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Capítulo 1

Fundamentos da Termodinâmica e da Mecânica dos Fluidos

1. Conceitos e Definições:

1.1 – Sistema Térmico ou Termodinâmico (ou Sistema Fechado):

= massa específica [kg/m3]


= m [kg/m3] m = massa [kg]
V V = volume [m3]

Exemplo:

Expansão de gás (mecanismo cilindro – pistão)


2

A equação da continuidade:

m = V.A
m = vazão em massa [kg/s]
Velocidade (de gás), V  0 v = velocidade do fluido (gás) [m/s]
A = Área de escoamento [m2]
 P, V (volume) variam  quando T = cte. (Sem aquecimento, retirando peso)
 P, T variam  quando V (volume) = cte. (Se o pistão for preso)

1.2 – Volume de Controle (V.C.) ou Sistema Aberto:

Exemplo: Uma região de um tubo onde há um escoamento de água:

Exemplo:
3

1.3 – Estado e Propriedades de uma substância:


Estado: Estado é a condição do sistema, descrito ou medido pelas suas propriedades
(Propriedades Independentes).
Propriedade de uma substância: É definida com qualquer grandeza que depende do
estado do sistema e independe do meio que o sistema alcançar àquele estado. Algumas das mais
familiares são: Temperatura, Pressão e Massa específica.
Propriedade intensiva: Uma propriedade intensiva é independente da massa do sistema,
por exemplo, Pressão, Temperatura, Viscosidade, Velocidade, etc.
Propriedade extensiva: Uma propriedade extensiva depende da massa do sistema e varia
diretamente com ela. Exemplo: Massa, Volume total (m3), todos os tipos de Energia.
As propriedades extensivas divididas pela massa do sistema são propriedades intensivas,
tais como o Volume específico, Entalpia específica.
Equilíbrio termodinâmico: Quando o sistema está em equilíbrio mecânico (mesma
pressão), químico e térmico (mesma temperatura), o sistema é considerado como equilíbrio
termodinâmico.

1.4 – Processos, Transformações e Ciclos:


Processo: Processo ocorre quando um sistema sofre, ou a mudança de estado (mudança de
uma ou mais propriedades) ou a transferência de energia num estado estável. Processo pode
também ser chamado de transformação.

Exemplo:
4

Quando é removido um dos pesos sobre o êmbolo, este se eleva e uma mudança de estado
ocorre, pois a pressão decresce e o volume aumenta.

P1 [T = cte.]
V
No caso de uma retirada repentina dos pesos de uma só vez, o êmbolo se deslocaria rapidamente
para cima. Recolocando os pesos de uma só vez, o sistema não retornaria ao estado inicial, sendo
necessário um peso adicional. Este peso adicional corresponde a um trabalho suplementar que foi
necessário para vencer o atrito. Isto caracteriza um processo não-reversível (irreversível).
Todo processo natural é não-reversível (irreversível) porque ele é realizado com atrito.
Os processos podem ser:
Isobárico – quando a pressão é constante
Isovolumétrico – quando o volume é constante
Isotérmico – quando a temperatura é constante
Isoentrópico – quando a entropia é constante
Adiabático – quando não há transferência de calor
Politrópico – quando variam todas as propriedades

Ciclo termodinâmico: Quando um sistema, em um dado estado inicial, passa por certo
número de mudanças de estado ou processos e finalmente retorna ao estado inicial, o sistema
executa um ciclo. O vapor d’água que circula através de uma instalação a vapor e produz trabalho
mecânico executa um ciclo.

1.5 – Unidades:
Comprimento: A unidade básica de comprimento é o metro.
1 metro = 1650763,73 comprimento de onda da faixa vermelho-laranja do Kr-86
[Krypton].
1 pol. = 2,540 cm.
12 pol. = 1 pé = 30,48 cm pé3 = 0,02832 m3
Massa: No Sistema Internacional (SI) a unidade de massa é o quilograma (kg). No sistema
inglês, a unidade de massa é a libramassa (lbm).
A relação entre o SI e o sistema inglês é dada como: 1 kg = 2,2046 lbm
Força: A unidade de força no Sistema Internacional é o Newton (N), definida como: 1 N
= 1 kg . m / s2
5

Força, massa, comprimento e tempo estão relacionados pela 2a Lei de Newton, que diz ser
a força atuante sobre um corpo proporcional ao produto da massa pela aceleração na direção da
força.
Onde, gc é a constante que
Fm. F=m.a relaciona as unidades de
força, massa, comprimento e
a g c tempo.

O Newton pode ser definido como sendo a força que atua sobre uma massa de 1 quilograma
num local onde a aceleração da gravidade é 1 m/s2.
No sistema técnico (Sistema métrico prático) a unidade de força é o quilograma-força (kgf).
O kgf é definido como sendo a força com que a massa de um quilograma – massa padrão é
atraída pela Terra em um local onde a aceleração da gravidade é 9,8067 N.
1 kgf = 1 kg x 9,8067 m/s2
Portanto, 1 kgf = 9,8067 N = 2,205 lbf
I lbf = 0,4536 kgf
Unidade técnica de massa (Utm) no Sistema Gravitacional Métrico:
1 Utm = 1 kgf = 1 kgf . s2 = F
1 m/s2 m a

1.6 – Volume específico:


O volume específico de uma substância é definido como o volume por unidade de massa e é
reconhecido pelo símbolo .
A massa específica (densidade) de uma substância é definida como a massa por unidade de
volume, sendo desta forma o inverso do volume específico. A massa específica é designada pelo
símbolo.
O volume específico e a massa específica são propriedades intensivas.
Matematicamente, o volume específico pode ser escrito como:

V 1
v 
m  (1.1)
1.7 – Pressão:
Quando tratamos com líquidos e gases, normalmente falamos de pressão; nos sólidos
falamos em tensão.
A pressão num ponto de um fluido em repouso é igual em todas as direções e é definida
como sendo a componente normal da força por unidade de área.
A pressão P é definida como:

Onde: A é a área pequena


P = lim FN (1.2) A’ é a menor área sobre a
AA’ A qual pode considerar o fluido
como meio contínuo
6

FN é a componente normal da


força sobre A
A pressão P num ponto de um fluido em equilíbrio é a mesma em todas as direções. A
unidade de pressão no Sistema Internacional é N/m2 (Pa) e no Sistema Técnico kgf/m2.Nos cálculos
termodinâmicos usa-se a pressão absoluta.

Pressão absoluta superior à atmosférica: Pabs > Patm


Onde: Pm é a pressão de manômetros
P abs =P atm +P m (1.3) (Burdon, Aneroid, etc.)
Patm é a pressão de barômetros

O manômetro normal lê a diferença entre a


Pm = Pabs - Patm (1.3a) pressão absoluta e a atmosférica. A pressão
manométrica também é chamada pressão
relativa (ou efetiva).
Pressão absoluta inferior à atmosférica: Pabs < Patm
As pressões abaixo da pressão atmosférica local são pressões manométricas
negativas ou pressões de vácuo.
Onde: Pvác é a pressão de manômetros de
P abs =P atm +P vác (1.4) vácuo ou vacúmetro

O manômetro de vácuo lê a diferença


entre a pressão atmosférica e a absoluta.
Pvác = Patm - Pabs (1.4a) A pressão atmosférica padrão é a
pressão média ao nível do mar.
1 atm = 760 mm coluna de Hg
1 atm = 1,03323 kgf/cm2
1 atm = 1,013250 x 105 N/m2 (Pa)
1 atm = 30 pol. de Hg
1 atm = 1,013250 bar
1 bar = 105 N/m2(Pa)
1 bar = 0,9869 atm
1 bar = 100 Kilopascals(KPa)
1 mm col. de Hg  13,6 Kgf/m2.
1 micrón col. de Hg = 1x10-3 mmHg

Pressão medida com o manômetro de tubo U:


7

P = m . g . Zm [N/m2] (1.5)
Pabs > Patm
P1 > P2
Pm =Pabs – Patm
Pm = P1 – P2 = P

Mas conforme a equação hidrostática:

Onde : m = massa específica do fluido manométrico (Kg/ m2)


g = aceleração da gravidade  9,81 m/s2
Zm = altura da coluna do fluido manométrico (m)
Nota: Peso específico,  =  . g [N/m3] ,
Densidade de uma substância, dsubs = subs
H2O [adimensional]
1.8 – Definição de Calor e Trabalho:
Calor: O calor é a transferência de energia através da fronteira do sistema pelos mecanismos
de condução, convecção e radiação. O calor transferido (sem transferência de massa) de um sistema
de temperatura superior a um sistema de temperatura inferior, e ocorre unicamente devido à
diferença de temperatura entre os dois sistemas.
O calor é uma função de linha e é reconhecido como sendo uma diferencial inexata.

2 Onde: 1Q2 é o calor transferido durante

 Q = 1Q2 [J, kcal] (1.6)


o processo entre o estado 1 e 2.

Calor por unidade de tempo:


Q = Q [J/s . w] (1.7)
dt
A troca de calor por unidade de massa:
q=Q [J/kg, Kcal/kg] (1.8)
m
Trabalho: O trabalho é a energia transferida, sem transferência de massa, através da
fronteira do sistema por causa da diferença de uma propriedade intensiva (pressão, temperatura,
viscosidade, velocidade), além da temperatura, que existe entre o sistema e a vizinhança.
Definição Matemática:
8

Onde: W = Trabalho
2 F = Força
dx = Deslocamento infinitesimal
W =  F . dx [Nm, J, Kcal] (1.9)
Definição1Termodinâmica:

Um sistema realiza trabalho quando o único efeito externo ao sistema (sobre as suas
vizinhanças) for a elevação de um peso.

Trabalho de deslocamento (Expansão ou Compressão):


W = F . dL
Mas P = F ou W = P. A. dL
A
Mas A . dL = dV

W = P . dV (1.10)
O trabalho realizado pelo sistema (gás) pode ser determinado pela integração da equação
acima. Assim:
2 2

1W2 =  W =  P. dV (1.11)
1 1
Onde: P é a pressão absoluta do gás
1W2 é o trabalho realizado pelo sistema ou sobre o sistema durante o processo entre o estado 1
e 2.

O trabalho realizado pelo sistema tem sinal positivo e significa a expansão. O trabalho
realizado sobre sistema (pistão realiza trabalho sobre o gás) tem sinal negativo e significa a
compressão.
Assim como o calor, o trabalho é uma função de linha e é reconhecido como sendo uma
diferencial inexata.
Resumindo, trabalho e calor são:
 ambos fenômenos transitórios;
 fenômenos de fronteira, observados somente nas fronteiras do sistema e representam energia que
atravessam a fronteira do sistema;
 função de linha (portanto dependem do caminho que o sistema percorre durante a mudança de
estado) e diferenciais inexatas.

Convenção dos sinais de trabalho e calor:


Propriedades Termodinâmicas Fundamentais:

1-) Pressão, P [N/m2, kgf/m2]  Absoluta


2-) Volume, V [m3]
3-) Volume específico, [m3/kg]
4-) Massa específica, [kg/m3]
5-) Temperatura, T [°K]  Absoluta Termodinâmica
Usa a temperatura absoluta, T   t  º C   273 º K
6-) Massa, m [kg]
7-) Velocidade, v [m/s]
8-) Viscosidade, [NS/m2]
9-) Altura (cota), Z [m]
10-) Energia interna, U [J, Kcal]
m.v 2
11-) Energia cinética, Ec  [J, Kcal]
2
12-) Energia potencial, Ep = m . g . Z [J, Kcal]
13-) Aceleração da gravidade, g  9,81 m/s2 = cte.
14-)Energia total, E = U + Ec + Ep [J, Kcal]
Relacionada também com trabalho e calor (estes dois últimos não são propriedades)
15-) Entalpia, H = U + P . V [J, Kcal]
16-) Entropia, S [J/°K]
17-) Título (qualidade de vapor), X [adimensional]
 u   u 
18-) Calor específico a volume cte, C v   v   v [J/kg °K, Kcal/kg °K]
 T   T 

 h   h 
19-) Calor específico à pressão cte, C p   p   p [J/kg °K, Kcal/kg °K]
 T   T 
Cp
20-) Constante Adiabática ou Isoentrópica, K  [adimensional]
Cv
Observações:
H U PV
(1) Entalpia específica, h     u  pv [J/kg, Kcal/kg]
m m m
S
(2) Entropia específica, s  [J/kg °K]
m
U
(3) Energia interna específica, u  [J/kg, Kcal/kg]
m
Ec V 2
(4) Energia cinética específica, ec   [J/kg, Kcal/kg]
m 2

EP
(5) Energia potencial específica, ep   g.z [J/kg, Kcal/kg]
m
Diagrama de pressões:
Pressão acima da Atmosfera

Pressão relativa ou efetiva ou


Pressão Absoluta manométrica positiva

Pressão Atmosférica

Pressão relativa ou efetiva


ou manométrica negativa

Pressão Absoluta

Zero Absoluto

PROBLEMAS RESOLVIDOS:

Problema 1:
Demonstrar a igualdade numérica entre a massa específica de um fluido em kg/m3 e seu
peso específico  em kgf/m3.
Solução:
Seja y o número que mede : y kg/m3 (1)
Considere-se g  9,81 m/s2 (2)
Sabemos que  = g (3)
Substituindo (1) e (2) em (3):
 = (y kg/m3) . (9,81 m/s2) = 9,81 y (kg m/s2)/m3
Mas 1 kg m/s2 = 1 Newton = 1 N
  = 9,81 y N/m3 Mas 9,81 N = 1 kgf
Finalmente,  = y kgf/m 3
(4)
Comparando-se (1) e (4), conclui-se que a massa específica e o peso específico  de uma
substância são indicados pelo mesmo número y. Variam apenas os sistemas de unidades.

Problema 2:
Sendo = 1030 kg/m3 a massa específica da cerveja, achar sua densidade relativa.
Solução:
A massa específica da água é H2O = 1000 kg/m3
Logo, pela definição:
 1030
d  cerveja 
H O
2
1000
ou d
ou 
= 1,03

Problema 3:
A densidade do gelo em relação à água é 0,918. Calcular em porcentagem o aumento de
volume da água ao solidificar-se.
Solução:
Sendo e 1 as densidades absolutas (massas específicas) do gelo e da água, respectivamente.
Tem-se pela definição:
 m m
 0,918   Mas   e  1
1 V V1

onde V e V1 representam os volumes do gelo e da água, respectivamente, para a massa m. Logo,

V V V1
0,918   1 V   1,089.V 1
m V 0,918
V1

O volume passou de V1 para 1,089V1. Houve um aumento de 0,089.


V1  8,9 %
Problema 4:
No módulo de um foguete espacial, instalado na rampa de lançamento na terra (g = 9,81
m/s2), coloca-se certa massa de um líquido cujo peso é w = 15 kgf. Determinar o peso w’ do mesmo
líquido, quando o módulo do foguete estiver na lua (g’ = 1,70 m/s2).
Solução:
Na terra, o peso do líquido é w = m . g
15 kgf = m . 9,81 m/s2
 m = 15 kgf
9,81 m/s2
Na lua, a massa é a mesma, mas o peso do líquido é w’ = m . g’
w’ = 15 kgf . 1,70 m/s2
9,81 m/s2

 w’  2,6 kgf

Problema 5:
Um manômetro de mercúrio está medindo a pressão do condensador de uma usina térmica
de vapor, e tem a leitura de 63 cm, vácuo. O barômetro no escritório da usina registra 76 cm de
mercúrio. Qual será a pressão absoluta no condensador em N/m2?
Solução:
Dado: Patm = 76 cm Hg

Sabemos que:
Pabs = Patm  Pman

Usando a equação (1.4a),


Pvác = Patm - Pabs

63 cm = 76 cm - Pabs  Pabs = 76 – 63 = 13 cm Hg = 130 mm Hg


Pabs = 130 . 13,6 kgf/m2 = 130 . 13,6 . 9,8067 N/m2

P abs  17338,25 N/m
2

Problema 6:
Uma turbina é fornecida com o vapor à pressão manométrica de 15 kgf/cm 2. Depois da
expansão, dentro da turbina, o vapor passa por um condensador, o qual é mantido a vácuo de 710
mm Hg por meio das bombas. A pressão barométrica é de 775 mm Hg. Calcule as pressões do
vapor na entrada e na saída em kgf/cm2.
Solução:
1 mm Hg = 13,6 kgf/m2
775 mm Hg = 775 . 13,6 kgf/m2 = 10540 kgf/m2 = 10540 kgf . m2 = 1,054 kgf
m2 104 cm2 cm2
ou seja: Patm = a pressão barométrica
PB = 775 mm Hg  1,054 kgf/cm2
Pode-se determinar a pressão atmosférica também pela aplicação da equação hidrostática
(1.5).
Aqui: P1 = Patm , P2 = 0
 .g .Z e gc é a constante que relaciona as
P  P1  P 2 
gc unidades de força , massa,
comprimento e tempo.
O valor de gc :
gc = 1 kg . 9,8067 m/s2 = 9,8067 kg . 1 m/s2 = 1 kg . 1 m/s2
kgf kgf N
Sabemos também que: Hg = densidadeHg . H2O
 H2O = 1000 kg/m
3

 Hg .g.Z (13,6.1000.kg / m3 ).9,8067.m / s 2 .0,775.m


P atm    10540 kgf/m2
gc m / s2
9,8067.kg.1.
kgf

Patm  1,054 kgf/cm2


Pressão do vapor na entrada:
A pressão na entrada = 15 kgf/cm2 = Pm
Mas Pabs = Pm + Patm = 15 + 1,054 = 16,054 kgf/cm2 abs.

A pressão na entrada, Pe  16,054 kgf/cm2 abs.

Pressão do vapor na saída:


A pressão na saída, Ps = 710 mm Hg vácuo
Mas Pabs = Patm - Pvác = (775 - 710) mm Hg = 65 mm Hg
Pabs = 65 . 13,6 kgf . m2 abs.
m2 104 cm2

 A pressão de saída, Ps  0,0884 kgf/cm2 abs.

Problema 7:
Um corpo com massa de 5 kg está 100 m acima de um dado plano horizontal de referência
num local onde g = 9,75 m/s 2. Calcular a força gravitacional em Newtons e a energia potencial do
corpo em referência ao nível escolhido.

Solução:
A energia potencial, Ep = m . g . Z [J]
O uso de gc:
Escrevendo a energia potencial como:

m.g .Z 5.kg.9,75.m / s 2 .100.m


Ep    4875.Nm
gc
1
kg.m / s 2 ou Ep = 4875 J
N
m.g 5.kg.9,75.m / s 2
A força gravitacional, F g 
gc
1
kg.m / s 2
ou Fg = 48,75 N
N

Problema 8:
A massa combinada de um carro com seus passageiros, movendo-se a 72 km/h é de 1500
kg. Calcular a energia cinética desta massa combinada.
Solução: m.v 2
A energia cinética, Ec  [J]
2
O uso de gc:
Escrevendo a energia cinética como:
2
 Km h 
1500kg .72 .
m.v 2 1500.kg . 72.Km / h h 3600.s 
2
Ec     
2.g c kg .m / s 2 kg .m / s 2
2.1 2.1
N N

2
 72.10 3 m 
1500.kg. 
 3600.s  1 400 m 2 / s 2
  .  300.000.N .m  300kJ 
kg.m / s 2 2 kg.m / s 2
2.1
N
1
N
Ec = 300 KJ

Problema 9:
As propriedades de uma certa substância são relacionadas como seguinte:
u = 392 + 0,320 t / p. = 55,5 ( t + 273)
Onde: u = energia interna específica [Kcal/Kg]; t = temperatura [°C];
p = pressão [kgf/m2];  = volume específico [m3/kg]
Determinar CP , Ce h em [kcal/kg °C].
Nota: 1 kgf . m = Kcal
427
Solução:
u = 392 + 0,320 t [Kcal/Kg]

 du 
 C v  v
 dt 
d d d d
 C v   u    392  0,320.t    392    0,320.t   0  0,320
dt dt dt dt

Kcal
C v  0,320
Kg .º C

 2 m
3
Kgf .m 
pv  55,5(t  273)  Kgf / m .  
 Kg Kg 
Kgf .m Kcal
ou pv  55,5(t  273) Kg
Mas 1 Kgf.m =
427

Kcal
ou pv  0,130(t  273)
Kg

 dh 
 C p  p
 dt 

d  
C p   h   d  u  pv   du  d  pv  du  d 0,130 t  273 Kcal  
dt dt dt dt dt dt  Kg 

0
d d Kcal Kcal
C v (0,130t )  (0,130.273)  0,320  0,130. 
dt dt Kg.º C Kg.º C

Kcal
C p  0,450
Kg .º C

Kcal
h  u  pv  (392  0,320t )  (0,130t  35,49)  h   427,49  0,45t 
Kg

Problema 10:
Água escoa por um bocal mostrado na figura. Determine a altura h para uma pressão
manométrica de 0,35 kgf/cm2 em A. Dado: H2O  9801,38 N/m3.

Solução:
1 kgf = 9,8067 N
1 = H2O  9801,38 N/m3  999,46 kgf/m3
2 = Hg = dHg . H2O = 13,6 . 999,46 kgf/m3
PAman = 0,35 kgf . 104 cm2 = 3500 kgf/m2
cm2 m2

Conforme a linha de pressão constante,


a pressão absoluta em C = a pressão absoluta em D
 PCabs = PDabs 
PCabs = PA + 1 (h + 60 . 10-2m) + Patm 
PDabs = 2 h + PB = 2 h + Patm 

Mas :  = 
 PA + 1 (h + 0,60 m) + Patm = 2 h + Patm
ou PAman = 2 h - 1 (h + 0,60 m)

Mas: PAabs - Patm = PAman = 3500 kgf/m2


3500 kgf/m2 = 2 h - 1 (h + 0,60 m)
= 13,6 . 999,46 kgf/m3 h – 999,46 kgf/m3 (h + 0,60 m)
= 999,46 kgf/m3 [13,6 h – h – 0,60m]

3500 m = 12,6 h – 0,60 m


999,46

 h = 3500 m + 0,60 m . 1  0,3255 m


999,46 12,6

 h  32,55 cm
Problema 11:

Um líquido tem viscosidade 0,005 kg/m.s e massa específica de 850 kg/m3. Calcular a
viscosidade cinemática em unidades S.I.
Solução:
Nota: viscosidade (dinâmica) tem dimensão NS/m2
NS = kg. m/s2 . s = kg 1 mícron = 10-6 m =  m
m2 m2 ms
A viscosidade cinemática, ‫ = ע‬0,005 kg/m.s
 850 kg/m3

 ‫ ע‬ 0,0000058 m2/s = 5,8  m2/s


1a. LISTA DE EXERCÍCIOS:

Questão 1:
Qual a diferença fundamental entre sistema e volume de controle?
Questão 2:
O que é estado e quais são as propriedades termodinâmicas de uma substância?
Questão 3:
O que são propriedades intensivas e extensivas?
Questão 4:
O que é processo e o que é processo cíclico ou ciclo termodinâmico?
Questão 5:
Defina trabalho de deslocamento e calor. Porque estes dois não são propriedades
termodinâmicas?
Questão 6:
Definir pressão absoluta.
Questão 7:
Qual a pressão absoluta que corresponde à pressão manométrica de 6,46 atm?
Resp.: 7,46 atm.
Questão 8:
A pressão efetiva ou manométrica de um certo sistema é –0,22 atm. Qual é a pressão
absoluta?
Resp.: 0,78 atm.
Questão 9:
Um tanque aberto contém 60,96 cm d’água cobertos por 30,48 cm de óleo de densidade
(relativa) 0,83. Determinar a pressão absoluta na interface em N/m2. Calcular também a pressão
absoluta no fundo do tanque em N/m2.
Dado: H2O  9801,38 N/m3
Resp.: Pinterface  1,038 . 105 N/m2 abs.
Pfundo  1,098 . 105 N/m2 abs.
Questão 10:
Um manômetro indica 2,8 kgf/cm2 e o barômetro indica 742 mm Hg. Calcular a pressão
absoluta em kgf/cm2 e em atm.
Resp.: Pabs  3,80 kgf/cm2 abs.  3,68 atm abs.
Questão 11:
Um manômetro de mercúrio, usado para medir um vácuo, registra 731 mm Hg e o
barômetro registra 750 mm Hg. Determinar a pressão absoluta em kgf/cm2 e em mícrons.
Resp.: Pabs  0,026 kgf/cm2 abs.  1,9 . 104 mícron de Hg
Questão 12:
Um manômetro contém um fluido com massa específica de 816 kg/m 3. A diferença de altura
entre as duas colunas é 50 cm. Que diferença de pressão é indicada em kgf/cm 2? Qual seria a
diferença de altura em cm, se a mesma diferença de pressão fosse medida por um manômetro
contendo mercúrio (massa específica de 13,60 g/cm3)?
Resp.: P = 4001,13 N/m2  0,041 kgf/cm2
Zm = 3 cm.

Questão 13:
Suponha que numa estação espacial em órbita, uma gravidade artificial de 1,5 m/s 2 seja
induzida por uma rotação da estação. Quanto pesaria um homem de 70 Kg dentro da mesma?
Resp.: F  105 N  10,71 kgf
Questão 14:
Um cilindro vertical contendo gás argônio possui um êmbolo de 45 kg e área seccional de
280 cm2. A pressão atmosférica no exterior do cilindro é 0,92 kgf/cm2 e a aceleração da gravidade
local é 9,7 m/s2. Qual é a pressão do argônio no cilindro?
Resp.: Pargônio  1,08 kgf/cm2 abs.
Questão 15:
Enche-se um frasco (até o traço de afloramento) com 3,06 g de ácido sulfúrico. Repete-se a
experiência, substituindo o ácido por 1,66 g de água. Obter a densidade relativa do ácido sulfúrico.
Resp.: dH2SO4  1,843
2. Propriedades de uma Substância Pura:

2.1 – Equação de Estado do Gás Perfeito:


Equação de estado para a fase vapor de uma substância simples compressível.
Comportamento P, V e T dos gases, diante de uma massa específica ( ) muito baixa, é dado
com bastante precisão:

P R T
P R T
PV= mRT (2.1) Esta equação é chamada de equação de estado para
PV= nRT os gases perfeitos.
P = R T

Onde: P = pressão absoluta


T = temperatura absoluta
 = volume específico molar (m3/kg mol) = M = V M
 = volume específico (m3/kg) m
M = peso molecular (kg/kg mol)
n = n° de moléculas (kg mol) = m
m = massa (kg) M
V = volume total (m3)
massa específica (kg/m3)
R = constante universal (molar) dos gases (é sempre cte.)
= 8314,34 J  847,7 kgf. m  0,08206 atm . l
Kg mol °K kg mol °K gm mol °k
 0,08315 bar.m / kg mol °K
3

R = constante para um gás particular (J/ kg °K) = R


M
R pode também ter unidade: (kgf . m/ kg °K).
R e M são tabelados. Vide Tabela A.8 (Propriedades de vários gases perfeitos, página 538
do livro “Fundamentos da Termodinâmica Clássica” – VANWYLEN e SONNTAG).
De (2.1): P.V = m R = cte. (Pois m e R são ctes.) = P1.V1
T T1
Ou seja: P1.V1 = P2.V2 = cte. (2.2) A lei combinada de BOYLE e CHARLES
T1 T2
BOYLE: P  1 [T = cte.]
V
CHARLES: P  T [V = cte.]
Combinando, tem-se: P  T [Ambos variáveis]
V
ou P = cte . T ou P V = cte ou seja:
V T

P1 .V 1 P .V
 2 2 (2.2)
T1 T2

Massas específicas maiores (baixo volume específico), os gases se comportam como gases reais e
a equação de estado do gás perfeito de CLAPEYRON (2.1) não vale mais.
A equação de estado para gás real:

P R T (2.3)
P R T

P. P.
ou Z   (2.4)
R.T R.T


Onde: Z = 0, fator de compressibilidade [adimensional];


Quando Z tende a um, gás real tende a gás perfeito.

2.2 – Transformação de estado para gases perfeitos ou ideais:


 Processo Isobárico (Transformação Isobárica)
Trabalho de Deslocamento (expansão ou compressão).
W = P . dV (1.10)
q = du + d = du + P d (1a. Lei para Sistema Fechado)
Estado: P V = m R T (2.1)
P = cte.  V T-1 = cte.  V2 = T2
V1 T1
1W2 = P (V2 - V1)
1Q2 = m CP (T2 – T1)
U2 – U1 = m C (T2 – T1)
H2 – H1 = m CP (T2 – T1)
S2 – S1 = m CP ln T2 = m CP ln V2
T1 V1
 Processo Isovolumétrico ou Isométrico (Transformação Isométrica)
W = P . dV (1.10)
q = du + d = du + P d (1a. Lei para Sistema Fechado)
Estado: P V = m R T (2.1)
V = cte.  P T-1 = cte.  P2 = T2
P1 T1
1W2 = 0
U2 – U1 = 1Q2 = m C (T2-T1)
H2 – H1 = m CP ( T2 – T1)
S2 – S1 = m C ln P2 = m C ln T2
P1 T1
 Processo Isotérmico (Transformação Isotérmica)
W = P . dV (1.10)
q = du + d = du + P d (1a. Lei para Sistema Fechado)
Estado: P V = m R T (2.1)
T = cte.  P V = cte.  P1 = V2
P2 V1
1W2 = 1Q2 = m R T ln V2 = m R T ln P1
V1 P2
U2 = U1 , pois para gás perfeito, U = U (T)
H2 = H1 , pois para gás perfeito, H = H (T)
 T v  v P
S 2 S 1 m C v Ln 1  R.Ln 2   m.R.Ln. 2  m.R.Ln 1
 T2 v1  v1 P2

 Processo Adiabático e/ou Isentrópico


(Transformação Adiabática e/ou Isentrópica) :
W = P . dV (1.10)
q = du + d = du + P d (1a. Lei para Sistema Fechado)
Estado: P V = m R T (2.1)
A equação do processo: P. Vk = cte., onde K = cte. Adiabática ou isentrópica
K = CP
C
Adiabática, Q = 0
Isentrópico (Adiabático + Reversível), dS = 0 = Q
T
P2 .V2  P .v  P1.v1 
1W2   m 2 2 
1 K  1 K 
1W2 = U1 – U2 = m C (T1 – T2) ; 1Q2 = 0
K 1/ K K 1
P1  v2  v2  P1  T1 v 
K 1
P  K
   ;   ;   2    1 
P2  v1  v1  P2  T2  v1   P2 
S1  S 2  cte.
H 2  H1  m.Cp (T2  T1 )

 Processo Politrópico (Transformação Politrópica)


W = P . dV (1.10)
q = du + d = du + P d (1a. Lei para Sistema Fechado)
Estado: P V = m R T (2.1)
A equação do processo: P. Vn = cte., onde n = expoente politrópico
(n > 1, mas n < K)
n n 1 n 1
P2  v1  T1  v1  T1  P1  n
  ;   ; 
P1  v2  T2  v2  T2 P  
 2

Cn  C p
n , onde Cn = calor específico para o processo
C n  Cv politrópico = C [(n-k)/(n-1)]

P1 T2 T2
Ln Ln Ln
P2 T1 n 1 T1
n ; n 1  ; 
v v n P
Ln 2 Ln 1 Ln 2
v1 v2 P1

Q2 = m C n – k (T2 - T1)
1
n –1
U2 – U1 = m C(T2 - T1)
H2 – H1 = m CP (T2 - T1)

P2V2  P1V1  P v  P1v1 


W2 
1  m 2 2 
1 n  1 n 

 n  k  T2
S 2  S1  m.Cv   Ln
 n  1  T1

Resumo:
A equação geral : P. Vn = cte.
Processo Isobárico: n = 0
Cn = K C  = C P
dP = 0

Processo Isovolumétrico: n =  
Cn = C 
d
Processo Isotérmico: n = 1
Cn =  
dT = 0
Processo Adiabático ou isentrópico: n = K
Cn = 0
q = 0 ou dS = 0
Em geral:
K = CP = cte. (gás perfeito/ideal)
C
CP - C = R = cte. (gás perfeito/ideal)
C = R CP = R K C = C (T) CP = CP(T)
K-1 K-1
U = U(T) H = H(T)
R, CP, C, K, M tem valores tabelados.

Em geral, para gás perfeito a variação de entropia específica ( s= S/m) dada pelas seguintes
equações:

s2 – s1 = CP ln(T2/T1) – R ln(P2/P1)
s2 – s1 = CP ln (2/1) + C ln (P2/P1)
s2 – s1 = Cln (T2-T1) + R ln (2/1)
s2- s1 pode ser zero,  ou .

Notas:
Unidades de trabalho de deslocamento (Expansão ou Compressão)
Sistema Internacional (S.I.)  J = Nm
Sistema Técnico (S.I.)  Kgf.m ou Kcal

Relacionamento entre Trabalho e Calor (Kgf.m e Kcal)


O equivalente mecânico do calor, J = 427 (kgf.m / Kcal)
1 Kgf.m = Kcal
427
Trabalho específico,  = W (K.J/Kg , Kcal/Kg)
m
Potência é trabalho por unidade de tempo, W = W (J/s = W , Kcal/h)
dT

A unidade de potência é também HP e/ou CV:


1 HP  0,746 KW = 641,2 Kcal/h
1 CV  0,736 KW
1 KW  860 Kcal/h

Temperatura absoluta (Escalas de temperatura)


Termodinâmica exige o emprego de uma temperatura absoluta ou temperatura
termodinâmica, independente da substância termométrica, que é medida a partir de um ponto 0
(zero) absoluto.
O zero absoluto  - 459,67°F ou - 273,15°C
T°K = t°C + 273,15  t°C + 273
T°R = t°F + 459,67  t°F + 460
5 9
t.º C   t.º F 32  ; t.º F  t.º C 32
9 5

PROBLEMAS RESOLVIDOS:

Problema 1:
Qual a massa de ar contida numa sala de 10m x 6m x 4m se a pressão absoluta é de
1Kgf/cm2 e a temperatura 27°C? Admitir que o ar seja um gás perfeito.
Solução:
Da tabela A.8 (pág. 538) encontra-se, Rar = 29,27 Kgf.m
Kg.°K
2
Dados: P = 1 Kgf/cm
T = t + 273 = (27 + 273) °K
V = (10 x 6 x 4) m3
Estado (gás perfeito): P V = m R T

ou m = P V = (1 Kgf/cm2 . 104 cm2/m2) . (10 . 6. 4) m3


RT 29,27 Kgf.m . (27 + 273) °K
Kg °K
 m
 273 Kg

Problema 2:
Calcular a variação de entalpia de 5 Kg de oxigênio sabendo-se que as condições iniciais
são P1 = 130 KPa abs., t1 = 10°C e as condições finais são
P2 = 500 KPa abs., t2 = 95°C.
Solução:
Para gás perfeito, a entalpia é função apenas da temperatura, e não interesse qualquer que
seja o processo. Logo, pela definição tem-se,

H2 – H1 = m CP (T2 – T1) = 5 Kg . 0,219 Kcal . (95 – 10) °K


Kg °K

H –H
2 1  93,08 Kcal  389,73 KJ
Problema 3:
Um cilindro contendo 1,59 Kg de Nitrogênio a 1,41 Kgf/cm 2 abs. e 4,4°C e é comprimido
isentropicamente até 3,16 Kgf/cm2 abs. Determinar a temperatura final e o trabalho executado.

Solução:
1°Método: Uso da equação isentrópica e a aplicação da 1a. Lei da Termodinâmica com
processos em sistema fechado.
Temperatura final:
A temperatura final pode ser obtida pela equação isentrópica:
K 1
 P2  K
T2  T1 
 P 
 1
T1 = (4,4 + 273) °K ; P1 = 1,41 Kgf/cm2 ; P2 = 3,16 Kgf/cm2 ; m = 1,59 Kg

Da tabela A8/ pág 538 : KN2 = 1,400 C0 = 0,177 [Kcal/Kg°K]


1, 4 1
 3,16  1, 4
T 2   4,4  273.   349,33.º K
 1,41 

 T2  349,33 °K  76,33 °C
Trabalho executado:
Da 1a. Lei: q = du + d Q = dU + W
Lembrando-se que, q = (Q/m) , u = (U/m) ,  = (W/m)
Para processo isentrópico i.e. adiabático e reversível, não há troca de calor entre
sistema e vizinhança.
A condição matemática: q = 0  ddu
O gás N2 é comprimido. Portanto o trabalho é realizado sobre o gás e é negativo.
d-du = - C (T2 - T1) = - 0,177 (349,33 – 277,4)
ou 12  - 12,73 Kcal/Kg
1W2 = 12 . m = -12,73 . 1,59  - 20,74 Kcal
= -20,74 . 4,187  -84,74 KJ , pois 1 Kcal = 4,187 KJ

 1 W2  - 24,74 Kcal = - 84,74 KJ Trabalho de Compressão

2°Método: Uso das equações de estado, processo isentrópico e trabalho.


Dados: P1 = 1,41 Kgf/cm2 = 1,41 . 104 Kgf/m2
P2 = 3,16 Kgf/cm2 = 3,16 . 104 Kgf/m2
T1 = (4,4 + 273) °K = 277,4 °K m = 1,59 Kg
Da tabela A8/ pág 538 : KN2 = 1,400 RN2 = 30,27 Kgf . m
Kg °K
Estado: V1 = m R T1 = 1,59 . 30,27 . 277,4  0,9469 m3
P1 1,41. 104
1
1/ K
   1,41 1, 400
Processo Isentrópico: V2  V1  P1   0,9469  V2  0,5321m3
 P2   3,16 

Temperatura final:
K 1 K 1
K 1 K 1
T1 v  P  K  V1   P2  K
  2    1  ou T2  T1 
V 
  T1 
P  
T2  v1   P2   2   1

1, 400 1
 0,9469   3,16  1,400  1
ou T 2  277,4 
 0,5321 
 277,4 
 1,41  1,400
 T2  349,33 °K  76,33 °C

T2 também pode ser calculado pela equação de estado.


Estado: T2 = P2 V2 = 3,16 . 104 . 0,5321  349,36 °K
mR 1,59 . 30,27
Trabalho executado:
Trabalho: 1W2 = P2 V2 – P1 V1 = (3,16 . 104) . 0,5321 – (1,41 . 104) . 0,9469
1–K 1 – 1,400

ou 1W2  - 8657,68 Kgf . m  - 20,28 Kcal = - 84,89 KJ Trabalho de


pois 1 Kcal  427 Kgf . m compressão

Problema 4: (Trabalho de Potência de Eixo)


Um carro a gasolina tem a velocidade de rotação(N) do motor de 3000 r.p.m., e desenvolve
um torque () de 260 Nm. Calcular a potência no eixo do motor.

Solução:
Potência no eixo, Pe =  x 2N [W]
60
Pe = 260 Nm . 2. 3000 s-1 [ Nm/s = J/s = W]
60

Pe  81681,41 W  81,68 KW

ou Pe =  x 2N [CV]
60 . 75

Pe = 260 Kgf . m . 2 . 3000 s-1 [CV] , pois 1 Kgf  9,81 N


9,81 75 60
 Pe  111,02 CV
Problema 5:
Um cilindro com êmbolo sem atrito contém ar. Inicialmente existe 0,3 m 3 de ar a 1,5
Kgf/cm2, e a 20°C. O ar é então comprimido de modo reversível segundo a relação P.Vn =
constante até que a pressão final seja 6 Kgf/cm2, quando a temperatura é de 120°C.
Determinar para esse processo:
a) O expoente politrópico n;
b) O volume final de ar;
c) O trabalho realizado sobre o ar;
d) O calor transferido;
e) A variação líquida de entropia em Kcal/°K
Solução:
A relação P.Vn = constante significa que o processo é politrópico. Tem-se, então,

 T2
n
 n 1 P1 n T n.Ln T2 / T1 
P1
  ou Ln  Ln 2 ou n 1 
P2 T  P2 n  1 T1 Ln( P2 / P1 )
 1 

1 Ln T2 / T1  1
ou 1  ou 1   Ln(T2 / T1 ) / Ln( P2 / P1 ) 
n Ln( P2 / P1 ) n

1
 n
1   Ln(T2 / T1 ) / Ln ( P2 / P1 )

Dados: P1 = 1,5 Kgf/cm2 = 1,5 . 104 Kgf/m2


P2 = 6 Kgf/cm2 = 6 . 104 Kgf/m2
T1 = 20 + 273 = 293 °K
T2 = 120 + 273 = 393 °K n=?

a) O expoente politrópico n:
n= 1  1,2687365
1 – [ln(393/293) / ln(6/1,5)]

 n  1,2687 < Kar  1,40

b) Volume final de ar:


Dados: V1 = 0,1 m3
V1 0,3
V2  1
 1
 0,1005823
1°Método: (T2 / T1 ) n 1  393 1, 2687 1
 
 293 


V2  0,1 m3
2°Método: Estado: P V = m R T ou P1 V1 = P2 V2 = m (cte.)
R T1 R T2
 V2 = P1 V1 . T2 = 1,5 . 0,3 . 393  0,1005973 
V2  0,1 m3
T1 P2 293 6

c) O trabalho realizado sobre o ar:

1W2 = P2 V2 – P1 V1 = (6 . 104) . 0,1 – (1,5 . 104) . 0,3 [Kgf.m]


1–n 1 – 1,2687

1W2  -5582,43 Kgf.m = -5582,43 Kgf.m . Kcal  -13,07 Kcal


427 Kgf.m

= -13,07 Kcal . 4,187 KJ  -54,72 KJ


Kcal

ou seja: 1W2  -5582,43 Kgf.m  -13,07 Kcal  -54,72 KJ

O sinal negativo significa que o trabalho é de compressão.


d) O calor transferido: Da tabela A8/pág 538 tira-se, Kar = 1,40 , Car = 0,171 Kcal/Kg °K

n  K 
1 q2  Cv    T2  T1   0,171 Kcal 1,2687  1,40 (393  293).º K
 n 1  Kg .º K  1,2687  1 

 q
1 2 - 8,36 Kcal/Kg  - 35,00 KJ/Kg O sinal negativo significa perda de
calor para o ambiente.

e) A variação líquida de entropia em Kcal/°K:


Da tabela A8/pág 538 tira-se, CP = 0,240 Kcal/Kg °K Rar = 29,27 Kgf.m/Kg °K

s2  s1  C p .Ln (T2 / T1 )  R.Ln ( P2 / P1 )

= 0,240 Kcal ln 393 - 29,27 Kgf.m . Kcal ln 6 .


Kg °K 293 Kg °K 427 Kgf.m 1,5

ou s2-s1 = - 0,024555 Kcal/Kg °K

Estado: P1 V1 = m R T1 ou m = P1 V1
R T1
m = 1,5 . 10 Kgf/m . 0,3 m  0,5247 Kg
4 2 3

29,27 Kgf.m . 293 °K


Kg °K
ou m = P2 V2 = 6 . 104 . 0,1005823  0,5246 Kg
R T2 29,27 . 393
 S2 - S1 = ( s2- s1) . m = -0,024555 [Kcal/Kg°K] . 0,5247 [Kg]
O sinal negativo significa que o processo
 2 S -S 1  -0,0129 Kcal/°K não é adiabático mas irreversível.
Outro Método: Para o processo politrópico vale:

n  K  q  n  K  dT
q  Cn dT  Cv  .dT ou  Cv  .
 n 1  T  n 1  T

q
Mas a definição de entropia: ds 
T

2 2 q 2  n  K  dT
 1
ds  
1 T
  Cv 
1 .
 n 1  T
ou

n  K  T Kcal 1,2687  1,40   393 


s2  s1  Cv  .Ln 2  0171 .Ln 

 n 1  T1 Kg.º K  1,2687  1   293 

s2 - s1 = -2,4535 . 10-2 Kcal/Kg °K

 S2 - S1 = -0,024535 . 0,5247  -0,0129 Kcal/°K

O processo não é adiabático mas irreversível!

2a. LISTA DE EXERCÍCIOS:

Questão 1:
Um tanque tem um volume de 0,425 m3 e contém 9 Kg de um gás perfeito com peso
molecular igual a 24 Kg /Kgmol. A temperatura é 27°C. Qual é a pressão?
Resp.: P  22,4 Kgf/cm2 abs.
Questão 2:
Determinar o volume específico de vapor d’água em cm3/g a 200 bar e 520°C.
Resp.:   18,3 cm3/g
Questão 3:
Gás nitrogênio, N2, à pressão de 1,40 bar é mantido à temperatura de 27°C. Considera-se o
nitrogênio como sendo um gás perfeito. Determinar o volume específico de N2.
Resp.: N2  0,636 m3/Kg
Questão 4:
Determinar a massa de oxigênio num cilindro de 200 litros de capacidade à pressão de 120
bar e à temperatura de 17 °C.
Resp.: mO2  31,85 Kg
Questão 5:
Calcular a massa específica e o volume específico de monóxido de carbono (CO) à pressão
de 1 bar e à temperatura de 300 °K.
Resp.: CO = 1,12 Kg/m3; CO  0,89 m3/Kg
Questão 6:
Calcular a variação da entalpia de 5 Kg de octano, C 8H18 (vapor de gasolina) sabendo-se que
as condições iniciais são P1 = 130 KPa abs., t1 = 10°C e as condições finais são P 2 = 500 KPa abs.,
t2 = 95°C.
Resp.: H2-H1  173,83 Kcal  727,83 KJ
Questão 7:
Um balão esférico tem diâmetro de 20 cm e contém ar a 2 atm. Em virtude de aquecimento,
o diâmetro cresce para 25 cm e durante o processo a pressão varia diretamente ao diâmetro do
balão. Qual é o trabalho fornecido pelo ar durante o processo?
Resp.: 1W2  93,58 Kgf.m  0,22 Kcal  0,92 KJ
Trabalho de expansão!

Questão 8:
Em virtude de aquecimento, cresce o diâmetro de um balão esférico. Durante o processo a
pressão varia diretamente ao diâmetro do balão. Qual é o processo termodinâmico? Mostre-o
matematicamente.
Resp.: A Expansão Politrópica.
Questão 9:
Num arranjo de pistão-cilindro cheio de gás no qual o processo reversível ocorre de acordo
com a equação: P.V4/3 = 20 Nm. O volume inicial é 1m 3 e o volume final 2 m3. Calcule o trabalho
realizado:
a) pelo método de integração;
b) pelo uso direto da equação.
Resp.: 1W2  12,38 Nm = 12,38 J
Trabalho de expansão.
Questão 10:
50 gramas de Metano estão contidos num cilindro equipado com êmbolo. As condições
iniciais são 1,5 Kgf/cm2 e 20°C. Adiciona-se, então, pesos ao êmbolo e o CH 4 é comprimido,
lenta e isotermicamente, até que a pressão final seja de
4,5 Kgf/cm2. Calcular o trabalho -realizado durante esse processo. Calcular a transferência de
calor deste processo.
Resp.: 1W2 = -850,92 Kgf.m  -8343,79 J  -1,99 Kcal
O trabalho é de compressão.
Q
1 2 = -850,92 Kgf.m  -8343,79 J –1,99 Kcal
O sinal negativo significa que o calor está saindo do sistema para o meio ambiente.
Questão 11:
1 Kg de oxigênio é aquecido de 300 °K a 1500°K. Suponhamos que, durante esse processo,
a pressão caia de 2,1 Kgf/cm2 para 1,4 Kgf/cm2. Calcular a variação de entalpia específica em
Kcal/Kg ou em KJ/Kg. Dados:
T2
(1) Definição: h2 – h1 =  CP dT
T1
(2) CPO2 = 8,9465 + 4,8044 . 10  - 42,679 1,5+ 56,615 -2 ,
-3 1,5

em [Kcal/Kgmol °K] e = T/100


(3) h2 – h1 em Kcal = h2 – h1 em Kcal
Kg M Kgmol
Resp.: h2 – h1  302,68 Kcal/Kg  1267,32 KJ/Kg
Questão 12:
A temperatura do ar num processo politrópico muda de 120 a 50 °C. A pressão inicial do ar
P1= 5 bar. Determine a variação da entropia do ar, se 60 KJ/Kg de calor é transferido ao ar durante
o processo.O calor específico do ar: C = 0,72 KJ/Kg °K.
Resp.: s2- s1  0,173 KJ/Kg °K  0,0413 Kcal/ Kg °K
O processo é irreversível!
Questão 13:
Na casa de máquina (caldeira) de uma usina térmica, 100 t (tonelada) de carvão são
queimadas durante 10 horas de operação. O poder calorífico do carvão é 28000KJ/Kg. Determinar
a quantidade de potência elétrica produzida e a energia elétrica (Rating of the Electric Power
Plant) da planta, se a eficiência da planta for 20%. Dados: N = B . QPC . P h .
3600s.
onde: N = Potência elétrica produzida em [KW];
B = Consumo de combustível por hora [Kg/h];
QPC = Poder calorífico de combustível [KJ/Kg];
P = Eficiência da planta [adimensional]
t = tonelada = 1000 Kg e Energia elétrica, E = Potência x Tempo
Resp.: N  15555,56 KW
E  155555,6 KWh  5600001,6 . 102 KJ  560GJ

Questão 14:
Calcular as variações de entalpia e de entropia de 1,36 Kg de monóxido de carbono ao
passar de P1 = 2,11 Kgf/cm2 abs., T1 = 4,4 °C para P2 = 4,22 Kgf/cm2 abs. e T2 = 65,03 °C. O
trabalho executado nesse processo é de expansão ou compressão? Mostre-o matematicamente.
Determinar também a variação da energia interna. Resp.: H = H2-H1 
20,53 Kcal  85,96 KJ
S = S2-S1  0,00071 Kcal/°K  0,00297 KJ/°K
O sinal positivo significa que o processo é adiabático mas irreversível.
Trabalho: É um trabalho de compressão adiabática.
U = U2-U1  14,68 Kcal  61,47 KJ
Questão 15:
A dissipação térmica do resistor de 1,2 ohm de uma bateria é 232,2 Kcal/h. A bateria tem
uma fonte de 18V nos seus terminais. Qual é a corrente em ampère que a bateria fornece? Calcular
a taxa de trabalho elétrico em Watt. Desprezar as resistências, de b a c e de d até a.
Dados: taxa de trabalho (potência) elétrico,
W = I V em watt
Calor do efeito Joule = I2 R em watt

Onde: I = corrente em ampère;


V= diferença de potencial entre dois terminais (força eletromotriz, fem) em volt;
R = resistência que permite a passagem de corrente em ohm.
Resp.: I = 15 A , W = 270 W
Questão 16:
Uma bateria de acumuladores é bem isolada termicamente enquanto está sendo carregada. A
tensão de carga é 12,3 V e a corrente 24,0 A. Considerando a bateria como o sistema, determinar o
trabalho realizado e o calor transferido num período de 15 min.
Resp.: W = - 73,8 Wh, Q  0

2.3 – Propriedades de uma Substância Pura:

A Substância Pura:
A substância pura tem a composição química invariável e é homogênea. Ela pode existir em
mais de uma fase. Por exemplo:
L+V água líquida + vapor d’água L = líquido
L + V = líquido + vapor
É mais importante nesta disciplina L + S = líquido + sólido

L água líquida L+S água líquida + gelo


Todas são substâncias puras.
Não é uma substância pura, pois a
Mistura de ar líquido + ar gasoso composição é diferente

Fases:
Substância Pura  pode existir em três fases diferentes ou em mistura de fases.

Equilíbrio de Fases: vapor - líquida numa substância pura


O equilíbrio significa o balanço completo, isto é a igualdade de pressão e temperatura etc.

Temperatura de saturação (ebulição): A temperatura na qual se dá a vaporização à


uma dada pressão, chamada de temperatura de saturação. Esta pressão é a pressão de saturação.

Exemplo: 1 atm e 100°C  água ferve


6,8 atm e 164,34 °C  água ferve

Portanto, PS = 1 atm  1 Kgf/cm2 H2O ferve


TS  100°C = 99,1°C (Precisamente)

PS = 6,8 atm  6,8 Kgf/cm2


TS = 164,34 °C H2O ferve

PS = (TS) = PS(TS)
Var a tabela A.1.1 (a)
Vapor de água saturado: tabela de temperatura
ou tabela de pressão

Líquido saturado, líquido sub-resfriado, líquido comprimido:


Se uma substância existe como líquido à temperatura e pressão de saturação (P S e TS), é
chamada de líquido saturado. Portanto, num estado saturado, pressão e temperatura não são
propriedades independentes. Sabe-se que para poder definir um estado, precisa-se de duas
propriedades independentes.
Se a temperatura do líquido, TL < TS para a pressão existente, ele é chamado de líquido sub-
resfriado.
Se a pressão do líquido, P L > PS para a temperatura existente, ele é chamado de líquido
comprimido.

Título (Qualidade de vapor):


Quando uma substância existe, parte líquida e parte vapor, na temperatura se saturação (T S),
seu título (X) é definido como a relação entre a massa de vapor e a massa total.

m m
X  (2.3)
mtotal m  ml

Onde: m = massa do vapor; mL = massa do líquido.


O título é uma propriedade intensiva, pois é adimensional e não depende da massa.

Exemplo:
m = 0,2 Kg 0,2 0,2
x 
mL = 0,8 Kg 0,2  0,8 1,0

X = 20%

m = 20 Kg 20 20
x 
mL = 80 Kg 20  80 100

X = 20%

Vapor saturado, vapor superaquecido:


Se uma substância existe como vapor na temperatura de saturação (TS), é chamada vapor
saturado. Às vezes o termo vapor saturado seco é usado para enfatizar que o título é 100%.
Quando o vapor está a uma temperatura maior que a temperatura de saturação, é chamado
vapor superaquecido.
TV >TS  vapor superaquecido

TV , PV são independentes, pois TV pode aumentar mas a pressão (PV) do vapor permanece
constante (Processo Isobárico).

2.4 – Diagrama temperatura-volume para água, mostrando as fases líquida e vapor:


Ponto A = Estado inicial (15 °C) e 1 Kgf/cm2 (sub-resfriado / líquido comprimido), verifique com
as tabelas.
Ponto B = Estado de líquido saturado a 100°C.
Linha AB = Processo no qual o líquido é aquecido da temperatura inicial até a temperatura de
saturação.
Linha BC = Processo à temperatura constante no qual ocorre a mudança de fase (troca de calor
latente) líquida para vapor (processo de vaporização: processo isobárico).
Ponto C = Estado de vapor saturado a 100°C.
Entre B e C = Parte da substância está líquida e outra parte vapor. A quantidade de líquido
diminui na direção B para C, ou seja o título (qualidade de vapor) do vapor aumenta de B para C.
Linha CD = O processo no qual o vapor é superaquecido à pressão constante. A temperatura e o
volume aumentam durante esse processo.

Ponto Crítico
Temperatura, pressão e volume específico no ponto crítico são chamados “temperatura
crítica”, “pressão crítica” e “volume crítico”.
Água  tcr  374,15°C
Pcr  225,65 Kgf/cm2
cr = L =  = 0,00318 m3/Kg  0,0032 m3/Kg
hcr = hL = h  501,5 Kcal/Kg
scr = sL = s 1,058 Kcal/Kg °K

2.5 – Diagrama pressão-temperatura para uma substância de comportamento


semelhante ao da água:
Este diagrama mostra como as fases sólida, líquida e vapor podem existir juntas em
equilíbrio. Ao longo da linha de sublimação, as fases sólida e vapor estão em equilíbrio. Ao longo
da linha de fusão, as fases sólida e líquida estão em equilíbrio e ao longo da linha de
vaporização, estão em equilíbrio as fases líquida e vapor.
O único ponto no qual todas as três fases podem existir em equilíbrio é o ponto triplo.
A linha de vaporização termina no ponto crítico, porque não há mudança distinta da
fase líquida para a de vapor acima deste ponto.
Consideremos um sólido no estado A, no diagrama. Quando a temperatura se eleva à
pressão constante, sendo esta pressão inferior à pressão do ponto triplo (como está representado
pela linha AB), a substância passa diretamente da fase sólida para a de vapor.
Ao longo da linha de pressão constante EF, a substância primeiramente passa da fase
sólida para a líquida a uma temperatura e depois da fase líquida para a de vapor, a uma
temperatura mais alta.
A linha de pressão constante CD passa pelo ponto triplo e é somente no ponto triplo que
as três fases podem existir juntas em equilíbrio.
A uma pressão superior à crítica, como GH, não há distinção marcada entre as fases
líquida e vapor.

2.6 – Tabelas de Propriedades Termodinâmicas:

As “Tabelas de Vapor” de KEENAN, KEYS, HILL e MOORE (U.S.A.) de 1969 podem ser
usadas.
É preciso usar pelo menos a interpolação linear ao consultar as tabelas.

2.6.1 – Tabela A.1.1 (a) [página 476 e 477]  vapor de água saturado:
Tabela de Temperatura
t (°C), T (°K), P (Kgf/cm2)abs, L = volume específico do líquido (m3/Kg),  = volume específico
do vapor (m3/Kg),  = massa específica do vapor (Kg/m3), hL = entalpia específica do líquido
(Kcal/Kg), h = entalpia específica do vapor (Kcal/Kg), hL = o acréscimo na entalpia específica
quando o estado passa de líquido saturado a vapor saturado = h - hL , sL = entropia específica
do líquido (Kcal/Kg °K), s = entropia específica do vapor (Kcal/Kg °K).

2.6.2 – Tabela A.1.2 (a) [página 481, 482 e 483]  vapor de água saturado:
Tabela de Pressão

2.6.3 – Tabela A. 1.3 (a) [página 491, 492, 493, 494, 495 e 496]  vapor de água
superaquecido

2.7 – Volume específico total de uma mistura de líquido e vapor (vapor úmido)
O volume específico do líquido: L = (1 – x ) L.
Aqui, x = 0  o fluído é totalmente líquido.
O volume específico do vapor:  = (1 – x ) .
Aqui, x = 0  o fluído é totalmente vapor (gás).
O volume específico total para mistura de líquido e vapor:
 =  + L = x+ (1-x ) L
Mas L = o acréscimo no volume específico quando o estado passa de líquido saturado a vapor
saturado =  - L
  = L + L , tem-se, então:  = (1 - x ) L + x(2.7.1)
 = L + xL(2.7.2)
 = - (1 - x ) L(2.7. 3)
Na mesma maneira, as outras propriedades específicas podem ser desenvolvidas.
Finalmente:
 = (1 - x ) L + x
u = (1 - x ) u L + xuTente usar apenas esta forma de
h = (1 - x ) hL + xh (2.7.4) equações.
s= (1 - x ) sL + x s
Lembrando-se que:
L= VL ; = V ; = V
mL m m
e
m = m+ mL , onde m = massa total

2.8 – Diagrama de MOLLIER para vapor d’água:


O diagrama de MOLLIER mostra as relações entre as propriedades termodinâmicas da
água. Na abscissa encontra-se a entropia específica (KJ/Kg °K) e na ordenada a entalpia
específica (KJ/Kg), sendo ambas propriedades termodinâmicas. A figura abaixo mostra um
esquema do diagrama de MOLLIER.

Observações:
 Acima da linha x = 1, o vapor é superaquecido e abaixo é vapor úmido ou saturado (líquido +
vapor).
 As linhas de temperatura constante coincidem com as linhas de pressão constante na região de
vapor úmido, i.e. Nesta região as linhas isobáricas são também isotérmicas.
 As linhas de volume específico constante são mais inclinadas que as linhas de pressão constante.
 Acima da linha x = 1, temperatura e pressão são propriedades independentes.
 Abaixo da linha x = 1, temperatura e pressão não são propriedades independentes. Pressão e
título, temperatura e título, por exemplo, são propriedades independentes.

PROBLEMAS RESOLVIDOS:
Problema 1:
Calcular o volume específico (total) do vapor d’água saturado a 260°C, tendo um título de
70%.
Solução:
Dados: T, x são duas propriedades independentes.
(Tabela de temperatura, pág 477).
T = 260 °C, x = 0,70.
= (1 – x ) L + x = (1 – 0,7) . 0,0012755 + 0,7 . 0,04213


L a 260°C a 260°C
  0,029873 m /Kg 3

Problema 2:
Estimar o calor específico à pressão constante do vapor de água a 7,5 Kgf/cm2, 200°C.
Solução:
Se considerarmos uma mudança de estado a pressão constante, a equação:

CP = dh  h pode ser usada com a tabela.


dT P T P
(Das tabelas de vapor, página 492):
a 7,5 Kgf/cm2, 190°C  h = 674,2 Kcal/Kg
a 7,5 Kgf/cm2, 210°C  h = 684,8 Kcal/Kg

Portanto, CP a 7,5 Kgf/cm2 e a 200°C 210 + 190 = 200°C é:


2

CP  684,8 – 674,2  0,53 Kcal/Kg °C (ou Kcal/Kg °K)


210 – 190

Observações:
(1) Na região de vapor superaquecido T, P são duas propriedades independentes. Pressão pode
permanecer constante enquanto varia a temperatura.
(2) CP do vapor d’água não é cte. Verifique o valor de CP do vapor d’água dado na tabela A.8
(pág 538) a 26,7°C.

Problema 3:
Calcular a energia interna específica do vapor d’água superaquecido a 5 Kgf/cm2, 200°C.
Solução:
Sabemos que, h = u + P  e usando tabelas de vapor (página 492), tem-se:
u = h – P  = 682,4 Kcal – 5 . 104 Kgf/m2 . 0,4337 m3/Kg
Kg 427 Kgf.m / Kcal

 u = 631,6 Kcal/Kg

Problema 4:
O vapor d’água superaquecida entra numa turbina a 18,5 Kgf/cm2 e 290 °C. Calcular a
entalpia de entrada da turbina com uso das tabelas de vapor e pelo diagrama de MOLLIER.
Solução:
h pelo uso das tabelas de vapor:
vapor superaquecido  Tabela A.1.3 (a) / pág 493
usa-se a fórmula de interpolação linear:

Y = X – X1 . (Y2 – Y1) + Y1
X2 – X1

Escrevendo esta equação para entalpia, tem-se:

h= P – P1 . (h2 – h1) + h1 , onde 1 = valor anterior e 2 = valor posterior


P2 – P1

h= 18,5 – 15 . (717 – 720,3) + 720,3


20 – 15


h = 717,99  718 Kcal/Kg

h pelo diagrama de MOLLIER:


com a linha de pressão de 18,5 bar  18,5 Kgf/cm2 (interpolando no diagrama) e a linha de
temperatura de 290 °C, achamos o ponto de interseção e traçamos uma linha vertical até a
ordenada a fim de obtermos a entalpia específica.

h = 3010 KJ/Kg  718,89 Kcal/Kg
4,187
(erro pessoal de + 0,12%)

Problema 5:
O vapor d’água saturado (vapor úmido) sai de uma turbina a 0,15 Kgf/cm 2 e x = 93%.
Calcular a entalpia de saída da turbina com uso das tabelas de vapor e pelo diagrama de MOLLIER.
Solução:
vapor úmido ou vapor de água saturado.
h pelo uso das tabelas de vapor:
usa-se a Tabela de pressão: A.1.2 (a) / pág 481
hs = (1-x ) hL + x . h
hs = (1 – 0,93) . 53,5 + 0,93 . 620,4

hs  580,5 Kcal/Kg

h pelo diagrama de MOLLIER:


com a linha de pressão de 0,15 bar  0,15 Kgf/cm2 (interpolando) e a linha de título de 0,93
(interpolando), achamos o ponto de interseção e traçamos uma linha vertical até a ordenada a
fim de obtermos a entalpia específica.


hs = 2430 KJ/Kg  580,37 Kcal/Kg
4,187
(erro pessoal de – 0,06% )

3a. LISTA DE EXERCÍCIOS:

Questão 1:
Descreva o diagrama temperatura - volume para água.

Questão 2:
O que é o ponto crítico?

Questão 3:
Explique o diagrama pressão-temperatura para uma substância de comportamento
semelhante ao da água.

Questão 4:
O que é o ponto triplo?

Questão 5:
Cite duas propriedades independentes no estado saturado.

Questão 6:
Cite duas propriedades independentes no estado superaquecido.

Questão 7:
Defina o título de vapor.

Questão 8:
Quais são os processos que envolvem a mudança de fase líquida para vapor?

Questão 9:
Defina líquido comprimido e líquido sub-resfriado.

Questão 10:
Explique a curva de pressão do vapor para uma substância pura.

Questão 11:
Do que se trata o diagrama de MOLLIER?

Questão 12:
Quais são as duas propriedades fundamentais no diagrama de MOLLIER que envolvem a
1 . e a 2a. leis da termodinâmica?
a

Questão 13:
Calcular o volume específico (total) do vapor d’água saturado a 48 Kgf/cm 2 abs., tendo um
título de 70 %.
Resp.:   0,02979 m3/Kg abs.

Questão 14:
1 Kg de mistura de água e vapor num recipiente fechado comporta-se como 1/3 líquido e
2/3 vapor em volume. A temperatura é 151,1 °C. Calcule o volume total e a entalpia total.
Resp.: V  0,0033 m3, h  154,99 Kcal  648,94 KJ

Questão 15:
Um vaso de 0,250 m3 de volume, contém, 1,4 Kg de uma mistura de água líquida e vapor
em equilíbrio a uma pressão de 7 Kgf/cm 2. Calcule o título do vapor, o volume e a massa do
líquido.
Resp.: x  64,3 %, mL  0,4998 Kg, VL  0,00055 m3

Questão 16:
Estimar a energia interna específica d’água no ponto crítico.
Resp.: u  484,69 Kcal/Kg  2029,39 KJ/Kg

Questão 17:
O vapor d’água entra numa turbina a 10 Kgf/cm2 e 250°C e sai da turbina à pressão de 1,5
Kgf/cm2. Estimar as seguintes propriedades termodinâmicas pelo diagrama de MOLLIER:
(a) entalpia na entrada
(b) entropia na entrada
(c) título do vapor na saída
(d) entalpia na saída

Resp.:
(a) he  2945 KJ/Kg  703,37 Kcal/Kg
(b) se  6,94 KJ/Kg °K  1,6575 Kcal/Kg °K
(c) x s  95%
(d) hs  2580 KJ/Kg  616,19 Kcal/Kg

Capítulo 3

Equações gerais e particulares para meios contínuos

Qualquer problema de engenharia pode ser resolvido com o uso das leis, que podem ser
representadas por meio de equações independentes. Essas equações tem a forma
apropriada para sistemas e volume de controle (sistema aberto).

3.1 – Leis básicas para sistema


3.1.1 – Conservação da Massa

A lei de conservação da massa afirma que a massa de um si9stema permanece


constante com o tempo (não levando em conta efeitos de relatividade).

Em forma de equação:

Onde m é a massa total.

Onde  = massa específica, V = volume total.


3.1.2 – Conservação da Quantidade de Movimento

A Segunda lei de Newton, do movimento, para um sistema pode ser escrita como:

d
V  ( mV ) (3.1.2)
dt

no sistema, incluindo as de campo como o peso, e V é a velocidade do


centro de massa do sistema.
3.1.3 – Conservação da Energia Durante uma Transformação

A primeira lei da termodinâmica ou lei da conservação da energia para um sistema


que realiza uma transformação pode ser escrita na forma diferencial como:

Q  dE  W ou 1 Q 2  E 2  E1  1W2 (3.1.3)

onde 1Q2 é o calor transferido para o sistema durante o processo do estado 1 ao estado 2,
E1 e E2 são os valores inicial e final da energia E do sistema e 1W2 é o trabalho realizado
pelo sistema ou sobre o sistema.

Q dE W
 
dt dt dt

A conservação da energia por unidade de tempo pode ser escrita na forma:


 dE 
Q W (3.1.3a)
dt

esta é a equação da energia em termos de fluxo.

O símbolo E representa a energia total do sistema que é composta da energia interna (U),
da energia cinética (mv2/2) e da energia potencial (mgZ). Portanto,

1
E U  mV 2 mgZ (3.1.3b)
2

onde V = a velocidade do centro de massa do sistema, Z = a altura em relação a um


plano de referência, g = a aceleração da gravidade.

Deste forma a equação da conservação da energia para um sistema pode ser escrita
como

2 2
Vs V
1 Q 2 U 2 U 1  m (  s )  mg ( Z 2  Z 1 )  1W2 (3.1.3c)
2 2

No caso de não existir movimento e elevação (altura) do sistema, a equação acima


torna-se:

1 Q 2  U  1W2
Ou na forma diferencial

Ciclo Termodinâmico ou Processo Cíclico

Ciclo termodinâmico ou processo cíclico pode ser de circuito fechado ou circuito


aberto.

A primeira lei da termodinâmica ou lei da conservação da energia para um sistema


que realiza um ciclo termodinâmico é dada por

Em palavras, a integral cíclica de calor infinitesimal é igual a integral cíclica de trabalho


infinitesimal OU somatório de calores é igual ao somatório de trabalhos. Esta equação
também representa o balanço térmico ou balanço energético.

3.1.4 – Segunda Lei da Termodinâmica

Existem dois enunciados clássicos da Segunda lei da termodinâmica, conhecidos como


enunciado de Kelvin-Planck e Clausius. Como resultado desta Segunda lei tem-se que,
se uma quantidade de calor Q é transferida para um sistema à temperatura T, a variação
de entropia é dada pela relação:

PROCESSO (Envolvendo sistema fechado)

Q
dS  (3.1.4)
T

A igualdade sisgnifica processo reversível e a desigualdade significa processo


irreversível.
Definição moderna: Entropia, sistema fechado.

2
Q
S 2  S1  
1
T
 (3.1.4a)

onde S2-S1 = variação de entropia,

2
Q

1
T
= transferência de entropia,

(sigma) = produção de entropia,

NOTAS

1.  >0  Irreversibilidade presente dentro do sistema.


2. = 0  Nenhuma irreversibilidade dentro do sistema.
3.  nunca pode ser negativo.
4. S2-S1 >0  Processo adiabático mas irreversível
5. S2-S1 >0  Processo adiabático e reversível, ou seja isentrópico
6. S2-S1 <0  Processo não é adiabático mas irreversível

Ciclo Termodinâmico (Envolvendo sistema aberto ou V.C)

Q
 T
0 (3.1.4b)

Esta equação é chamada de desigualdade de CLAUSIUS e é somente aplicável aos


ciclos.

O sinal de igualdade vale para ciclo internamente reversível (ideal) e o sinal de


desigualdade vale para ciclo internamente irreversível (real).

4.1 – Leis Básicas para volume de controle (Capítulo 4)

Um volume de controle refere-se a uma região do espaço e é útil na análise de


situações nas quais haja escoamento através desta região.
A fronteira do volume de controle é a superfície de controle, sendo sempre uma
superfície fechada. A superfície pode ser fixa, pode se mover ou se expandir. O tamanho
e a forma do volume de controle são completamente arbitrários. O volume de controle é
chamado muitas vezes de sistema aberto.

A massa, calor e trabalho podem atravessar a superfície de controle, e a massa contida


no volume de controle, bem como suas propriedades, podem variar no tempo.
4.1.1 – Conservação de Massa (Equação da Continuidade)

Pode-se mostrar que,

  
0
t  dV    V .d A
SC
(4.1.1)

O primeiro termo representa a taxa de variação da massa no volume de controle.

O segundo termo representa a taxa de efluxo de massa resultante através da superfície


de controle.

Pode-se escrever,

  
  V .d A   t  dV
sc VC
(4.1.2) Deve-se lembrar esta forma da continuidade.

A equação (4.1.2) é a forma integral da equação da continuidade e fisicamente significa


que a vazão em massa para fora da superfície de controle é igual ao decréscimo de
massa no interior do volume de controle na unidade de tempo.

A equação (4.1.2) é valida para qualquer região, finita ou infinitesimal, para qualquer
fluido – viscoso ou ideal, newtoniano ou não newtoniano, compressível ou
incompressível, puro ou multicomponente, escoamento com teransferência de calor ou
sem transferência, etc.

Casos particulares da equação da continuidade que tem aplicação em engenharia.

A equação geral:

  
  V .d A  
sc
 dV
t VC
a) Escoamento compressível em regime não permanente

   
 não é constante, 0
  V .d A   t  dV
sc VC
t

b) Escoamento compressível em regime permanente


 

  V .d
sc
A  0 (4.1.4)

c ) Escoamento incompressível em regime não permanente


 constante, 0
t

d ) Escoamento incompressível em regime permanente



  cte 0
t

As equações 4.1.4 e 4.1.6 serão tratadas nesta disciplina (a nível de graduação).

4.2 – Aplicação da equação (4.1.4 e/ou 4.1.6) da continuidade


Considerando o escoamento permanente para fluido compressível da figura1, onde o
fluido entra pela seção 1 e sai através da 2 e 3, temos

ou
     
 V .dA   V .dA   V .dA  0
A2 A3 A1

Admitindo que a velocidade seja normal a todas as superfícies de passagem do fluido


     

A2
2 V 2.dA  V
A3
3 .dA 
3 V
A1
1 1 .dA  0

Se as massas específicas e as velocidades são uniformes em suas respectivas áreas,


onde m  VA  vazão em massa (kg/s)

Para uma tubulação simples, sem a terceira saída, a equação fica


As premissas feitas para se chegar à Eq. (4.2.1) são: a) escoamento permantene, b)
fluido compressível, c) velocidades normais às superfícies, d) velocidade e massa
específica constantes ao longo das áreas respectivas, e e) uma entrada e uma saída para
o volume de controle.

4.3 – Definição da velocidade média

A velocidade média numa seção transversal é dada por:

1
A
V  vdA (4.3) onde v = velocidade local (m/s)

A vazão volumétrica ou vazão em volume, fórmula V  AV   vdA (4.3.1)

A equação da continuidade (eq. 4.2.1) pode ser escrita como


  
m   1V 1A1   2V 2A 2   1V 1   2 V 2 (4.3.2)

OUTRA FORMA DA CONTINUIDADE (Eq. 4.2.1)



m  VA  cte

m  gVA  cte (4.3.3) e comentário
G  VA  cte

onde G = vazão em peso (N/S, kgf/s), =peso específico (N/m3, kgf/m3)

ESCOAMENTO PERMANENTE E FLUIDO INCOMPRESSÍVEL



m  VA  cte
Considerando a eq. (4.2.1) pode-se escrever . Mas para fluido

m 
incompressível,   cte ou  V  AV  cte (4.3.4.)

4.4 – Equação da Continuidade na forma diferencial

Para o estudo de escoamentos bi e tridimensionais, a equação da continuidade é


usada na forma diferencial.

Para coordenadas cartesianas em três dimensões, a equação da continuidade


genérica é:
Para fluido incompressível e escoamento em regime permanente, (=cte,  / t  0 ), a
equação em três dimensões fica:
u v 
  0 (4.4.1)
x y z
4.5 – Conservação da energia (1ª lei da termodinâmica) para volume de controle

Para várias entradas e saídas, a primeira lei da Termodinâmica para o volume de


controle, podemos escrever:

  V c2 dE vc  V s2 
Q VC  m e ( h 2   gZ c )    m s (h s   gZ s )  Wvc (4.5)
2 dt 2

4.5.1 – Energia em termos de fluxo (taxa) para sistema fechado

A equação genérica (4.5) para um sistema fechado onde não há fluxo de massa
(continuidade de escoamento) entrando ao volume de controle ou saindo do volume de
controle, reduz-se
 dE 
Q W (4.5.1) Verifique a equação (3.1.3a)
dt
4.5.2 – Energia para escoamento em regime permanente

Regime permanente: Quando propriedades não variam em função do tempo. i.e.


dE VC
0
dt
A equação (4.5) torna-se:

  dEVC  V2 
Q VC   m e ( h e Vc2  gZ e )   m s ( h s  s  gZ s )  W VC (4.5)
dt 2

Esta é a equação da energia genérica ou a primeira lei para volume de controle, i.e. para
sistema aberto.

4.5.1 – Energia em termos de fluxo (taxa) para sistema fechado

A equação genérica (4.5) para um sistema fechado onde não há fluxo de massa
(continuidade de escoamento), entrando ao volume de conterole ou saindo do volume de
controle, reduz-se:
 dE 
Q  W (4.5.1.) Verifique a equação (3.1.3a)
dt

4.5.2 – Energia para escoamento em regime permanente

Regime permantene: Quando propriedades não variam em função do tempo, i.e.


dE vc
0
dt
A equação (4.5) torna-se:

  V c2  V s2 
Q VC  m e ( h 2   gZ c )   m s (h s   gZ s )  Wvc (4.5.2)
2 2

4.5.3 – Energia para escoamento em regime permanente com única entrada e única
saída
    
Cont:  m e  m e   m s  m s  m  cte.

  Vc2  V2 
1ª lei: Q VC  m ( h e   gZ e )  m s ( h s  s  gZ s )  W VC (4.5.3)
2 2
em J/S=W

Esta equação é aplicada em qualquer acessório técnico.(Bomba, compressor,


ventilador, turbina, condensador, evaporador, trocador de calor, aquecedor, resfriador,
caldeira, bocal, difusor, tubulação, válvula de expansão, coletor solar, etc, etc.), quando a

vazão em massa ( m ) é conhecida.

4.5.4 – Energia ou a 1ª lei na unidade de massa

Dividindo a equação (4.5.3) por m


 (Kg/s)


Q  
m V
2  m  V
2  W
VC
  h e  e  gZ e    h s  s  gZ s   VC
m
  
m 2  m
  
 2  m
 

tem-se:

 V
2   V
2 
q VC   h e  e  gZ e    h s  s  gZ s   VC  J , Kcal  (4.5.4)
 2   2  
 Kg Kg 
   

Esta equação é também aplicada em qualquer acessório térmico (como anteriormente),


quando a vazão em massa ( m
 ) é desconhecida.

4.5.5 – Energia ou a 1ª lei na forma diferencial

Tomando diferencial ambos os lados da equação 4.5.4 tem-se:

q VC  dh  d V   gdZ  VC


2

 2
 d u  Pv   d V   gdZ  VC
2

 2
q VC  du  Pdv  vdP  d V   gdZ  VC (4.5.5)
2

 2

Esta forma diferencial explica a 1ª lei com escoamento em regime permanente.

qVC = Calor infinitesimal fornecido ao volume de controle ou calor rejeitado ou perda de


calor do volume de controle.
du = Variação infinitesimal da energia interna específica.
Pdv = Trabalho de deslocamento (expansão e/ou compressão) pelo sistema aberto (V.C.).
vdP = Trabalho de escoamento (devido a diferença de pressão)
d(V²/2) = Variação infinitesimal da energia cinética específica
gdZ = Variação infinitesimal da energia potencial específica X gravidade
VC = Trabalho infinitesimal (trabalho de eixo) produzido ou gasto pelo volume de
controle (sistema aberto).

4.5.6 – Energia ou a 1ª lei na forma diferencial reduz-se para sistema fechado


q VC  du  Pdv  vdP  d V   gdZ  VC (4.5.5)
2

 2

Quando:

1) Não há escoamento : vdP = 0, V=0


2) Não há diferença em energia potencial específica, gdZ = 0
3) Não há trabalho de eixo produzido ou gasto, VC = 0

q  du  Pdv ou q  dh  vdP (4.5.6)

Esta é a 1ª lei para sistema fechado. Verifique a equação (3.1.3c).

4.5.7 – Equação de Bernoulli: Um caso específico da 1ª lei

Vamos utilizar a equação (4.5.4)

 V
2   V
2 
q VC   h e  e  gZ e    h s  s  gZ s   VC (4.5.4)
 2   2 
   

2 2
Vs  Ve
ou q VC   h s  h e    g Z s  Z e   VC
2

2 2
Vs  Ve
ou  VC   u  Pv  s   u  Pv  e   g Z s  Z e   q VC
2
2 2
V  Ve
ou  VC  Ps v s  Pe v e  s  g Z s  Z e    u s  u e  q VC  (4.5.4a)
2

Esta equação ainda é uma forma da 1ª lei.

Hipóteses:
1) Quando não há o trabalho de eixo tem-se -VC =0
2) Fluido seja incompressível vs = ve = v = 1/
3) Fluido seja ideal (não viscoso:  = 0), tem-se perda de carga (perda de energia
mecânica) causada pela viscosidade = 0 = (us – ue – qvc)

2 2
P  Pe Vs  Ve
 s   g Z s  Z e   0 (4.5.7) Equação de Bernoulli
 2

Nota: p/ fluido real (viscoso:  > 0)


Termodinâmica não dá o valor de (u s – ue – qvc), porque não existe nenhum
aparelho que consiga medir separadamente os termos (us – ue) e -qvc.
A mecânica dos fluidos consegue medir o efeito global através dos parâmetros
fluido dinâmicos.

PROBLEMAS RESOLVIDOS

Problema 1

A distribuição de velocidades para um escoamento bidimensional de fluido


incompressível é dada por

x y
u 2 2
, v
x y x  y2
2

Demonstrar que satisfaz a continuidade.

Solução Y
Para fluido incompressível e escoamento em regime
permanente. v
Continuidade tri-dimensional
u v  u X
  0 (4.4.1) 
x y Z
Z
Mas para escoamento bidimensional , a continuidade fica ( = 0):
u v
 0
x y

u   x  1 2x 2

Logo, x x  2      
 x y 
2 
x2  y 2 x2  y 2   2

v   y  1 2y 2
e y  y   2  
 x y 
2 
x2  y 2 x2  y 2
2
 
2
u v 1 2x 1 2y 2
   2   
x y x  y2 x  y2
2
  2
x2  y 2 x 2
 y2  2

 1 1   x2  y 2 
  2    2  
x  y
2
x2  y 2  
 x 2  y 2 2  
 2   2 
  2 2
 2 2
0
x  y  x  y 

Satisfaz a continuidade

Problema 2
Um fluido incompressível bidimensional não tem a componente da velocidade na
direção Z. A componente da velocidade u em qualquer ponto é dada por u = x² - y². Ache
a componente da velocidade v.

Solução

u = x² - y²
u

x x
 2

x  y 2  2x
Continuidade bidimensional incompressível:

u v v
  0 ou 2x   0 ou v  2xy ou  v    2xy
x y y
 v  2xy  c (constante de integração)

Finalmente v = -2xy + f(x)

Verificação:
v 
   2xy  f ( x )  2x  0
y y
u v
  2x  2x  0
x y
OK

Problema 3

Consideremos um fluxo (vazão em massa) de ar num tubo de 15cm de diâmetro,


com a velocidade uniforme de 10m/min. A temperatura e a pressão são 27°C e 1,50
kgf/cm² abs, respectivamente. Determinar o fluxo de massa.

Solução

V P, T
Escoamento D m
 AR

Estado:
Pv = RT (2.1)
Da tabela (página 538/A.8), RAR = 29,27kgf.m/kg°K
29,27 kgfm  ( 27  273)K
RT kgK
v 
Logo, P 1,5 kgf 2  10
4 cm 2
cm m2
v  0,5854m 3 / kg
Continuidade:
m = VA (4.2.1)
A área transversal do escoamento é

A
D 2 
4
 2

 . 15.10 2 m 2
4
A  0,01768m 2
2 m
AV 0,01768m .10 min
m
  AV   3
v 0,5854 m
kg
m
  0,302kg / min  0,005kg / s

Problema 4

Um líquido escoa através de um tubo (cano) circular. Para uma distribuição de


velocidades satisfazendo a equação
R2  r2 
v  Vmáx  2 
 R 
onde v = velocidade local ou velocidade de camada do fluido em r,
r = a distância contada a partir do centro do tubo,
R = raio do tubo, calcular a velocidade média.

Solução:

Vmáx
D
centro
Escoamento
r v R

Perfil (distribuição) de velocidade:

Continuidade para fluido incompressível:

  AV
V (4.3.4)

ou V  V  A vdA
A A
R2  r2 
ou A máx  R 2 dA
V
, mas dA = 2rdr
V  
R 2
R 
R
1 Vmáx

2
V  2
 r 2 2rdr
R 0 R2 Nota
quando r = 0
 R 
R
2Vmáx / R 2 2
  r 2 rdr v = Vmáx que não é a
R 2 0 função de r
R
2Vmáx  2 r 2 r 4  2Vmáx  2 R 2 R 4 
  R    R  
R4  2 4 0 R4  2 4 
2Vmáx R 4 Vmáx
 . 
R4 4 2

Vmáx
Logo, a velocidade média V 
2

Nota: A expressão acima é verdade para escoamento laminar! Mas não para escoamento
turbulento!!

Problema 5

Em uma tubulação de 400 mm de diâmetro escoa o ar (R ar = 29,3 m / K, à temperatura


de 27oC ), sob a pressão manométrica P m = 2,2 kgf/cm2. Supondo a velocidade média de
2,8 m/s e a pressão atmosférica normal P atm = 1 kgf/cm2, determinar quantos quilos de ar
escoarão por segundo.

Solução
Sabemos que a pressão absoluta é a pressão manométrica (efetiva) mais atmosférica:
P = Pm + Patm = (2,2+1) kgf/cm2 = 3,2 kgf/cm2 = 3,2 x 104 kgf/m2

Estado : P = RT
Estado também pode ser escrito como
P = RT (1)

P em kgf/m2,  = peso específico em kgf/m3, R=cte. de um gás particular em m/K, T em K

Logo,  = P/RT = ( 3,2 x 104 kgf/m2 ) / [ ( 29,3 m/K ) ( 27 + 273 K ) ]


 3,64 kgf/m3

A vazão volumétrica ( ou vazão em volume ) é

V  AV ( 4.3.4)

. 
ou V  (0,400) 2  2,8  0,352 m 3 / s
4
A vazão em peso é
.
G   VA   V ( 4.8.3)

Logo G = 3,64 x 0,352  1,281 kgf/s Resp.

4a Lista de Exercícios de EME35

Questão 1

Um fluido incompressível em escoamento tridimensional permanente apresenta as


seguintes componentes da velocidade média:

u = x2 (3 – y/2) + 4, v = x(z – 6y – y2/2) – 5,


 = x(2yz + - 3y2)

Mostrar que é satisfeita a equação da continuidade.

Questão 2

Um fluido incompressível em escoamento bidimensional permanente apresenta: as


seguintes componentes da velocidade média:

u = (5x – 7y) t , v = (11x – 5y) t

Examinar se estas funções são compatíveis com a equação da continuidade


Resp. compatíveis

Questão 3

Um fluido em escoamento tridimensional permanente apresenta as seguintes


componentes da velocidade média:

U = x2y, v = x+y+z, w = x2+z2

Será que as componentes da velocidade média caracterizam um escoamento


incompressível?

Resp: Não caracterizam


Questão 4

Qual é o menor diâmetro de um tubo necessário para transportar 0,3 kg/s de ar com uma
velocidade média de 6m/s ? O ar está a 27o C e uma pressão de 2,4 kgf/cm2 abs.

Resp: D  15,3 cm = 153 mm

Questão 5
Um grande conduto de 1m de diâmetro transporta óleo com uma distribuição de
velocidades,

V = 9(R2 – 2)
Onde v = velocidade local em ,  = a distância contada a partir do centro do conduto, R =
raio de conduto. Determine a velocidade média.

Resp: V = 1,125 m/s

Questão 6

O perfil de velocidades num determinado escoamento em condutos é dado


aproximadamente pela lei de PRANDTL da potência um sétimo:

v/Vmax = (y/R)1/7 ond y é a distância contada a partir da parede do conduto e R o raio do


mesmo

Perfil: v/Vmax = (y/R)1/7

Qual é a relação entre velocidade média e velocidade máxima ?


Resp. V = 49/60 Vmax
Questão 7

A água (  = 1000 kgf/m3 ) escoa com a velocidade média de 0,2 m/s em um tubo, cuja
seção transversal mede 0,1 m2. Calcular os valores dos diversos tipos de vazão.

. .
Resp : V  0,02 m 3 / s, G  20 kgf / s , m  20 kg / s
NOTA  É bom verificar o problema 1 resolvido na página 13.

Problema 6

Um fluido incompressível se escoa de modo estacionário através de um duto com duas


saídas, conforme indicado na Fig. 1. O escoamento é unidimensional nas seções1 e 2,
porém o perfil de velocidades é parabólico na seção 3.

Fig.1. Escoamento através de um tubo com ramificação

Solução

Uma vez que o escoamento é estacionário (permanente) a equação (4.1.2) se reduz a


 
  V dA  0
sc

Onde a integral representa a superfície de controle inteira, isto é,


       
  V dA    V dA 
sc A1
  V dA 
A2
  V dA  0
A3
A massa específica pode ser cancelada, considerando-se que o fluido é incompressível,
fornecendo
       
 V dA   V dA
sc A1
  V dA  
A2 A3
V dA  0

Como o escoamento é unidimensional em 1 e 2, tem-se,


     
 dA   V1 A1 ;
V
A1
 dA   V2 A2 ; e
V
A2
 dA   V 2 d
V
A3 A3

Usando estas relações simplificadas, obtemos

  2  R2 R04
[ ] 0
R
ou VV 1A
(0,2787  00,05574
V A)  4 1   8  2d 
 
R 2  2
1 1 2 2

 4R 2

R2
 0R     
3
 V1(V0,(2787
ou ou )  0,05574  8
0,2787)  0,3(0,1858)  8
1
4 0  R 2  d  0

ou  V 1(0,2787)  0,05574  2 A3  0 
[ 2  4R ]
4
ou  V 1(0,2787)  0,05574  8 2
R
0
0

ou V 1(0,2787)  0,05574  2(0,0929)  0


 V1 = (-0,24154 / 0,2787)  0,87 m/s Resp.

Problema 7

A tubulação de aço para a alimentação de uma usina hidrelétrica deve fornecer 1200
litros/s. Determinar o diâmetro da tubulação, de modo que a velocidade da água não
ultrapasse 1,9 m/s.

Solução

Da equação da continuidade obtemos:

V
A (1) e com os dados do problema
V
V  1200 litros /s  1200  10 -3 m 3 / s  1,2 m 3 / s
V  1,9 m/s, tem - se,
1,2 m 3 / s
A  0,6316 m 2
1,9 m/s
Esta é a área da seção transversal na tubulação, para o valor máximo da velocidade.
Sendo V constante em cada situação, concluímos, pela equação que o valor obtido da
área é o mínimo da seção A . Logo, devemos ter A>0,6316 m 2 (porque, aumentando a
área diminuímos a velocidade).

A = D2 / 4 ou D = (4A /  ) = (4 x 0,6313 / )1/2  0,987 m

Logo, D  0,897 m Resp.

Problema 8

A água escoa através de um conduto de raio R=0,3 m (Fig.2). Em cada ponto da seção
transversal do conduto, a velocidade é definida por v=1,8-202, sendo  a distância do
referido ponto ao centro O da seção.

Calcule V

Na coroa circular (Fig.2) , de área elementar dA, estão os pontos que distam  do centro
O . Então,

dA = 2d (1)

Cada ponto da coroa está submetido à velocidade v, donde

.
d V  vdA ( 2)
Pelo enunciado, v= 1,8 – 20 2 (3)
Que é uma parábola. Quando  = 0, temos a velocidade máxima (no eixo do tubo), isto é,

Vmax = 1,8 – 0 = 1,8 m/s


Quando  = R = 0,3, temos vc = 1,8 –20 (0,3) 2 = 0, que é a velocidade nula na parede do
tubo.

Substituindo (1) e (3) em (2):

dV = (1,8 - 202)2d = 3,6d - 40r3d


= 8(0,45 - 5r3 )d

Para a vazão através de toda a seção, integramos de 0 a =0,3

0,3 0,3
 V   dV  8  (0,45   5 3 ) d
0 0

0,45 2 5 4 0,3
ou V [  ]0 
2 4
8(0,02025-0,010125)
ou V 0,255 m3/s Resp.

Problema 9

Um recipiente contendo reagentes químicos é colocado num tanque com água e aberto
para a atmosfera .
Quando os produtos químicos reagem, o calor é transferido para a água aumentando a
sua temperatura. A potência fornecida ao eixo de um agitado utilizado para circular a
água é de 0,04 HP.
Após 15 minutos o calor transferido para a água foi de 252 Kcal, e da água para o ar
externo foi 12 Kcal.
Supondo-se não Ter ocorrido evaporacão, qual será o aumento de energia interna da
água?

Dado 1 HP hora  641,186 Kcal


Solução 1o método

A água é o sistema. O sistema é fechado


Utilzamos a equação (3.1.30)

1a lei : 1Q2 – 1W2 = U

ou 1Q2 =(+252) + (-12) = 252-12


ou 1Q2 = 240 kcal

1W2, neste caso, é o trabalho elétrico fornecido para acionar o agitador. Este trabalho
eletrico fornecido para acionar o agitador. Este trabalho é realizado sobre sistema (água),
portanto, é negativo.

W2 = W x t = -0,04 HP x 15 m h/60 min = -0,01 HP hora


1

ou 1W2= -0,01 x 641,168  -6,412 kcal

Logo U = 1Q2 – 1W2= 240 – (-6,412) kcal

 U = 241,41 kcal  1031,72 KJ Resp.

2o método

Vamos usar a equação (3.1.3 a)


1a lei em termos de fluxo: Q = dE / dt + W

dE = dU + d(EC) + d(EP) Mas d(EP) = 0 = d(EC)


 Q = dU / dt + W ou dU = Qdt – Wdt

ou dU = 960 kcal/h x 1/4h – (-0,04 HP x 1/4h x 641,186 kcal/HPh)

 dU  U  246,41 kcal  1031,72 kJ Resp.

Nota 1Q2 = Q x t

4ª lista (continuação) de exercícios de EME35

Questão 8
Durante a carga de uma bateria, a corrente é de 20 ampères e a tensão 12,8 volts.
A taxa de transferência de calor da bateria é de 6,3 kcal/h. Qual é a taxa de aumento da
energia interna? Dado: a taxa de trabalho elétrico, W’=-Ei, onde E = tensão em volts, i =
corrente em ampères.

dU
Resp.:  213,7 kcal / h  248,54W
dt

Questão 9
Na seção 1 de um conduto pelo qual escoa água, a velocidade é de 0,91 m/s e o
diâmetro é 0,61m. Este mesmo escoamento passa pela seção 2 onde o diâmetro é
0,91m. Determinar a vazão volumétrica e a velocidade na seção 2.

Resp.: V2’ = V1’ = cte  0,266 m3/s, V2  0,41 m/s

Questão 10
272,4 kgf/s de água escoa através de um tubo de diferente área de seção
transversal. Calcule a vazão volumétrica, a velocidade média na seção de entrada e a na
saída. Dado: agua = 1000 kgf/m3
Resp.: V’  0,2724 m3/s, Ve  3,73 m/s, Vs  8,396 m/s

Questão 11
Água entra através de um tubo circular pelo A e sai pelo C e D. Se a velocidade em
C for 2,74 m/s, calcule as velocidades em A e em D. Calcule também a vazão
volumétrica.

Problemas Resolvidos

Exemplos da 1ª lei da termodinâmica para V.C.

Exemplo 1
Considere a instalação a vapor elementar, mostrada na figura. Os dados seguintes
referem-se a tal instalação:
Localização Pressão (Kgf/cm2) Título ou temperatura(ºC)
Saída do gerador de vapor 20 320
Entrada da turbina 18,5 290
Saída da turbina, entrada 0,15 93%
do condensador
Saída do condensador, 0,13 40
entrada da bomba
Trabalho da bomba = 1,7 kcal/kg

Determine as seguintes quantidades por Kg de fluido que escoa através da


instalação:
a) Calor transferido na linha entre o gerador de vapor (caldeira) e a turbina  entre 1
e 2 (tubulação)
b) Trabalho produzido pela turbina  entre 2 e 3 (wvc)
c) Calor transferido no condensador  entre 3 e 4 (qvc)
d) Calor transferido no gerador de vapor  entre 5 e 1 (qvc(cald))

Use as tabelas de vapor e/ou diagrama de Mollier para vapor de água.

Solução
A equação geral da energia ou a 1ª lei da termodinâmica em regime permanente é:
V2 g V2 g
qvc  he  e  Z e  hs  s  Z s  wvc (1)
2g c J gc J 2g c J gc J
As velocidades e as alturas não são dadas, portanto, as variações de energia cinética e
energia potencial são desprezadas. Tem-se, então,
q vc  he  hs  wvc (2) 1ª lei reduzida!
As entalpias nos pontos 1, 2, 3 e 4

Ponto 1  Das tabelas de vapor d’água superaquecido, tem-se, com P 1=20 kgf/cm2 e
T1=320 ºC,
Vapor superaquecido (pág. 493, A.1.3.(a))  h1=733,2 kcal/kg
Ou pelo diagrama de Mollier :
h1=3070 kJ/kg=3070/4,187=733,2 kcal/kg

Ponto 2  P2=18,5 kgf/cm2, T2=290 ºC


Vapor superaquecido (pág. 493, A.1.3.(a))
Por interpolação linear
 x  x1 
y    y 2  y1   y1 , onde h=y e P=x
 x 2  x1 
Portanto h2  717,99  718 kcal/kg
Ou pelo diagrama de Mollier :
h1=3010 kJ/kg=3010/4,187=718,89 kcal/kg

Ponto 3  P3=0,15 kgf/cm2, x=93%


Vapor de água saturado: V+L
Tabela de pressão (pág. 481, A.1.2.(a))
h3= 1  x  hl  xhv  (1  0,93)53,5  0,93  620,4  580,7 kcal / kg
Ou pelo diagrama de Mollier :
h1=2430 kJ/kg=2430/4,187=580,37 kcal/kg

Ponto 4  P4 = 0,13 kgf/cm2, T4 = 40 ºC


Vapor de água saturado: neste problema apenas L
Entalpia apenas depende da temperatura também para líquido.
Tabela de pressão (pág. 481, A.1.1.(a))
h4  39,98 kcal/kg
a) Considerando um volume de controle que inclua a tubulação entre o gerador de vapor
e a turbina (ponto 1-2):
q cal  h1  h2  w
Mas w=0, portanto: 1 q 2  h2  h1  718  733.2  15.2kcal / kg
O sinal negativo significa perda de calor pela tubulação.

b) A turbina é essencialmente uma máquina (um acessório) adiabática. Considerando um


volume de controle em torno da turbina (ponto 2-3):
qturb  h2  h3  2 w3  2 w3  h2  h3  718  580.7  137.3kcal / kg
O trabalho é produzido!

c) Para o condensador o trabalho de eixo é nulo (ponto 3-4):


3 q 4  h3  h4  w 3 q 4  h4  h3  39.98  580.7  540.72kcal / kg
O calor é rejeitado!

d) Para o gerador de vapor, o trabalho do eixo é nulo (ponto 5-1):


5 q1  h5  h1  w 5 q1  h1  h5
Determinação de h5
Considerando um volume de controle em torno da bomba (ponto 4-5), pode-se
achar h5. A bomba é um acessório adiabático e seu trabalho é negativo.
4 q5  h4  h5  4 w5  h5  h4  4 w5  39.98  (1.7)  41,68kcal / kg
Portanto: 5 q1  h1  h5  733.2  41.68  691.52kcal / kg

Calor fornecido ao gerador de vapor!

Rendimento desse ciclo

t 
w  w t  ( wB ) 137.3  (1.7)
 
135.6
  t  19.61%
qH q 691.52 691.52

Outro método: ( w   q )  1ª lei para ciclo

t 
q  q cald  (q cond )  (qtub ) 691.52  (540.72)  (15.2)
 
135.6
qH q 691.52 691.52
 t  19.61%

Exemplo 2
Hélio é expandido adiabaticamente numa turbina (a gás) de 400 kPa e 260 ºC a
100kPa (100 kPa = 1 bar = 105 N/m2 = 0.9869 atm). A turbina é bem isolada e a
velocidade na entrada sendo muito pequena, portanto, é desprezada. A velocidade na
saída é 200 m/s. Calcule o trabalho produzido (trabalho de eixo) por unidade de massa
do hélio no escoamento.
Solução:

Dados: P1 = 400 kPa, P2 = 100 kPa, T1 = 260 ºC + 273 = 533 ºK, T2 = ?


V1  0, V2  200 m/s
Da tabela (pág. 538): Khélio = 1.667, Cpo Helio 1.25 kcal/kgºK

O hélio é expandido adiabaticamente. Para o processo adiabático vale:


k 1 k 1 1.667 1
T2 P  k P  k
 100  1.667
  2  ou T2  T1  2   533   306,08º K
T1  P1   P1   400 
Considerando-se o hélio como sendo gás perfeito, tem-se:
h2  h1  C po (T2  T1 )  1.25kcal / kg (306.08  533)º K  283.65kcal / kg
A turbina é isolada (adiabática, q=0), dado que V 1  0 e V2  200 m/s, e considerando
d(EP)  0, tem-se, pela 1ª lei:
V  V1
2 2
(2002  0)m 2 / s 2
q  w  h2  h1  2   w  283.65kcal / kg 
2g c J 2  9.81kgm / kgfs 2  427kgfm / kcal
w  278.88kcal / kg  1167 .67 kJ / kg

Aplicação da desigualdade de CLAUSIUS (ciclo termodinâmico)

Q
A equação 3.1.4.b  T
0

Exemplo 3
Fig.
Instalação a vapor para mostrar a desigualdade de CLAUSIUS .
Satisfaz esse ciclo à desigualdade de CLAUSIUS?

Solução
São dois os locais onde se realiza a transferência de calor ;caldeira e
condensador.
Q  Q   Q 
Assim ,  T
 
 T

 CALD
  
 T  COND
Como a temperatura permanece constante ,tanto na caldeira quanto no
condensador , a expressão acima pode ser integrada como se segue :

Q 1 2 1 4 Q2 Q
   Q   Q   3 4
1
2ª Lei
T T1 1 T3 3 T1 T3

 Ve
2
g   Vs
2
g 

q H  he   Ze  hs   Zs w 1ª Lei
 2g c J g c J   2g c J g c J 

As entalpias nos pontos (1),(2),(3) e (4)

hl=h1=165,6 kcal kg (a 7 kgf/cm2 pág 482)


T1=164,2 ºC (pág. 482)
hv=h2=695,5 kcal kg (a 7 kgf/cm2 pág 482)

h3=[(1-x)hl+xhv]3=(1-0,9)53,5+0,9*620,4=563,71 kcal kg
(a 0,15 kgf/cm2 ), T3=53,6ºC(pág. 482)
h4=[(1-x)hl+xhv]4=(1-0,1)53,5+0,1*620,4=110,19 kcal kg
(a 0,15 kgf/cm2)

Considerando d(EP)=0=d(EC) e aplicando a 1ª Lei ou energia por unidade de


massa ,tem-se,

1 q 2 =h2-h1=659,5-165,6=493,9 kcal kg ;T1=164,2ºC

q 4 =h4-h3=110,19-563,71=-453,52 kcal
3
kg ,T3=53,6ºC
Dessa maneira ,

q q q 493,9 453,52  kcal 


 T
 1 2  3 4 
T1 T3

164,2  273,15 53,6  273,15  kg º k 
kcal
 1,1293014  1,3879724  0,258671
kg º K

q kcal
  T
 0,2587
kg º K
0

Assim,esse ciclo satisfaz à desigualdade de CLAUSIUS ,o que é equivalente a


dizer que ele não viola a 2ª Lei da termodinâmica . Resp

4.5.8 2ºLei da termodinâmica para volume de controle

dS VC Q
  J  em  s s s   VC
 e se   s m (4.5.8)
dt TJ

taxa de variação taxa de transferência de taxa de produção de


de entropia entropia entropia

Hipóteses
dS VC
(1) Regime permanente : 0
dt
Q J
 0  J
TJ
  e m e s e   s m s s s   VC

Q J
(2) Processo adiabático (Não há troca de calor) :  J 0
TJ
 0  0  em  s s s   VC
 e se   s m
(3) Processo reversível ,isto é ,sem produção de entropia:  VC  0
 0  0  em  e se   s m
 s ss  0
ou  e m e s e   s m s s s
(4) Única entrada e única saída : m e  m s  m
Finalmente , se=ss (4.5.9) 2ª Lei p/ VC.

Aplicação da 2ª Lei p/ VC

Exemplo 4
O vapor d’água entra numa turbina a 10 kgf/cm 2 , e 250 ºC ,com uma velocidade
de 50 m/s e deixe a turbina na pressão de 1,5kgf/cm 2 ,com uma velocidade de
150m/s.Mede-se o trabalho retirado (produzido) da turbina ,encontrando-se o valor de 50
kcal
kg de vapor escoando através da turbina .Determine o rendimento da turbina.

Solução

Turbina é um acessório térmico essencialmente adiabático .


2 2
Ve Vs
1ª lei(reduzida): he   hs   WVC (1)
2g c J 2g c J
2ª lei : ss=se (2)

Relações de propriedades : TABELAS DE VAPOR OU (3)


DIAGRAMA DE MOLLIER
Das tabelas de vapor (pág 493) com 10 kgf/cm 2 e 250º C acha-se , he  703,1 kcal kg e

s e  1,6565 kcal
kg º K
ou
Com o diagrama de MOLLIER (P e=10kgf/cm2 e te=250ºC) acha-se he=2945 KJ/kg 
703,37 kcal kg ; e se=6,94 KJ kg º K  1,6575 kcal kg º K

As duas propriedades independentes conhecidas no estado final são pressão e


entropia .
Ps=1,5 kgf/cm2 e se=ss  1,6565 kcal kg º K .
Portanto , o título e a entalpia do vapor ao deixar a turbina podem ser determinados.

pág 481
ss=1,6565 = sv – (1-x)sslv=1,7255 – (1-x)s1,3848

Ps=1,5kgf/cm2
x=0,950
2
1,7255  1,6565
ou (1  x) s  1,3848
 0,0498 ou

ou com Ps e ss também acha-se do diagrama x=95% e hs=2580 KJ kg  616,19 kcal kg .

pág 481
hs = hv-(1-x)shlv = 642,7-(1-x)s531,8

Ps=1,5kgf/cm2

=642,7-(0,0498)531,8  hs  616,22
kcal
kg
Pode-se agora determinar o trabalho por kg de vapor para esse
processo isentrópico , usando a 1ª lei como escrita acima.
2 2
V  Vs 50 2  150 2
WVC  he  h s  e  703,1  616,22 
2g c J 2 * 9,81 * 427
2500  22500
 86,88   84,49 kcal  Ws
2 * 9,81 * 427 kg
que é o trabalho que seria realizado em um processo adiabático reversível (isentrópico) .
Mas o trabalho medido (real) é =Wr=50 kcal kg

Wr 50
 turb    59,18%
W s 84,49
 Resp.

5ª Lista de Exercícios de EME-35

Questão 1
O vapor d’água entra numa turbina a 10 kgf/cm 2 e 250ºC . O vapor sai da turbina
à pressão 1,5 kgf/cm2.Mede-se o trabalho retirado da turbina ,encontrando-se o valor de
50 kcal/kg de vapor escoando através da turbina .Determine o rendimento da turbina
,usando apenas o diagrama de MOLLIER .
Resp: Turb  57,35%

Questão 2
Em uma usina termoelétrica de turbina a gás , ciclo fechado ,a
temperatura (em ºC) e a velocidade (em m/s) do fluido de trabalho
(AR) entre vários componentes são:
Localização Temperatura Velocidade
Entre resfriador e compressor 32 90
Entre compressor e aquecedor 232 30
Entre turbina e resfriador 518 105

A velocidade do ar entrando na turbina á 210m/s e a transferência de calor ao ar


no aquecedor é 153 kcal/Kg . Outras transferências de calor à atmosfera podem ser
desprezadas .Faça o esboço do problema .Calcule :
a)a temperatura do ar na entrada da turbina,
b)a transferência de calor líquido do ar no resfriador,
c)o trabalho líquido na saída da usina,
d) eficiência térmica.
Assumir o calor específico à pressão constante do ar é uma função apenas da
temperatura sendo dado , cp  0,24 kcal/kgºK
Resp:a)t3  848ºC
b)qL  -116,99 kcal kg

c)Wliq  36,01 kcal kg


d)  t  23,54%
Questão 3
Num escoamento regime permanente ,a água à temperatura 60ºC e à pressão 3
kgf
(h=59,4 kcal kg ) entra numa seção da planta de aquecimento na qual não há
cm 2
kgf
bomba.A água sai à temperatura 48ºC e à pressão 2,6 (h=47,7 kcal kg ) .A as’da
cm 2
do tubo está 25,5mm acima do tubo de entrada.Calcular a transferência de calor por
unidade de massa d’água ,considerando-se que não haja diferença da energia cinética .
Resp: q H 2O  11,70 kcal kg

Questão 4
O bocal é um aparelho para aumentar velocidade e é usado num escoamento em
regime permanente .
Na entrada de um certo bocal, a entalpia de um fluido escoante é 715 kcal kg e a

velocidade é 60m/s . Na saída a entalpia é 660 kcal kg .O bocal é horizontal e não há


perda de calor do bocal.
a)Ache a velocidade na saída do bocal,
b) Se a área de entrada e o volume especifico do fluido na entrada forem 1000cm 2 e
0,187m3/kg,respectivamente ,calcule a vazão em massa,
c)Se o volume específico do fluido na saída do bocal for 0,498 m 3/kg,ache a área de
saída.
Resp:Vsaida  676m/s , m  32,08
kg , Asaida  236,33cm2.
s

Questão 5
O fluxo de massa que entra numa turbina a apor d ‘água é 5000
kg e o calor pela
h
turbina é 7500 kcal
h .Conhecem-se os seguintes dados para o vapor que entra e sai da
turbina :
Condições de entrada Condições de saída
Pressão 20kgf/cm2 1kgf/cm2
Temperatura 370ºC ------
Título ------ 100%
Velocidade 60m/s 180m/s
Altura em relação ao plano de referência 5m 3m
Determine a potência fornecida pela turbina.

Resp: W VC  581838 kcal  908HP


h
Questão 6
Uma turbina a vapor recebe um fluxo de massa de 5000
kg e entregue 550KW .
h
A perda de calor da turbina é desprezada.
a)Acha a variação da entalpia específica através da turbina se a velocidade na entrada e
a diferença da energia potencial forem desprezadas .A velocidade na saída é 360m/s,
b)Calcular a variação da entalpia específica através da turbina se a velocidade na entrada
for 66m/s e o tubo de entrada for 3m acima do mesmo de saída .
Resp:a)hs-he  -110 kcal kg

b) hs-he  -109,55 kcal kg

Questão 7

Em que se aplica as seguintes expressões da 2º lei da termodinâmica:

a) ds  0
b) Se o resultado da expressão no item a) for negativo, qual será a conclusão?
c) Ss = Se
d) Tds = du + pdv
e) ∫∂Q/T ≤ 0

Questão 8

Escreva a energia na forma diferencial e explique todos os termos.


Questão 9

A equação de BERNOULLI é um caso específico da 1ºlei.


Quais são as hipóteses da equação de BERNOULLI?

Questão 10

Quais são as hipóteses feitas para chegar a 2°lei da termodinâmica para volume de
controle?

Questão 11

Quais são os acessórios térmicos de sistemas abertos nos quais a 1°lei da


termodinâmica é aplicada?

PROBLEMAS RESOLVIDOS

APLICAÇÃO DA EQUAÇÃO DE BERNOULLI AOS PROBLEMAS DE


ENGENHARIA
Problema 1

a) Determinar a velocidade de saída do orifício instalado na parede do


reservatório da figura 1.
b) Determinar a vazão do orifício.
1

H=4m
Água
Z1 Orifício

100 mm

Fluido
Incompressível 2 Z2

Figura 1 escoamento num orifício (local) a partir de um reservatório.

Solução

a) O jato sai com formato cilíndrico submetido à pressão atmosférica, em sua


periferia. A pressão ao longo do seu eixo é também a atmosférica para efeitos
práticos. A equação de BERNOULLI é aplicada entre um ponto 1da superfície livre
da água e em um ponto a jusante 2 do orifício.

P1/г + V12/2g + Z1 = P2/г + V22/2g + Z2 1)

ou V22/2g = P1-P2/г + V12/2g + Z1 –Z2

Mas P1 = P2 = Patm , A velocidade na superfície 1 do reservatório é nula (praticamente),

Z1- Z2 = H ; Logo

V22/2g = 0 + 0 + H  V2 = √2gH m/s ou seja V2 = √2x9,806x4 = 8,86 m/s que


estabelece que a energia de descarga (V 2) é igual à velocidade de queda livre a partir da
superfície do reservatório. Este resultado, V 2 = √2gH é conhecido como teorema de
TORRICELLI.

.
1) A vazão V é igual ao produto da velocidade de descarga pela área do jato.
Diâmetro do jato = 100 mm = 0,1 m

.
 V = A2V2 = D22xV2 = /4x(0,1)2x8,86 m3/s

.
 V  0,0696 m3/s  0,07 m3/s = 70 l/s Resp

Notas

Esta equação de TORRICELLI não é perfeitamente verdadeira porque há uma


perda de energia a qual não foi considerada.

A equação prática é:
.
V = CDA0√2gH 2)

Onde CD = coeficiente de descarga (tem valor entre 0,57 a 0,64)


A0 = área do orifício.

Problema 2

Um medidor VENTURI consiste de um conduto convergente, seguido de um conduto de


diâmetro constante chamado garganta e, posteriormente, de uma porção gradualmente
divergente. É utilizado para determinar a vazão num conduto (figura 2). Sendo o diâmetro
da seção 1 igual a 15,2 cm e o da seção 2 igual a 10,2 cm, determinar a vazão no
conduto quando P1 – P2 = 0,211 Kgf/cm2 e o fluido que escoa é óleo com d = 0,90.

Escoamento
1 2

Figura 2 Medidor VENTURI

Solução

Aplicando-se a equação de BERNOULLI entre pontos 1 e 2 tem-se,

P1/г + V12/2g + Z1 = P2/г + V22/2g + Z2

ou V22/2g = P1-P2/г + V12/2g + Z1 –Z2 1)


.
Continuidade: A1V1 = A2V2 = V

ou V22 = (A1/A2)2V1 2)

Levando 2) em 1) tem-se,

[(A1/A2)2-1]V12/2g = P1-P2/г + Z1 –Z2

 V1 = [2g (P1-P2/г + Z1 –Z2)/ ((A1/A2)2 –1)]1/2 3)

e .
V = A1V1 = A1[2g (P1-P2/г + Z1 –Z2)/ ((A1/A2)2 –1)]1/2 4)

Aqui, A1 = D12/4 = /4.(15,2x10-2 m )2 = 0,0181531 m2

A2 = D22/4 = /4.(10,2x10-2 m )2 = 0,0081745 m2

(A1/A2)2 = 4,9315018 , P1-P2 = 0,211 Kgf/cm2 = 0,211x104 Kgf/m2 ,

Z1 –Z2 = 0 , g = 9,806 m/s2 , гóleo = гH2O x dH2O

Гóleo = 1000 Kgf/m3 x 0,90 = 900 Kgf/m3


.
 V  0,0181531[ 2 x 9,806 (0,211 x 104 /900) / (4,9315018 – 1) ] 1/2

ou seja
.
 V  0,0621 m3/s  62,1 l/s Resp

Notas

Há uma perda de energia na seção convergente, portanto, um coeficiente de descarga


deve ser introduzido na equação de BERNOULLI.
.
V = CdA1[2g (P1-P2/г + Z1 –Z2)/ ((A1/A2)2 –1)]1/2
onde Cd =Coeficiente de descarga = 0,89 a 0,99

Cd será 0,98 a 0,99 se:


1) Escoamento for turbulento (Reynolds, RE  10000)
2) Não tiver válvula de cobertura dentro de 20 diâmetros da montante da venturi.

Problema 3
O dispositivo mostrado pela Figura 3 é utilizado para determinar a velocidade do líquido
no ponto 1. É constituído de um tubo, cuja extremidade inferior é dirigida para montante e
cujo ramo vertical é aberto à atmosfera. O impacto, na abertura 2, força o mesmo a subir
no ramo vertical a uma altura h acima da superfície livre. Determinar a velocidade no
ponto 1.

k
1 2

Figura 3 Tubo de Pitot

Solução

O ponto 2 é um ponto de estagnação, onde a velocidade do escoamento anula-se (V 2 


0). Este fato cria uma pressão devida ao impacto, chamada pressão dinâmica, que força
o fluido no ramo vertical. Escrevendo-se equação da energia (BERNOULLI) entre os
pontos 1 e 2 e desprezando-se as perdas, que são muito pequenas, teremos

P1/г + V12/2g + Z1 = P2/г + V22/2g + Z2

Mas Z1 =Z2 e V2  0

 V12 /2g = P2/ г – P1/ г

P1/ г é dado pela altura do fluido acima do ponto 1 é igual k metros do fluido que escoa.
P2/ г é dado pelo piezômetroe vale k + h, desprezando o efeito capilar. Substituindo esses
valores na equação,

V12/2g = k + h – k ou seja V1 = √2gh m/s 1)

Este é o tubo de Pitot numa forma simplificada. A equação 1) tem a mesma expressão do
Teorema de TORRICELLI e fornece a velocidade de corrente líquida na entrada do Tubo
de Pitot.
6ª Lista de exercícios

Questão 1:
Com o tubo de Pitot mede-se a velocidade da água no centro de um conduto com
25 cm de diâmetro (Fig 1). A diferença de carga é h=0.1 mca. Devido ao grande diâmetro,
supõe-se que que a velocidade média da água neste tubo corresponde a 2/3 da
velocidade no seu centro. Calcular a vazão volumétrica.

Fig1 – Tubo de Pitot

Resp.: V’  0.0456 m3/s = 45.6 litros/s

Questão 2:
O Centro de um orifício circular está 8,5 m abaixo da superfície livre(S.L.
constante) de um reservatório. Determinar o diâmetro deste orifício para que a vazão seja
de 25,34 l/s (desprezando as perdas de energia), supondo o escoamento permanente.

Resp: D  50 mm

Questão 3:
Em um reservatório de S.L. constante, tem-se um orifício com diâmetro d 1 = 0,02 m
à profundidade h1=3m (Fig 2). Substituindo-o por outro com diâmetro d 2=0,015m,
determinar a que profundidade deve ficar o novo orifício, a fim de que a vazão seja a
mesma do primeiro, desprezando todas as perdas de energia.

Fig2 – orifício num reservatório


Resp: h2  9,481 m.

Questão 4:
Óleo combustível (SAE 10) escoa através de um medidor Venturi (Fig 3). A pressão
no ponto 1 é 2,04 kgf/cm2. O coeficiente de descarga Cd do Venturi é 0,95. Calcule a
vazão volumétrica se a pressão no ponto 2 for 1,70 kgf/cm 2. Dados: A densidade
(absoluta) do óleo, d = 0,91.  oleo  1000 kgf/m3
Fig3 – Medidor Venturi

3
Resp: V  0,0093 m /s = 9,3 l/s.

Questão 5:
Um tubo de Pitot estático é usado para medir a velocidade d’água escoando num
tubo. Se a diferença entre pressão total e pressão estática for 1,07 kgf/cm 2, qual é a
velocidade?

Resp: V  14,49 m/s.


Capítulo 5

5.1.0 – Fluído

Um fluído é uma substância que se deforma continuamente quando submetida a uma tensão
de cisalhamento.
Uma força de cisalhamento (ou atrito) é a componente tangencial da força que age sobre a
superfície e, dividida pela área da superfície, dá origem à tensão de cisalhamento.

5.1.1 – Fluído Real

O fluído real tem viscosidade ( > 0) que causa o atrito do fluído (atrito entre as duas
camadas de um fluído quando em escoamento). Ela é, responsável pela irreversibilidade e no
comportamento do escoamento dos fluídos na maioria dos processos em vários campos da
engenharia.

5.1.2 – Viscosidade

Viscosidade por definição é a propriedade de um fluído responsável pela resistência ao


cisalhamento.
Viscosidade dinâmica ou absoluta,  = . [Ns/m2] onde  = viscosidade cinemática
[m2/s].

5.1.3 – Lei de Newton para viscosidade

A lei de Newton para a viscosidade é definida como:


 = .dV (5.1)
dy
onde  = a tensão de cisalhamento (N/m2), dV = 0 gradiente de velocidade (taxa de
transformação) dy
(s = 1/s),  = viscosidade absoluta ou dinâmica (Ns/m2).
-1

A viscosidade é uma função da temperatura. Nos líquidos a viscosidade diminui com a


temperatura e nos gases ela aumenta com a temperatura.
Todo fluído que se aplica a equação (5.1) é chamado de fluído Newtoniano.

5.1.4 – Classificação dos fluídos

Os fluídos podem ser classificados como newtonianos ou não-newtonianos.


No fluído newtoniano existe uma relação linear entre o valor da tensão de cisalhamento
aplicada e a velocidade de deformação resultante (taxa de deformação ou gradiente de velocidade).
É bom lembrar que  é constante na equação (5.1) e é válida em um escoamento linear.
No fluído não-newtoniano existe uma relação não-linear entre o valor da tensão de
cisalhamento aplicada e a velocidade de deformação angular.
Gases e líquidos finos tendem a ser fluídos newtonianos, enquanto que hidrocarbonetos de
longas cadeias podem ser não-newtonianos.
Fig. 1 – Digrama reológico

5.1.5 – Escoamento Laminar e Turbulento

Escoamento Laminar

Laminar quando as linhas de corrente se mantêm paralelas. Os elementos fluídos ou


partículas parecem deslizar uns sobre os outros em camadas ou lâminas. Este movimento é
chamado escoamento laminar.

Escoamento Turbulento
Turbulento quando as linhas de corrente perdem a individualidade. Os elementos fluídos ou
partículas tem um movimento desordenado ou caótico de partículas individuais, sendo vistos
redemoinhos de vários tamanhos. Este movimento é chamado de escoamento turbulento.
Entre os regimes laminar e turbulento pode-se caracterizar um regime transitório, em que as
linhas de corrente não perdem totalmente a individualidade. Esta região representa grande
instabilidade. Ocorrendo qualquer perturbação, o regime passa a ser turbulento. Além disso, no
regime laminar a distribuição de velocidade do escoamento é parabólica, enquanto que no
turbulento é achatada. Sendo a velocidade local do escoamento v = V máx no centro do tubo. No
escoamento laminar temos que a velocidade média, V = 0,5.V máx e no turbulento V = 0,82.Vmáx (ou
0,80 a 085).

5.1.6 – Número de Reynolds

Para se saber se o escoamento é laminar ou turbulento, é necessário saber o número de


Reynolds. O número de Reynolds é um parâmetro adimensional que se aplica a escoamentos
dinamicamente semelhantes. Ele é definido pela relação:
RE = .V.L (5.1.1)

onde  = massa específica do fluído (kg/m3),
V = velocidade característica do fluído (m/s),
 = viscosidade absoluta do fluído (Ns/m2),
L = comprimento característico (m).

Para o caso de tubos: L = D = diâmetro do tubo (m), V = velocidade média do fluído (m/s).
Logo, RE = .V.L = V.D
adimensional (5.1.2)
 

o número de Reynolds é uma relação entre as forças de inércia e de viscosidade.


Uma vez levantado o número de Reynolds, este vale para qualquer fluído
newtoniano ou não-newtoniano.

5.1.7 – Classificação dos Regimes

As experiências mostram que nos condutos (tubos circulares) forçados:

(a) Se RE  2000 (5.1.3)


o regime (escoamento) é LAMINAR, isto é, as partículas percorrem trajetórias paralelas (Fig.
1)

Fig. 1 – Escoamento laminar


(b) Se 2000 < RE < 4000 (5.1.4)
o escoamento é instável ou de transição.

(c) Se RE  4000 (5.1.5)


o regime é turbulento, isto é, as trajetórias das partículas são irregulares (Fig. 2)

Fig. 2 – Escoamento turbulento

PROBLEMAS RESOLVIDOS

Problema 1

Suponhamos um óleo de palmeira ( = 4524x10-6 kgf.m-2.s), escoando sob regime laminar em uma tubulação
industrial com 90 mm de raio interno (Fig. 3). Supondo que a distribuição da velocidade seja uma função linear (OM na
figura), obter:
1) o gradiente de velocidade dV/dy;
2) o valor da tensão de cisalhamento  no fluído.
V = 1,08 m/s

M
V2
Fig. 3
70 mm V1

V0
V

O Parede de um tubo

Solução
V
1)O segmento de reta OM satisfaz à função linear V   . y   
y
Pela figura, tem-se no ponto M:
y = r = 90 mm e V = 1,08 m/s = 1080 mm/s
V 1080.mm / s
   12.s 1 que representa a inclinação de OM e que corresponde ao gradiente
y 90.mm
de velocidade dv/dy, pois  é a razão entre v e y. Então,
dv
 12.s 1
dy

A unidade s-1 é conhecida como “segundo recíproco ou inverso”. Resp.


2)Pelo enunciado, = 4524x10-6 Kgf.m-2.s
Substituindo estes 2 últimos valores na lei de Newton da viscosidade, tem-se,
dv
   4524.  .10 6.Kgf .m  2 .s  12.s 1
dy
  0,054.Kgf / m 2 Resp.

Problema 2

Mostrar que não há tensão de cisalhamento nos fluídos em repouso.

Solução:Na situação de repouso, não há velocidade e portanto, é nulo o gradiente de velocidade


dv dv
0    0
dy dy
mostrando que a tensão de cisalhamento é nula, qualquer que seja a viscosidade  do fluido em
repouso. Q.E.D.

Problema 3

Um viscosímetro simples e preciso pode ser confeccionado a partir de um


pedaço de tubo capilar. Se a vazão e a quedo de pressão forem medidas e a geometria
do tubo for conhecida, a viscosidade pode ser calculada através da equação
  ..P.D 4
V 
128. .L
Um teste para um certo líquido em um viscosímetro capilar forneceu os
seguintes dados:
vazão = 880 mm3/s, diâmetro do tubo = 0,50 mm, comprimento do tubo = 1 m, queda
de pressão = 1,0 MPa.
Determinar a viscosidade do líquido.

Solução: Escoamento em um viscosímetro capilar. A vazão é V = 880 mm3/s
D = 0,5 mm
L =1 m
1 2
P  P1  P2 1,0MPa.  1106.N / m2
  ..P.D 4
A equação de cálculo: V 
128. .L
Suposições: 1) Escoamento laminar
2) Escoamento permanente 3) Escoamento incompressível 4) Escoamento totalmente
desenvolvido (o perfil de velocidade é o mesmo em qualquer seção)
Então,
 ..P.D 4   N 
 
  1,0  106 2  
128.L.V 128  m 

 0,50 4 
mm 4   3
10

1  
mm

880
s
.mm

3 
   
N
   1,74  10 3 2 Resp.
m

Conferir o número de Reynolds


Supor que a massa específica do fluido seja similar à da água, ou seja, 999 Kg/m3
 
V 4.V
V  
A  .D 2
Continuidade:
4 880.mm3 1 m
    3
 s  0,50 mm
2 2
10 .mm

 V  4,48m / s
 .V .D Kg m
RE   999 3  4,48 
 m s
Número de Reynolds
 m   m2  Ns 2
 0,50.mm  3    
 10 mm   1,74  10 3 Ns  Kg .m
 RE  1286
Conseqüentemente, o escoamento é mesmo laminar, já que RE < 2000. Resp.

Problema 4

Determinar o número de Reynolds para o escoamento de 140 l/s de óleo,  =


0,00001 m2/s, num tubo de ferro fundido de 200 mm de diâmetro.

Solução
 .V .D V .D
RE   (1)
 v

  .D 2 4.V
Continuidade: V  A.V  V ou V  (2)
4  .D 2
Levando ( 2 ) em ( 1 ) tem-se,

4.V (3)
RE 
 .D.v
 3
Dados: V = 140 l/s = 0,140 m /s , D = 200 mm = 0,2 m , v = 0,00001 m2/s
4  0,140.m 3 / s
 RE   8909,9
   0,2.m   0,00001.m 2 / s 
ou

RE  8909,9  4000 Escoamento turbulento! Resp.

7a Lista de Exercícios

Questão 1

Um óleo de viscosidade absoluta 0,01 kgf.s/m 2 e densidade 0,85 escoa através


de um tubo de ferro fundido de 300 mm de diâmetro com a vazão volumétrica 0,05
m3/s. Determinar o número de Reynolds.

Questão 2

Um líquido tem viscosidade 0,005kg/m.s e massa específica de 850 kg/m3.


Calcular a viscosidade cinemática em unidades SI.

Questão 3

Defina a viscosidade e a lei de Newton da viscosiddade.

Questão 4

Explique escoamentos laminar e turbulento.

Questão 5

O que é um fluído newtoniano? Citar os exemplos.


Questão 6

O que é um fluído não-newtoniano? Dar os exemplos.

Escoamento de fluído real(A equação de Bernoulli)

O escoamento de fluído real é muito mais complexo que o escoamento de


fluído ideal, devido a existência de viscosidade. A viscosidade introduz a resistência
ao movimento pela força de atrito entre as partículas de fluídos ou entre as partículas
e a parede sólida.
Para dar escoamento, o trabalho deve ser feito contra estas forças de
resistências e no processo a energia é convertida ao calor.
A equação de Euler deve ser alterada a incluir a tensão de cisalhamento.
A equação de movimento estável ao longo a linha de corrente para fluído real
( > 0).

Considere uma linha de corrente e selecione um sistema cilíndrico fluído conforme


indicado na figura.
A força de pressão sobre os dois lados de elemento:
P.dA –(P + dP).dA = - dP.dA (1)
O componente do peso (a força da gravidade) na direção do movimento:
- .dS.dA.g.cos  = - .g.dS.dA.dZ = - .g.dA.dZ (2)
dS
A força de atrito na direção do escoamento, F = - .dA = - .(2..r).dS (3)
dM = .dS.dA , a = V.dV
dS
aceleração é a taxa de mudança de velocidade:
a = d (V) = dV , V = f(S,t) dV = V.dS + V.dt
dt dt S t
 a = dV = V.dS + V.dt  a = V.v + V
dt S dt t dt S t
Se o escoamento for estável (regime permanente):


V = 0  a = V. V = V.dV e du = .dS.dA
t S dS
 Aplicando a 2a lei de Newton, dF = (dM).a (4)
teremos, mo escoamento estável,
- dP.dA - .g.dA.dZ - .(2..r).dS = dF = (dM).a = .dS.dA.V.dV
dS
supõe dA = .r 2

dividindo por - ..r2 teremos:


dP + g.dZ + 2..dS = - V.dV
? .r
dP + g.dZ + V.dV = -
(5)
2..dS

Esta é a equação de Euler no escoamento fluído real.


 = tensão de cisalhamento. O termo - 2..dS = o atrito do fluído. O sinal
negativo indica que a
.r
força de atrito está na direção negativa do movimento.
ou dP + d V2 + dZ = - 2..dS (6)
 2.g .r

Integrando da seção (1) e (2):


2 dP 2  V2  2 2 2. .ds
1 
  d 
1
   dz 
 2.g  1 
1

 .r
ou P2 – P1 + V22 – V12 + Z2 – Z1 = - 2. (S2 – S1) = - 2. .L , S2 – S1 = L
  2g 2g .r .r
ou P1 + V12 + Z1 - 2..L = P2 + V22 + Z2
 2g .r  2g
Supõe 2..L = hL
.r

P1 + V12 + Z1 = P2 + V22 + Z2 + hL
 2g  2g (7)

A equação (7) é a equação de Bernoulli para fluído real e incompressível onde:


hL =
2..L (8)
= perda de carga ou energia

Para fluído real, hL nunca pode ser zero.


Semelhantemente, na parede (pois é possível medir a tensão de cisalhamento
na parede)
hL = 2.P.L (9) onde P = tensão de cisalhamento na parede
.r
Escoamento em Tubulações

1.Balanço de força e as equações fundamentais para escoamento laminar e


turbulento, incompressível ou compressível
tensão de cisalhamento .(2..r.dx) conduto circular

y
v
Escoamento r R vmáx centro
P P + dP

dx

Parede

Vamos considerar aqui que um fluído incompressível (com algumas restrições,


o ar também pode ser considerado como fluído incompressível) escoa em regime
permanente através de um conduto circular horizontal.
Desde que o escoamento é estável e totalmente desenvolvido, o fluído não terá
aceleração. Podemos então analisar a condição de equilíbrio no diagrama de corpo
livre do fluído.
A soma das forças atuando sobre o fluído em movimento deve ser igual a zero.
 P..r2 – (P + dP)..r2 - .2..r.dx = 0
ou –dP..r2 - .2..r.dx = 0
.r2.dP = - .2..r.dx
 (1) Vale tanto para
escoamento laminar
quanto turbulento

força de pressão força de cisalhamento


 = - r . dP
 2 dx (2) O sinal negativo representa a força
de cisalhamento
(tensão de cisalhamento no caso)
na direção oposta
ao escoamento.
Semelhantemente, na parede (como foi dito anteriormente que é possível medir
a tesão de cisalhamento na parede)
P = - R . P
2 L (3) onde P = tensão de cisalhamento na parede, R = raio do
conduto
circular, P = a queda de pressão devido ao atrito,
L = comprimento do conduto circular.

A lei da viscosidade de Newton (no caso laminar):


 =  dv onde v = velocidade da camada (velocidade local) em
distância
dy y da parede.
Mas y = R – r  dy = dR – dr = 0 – dr = - dr

cte.

  = -  drdv (4) O sinal negativo significa que v diminui


quando r aumenta.

Levando (4) em (1) tem-se:


.r2.dP = 2..r. .dx.dv
dr
ou dv = 1 r dP dr = 1 dP r dr
2 dx 2 dx
1 dP
 dv   2. dx
r.dr
Integrando,

ou v = 1 dP
2 dx

v = 1 dP r2 + cte. de integração
? 4 dx (5)

Condições limites (As condições de contorno):


1a condição: v = 0 em r = R velocidade na parede é zero.
 0 = 1 dP R2 + cte.
4 dx
cte. = - 1 dP R2
 4 dx (6)

Sevando (6) em (5) vem que


v = 1 dP r2 - 1 dP R2 = - R2 dP R2 – r2
4 dx 4 dx 4 dx R2

? v = - R2 dP 1 - r 2 (7)
4 dx R O sinal negativo significa que a
pressão diminui ao
longo do escoamento, isto é, -dP = P =
P1 – P2
ou
P1 > P 2
2a condição: v = vmáx quando r = 0 a velocidade máxima ocorre no centro
de um
conduto circular.
Portanto, da equação (7),
vmáx = - R2 dP = R2 P = R2 P onde P = P1 - P2
4 dx 4 dx 4 L e dx = L (8)

Dividindo a equação (7) pela equação (8) tem-se,

v   r 2 
 1    
v máx   R   (9) O perfil de velocidades é parabólico em um
escoamento laminar.

Finalmente, v = vmáx 1 – r 2 = R2 P 1- r 2 (10)


R 4 L R

Essa é a distribuição de velocidades para um (qualquer) escoamento


laminar (fluído Newtoniano) e vale para RE  2000.

2.Vazão Volumétrica (Q ou V como quiser) para escoamento LAMINAR


Continuidade:
Q   v.dA
A Por definição
dr
R
Q 0
v.2. .r.dr

r dA = 2rdr

dA

Essa equação vale para qualquer tipo de escoamento, e qualquer tipo de fluído
(Newtoniano ou Não-Newtoniano).

NOTA
A fim de calcular Q para qualquer escoamento turbulento basta você ter o
perfil de velocidades para escoamento turbulento. Porém, vamos focalizar nossas
atenções para escoamento LAMINAR.

Levando (10) em (11), tem-se,


R 2 P 
R r2 
Q  2.  1  2 r.dr
0 4. L R 

R P 1 R 2
 R  r 2 .r.dr
2

2 0
 2.
4. L R
 P  R 2  P  2 R 2 R 4 
R .r.dr   r 3 .dr  
R
 
2  .L  0 0  2  .L 
R .
2
 
4 
 P 1 4
 R
2  .L 4

Q = .R4.P = .D4.P = V
Finalmente, 8L 128L
m3/s (12)

Essa é a equação de HAGEN-POISEULLE em escoamento laminar e vale para


RE  2000.

Tensão de cisalhamento na parede e velocidade de atrito

Da equação de movimento para um escoamento real (a equação de Bernoulli


modificada), estável tem-se, a perda de carga,
hL = 2.P.L (9) / Página 2. Definição para laminar ou turbulento
r.R
A perda de carga ou perda de energia mecânica é dada por DARCY-
WEISBACH (mais detalhes no capítulo 6),
hL = f L V2 (13) Definição: vale tanto para escoamento laminar quanto para
turbulento
D 2g
onde f = fator de atrito =  (RE,E/D),
E = rugosidade absoluta do conduto.

NOTA
Em um escoamento laminar a rugosidade absoluta não tem nenhuma influência
sobre o escoamento. Portanto, f =  (RE) apenas para laminar.

Combinando as equações (9) e (13) vem que


P = f .V2 (14) Definição para laminar ou turbulento.
8

ou v = P = V f (15) Definição para laminar e turbulento.


 8
onde v = velocidade de atrito ou de cisalhamento. É uma velocidade de
fluído que ocorre em escoamento bem perto da parede interna.

Fator de atrito em um escoamento laminar

Considera a equação (12).


Q = .R4.P = .D4.P = V (12) Escoamento laminar ou


8..L 128..L Escoamento HAGEN-
POISEULLE
ou P = 8..Q ou R P = R . 8..Q
L .R4 2 L 2 4..R4
P = 4..Q
 .R3 (16) , R P = P
2 L

Mas P = f .V2 (14) Definição para laminar e turbulento


8
 P = f .V = 4..Q
2
 .R3
ou f = 32..Q = 32. . Q = 32..V = 64.
V2R3 RV2 R2 D. V2 DV
2

Finalmente, f = 64 (17)
RE

Essa equação vale para escoamento laminar e RE  2000. É independente de


rugosidade absoluta (Portanto, vale para tubo liso ou rugoso).

Raio Hidráulico / Número de Reynolds / Perda de Carga

O raio hidráulico por definição,


RH = A
P
(18) onde A = área de seção transversal do fluído em
escoamento,
P = perímetro molhado (aquela porção do
perímetro de seção
transversal onde há contato entre o fluído e o
sólido).
Para tubo circular: RH = A = .R2 = R = D
P 2R 2 4
ou D = 4.RH (19)

Reynolds Genérico
RE = VD = V4RH
 
(20) onde RH = A
P

A equação (20) pode ser usada para um conduto não-circular.

DARCY-WEISBACH (Perda de Carga) Genérico


hL = f L V2 = f L V2
D 2g 4RH 2g (21) onde RH = A
P
PROBLEMA RESOLVIDO

Problema 1

Água escoa através de um conduto retangular de 3 pés por 2 pés. A perda de


carga em 200 pés deste conduto é 30 pés. Calcule a resistência de cisalhamento
exercida entre o fluído e a parede do conduto.
Capítulo 6

Cálculo de Perda de Carga distribuída e localizada


6.1 – Equação de Bernoulli para Fluidos Ideais

A equação de Bernoulli para o fluido ideal foi deducida na página 68 e novamente pode ser escrita
como:

2 2
0
P1 V1 P2 V2
  z1    z 2  hF (6.1)
 2.g  2.g

1
onde hF  perda de carga = 0 =  u s  u e  qVC 
g

6.1.1 – Equação de Bernoulli para os Fluidos Reais

Para os fluidos reais    0  a perda de carga, hF  0 , portanto, a equação de Bernoulli é


modificada e escrita como:

2 2
P1 V1 P V
  z1  2  2  z 2  hF (6.1.1.)
 2.g  2.g

que é a equação de Bernoulli para os fluidos reais

Em geral,

P1
 carga de pressão ou carga piezométrica (m)

2
V1
 carga de velocidade ou carga de energia cinética (m)
2. g

z = carga de altura ou carga da energia potencial (m)

hF  perda de energia ou perda de carga (m)

Finalmente,

P V2  P V 2 
hF   1  1  z1    2  2  z 2  (6.1.1.a.)
  2.g    2.g 

que fornece a perda de caga entre as seções (1) e (2) de um fluido real
A primeira soma entre parênteses representa a energia por unidade de peso
(N.m/N = m) de fluido na seção (1)
A segunda é também a energia por unidade de peso de fuido, porém, na seção (2)
Assim, hF representa a diferença ou perda de energia, experimentada pela unidade de peso do
fluido, ao ser transportada de uma para a outra seção do conduto.
Já vimos que a equação de Bernoulli permite relacionar carga e energia. Por isto, hF é conhecido
como “perda de carga devido ao atrito de un fluido real”.
A equação (6.1.1.a.) é válida para um escoamento num tubo, na ausência de trabalho de eixo e fluido
real incompressível.

6.1.2 – Energia Fornecida para uma Bomba

(2)

B
S.L Z2
(1)

Z1

Plano de referência

Fig. 1 Instalação
Suponhamos uma bomba (Fig.1), que eleva o fluido do ponto (1) ao ponto (2), entre os quais há a
com bomba
perda de carga hF .
Para tal, a bomba fornecerá ao ponto (1) a necessária energia H B . Então, o 1º membro (lado
esquerdo) de (6.1.1.) ficará acrescido dessa parcela H B .
H B é a carga fornecida (desenvolvida) pela bomba.
Portanto, tem-se

 P1 V1 2  P2 V2
2
  
  2.g  z1   H B    2.g  z 2  hF (6.1.2.)
 

que é a Equação de Bernoulli para o caso em que a instalação recebe a energia de uma bomba.

6.1.3 – Potência de uma Bomba

Pode-se mostrar que a potência de bomba, sem considerar o rendimento de bomba é



N B   .V .H B (em Kgf.m/s) (6.1.3.)
onde N B  Potencia de uma bomba,   Pêso específico d’água, V  Vazão volumétrica d’água,

H B  carga fornecida por uma bomba

Nota 1CV = 736 W = 75 Kgf.m/s



 N B   .V .H B / 75 (em CV)

6.1.4 – Instalação com Bomba e/ou Turbina p/Fluidos Reais

Pode-se mostrar que a equação genérica com bomba e/ou turbina é

 P1 V1 2   P2 V2 2 
        
  2.g 1  z H B   2.g  z 2   H t  hF (6.1.4.)
   

onde H t  carga producida por uma turbina

Potência de uma turbina



 .V .H t
N t   .V .H t (em Kgf.m/s) = (em CV) (6.1.5)
75

onde N t = Potencia de uma turbina,

6.1.5 – Potência Real

Potência real fornecida (gasto de energia) por uma bomba ao fluido é:

 
 .V .H B = (em Kgf.m/s) =  .V .H B (em CV) (6.1.5.)
NB 
B 75. B

onde  B  rendimento da bomba

Potência real produzida por uma turbina é:



 .V .H t . t
N t   .V .H t (em Kgf.m/s) = (em CV) (6.1.6.)
75

onde  t  rendimento da turbina


6.1.6 – Perda de Carga (Energia) distribuída

A Fig. 2 mostra, um trecho de uma tubulação horizontal, de diâmetro D,


rugosidade  , por onde escoa um fluido con velocidade V, sendo sua massa específica 
e a viscosidade  .
Experimentalmente, verifica-se que existe diferença de pressão P ente duas seções, distante L.
Existe entre as seções 1 e 2 uma perda de carga, oriunda do escoamento.
Esta perda depende das características do fluido  ,  velocidade do escoamento V, da distância
ente as seções L e do tubo D,  , logo:

P  f  , ,V , L, D,
ou
hF  f  , ,V , L, D,
P
onde hF  (6.1.7.)

P

Figura 2. Perda de carga.


P1 P2 P = P1 – P2 = queda de pressão
ao longo do escoamento

V
D
L

1 2

Pode-se demostrar que:

L V2
hF    RE , D .
D 2.g
L V2
ou seja hF  f (6.1.8.)
D 2. g

onde f = fator de atrito (adimensional) =   RE , D  , RE = número de Reynolds,



 = rugosidade absoluta (mm), D
 rugosidade relativa (adimesional),

L = comprimento (mm), D = diâmetro (m), V = velocidade média do escoamento (m/s),


g = acelaração da gravidade (m/s2) = 9,81 m/s2 ,
hF  perda de carga (perda de energia mecânica g.hF  u s  u e  qVC ) devido ao atrito (m.N/N = m)
Esta equação é a equação de DARCY-WEISBACH

6.1.7 – Escoamento em Tubos

A equação de DARCY-WEISBACH é geralmente adotada nos cálculos de condutos.


hF é a perda de carga ou queda na linha pezométrica, no comprimento L do tubo de diâmetro
interno D e com velocidade média V. hF tem dimensão de comprimento e é expressa em metro-newtons
por newton. O fator de atrito ou de perda de carga distribuida f é um fator adimensional necessário à equação
para ser ter valores corretos para as perdas.
Todas as grandezas na equação (6.1.8.) exceto f podem ser medidas experimentalmente.
A perda de carga hF é medida por um manômetro diferencial ligado às tomadas piezométricas nas
seções 1 e 2 separadas pela distância L.

1 2

A experiência mostra que o seguinte é verdade para escoamento turbulento:

1) A perda de carga varia diretamente com o comprimento do tubo,


2) A perda de carga varia quase que proporcionalmente ao quadrado da velocidade,
3) A perda de carga varia quase que inversamente com o diâmetro,
4) A perda de carga depende da rugosidade da superfície interior do tubo,
5) A perda de carga depende das proriedades do fluido, massa específica e viscosidade,
6) A perda de carga é independente da pressão.
6.1.8 – As equações do fator de atrito ( f )

64
1. Regime laminar: f  RE  2000 (6.1.8.)
RE
Tanto para tubo liso quanto para tubo rugoso.

Nota A rugosidade não tem nenhuma influência sobre o fator de atrito de um escoamento laminar

2. Regime turbulento:
Tubo liso:  D  20 RE  7 8

BLASIUS: f  0,3164 RE  0, 25 para 3000  RE  10 5 (6.1.9.)


NIKURADSE: f  0,0032  0,221 RE  0 , 237
para 10  RE  3,4  10 6 (6.2.0.)
4

KUNAKOV: f  1,80 LogRE  1,5 2 para 2300  RE  4  10 6 (6.2.1.)

COLEBROOK:
1
f

 0,86 Ln RE 
f  0,8 para 10 4  RE  3,4  10 6 (6.2.2.)
2

TAPAN-ELI: f  8
 1
0,
 
4
 
Ln RE. f  3,232867951  5,5 
 
para 2300  RE  4  10 6 (6.2.3.)
Tubo rugoso: para 4  10 3  RE  10 7

1  D 2,51 
COLEBROOK-WHITE:  0,86 Ln   (6.2.4.)
 
f  3,7 RE f 

   10 6 
13

MOODY: f  0,00551   20.000.    (6.2.5.)
  D RE  

1   18,7 
PRANDT-COLEBROOK:  1,74  2 Log  2   (6.2.6.)
f  D RE f 
 

6.1.9 – Problemas Simples de escoamentos em tubos

Problemas simples de escoamento em tubos são entendidos como aqueles nos quais a perda de carga
distribuída, ou devida ao atrito, no tubo é a única perda presente. O tubo pode estar colocado numa posição
que forma um ângulo qualquer com a horizontal. Seis variáveis comparecem nos problemas (o fluido é
considerado incompressível):

V , L, D, h F , v , 
Em geral L, v e  , o comprimento, a viscosidade cinemática do fluido e a rugosidade absoluta,
são dadaos ou podem ser determinados.
Os problemas simples de escoamentos em tubos podem então ser classificados em três tipos:
Dado A encontrar

Tipo 1. V , L, D , v,  hF

Tipo 2. L, D , h F , v ,  V


Tipo 3. V , L, h F , v ,  D

Em cada um desees casos,

 L V2 
(1) A equação de DARCY-WEISBACH  hF  f ,
 D 2.g 
 

(2) A equação da continuidade  V  A.V 
 
,
(3) E o diagrama de MOODY ou equação analítica são usadas para determinar a grandeza incógnita

Em lugar do diagrama de MOODY pode-se utilizar a seguinte fórmula ( P. K. Swamee e A.K. Jain,
Explicit equations for Pipe-Flow problems, J. Hydr. Div. Proc. ASCE, pp. 657-664, Maio 1976) explícita
para f, dentro das restrições impostas,

1,325
f  2
  5,74  (6.2.7.)
 Ln 3,7.D  RE 0, 9 
 

Restrições: 10 6   D  10 2 e 5000  RE  3,4  10 8

Esta equação fornece um valor de f que difere menos de 01% daquele dadp pela equação de
COLEBROOK-WHITE (6.2.4.), poden ser vantajosamente usada numa calculadora eletrônica.

Solução para obter hF ( Tipo 1): Solução direta



Para o problema tipo 1, com V , e D conhecidos, RE  V .D  4.V ; o f pode ser
v  .D.v

retirado da Fig. 5.32. (Diagrama de Moody) ou calculado pela equação (6.2.7.)

A substituição na equação de DARCY-WEISBACH fornece hF , a perda de carga


(energia) devida ao escoamento no tubo por unidade de peso do fluido.

Exemplo 1

Determinar a perda de carga (energia) para o escoamento de 140 l/s de óleo,


v = 0,00001 m2/s, num tubo de ferro fundido de 400 m de comprimento e 200 mm de diâmetro.

Solução

 3 2
V = 0,140 m /s, L = 400 m, D = 0,2 m, v = 0,00001 m /s, ferro fundido,
 0,25 mm = 0,00025 m

 

4.V 4 0,140.m 3 / s
RE    89127

 .D.v   0,2.m  0,00001.m 2 / s 
A rugosidade relativa é  D  0,25 mm / 200 mm = 0,00125

Do diagrama de Moody,
por interpolação, f = 0,023
ou resolvendo a equação (6.2.7.)
f D
f = 0,0234 , logo

V2 RE
V2  2
A
2
L V2  400.m   0,14  1
hF  f  0,023  2 
 0,2.m     4  0,2.m   2 9,806.m / s 
2
D 2. g

ou hF  46,58. m.N N Resp.

Procedimento: (1) Calcule o valor do número de Reynolds (RE), (2) Com o valor de RE e  D , ache i
valor de f no diagrama de Moody ou use a eq. (6.2.7.), (3) calcule hF pela equação de DARCY-
WEISBACH.

Solução para obter V (Tipo 2)

1. Escolhe-se um valor de f, com o valor de (  D )


2. Calcula-se a velocidade usando a equação de DARCY-WEISBACH
3. Calcula-se o número de REYNOLDS
4. Com os valores de RE e  D , acha-se o valor de f (do diaframa de Moody ou da eq. 6.2.7.)
5. Se f inicial for igual ao valor achado (finicial – fachado  0,001), calcula-se a vazão volumétrica com
a equação da continuidade. Caso contrário, repita os cálculos do item 2 e 4 até convergir

Exemplo 2

Água a 15ºC escoa num tubo de aço rebitado de 300 mm de diâmetro,  3 mm, com uma perda
de carga de 6 m em 300 m. Calcular a vazão.

Solução

A rugosidade relativa é  D  0,003 / 0,3  0,01 . Do diagrama de Moody, com este fator da
rugosidade relativa, escolhe-se um f tentativo de 0,04. Substituindo na equação de DARCY-WEISBACH,
tem-se
 300.m 
6.m  0,04
V .m / s  2


 0,3.m  2  9,806.m / s
2

donde V = 1,715 m/s Da tabela C1, v = 1,13  10-6 m2/s

V .D 1,715.m / s  0,30.m 
 RE    455000
v 1,13  10 6.m 2 / s

com este RE e  D  Do diagrama de Moody,

f = 0,038 ( Pode-se usar também a eq. 6.2.7. )

 
V  A.V   0,3 2  1,715  0,1213.m 3 / s Resp.
4

Nota Precisava fazer mais uma ou duas tentativas para ter a resposta mais certa !


Outro método para obter V

Uma solução explícita para a vazão volumétrica V pode ser obtida da equação de COLEBROOK-
WHITE (6.2.4.) e da equação de DARCY-WEISBACH (6.1.8)

Da equação de DARCY-WEISBACH,


L V2
hF  f   2
D  
2 (6.1.8a.)  V  A.V ou V 2  V A2
2. g  D 2 
 4 

Resolvendo em 1 f ,


1 8.V
 e substituindo esta equação na equação de COLEBROOK-WHITE e
f  g .hF D 5 L
simplificando, tem-se,

   1,775.v 
V  0,955.D 2 g .D.hF / L .Ln   (6.2.8.)
 3,7.D D g .D.h / L 
 F 

Esta equação, deduzida pela primeira vez por Swamee e Jain, é tão precisa quanto a equação de Colebrook-
White e válida na mesma faixa de valores de  D e RE. A substituição das variáveis do exemplo 2, D = 0,3
m , g = 9,806 m/s2,
hF / L = 0,02 ,  D = 0,01 e v = 1,13  10-6 m2/s


fornece V  0,1213.m 3 / s Resp.
Solução para obter o diâmetro D (Tipo 3)

1. Admite-se um valor de f,
2. Resolve-se a seguinte equação em D


8.L.V 2 (1)
D 
5
f  C1 . f
hF .g . 2

 2
onde C1 é a quantidade conhecida 8.L.V hF .g . 2

3. Resolve-se a seguinte equação em RE :



4.V C (2)
RE   2
 .v.D D


onde C2 é a quantidade conhecida 4.V /  .v

4. Calcula-se a rugosidade relativa  D  .  do material é conhecido


5. Com RE e  D  acha-se um novo f do diagrama de Moody
6. Usa-se o novo f e repete-se o procedimento
7. Quando o valor de f não mais variar (dê uma tolerância), as equações são obedecidas e o
problema está resolvido

Nota: Usualmente somente uma ou duas tentativas (iterações) são necessárias. Como normalmente se usam
tubos de tamanhos padronizados, o tamanho imediatamente maior àquele obtido pelos cálculos é escolhido.

Exemplo 3

Determinar o diâmetro de tubo de aço comercial necessário para transportar 4000 gpm (galão por
minuto) (252 l/s) de óleo, v = 0,0001 pé2/s (0,00001 m2/s) à distância de
pé.lbf  Kgf 
10 000 pé (3048 m) com uma perda de carga de 75  22,8.m 
lbf  Kgf 
Solução

1 pé = 12 pol = 0,3048 m , g = 9,806 m/s2  32,2 pé/s2


1 gal/min  0,002228 pé3/s  0,06309 l/s
 0,06309  10-3 m3/s

A vazão é V  4000  0,002228  8,93. pé 3 / s

 2
8  10000   8,93
2
8.L.V (1)
D5  f  f  267,0. f
hF .g . 2
75  32,2   2


4.V 4  8,93 113 .800
RE    (2)
 .v.D   0,0001  D D
Do diagrama de Moody   (material dado)  0,00015 pé
Se f = 0,02 , D ( de (1) ) = 1,398 pé

RE ( de (2) ) = 81400,  D  0,00011

Com este RE e  D entrando no diagrama de Moody, tem-se f = 0,019 ou use


COLEBROOK-WHITE
Repetindo-se o procedimento, D = 1,382, RE = 82300, f = 0,019 (f não varia mais)

 D  1,382  12  16,6 polegada Resp.

Nota: Vocês devem verificar os valores numéricos do problema, pois, o livro americano citado aqui
tem erros !

Outro método para obter D

Segundo SWAMEE e JAIN, uma equação empírica para determinar diretamente o diâmetro,
usando relações adimensionais e uma abordagem análoga à dedução da equação de Colebrook-
White, fornece
0 , 04
   2 
4 , 75
5, 2 
  L.V   9, 4  L  
D  0,66 1, 25    v.V 
 g .h 
  (3)
  g .hF   F  
   

A solução do Exemplo 3, usando esta equação com



V  8,93. pé 3 / s ,  0,00015. pé , L  10000. pé , hF  75. pé ,
v  0,0001. pé 2 / s e g  32,2. pé / s 2

é D  1,404. pé Resp.

A equação (3) é válida nos seguintes intervalos:


6 2
3  10 3  RE  3  10 8 e 10   D  2  10

e fornecerá um valor de D dentro da variação de 2% do valor obtido pelo método que usa a equação
de Colebrook-White.

6.2.0 – Perda de Carga (Energia) Localizada ou Singular

As perdas que ocorrem em condutos devido a curvas, cotovelos, juntas, válvulas etc. são chamadas
perdas localizadas ou singulares e determinadas experimentalmente. Entretanto, uma exceção
importante é a perda de carga devida a uma expansão ou contração brusca de seção num conduto
que pode ser determinada analiticamente.

As perdas localizadas ou singulares, de um modo geral, são obtidas através da expressão:


V2
hF  k (6.2.9.)
2. g
onde k é um coeficiente obtido experimentalmente para cada caso, conforme indica a tabela 1 e
Figura 6.2.
Também é bastante usual substituir a perda localizada por uma perda equivalente em um conduto.
A equação de DARCY-WEISBACH para o comprimento equivalente fica:

Le V 2
hF  f (6.3.0.)
D 2. g
Igualando as equações (6.2.9.) e (6.3.0.) tem-se,

K .D
Le  (6.3.1.)
f
Para se calcular a perda de carga em uma tubulação com perdas distribuidas e localizadas, basta usar
a seguinte equação:

 L  Le V2 K .D
hF  f   onde Le  (6.3.2.)
 D  2. g f

ou alternativamente

L V2 V2
hF  f  K
D 2.g 2. g

localizadas
distribuidas

Tabela 1: Coeficiente k de perda de carga para várias conexões

Conexões k
Válvula globo (totalmente aberta) 10,0
Válvula angular (totalmente aberta) 5,00
Válvula de retenção (totalmente aberta) 2,5
Válvula de gaveta (totalmente aberta) 0,19
Curva de raio curto 2,2
Tê comun 1,8
Cotovelo comun 0,9
Cotovelo de raio médio 0,75
Cotovelo de raio longo 0,60
a) Em ângulo vivo b) Arredondado c) Saliente
k = 0,5 k = 0,01 – 0,05 k = 0,8 – 1,0

Fig. 6.2 Coeficiente de perda de carga k para entrada em um tubo

Exemplo típico de problemas que envolvem perda de carga total

Exemplo 4
Curva de 90º padrão

S
 150 pés

2
150 pés
50 pés

1
Tubo de aço comercial
de 6 pol. de diâmetro
( = 0,00015 pés)
250 pés

Entrada arredondada
Fig. 1

Água escoa de um grande reservatório e descarrega na atmosfera da forma mostrada na Fig. 1.


Determinar a vazão. Dados:
k1 = coeficiente de perda para entrada arredondada = 0,25 , k2 = coeficiente de perda para curva de 90º =
0,90 , v = 1  10-5 pé2/s

Solução

Inicialmente, escrevemos a equação de Bernoulli entre a superfície livre e a entrada:


Em seguida V1 = V2 = V

2 2
Ps Vs P V
  z s  1  1  z1
 2. g  2.g

2
P1  Ps V
ou  z s  z1  1  Vs  0
 2.g

P1  Ps V2
  z s  z1  (1)
 .g 2. g
Depois, escrevemos a equação da energia entre as seções 1 e 2 (incluindo todas as perdas):

2 2
P1 V1 P V
  z1  2  2  z 2  h F . d  h F . l
 2. g  2. g

onde hF .d = perda de carga distribuida

hF .l = perda de carga localizada

Mas V1 = V2

P1  P2 L V2 V2 V2
   z 2  z1   f  k1  2.k 2 (2)
 .g D 2.g 2.g 2.g

onde k1 = coeficiente de perda de carga para entrada arredondada = 0,25,


k2 = coeficiente de perda para curva de 90º = 0,90 (2 curvas)

Combinando as duas equações e admitindo que P2 = Ps, temos

2
 L V
f  k1  2.k 2  1  zs  z2
 D  2.g

2.g  z s  z 2 
V2 
ou L (3)
f  k1  2.k 2  1
D

Aqui g = 32,2 pés/s2 , zs – z2 = 150 –50 = 100 pés


L = 250 + 50 + 150 = 450 pés , D = 6/12 = ½ pés,
k1 = 0,25 , k2 = 0,90

64,4100 
 V 
2

f  450 1 / 2   0,25  2 0,90   1

6440
ou V2  (4)
f  900  3,05

V .D V  1 / 2 
RE    5  10 4.V (5)
v 1  10 5

e  D  0,00015 1 / 2  0,00030
Como f e V são desconhecidos, trabalhamos simultaneamente com o diagrama de MOODY (ou equação
analítica) para obtermos uma solução.

V(admitida) RE(eq. 5) f(diagrama) V(calculada, eq. 4)

10 5105 0,0165 361


370 1,85107 0,0150 390
390 1,95107 0,0150 390


Achamos V = 390 pés/s , e V  A.V

 .D 2 1
.V   1 / 2   390
2

4 4

 V  76,6. pés 3 / s Resp.

8º Lista de exercícios

Questão 1
O que é perda de carga ?

Questão 2
Explique perda de carga distribuída e localizada.

Questão 3
Como perda de carga depende em um escoamento turbulento ?

Questão 4
Refazer o Ex3(pág129) no sistema Internacional.
Questão 5
Refazer o Ex1(pág125) corretamente e verificar os dados numéricos calculados.

Questão 6
Refazer o Ex2(pág126) usando a equação de Colebrook-White.

Questão 7
Refazer o Ex4(pág132) no S.I.

Questão 8
Qual o nível, h, que deve ser mantido no reservatório para produzir uma vazão volumétrica de 0,03
m3/s de água ?. O diâmetro interno do cano liso é de 75 mm e o comprimento é de 100 m. O coeficiente de
perda, k, para a entrda é k = 0,5. A água é descargada para a atmosfera

h
100 m

Resp: h  44,6 m

Questão 9

A vazão de 1,44 m3/s de água ocorre em uma instalação (Fig.1), contendo uma bomba fornece 400
CV de energia à corrente líquida. São dados:
A1 = 0,36 m2 , A2 = 0,18 m2 , z1 = 9,15 m , z2 = 24,4 m,  P1    14.mca e  P2    7.mca

(2)
V2

Calcular a perda de
carga entre as
seções (1) e (2)
BOMBA
(1) z2
Resp. hF  10,18 m
V1
z1

Plano de referência

( Fig.1 )
Questão 10

Água escoa através da turbina na Figura 2. A turbina produz a potência de 65 HP. As pressões em A
e B são 1,4 kgf/cm2 e –0,34 Kgf/cm2, respectivamente. Qual é a vazão volumétrica d’água ?. Desprezar a
perda de carga devida ao atrito.
Dado:  H 2O  10 .Kgf / m .
3 3

D = 0,3 m

TURBINA
A 65 HP

Resp.: 0,260 m3/s

REF ( 0,0 )
B

Figura 2. D = 0,6 m
Capítulo 7

Conceitos de rendimentos, eficácia e perdas

7.1.0- Introdução

Definição: Reservatório Térmico


Reservatório térmico é um corpo ao qual e do qual o calor pode ser transferido indefinidamente
sem mudança de temperatura do reservatório.
Num reservatório térmico sempre a temperatura permanece constante.

2 reservatórios térmicos são: Reservatório quente e Reservatório frio.


Um reservatório (de alta temperatura) do qual se retira calor é chamado fonte (combustível:
carvão etc., energia nuclear, energia solar).
Um reservatório (de baixa temperatura) que recebe calor é chamado sorvedouro (oceano/rio,
atmosfera/céu).

7.1.1- Conceitos Termodinâmicos

2º Lei da Termodinâmica

Enunciado de KELVIN-PLANCK (produção de potência):

(a) Toda energia térmica não pode ser transformada a energia mecânica (trabalho de eixo). Se
pudesse transformar toda energia, teria rendimento de ciclo,  T = 100%, que é impossível!
(b) A transformação da energia térmica para a energia mecânica requer a rejeição de uma
parcela desse calor (energia térmica).
(c) O calor é transferido de alta temperatura (TH) para a baixa temperatura (TL).

Enunciado de CLAUSIUS (produção de calor e/ou frio):

(a) O calor pode ser bombeado de baixa para alta temperatura.


(b) Para tanto, é necessário que o trabalho mecânico (tabalho de eixo) seja fornecido ao sistema
para compressão.

7.1.2- Ciclo de CARNOT (1824)

Carnot inventou um “ciclo de potência” que tinha 4 processos básicos :

1) Adição de calor (isotérmica reversível);


2) Expansão (adiabática reversível);
3) Rejeição de calor (isotérmica reversível);
4) Compressão (adiabática reversível).
Reservatório
Quente = Fonte
TH QH
Gerador de c
b vapor
Turbina
W
Bomba alternador

a condensador d

TL QL

Reservatório Frio =Sorvedouro

Fig. 1 – Exemplo de uma máquina térmica que opere num ciclo de CARNOT

As conclusões de CARNOT:
(1)  R =  (TH,TL) =  máx =  ideal
onde  R = rendimento reversível (adimensional);
TH = alta temperatura (ºK);
TL = baixa temperatura (ºK).
(2)  CARNOT =  R = 1- TL >  t(real)
TH onde  t = rendimento (eficiência) do ciclo
(3)  R não depende do fluído de trabalho (sólido, líquido ou gás real/ideal etc.)
(4)  R1 =  R2 = ....... =  RN (nas mesmas temperaturas)

Motor Térmico (máquina térmica) Internamente Reversível

Rendimento de CARNOT:  t = 1 - TL ideal (7.1.2)


TH
Rendimento pela 2º Lei (KELVIN-PLANCK):
 t = 1 - QL real (7.1.3)
QH

A condição da Reversibilidade:
 t = 1 – TL = 1 - QL (7.1.4)  QL = TL ou QH = QL (7.1.5)
TH QH Q H TH T H TL

Onde QH = calor fornecido, QL = calor rejeitado


NOTA: Devemos lembrar que a outra condição da reversibilidade é dS = 0

7.1.3- Máquina Térmica (que produz potência)

Uma máquina térmica pode ser definida como um dispositivo que, operando segundo um ciclo
termodinâmico, realiza um trabalho líquido positivo à custa da transferência de calor de um corpo em
temperatura elevada para um corpo em temperatura baixa.

Reservatório quente (Fonte)


Combustível

QH fluído de trabalho
Caldeira TH

Trabalho líquido
WL
B TV Eletricidade

Alternador

Condensador
TL Troca de calor (serpentina)

QL

Mar ou rio

Reservatório frio (sorvedouro)

Fig. 1 – Instalação com turbina a vapor

Resumo: 4 componentes básicos (Turbina, Bomba, Caldeira, Condensador), 1 fluído de trabalho (vapor
d’água), e sofre um processo cíclico (ciclo de RANKINE), e produz trabalho líquido positivo (potência).

Câmara de combustão Reservatório quente (Fonte)

QH
Aquecedor TH fluído de trabalho

Eletricidade
WL
Compressor TG alternador

Resfriador TL
Trocador de calor (serpentina)

QL
Mar ou rio
Reservatório frio (sorvedouro)

Fig. 2 – Instalação de turbina a gás

Resumo: 4 acessórios térmicos básicos (turbina, compressor, aquecedor, resfriador),


1 fluído de trabalho (ar ou Hélio ou Argônio etc.),
e sofre um processo cíclico ou ciclo termodinâmico (ciclo de BRAYTON-JOULE), e
produz trabalho líquido positivo (potência).

A eficiência térmica ou rendimento térmico (termodinâmico):

 t = WL (energia vendida) = WT – WB = QH - QL = 1 - QL (7.1.6)


QH (energia que custa) QH QH QH

NOTA: 1º lei para ciclo:  W =  Q


WT + (-WB ou –WC) = QH + (-QL)
ou WT – WB (ou –WC) = QH – QL
Reservatório de alta temperatura

TH

Rendimento térmico reversível


QH (máximo):
TH>TL  R = 1 – TL/TH
MT
Rendimento térmico real:
 t = 1 – QL/QH = WL/QH
QL
Reservatório de baixa Temperatura

TL
7.1.4- Máquina térmica externamente reversível que produz frio (refrigerador) ou calor (bomba de
calor):

Refrigerador
QH fluído cede calor no
condensador à alta pressão
(3) Condensador e à alta temperatura
TC (2)
TE < TC alta pressão e temperatura fluído de trabalho

V.E.
Compressor
V.E. = válvula Baixa pressão e
de expansão Temperatura - WC
Fluído recebe trabalho
(4) (1)
Evaporador TE

Espaço a ser
QL resfriado fluído recebe calor no evaporador
à baixa pressão e à baixa temp.

Fig. 3 – Ciclo de refrigeração elementar

Resumo: 4 componentes básicos (compressor, condensador, válvula de expansão, evaporador),


1 fluído de trabalho (Freon 11 ou 12: F11/F12), e sofre um processo cíclico (ciclo de
refrigeração), e produz frio (QL,TL).

Eficácia
Alta temp.
A eficiência (eficácia) térmica é
representada por “Coeficiente de
TH Performance” (COP).
COPref. = QL = energia pretendida
QH W energia consumida
TL<TH ∵ - W = QL + (-QL) = QL - QH
 W = QH - QL
MTR
-W

QL

TL

Baixa temp.
Espaço refrigerado

 COPref. = QL (7.1.4) COP ref.ideal = TL (7.1.4a)


QH - QL real ou internamente TH – TL
reversível
NOTA: COPref. é sempre > 1

Bomba de Calor (Heat Pump)

O espaço a ser aquecido fluído cede calor no condensador


QH à alta pressão e à alta temperatura

Condensador TC
(3) (2) fluído de trabalho

alta pressão e temperatura

V.E. = válvula de
Expansão compr
baixa pressão e temperatura essor
- WC
fluído recebe trabalho
(4) (1)
Evaporador TE

QL fluído recebe calor no evaporador


À baixa pressão e à baixa temperatura
Fig. 4 – Ciclo de refrigeração/Bomba de calor elementar

Resumo: 4 componentes básicos (compressor, condensador, válvula de expansão, evaporador),


1 fluído de trabalho (F11 ou F12), e sofre um processo cíclico (ciclo de bomba de calor) e
produz calor (QH,TH).

Eficácia
A eficácia (eficiência térmica) é representada por “Coeficiente de Performance” (COP).
Alta temp.
o espaço a ser aquecido

TH
COPBC = QH = energia pretendida
QH W energia consumida

MTR Mas – W = WL + (- QH)


-W = QL - QH

QL ou W = QH - QL

TL

Baixa temp.
 COPBC = QH (7.1.5)
QH - QL real

COPBC ideal = TH = 1 (7.1.5a)


ou internamente T H - TL  R
reversível

NOTA: COPBC é sempre > 2

Relacionamento entre Refrigerador e Bomba de Calor

COPref. – COPBC = QL – QH = QL - QH = - QH – QL = -1
QH – QL QH – QL QH – QL QH – QL

 COPBC = 1 + COPref. (7.1.5c)

7.1.5 – Reversibilidade, Irreversibilidade e Perdas


Normalmente, o processo causa alguma mudança no meio, como o seu deslocamento ou uma
transferência de calor através da fronteira.
Quando um processo pode ser realizado de tal forma que seja possível sua inversão, isto é, seu
retorno ao estado original sem haver uma variação final do sistema ou do meio diz-se que é reversível.
Em qualquer escoamento de um fluído real ou perturbação de um sistema mecânico, os efeitos do
atrito viscoso, do atrito de Columb, de expansões sem obstáculos, etc., não permitem a reversibilidade.
A reversibilidade é, no entanto, um ideal que se tenta alcançar nos processos, e os rendimentos
destes geralmente são definidos em termos de sua aproximação a processos reversíveis.
Qualquer processo real é irreversível. A diferença entre o trabalho realizado pela mudança de
estado de uma substância, ao longo de um caminho reversível, e o trabalho real realizado ao longo do
mesmo caminho é a irreversibilidade do processo. Em certas condições, a irreversibilidade de um
processo é chamada de trabalho perdido, isto é, a perda de capacidade de realização de trabalho causada
pelo atrito e outras razões.
As perdas significam irreversibilidades ou trabalho perdido ou a transformação de energia
disponível em energia térmica.

Problemas Resolvidos

Problema 1

Uma usina hidroelétrica tem uma diferença de cotas entre os níveis de montante e de jusante de
Ha = 50 m e uma vazão V = 5 m 3/s de água pela turbina. O eixo da turbina gira a 180 rpm e o conjugado
nele medido vale  = 1,16x105 Nm. A potência retirada (fornecida) pelo gerador é de 2100 KW.
Determinar:
(a) a potência reversível do sistema;
(b) a irreversibilidade ou perda de potência no sistema;
(c) a irreversibilidade (perda) na turbina;
(d) a irreversibilidade ou perda de potência no gerador;
(e) o rendimento da turbina;
(f) o rendimento do gerador.
2100 KW

Ha = 50 m

Gerador

180 rpm

V = 5 m3/s Turbina

Fig. 5 – Irreversibilidade em usina hidroelétrica

a) A energia potencial disponível da água é Ha = 50 m N/N


A potência reversível (máxima)(ver tabela C1).
PR =  * V * Ha = (9806N/m3) * (5m3/s) * (50m*N/N) = 2451500 N*m/s
PR = 2451500 J/s = 2451500 W
R: Potência reversível , PR = 2451,5 kW

b) Irreversibilidade ou perda de potência no sistema,IS = potência fornecida ao sistema –


potência retirada do sistema = potência reversível (PR) – Potência retirada pelo gerador (PG)
IS = PR – PG = 2451,5 kW – 2100 kW = 351,5 kW
R: IS = 351,5 kW

c) A potência desenvolvida pela turbina = conugado no eixo * velocidade angular


ou PT =  * = (1,16 * 105 N*m) * 180*(2 )/ 60 s-1 = 2187428,3 W = 2187,43 kW
Irreversibilidade na turbina = potência fornecida ao sistema (potência reversível ) –
Potência desenvolvida pela turbina.
IT = PR – PT =(2451,5 – 2187,43) kW = 264,07 kW
R: IT = 264,07 kW

d) A irreversibilidade ou a perda de potência no gerador = potência desenvolvida pela


turbina – potência retirada pelo gerador.
IG = PT – PG = 2187,43 kW – 2100 kW
IG = 87,43 kW
R: IG = 87,43 kW

Trabalho perdido por unidade de peso do fluido no gerador,


HG = IG /  * V = (87,43 kW) * (1000N*m/s) / 1 kW * (1/9806N/m3) * (1/5m3/s)
R: HG =1,78 m*N/N

e) rendimento da turbina:
 t= (Ha – Ht)/ Ha = (50 m*N/N –5,39m*N/N) / 50 m*N/N = 89,22%
R: t = 89,22%
f)rendimento do gerador:
 G= (Ha – Ht – HG)/(Ha – Ht)
 G = (50m*N/N – 5,39 m*N/N – 1,78 m*N/N) / (50 mN/N – 5,39 m N/N)
 G= 96%

Problema 2

Um refrigerador que opere num ciclo de CARNOT deve transferir 500 Kcal/min de um reservatório
a 0 ºC a um outro reservatório a 27 ºC. Qual a potência mínima será necessária?

Altatemperatura

TH =27ºC
Solução:
Copref = QL / W = QL /(QH – QL) = 1 / (QH / QL) – 1
Para um motor térmico internamente reversível, tem-se,
QH / QL = TH / TL QH
Copref = 1 / (TH / TL) – 1 = 1 / (27 + 273 / 0+273) – 1 = 10,11
Copref = 10,11>1 MTR
Mas Copref = QL / QW =10,11
W = QL / 10,11 = (500 kCal / min)/10,11 = 49,46 kCal / min QL
Potência = (49,46kCal / min)*(60min / h)= 2967,6 kCal / h
Potência = (2967,6kCal / h)*(1 kW/ 860kCal / h)=3,45kW
R: Potência mínima = 3,45kW = 4,69cv = 4,62hp TL =0ºC

Baixa temp.

Problema 3

O Coeficiente de Performance (COP) de uma bomba de calor é 5. A potência fornecida é de 50 CV


(1 CV  632 Kcal/h).
(a) Calcule a transferência de calor ao fluído de trabalho e do fluído de trabalho.
(b) A transferência de calor do motor é usada para aquecer a água que escoa através do radiador do
prédio. Calcule a vazão em massa d’água quente. O aumento de temperatura d’água escoando
através da bomba de calor (via condensador) é de 50 ºC a 70 ºC.
Desprezar a diferença em energia cinética e potencial.
Dado: Cp H2O  1 Kcal/Kg ºC
Solução:
Alta temp. radiador ar a ser aquecido
50ºC QH 70ºC
TH

QH condensador TC

MTR V.E comp. wc

QL
Evaporador TE
TL
Baixa temp. QL
CopBC = QH / W = QH / (QH – QL)
Onde QH = transferência de calor do fluido de trabalho no condensador.
Dados: CopBC = 5W = 50cv =50 * 632 = 31600 kCal / h
a)5 = QH/W ou QH = 5*W = 5*31600 = -158000 kCal/h pois QH tem sinal negativo.
Da 1a lei p/ um ciclo termodinâmico, tem-se,
 Q =  W ou –QH+(+QL) = -W
QH – QL = W ou QL = QH –W
QL= 158000-31600 = 126400 kCal / h
Onde transferência de calor aofluido de trabalho (FR11) no evaporador.
b)A equação da energia (1a Lei) em termos de fluxo (potência), ao redor do radiador (que troca calor):
QVC(.) – WVC(.) = m(.){hS – he + [ (vs2 - Ve2) / 2 * gc J) ] + [ (g / gc ) * (Zs – Ze) ] }kCal / h
Mas WVC(.) = 0 ,  V2 / 2 gC * J = 0,  Z = 0
QVC(.) = m(.)H2O (hS - he) = m(.)H2O * CpH2O (tS - te)
Dados : tS = 700 C, te = 500 C, CpH2O = 1 kCal / kg 0 C
QVC(.) = QH(.) = (m(.)H2O * 1 kCal / kg 0 C) * (70 - 50) 0
158000kCal/h = m(.)H2O * 20 [kCal / h]
m(.)H2O = 15800 / 20 [(kCal / h) * (kg / kCal)]
m(.)H2O = 7900 kg / h = 7900(kg / h) * (h / 3600s) = 2,19 kg / s

Problema 4

Uma bomba de calor deve ser usada em Itajubá para aquecer as salas de aulas em
inverno e então invertida para resfriar as mesmas em verão.
A temperatura interna deve ser mantida tanto em inverno quanto em verão a 21 ºC. A temperatura
externa em inverno é de 5 ºC. A transferência de calor através das paredes e dos tetos é estimada a 180
Kcal/h por grau de diferença de temperatura entre o interior e o exterior. A potência mínima precisa
para acionar a máquina (bomba de calor/Refrigerador) é a mesma tanto em inverno quanto em verão.
Qual é a máxima temperatura externa esperada em verão?
Sala TH = 294ºk inverno TL = 278ºk
QH

condensador

V.E comp. WC

evaporador

QL sala TL = 294ºk
Verão TH = ?

Solução:
Em inverno o propósito será aquecimento pela bomba de calor (BC):
Temperatura externa, TL = 50 C + 273 = 278 K
Temperatura interna, TH = 210 C + 273 = 294 K
QH = (180kCal / h * K) * (TH - TL) K = 180 (294 -278) = 2880 kCal / h
Para qualquer máquina internamente reversível (ds = 0), tem-se,
CopBC = QH / (QH – QL) = 1 /  R = TH / (TH – TL) = 294 / (294 - 278) = 18,375 = QH / W
W = QH / CopBC = 2880 /18,375 =156,735 kCal / h = WC
Em verão o objetivo será resfriamento pelo refrigerador(REF):
Temperatura externa, TH = ?
Temperatura interna, TL = 210 C+ 273 = 294
W = 156,735 kCal/h [mesmo conforme dado]
QL = (180kCal / h * K) * (TH – TL) K = 180 * (TH – TL) kCal / h
CopREF= QL / W = 180 * (TH – TL) / 156,735
Mas CopREF = CopBC –1 = 18,375 – 1= 17,375
17,375 = 180(TH – 294)/156,735
TH = (17,375 * 156,735/180) + 294 = 309,13 K
R: A máxima temperatura externa esperada m verão, TH = 309,13 K = 36,13 0 C.
9a Lista de Exercícios

Questão 1

Qual temperatura (TH ou TL) é mais importante para aumentar a eficiência de um motor térmico de
CARNOT? Mostre-a matematicamente.

Questão 2

500 Kcal de calor são transferidos de um reservatório a 300 ºC a um motor que opere num ciclo de
CARNOT. O motor rejeita calor a um reservatório a 23 ºC. Determine a eficiência térmica desse ciclo e o
trabalho realizado pelo motor térmico.

Questão 3

Uma bomba de calor para aquecimento doméstico trabalha entre um sistema frio (o conteúdo do
gabinete de refrigerador) a 0 ºC e a água no sistema do radiador a 80 ºC. Qual é o consumo mínimo da
potência elétrica para fornecer uma produção de calor (na saída) de 90000 KJ/h?

Questão 4

Propõe-se aquecer uma casa usando uma bomba de calor. O calor transferido da casa é 12500
Kcal/h. A casa deve ser mantida a 24 ºC quando a temperatura externa é de –7 ºC. Qual é a menor potência
necessária para acionar o compressor?

Questão 5

Conforme a 1a lei, calcule os espaços vazios na tabela de ciclos de motores hipotéticos e conforme a
2a lei, determine cada ciclo seja reversível, irreversível ou impossível. Em todos os casos a temperatura da
fonte é 527 ºC e a temperatura da sorvedouro é de 27 ºC.

Ciclo Adição de calor Rejeição de calor Trabalho produzido Eficiência


Kcal/h Kcal/h CV %
(1CV=632Kcal/h)
a 250000 ------ 300 ------
b 250000 170000 ------- ------
c 250000 ------ ------- 62,5

Questão 6

Quais são os processos básicos do ciclo de CARNOT?

Questão 7

Escreva os enunciados de KELVIN-PLANCK e de CLAUSIUS.


KELVIN-PLANCK:
Questão 8

Faça os esboços de uma máquina térmica que produz potência e de uma máquina térmica que
produz frio ou calor.

Princípio do aumento da Entropia

Sistema sofre uma mudança de estado (processo)

Sistema W
Temperatura = T

Q

vizinhança
Temperatura = T0

Figura 1 – Variação de entropia para o sistema e vizinhança.

Consideremos o processo mostrado na Figura 1, no qual uma quantidade de calor  Q é


transferida da vizinhança à temperatura T 0 para o sistema à temperatura T e seja  W o trabalho
realizado pelo sistema durante este processo.

A equação geral: dSsist.   Q (1)

T
Para a vizinhança  Q é negativo: dSviz.  -  Q (2)
T0

A variação total da entropia é, portanto,


dSsist. + dSviz.   Q -  Q   Q 1 - 1
T T0 T T0

menor maior

T0 > T  1 - 1 > 0 ou seja positivo


T T0

 dSsist. + dSviz.  0 (3)

A igualdade vale para processos reversíveis e a desigualdade para processos irreversíveis.


Esta equação significa que só podem ocorrer processos em que a entropia do sistema mais
vizinhança cresce (ou, no limite, permanece constante). O processo inverso, no qual tanto o sistema como
a vizinhança são trazidos de volta aos respectivos estados iniciais não pode ocorrer.
Em outras palavras a equação (3) nos dá a única direção em que um processo pode ocorrer e se
aplica à queima do combustível nos motores de nossos automóveis, ao esfriamento de nosso café e aos
processos que tem lugar em nosso corpo.
As vezes esse princípio é enunciado em termos de um sistema isolado, no qual não há interação
entre o sistema e sua vizinhança. Nesse caso não há variação de entropia da vizinhança.
0
 dSsist. isolado + dSviz.  0

ou seja, dSsist. isolado  0


ou dSadiabático  0 (4)

Isto é, um sistema isolado (adiabático) os únicos processos que podem ocorrer são aqueles que
têm associado um aumento de entropia. Isto é, ( s(universo) =   ssub.sistemas)  0 (5)

Aplicação

Problema 1

Suponhamos que 1 kg de vapor d’água saturado a 100 ºC seja condensado para líquido saturado a
100 ºC, num processo à pressão constante, através da transferência de calor para o ar da vizinhança que está
a 27 ºC. Qual é o aumento líquido de entropia do sistema e vizinhança?
Solução:

 & = &f - &i


Para o sistema, das tabelas de vapor (tabela de temperatura A1(a)/A1.1(a) vapor de água saturado /pág
476
 &SIST = &l - &v = -&lv = 0,3121 – 1.7561 = -1,444 kCal/kg
mas  q = dh –vdp(pressão cte)
q para viz = hlv=538,9kCal/kg
 &VIZ = q/T0 = 538,9(kCal / kg) / (27 + 273)K = 1,796kCal / kg*K
 &SIST +  &VIZ = -1,444 + 1,796 = 0,352kCal / kg * K
R: Verifica-se  &SIST +  &VIZ >= 0
Problema Proposto

Um reservatório de calor a 1000 ºC transfere 1000 kcal para um outro reservatório de calor a 500 ºC.
Calcule a variação de entropia do universo resultando deste processo de troca de calor.
Capítulo 8 Transferência de Calor

8.1 Estudo das várias formas de transferência de calor

Transferência de calor é um fenômeno de transferência de energia.


Existem três tipos de transferência de calor: Condução, Convecção e Radiação.

8.1.1 Condução

A condução é processo pelo qual o calor flui de uma região de temperatura mais
alta para outra região de temperatura mais baixa, dentro de um meio (sólido, líquido,
gasoso) ou entre meios diferentes em contato físico direto.
A condução ocorre devido ao aumento de energia cinética causado por uma
excitação térmica qualquer.
O Calor é transferido pelos elétrons movendo-se através da estrutura molecular do
material, na forma de energia vibracional.
Quando existe o gradiente de temperatura dentro de um corpo sólido haverá
transferência de calor por condução.

8.1.2 A Lei de Fourier

A relação básica para a transferência de calor foi dada por Fourier:

Lado quente Parede Lado frio

Direção da
transferência de calor

Temperatura do
Temperatura do corpo frio
corpo quente
Temperatura

X=0 X=X Distância

A relação básica para a transferência de calor por condução foi dada por Fourier:

dT
qK  K  A  (8.1.1)
dx
Onde qk = Calor transferido por condução por unidade de tempo (kcal / h ou W),
K = A condutividade térmica do material (ou condutibilidade) (kcal / h.m.ºC ou W / m.ºC),
A = A área da seção através da qual o calor flui por condução, medida
perpendicularmente à direção do fluxo (m²),
dT
= O gradiente de temperatura na seção, isto é, a razão de variação da temperatura T
dx
com a distância, na direção do fluxo de calor x (ºC / m).

8.1.3 Tabela 1.1 Ordem de grandeza da condutibilidade térmica, K.

Material Kcal / h.m.ºC W / m.ºK


Gases à Pressão Atmosférica 0,006 – 0,15 0,0069 – 0,17
Materiais Isolantes 0,03 – 0,18 0,034 – 0,21
Líquidos não Metálicos 0,07 – 0,60 0,086 – 0,69
Sólidos não Metálicos(tijolo, pedra, 0,03 – 2,20 0,034 – 2,6
cimento)
Metais Líquidos 7,5 – 65,0 8,6 – 76,0
Ligas 12,0 – 100,0 14,0 – 120,0
Metais Puros 45,0 – 360,0 52,0 - 410,0

Nota: 1.W / m.ºK = 0,86.kcal / h.m.ºC


qK
= fluxo de calor (kcal / h.m² ou W / m²).
A

8.1.4 Problema Resolvido

qK
Determine o fluxo de calor ( ) e a taxa de transferência de calor (qk) ao longo de
A
uma placa de ferro com A = 0,5m² e espessura L = 0,02m [K = 70W/mºC], quando uma
das suas superfícies é mantida a T1 = 60ºC e a outra a T2 = 20ºC.

Solução:
T1=60
C

T(x) T2=20C

L x

Fig 1 Condução de calor através da placa

dT
Neste problema o gradiente de temperatura ( ) é constante, portanto, a
dx
distribuição de temperatura T(x) através da placa é linear, como foi mostrada na figura.

qK dT ( x)  T  T1    70   20  60
  K   K  2
A dx L 0,02
q
ou seja, K  140kW / m 2 (Resp.)
A

A transferência de calor é na direção positiva desde que o resultado seja positivo.


A taxa de transferência de calor através da área A = 0,5m² é :

q K  A  140kW / m 2  0,5m 2  140kW / m 2


 q K  70kW (Resp.)

8.2 Convecção

A transferência de calor por convecção ocorre entre uma superfície sólida e um


fluido que tem contato com a superfície aquecida ou resfriada.
Convecção é a transferência de calor sensível pelo movimento do fluido em
contato com a superfície sólida.

8.2.1 A Lei de Resfriamento de Newton

O calor transmitido por unidade de tempo por convecção entre uma superfície e
um fluido pode ser calculado pela relação .

qC  hC  A  T (8.2.1)

Onde qc = calor transferido por unidade de tempo por convecção (kcal/h ou W)


hC = coeficiente médio de transmissão de calor por convecção(kcal/h.m²ºC ou W/h.m²ºC)
A = área de transmissão de calor (m²)
ΔT = diferença de temperatura entre a superfície e o fluido em um local especificado
(geralmente bastante afastado da superfície) (ºC), ΔT = T s – Tf

Escoamento
Corrente livre
Tf
vf

v
Fluido q

Ts
Parede (superfície
sólida)

Fig. Transferência de calor por convecção de uma placa

8.2.2 Tabela 1.2 Ordem de grandeza dos coeficientes de transmissão de calor por convecção, hC .

Kcal / h.m.ºC W / m.ºK


Ar, convecção natural 5 – 25 6 – 30
Vapor ou ar superaquecido, convecção 25 – 250 30 – 300
forçada
Óleo, convecção forçada 50 – 1500 60 – 1800
Água, convecção forçada 250 – 10000 300 – 6000
Água, em ebulição 2500 – 50000 3000 – 60000
Vapor, em condensação 5000 - 100000 6000 - 120000

8.2.3 Problema Resolvido

Uma corrente elétrica passa através de um fio cujo diâmetro e comprimento são
1mm e 10cm, respectivamente. O fio está imerso em água à pressão atmosférica, e a
corrente é aumentada até que a água ferva. Para esta situação ђ c = 5000 W/m².ºC. e a
temperatura da água é 100ºC. Qual potência elétrica deve ser fornecida para manter a
superfície do fio à 114ºC?

Solução:

A perda de calor por convecção é dada pela Lei de Newton:


q C  hC  A  Ts  T f 
A área de superfície do fio é A    D  L    1  10 3   10  10 2   3,142  10 4 m 2
A transferência de calor é, portanto:

 W  4 2
 
qC  5000 2   ,314210 m  114 100C  21,99W (Resp.)

 m C 
e a esta quantidade é igual a potência elétrica que deve ser fornecida. (Resp.)

8.3 Radiação

A transferência de calor por radiação de uma superfície ocorre pelas ondas


eletromagnéticas.
Quando o calor se transmite de uma região à outra, sem que o meio intermediário
se aqueça, ocorre a radiação.
É um processo pelo qual o calor é transmitido de um corpo à alta temperatura para
outro de menor temperatura, quando tais corpos estão separados no espaço, mesmo que
exista vácuo entre eles.
Esta é a forma de transmissão de calor pela qual o Sol aquece a terra, e o calor,
uma vez absorvido pelo nosso planeta, pode ser depois transmitido, seja por condução,
convecção ou radiação.

8.3.1 A Lei de Stefan-Boltzmann

A quantidade de energia que deixa a superfície como calor radiante depende da


temperatura absoluta e da natureza da superfície. Um irradiador perfeito ou corpo negro,
emite energia radiante de sua superfície à razão q r, dada por :

q r    A1  T14  kcal / h ou W  (8.3.1)

Onde: A1 = Área da superfície (m²)


T1 = Temperatura da superfície(ºK)
 = Constante de Stefan-Boltzmann = 4,88.10-8[kcal/h.m².k4] ou 5,669.10-8W/m².k4

Nota: p/ corpo negro α = 1, na equação geral α + ρ + τ = 1 sendo α = absorvidade,


ρ=refletividade e τ = transmissividade.

8.3.2 Corpos Cinzentos


Os corpos reais não preenchem as especificações de um irradiador ideal (corpo
negro), mas emitem radiação a uma razão menor do que os corpos negros. Se eles
emitem, a uma temperatura igual à do corpo negro, uma fração constante da emissão do
corpo negro a cada comprimento de onda, eles são chamados de corpos cinzentos.
O calor radiante líquido transmitido por unidade de tempo à temperatura T 1 para
um corpo negro envolvente a T2 é:

q r    A1   1  T14  T24  (8.3.2)

Onde ε1 é a emissividade da superfície cinzenta. É uma propriedade adimensional e é


igual à razão da emissão da superfície cinzenta para a emissão de irradiador perfeito à
mesma temperatura.
A equação vale para troca de calor por radiação entre o corpo cinzento e corpo
negro.

Vizinhança
A2 a T2

q2 = .T 2^4 q1 =   T1^4

A1,1, T 1

Fig. 2 Troca de calor por radiação entre a superfície A 1 e a sua vizinhança.

8.3.3 Troca de Calor por radiação entre dois corpos negros.


q r    A1  T14  T24  (8.3.3)

As equações (8.3.1) (8.3.3) são conhecidas como a Lei de Stefan-Boltzmann.

8.3.4 Problema Resolvido

Um tubo quente de diâmetro D = 0,2m tem isolamento em uma das suas


superfícies. A outra superfície é mantida a T1 = 550ºK. A superfície quente tem uma
emissividade ε1 = 0,9 e é exposta a vizinhança que tem temperatura T 2 = 300ºK. O ar
atmosférico é o meio para troca de calor por radiação do tubo quente ao meio ambiente.

Solução:

Pode-se utilizar a equação (8.3.2)


W  
   
 
q r    A1   1 T14  T24   5,67  10 8 2 4      0,2 m 2   0,9  550 4  300 4  K 
m K   4
2

 

  2
 
 5,67  10 8     0,2   0,9  550 4  300 4
4
 
 q r  133,77W (Resp.)

8.3.5 Analogia entre o fluxo de calor e fluxo elétrico

V
A Lei de Ohm afirma que I  (8.3.5)
R
Onde I = a intensidade de corrente elétrica (Ampères), V = a diferença de potencial
(Volts), R = a resistência elétrica(Ohms, ).
A equação de Fourier (8.1.1) pode ser escrita como:

KA KA
qK    T1  T2     TH  TC 
x x

TH = temperatura alta, TC = baixa temperatura.

T1  T2
qK 
ou seja, x (8.3.6)
KA

A equação (8.3.6) estabelece o fluxo de calor numa parede plana.


x
O termo  Rt = a resistência térmica de uma parede plana (para condução)
KA
(h.ºC/kcal ou ºK/W ou ºC/W)
É também denotada Ohm térmico, ou seja, Ωth.

Comparando as equações (8.3.5) e (8.3.6) pode-se dizer:

1) A corrente elétrica é análoga a transferência de calor por condução.


2) A voltagem elétrica (diferença de potencial) é análoga a diferença de temperatura.
3) A resistência elétrica (Ω) é análoga a resistência térmica.

Semelhantemente a resistência térmica (para convecção) é


1
Rt   K / W  (8.3.6.a)
hC  A

8.3.6 Paredes compostas

Em muitos casos, principalmente em equipamentos industriais, tais como fornos,


estufas, frigoríficos, regeneradores, ou em problemas de isolamento térmico, há a
necessidade de se empregar paredes que se constituem por justaposição de camadas de
materiais diferentes. Isto é chamado de parede composta.

qk qk

K1 K2 K3

x1 x2 x3

Fig. 1 Parede composta.

R1 R2 R3

Fig. 2 Uma parede composta por camadas em série.

A resistência térmica total será:

Rt = R1 + R2 + R3

x1 x2 x x
ou seja, Rt    3  (8.3.7)
K1  A K 2  A K 3  A K  A

8.3.7 Problema Resolvido

Uma parede é constituída de 3 camadas justapostas, uma camada de tijolo


refratário (K = 1,3842W/mºC), uma intermediária de tijolo isolante (K = 0,17303W/mºC), e
uma camada de tijolo comum (K = 1,7303W/mºC). Se a face externa de material refratário
está a 1148,89ºC e a face externa de tijolo comum está a 37,78ºC, pergunta-se : Qual a
transferência de calor por unidade de tempo que atravessa a parede composta, sabendo-
se que as espessuras das camadas são:

x1 = 0,6096m (tijolo refratário), x2 = 0,9144m (tijolo isolante), x3 = 0,3048 (tijolo comum),


enquanto que a altura e a largura da referida parede são respectivamente 3,048m e
1,524m.
Solução:

x1 x x
Rt  R1  R2  R3   2  3
K1  A K 2  A K 3  A

A = 3,048m.1,524m  4,645m²

0,6096m 0,9144 0,3048


 Rt   
W 0,17303  4,645 1,7303  4,645
1,3842  4,645m 2
mC

C
 Rt  1,27
W

 qK 
T1  T2

1148,89  37,78 C
Rt 1,27C / W

ou seja, q K  874,89W (Resp.)

10ª Lista de Exercícios

Questão 1
Ar a 20ºC escoa sobre uma placa de 50 por 75cm e é mantida a 250ºC. O
coeficiente de transferência de calor por convecção e 25 W/m².ºC. Calcule a transferência
de calor.
Resp.: qC  2,156kW

Questão 2

Uma placa eletricamente aquecida, dissipa calor por convecção a um fluxo de calor
de 8000W/m² ao ar ambiente à temperatura de 25ºC. Se a superfície da placa quente
estiver a 125ºC, calcule o coeficiente de transferência de calor por convecção entre a
placa e o ar.
Resp.: hC  80W / m C
2

Questão 3

As superfícies internas das paredes de um grande edifício são mantidas a 20ºC,


enquanto a temperatura da superfície externa é –20ºC. As paredes medem 25cm de
espessura e foram construídas de tijolos com condutividade térmica de 0,6 kcal / h.m.ºC.
Calcular a perda de calor para cada metro quadrado de superfície de parede por hora.
Resp.: 95,4kcal ou 110,66W serão perdidas do edifício por hora através de cada metro
quadrado de superfície de parede.

Questão 4

Uma face de uma placa de cobre de 30cm de espessura é mantida a 400ºC, e a


outra face é mantida a 100ºC. Calcule o fluxo de transferência de calor através da placa.
Dado : Kcobre = 370 W/mºC.
Resp.: Fluxo de calor  3,7MW/m2

Questão 5

O fluxo de calor através de uma tábua de madeira de 2cm de espessura é 150


W/m²
Para uma diferença de temperatura de 25ºC entre as duas superfícies, calcule a condutibilidade térmica da madeira.
Resp.: Kmadeira  0,12W/(mºC)

Questão 6

Explique a transferência de calor por condução, convecção e radiação.


Efeito de radiação em medição de temperatura

Escoamento de Ts
Tt
gás
hC T
Fig. 1. O elemento termômetro em um escoamento de gás

Balanço de Energia
Perda de calor por convecção do fluido (as do termômetro) = Perda de calor por
radiação à vizinhança (para as paredes sólidas)

Nota: A trasferência de calor por conduçao através do elementp sendo muito pequena é
desprezada


h C A t  T - Tt   A t  Tt  Ts
4 4

onde: hC = coeficiente de transferência de calor por convecção.
At = área de superfície do elemento termômetro ou termopar.
T = temperatura verdadeira do fluido.
Tt = temperatura indicada pelo termômetro.
8 Kcal
 = cte. De Stefan-Boltzman = 5,6697  10-8 W/m2K4 = 4,88  10
h m2 K4
 = Emissividade do elemento (termopar ou termômetro)
Ts = temperatura da vizinhança (temperatura das paredes do sólido)
Exemplo: Um par termoelétrico, soldado de topo, tendo uma emissividade de 0,8 , é
usado para medir a temperatura de um gás transparente escoando num grande duto,
cujas paredes estão a 227ºC.
A temperatura indicada pelo par é 504ºC. Sendo o coeficiente de transmissão de calor
entre a superfície do par e o gás 122 Kcal/h m 2 ºC estimar a temperatura verdadeira do
gás.

Igualando a lei de Stefan-Boltzman e a lei de Resfriamento de Newton

Podemos escrever o balanço térmico assim:


q  h C A t  Tg - Tt    A t  Tt - Tp
4 4

onde Tg = a temperatura verdadeira do gás

substituindo os dados do problema, tem-se:


q
At
     
   Tt - Tp  4,88  10 8 . 0,8  504  273   227  273 
4 4 4 4

q Kcal
 11790
At h m2

A temperatura verdadeira do gás é

q  11790 
Tg   Tt    504 º C
hC At  122 

Tg  600 ºC

Nota: O erro do termopar é 96º C. (Resp.)


CAPÍTULO 9

ANÁLISE DIMESIONAL E SEMELHANÇA DINÂMICA

Dimesões e Unidades
As dimensões fundamentais são massa, comprimento, , tempo e as vezes força. Estas são
relacionadas pela segunda lei de Newton
Força = massa  aceleração

ou F = m . a

na forma dimesional é

V LT
F  MLT 2 a    LT  2
t T

F é a dimesão de força, M a massa, L a de comprimento e T a de tempo.

Tabela 1 Dimensões das grandezas físicas usadas em mecânica dos fluidos

Grandeza Símbolo Sistema (FLT) Dimensões (MLT)

Massa, Kg m FL1T 2 M

Comprimento, m l L L

Tempo, s t T T

Força ou Peso, Kgf F ou W F MLT 2

Velocidade, m/s V LT 1 LT 1

Aceleração, m/s2 a ou g LT 2 LT 2

Área, m2 A L2 L2

Vazão volumétrica, m3/s Q L3T 1 L3T 1

Pressão ou queda de
Pressão, Kgf/m2 P ou P FL2 ML1T 2

Massa específica, Kg/m3  FL4T 2 ML3

Peso específico, N/m3  FL3 ML2T 2


Viscosidade dinâmica,  FL2T ML1T 1
Ns/m2
Viscosidade cinematica, v L2T 1 L2T 1
m2/s
Tensão de cisalhamento,  FL2 ML1T 2
N/m2

Tensão superficial, N/m  FL1 MT 2

Módulo de elasticidade kv FL2 ML1T 2


Volumétrica, N/m2

Velocidade do som, m/s C LT 1 LT 1

Temperatura absoluta, k  ou t  ou t

Vazão em massa, Kg/s m FL1T MT 1

Trabalho, Nm W FL ML2T 2

Torque, Kgfm T FL ML2T 2

Análise dos Parâmetros adimensionais

1. Número de Reynolds (Re)

É a relação entre a força de inércia e a força de viscosidade (atrito)

Definição: Re  
 VD 
  

VL VL V L2


 V2 L
    
 V L2 
 V L2  


 ML  L T  L 
3 2 2
MLT 2

MLT 2

M.a F
 i
V V .L2
.A Fv
 L1  L1L3
L L

Fi
 RE 
Fv

2. Número de Freude (Fr)

É a relação entre a força de inércia (Fi) e a força de gravidade (Fg)

Fi M.a L3 . L T 2 L4  V 2 L2  L2 V 2 V2


    
Fg M.g L3 .g L3 .g L3 .g Lg
V2 F
ou  Fr  i
Dg Fg

3. Número de Weber (We)

É a relação ente a força de inérecia (Fi) e a força de tensão superficial (FTS)

Fi M.a L3 . L T 2 L4  V 2 L2  L2 V 2 LV 2


    
FTS .L .L .L .L 

LV 2 F V 2
 We 

 i
F

 L

Força MLT 2
NOTA:  = Tensão superficial    MT  2
comprimento L

4. Número de Euler (Eu)

É a relação entre a força de pressão (Fp) e a força de inércia (Fi)

Fp P.A PL2 PL2 PL2 P


  3   
Fi M.a L . L T 2
L  V L  L V
4 2 2 2 2
V 2

P F
 Eu 
V 2
 p
Fi

5. Número de Mach (Ma)

É a relação entre a força de inércia (Fi) e a força de elasticidade (Fel)

Fi

M.a

L3 . L T L4 V 2 L2




L2 V 2 V 2

Fel K v .A K v .L2 K v .L2 K v .L2 Kv

onde kv = módulo de Bulk ou módulo de elasticidade volumétrica

V 2 V2 V
A raiz quadrada desta relação,   e conhecida como o número de Mach.
Kv Kv  Kv 

A velocidade do som num líquido ou gás é dado por,

C Kv   KRT
Então, o número de Mach,

V V F
Ma    i
K v  C Fel

Semelhança – Estudos em modelos

Modelos reas ou verdadeiros possuem todas as características importantes do protótipo, reduzidas à


escala (geométricamente semelhante) e satisfazer as restrições do projeto (semelhança cinemática e
dinâmica)

Semelhança geométrica

As relações podem ser escritas:

L mod elo Lm
 L razão ou  Lr (1)
L protótipo Lp

A mod elo L2 mod elo


Ar   2  L2 razão  L2 r (2)
A protótipo L protótipo

Semelhança cinemática

Algumas relações úteis são:

Vm L m Tm L m Tm L r
Velocidade: Vr      (3)
Vp L p Tp L p Tp Tr

a m Lm T 2 m Lm T 2 m Lr
Aceleração: ar      (4)
a p Lp T 2 p Lp T 2 p T 2r

Q m L3m Tm L3m Tm L3r


Vazão: Qr      (5)
Qp L3p Tp L3p Tp Tr

Semelhança dinâmica

A semelhança dinâmica existe entre sistemas geométrica e cinemáticamente semelhantes, se as


relações entre todas as forças homólogas no modelo e protótipo forem as mesmas.
As condições necessárias para uma completa semelhança foram desenvolvidas a partir da 2º lei de
Newton,

F x  M .a x Desenvolve-se a seguinte relação entre as forças atuantes no modelo e no protótipo:


 Forças (vis cos idade  gravidade  Pr essão  tensão sup erficial  elasticida de) m

 Forças (vis cos idade  gravidade  Pr essão  tensão sup erficial  elasticida de) p

M m .a m

M p .a p

A relação de forças de inércia é expressa pela seguinte fórmula:

força modelo M m .a m  M m L m .L m  a m
3 3
Fm
 Fr    
Fp força protótipo M p .a p  M p L p  3L p 3  a p

 m L m 3  L r
  a equação (4), semelhança cinemática
  L 3  T2
 p p  r
2
L 2 L 
 r L r .L r  r2  r L r  r 
2
a equação (3)
Tr  Tr 

 2 2
Fr  r L r Vr  r A r Vr
2
(6) A lei geral de semelhança dinâmica

a equação (2), semelhança geométrica

Esta equação expressa a lei geral de semelhança dinâmica entre modelo e protótipo e é conhecida como a
equação de Newton

Para haver semelhança dinâmica completa, os números de REYNOLDS, MACH, FROUDE, WEBER e
EULER devem assumir os mesmos valores tanto no modelo como no protótipo.

Problemas Resolvidos

Problema 1

Desenvolver a lei de Reynolds para modelos e protótipos com fluidos incompressíveis e reais

Solução

Para um escoamento governado pelas forças de inércia e viscosidade (outros efeitos são
desprezados), devem ser determinadas estas forças para modelo e protótipo.
Fm 3 L
Para inercia:  r L r  r2 (1) a lei geral
Fp Tr

L 1  2
 m  m  .L m
Fm m A m  m  dV dy  m .A m  Tm L m   r L2 r
Para viscosidade:     (2)
Fp p A p  p  dV dy  p .A p  Lp 1  2  r L2 r
p  .L p
T L 
 p p 

Igualando-se as duas relações de forças (pois todas as razões das forças são iguais entre modelo e
protótipo), tem-se:

A eq. (1) = eq. (2)

L r  r L2 r r L2 r
  r L3r  2  ou Tr  (3)
T r Tr r

 
Mas   r  r
 r

Substituindo na equação (3) tem-se

L2 r L r r
Tr  (4) ou 
r Tr L r

Mas a relação de velocidades:

L r r
Vr   (5)
Tr L r

Vm m p  Lp
   m
Vp Lm Lp p L m

Vm L m Vp L p
ou  ou seja Re m  Re p c.q.d.
m p

Problema 2

Água escoa a 32º F através de um tubo liso horizontal de 3 polegadas de diâmetro com uma
velocidade média de 10 pés/s. A queda de pressão em 30 pés deste tubo é 2,0 lbf/po 2.
A que velocidade deve escoar Benzina (68 º F) em um tubo (geometricamente similar) de 1 pol. de
diâmetro para que o escoamento seja dinâmicamente similar e qual será a queda de pressão em 10 pés deste
tubo de 1 pol. de diâmetro.
Dados:
H20 a 32 º F = 3,746×10-5 lgf.s/pé2;
H20 a 32 º F = 1,939 slug / pé3 ;

Benzina a 68 º F = 1,37×10-5 lbf.s/pé2 ;


Densidade de Benzina a 68 º F = 0,88

Solução: Sabemos que em um escoamento interno as forças de inércia, de pressão e de viscosidade


são mais importantes. Portanto, para o modelo e o protótipo:

Rem = Rep
Vm  Vagua  10 pés/s,
 VD   VD 
ou        D m  3/12 pé ,  m   H20 a 32 º F (dado)
 m  p
 m   H20 a 32 º F (dado)
1
3 1 V  VBenzina  ? , D p  pé ,
10   1,939 Vp   1,939  0,88 p 12
 12  12
 p   Benzina a 68 º F (dado)
3,746  10 5 1,37  10 5

A velocidade da benzina,
ou seja Vp  12,468 pés/s  Resp.
VBenzina  12,468 pés/s

 Fp 
Da igualdade do Número de EULER   teremos,
 Fi 
 P   P 
   EU m  EU p  
2 

2 
 V  m  V  p

2 Pp
ou 
1,939  10 2 1,939  0,88  12,468 2

 Pp  2,74 lbf/pol2 Resp.

Problema 3

Um modelo 1:10 de um avião é testado num túnel aerodinâmico (túnel de vento) que tem a pressão
de 20 atm.
O avião vai voar a velocidade de 500 Km/h. A que velocidade o túnel de vento (modelo) deve ser
operado para dar a similitude dinâmica entre modelo e protótipo. Arrasto (força de arrasto) medido sobre o
modelo é 337,5 N. Qual a potência será necessária a propulsar o avião à velocidade de 500 Km/h ?

Solução: Sabemos que FA  V 2l 2f  Re 

Mas Re m  Re p (1) Semelhança dinâmica


 F   F 
  A2 2    A2 2  (2)
 V l  m  V l  p

 m Vm l m  p Vp l p
De (1) 
m p

p  m lp
 Vm     Vp (3)
m  p l m

 dV 
A viscosidade diâmica      de um fluido é apenas uma função de temperatura. Além disso se
 dy 
considerarmos a condição isotérmica, então  p  m  1 ou seja  m   p
Da equação de estado, P  RT (T  cte. considerado)

ou P   . CTE.  pois RT  CTE.


ou P   a pressão diminui com a redução da massa específica.
Dado, Pm = 20 atm. É claro que Pp = 1 atm. Pode-se escrever, então, Pm = 20 . Pp

 Devido à compressibilidade do ar,  m  20 .  p

Substituindo esses valores em (3), tem-se,

p lm 1
Vm   1  10  Vp  o modelo 1 : 10, ou seja, 
20m lp 10

1
ou Vm   500 Km/h  Vm  250 Km/s Resp.
2

 FA   F 
Da equação (2),     A2 2 
2 2 
 V l  m  V l  p

337,5 N  FA  p
ou 
20p   250   lp 10 p   500  l2 p
2 2 2

  FA  p  6750 N

Energia m 
A potência, P   Velocidade  Força  . N  W 
tempo s 

m h Nm
ou P  500  10  6750 N  937500  937500 W
3
.
h 3600 s s
 A potência necessária será, P  937,5 KW Resp.

Problema 4

Um navio cujo comprimento de casco é de 138 m deve navegar a 7,5 m/s (a) Determinar o número
de FROUDE. (b) Para que haja semelhança dinâmica qual será a velocidade de um modelo 1:30, arrastado
através d’água ?
Dado: g = 9,81 m/s2

Solução

 V2 
(a ) Frp    
 7,5 2  0,042
 Lg  p 138  9,81

 Frp  0,042 Resp.

(b) Quando dois escoamentos com contornos geometricamente semelhantes, são influenciados
pelas forças de inércia e da gravidade, o número de FREUDE é a relação marcante no estudo de modelos.
Portanto, Frp = Frm


V2  
V2 
ou  gL    gL 
 p  m

Uma vez que gm = gp, practicamente em todos os casos, pode-se escrever,

V2p V2m L 1 L 1
  7,5  m 
2
 ou V 2 m  m . V 2 p 
Lp Lm Lp 30 L p 30

 Vm  1,36 m/s Resp.

Problemas Propostos

Problema 1
Ar a 20 º C (68 º F) escoa através de um tubo de 610 mm (24”) a uma velocidade média de 1,8 m/s
(6 pés/s). Para que haja semelhança dinâmica, qual é o diâmetro de tubo que carrega água a 16º C (60 º F) e
1,1 m/s (3,65 pés/s) poderia ser usado ?
Dados: AR(20ºC) = 16×10-5 pés2/s , AR(16ºC) = 1,217×10-5 pés2/s

Resposta: d  0,076 m (3”)


Problema 2
Um modelo de 1:15 de um sbmarino deve ser testado em um tanque de provas contendo água
salgada. Se o submarino se move a 12 mph (milhas por hora), a que velocidade deverá o modelo ser testado
para haver semelhança dinâmica ?

Resposta: V = 180 mph

Problema 3
Água a 16 º C escoa a 3,6 m/s (12 pés/s) em um tubo de 152 mm (6”). A que velocidade deverá
escoar um óleo médio a 32 º C en um tuvo de 76 mm (3”) para que os escoamentos sejam dinâmicamente
semelhantes ?
Dados: AR(16ºC) = 1,217×10-5 pés2/s,
óleo(32ºC) = 3,9×10-5 pés2/s

Resposta: V = 63 pés/s = 19,0 m/s

Problema 4
Uma bomba centrífuga bombeia um óleo lubricante médio a 16 º C e a 1200 rpm. Um modelo de
bomba; usando ar a 20 º C deve ser testado. Se o diâmetro do modelo é 3 vezes maior que o diâmetro do
protótipo, a que velocidade deverá o modelo operar ?
Dados: óleo(16ºC) = 188×10-5 pés2/s,
AR(20ºC) = 16,0×10-5 pés2/s, 1 pé/s = 0,093 m2/s

Velocidade periférica = o raio × a velocidade angular em rad/s

Resposta: m  11,3 rpm

Problema 5
Uma asa de avião de 0,9m de corda deverá deslocar-se a 145 Km/h no ar. Um modelo de 76 mm
de corda deve ser testado em um túnel de vento com a velocidade do ar a 173,5 Km/h. Para a temperatura de
20 º C em cada caso, qual deverá ser a pressão no túnel aerodinâmico (de vento) ?
Dado: AR(20ºC) = 16×10-5 pés2/s, pé/s = 0,093 m2/s

Resposta: Ptúnel = 10 atm

Problema 6
Um modelo 1:80 de um avião é testado a 20 º C no ar, o qual tem a velocidade de 45 m/s.
(a) A que velocidade seria o modelo impelido quando completamente submerso em água a 27 º C ?
(b) Qual seria a força resistente de um protótipo no ar, cujo modelo na água representa uma
resistência de 0,57 Kgf ?
Dados: AR(20ºC) = 16×10-5 pés2/s, H2O(27ºC) = 0,93×10-5 pés2/s

Resposta: (a) V  2,62 m/s na água


(b) Fp  200 gf
Problema 7
Um modelo de um torpedo é testado em um tanque de provas a uma velocidade de 24 m/s. Espera-
se que o protótipo atinja a velocidade de 6m/s em água a 16 º C.
(a) Quál a escala a ser utilizada para o modelo ?
(b) Quál deverá ser a velocidade do modelo se for testado em um túnel aerodinâmico (túnel de vento) à
pressão de 20 atm é temperatura constante de 27 º C ?
Dados: H20(16ºC) = 1,217×10-5 pés2/s, AR(27ºC) = 3,85×4,88×10-7 Kgf.s/m2
RAR = 29,3 Kgf.m/Kg.K , 1 atm  1Kgf/cm2 = 104 Kgf/m2

Resposta: Vm  17,1 m/s A escala do modelo é 1:14

Problema 8
É admitido que o Arrasto (a força de arrasto) de um barco em água depende somente do número de
Rynolds e do número de Froude de maneira que

FA  VD V 2 
CA   f  , 
1   gD 
V A
2

É necessário que o modelo 1:10 do barco protótipo seja testado em água e os resultados sejam
utilizados a fim de prever o desempenho do barco protótipo. Será que é possível ?

Resposta:a semelhança dinâmica entre o modelo e protótipo não será possível

Problema 9
Em escoamentos de superfície livre, a semelhança dinâmica completa depende das forças de atrito
e de gravidade. Mostre que:

L r   r 
23

Problema 10
A equação adimensional de Newton (força de inércia) é Fr   r L2 r V 2 r . Esta equação vale para
haver a semelhança dinâmica entre modelos e protótipos. A semelhança dinâmica é determinada pela
igualdade dos números de Reynolds.

Fr Fr 2r
Mostre que: Pr   
A r L2 r r L2 r
O teorema  de Buckinghum
Sob aspecto matemático: Se existirem n grandezas físicas q (tais como velocidade, massa específica,
viscosidade, pressão, área, etc.) e k unidades fundamentais (tais como força ou massa, comprimento, tempo),
podemos escrever:

f  q1 , q 2 , q 3 ,.........., q n   0 (1)

Esta equação pode ser substituída pela equação

  1 , 2 , 3 ,.........., n - k   0 (2)

onde qualquer termo  depende não mais do que (k-1) grandezas físicas q, e cada um dos termos  é
independente, adimesional e função monômia das grandezas q.

Relações úteis

1) Se uma grandeza é adimensional, ela já é um termo  sem seguir o processo matemático.


2) Se duas grandezas físicas quaisquer tiverem as mesmas dimensões, sua relação será um dos termos
. Por exemplo: L/L é adimesional e é um termo 
3) Qualquer termo  pode ser substituído por qualquer potência deste termo, incluindo -1. Por
exemplo: 3 pode ser substituído por -23 ou 2 por 1/2
4) Qualquer termo  pode ser multiplicado por uma constante numérica. Por exemplo, 1 pode ser
substituído por 31
5) Qualquer termo  pode ser expresso como uma função de outros termos . Por exemplo, se
existirem 2 termos , 1 =  (2)

PROBLEMAS RESOLVIDOS

Ex1. Um certo escoamento depende da velocidade V, da massa específica , das várias dimensões lineares l,
l1, l2, da queda de pressão P, da aceleração da gravidade g, da viscosidade , da tensão superficial , e do
módulo de elasticidade volumétrica kv. Aplicar a análise dimesional para determinar uma equação de
escoamento.

Solução: Matemáticamente, f  V, , l, l1 , l 2 , P, g, , , k v   0 (1)  n  10


1
Dimensões: V  LT ,   ML , l  L, l1  L, l 2  L, P  ML T , g  LT -2 ,   ML-1T -1 ,
-3 -1 -2

  MT -2 , k v  ML1T 2  k 3

 s   n - k   (10  3)  7 a determinar
Escolhendo V,, l como base:

1  V x 1  y1 l z1 P; 2  V x 2  y 2 l z 2 g; 3  V x 3  y 3 l z 3 ;
l l
 4  V x 4  y 4 l z 4 ; 5  V x 5  y 5 l z 5 k v ; 6  ; 7 
l1 l2

 1  M 0 L0T 0  LT 1    ML 
x1  3 y1
Lz1 .ML1T  2

 0  y1  1 x1  2
0  x1 - 3y1  z1 - 1 donde y1  1
0  -x1 - 2 z1  0

p/2  M 0 L0T 0  LT 1    ML 
x2 3 y 2
Lz 2 .LT  2

 0  y2 x 2  2
0   x 2 - 3y 2  z 2  1 donde y2  0
0  -x 2 - 2 z2  1


p/3  M 0 L0T 0  LT 1   ML 
x3 3 y 3
Lz 3 .ML1T 2

 0  y3  1 x 3  1
0  x 3 - 3y 3  z 3  1 donde y 3  1
0  -x 3 - 1 z 3  1


p/4  M 0 L0T 0  LT 1   ML 
x4 3 y 4
Lz 4 .MT 2

 0  y4  1 x 4  2
0  x 4 - 3y 4  z 4 donde y 4  1
0  -x 4 - 2 z 4  1


p/5  M 0 L0T 0  LT 1   ML 
x5 3 y 5
Lz 5 .ML1T 2

 0  y5  1 x 5  2
0  x 5 - 3y 5  z 5  1 donde y5  1
0  -x 5 - 2 z5  0
 2 1 0 P P
Finalmente, 1  V  l P  ou 1   EULER
V 2 V 2

gl V2
 2  V  20l1g  ou 2   FROUDE
V2 gl

 Vl
 3  V 1 1l 1  ou 3   REYNOLDS
Vl 

 V 2 l
 4  V  2  1l 1  ou 4   WEBER
V 2 l 

kv V
 5  V 2  1l 0 k v  ou 5   MACH
V 2 kv 

Então , f1  1 ,  2 ,  3 ,  4 ,  5 ,  6 ,  7   0

 P V 2 Vl V 2 l V l l 
ou f 1  , , , , , , 0

 V
2
gl   k v  l1 l 2 

 l l 
 f 1  EU, FR, RE, WE, MA, ,
l1 l 2
  0
 

 l l 
por tanto EU  f 2  FR, RE, WE, MA, ,   0 (2)
 l 1 l2 

onde f2 deve ser determinado experimentalmente

Existem casos onde os parâmetros FR, WE, MA são desprezados por não terem influência sobre o
fenômeno escoamento (fluido incompressível em escoamento interno, por exemplo), l é o diâmetro do
conduto D, l1 é o comprimento do conduto L e l2 é uma dimensão que caracteriza a altura efetiva da
rugosidade superficial da parede interna do conduto, sendo representada por
Então,
P  L 
EU   f 3  RE, ,  (3)
V 2
 D D

Sabemos que a queda de pressão ao longo de um conduto varia linearmente com seu comprimento,
P L
 EU   f 4  RE, D 
V 2
D

P
ou  f 4  RE, D  (4)
V  L D 
2

O diagrama de MOODY

O primeiro membro geralmente é representado


por f (fator de atrito). Quando RE 2000, f é
independente de /D. Portanto:

f  f 5  RE  p / LAMINAR (5)

Problema 2

Faça análise dimensional da bomba centrífuga.


Dado: f  H, Q, N, D, g, , k v ,,   0 (1)
onde H = carga (altura) desenvolvida pela bomba, L
Q = vazão volumétrica, L3T-1
N = rotação da bomba, T-1
D = diâmetro do rotor, L
g = aceleração da gravidade, LT-2
 = viscosidade de fluido, ML-1T-1
 = massa específica de fluido, ML-3
kv= módulo de elasticidade volumétrica, ML-1T-2
 = rugosidade absoluta, L
 = rendimento de bomba, adimensional

Solução:

Existem 10 variáveis (n) e 3 dimesões (k) independentes, de modo que devemos ter n – k = 10 – 3 =
7 termos . Esolhendo a massa específica, , o diâmetro, D, e a rotação da bomba, N, como as 3 variáveis
repetitivas com expoentes desonhecidos, podemos estabelecer os temos .
Então,
1  a D b N c (2)

   a
M 0 L0T 0  ML- 3 ( L) b (T 1 ) c .ML1T 1
M : 0  a 1
Para L : 0  3a  b  1 donde tiramos
T : 0  c  1
a  1
b  2
c  1
Substituindo em (2) vem que,

 ND 2
1  1D  2 N 1  ou 1   RE
ND 2 

2  a Db N c k v (3)

 
M 0 L0 T 0  ML-3  a
( L) b (T 1 ) c .ML1T 2

M : 0  a 1
Para L : 0  3a  b  1 donde tiramos
T : 0  c  2
a  1
b  2
c  2

Substituindo em (3) vem que,

kv N2D2 ND
 2   1 D  2 N  2 k v  ou 2    MA
N 2 D 2 kv / kv /

3  a D b N c Q (4)

 
M 0 L0 T 0  ML-3  a
( L) b (T 1 ) c .L3 T 1

M:0  a
Para L : 0  3a  b  3 donde tiramos
T : 0  c  1
a 0
b  3
c  1

Substituindo em (4) vem que,

Q
 3   0 D 3 N 1Q 
ND 3

Q
 3   Coeficiente de capacidade, C Q
ND 3
4  a D b N c H (5)

 
M 0 L0 T 0  ML-3  a
( L) b (T 1 ) c .L

M:0  a
Para L : 0  3a  b  1 donde tiramos
T : 0  c
a 0
b  1
c0

Substituindo em (5) tem-se,

H
 4   0 D 1 N 0 H ou 4 
D

5  a D b N c g (6)

 
M 0 L0 T 0  ML-3  a
( L) b (T 1 ) c .LT 2

M:0  a
Para L : 0  3a  b  1 donde tiramos
T : 0  c  2
a 0
b  1
c  2

Substituindo em (6) tem-se,

g N 2D N2D2
5  ou 5    FR
N2D g Dg
6  a D b N c  (7)

 
M 0 L0 T 0  ML-3  a
( L) b (T 1 ) c .L

M:0  a
Para L : 0  3a  b  1 donde tiramos
T : 0  c
a 0
b  1
c0

Substituindo em (7) tem-se,


 6   0 D 1 N 0   6   rugosidade relativa
D

e evidentemente,  7   pois já é um parâmetro adimensional

 f  1 ,  2 ,  3 ,  4 ,  5 ,  6 ,  7   0

 ND 2 N 2 D 2 Q H N2D  
ou f  , , , , , ,    0
  kv  ND 3 D g d 
Resolvendo para H D , tem-se,

H  ND 2 N 2 D 2 Q N 2 D  
 f 1  , , , , , 
D   k v  ND 3 g D 

N 2 D  ND 2 N 2 D 2 Q  
 f 1  , , , , 
g   k v  ND 3 D 
Hg  ND 2 N 2 D 2 Q  
  f  , , , ,   a resposta parcial !
k v  ND 3 D 
1
N2D2  

NOTA: É claro que a eficiência hidráulica de uma bomba, , é uma função de , D, N, Q, 

ou seja
  f 2  , D, N, Q,  

Portanto, um termo  pode se formar como


 ND 2 Q 
8    f 3  , 
  ND3 

Evidentemente, da equação da resposta parcial pode-se escrever,

Hg  ND2 N 2 D 2 Q 
 f  , , , 
k v  ND3 D 
1
 
2 2
N D

Hg   A resposta final e é a
ou 2 2
 f1  RE, MA, CQ ,  equação completa de
N D  D
bomba centrífuga

Parâmetro de
uma bomba tipo
FR

Problema 3

Faça análise dimesional en transferência de calor com convecção forçada.

Escoamento Saida
Entrada v
h
Propriedades de fluido
, , Cp, K

qcalor

Dado: f  v, D, , , C p , K , h   0 (1)
onde : v = velocidade do fluido, LT-1
D = diâmetro do tubo, L
 = massa específica do fluido, ML-3
 = viscosidade do fluido, ML-1T-1
Cp = calor específico à pressão cte., L2T-2t-1
K = condutibilidade térmica, MLT-3t-1
h = coeficiente de transferência de calor, MT-3t-1

Solução: São quatro dimensõers fundamentais tomadas neste caso. Massa M, Comprimento L, Tempo T,
Temperatura t.  k = 4 e n = 7
 os termos  = 3  f  1 ,  2 , 3   0 (2)

Escolhendo D, , , K como base teremos,

1  Da  b c K d v (3)

Dimensionalmente,


M 0 L0T 0 t 0  La ML 3   ML
b 1
T 1   MLT
c  3 1 d
t  .LT 1

M:0  bcd
L : 0  a  3b  c  d  1
Para donde tira-se,
T : 0  c  3d  1
t : 0  d
a 1
b 1
c  1
d  0
Substituindo em (3) tem-se,

Dv
1  D11 1K 0 v 

DV
 1   RE (4)

2  Da bc K d Cp (5)

Dimensionalmente,


M 0 L0 T 0 t 0  La ML3   ML
b 1
T 1   MLT
c 3
t 1  d
.L2 T 2 t 1

M:0  bcd
L : 0  a  3b  c  d  2
Para donde tira-se,
T : 0  c  3d  2
t : 0  d  1
a 0
b0
c 1
d  1
Substituindo em (5) tem-se,
C p
 2  D 0  0 1 K 1C p ou  2   PRANDTL(PR ) (6)
K

3  D a  b c K d h (7)

Dimensionalmente,


M 0 L0 T 0 t 0  La ML3   ML
b 1
T 1   MLT
c 3
t 1  d
.MT 3 t 1

M : 0  b  c  d 1
L : 0  a  3b  c  d
Para
T : 0  c  3d  3
t : 0  d  1

donde tira-se,
a 1
b0
c0
d  1

Substituindo em (7) tem-se,

hD
 3  D1 0  0 K 1 h ou seja  3   NUSSELT ( NU) (8)
K

Da equação (2) f  1 ,  2 ,  3   0 ou  3  f 1  1 ,  2 


hD  Dv C p 
ou  f 1  , 
K   K 

ou NU  f 1  RE , PR 

NU  C  RE   PR  n '
n

onde C, n e n’ são coeficientes (ctes.) devem ser determinados experimentalmente.

Problema 4 Análise dimensional (o método de RAYLEIGH)

Supondo-se que a força resistente ao deslocamento (Força de Arrasto ou Força de sustentação) é


uma função de massa específica, de viscosidade, de elasticidade, de velocidade do fluido, e de uma área
característica, mostre que a força resistente é uma função dos números de MACH e de REYNOLDS

Solução: FA  f1  , , k v , V, A 

c c
ou FA  k ' a  b k v V d A e  k ' a  b k v V d L2 e (1)
onde k’ = constante (coeficiente) adimensional determinada experimentalmente.

Dimensinoalmente (sistema F,L,T),


F1L0T 0  FL 4T 2   FL
a 2
T   FL   LT   L 
b 2 c 1 d 2 e

F :1  a  b  c (2)
 Para L : 0  -4a - 2b - 2c -  d  2e (3)
T : 0  2a  b - d (4)

De (2) a  1 b  c (2a)

d  2a  b e substituindo (2a),
De (4)
d  2 1 - b - c   b  2  2b  2c  b  2 - 2c - b  d (3a)

De (3) 2e  4a  2b  2c  d e substituindo as equações (2a) e (3a) em (3)

2e  4  4b  4c  2b  2c  2  2c  b  2  b

 e  1- b 2 (4a)

Substituindo os valores em (1) tem-se,

c c
FA  k ' 1 b  c b k v V 2  b  2 L2  b
b
.- b 1 2
c V .V
 k' . b
.k v . .L2 .L b
 c
 V 2c

c
1 k
 k' . - b.  b . c v 2 c .V 2 .V  b .L2 .L b
  V
b c
 VL   kv 
 k'     .L2 V 2
    V
2

b c
 VL   V 2 
 k'     .L2 V 2
    kv 

 FA  A  V 2 f1  RE, MA  (5) A equação de RAYLEIGH

FA
Esta equação indica que o coeficiente de arrasto, C A  de objetos dependerá únicamente de seus
AV 2
números de REYNOLDS e de MACH

Para fluidos incompressíveis o número de REYNOLDS é predominante e o efeito do número de MACH é


muito pequeno e desprezível.
Portanto para o fluído incompressível,
FA  AV 2 f 2  RE 

AV 2 V2
ou FA  .2 f 2  RE   A .C A
2 2

FA
onde CA = coeficiente de arrasto que depende do nº de RE  2 f 2  RE  
A V 2 2
Analogamente, pode-se mostrar que

V2
FS  A .CS
2

onde FS = Força de sustentação


CS = Coeficiente de sustentação

FA
Se for M1,  f 3  MA  somente
AV 2

PROBLEMAS PROPOSTOS

Problema 1
O conjugado T disponível no eixo de uma turbna hidráulica depende da vazão volmétrica Q, da
carga manométrica H, do peso específico , da velocidade angular  e do rendimento .
Determinar a forma da equação do conjugado utilizando o teorema 

 H 3 
Resposta: T  H 4 f1  ,  
 Q 
onde f1 deve ser determinado experimentalmente

Problema 2
Considerando-se que a força de arrasto exercida por um fluido em escoamento sobre um objeto é
uma função da massa específica, da viscosidade, da velocidade do fluido e de um comprimento
característico do corpo, desenvolver uma equação geral para a força utilizando o teorema  do Buckinghum.

 LV   L2 V 2
Resposta: F  L2 V 2 1      2KRE 
   2

onde K = cte. Adimensional determinada experimentalmente.

Problema 3
Considerando-se que o fluxo Q sobre uma barragem retangular varia diretamente com o
comprimento L e é uma função da altura H e da aceleração da gravidade g, estabelecer a fórmula para o
fluxo de barragem, utilizando o teorema 
Resposta: Q  K.L.H 3 / 2 .g1 / 2

onde K= uma cte. Determinada experimentalmente.

Problema 4
Um vertedor triangular é uma placa vertical com um entalhe de ângulo de abertura  na sua parte
superior, colocada transversalmente num canal. O líquido no canal é retido e obrigado a escoar pelo entalhe.
A vazão Q é uma certa função da cota H, da superfície livre a montante do vertedor, medida a partir do
fundo do entalhe. Além disso a vazão depende da aceleração da gravidade e da velocidade V 0 de
aproximação ao vertedor. Determinar a forma da equação que fornece a vazão pelo teorema 
 V 
Resposta: Q  g.H 5 / 2 f1  0 ,  
 gh 

Há necessidade de resultados experimentais ou de uma análise teórica para se obter informações adicionais
sobre a função f1
Escolhendo H e V0 como base tem-se a resposta diferente.

 V 
Resposta: Q  V0 H 2 f 2  0 ,  
 gh 
A função incógnita f2 contém os mesmos parâmetros que f1, mas não pode ser a mesma função
matemática.
A última resposta obtida não é, em geral, muito útil porque freqüentemente V0 pode ser desprezado
em vertedores triangulares. Isto mostra que uma variável pouco importante não deve ser escolhida como
grandeza da base.

Problema 5
A perda de carga por unidade de comprimento H L no escoameto em regime turbulento num
conduto liso depende da velocidade V, do diâmetro D, da aceleração da gravidade g, da viscosidade
dinâmica  e da massa específica . Determinar, com o auxílio da análise dimesional, a forma geral da
equação que rege o fenômeno de transporte.

Resposta:
H
 f1  RE, V 2 gD 
L

onde f1 é uma função determinada experimentalmente.

Nota: a fórmula usualmente empregada é

L V2
H  f 2  RE  onde f 2  RE   f  o fator de atrito
D 2g

Problema 6
O número de REYNOLDS é uma função da massa específica, da viscosidade absoluta, da
velocidade média de um fluido e de um comprimeto característico. Estabeleça o número de REYNOLDS
pela análise dimensional de RAYLEIGH.
y2
 VL 
Resposta: RE  K  
  

Os valores de K e y2 devem ser determinados pela análise física e/ou experimentalmente. Mas pela
VL
definição do número de RE  , Sabe-se que aqui K = 1 e y2 = -1

Problema 7
Estabelecer a expressão do número de WEBER, se ele é uma função da velocidade V, da massa
específica , do comprimento L e da tensão superficial . Use o método de RAYLEIGH.

b  d
 V2L 
Resposta: WE  k  
  

onde k e b são ctes. Determinadas experimentalmente. Sabe-se que k = 1 = b = -d

Problema 8
Estabelecer um número adimensional, sabendo-se que ele é uma função da aceleração da gravidade
g, da tensão superficial , da viscosidade absoluta  e da massa específica . Use o método de RAYLEIGH.
d
 3 
Resposta: NUMERO  K  4 
 g 

onde K e d são ctes. Devem ser determinadas experimentalmente.

Problema 9
Desenvolva uma expressão da vazão volumétrica em um tubo horizontal para escoamento
totalmente desenvolvido e em regime laminar pelo método de RAYLEIGH Dado: Q  f  D, L, , P 

b
D D3P
Resposta: Q  K 
L 

onde K e b são ctes. determinadas experimentalmente

D 4 P
Notas: Se for –b = 1, Q  K
L

 D 4 P
Sabe-se que K  de modo que Q 
128 128L

Esta é a equação de HAGEN-POISEULLE.


Capítulo 10 - Transferência de Calor Por Convecção

Métodos para determinar o coeficiente de transferência de calor

Há quatro métodos para se analisar o processo de transferência de calor por convecção:

(1) Análise dimensional acoplada a experiência,


(2) Análise exata da camada limite e/ou análise exata para escoamento (interno) totalmente desenvolvido,
(3) Análise integral da camada limite (Método de VK/KH),
(4) Analogia entre quantidade de movimento (momentum) e transferência de energia.

Tipo de Convecção

Convecção Forçada: Se o escoamento for qualquer tipo de agitação, por exemplo, escoamento por
causa de ventilador, bomba, etc., a transferência de calor seria por convecção forçada.

Convecção Natural ou Livre: Convecção natural ocorre quando a massa específica do fluido muda
devido a força de empuxo e a expansão térmica.

Análise dimensional em transferência de calor por convecção forçada

Q (calor)

Superfície quente

V Entrada Saída
D h (coeficiente)
Escoamento

Propriedades de fluido:
, , CP, K

Variáveis

(1) Velocidade de fluido, V;


(2) Diâmetro do tubo, D;
(3) Massa específica, ;
(4) Viscosidade dinâmica, ;
(5) Calor específico à pressão constante, Cp;
(6) Condutibilidade térmica, k;
(7) Coeficiente de transferência de calor, h.

São 7 propriedades.

Portanto, f(v, D, , , Cp, k, h) = 0

A aplicação do teorema dos 5 (como base: D, , , k) nos fornece:

NU = f(RE, PR) ou seja NU = C(RE) n (PR)n’ (1)


onde c = uma constante determinada experimentalmente,
n e n’= expoentes, determinadas experimentalmente,

hD
NU = número de Nusselt = ,
K

D   V
RE = número de Reynolds = , adimensional

  CP
PR = número de Prandtl =
K

Nota:

F (V, D, , , Cp, k, h) = 0

Escolhendo D, , , Cp como base pode-se mostrar que:

ST = f(RE, PR) = C(RE)n (PR)n’ (2)

h NU
Onde ST = número de Stanton =  (adimensional)
  V  C P RE  PR

Números adimensionais em transferência de calor por convecção

Números Def./ Valor Interpretação Aplicação


1) RE D   V Força de inércia / Força de atrito Convecção forçada

2) PR   CP Difusidade molecular da quantidade Convecção forçada ou
de movimento / difusidade molecular natural, aquecimento,
K de calor condensação
3) NU hD Razão do gradiente de temperatura Convecção forçada ou
natural, aquecimento
K
condensação
4) ST h Taxa de transferência de calor na Convecção forçada
parede / Taxa de transferência de
  V  CP
calor por convecção
5) GR     g  D  T(Força e empuxo)(Força de inércia /
2 3 Convecção natural
Força de viscosidade
2

Obs: GR = número de GRASHOF

Características Básicas para Obtenção do coeficiente de convecção


As propriedades do fluido são avaliadas à temperatura,
Te  Ts
Tf  (3)
2
Te  Ts
Onde Tf = temperatura média aritmética do fluido (também chamada de temperatura “Bulk” TB  ),
2

Te = temperatura do fluido na entrada, Ts = temperatura do fluido na saída

Ou
T f  TS T f  TP
T pe  ou (4)
2 2

Onde Tpe = temperatura média da película, Tf = temperatura média aritmética do fluido, TS = temperatura da
superfície (na parede, Tp)

A dimensão característica D ou L

O coeficiente de transferência de calor hc pode ser calculado a partir do número de Nusselt,

h C  DH h L
NU  ou C
K K

Para o caso de escoamento em tubos em condutos longos, o comprimento característico no


número de Nusselt é o diâmetro hidráulico, DH.

Área de
seção
transversal

DH = 4x(área da seção transversal de


Perímetro escoamento)/(perímetro molhado)
molhado

Para um tubo ou um cano, a área da seção transversal de escoamento é .D2 / 4, e o perímetro


molhado é D.

 o diâmetro interno do tubo é igual ao diâmetro hidráulico.

Quando o escoamento é em torno de placas, paralelo a placas ou entre placas planas, a dimensão
característica é um dos lados da placa ou a distância entre elas.

Regime de escoamento (Laminar, Transitório, Turbulento)


Os regimes de escoamento são caracterizados pelos números de RE, como segue:

Tubos cilíndricos (escoamento no interior)

Regime laminar para: 0 < RE  2100


Regime transitório para: 2100 < RE  8000
Regime turbulento para: 8000 < RE

Tubos retangulares, escoamento em seu interior

Regime laminar para: 0 < RE  350


Regime turbulento para: 350 < RE

Escoamento sobre placas planas

Regime laminar para: 0 < RE  5 x 105


Regime transitório para: 5x105 < RE  6 x 106
Regime turbulento para: 6 x 106 < RE

Fórmulas para determinações do coeficiente de convecção

1ª lei
ve 2 dE V2
Q VC   m e (he   gz e )  vc   m s (hs  S  gz s )  W vc
2 dt 2

Q C  m
  C P  T
Onde Q  = calor transmitido (ou retirado) pelo fluido (escoamento interno) por unidade de tempo por
C

convecção forçada (kcal/h, w); m  = vazão em massa = cte. = .v.a (kg/s);  = massa específica do fluido
(kg/m3); V = velocidade média do escoamento (m/s); A = área da seção transversal de escoamento (m 2); CP
= calor específico à pressão cte. (J/kgºC); T = Te - Ts (ºC)  (Te>Ts  significa resfriamento); ou T = Ts -
Te (ºC)  (Ts>Te  significa aquecimento), Te = temperatura do fluido na entrada (ºC), Ts = Temperatura do
fluido na saída (ºC).

As fórmulas para convecção forçada, escoamento laminar

2) Para temperatura constante na parede (líquido/gás): uma equação empírica sugerida por SIEDER E
TATE, que tem sido extensivamente usada para correlacionar os resultados experimentais para líquidos,
pode ser escrita na forma
1 0 ,14
 D 3 f 
NU m  1,86   RE  PR     (7)
 L  s 
L
Para tubos curtos ou  1,15 (aproximadamente)
Lt
D
Onde número de GRAETZ, GZ  RE  PR  e é recomendada para
L
0,48 < PR < 16700
f D
0,0044 < < 9,75 ou RE  PR   10
s L
0 ,14
1
 f 
GZ  
3  2 restrições
 s 

Definição de tubos curtos

Lt>L onde Lt = comprimento de entrada térmica = 0,003.RE.PR.D e PR  


Ou Lt = 0,037.RE.PR.d e PR = 0,7
L = comprimento de tubo.

Avaliação da equação (7)

Todas as propriedades são avaliadas à temperatura média aritmética do fluido, T f (também


chamada de temperatura “Bulk”, TB).
Mas a viscosidade, s, que é avaliada à temperatura da parede (T s ou Tp).

OBS.: Esta equação não pode ser usada para os tubos muito longos (L >> L t) desde que ela resulta o
coeficiente de transferência de calor nulo.

Exemplo 1: Água a 60C entra num tubo de diâmetro de 1 polegada (2,54cm) com a velocidade média de
2cm/s. Calcule a temperatura d’água na saída, se o tubo é de comprimento de 3m e a temperatura
constante na parede for igual a 80C.

Solução:

Não sabemos a temperatura média (Tf) do fluido.

Te  Ts
Tf  , mas Te = 60ºC.
2

 Na primeira aproximação vamos avaliar as propriedades a 60ºC (=T f).


Pela tabela de propriedades (Tabela A-9/507, HOLMAN),

kg kJ NS
  985 ; c P  4,18 ;   4,71  10  4 2 ;
m 3
kg C m
W
K  0,651 ; PR  3,02  verificação : 0,48  3,02  16700 ok!
mC

  V  D  985   2  10 2    2,54  10 2 
 RE    1062  2100  2000 LAMINAR !OK!
 4,71  10  4

D 1062   3,02   0,0254


RE  PR    27,15  10 Re strição! Ok!
L 3

s à temperatura da parede (80ºC)  s = 3,55.10-4NS/m2

Aplicando a equação (7) tem-se.


0 ,14
 4,71  10 4  hm  D
NU m  1,86   27,13
1
3  4 
 5,816 
 3,55  10  K

5,816  0,651 W
 hm   149,1 2
0,0254 m C

A vazão em massa pela continuidade:

  D2 985    0,0254 2  0,02


m    V   9,982  10 3 kg / s
4 4

Balanço de energia:

Qr  hm  A  T  m  c P   Tsai  Tent 

Onde Qr = taxa de calor transmitida na direção radial (W)

60C h Ts?
x


80C

 
  c P   Ts  Te 
Ou hm    D  L  Ts  T f  m

 Te  Ts 
Ou hm    D  L   Ts    m  c P   Ts  Te  (a)
 2 

Substituindo os valores de Ts, Te, hm, etc, tem-se,

 T  60 
149,1    0,0254  3,0   80  s   9,982  10 3  4180   Ts  60 
 2 

Resolvendo, Tsai  Ts  71,98C

Então verificamos:
Tent  Tsai 60  71,28
Ts    66C  Mas foi considerad o T f  60C !
s 2

2ª Tentativa: Vamos avaliar as propriedades a 66ºC.

kg J NS
  985 ; c P  4185 ;   4,36  10  4 2 ;
m 3
kg C m
W
K  0,656 ; PR  2,78  0,48  2,78  16700
mC
  V  D  985   2  10 2    2,54  10 2 
 RE    1144  2000 LAMINAR !OK!
 4,36  10  4

D 1144    2,78   0,0254


RE  PR    26,93  10 Ok!
L 3

0 ,14
 4,36  10 4 
NU m  1,86   26,93
1
3  4 
 5,645
 3,55  10 

NU m  K 5,645  0,656 W
 hm    145,8 2
D 0,0254 m C

Substituindo este valor de hm e as propriedades em (a), tem-se,

Tsai  Ts  71,78C Dif .  0,28%

Esta iteração faz muita pouca diferença. Então, a resposta é T sai  71,78ºC . Talvez mais uma
iteração daria a resposta mais correta Tsai  71,97ºC

Observação: Lt = 0,033.RE.PR.D = 0,033.1144.2,78.0,0254 = 2,67m 


L 3m
  11,12  1,15 Para tubos curtos. Ok!
Lt 2,67m

3) Para temperatura constante na parede (líquido/gás): HAUSEN apresenta uma equação empírica para
escoamento laminar totalmente desenvolvido com a temperatura constante na parede.

0,0668  GZ
NU m  3,66  2 (8) Para tubos curtos ou longos
1  0,04   GZ  3

Onde número de GRAETZ, GZ = RE.PR.D/L e L = a distância a partir de entrada (comprimento total do


tubo).

Restrição: Esta equação é válida para GZ < 100. E todas as propriedades são avaliadas à temperatura
média aritmética, Tf (ou Bulk temperature, TB) do fluido. Claramente, a medida em que o comprimento L
cresce, o número de NUSSELT alcança o seu valor assintótico de 3,66 (teórico).

Exemplo 2: Para um perfil de velocidades totalmente desenvolvido, calcular o comprimento necessário de


um tubo de 0,25cm de diâmetro interno para elevar a temperatura de mistura do benzeno desde 16ºC até
38ºC. A temperatura da parede do tubo é constante e igual a 66ºC, e a velocidade média é 0,5m/s.

Solução:

Para uma temperatura média de

Te  Ts 16  38
Tf    27C ,
2 2
As propriedades do fluido são:

kg J NS
  874,6 ; c P  1757,4 ;   5,89  10  4 2 ;
m 3
kg C m
W
K  0,159 ; PR  6,5 e D  0,0025m (dado)
mC

RE  
 
V  D     0,5  0,25  10 2   874,6 
 1856  2000 ou 2100 LAMINAR !OK !
 5,89  10 4
D
GZ  RE  PR 
L

Utilizando a equação (8) tem-se,

 D
0,0669   RE  PR  
h D  L
NU m  m  3,66  2
K
 D 3
1  0,04   RE  PR  
 L

Substituindo os valores, obtêm-se uma equação com duas incógnitas de h m e L,

128,13
hm  232,78  L
2 (a) onde hm em W/m2ºC
 30,16  3
1  0,04  
 L 

Torna-se necessário encontrar uma outra equação para resolver o sistema. Um balanço de energia
no fluido fornece esta equação.

Q r  m  c P  T  hm    D  L  Ts  T f 
  V  D  c P  T
ou hm 
4  L  Ts  T f 

que substituindo os valores fornece:

270,93
hm  (b)
L

Eliminando hm entre (a) e (b) resulta:


128,13
270,93 L
 232,78 
L 2 (c)
 30,16  3
1  0,04   
 L 

A equação (c) pode ser resolvido por tentativas, fornecendo

L = 0,786m (Resp.)

Verificação de GZ:

D 0,25  10 2
GZ  RE  PR   1856  6,5 
L 0,786

 GZ  38,37  100 Ok .

Problemas Propostos

Problema Proposto 1

Resolva o exemplo 2 utilizando a seguinte equação técnica para escoamento laminar totalmente
desenvolvido com a temperatura constante na parede:

0,5 1
D
TAPAN-ANTÔNIO: NU m  3,36  0,39334     RE 0, 5  PR 3
L
Restrição: Esta equação é válida para GZ < 100. E todas as propriedades são avaliadas à temperatura
média aritmética (Tf) do fluido.

Resposta: L = 0,8737m Dif.%  +6,49% (com o resultado anterior).

4) Escoamento laminar: para fluxo de calor constante na parede.

A equação empírica de HAUSEN:

 D
0,036   RE  PR  
 L
NU D  4,36  (9)
 D
1  0,0011   RE  PR  
 L

Onde NUD = Número de NUSSELT local.

Problema Proposto 2

Ar a 200ºF e 30psia escoa através de um tubo aquecido, de diâmetro de 1/2 polegada com uma
velocidade de 5pés/s. Para o fluxo de calor por unidade de área, constante na parede, determinar o número
de NUSSELT em 1pé, 2pés, 3pés da entrada do tubo respectivamente.

Respostas: NUD1  6,114; NUD2  5,263; NUD3  4,969


Escoamento turbulento interno

A equação de Dittus e Boelter:

hm  D
NU m   0,023  RE 0,8  PR 0,3 ou 0, 4 (sendo 0,3 para resfriamento e 0,4 para aquecimento).
K

Restrições: (a) PR > 0,7 (b) L / D > 60

As propriedades são avaliadas à temperatura “Bulk”, Tb,

Te  Ts
Tb 
2

A equação de Colburn:

2
ST  PR  3  0,023  RE 0, 2  J H  fator J  (10)

As propriedades do fluido devem ser tomadas na média aritmética da temperatura da parede e


Ts  T f Ts  Tb
temperatura global (bulk) do fluido, isto é, T pe  
2 2

A equação de Sieder e Tate:

0 ,14
2  
ST  PR  3  s   0,023  RE 0, 2 (11)
 
 f 

Te  Ts
As propriedades do fluido são avaliadas à temperatura “bulk”, T b, Tb  , exceto a
2
quantidade s, que deve ser tomada na temperatura média da parede. Esta equação é válida até PR = 10 4.

A equação da instituição dos engenheiros químicos, Londres:


ST  exp  3,796  0,205  LnRE  0,505  LnPR  0,0225   LnPR 
2
 (12)

Te  Ts
As propriedades do fluido são avaliadas a Tb  .
2

Exemplo 3: Em um trocador de calor, água escoa através de um tubo de cobre, 1 polegada calibre 16, com
velocidade média global 2m/s. Do lado de fora do tubo condensa-se vapor a 150ºC. A água entra a 20ºC e
sai a 60ºC. Calcule o coeficiente de transferência de calor de água.

Solução:
Te  Ts 20  60
Tb    40C
2 2

As propriedades físicas da água a 40ºC são:

kg kcal NS
  992 ; c P  0,998 ;   0,000693 ;
m 3
kg C m2
kcal  h 
K  0,54  
hmC  3600s 

O diâmetro interno do tubo é 2,21cm (dado).

RE  
 
V  D     2  2,21  10 2   992
 63270  10000 Turbulento !OK!
 0,000693

  c P  0,000693   0,998
PR    4,59  0,7 OK !
 0,542
3600

Utilizando-se a equação de Dittus-Boelter, tem-se:

K
hm   0,023  RE 0,8  PR 0, 4
D

0,542
hm   0,023  632700,8  4,59 0, 4
0,0221

kcal
 hm  7200 (Resp.)
hm 2 C

Problema Proposto 3

Resolva o exemplo 3 com uso das outras equações.

kcal
Respostas: Colburn  hm  8240  Dif. = 14,44%
hm 2 C
kcal
Sieder e Tate  hm  7200  Dif. = 0,28%
hm 2 C
kcal
Engenheiros químicos, Londres  hm  7300  Dif. = 1,39%
hm 2 C
 
2
2
1 
TAPAN-ELI/81  ST  PR  3   ,  LnRE  f  3,233  C 
K 

Onde K’ = 0,4 e C = 5,5


Ou K’ = 0,36 e C = 3,8

T f  Ts
Restrição: As propriedades do fluido são avaliadas na temperatura de película, T pe 
2

Exemplo 4: Um gás a ser aquecido da temperatura T1ºK a T2ºK que escoa atrvés dos tubos, aquecidos por
vapor. Se a diferença de temperatura média logarítma e o coeficiente de transferência de calor entre as
h T T   D 
paredes dos tubos e o gás forem lm e h, respectivamente, mostre que ST    2 1    
  V  c P   lm   4  L 
onde D = diâmetro interno dos tubos, l = comprimento de tubo, V = velocidade média de escoamento do
gás, Cp = calor específico à pressão constante do gás.
Um pré-aquecedor a ser projetado para aquecer 1,8kg/s de ar de 288 a 348ºK, utilizando o vapor
condensado a 373ºK como o meio de aquecimento. A queda de pressão máxima permitida através dos
tubos de trocador, os quais têm diâmetro interno de 25mm, é limitada a 7,5.10 2N/m2.
Calcule o número de tubos requeridos e os seus comprimentos.
Dados: A massa específica de ar a 318ºK = 1,11kgf/m 3, a viscosidade de ar a 318ºK = 0,192.10-4Ns/m2, o
número de Stanton, ST = 0,046RE-1/4, o fator de atrito Fanning, fF = 0,079RE-1/4.

Solução:

O ganho de calor pelo gás escoando através dos tubos = vazão em massa x calor específico à
    D2
  c P  Ts  T f   1ª lei (1)
  c P   T2  T1      V 
pressão cte. x aumento de temperatura. = m
  4
O calor transferido da superfície dos tubos ao gás = área de superfície de transferência de calor x o
coeficiente de transferência de calor x a diferença da temperatura média logarítma = (.D.L).h.(lm)  Uma
forma da lei de Newton (2)

Para escoamento em regime permanente (condição estável e escoamento totalmente


desenvolvido), a equação (1) = a equação (2).

  D2
 V    c P   T2  T1     D  L  h   lm
4

h T T   D 
ou  ST   2 1     (3) c.q.d
V    cP   lm   4  L 

Notas Importantes

Em mecânica dos fluidos, a perda de carga é dada pela equação de DARCY-WEISBACH.

L V2 P L V2 P L V2
hL  f   ou  f   ou  f 
D 2 g  D 2 g g D 2 g
L  V 2
 P  f   (4)
D 2

Onde P = queda de pressão devido ao atrito (N/m2), L = comprimento da tubulação (m), D = diâmetro da
tubulação (m),  = massa específica do fluido (kg/m3), V = velocidade média do fluido (m/s), hL = perda de
carga (head loss) ou perda de energia mecânica (m = Nm/N),  = peso específico do fluido(N/m3), g =
aceleração da gravidade  9,81m/s2, f = fator de atrito adimensional), este fator de atrito é de DARCY, pode
ser escrito com fD. Mas fD = 4.fF, onde fF = fator de atrito de Fanning.

Vamos usar o fator de atrito de Fanning para resolver este problema.


A equação (4) pode então sr escrita,
L  V 2 L
P  4  f F    2  f F    V 2
D 2 D

D 2  f F   V 2 f F   V 2
   (5)
4 L 4  P 2  P
Substituindo a equação (5) na equação (3) tem-se,

 T  T   f    V 2 
ST   2 1    F 
  lm   2  P 

ST P  lm
  V 2
ou f F  T2  T1
2
1
  2
 ST   P    lm 
 V   
     (6)
 f F      T2  T1 
 2  

Mas por definição:

 TP  Te    TP  Ts   TP  T1    TP  T2 
 lm  
T T   T T 
Ln P e  Ln P 1 
 TP  Ts   TP  T2 
Onde TP = temperatura na parede, Te = T1 = temperatura na entrada, Ts = T2 = temperatura na saída.

Aqui TP = 373K; T1 = 288K; T2 = 348K

T2  T1 348  288
 lm   K  49,029K
 TP  T1   373  288 
Ln  Ln 
T
 P  T2   373  348 
 lm  49 K

Levando os valores numéricos na equação (6) tem-se,

1
  2
 0,046  RE  4 
1

   49    7,5  10
2

 V   
 0,079 
1   60   1,11 
  RE 4  
 2  
 V  25,35m / s

Essa velocidade média é a velocidade máxima permitida para dar a queda de pressão máxima
permitida. A vazão em massa através de um único tubo é:

   25  10 3 
2
  D2
m    V   1,11  25,35   138,12  10  4 kg / s
4 4

Se o número de tubos no trocador de calor for N,

m 1,8kg / s (dado)
m    V  A  N  N  m  
 V  A  D 2
138,12  10 4 kg / s
 V 
4

Finalmente, N  130,31246  131 tubos (Resp.)


(Sempre arredondar para mais)

Número de Reynolds

RE 
D V  

 
25  10 3   25,35  1,11
 36638,67188
 0,192  10  4

 RE  36638,67 > 10000 Turbulento! (Para trocador de calor)

Comprimento dos tubos de trocador de calor

L
P  2  f F    V 2
D

P  D 7,5  10 2  25  10 3
ou L  

2  f F    V 2 2  0,079  36638,67 0, 25  1,11  25,35 2 
ou seja L  2,30m (Resp.)

Exemplo 5: Método Experimental (Análise dimensional combinada com experiência)


Um modelo de um gerador de vapor (caldeira) à escala 1:8 foi usado para investigar a transferência
de calor por convecção forçada, utilizando ar como fluido de trabalho. Para as várias velocidades de ar, os
coeficientes de transferência de calor para primeiro passo foram obtidos:

Vm (m/s) 2 3,14 4,65 8,8


hm (W/m2ºC) 150,4 68,6 90,6 141,0

Ar

Vapor

Vapor

Ar

A temperatura média do ar escoando através do gerador de vapor é t m = 20ºC. O diâmetro de tubos


usado no modelo é de Dm = 12,5mm.
Com os dados experimentais obtidos do modelo, ache a equação do cálculo para transferência de
calor por convecção forçada em forma da dependência de NU = f(RE) = c.(RE) n onde c e n são constantes
da experiência.

hm  D V D
Dados: NU  ; RE  m ;
K 

tm = 20ºC  K ar  0,026W / mC

 ar  15,06  10 6 m 2 / s

Solução: Método gráfico

A equação geral da convecção forçada é

  cP
NU = f(RE, PR) = c.(RE)n.(PR)n’ Nota: PR 
K

Aproximação: PRar a 20C  0,72  1

 NU  c   RE 
n
(1)

hm  D h  12,5  10 3
Definição: NU  ou seja NU  m
K 0,026
 NU  0,481  hm (2)

Vm  D Vm  12,5  10 3
Definição: RE  
 15,06  10 6

 NU  830,01  Vm (3)

Cálculo do número de NUSSELT contra número de REYNOLDS:

Vm (m/s) hm (W/m2ºC) RE (Eq.3) NU (Eq.2 Ln(RE) Ln(NU)


2,0 50,4 1660,02 24,24 7,41 3,19
3,14 68,6 2606,23 32,99 7,87 3,50
4,65 90,6 3859,55 43,58 8,26 3,77
8,8 141,0 7304,09 67,82 8,90 4,22

De (1) tem-se, Ln(NU) = Ln(c) + n.Ln(RE)


Essa equação é de uma reta do tipo y = b + a.x
Sendo y = Ln(NU), b = Ln(c), a = n, x = Ln(RE)
y
Com a plotagem de Ln(NU) x Ln(RE) em um papel gráfico (milimetrado) tem-se, n  tg  
x
sendo y = 10 e x = 15, ou n = tg = 10/15

 n  0,667 (1.a)

Temos que: Ln(NU) = Ln(c) + n.Ln(RE) ou y = b + a.x

Para (y = 3,59; x = 8,00) do gráfico.

 3,59  b  0,667   8,00

ou b = -0,174.

Mas b = Ln(c) ou c = exp(b) = exp(-0,174)

 c  0,174 (1.b)

Levando (1.a) e (1.b) em (1) tem-se,

NU  0,174   RE 
0 , 667
(4)
y

y

x

0
-l 0 x

A equação (4) seria a equação do cálculo . (Resp.)

Outro método (Método sem gráfico)

Temos que: NU  c   RE 
n
(1)
Esta é a equação de potência do tipo

y = a.xb onde y = NU; a = c; x = RE; n = b.

Escrevendo a equação (1) na forma Ln(NU) = n,Ln(RE) + Ln(c)


Temos as seguintes expressões:

 LnRE    LnNU  
 LnRE    LnNU 
n N
(2)
 LnRE  
 LnRE  2
2

 LnNU n  LnRE 
c  exp    (3)
 N N

Onde N = número de pontos (números de ensaios).

N LnRE LnNU (LnRE)(LnNU) (LnRE)2


1 7,41 3,19 7,41 x 3,19 = 7,412 = 54,9081
23,6379
2 7,87 3,50 7,87 x 3,50 = 7,872 = 61,9369
27,545
3 8,26 3,77 8,26 x 3,77 = 8,262 = 68,2276
31,1402
4 8,90 4,22 8,90 x 4,22 = 8,902 = 79,21
37,558
LnRE = 32,44 LnNU = 14,68 (LnRE).(LnNU) = (LnRE)2 =
119,8811 264,2826

(LnRE)2 = 1052,3536
(LnRE).( LnNU) = 476,2192
476,2192
119,8811 
n  4
1052,3536
265,2826 
4
 n  0,692

14,68 0,692  32,44 


c  exp   
 4 4

 c  0,143

Portanto, a equação do cálculo seria

NU  0,143   RE 
0 , 692
(Resp.)

Verificação:

RE(Eq.3) NU(Eq.2) NU = 0,174. Erro relativo NU = 0,143. Erro relativo


(RE)0,667 (RE)0,692
1660,02 24,24 24,45 0,87% 24,19 -0,21%
2606,23 32,99 33,04 0,15% 33,05 0,18%
3859,55 43,58 42,93 -1,49% 43,37 -0,48%
7304,09 67,82 65,70 -3,13% 67,44 -0,56%

NOTAS: Verificando com os dados experimentais da tabela principal, percebe-se que ambas equações
estão corretas. Evidentemente, o segundo método é melhor pois introduz o menor erro. (Resp.)

Análise dimensional em transferência de calor por convecção natural ou livre

Convecção Natural

A transmissão de calor por convecção natural ocorre sempre que um corpo é colocado num fluido a
uma temperatura maior ou menor do que a do corpo. Em conseqüência da diferença de temperatura, o
calor flui entre o fluido e o corpo, e causa uma variação da massa específica nas camadas fluidas situadas
nas vizinhanças da superfície. A diferença de massa específica induz um escoamento descendente do
fluido mais pesado e um escoamento ascendente do fluido mais leve. Se o movimento do fluido é causado
unicamente por diferença de massa específica resultantes de gradiente de temperatura, sem a
transferência de calor associado é chamado de convecção natural ou livre.

Aplicações

No campo da engenharia elétrica, as linhas de transmissão, os transformadores, os retificadores e


os fios aquecidos eletricamente, tal como o filamento de uma lâmpada incandescente ou os elementos de
aquecimento de uma fornalha elétrica, são resfriados por convecção natural.
A convecção natural é o mecanismo dominante de troca de calor nos radiadores de vapor nas
paredes de um edifício. A convecção natural é também responsável pelas perdas de calor de tubos
condutores. A determinação da carga térmica nos equipamentos de ar condicionado ou de refrigeração
requer, portanto, o conhecimento dos coeficientes de transferência de calor por convecção natural.
Recentemente, a convecção natural foi proposta em aplicações de energia nuclear para resfriar as
superfícies de corpos nos quais o calor é gerado por fissão.

Análise dimensional

Ta

L
o

Ts
nto d
ame

g
Esco

Propriedades de fluido:  ,  , C P , K , g

Não há velocidade especificada neste caso. O escoamento é o resultante da transferência de


energia entre a placa à temperatura, TS e o fluido à temperatura ambiente, T a.
As propriedade do fluido são: , , Cp, K e .
A propriedade , é o coeficiente de expansão térmica, o qual é usado para representar a variação
em massa específica do fluido com a temperatura:

 = S (1 +  T) (1)

onde S = a massa específica de referência dentro da camada aquecida, T = Ts – Ta = a diferença de


temperatura entre o fluido na superfície da placa e o ambiente.

A força de empuxo por unidade de volume, F B é:

FB = ( - S)g (2)

Levando (1) em (2) tem-se,

FB = S g T (3)

 => t-1, g => t-1 LT-2

Variáveis

(1) Altura, L;
(2) A diferença de temperatura T;
(3) O coeficiente de expansão térmica do fluido, ;
g => um parâmetro (uma grandeza);
(4) A massa específica, ;
(5) A viscosidade dinâmica, ;
(6) Calor específico à pressão constante, Cp;
(7) Condutibilidade de térmica, k;
(8) Coeficiente de transferência de calor, h
São 8 grandezas

Então: f(L, T, g, , , Cp, k, h) = 0

A aplicação do teorema dos S (como base: L, , , k) nos fornece:

NU = f(GR, PR) = C(GR . PR)n

Onde GR = o número de GRASHOF

 2 gD 3 T
2

c e n são constantes determinadas experimentalmente.

Equações

T
Camada limite
térmica Isolamento
TP

Os dados sobre convecção natural para cilindros horizontais servem para avaliar as perdas de calor
em tubulações. Uma correlação utilizável para um único cilindro horizontal, quando o produto GR.PR está
na faixa entre 104 e 109 é:

hD 1
NU m   0,53   GR  PR  4 (5)
K
As propriedades físicas devem ser tomadas na temperatura média aritmética entre a superfície (T p)
e o fluido fora da camada limite (T).

Exemplo 6

Um tubo contém vapor numa pressão tal que a superfície externa do isolamento se encontra a
56ºC. O diâmetro externo do isolamento é 10 cm e o tubo está em um salão cujo ar se encontra a 20ºC.
Calcule o coeficiente de transferência de calor (por convecção natural) entre a superfície do isolamento e o
ar.

Solução:

Tp  T 56  20
Tf    38º C
2 2
As propriedades de ar a 38ºC são:

kcalhmc
k  0,023 ,   1,14kg / m 3 ,   0,00322º C 1 ,

NS
  1,92 x10 5 kg / m.s ( ), Cp  0,240kcal / kg º c
m2

GR  
 
D 3   2    g  T 10  10 2  1,14   0,00322   9,81   56  20
3 2

2 
1,92  10 5
2

 GR  4,00  10 6

  C P 1,92  10 5    0,240
PR    0,721
K  0,0230 
 
 3600 

 
GR  PR  4,00  10 6   0,721  2,884  10 6 entre 10 4

a 10 9 Ok!

hD 1
Temos que: NU m   0,53   GR  PR  4
K

 0,0230 
 
1
K 1
h   0,53   GR  PR  4   2 
  0,53  2,884  10 6 4

D  10  10 
ou h  5,03kcal / hm 2 C (Resp.)

Problemas Propostos

Problema 1

Um fio tendo um diâmetro de 0,02mm está mantido a uma temperatura de 54ºC por uma corrente
elétrica. O fio está exposto para o ar a 1bar e 0ºC.
Calcular a potência elétrica necessária a fim de manter a temperatura constante do fio se o
comprimento do fio for 50cm.

Dado:
NU = C(GRfPRf)m onde C = 0,675, m = 0,058.
Restrição: GRfPRf entre 10-10 a 10-2
Resp. q  0,836W

Problema 2

Um duto horizontal, 0,3m de diâmetro está mantido a uma temperatura de 250ºC em um salão cujo
ar ambiente se encontra a 15ºC. Calcule a perda de calor por unidade de comprimento por convecção
natural.

Dado:
NUD = 0,53 (GRD.PR)1/4
GRD.PR deve ficar entre 104 a 109.
Resposta: q/L = 1,48kw/m.

Problema 3

Um aquecedor horizontal tem um diâmetro de 2,0cm que está imerso em água a uma temperatura de 27ºC
e mantido a uma temperatura de superfície de 38ºC. Calcule a perda de calor por unidade de comprimento
por convecção natural.

Dado:
NU = C(GRfPRf)m onde C = 0,53, m = ¼,
Restrição: GRfPRf entre 104 a 109.
Resposta: q/L = 836,3W/m

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