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Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia – PIPGE

Universidade de São Paulo – USP


Instituto de Eletrotécnica e Energia – IEE

Agostinho C. Pascalicchio
Beatriz A. Lora

A Energia dos Oceanos


ENERGIA MAREMOTRIZ

ENE 5704: Recursos e Ofertas de Energia


Prof. Dr. Célio Bermann
Profª Drª Virginia Parente
Energia dos Oceanos - SUMÁRIO

Nos oceanos, há energia disponível associada a


quatro fenômenos:

I. As marés;

II. As correntes oceânicas;

III. As ondas;

IV. O gradiente vertical de temperatura.

Pellegrini C. C. & Scola L. A., 2005.


Energia das Marés
Energia Maremotriz
As ondas do mar possuem energia cinética devido ao movimento da água e
energia potencial devido à sua altura. Energia elétrica pode ser obtida se for
utilizado o movimento oscilatório das ondas. O aproveitamento é feito nos
dois sentidos: na maré alta a água enche o reservatório, passando através da
turbina, e produzindo energia elétrica, na maré baixa a água esvazia o
reservatório, passando novamente através da turbina, agora em sentido
contrário ao do enchimento, e produzindo energia elétrica.

A desvantagem de se utilizar este processo na obtenção de energia é que o


fornecimento não é contínuo e apresenta baixo rendimento. As centrais são
equipadas com conjuntos de turbinas bulbo, totalmente imersas na água. A
água é turbinada durante os dois sentidos da maré, sendo de grande
vantagem a posição variável das pás para este efeito. No entanto existem
problemas na utilização de centrais de energia das ondas, que requerem
cuidados especiais: as instalações não podem interferir com a navegação e
têm que ser robustas para poder resistir às tempestades mas ser
suficientemente sensíveis para ser possível obter energia de ondas de
amplitudes variáveis. Esta energia é proveniente das ondas do mar. O
aproveitamento energético das marés é obtido através de um reservatório
formado junto ao mar, através da construção de uma barragem, contendo
uma turbina e um gerador.
Sistema Maremotriz – com reservatório
Aproveitamento energético:
 Reservatório junto ao mar – barragem;
 Turbina (s) imersa (s) e gerador;
 Sentido único ou sentido duplo;

Fonte: www.unisanta.com.br /Diretoria de


Ensino/Santos

 Movimento de fluxo das marés;


 Movimentação comporta ligada a um
sistema de conversão;
 Geração de eletricidade.

Fonte: www.unisanta.com.br /Diretoria de


Ensino/Santos
Sistema Maremotriz – com reservatório,
sentido duplo

Fonte: www.geocities.com.br
Sistema Maremotriz – com reservatório

Fonte: www.feg.unesp.br

Os Impactos das barragens


 Bloqueio / Redução da navegação;
 Reservatórios interferem em ciclos biológicos, impactos na biosfera;
 Impede a migração de peixes;
 Interferência na localização e tamanho das zonas intertidais;
 Alterações na turbidez da água – afetando fauna e flora locais;
Centrais Elétricas Maremotrizes - CEM
 La Rance,
Brittany,
França - 1965

 Operando escala
comercial;
 Foz do rio Rance,
no Canal da Mancha;
 Barragem 750 m;
 Amplitude 13 m;
Fonte: www.fem.unicamp.br
 EE para 300 .000
 Potência de 240 MW; habitantes.
Fonte: www.nea.ufma.br
 550 GWh/ano;
 24 TH Bulbo de 10 MW.
Usina Maremotriz La Rance – França: 240 MW
A Usina de La Rance começou a ser construída em 1960, na costa da Bretanha
(França). O sistema consiste em uma barragem de 332,5 m de comprimento que
se estende por 750 m no estuário, e 22 km 2 de área da bacia, com o
aproveitamento de um desnível de 8 m. A construção foi completada em 1967
com 24 turbinas tipo bulbo, de 5,4 m de diâmetro e capacidade de 10 MW cada
unidade, conectada à rede de transmissão numa tensão de 225 kV.
Custo de geração: 18 cents €/kwh
contra 25 cents €/kwh da energia
nuclear.

Detalhe da turbina da Central Maremotriz La Rance (França)


FC = 40% (Geração anual: 240.000 x 8760 x 0,4 = 840.960.000 kWh 
Cálculo da Energia de uma Usina Maremotriz:

Emax = η x ρ x g x R2 x S

onde:
η = eficiência da conversão da energia mecânica em eletricidade
ρ = densidade da água do mar
g = aceleração da gravidade
R = altura da maré
S = área total da baía
Energia das Ondas:

Dada uma onda de largura L, a potência disponível em um ciclo de


onda é dada por:

P = P = ρ x g2 x h2 x T/ 32 ¶
L

onde:
ρ = densidade da água do mar
g = gravidade
h = amplitude total da onda (do ponto mais alto para o ponto mais baixo)
T = período da onda em segundos (igual ao inverso da frequência)
Centrais Maremotrizes - Brasil
São Luis, Maranhão, 1970
Estudo da Viabilidade da Usina Talassométrica de Bacanga,
ELETROBRÁS
• Geração de energia elétrica;
• Familiarização dos engenheiros brasileiros à tecnologia;
• Equipamentos p/ indústria nacional;
• Barragem da foz do Rio Bacanga, Baía de São Marcos

(concepção parcial da obra - vertedouro e reservatório);

 Falhas de coordenação, gestão e planejamento


da área de Bacanga inviabilizaram
economicamente a sua exploração energética;

Atual ligação entre São Luís e o Porto do Itaqui


pela BR-315;

 Hoje comportam servem para proteger áreas


invadidas nas marés altas – bairros populares.

Vertedouro e comportas de Bacanga.


Os custos da geração maremotriz

Custos do sistema de maremotriz dependem das


características biológicas, geográficas e geológicas.
Custos de Implantação

 US$ 125 milhões Derby (Austrália), 48 MW – discussões ambientais,


sociais e econômicas em sua viabilização;
 US$ 2,79 milhões em Dalupiri (Filipinas), 2200 MW;
 US$ 8 milhões em Severn (Bread Down), 8640 MW;

Custos de Operação

CEM 100 MW: 1200 a 1500 US$ por kWh.

S.L. Lima, O. R. Saavedra, A. K. Barros e N. J. Camelo.


Projeto da Usina Maremotriz do Bacanga: Concepção e Perspectivas. 2003.
Núcleo de Energias Renováveis – NEA, Universidade Federal do Estado do Maranhão – UFMA.
Os custos da geração maremotriz
 Método de previsão da efetividade e custos
relacionado com a quantidade de energia disponível
nas marés, da variação das marés e da área da baía,
sendo expresso pela relação de Gibrat:
C - Razão do comprimento da barragem (metros)
Pea - Produção de energia anual (kWh/ano)

Quanto menor o valor da razão, mais desejável


é o local para geração

 La Rance, França: 0.36

 Severn, Reino Unido: 0.87

 Passamaquoddy, Baía de Fundy, Canadá: 0.92


Fonte: POEMISINC, 2002 in S.L. Lima, O. R. Saavedra, A. K. Barros e N. J. Camelo, 2003.
II .Energia Maremotriz – sem reservatório Offshore

                            

           


Turbinas montadas sobre o fundo
do oceano, próximas da costa;
Turbinas hidro-eólicas;
 Não causa os impactos ambientais
das barragens.

- Canal de Bristol, North Devon, Reino


Unido – 300 KW, IT Power, 2003;

- Projeto Blue Energy Canadá –


Noruega, em construção.
Fonte: http://www.bluenergy.com

Canal de Kval, Noruega


 700 mil kWh/ano;
 1a Usina Elétrica (Out./2003);
 Consumo de 35 residências;
 Ligada a rede de transmissão comercial
 Turbinas submersas;
da Noruega.
 Hélices de 10 m de comprimento.
Energia Maremotriz – sem reservatório

Marine Current Turbine's 300kw machine


Photo courtesy of Marine Current
Turbine – HIE – UK .

As turbinas marítimas têm poucos componentes:


- engrenagens de posicionamento orientam as lâminas das
turbinas na direção da corrente marítima;
- um gerador acoplado ao eixo da turbina fornece a
Fonte:
energia elétrica. www.unisanta.com.br/Diretoria de
Ensino/Santos

As correntes oceânicas
 Reserva de energia na forma cinética associada ao seu movimento;
 Tecnologias atuais ainda não permitem sua transformação em energia potencial

gravitacional;
 Correntes só exibem velocidades adequadas para aproveitamento na forma cinética, como

nas centrais maremotrizes offshore;


 Melhores lugares para exploração os Estreitos.
III. Energia Maremotriz – uso das ondas

SENTIDO
DAS
ONDAS

WAVE DRAGON – DINAMARCA: Esta construção é composta


por dois braços de 126 metros que encaixam a força das ondas até
o corpo central

As ondas são dirigidas até o corpo central mediante os braços da


plataforma, onde a água recolhida faz girar as turbinas
instaladas. É a rotação das turbinas que gera a eletricidade

De modo que a localização da planta, seu tamanho e sua


capacidade dependerão, em grande medida, das circunstancias e
da força das ondas em cada lugar.
Energia Maremotriz – uso das ondas

Foto: BBC News website

 Experimento na Inglaterra com os movimentos da


superfície do mar.
Estes movimentos provocam deslocamentos em cada
seção e “bombas de deslocamento” movimentam
conjuntos geradores de retorno.
 Cada seção com15 metros de comprimento.
III. A energia das ondas – restrições e
sistemas combinados
 Dificuldade de aproveitamento da energia: largas
variações de localização, frequência, horário e amplitude;
 Equipamentos diversificados, problemas com manutenção
(tempestades, org. marinhos);

Sistemas diferentes
Fixos x Flutuantes
Submersos x Superfície das ondas
Onda inteira x Oscilações de pressão

Portugal, Ilha do Pico, Açores


Sistema Oscillating Water  OWC, 400 kW
Column – OWC
Fonte: Pellegrini C. C. & Scola L. A., 2005.  Turbina Wells, gerador elétrico

 Limpet, Escócia, 500 kW, 400 residências das Ilhas Órcadas (2000);
 Vizhinjam, India, 1,1 MW.
III. A energia das ondas - Brasil
Fortaleza, Ceará
COPPE/UFRJ (Laboratório de Tecnologia Oceânica), ELETROBRÁS, CNPq,
Governo do Estado do Ceará
Usina Piloto no Porto de Pecém, 60 km de Fortaleza
 R$ 3,5 milhões;
 20 módulos;
 500 kW;
 7,7 kW / m onda;
 Abastecimento de 200 residências (fora do horário de pico de consumo).

Em andamento - 2006
 Licitação de 2 módulos – (cada 25 kW) - 50 kW;
OPERAÇÃO
- Blocos de concreto boiando em alto mar ligados à usina por braços de aço de 25 m;
- Movimentação dos blocos bombeiam água pra reservatórios dentro da usina;
- Água chega em alta pressão, passa por câmara de pressão (sai com pressão
equivalente a queda de 500 m), segue para turbina, geração de energia.
IV. Gradiente Vertical de Temperatura
Estratificação vertical de temperatura dos oceanos
devido à absorção da energia solar
Aproveitamento através de sistema Ocean Thermal
Energy Conversion – OTEC;
OTEC exige diferença de temperatura (superfície e
1000 m prof.) de 20º C – baixa eficiência nos trópicos;
 Centrais de Ciclo Aberto e Ciclo Fechado;
Utilização para produção e Água Desalinizada e
Refrigeração.
KEAHOLE POINT, HAWAII
-1992 A 1998, demolida em 1999
- 210 kW e água desalinizada
Fonte: Pellegrini C. C. & Scola L. A., Geração de Potência, Versão 2.02, 2005.

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