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ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA DO NAMIBE

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

Trabalho de Fim de Curso de Licenciatura em Engenharia Eléctrica

A co-geração e a sua inserção ao sistema eléctrico de Moçâmedes

Apresentado por:

Loide Isabel Pascoal Benguela

Nº de Registro:

Moçâmedes, 2020

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ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA DO NAMIBE

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

Trabalho de Fim de Curso de Licenciatura em Engenharia Eléctrica

A co-geração e a sua inserção ao sistema eléctrico de Moçambedes

Apresentado por:

Loide Isabel Pascoal Benguela

Nº de Registro:

Orientador: Msc Edmir.

Moçâmedes, 2020

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PENSAMENTO

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DEDICATÓRIA:

Dedico este trabalho a Deus e a minha família.

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Agradecimentos:

Sendo que, a presente monografia representa o final de mais um ciclo da minha vida,
não posso deixar de expressar o meu profundo agradecimento, em primeiro lugar a Deus o
dono da minha vida o criador do mundo.
Os meus maiores agradecimentos à minha família pelo apoio e motivação que me têm
dedicado, Sinto-me grata pelo facto de terem sempre, apostado e confiado em mim e por me
terem proporcionado a melhor formação e educação possível.
Um obrigado, também, ao meu grande amigo Dorildo Noé Moaris Albino João, pela
ajuda e compreensão ao longo desta etapa gostaria, ainda, de agradecer ao meu orientador,
Professor Edmir, a oportunidade concedida para a realização deste trabalho, assim como toda
a orientação facultada.

Estou também grato aos meus queridos colegas do curso de Electricidade, os quais
tornaram os dias compartilhados mais alegres e divertidos.

A todos os parentes, amigos, vizinhos, que contribuíram para amenizar esta etapa e
para que a realização deste trabalho fosse possível.

Muitíssimo Obrigada!

5
Resumo:

Palavras chave:.

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Abstract:
Keywords:

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ÍNDICE

Introdução...................................................................................................................................1

Lista de figurasLista de tabelas:

Lista de símbolos, abreviaturas e siglas:

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9
Introdução

A partir da década de 70, o mundo tomou consciência de que os recursos energéticos são
finitos e que uma política de racionalização da utilização da energia seria necessária, nesta
década ocorreram duas crises internacionais do petróleo a primeira em 1973 e a segunda em
1979 elas atingiram quase todo país com excepção de Estados Unidos e o Brasil daí começou
a surgir programas de racionalização do uso de energia (Santos & Novo,2008).

Segundo Santos & Novo, (2008) muitos países criaram seus programas de conservação
de energia visando diminuir o consumo e a dependência do petróleo e também combater o
desperdício de energia. A co-geração se encaixou perfeitamente nessa nova visão, já que seu
processamento apresenta óptima eficiência e com produção eléctrica confiável.

A co-geração é um tipo de geração distribuída de energia eléctrica, por conseguinte,


ela pode propiciar economias nos investimentos do sector eléctrico em redes de transmissão e
distribuição, além de reduções nas perdas a co-geração também proporciona reduções nas
emissões de poluentes para a atmosfera, comparando-se com as produções separadas das
mesmas quantidades de energia térmica e eléctrica (Marcelo, 2015).

A co-geração pode ser então definida como um processo de produção e exploração


simultânea de duas fontes de energia, eléctrica (ou mecânica) e térmica, a partir de um sistema
que utiliza o mesmo combustível permitindo a optimização e o acréscimo de eficiência nos
sistemas de conversão e utilização de energia. Num sistema de co-geração podemos atingir

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rendimentos globais entre 70 a 90%. Uma das vantagens desta produção, são os benefícios em
custo para o proprietário e para o país (Marcelo, 2015).

A economia de recursos energéticos trazida pelo processo da co-geração é apenas um


dos factores influentes na sua viabilidade. A racionalização da co-geração reside,
essencialmente, na economia de recursos energéticos a uma configuração convencional que
produza as mesmas quantidades de calor útil e trabalho, este geralmente convertido energia
eléctrica ou mecânica (Barja, 2006)

A co-geração é a produção combinada de energia eléctrica e de energia térmica, sendo


para esse efeito, usada uma única fonte de combustível. São vários os combustíveis que
podem ser utilizados nesta tecnologia, dos quais se destacam, gás natural, gás propano,
fuelóleo, biomassa, resíduos industrias, entre outros. O calor produzido pode ser manuseado
sob diversas formas, incluindo água quente, vapor, e ar quente, podendo este ser utilizado em
processos industrias, no campo da climatização de espaços, sistemas aquecimento ventilação e
ar condicionado (AVAC) ou ainda no aquecimento de águas sanitárias (AQS) (Bertinitti,
2016)

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ÂMBITO E JUSTIFICAÇÃO DO ESTUDO.

As centrais termoeléctricas convencionais convertem apenas 1/3 da energia do


combustível em energia eléctrica o restante são perdas sob a forma de calor, é importante
aumentar a eficiência do processo de produção de electricidade,ícios financeiros e ambientais.
As centrais térmicas que abastecem o sistema eléctrico de moçâmedes utilizam como
fontes primária os combustíveis fosse e não utilizam a co-geração para o aproveitamento das
perdas em forma de calor resultante do processo da produção de energia. Neste contexto essa
investigação tem como premissa mostrar a importância da inserção dos sistemas de co-
geração na matriz energetica do municipio do ponto de vista técnico, económico e ambiental.
Com relação às questões técnicas, propõe descrever as principais tecnologias disponíveis para
co-geração e possíveis tecnologias que poderiam contribuir para o aperfeiçoamento
tecnológico dos sistemas já existentes. Do ponto de vista económico aumentando a eficiência
do sistema transformando as perdas em energia eléctrica e do ponto de vista ambiental a
diminição de poluentes ao meio ambiente.

APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DA INVESTIGAÇÃO

 Como aumentar a eficiência energética da central térmica do Xitoto II de


Moçâmedes?
 Aplicação da co-geração na central eléctrica do Xitoto II para aumento da sua
eficiência

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
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 Apresentar uma revisão bibliográfica sobre a temática
 Estudar os tipos de co-geração
 Apresentar uma metodologia para aplicação da co-geração na central térmica do
Xitoto II;
 Mostrar a importância da implementação da co-Geração em centrais térmicas;
 Aproveitamento das perdas para produzir energia;
 Reduzir os custos produção de energia;
 Aumentar a eficiência energética do sistema de produção de energia de Moçâmedes,

OBJETO DE ESTUDO

Co-Geração

CAMPO DE ACÇÃO

Central térmica do Xitoto II

IDEIA A DEFENDER

Aplicar a co-geração para Transformar as perdas em energia utilizável

RESULTADOS A ESPERAR

 Maior aproveitamento da energia disponível no combustível

Estrutura do trabalho:

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Capítulo I - Revisão da literatura e princípios teóricos sobre a co-
geração
1.1- Historial da co-geração

Os primeiros sinais da co-geração podem ser identificados já no século XIV, quando


sistemas de elevação a partir de gases quentes (Smokejacks) teriam sido introduzidos na
Europa e constam de ilustrações alemãs datadas de 1350. Esses sistemas consistem
basicamente de uma turbina movida por gases quentes escoando por uma chaminé, o
movimento de rotação da turbina é transmitido através de um eixo para um outro sistema
acoplado através de engrenagens, o qual transmite este movimento de rotação para o sistema
de elevação (Reis, 2006).

Na Europa, durante as décadas de 20 e 30, houve um maior desenvolvimento dos


sistemas de co-geração para a calefacção de ambiente, isto principalmente nos países situados
ao norte, como a União Soviética, que apresentam temperatura extremamente baixa no
inverno (Santos & Novo, 2008).

Nos Estados Unidos, o motivo do desenvolvimento da co-geração foi outro, como os


sistemas de distribuição de energia eléctrica por grandes fornecedores ainda não estavam
totalmente implementados, alguns pequenos e médio consumidores de energia eléctrica
passaram a possuir gerações próprias utilizando centras de co-geração. Até a década de 40, a
co-geração era responsável por 50% de energia eléctrica produzida nos Estados Unidos, no
entanto a partir da década 40 com o desenvolvimento de novas tecnologias novos conceitos de
geração e interligação de sistema eléctrico surgiram, houve a instalação das grandes centras
de energia eléctricas (hidroeléctrica e termoeléctrica- nuclear movidas a carvão, a gás natural
ou a óleo combustíveis) que passaram a fornecer energia abundantes e barata, Com isto, os
sistemas de co-geração foram aos poucos perdendo a sua importância, Já no início da década
de 70 a co-geração produzia apenas 3% da electricidade gerada nos Estados Unidos (Santos &
Novo,2008).

Quando começaram a ser construídas as centrais termoeléctricas com infrasestruturas


de apoio dignas de confianças os custos da electricidade baixaram, muitas das indústrias
começaram a comprar essa electricidade deixando de a produzir. O resultado foi uma
diminuição drástica do uso da co-geração nas indústrias americanas. Outro factor que

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contribuiu para o declínio da co-geração industrial foi a regulamentação do sector energético
(Silva & Mendonça, 2003).

Actualmente na Dinamarca, um dos países com a melhor qualidade de vida do mundo


qualquer projecto de implantação de novas usinas geradoras deve ser de sistema de co-
geração ou de sistema de que utilizam fonte de energia alternativa (como a energia solar e a
energia eólica), lá existem diversas centrais distritais de co-geração que suprem a necessidade
de produção de energia eléctrica e de aquecimento de residências (produção de água quente)
(Santos & Novo, 2008).

A co-geração como tecnologia já é utilizada desde as duas últimas décadas do século


XIX, sendo que no início do século XXI, a participação dessa tecnologia representava 60% da
demanda industrial de energia eléctrica nos Estados Unidos (Reis, 2006).

A co-geração pode ser definida como a produção combinada de energia eléctrica e de


energia térmica, sendo para esse efeito usada uma única fonte de combustível. São vários os
combustíveis que podem ser utilizados nesta tecnologia, dos quais se destacam: o gás natural,
gás propano, fuelóleo, biomassa, resíduos industriais, entre outros.

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Figura 1.1 – Comparação entre o sistema convencional de produção de electricidade e calor e o
sistema de co-geração. Fonte: Delgada (2016).

2 - A co-geração em Angola
Em Angola a aplicação da co-geração, tanto em sistemas industriais bem como em
centrais térmicas de geração de energia eléctrica, é ainda pouco verificada, somente a empresa
Biocom (Companhia de Bioenergia de Angola), um dos maiores investimentos privado de
Angola fora do sector petrolífero, é uma indústria de processamento da cana-de-açúcar para a
produção de açúcar, que na safra de 2016/2017 das 47 mil toneladas de açúcar produzidas
resultou na produção de 16 mil metros cúbicos de etanol e garantiu a co-geração de 155 mil
megawatts de energia (Companhia de Bioenergia de Angola, 2016).

3 - Tipos de co-geração

Segundo Silva & Mendonça (2003) os sistemas de co-geração em função da sequência


relativa a geração de energia electromecânica para térmica podem ser caracterizados tanto
como topping systems (geração anterior de energia electromecânica) ou bottoming systems
(geração posterior de energia electromecânica).

3.1 - Topping: da energia disponibilizada pelo combustível, o primeiro aproveitamento se dá


para geração de energia electromecânica (altas temperaturas), e em seguida para o
aproveitamento.

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Figura 1.2 - Co-geração do tipo topping. Fonte: Barga (2006)
3.2 - Bottoming: quando, da energia disponibilizada pelo combustível, o primeiro
aproveitamento se dá para o aproveitamento de calor útil e elevadas temperaturas, e em
seguida para geração de energia electromecânica.

Figura 1.3 Co-


geração do tipo Bottoming. Fonte: Barja (2006)

Figura 1.4 - Faixa


típica de temperatura para os sistemas de co-geração em topping e em bottoming. Fonte: Silva
& Mendonça (2003).
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Os ciclos bottoming são aqueles nos quais ocorre a recuperação directa do calor
residual (descarregado para a atmosfera) para a produção de vapor e energia mecânica ou
eléctrica, normalmente em turbinas a vapor de condensação ou contrapressão. Nessa
técnologia, primeiro a energia térmica é utilizada no processo e a energia contida nos gases de
exaustão é utilizada para a produção de energia eléctrica ou mecânica (Silva et al., 2005).

As instalações do tipo bottoming são uma modalidade menos comum de co-geração,


em que o calor a altas temperaturas, rejeitado por processos industriais, é aproveitado para
gerar energia mecânica/eléctrica. As tecnologias de co-geração bottoming concorrem com
técnicas de conservação de energia que promovem a recuperação de calor residual. Aí se
encontra um fator limitante a determinados segmentos industriais, onde o calor residual é
pequeno ou de difícil recuperação e também pela limitação da geração de potência. O uso de
turbinas a vapor com injecção adicional de vapor é uma solução tecnológica bastante
satisfatória para contornar a limitação na geração de potência (Clementino, 2001, como citado
em Barbeli, 2015).

Segundo Silva et al. (2005), os ciclos topping são aqueles nos quais os gases de
combustão, a uma temperatura mais elevada, são utilizados para geração de electricidade ou
de energia mecânica. O calor rejeitado pelo sistema de geração de potência é utilizado para
atender aos requisitos de energia térmica do processo. Esse tipo de co-geração produz energia
elétrica ou mecânica para depois recuperar calor, fornecido geralmente na forma de vapor
para o processo (podendo também fornecer água quente ou fria e ar quente ou frio). Essa é a
configuração mais comum dos processos de co-geração.

Segundo Clementino (2001, como citado em Barbeli, 2015) os ciclos topping


consistem basicamente na produção de energia mecânica por uma máquina térmica que rejeita
calor para um processo industrial qualquer. São técnicamente possíveis ciclos topping
utilizando turbinas a vapor, turbinas a gás, motores de combustão interna (normalmente
motores diesel) ou combinação de turbina a gás com turbina a vapor, também conhecido
como ciclo combinado.

1.4 - Ciclos termodinâmicos

Sitar mais de um altor A co-geração é a produção simultânea de diferentes formas de


energia útil, como a energia eléctrica/mecânica e térmica. Neste caso antes de começar a
explicar profundamente sobre a co-geração é necessário fazer uma revisão dos principais
ciclos termodinâmicos em que se fundamentam o princípio de funcionamento de centrais
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termoeléctricas (a vapor, gás ou ciclo combinado), visto que basicamente a co-geração é o
aproveitamento da energia em forma de calor para transformar em trabalho util. Os principais
ciclos termodinâmicos são:

1.4.1 - Ciclo otto

É um ciclo termodinâmico ideializado que descreve o funcionamento de um típico


motor de pistão de ignição com faísca. Este ciclo é mais comum em motores de automóveis e
centrais eléctricas com grupo gerador (motores de combustão interna), funcionando nos
chamados quatro tempos: admissão, compressão, combustão (explosão), exaustão (escape)
(p.t.wikipedia.org.com, acessado em 21 de Fevereiro de 2020).

Figura 1.5 – Ciclo otto a quatro tempos. Fonte: Sá (2012).

1.4.2 - Ciclo diesel

Este tipo de ciclo foi patenteado por Rudolf Diesel em 1900. É um ciclo
essencialmente caracterizado pela combustão ser causada pela compressão da mistura ar mais
combustível. O ar é admitido pela câmara no primeiro. No segundo ciclo, o pistão faz a
compressão dessa massa de ar e a término da compressão, injecta-se combustível sob pressão
no interior da câmara. Dada as altas temperaturas e pressão no interior da câmara, a mistura
sofre a explosão ao final do ciclo. A expansão do gás originário dessa explosão expande-se
originando o terceiro ciclo. Finalmente o gás
de resíduos da combustão é liberado
pelas válvulas, quando então, reinicia-
se o processo (p.t.wikipedia.org.com,
acessado em 21 de Fevereiro de 2020).

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Figura 1.6 - Exemplo do funcionamento do ciclo Diesel. Fonte: Wikipedia (2020).

1.4.3 - Ciclo de rankine

Neste tipo de ciclo o vapor superaquecido a alta pressão deixa a caldeira, que também
é chamada de gerador de vapor, e entra na turbina fazendo-a girar e realizar trabalho, o que
possibilita à turbina acionar o gerador eléctrico. O vapor a baixa pressão deixa a turbina e
entra no trocador de calor (condensador), onde ocorre a transferência de calor do vapor
(condensando-o) para a água de refrigeração. A pressão do condensador, na secção de
descarga do condensador, é aumentada na bomba, permitindo que o condensado escoe para o
gerador de vapor. Este ciclo é geralmente usado em centrais com tubinas a vapor (Oddone,
2001).

Figura 1.7 - Diagrama T-S do ciclo de Rankine e esquema de uma central com turbina a vapor. Fonte:
Sá (2012).

1.4.4 - Ciclo brayton

Estudado por George Brayton em 1874, este é um ciclo termodinâmico no qual a


adição de calor ocorre a pressão constante, utilizado no estudo de turbinas a gás. Podem ainda
ser de dois tipos: aberto á atmosfera e usando a câmara de combustão interna, e fechado

20
usando um trocador de calor (p.t.wikipedia.org.com, acessado em 21 de Fevereiro de 2020). È
composto por 4 processos:

1. Processo adiabático – compressão


2. Processo isobárico – adição de calor
3. Processo de adiabático – expansão
4. Processo isobárico – rejeição de calor

Figura 1.8 - Processo real de combustão interna de uma turbina a gás. Fonte: Sá (2012).

Capitulo II - Sistemas de co-geração


De acordo com Sá, (2012), um sistema de co-geração é mais eficiente do que um sistema
tradicional alternativo para obtenção do mesmo serviço de electricidade e calor, composto por
um sistema gerador eléctrico e por uma caldeira. Na figura 2.1 podemos ver uma comparação
21
entre o consumo de combustível da produção separada de calor e electricidade, o consumo de
combustível de uma central de co-geração, e o acréscimo no rendimento global do processo.

Figura 2.1 - Exemplo de comparação entre a comparação Convencional e a co-geração. Fonte:


(Sá, 2012).
A figura anterior pode observar-se que, para obtenção do mesmo produto final, os
sistemas de co-geração requerem apenas cerca de 65% da energia primária necessária num
sistema tradicional. Como consequência deste ganho de eficiência, advêm benefícios
ambientais significativos, decorrentes da diminuição das emissões poluentes por unidade de
energia útil produzida.
Uma co-geração será mais sustentável que um sistema convencional. Ambientalmente
melhor uma vez que para o mesmo consumo de energia eléctrica e térmica, emite menor
emissão de gases e menor consumo de combustíveis. Economicamente melhor, uma vez que
custa menos combustível para o mesmo consumo. Socialmente melhor, uma vez que optimiza
a descentralização de produção, fomentando o emprego e a partilha de informação.

2.1 - Tipos de sistemas de co-geração

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Em sistemas de co-geração de energia é possível se adoptar vários tipos de arranjos de
equipamentos, existe a possibilidade de se configurar sistemas simples, como aqueles com
caldeiras convecionais e turbinas a vapor de contrapressão, ou sistemas mais complexos,
composto por turbinas a gás e gaseificadores. Isso vai depender das necessidades do processo,
de condições pré-existentes na planta (Barbeli, 2015).

Figura 2.2 – Princípio de um Sistema co-geração. Fonte: Delgado (2016)

Segundo (Brandão, 2004) a parte básica de uma instalação de co-geracão é a máquina


que produz electricidade e energia térmica, está máquina caracteriza a instalação ou central de
co-geração. As tecnologias mais importantes e disponíveis no mercado para sistemas de co-
geração são:

Tecnologias convencionais
1. Turbinas de Gás (ciclo de Brayton)
2. Turbinas de vapor (Ciclo de Rankine)
3. Ciclo combinado
4. Motor alternativo de combustão interna (Ciclo diesel ou otto)

Tecnologias emergentes
1. Pilha de combustível
2. Micro-Turbina

1.1 - Sistemas de co-geração de turbina a gás

As turbinas a gás consistem em um tipo de motor térmico onde é produzido trabalho a


partir de um fluxo contínuo de gases quentes, provenientes da queima contínuas de um

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combustível. Estes sistemas de turbinas a gás é actualmente muito difundido nas instalações
onde há necessidade de calor residual para o processo ou de uma grande quantidade de
electricidade obtida em sistemas da co-geração que dispõe de gás natural.

O sistema de turbina a gás é constituído de uma forma geral pelos seguintes


elementos:

 Sistema de admissão de ar
 Dispositivo de compressão de ar (compressor)
 Camara de combustão
 Turbina de expansão
 Sistema de exaustão

Figura 2.3 Esquema de uma solução de co-geração baseada em uma turbina a gás. Fonte:
Delgado (2016).

Quanto ao funcionamento desta turbina pode-se dizer que neste tipo de sistema o ar
atmosférico é continuamente succionado pelo compressor, onde é comprimido para alta
pressão e posteriormente direccionado para a camera de combustão. O ar comprimido entra na
camera de combustão (ou combustor), onde é misturado com o combustível respectivo de
modo a ocorrer a combustão, resultando num fluxo contínuo de ar de elevada temperatura e
energia (gás de combustão). Os gases provenientes da combustão são direccionados para a
turbina, onde se expandem, extraindo assim a sua energia intrínseca, esta expanção na turbuna
permite accionar o compressor de ar e o dispositivo mecânico acoplado, que normalmente é
um gerador eléctrico (Monteiro, 2009).

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Com vista a maximizar a eficiência do sistema, o excesso de ar comprimido que não
foi usado na combustão (ar que não chegou a ser misturado ao combustível) é normalmente
usado no arrefecimento dos componentes das áreas quentes da turbina de gás. O fluxo de ar
usado na refrigeração na refrigeração do sistema é misturado aos gases de combustão
expandidos na turbina, sendo ao facto de serem relactivamente limpos e pouco
húmidos,podem ainda ser aproveitados para processos de secagem industrial e para a
produção de vapor de média pressão com vista ao accionamento de um chiller de absorção, ou
ainda para pré-aquecer o ar de combustão (Brandão, 2004).

Quanto a eficiência energetica desse tipo de sistema pode se considerar que é bastante
boa, o uso de turbinas a gás proporciona na cogeracao uma eficiência global de
aproximadamente 75% que se pode justificar do seguinte modo: da energia total intrínseca ao
combustível utilizado na combustão cerca de 30% é convertida em energia mecânica,
aproximadamente 50% encontra-se contida nos gases da exaustão (que são expulsos a
temperatura de 500 - 600ºC), parte da restante energia (cerca de 20%) é absorvida pelo
sistema de refrigeração sendo o resto perdido no meio ambiente (Brandão, 2004).

A obtenção de elevadas performances neste tipo de sistema traz problemas mecânicos


acrescidos, e a necessidade da realização de um estudo apuradao da constituição dos
compomentes do sistema. Este facto explica-se, uma vez que a performance é directamente
proporcionar à temperatura de trabalho e às altas relações de compressão (Brandão,2004).

O facto de se trabalhar com temperaturas elevadas e altas pressões implica o usso de


materias mas sofisticados,e a implementação de sistemas mais complexos, de modo a
maximizar a performance/rendimento do sistema (Brandão, 2004).

Em relação a esta tecnologia podemos referir que este tipo de co-geraçao é


habitualmente usado em sistemas de média e grande dimensão, onde são exigidas potências
no escalão entre os 40 kW e os 250 MW e em que as exigências de energias são constantes
(Brandão, 2004)

Vantagens
 Manutenção simples (menores tempos de paragem);
 Elevada fiabilidade;
 Baixa poluição ambiental;
 Não necessita de vigilância permanente;
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 Disponibiliza energia térmica a temperaturas elevadas (500% a 600%);
 Unidades compactas e de pequenos pesos;
 Arranque rápido;
 Baixo nível de vibrações;

Desvantagens
 Limitado a nível de variedade de combustível consumido;
 Tempo de vida útil culto;
 Ineficácias em processos com poucas necessidades térmica;
 Necessidade de uso de dispositivo anti-poeiras,anti-corrosão (em especial em
caso de pausas de funcionamento prolongados);

1.2 - Sistema de co-geração de Turbinas de vapor

O emprego de turbinas a vapor é a opção tecnológica mas difundida em indústrias e


em sistema de rede de calor, o vapor na faixa de 20 a 100 bar produzido em caldeiras, é
utilizado no accionamento de turbinas a vapor para geração de potência. O vapor de escape ou
de extracção na faixa de 2 a 20 bar é empregado como calor de processo (Brandão, 2004).

A co-geração com turbinas a vapor tem-se difundido principalmente na produção


centralizada de energia eléctrica nas grandes instalações (acima dos 20 MW), e em indústrias
onde são indispensáveis elevadas quantidades de vapor para o processo. Entre as quais se
destacam as indústriais de pasta de papel, refinação de petróleo, química pesada, entre outras.
A grande difusão dos sistemas de co-geração com turbinas a vapor pode ser parcialmente
atribuída às vantagens da longa vida útil e à adequação desses equipamentos ao uso de uma
grande variedade de combustíveis. Estes podem ir desde o carvão, até a recursos florestais
(madeira, etc), incluindo também o fuelóleo e o gás natural (Oddne, 2001).

Os sistemas de co-geração com turbinas a vapor são de uma forma geral constituídos
por cinco grandes módulos: pré-aquecedor (onde a água é pré-aquecidas), caldeira, turbina,
condensador, e gerador. Uma das particularidades deste método é o facto de ser possível usar
como fonte de energia para produzir vapor, o calor residual de algum outro processo ou
equipamento através de absorção de calor (Brandão, 2004).

O funcionamento deste sistema começa com o pré-aquecimento da água no pré-


aquecedor, de seguida essa água é direccionada para a caldeira, onde a energia extraída do

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combustível usado é absorvida pela água fazendo com que esta atinja temperaturas suficientes
para produzir vapor de altíssima pressão. Este vapor de água entra na turbina, onde sofre uma
poderosa expansão, que faz com que a energia do vapor se transforme em energia mecânica,
através da rotação da turbina, produzindo assim trabalho útil. Depois de produzir trabalho na
turbina, o vapor já a uma pressão inferior (mas mesmo assim considerável), denominado de
vapor exausto, dirige-se para a etapa seguinte, que consiste num condensador. Neste
condensador o vapor é liquefeito, transformando-se uma vez mais em água, que retorna ao
princípio do ciclo ou seja a caldeira, de notar que neste caso já não é necessário usar pré-
aquecedor, uma vez que esta água encontra-se a uma temperatura já aceitável pela caldeira
(Barbosa, 2009).

Figura 2.4 – Exemplos de turbina a vapor usadas na co-geração Fonte: Brandão (2004).

1.2.1 - Sistemas de Turbinas a vapor de contra-pressão

Este tipo de sistemas constitui a configuração mais simples. O seu método de


funcionamento baseia-se nos seguintes pressupostos: o vapor sai da turbina a alta pressão ou
pelos menos iguais à pressão atmosférica, o que depende das necessidades da carga térmica.
Sendo também possível extrair vapor de estágios intermédios da turbina a vapor, a valores de
pressão e temperatura apropriados para a carga térmica. Após a saída do vapor da turbina este
vai alimentar o processo, onde liberta calor e condensa. O condensado retorna ao sistema com
um caudal que poderá ser menor do que o caudal de vapor, caso existam perdas de vapor no
processo ou ao longo da conduta, adições de água mantém o balanço mássico (Educogen,
2001, como citado em silva & Mendonça, 2003).

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Figura 2.5 Esquema de uma solução de co-geração baseada numa turbina a vapor de
contrapressão. Fonte: Delgado (2016).
Vantagens
 Configuração simples com poucos componentes;
 Os custos relacionados com estágios a baixa pressão na turbina são evitados;
 Custo de capital baixo;
 Necessidades reduzidas ou inexistentes de água de refrigeração;
 Elevada eficiência total devido à inexistência de rejeição de calor para o meio
ambiente através do condensador.
Desvantagem
 A turbina a vapor é maior para a mesma potência de saída, pois opera abaixo da
diferença de entalpia do vapor;
 O caudal mássico de vapor através da turbina depende do processo,
consequentemente a electricidade gerada pelo vapor é controlada pelo processo, o
que resulta em pouca flexibilidade do sistema.

1.2.2 - Sistemas de Turbinas a vapor com condensador


Neste tipo de sistema o vapor necessário ao processo é obtido por extracção de um ou
mais estágios intermédios a pressão e temperatura apropriada. O restante vapor sai da turbina
para o condensador, o qual se encontra a pressões baixas (até 0,05 bar, o que corresponde a
uma temperatura de condensação de 33 ºC). É pouco provável que para temperaturas tão
baixas se encontre uma aplicação útil, daí que o calor seja rejeitado para o meio ambiente. O
vapor extraído pode ser usado para aquecer a água de alimentação o que aumenta a eficiência
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do ciclo de Rankine e accionar o equipamento auxiliar comparando com o sistema A -
Sistemas de urbinas a vapor de contra - pressão, o sistema com condensador possui um custo
de capital mais elevado e em geral uma eficiência total mais Baixa. Contudo, este tipo de
sistema pode controlar a potência eléctrica independentemente da carga Térmica, pela
regulação do caudal de vapor através da turbina (Educogen, 2001 como citado em silva &
Mendonça, 2003).

1.2.3 - Sistemas de turbinas a vapor com Bottoming Cycle

Muitos processos industriais (por exemplo: fundições, vidreiras, fabricas de


cerâmica,Cimenteiras,) libertam gases de combustão a temperaturas muito elevadas (1000 -
1200°C). Depois do processo os gases mantém ainda temperaturas elevadas (500 - 600°C).
Em vez de libertar directamente os gases para a atmosfera, estes podem passar através de um
recuperador de calor, gerador de vapor, o qual acciona uma turbina a vapor (Educogen como
citado em silva & Mendonça, 2003).

1.3 - Sistema de co-geração de ciclo combinado

O ciclo combinado é o arranjo entre dois ou mais ciclos com a principal finalidade de
aumentar-se o rendimento global da planta, seu principio conscide com o da co-geração
caracterizado pelo aproveitamento da rejeição térmica de um ciclo primário de geraçao
electromecânica numa segunda máquina térmica geralmente na porção de 2:1. A combinação
mas utilizada é o arranjo entre o ciclo de Brayton e o ciclo de Rankine, nesta ordem onde os
gases da exaustão da turbina a gás com temperaturas superiores a 550 ºC são encaminhados a
caldeira do ciclo a vapor fazendo com que o rendimento eléctrico supere os 60% contra 35%
se os mesmos estiverem operando em separados. Considerando a baixa temperatura utilizada
na maioria dos processos indústrias, a co-geração em ciclo combinados, em geral não
recupera calor dos gases da exaustão da turbina a gás, mas sim mediante extracções
intermediária da turbina a vapor, bem como no calor rejeitado pela mesma no condensador. O
resultado disso são sistemas de co-geração com eficiências totais que podem chegar a valores
de 85 % (Barja, 2006).

A co-geração em ciclo combinado é empregada quando há a necessidade de


maximização da produção de energia eléctrica em relação ao calor de processo. Na maioria
dos casos a energia disponibilizada pelo combustível é aproveitada em dois ciclos
termodinâmicos consecutivos, e só então se obtém a parcela do calor. É importante frisar que
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a co-geração em ciclo combinado só é viabilizado em regimes operativos de base (tempo
integral), que possuem alto factor de capacidade (Barja, 2006).

As turbinas a gás utilizadas na configuração de ciclo combinado, quando comparadas


as utilizadas em ciclo simples, possuem eficiência energética inferior, propositadamente a fim
de que se obtenha temperaturas mais elevadas nos gases de exaustão. O propósito disso é a
valorização do ciclo a vapor subsequente, onde a temperatura mais elevada optimiza sua
operação com maior rendimento. Em uma planta de ciclo combinado, o ponto óptimo de
operação não necessariamente optimiza cada ciclo em separado (Oddne, 2001).

Figura 2.6 - Distribuição energética da Co-geração em Ciclo Combinado. Fonte: Brandão (2004).
1.4 - Sistema de co-geração de motor de combustão interna
Os motores de combustão interna estão disponíveis numa grande faixa de potência, a
partir de alguns kilo-watts até 100 MW possuem construção compacta que podem utilizar
uma variedade de combustíveis líquidos e gasosos, elevada eficiência em ciclos simples e um
bom factor de disponibilidade (80~90%) por essas características, se apresentam como a
primeira opção na aplicação em sistemas de co-geração de pequeno porte (Barja, 2006).

Os tipos de motores empregados comercialmente em plantas de co-geração se


restringem a dois principais ciclos otto e ciclo dissel a maior diferença entre eles está no modo
de queima. No ciclo dissel acombustão se da por meio de difusão inicialmente por alto
ignição, desta forma esse motor aspira ar sem nenhumas restrições e ajusta aquantidade de
combustível para o requerimento de potência. Já o ciclo no ciclo otto o motor aspira uma pre-
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mistura de ar e combustível a chama é do tipo pre-misturada, altamente possivel de denotação
e a queima é iniciada por uma vela de ignição (barbosa).

Esta máquina trabalha em ciclo aberto, utilizando o ar como fuido de trabalho,o


funcionamento do motor se da da seguinte forma: o ar (comburente) é admitido em seu
interior mediante a sucção provocada pelo deslocamento de um pistão sob um êmbolo, no
qual é adicionado o combustível.Em seguida, a mistura de ar e combustível é comprimida e
inflamada (conversão da energia química do combustível em energia térmica), ponto em que a
temperatura é elevada e a pressão atinge valores da ordem de 100 atm,forçando o
deslocamento do pistão a sua posição inicial (transformação de pressão em trabalho
mecânico) o pistão esta conectada a um eixo de manivelas fazendo a conversão do movimento
alternativo em rotativo (Barja, 2006).

Os motores alternativos são muito utilizados na co-geração, quer funcionando


segundo o ciclo otto quer funcionando segundo o ciclo diesel, neste caso utiliza-se um gerador
acoplado a um motor térmico para produção de electricidade. A energia térmica é recuperada
a partir dos gases de escape para a produção de vapor, bem como a partir dos circuitos de
refrigeração do motor para a produção de água quente a 85-90% (Silva & Mendonça, 2003).

Figura 2.7 Esquema de uma solução de co-geração de um motor alternativo. Fonte:


Delgado (2016)

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De referir que em certos processos (por ex: secagem) é possível utilizar directamente
os gases de escape do motor. A quantidade de energia residual recuperada não é nada mais
expressivo, por isso a sua temperatura moderadas e maiores quantidades de energia eléctrica
ou força-motriz (silva & Mendonça, 2003).

Vantagens

 Arranque rápido
 Fácil adaptação a variação das necessidades térmicas
 Elevada eficiência mecânica
 Não necessita de vigilância constante

Desvantagens

 Tempo de vida útil curta


 Baixo rendimento térmico
 Custo de manutenção elevada (paragens frequentes)
1.5 - Sistema de co-geração de pilhas de combustíveis
Uma pilha de combustível é um dispositivo electromecânico, que converte a energia
química do combustível directamente em energia eléctrica, sem estágios intermédios de
combustão e produção de energia mecânica (Brandão, 2004).

O princípio de funcionamento de uma pilha de combustível baseia-se numa reacção


eletroquímica conhecida como hidrólise. Para se melhor compreender como esta funciona há
que melhor perceber primeiro o funcionamento da electrólise, que se trata do seu processo
inverso. A electrólise consiste numa reacção eletroquímica que provoca a decomposição da
água, através da absorção da electricidade. Por outro lado, a hidrólise, tem como resultado da
reacção a produção de electricidade(Barja, 2006).
As pilhas e combustível são equipamentos que a partir do hidrogénio (H 2) e do
oxigénio (O2), convertendo a energia química existente em energia eléctrica e gerando como
subprodutos de reacção unicamente água e calor. Visto que, ao contrário do que acontece nos
motores de combustão interna, não existe passagem pelo ciclo de calor, a eficiência deste tipo
de dispositivos é bastante elevada. Este tipo de pilha tem um funcionamento bastante parecido
ao de uma pilha comum de lítio ou níquel-cádmio, diferenciando-se das mesmas unicamente
por ter uma vida útil teórica infinita, uma vez que enquanto uma pilha comum durante o seu

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funcionamento consome os seus próprios eléctrodos o que resulta numa diminuição do seu
tempo de vida, a pilha de hidrogénio pode teoricamente produzir electricidade enquanto
existirem hidrogénio e oxigénio Delgado (2016)

Este tipo de tecnologia tem diversas aplicações no entanto é de se salientar os projetos


que envolvam a produção em simultâneo de electricidade e calor pelo facto de serem uma
alternativa de geração de electricidade de uma forma limpa, silênciosa e eficiente
minimizando qualquer tipo de dano para o meio ambiente.

Normalmente, as pilhas de combustíveis são um conjunto de empilhado de células


eletroquímicas individuais, estando normalmente associadas em série, de forma a produzirem
electricidade.O funcionamento de uma célula de combustível acontece desde que lhe seja
fornecido o combustível e o oxidante promovendo a transformação contínua de energia
química em energia eléctrica e algum calor. Geralmente, o oxidante é o oxigénio enquanto,
que o combustível pode ser hidrogénio ou um composto que o tenha na sua composição. No
que diz respeito à sua construção, uma célula de combustível é constituída por dois
eléctrodos, um positivo (ânodo) e um negativo (cátodo). Entre os dois existe um eletrólito
cujo objectivo é funcionar como um meio que permita aos iões (H+, OH-, O2- e outros)
atravessarem no sentido de um elétrodo para o outro. Este pode ser um meio líquido ou
sólido, tendo grande influência na natureza do oxidante e do combustível, bem como na
temperatura de funcionamento e no desenho da pilha de combustível (Barja, 2006).

Uma célula de combustível pode converter mais de 90% da energia contida no


combustível em energia eléctrica e calor. Todas as células de combustível são constituídas por
dois eléctrodos, um positivo e outro negativo designados por cátodo e ânodo respectivamente.
Todas as células têm um electrólito que tem a função de transportar os iões produzidos no
ânodo, ou no cátodo para o eléctrodo contrário, e um catalisador, que acelera as reacções
electroquímicas nos eléctrodos (Brandão, 2004).

O rendimento de uma pilha de combustível varia de forma inversa á potência devido a


perdas por efeito ohm e de polarização. De forma a obter potências mais elevadas podesm
associar-se várias células de combustível em série, resultando numa denominada pilha de
combustível.

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O hidrogénio (combustível) é alimentado ao ânodo da célula de combustível onde é
oxidado no catalisador de platina (camada difusiva/catalítica), havendo a produção de dois
electrões de dois protões hidrogénios, H+ (reacção ânodo). De seguida, os electrões
produzidos pela reacção de oxidação do hidrogénio são transportados através de um circuito
eléctrico e utilizados para produzirem trabalho (corrente continua). Por sua vez os protões
produzidos na reacção anódica são transportados do ânodo para o cátodo, através do
electrólito (no centro da célula). No cátodo, o oxigénio é alimentado e reage com os protões
transportados
através do eléctrodo e com
os electrões provenientes do
circuito eléctrico (reacção
cátodo), o produto final da
reacção que ocorre no cátodo
é o vapor de água (Brandão,
2004).

Figura 2.8 Sistema de co-geração utilizando Pilhas de Combustíveis. Fonte: Brandão (2004).
1.6 - Micro-Turbinas
O terrmo micro-turbinas refere-se em geral a um sistema de dimensões relativamente
reduzido composto por compressor, câmara de combustão, turbina e gerador eléctrico, com
uma potência total disponível não superior a 250 kW, para sistemas semelhantes mas com
potências entre 250 kW e 1 MW é usualmente utilizado o termo mini-turbinas.
A maioria das micro-turbinas existentes no mercado têm como função principal
produzir electricidade, podendo funcionar em co-geração utilizando equipamento tradicional.
No entento existem micro-turbinas criadas de raiz para funcionamento em co-geração, em

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alguns casos (raros) a produção de calor é mesmo a função principal da micro-turbina
(Brandão, 2004).

Segundo (Brandão, 2004) as micro-turbinas são na maioria turbinas a gás, com um


andar de expansão o ar novo admitido é produzido ao compressor onde a pressão é elevada
até cerca de 70 psig. Com objectivo de aumentar o rendimento da micro-turbina é usual
integrar no sistema um recuperador de calor (regenerador) que permite aproveitar ocalor
disponível nos gases de escape para aquecer o ar novo antes entrar na câmara de combustão.

O calor libertado na combustão eleva a temperatura da mistura ar-combustível e


consequentemente a sua pressão, ao passar na tubina a mistura expande-se transmitindo
energia mecânica ao veio, accionando o compressor e o gerador, o rendimento eléctrico
atingido é da orden dos 30% em micro-turbinas com recuperador de calor, em sistemas de co-
geração o rendimento global pode atingir mais de 80%. Os últimos desenvolvimentos tecnoló
gicos apontam para a utilização de matérias cerâmicos na secção quente de micro-turbina, o
que permite atingir temperaturas mais elevadas e consequentemente rendimento mais elevado.
Quando se pretende que a micro-turbina funcione em co-geração é utilizado um permutador
de calor tradicional de forma a atirar partido da relactivamente elevada temperatura dos gases
de escape. Algumas micro-turbinas vêm preparadas de série com o referido permutador
enquanto em outras o equipamento auxiliar é vendido separadamente (Brandão, 2004).

Vários tipos de combustíveis pode se utilizados na maioria das micro-turbinas gás


natural gasolina, chumbo, gasóleo álcoois, querosene, propano,etc.um compressor tradicional
poderar ser utilizado quando apressão quando a pressão do combustível não for suficiente. O
arrefecimento da máquina pode ser feito co ar ou água no primeiro caso é usual forçar o ar
novo a passar através do gerador antes de entrar na câmara de combustão, oque permite
garantir o arrefecimento deste, enquanto que no segundo caso é necessário um sistema
auxiliar para bombear água. As micro-turbinas estão equipadas com sistemas electrônicos que
assegura o controlo do circuito electrônico e o funcionamento da micro-turbina em condições
de segurança (Brandão, 2004).

1.8 - Critérios para selecção do tipo de sistemas de co-geração

Segundo (Barbeli, 2015, pg.5), a selecção de tecnologias de co-geração deve obedecer a


critérios rigorosos baseados na selecção de opções tecnicamente viáveis e deve considerar alguns
aspectos, dentre os quais:

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 Disponibilidade do combustível, que deve ser adequado à tecnologia e ter custo baixo;
 Avaliação dos impactos ambientais decorrentes da tecnologia e combustível utilizado;
 Avaliação da eficiência de conversão do combustível em energia eléctrica;
 Custo dos investimentos necessários em tecnologia, operação e manutenção do
sistema;
 Disponibilidade do sistema de co-geração, ou seja, nível de confiabilidade do sistema
eléctrico e custo final do suprimento de energia ao sistema integrado;
 Relação potência/calor, importante na determinação do tipo de ciclo a ser utilizado,
mas sem correlação com as demandas de potência e calor da planta industrial.

1.9 – Tipos de operações de sistemas de co-geração

A partir da selecção e aquisição da tecnologia adequada, a colocação em marcha do


sistema de co-geração constitui-se no passo seguinte. Existem três tipos de operação a qual
um sistema de co-geração pode funcionar: em paridade térmica, em paridade eléctrica e em
operação económica. Segundo (Silveira 2009), há um quarto tipo de operação, chamado de
operação em cargas parciais.

1.9.1 - Regime de paridade térmica

No regime de paridade térmica, o sistema de co-geração é projetado e operado de forma a


ser capaz de fornecer as necessidades térmicas da planta industrial, ou seja, o calor é o produto
principal e a eletricidade é o subproduto do sistema de co-geração. Assim, o sistema deve
estar interligado à rede concessionária local para depender das condições operacionais e de
sua demanda, se abastecer de energia eléctrica do concessionário ou fornecer o excedente de
electricidade à rede concessionária.

1.9.2 - Regime de paridade eléctrica

No regime de paridade eléctrica, ocorre o contrário, o sistema de co-geração é


projectado e operado de forma a atender as necessidades de energia eléctrica da planta
industrial, sendo seu produto principal. O calor é o subproduto da co-geração. Se o calor
gerado for insuficiente para atendimento do processo de produção fabril, é necessário ter um
sistema auxiliar anexo para satisfazer a demanda. Caso contrário, o calor adicional é rejeitado para
o meio ambiente (Silveira, 2009 como citado em Barbeli, 2015).

1.9.3 - Regime de operação econômica

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O regime de operação econômica é aquele no qual o sistema opera de acordo com
parâmetros econômicos. É orientado a suprir parte, totalidade ou ainda produzir excedente da
demanda eléctrica de pico, conforme a eletricidade é adquirida ou vendida sob uma tarifa mais
elevada. Dessa forma há a opção de comprar eletricidade da concessionária para completar o seu
suprimento, ou, se for o caso, vender o excedente. Para que isso seja factível, há a necessidade de
se utilizar um equipamento suplementar para satisfazer parte ou a totalidade da sua demanda
térmica, quando necessário, dependendo das condições operacionais da planta de co-geração
(Silveira, 2009 como citado em Barbeli, 2015).

1.9.4 - Regime de operação em cargas parciais

No caso do regime de operação em cargas parciais, o sistema de co-geração é


subdimensionado em relação aos seus requerimentos de electricidade e calor de processo,
atendendo cargas parciais destas modalidades de energia assim, o sistema de co-geração não supre
totalmente as necessidades de electricidade e de calor. No caso da electricidade, deve ocorrer a
compra da parte complementar necessária da concessionária local. No caso do calor, deve ser
pensada a instalação de equipamento auxiliar para suprimento das necessidades de calor (Silveira,
2009, como citado em Barbeli, 2015, pp. 5-6).

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Capitulo III – Análise para a implementação da co-geração na Central do Xitoto II

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Conclusões:

39
Recomendações:

40
Referências:

41

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