626 770

Já que neste exemplo a viga possui estrutura e carregamentos simétricos procedeu-se


como no exemplo 1: “impondo” simetria também do traçado do cabo. Desta forma o
programa desenvolvido pergunta ao usuário se a viga é simétrica e procede da seguinte
maneira: se a resposta é afirmativa faz a análise da estrutura para a viga toda e escreve as
variáveis e restrições só para metade dela, lembrando da condição de tangente nula na seção
de simetria.

Descrição do problema simétrico


ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 28 46
· nº de restrições de igualdade 17 35
· nº de restrições de desigualdade 303 357
· nº total de restrições 320 392
Capítulo 5 - Exemplos

92

Os valores iniciais das variáveis de projeto adotados na proposta 1, que considera


somente ELS foram:

P0 = 20000 KN

a i = 0,00

bi = 0,00

ci = 0,00 i = 1, (nº parábolas)

Já a proposta 2 teve como ponto de partida no algoritmo de otimização o resultado


obtido na proposta 1, com as seguintes variáveis adicionais:

kx j * = 0,25 j * = 1, (nº seções ELU)

Na verificação da segurança da estrutura em relação ao estado limite de utilização


considerou-se inicialmente protensão completa.
Os resultados podem ser observados na Figura (5.28) e na Tabela (5.19).
A proposta 1 convergiu após 29 iterações do algoritmo de otimização, enquanto a
proposta 2 precisou de 3 iterações para convergência.

0,300
0,200
0,100
Excentricidades (m)

0,000
-0,1000,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00

-0,200
-0,300
-0,400
Distância das Seções (m)
Proposta 1 - ELS - Protensão Completa (P=29460 KN)

Proposta 2 - ELS e ELU - Protensão Completa (P=30167 KN)

Figura (5.28) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em 18


trechos de parábola – Exemplo 3.1
Capítulo 5 - Exemplos

93

Tabela (5.19) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão


discretizado em 18 trechos de parábola - Exemplo 3.1

Seção x (m) Proposta 1 – ELS Proposta 2 - ELS e ELU


Protensão Completa Protensão Completa
(P=29460 KN) (P=30167 KN)
1 0,00 0,117 0,114
2 1,75 -0,101 -0,104
3 3,50 -0,250 -0,252
4 5,25 -0,329 -0,330
5 7,00 -0,339 -0,338
6 8,75 -0,300 -0,296
7 10,50 -0,231 -0,227
8 12,25 -0,133 -0,129
9 14,00 -0,004 -0,001
10 15,75 0,158 0,160
11 17,50 0,248 0,254
12 19,60 0,133 0,130
13 21,70 -0,069 -0,074
14 23,80 -0,218 -0,222
15 25,90 -0,308 -0,310
16 28,00 -0,339 -0,339
17 30,10 -0,308 -0,310
18 32,20 -0,217 -0,221
19 34,30 -0,068 -0,072
20 36,40 0,134 0,132
21 38,50 0,235 0,236

Com a análise dos resultados vê-se que o estado limite de descompressão nos instantes
t=0 e t=¥ estão ativos na fibra inferior da seção 1, na proposta 1. Na proposta 2 estão ativas as
restrições relativas à normal resistente no ELU. Estas últimas são as restrições que conduzem
o processo de otimização desta proposta.
Observando a Figura (5.27) percebe-se que os traçados são muito próximos, porém o
valor da força de protensão é superior na proposta 2 para atender às exigências do ELU de
flexão.
Capítulo 5 - Exemplos

94

Ainda neste exemplo 3.1 considerou-se protensão limitada na verificação da segurança


da estrutura em relação ao estado limite em serviço.
Os valores iniciais das variáveis de projeto foram os mesmos adotados anteriormente.
Os traçados foram obtidos após 3 iterações do algoritmo de otimização.
Os resultados estão apresentados na Figura (5.29) e Tabela (5.20) a seguir.

0,300
0,200
0,100
Excentricidades (m)

0,000
-0,1000,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00

-0,200
-0,300
-0,400
Distância das Seções (m)

Proposta 3 - ELS - Protensão Limitada (P=21900 KN)


Proposta 4 - ELS e ELU - Protensão Limitada (P=28718 KN)

Figura (5.29) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em 18 trechos de


parábola considerando protensão limitada – Exemplo 3.1

Tabela (5.20) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão discretizado
em 18 trechos de parábola adotando protensão limitada – Exemplo 3.1

Seção x (m) Proposta 3 - ELS Proposta 4 - ELS e ELU


Protensão Limitada Protensão Limitada
(P=21900 KN) (P=28718 KN)
1 0,00 -0,138 0,114
2 1,75 -0,207 -0,102
3 3,50 -0,264 -0,250
4 5,25 -0,308 -0,329
5 7,00 -0,339 -0,339
6 8,75 -0,339 -0,302
7 10,50 -0,290 -0,235
8 12,25 -0,190 -0,140
9 14,00 -0,044 -0,011
10 15,75 0,143 0,155
11 17,50 0,243 0,249
12 19,60 0,087 0,135
Capítulo 5 - Exemplos

95

13 21,70 -0,188 -0,061


14 23,80 -0,302 -0,208
15 25,90 -0,328 -0,298
16 28,00 -0,338 -0,328
17 30,10 -0,328 -0,298
18 32,20 -0,299 -0,207
19 34,30 -0,195 -0,056
20 36,40 0,069 0,145
21 38,50 0,241 0,249

O algoritmo de comporta muito bem na proposta 3, estando ativas as restrições de


tangência das parábolas. Já na proposta 4 estão ativas as restrições do ELU relativas à normal
resistente.
Observando os resultados vê-se que o valor da força de protensão é muito superior na
proposta que considera o ELU, enquanto o seu traçado possui excentricidades superiores nas
seções de momento negativo.

5.3.3 Exemplo 3.2

Numa segunda modelagem o cabo de protensão foi segmentado em 40 trechos de


parábolas, tendo um ponto de tangência em cada seção de controle considerada, conforme
Figura (5.30).

S1 S6 S11 S16 S21 S26 S31 S36 S41

8.75 m 8.75 m 10.50 m 10.50 m 10.50 m 10.50 m 8.75 m 8.75 m

Figura (5.30) – Parábolas adotadas na segunda análise do Exemplo 3


Capítulo 5 - Exemplos

96

Descrição do problema
ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 121 161
· nº de restrições de igualdade 78 118
· nº de restrições de desigualdade 614 734
· nº total de restrições 692 852

Como na análise anterior este modelo foi processado considerando o cabo de


protensão simétrico. Com isso o número de variáveis e restrições do problema ficou bastante
reduzido, propiciando maior eficiência do algoritmo de otimização.

Descrição do problema simétrico


ELS ELS e ELU
· nº de variáveis de projeto 61 81
· nº de restrições de igualdade 39 59
· nº de restrições de desigualdade 314 374
· nº total de restrições 353 433

Os valores iniciais das variáveis de projeto da proposta 5, que considera apenas o


estado limite de utilização foram:

P0 = 20000 KN

a i = 0,00

bi = 0,00

ci = 0,00 i = 1, (nº parábolas)


Capítulo 5 - Exemplos

97

Já a proposta 6 teve como traçado inicial o resultante da proposta 5, com as variáveis


relativas ao ELU com o seguinte valor inicial:

kx j * = 0,32 j * = 1, (nº seções ELU)

Como a análise anterior considerou-se inicialmente a protensão completa na


verificação da segurança da estrutura em relação ao estado limite de utilização.

Os resultados podem ser conferidos na Figura (5.31) e Tabela (5.21).


Como informação adicional pode-se dizer que a proposta 5 foi atingida após 12
iterações do algoritmo de otimização, enquanto a proposta 6 após 7 iterações.

0,300
0,200
0,100
Excentricidades (m)

0,000
-0,1000,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00

-0,200
-0,300
-0,400
Distância das Seções (m)
Proposta 5 - ELS - Protensão Completa (P=28320 KN)

Proposta 6 - ELS e ELU - Protensão Completa (P=29859 KN)

Figura (5.31) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em


40 trechos de parábola – Exemplo 3.2
Capítulo 5 - Exemplos

98

Tabela (5.21) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão


discretizado em 40 trechos de parábola – Exemplo 3.2

Seção x (m) Proposta 5 - ELS Proposta 6 - ELS e ELU


Protensão Completa Protensão Completa
(P=28320 KN) (P=29859 KN)
1 0,00 0,128 -0,116
2 1,75 -0,062 -0,265
3 3,50 -0,189 -0,291
4 5,25 -0,263 -0,320
5 7,00 -0,298 -0,329
6 8,75 -0,290 -0,286
7 10,50 -0,238 -0,186
8 12,25 -0,150 -0,051
9 14,00 -0,027 0,090
10 15,75 0,119 0,203
11 17,50 0,244 0,250
12 19,60 0,124 0,154
13 21,70 -0,164 -0,049
14 23,80 -0,300 -0,228
15 25,90 -0,311 -0,321
16 28,00 -0,339 -0,339
17 30,10 -0,339 -0,301
18 32,20 -0,240 -0,190
19 34,30 -0,099 -0,014
20 36,40 0,097 0,165
21 38,50 0,262 0,244

As restrições ativas neste exemplo são praticamente as mesmas do exemplo 3.1,


incluindo estado limite de descompressão em mais algumas seções.
Analisando os resultados observa-se que o traçado que inclui a verificação do ELU é
mais suave, tendo o valor da força de protensão um pouco superior, em atendimento às
restrições do ELU.

A análise agora considera na verificação da segurança da estrutura em relação ao


estado limite de utilização, protensão limitada.
Os valores iniciais da força de protensão e dos parâmetros dos trechos de parábola
adotados para a proposta 7, que só considera o ELS, foram:
Capítulo 5 - Exemplos

99

P0 = 20000 KN

a i = 0,00

bi = 0,00

ci = 0,00 i = 1, (nº parábolas)

Já a proposta que considera o ELU, a proposta 8, foi avaliada a partir dos resultados da
proposta 7 com as seguintes alterações/inclusões nos valores iniciais das variáveis de projeto:

P0 = 30000 KN

kx j * = 0,32 j * = 1, (nº seções ELU)

Os resultados obtidos podem ser visualizados na Figura (5.32) e Tabela (5.22).


A proposta 7 atingiu a convergência depois de 2 iterações do algoritmo de otimização.
Já a proposta 8 convergiu após 6 iterações.

0,300
0,200
0,100
Excentricidades (m)

0,000
-0,1000,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00

-0,200
-0,300
-0,400
Distância das Seções (m)
Proposta 7 - ELS - Protensão Limitada (P=20840 KN)

Proposta 8 - ELS e ELU - Protensão Limitada (P=29457 KN)

Figura (5.32) – Traçado resultante do cabo médio de protensão discretizado em 40


trechos de parábola considerando protensão limitada – Exemplo (3.2)
Capítulo 5 - Exemplos

100

Tabela (5.22) – Valor das excentricidades resultantes do cabo médio de protensão discretizado
em 40 trechos de parábola adotando protensão limitada – Exemplo 3.2

Seção x (m) Proposta 7 - ELS Proposta 8 - ELS e ELU


Protensão Limitada Protensão Limitada
(P=20840 KN) (P=29457 KN)
1 0,00 -0,122 -0,103
2 1,75 -0,267 -0,257
3 3,50 -0,301 -0,294
4 5,25 -0,339 -0,331
5 7,00 -0,336 -0,339
6 8,75 -0,279 -0,295
7 10,50 -0,170 -0,194
8 12,25 -0,033 -0,060
9 14,00 0,104 0,072
10 15,75 0,209 0,192
11 17,50 0,249 0,248
12 19,60 0,153 0,149
13 21,70 -0,048 -0,051
14 23,80 -0,218 -0,208
15 25,90 -0,314 -0,290
16 28,00 -0,339 -0,310
17 30,10 -0,296 -0,270
18 32,20 -0,176 -0,159
19 34,30 0,004 0,012
20 36,40 0,175 0,175
21 38,50 0,257 0,235

Comparando os resultados observa-se que os traçados são bem próximos. A diferença


está no valor cerca de 50% superior da força de protensão na proposta que considera o ELU de
flexão.

É interessante notar que os traçados das propostas 5, 6, 7 e 8 apresentam inversões de


curvatura em alguns trechos. Este fato se deve à grande flexibilidade concedida ao cabo, com
a consideração de 40 trechos de parábola na sua discretização.

Com a finalidade de comparar agora o traçado do projeto estrutural, a proposta


apresentada por Iunes [13], a proposta apresentada por Almeida [06], e a proposta desta
dissertação, temos a Figura (5.33) e Tabela (5.23).
Capítulo 5 - Exemplos

101

0,300
0,200
0,100
Excentricidades (m)

0,000
-0,1000,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00

-0,200
-0,300
-0,400
Distância das Seções (m) Projeto Estrutural (P=33600.90 KN)
Proposta Iunes LINDO (P=30763.35 KN)
Proposta - ELS e ELU - Protensão Limitada (P=28718 KN)
Proposta Almeida LINGO

Figura (5.33) – Comparação entre traçados do cabo médio de protensão

Tabela (5.23) – Comparação entre excentricidades do cabo médio de protensão

Seção x (m) Projeto Estrutural Proposta Iunes Proposta - ELS e ELU Proposta
(P=33600.90 KN) LINDO Protensão Limitada Almeida
(P=30763.35 KN) (P=28718 KN) LINGO
1 0,00 -0,115 -0,115 0,114 -0,214
2 1,75 -0,215 -0,203 -0,102 -0,247
3 3,50 -0,286 -0,269 -0,250 -0,281
4 5,25 -0,329 -0,314 -0,329 -0,315
5 7,00 -0,344 -0,338 -0,339 -0,348
6 8,75 -0,311 -0,332 -0,302 -0,348
7 10,50 -0,213 -0,290 -0,235 -0,281
8 12,25 -0,049 -0,212 -0,140 -0,147
9 14,00 0,115 -0,078 -0,011 0,023
10 15,75 0,214 0,130 0,155 0,196
11 17,50 0,246 0,253 0,249 0,242
12 19,60 0,199 0,104 0,135 0,030
13 21,70 0,058 -0,138 -0,061 -0,222
14 23,80 -0,155 -0,268 -0,208 -0,327
15 25,90 -0,296 -0,325 -0,298 -0,348
16 28,00 -0,344 -0,344 -0,328 -0,348
17 30,10 -0,296 -0,325 -0,298 -0,327
18 32,20 -0,155 -0,268 -0,207 -0,286
19 34,30 0,058 -0,137 -0,056 -0,168
20 36,40 0,199 0,104 0,145 0,083
21 38,50 0,246 0,253 0,249 0,242
Capítulo 5 - Exemplos

102

O resultado obtido neste trabalho, escolhido para efeito de comparação, foi a proposta
que considera as verificações do estado limite último de flexão e estado limite de utilização,
com a consideração da protensão limitada na verificação da segurança em serviço, e o cabo
discretizado em 18 trechos de parábola.
A proposta de Iunes foi obtida através do programa comercial de otimização linear
LINDO; e considera a protensão completa na verificação da segurança em relação ao estado
limite de utilização. A proposta de Almeida [06] foi obtida também através da utilização de
um programa comercial, mas de otimização não-linear, o LINGO; adota protensão limitada na
verificação da segurança em serviço; e não considera as perdas por atrito. Ambos não
consideram a verificação do estado limite último em suas formulações.
Comparando os valores da força de protensão otimizada observa-se que a inferior
corresponde ao traçado proposto nesta dissertação, com um traçado bem próximo do traçado
do projeto estrutural.
As propostas de Iunes e Almeida estão bem próximas. Infelizmente o valor da força de
protensão do traçado proposto por Almeida não é conhecido, mas deve ser bem próximo
também ao valor do traçado proposto por Iunes.
Uma otimização mais eficiente deste exemplo obtida nesta dissertação pode estar
relacionada ao algoritmo de programação matemático utilizado.
Capítulo 6

Conclusões

A aplicação de programação matemática na solução de diversos problemas vem se


desenvolvendo muito nos últimos tempos, não só na área de engenharia civil, mas também em
outras áreas da engenharia, na área de administração, de transportes, etc. Este fato evidencia a
importância da área de otimização para a melhoria da qualidade de projetos em geral,
reduzindo custos, aumentando a eficiência e satisfazendo um mercado cada vez mais
competitivo e exigente.
O objetivo desta dissertação foi contribuir para a fase de anteprojeto de estruturas de
concreto protendido, através da otimização do traçado do cabo médio de protensão. Para isso
foi apresentada uma formulação do problema de programação matemática de otimização do
traçado do cabo em vigas protendidas, isostáticas e hiperestáticas. As principais contribuições
deste trabalho para esta linha de pesquisa do DEC da PUC - Rio, iniciada por Iunes[13],
foram: a introdução da verificação do estado limite último, em algumas seções previamente
definidas; e a implementação de um programa computacional integrando o algoritmo de
análise da estrutura e o algoritmo de programação matemática, o otimizador propriamente
dito. Esta última contribuição permitiu consolidar, num único programa principal que controla
várias subrotinas, todas as etapas do processo: análise da estrutura, cálculo da função objetivo
e restrições, análise de sensibilidade e otimização, ou seja, em cada iteração todas essas
operações são realizadas sob controle de um único programa.
O algoritmo de otimização utilizado foi o de Han-Powell, de programação quadrática
recursiva. Um ponto importante a ser observado é a solução obtida depende de muitos fatores,
tais como: o grau de discretização do cabo de protensão, o traçado inicial do cabo, e a
localização dos pontos de concordância dos trechos de cabo considerados. Este fato torna
imprescindível a interferência do engenheiro de projeto na análise das soluções encontradas.
Vale ressaltar ainda a influência da discretização do cabo de protensão na solução
encontrada. Um cabo pouco discretizado torna o problema muito restrito, impedindo a
flexibilidade do traçado, e, consequentemente, forçando a elevação do valor da força de
protensão. O contrário também não é recomendado, ou seja, discretizar em excesso o cabo
Capítulo 6 – Conclusões e sugestões para trabalhos futuros 104

protendido, pois a melhoria no valor da força de protensão pode ser muito pequena e o custo
computacional extra despendido pode ser muito elevado.
A influência da verificação do estado limite último é evidenciada nos exemplos,
através do aumento do valor da força de protensão mínima, e da alteração do traçado do cabo,
tornando-se, muitas vezes, mais excêntrico em relação ao centro de gravidade da peça. No
entanto deve-se ressaltar a necessidade de se incorporar à implementação, a consideração do
aço de concreto armado (armadura “frouxa”), no intuito de aproximar mais a implementação
computacional desenvolvida aqui, da realidade de projetos em concreto protendido.
Finalmente fica claro que mesmo tendo incorporado ao problema a verificação do
estado limite último de flexão em determinadas seções, devem ser feitas verificações
adicionais em situações reais de projeto, tendo em vista os aspectos relacionados às perdas de
protensão, imediatas e diferidas no tempo, e os aspectos construtivos.

Sugestões para trabalhos futuros

Sugere-se, para desenvolvimento em trabalhos futuros, a incorporação do cálculo das


perdas imediatas e diferidas no tempo, já implementadas por Almeida[06], à esta formulação
que considera a verificação do estado limite último.
Seria bastante interessante também a consideração de outras variáveis de projeto como
variáveis do problema de otimização, tais como : altura útil efetiva da seção da viga; número
de trechos que constituem o cabo protendido; além dos pontos de concordância destes trechos.
A introdução destas variáveis possibilitaria maior liberdade de otimização e melhoraria a
qualidade dos resultados obtidos.
Também poderiam ser incorporados outros estados limites que influenciam no traçado
do cabo, tal como o estado limite de deformação. A consideração do efeito cortante seria outra
contribuição interessante.
Outra contribuição importante seria a consideração de vários cabos protendidos, invés
de um cabo médio.
Finalmente sugere-se, para trabalhos futuros, a consideração da armadura “frouxa”,
necessária em projetos reais de concreto protendido. Esta armadura poderia ser incorporada à
função objetivo, ou seja, ao custo do projeto, e ao vetor de variáveis de projeto, e aproximaria
este estudo à situação real.
Referências Bibliográficas

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Procedimento.
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[03] ABNT - NBR 7188 (1984) - Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestre.
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[12] Householder, A S. (1958) – “Unitary Triangularization of a Nonsymmetric Matrix”- J.
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[13] Iunes, Y. B. F. (1998) , “Traçado Ótimo de Cabos em Vigas de Concreto Protendido”.
Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: PUC.
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Sciences, Edts. Dantzig, G. B. Yenott, A F., pp.95 – 114.
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Referências Bibliográficas 106

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[18] Pfeil, W. (1982), “Concreto Protendido 2 - Processos Construtivos, Perdas de
Protensão”, Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 2ª Edição, Rio de Janeiro.
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[21] Werner, H. (1974) – “Schiefe Biegung Polygonal umrandeter Stahlbetonquerschinitte”,
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