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O QUASE-CRISTÃO

ATOS 26:28

DEDICATÓRIA
Àqueles que editaram esses sermões – graça e paz vos sejam multiplicados.
Amados, o significado de tamanha providência divina que me concedeu estar
entre vós neste verão, será melhor entendido através dos efeitos que esses
escritos tiverem em suas próprias almas. O aumento da graça e santidade no
coração e vida de uma pessoa irá provar que foi a misericórdia do Senhor que
me trouxe aqui. Pois onde este não é o fruto produzido pela exposição da
Palavra, só impera o juízo. A Palavra de Deus fala de vida e morte, salvação ou
condenação – e traz uma coisa ou outra à cada alma que a ouve. Jamais
permitiria (se estivesse em meu poder fazê-lo) que meus esforços aqui – que
faço visando que suas almas sejam promovidas à glória do céu – fossem usados
como ferramentas de morte e condenação a vós outros no grande dia de Cristo.
Contudo, o Senhor sabe que esse tem sido o efeito mais comum quando o
Evangelho é pregado de modo claro e poderoso. As “águas do santuário” nem
sempre curam por onde passam, pois “há charcos e pântanos que serão
deixados para o sal e não se tornarão saudáveis” (Ez 47:11). A mesma palavra
está em outra parte da Bíblia, traduzida como “estéril”; Ele “faz da terra saudável
estéril” (Sl 107:34); então o juízo proferido sobre esses charcos e pântanos é
que, a maldição da esterilidade estará sobre eles, mesmo que as águas do
santuário fluam por lá.
É dito que, o Evangelho inflige a morte, assim como a Lei; de outro modo,
aquelas árvores no livro de Judas não estariam “duplamente mortas e
arrancadas das raízes (Jd 1:12)” Sim, aquilo que pode ser para nós a maior
misericórdia, se for maculado pelas nossas concupiscências e pela
incredulidade, se tornará nossa maior maldição, do mesmo modo que a mais rica
vinha pode produzir o vinagre mais azedo. O próprio Senhor Jesus Cristo, sendo
Ele mesmo a misericórdia escolhida por Deus para, com suas afeições, abençoar
este mundo que perece; quando veio, deu testemunho da vida eterna e benção
para os filhos amaldiçoados e perdidos de Adão; mas veja: Para muitos de Israel,
Seu único povo, Cristo (a maior benção) se tornou pedra de tropeço e rocha de
ofensa (uma maldição). Não tem ele sido hoje uma pedra de tropeço para muitos
que professam sua fé? Quando Ele diz, “Benditos aqueles que veem em mim
motivo de tropeço”, ele está supondo que tanto sua pessoa quanto sua doutrina
não ofenderão o homem em geral. Não que isso seja o design de Cristo e do
evangelho – mas ele perpassou a corrupção dos corações dos homens, que o
trataram com pouco caso, e permaneceram contra a vida e a graça com a qual
ele com seu sangue comprou, e agora oferece gratuitamente mediante o
evangelho – logo, a recusa consciente do evangelho duplica nossa condenação,
assim como nossa aceitação dele assegurará nossa eterna salvação.
Considere isto, é um assunto da mais séria importância do mundo! A maneira
como nos conduzimos no evangelho, e com que disposições e afeições de
coração, determina os estágios da graça na alma. Estou trazendo este assunto
para que lhe demos a devida importância, pois neste momento você está
próximo do céu ou do inferno, da salvação ou da condenação. Não se glorie dos
privilégios que tens gozado, se negligencias os deveres que deves exercer!
Assim como muitos vão para o céu pelas portas do inferno – quantos mais vão
para o inferno pelas portas do céu! O numero daqueles que professam a Cristo
é deveras maior do o numero daqueles que realmente foram salvos por Cristo.
Meus amados, eu sei que a pregação do evangelho encorajou muitos de vocês
a se professarem por ele; mas eu temo que apenas alguns poucos de vocês
foram trazidos à fé verdadeira que os uniu a Cristo para salvação. Eu lhes
imploro que me suportem aqui por um momento, pois o que digo é fruto de meu
terno amor por suas preciosas almas.
Muitos homens são bons cristãos apenas segundo sua própria opinião; mas vós
sabeis muito bem, que a lei não permite a nenhum homem testemunhar em
causa própria, porque suas afeições geralmente sobrepõem a consciência, e o
senso de valor próprio engana e trapaceia a verdade visando os próprios
interesses. O coração do homem é o maior impostos e enganador do mundo! O
próprio Deus já disse isso (Jr 17:9-10). Alguns dos enganos do coração, vós
encontrareis neste Tratado que mostrarei a vocês, dizendo que toda graça
possui uma imitação falsa correspondente, e que ainda que haja a mais elevada
profissão de fé, pode não haver verdadeira conversão.
Não vos escrevo a fim de “esmagar a cana quebrada, nem apagar a torcida que
fumega” (Mt 12:20). Não pretendo desencorajar o cristão fraco – mas despertar
aqueles firmes de sua profissão de fé. Não pretendo entristecer os corações de
quem “Deus não tornou triste” (Ez 13:22); embora seja difícil expor a condição
perigosa do hipócrita professo – mas quero que o cristão fraco pense sobre si
mesmo a medida que fizer as descobertas. E lembrem-se que a um tempo
preguei um sermão sobre sinceridade entre vós, para encorajar alguns.
Dedico estes escritos a vocês de forma dupla; não tendo esse assunto sido
pregado – porque foi meu amor por vocês que o originou, logo, não foi ainda
muito impresso, mas que a procura incessantes de vós, leve a muitas
impressões desses escritos. E espero que, seja qual for o divertimento que
encontrares neste mundo, que possam apreciar esse escrito, considerando que
nasceu debaixo de seu teto – escrito por seu pastor – e que ache favor em seus
olhos e habitação em seus corações. Aceitem-no, eu imploro, como um
reconhecimento público do cuidado de vós para comigo, o qual poderei retribuir
apenas com orações; e prometo lembrar-me de vós diante do trono da graça.

MATTHEW MEAD

AO LEITOR
Agora escrevo ao meu leitor, e lhe digo, você tem em suas mãos uma das mais
tristes considerações imagináveis já apresentadas a você, que é, “Quão longe é
possível para alguém ir na sua profissão de fé, na sua caminhada na religião –
e ainda assim, não alcançar a salvação; quão longe ele pode correr – mas nunca
o bastante para cruzar a linha de chegada. Digo que isso é muito triste – mas é
verdade; pois nosso Senhor atesta isto, “Esforça-te para entrar pela porta
estreita; pois muitos procuração entrar, e não poderão!” Meu intento aqui, é que
aquela que já professou sua fé formalmente possa ser despertado, e que o
hipócrita oculto seja descoberto; mas temo que aqueles crentes mais fracos
possam se sentir desencorajados; pois é difícil mostrar o quão baixo um filho de
Deus pode ir no pecado – e ainda assim ter sido alvo da graça – e o quão elevado
pode ir um hipócrita professo – e ainda assim não possuir nenhuma graça.
Prevenindo-me disso, esforcei-me cuidadosamente, em mostrar que, embora um
homem possa ir tão longe e ainda assim não seja cristão - ainda assim um
homem pode ficar aquém disso e, apesar disso, ser um verdadeiro cristão.
Por isso não julgue seu estado considerando apenas uma única característica
aqui apresentada do “quase-cristão”; mas leia toda a obra e só depois pondere
a respeito; pois não quero lançar o pão dos filhos aos cães, e nem assustar os
filhos com a vara dos cães! Desejo que este livro caia nas mãos daqueles que
realmente se preocupam com este assunto – que temem que, mesmo “sabendo
sobre a vida, estejam mortos”; e que mesmo tendo se ocupado com as
“aparências de piedade”, temem ainda não conhecem em suas vidas a eficácia
da piedade. Este livro é sobre isso. Que o Senhor os abençoe da forma que
achar melhor, que possa vos despertar, especialmente a esta geração de
pessoas que professam ser cristãs; que pensam que pelo muito ir à igreja, dobrar
os joelhos e orar, pensam que estão a caminho do céu – mas que na verdade
possuem o inferno no coração, o veneno da serpente em suas línguas, a
carnalidade em suas mentes e a impureza e imundície em suas conversações.
Se a vida eterna fosse tão fácil como muitos acham e não custasse caro – então
por que nosso Senhor disse “Estreita é a porta e apertado o caminho que conduz
à vida, e são poucos que acertam o caminho?” E por que o apostolo nos exortaria
a confirmarmos nossa eleição e vocação com diligencia? Certamente, portanto,
não é fácil ser salvo, e isso você verá claramente nos escritos que se seguem.
Deixe-me lembra-lo de cinco importantes deveres:
Primeiro, Jamais descanse em alguma forma de piedade; como se os deveres
pudessem lhe conferir e garantir graça. A formalidade sem vida é tida como
estimada no mundo de hoje, assim como um esterco de pomba foi vendido na
fome de Samaria por preço elevado (2Re 6:25). Atenção! A profissão de fé, por
si só, é um fundamento incerto, arenoso para se construir a esperança de uma
alma imortal para a eternidade! Lembre-se que Jesus chamou-o de tolo
construtor, que ergueu sua casa na areia, pois caiu e grande foi sua ruína! Tenha
seu fundamento pela fé na rocha Cristo Jesus; olhe para Ele e descanse Nele.
Segundo, Se esforce para enxergar excelência no poder da piedade, e beleza
na vida de Cristo! Se os meios da graça possuem beleza neles, então a própria
graça possui muito mais beleza; pois o valor dos meios repousa em sua utilidade
e capacidade de adequação em todas as situações. A aparência de piedade não
possui nenhuma piedade em si, a não ser que essa piedade se torne útil e
praticável em poder na alma do homem. A vida de santidade é a única vida
excelente; é a vida dos anjos e santos no céu; sim, é a vida do próprio Deus! E
isso já nos mostra a sujeira e podridão do pecado – e os não convertidos querem
ocultar isso o máximo possível; mas também isso nos prova a excelência da
piedade – que muitos pensam que tem e fingem que tem. A profissão de fé do
hipócrita é a favor da causa da verdadeira religião; embora o hipócrita está em
seu estado mais degradante quando aparenta estar em sua melhor fase.
Terceiro, Tenha como realidade absoluta as coisas eternas que estão por vir;
pois aquilo que não é sinceramente crido não pode afetar nossas afeições! Essa
é a razão pela qual muitos fixam suas afeições nas coisas deste mundo,
colocando a criatura no lugar do Criador! A maioria de nós julga algo como real
baseado na visibilidade e proximidade daquilo; e por isso, aquilo que é mais
crucial – invisível – acaba se tornando uma mera opção.
Que a cobiça seja chamada pelo nome correto – idolatria – quando optamos que
o mundo seja nosso deus! Considere isto: a eternidade não é um sonho! O
inferno e o verme que jamais perece não são fruto de uma mente melancólica!
O céu não é um Elísio imaginário! Essas coisas fazem parte da única realidade
existente, e mesmo não sendo visíveis pelos olhos humanos, podem ser vistas
pelos olhos da fé. Não foque naquilo que se vê, mas no que não se vê – pois o
que se vê é passageiro, e o invisível é eterno.
Quarto, Valorize, e muito, a sua alma. Aquilo que pouco damos valor, deixamos
ir facilmente. Muitos vendem suas almas pelo mesmo preço que o profano Esaú
– um prato de lentilha – oh não, vendem suas almas ao pecado. Considere sua
alma como a joia mais valiosa do mundo; é a peça mais linda da obra de Deus
na criação; ela é quem carrega a imagem de Deus e foi comprada pelo sangue
do Filho; não devemos considera-la preciosa?
O apóstolo Pedro fala de três coisas preciosas:
1. O precioso Cristo
2. As preciosas promessas
3. A preciosa fé
A preciosidade dessas três coisas reside em sua utilidade e ação na alma
humana. Cristo é precioso como o redentor das preciosas almas. As
promessas são preciosas pois foram feitas pelo precioso Cristo às preciosas
almas. A fé é preciosa pois aproxima a preciosa alma ao precioso Cristo que
fez as preciosas promessas. Oh, não valorize coisas terrenas e não
desvalorize sua alma. Deve sua carne ser amada e sua alma desprezada?
Deve seu corpo ser adornado e sua alma deixada nua? É como se um pai
alimentasse o cão e deixasse o filho morrer de fome! O alimento é para o
estômago, e o estômago para o alimento; mas Deus destruirá a ambos. Não
permita que seu corpo – esta carcaça que perece – toma todo seu tempo e
cuidado – como se sua vida e salvação não valessem nada!
E por último, Medite e muito na proximidade e repentina vinda do dia do
juízo, pelo qual você passará, e de onde entrará no estado eterno; aonde
Deus, o imparcial juiz, irá requerer a conta exata de nossas mãos e nossos
talentos e bençãos recebidas. Precisaremos prestar conta de como gastamos
nosso tempo; de como administramos nossos bens; de como empregamos
nossa força; de como crescemos através dos meios da graça disponíveis; de
como cuidamos de nossos relacionamentos; de como reagimos nos tempos
de aflição. Veja! Preste atenção! O que semearmos aqui colheremos
eternamente! Deus já decretou um dia em que Ele julgará o mundo com
justiça! Dele não se zomba, o que semearmos, colheremos!
Leitor, essas são as questões que devem receber nossa mais importante
consideração, embora sejam as menos lembradas pela maioria. Considere
como o espírito de ateísmo tem enchido os corações dos homens, fazendo-
os viverem como se não existisse um Deus a ser servido, um Cristo a ser
buscado, uma luxúria a ser mortificada, um EU a ser negado, uma Escritura
a ser crida, um dia de juízo a ser lembrado, um inferno a ser temido, um céu
a ser desejado, nem uma alma a ser valorizada; pelo contrário, eles se
entregam às mais brutas sensualidades, “havendo perdido todo o sentimento,
se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza”
(Ef 4:19); vivendo sem Deus no mundo – este é um reflexo apropriado para
quebrar nossos corações, se ao mínimo tivéssemos o santo temperamento
de Davi, que “viu suas transgressões e lamentou”, teve “rios de lagrimas
correndo de seus olhos, porque os homens não guardam a lei de Deus”.
A prevenção e correção desse desequilibro destruidor da alma, não é, em
última análise, o objetivo deste Tratado que você tem em mãos. Embora o
alvo central desses escritos sejam o soberano uso deles para a cura do
câncer da hipocrisia, pode também servir, com a benção de Deus, como um
unguento contra a praga da profanidade, se for aplicada em tempo hábil
através da séria meditação e lido e absorvido sob intensa oração.
Leitor, não leia apenas por curiosidade, caso contrário, deixe pra lá; mas se
desejas testar seu estado de fé atual, talvez essa leitura lhe seja útil. Se você
ainda não fez sua profissão de fé, ou é um professo hipócrita, então leia e
trema, pois é a pessoas como você que escrevi tudo isso. Mas se o Reino de
Deus já veio com poder à sua alma; se Cristo tem sido formado em ti; se teu
coração é correto e sincero para com Deus – então leia e regozije-se.
Que o poderoso Deus - cuja prerrogativa sempre é ensinar para abençoar,
seja através da língua ou da pena, da fala ou da escrita – abençoe estes
escritos, que eles sejam em ti como a chuva em terra seca, encharcando tua
alma, enchendo seus cestos com o maná do céu, fazendo-lhe crescer na
graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

SEU AMIGO E SERVO,


MATTHEW MEAD, LONDRES, OUTUBRO, 1661.

INTRODUÇÃO

“Por pouco me persuades a me fazer cristão” Atos 26:28


No capítulo 26 de Atos, vemos a apologética e argumento de defesa de
Paulo, feito perante aqueles judeus cegos que tão maliciosamente o
acusavam perante Agrippa, Festus, Bernice e o conselho. Em seu apelo,
Paulo insiste em três coisas:
1. Seu modo de vida antes da conversão. Como ele vivia antes da conversão
ele expõe dos versos 4 a 13.

2. A maneira que se deu sua conversão. Ele expõe como Deus o atraiu para
Si dos versos 13 a 18.

3. Seu modo de vida após a conversão. Sua vida de convertido ele nos conta
dos versos 19 a 23.

Antes da conversão ele era muito farisaico. Seu modo de conversão foi muito
fantástico. O fruto de sua conversão foi muito memorável. Antes da
conversão ele perseguia o evangelho que outros pregavam; depois de
convertido, ele pregava o evangelho que ele mesmo havia perseguido.
Enquanto era um perseguidor do evangelho, os judeus o amavam; mas
agora, pela graça de Deus, ele se tornou pregador do evangelho – e agora
os judeus o odiavam e queriam mata-lo. Ele já foi contra Cristo, e muitos o
apoiavam; mas agora ele era por Cristo e todos eram contra ele; sua
inimizade contra Cristo lhe atraía amigos; mas agora sua filiação com Cristo
lhe atraía inimigos. E essa era a acusação que tinham contra ele, o grande
opositor se tornou o grande professo. Porque Deus o mudou – isso os
enraivecia contra ele! Como se eles fossem se tornar piores pelo fato de Deus
o haver feito melhor. Deus veio a ele com graça – e eles pareciam invejá-lo
por essa graça. Ele pregava sem traição, não buscava sedição; apenas
pregava arrependimento e fé em Cristo, e a ressurreição e por isso ele foi
“chamado à questão”.
Esse é um resumo da defesa de Paulo em favor de si mesmo, e ela teve um
efeito bem diferente em seus acusadores. Festo pareceu censurá-lo no verso
24. Agripa pareceu ser convencido no verso 28. Toda a bancada pareceu
absolve-lo no verso 30 e 31. Festo pensou que Paulo havia enlouquecido.
Agripa quase foi persuadido a se tornar como ele. Festo não entendia a
doutrina de Cristo e disse que “as muitas letras o faziam delirar”! Agripa foi
tão afetado pelo apelo, que quase foi convencido por ele, chegando a quase
fazer sua profissão.
“Então, Agripa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer
cristão.”
“Por pouco!” Veja com que eficácia a doutrina de Paulo atingiu a consciência
de Paulo. Ele não foi convertido, mas foi convencido; sua consciência foi
tocada, embora seu coração não tenha sido renovado.
Observação: A verdadeira religião pode ter esses efeitos, até mesmo nas
consciências de homens ímpios.
“Me persuades”. A palavra significa prevalecer pelos argumentos usados.
Isso mostra a influencia do argumento de Paulo sobre Agripa, causando-lhe
quase um proselitismo através da profissão do Cristianismo. “Quase me
persuades a me fazer cristão”.
“Um Cristão”. Eu espero não ter que lhe dizer o que é ser um cristão, embora
eu saiba que muitos que se chamam de cristãos não sabem o que é ser
cristão; ou se sabem o que é, não sabem o que é viver como um. Um cristão
é um discípulo de Cristo, que crê e segue a Cristo. Assim como alguém que
abraça a doutrina de Armínio é chamado Arminiano; e aquele que segue a
Lutero é chamado Luterano; assim aquele que abraça e possui e segue a
doutrina de Cristo – é um verdadeiro cristão.
A palavra “cristão” pode ser usada de modo mais amplo e mais estrito.
Mais amplo – todos aqueles que professam que Cristo veio em carne neste
mundo, são chamados cristãos, ao contrário dos pagãos que não conhecem
a Cristo; ao contrário dos pobres judeus cegos, que não o receberam; ao
contrário dos muçulmanos que professam Maomé.
Mas na Bíblia, a palavra “cristão” é usada de modo mais restrito,
denominando apenas os verdadeiros discípulos e seguidores de Cristo; Ela
aparece 3 vezes no Novo Testamento: 1 - “os discípulos foram chamados
pela primeira vez de Cristãos em Antioquia” (At 11:26); 2 - “Se qualquer um
sofrer por ser um cristão, que não se envergonhe” (1Pe 4:16); e 3 – neste
texto de Atos 26:28. Nestas três vezes a palavra possui o mesmo sentido.
Os italianos usam a palavra “cristão” como uma reprovação entre eles,
significando um “tolo”. Mas se, como diz o apóstolo, a pregação de Cristo é
tolice para o mundo, então um discípulo não deve se impressionar se for um
tolo para este mundo. Na verdade, independente disso acho que, em certo
sentido, um cristão é realmente um tolo, afinal a piedade é um mistério.
Devemos morrer para viver; nos esvaziar para sermos cheios; nos perder
para sermos achados; ter nada para possuir todas as coisas; ser cegos para
sermos iluminados; estar condenados para sermos redimidos; logo, todo
cristão é de fato um tolo. Loucura total é o cristianismo. “Se alguém dentre
vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto para se tornar sábio” (1
Cor 3:18). O verdadeiro cristão é tolo para o mundo, mas sábio para a
salvação.
Desejo que vocês sejam não apenas quase – mas totalmente cristãos. É obra
de Deus realizar isto – mas é nosso dever persuadi-los a isto; e que Deus me
ajude a expor esse assunto para que ao concluir, vós possais dizer “Fui
persuadido a ser um cristão completo”!
A observação que pretendo fazer agora é esta:
Doutrina – Existem muitas pessoas hoje no mundo que são quase cristãs;
muitos que estão próximos do céu – e jamais próximos o suficiente para
entrar lá; muitos que estão a um passo da salvação – e jamais se alegrarão
nela; que já contemplaram um relance do céu – e jamais contemplarão a face
de Deus.
Há duas expressões muito tristes nas Escrituras que devo dar atenção aqui.
Uma tem a ver com o verdadeiro justo. A outra tem a ver com o aparente
justo. É dito do verdadeiro justo que ele será salvo “com dificuldade” (1Pe
4:18); e é dito do aparente justo, que ele quase será salvo, “Não estás longe
do reino de Deus” (Mc 34:12). O justo será salvo com dificuldade, através de
muita dificuldade; ele irá para o céu possuindo terríveis medos do inferno. O
hipócrita quase será salvo, mas irá para o inferno tendo muita esperança do
céu.
Dois pensamentos se originam daí, da séria meditação nisso. Uma é “Quão
baixo um crente pode decair em sua vida – e ainda possuir a graça divina”. A
outra é “Quão elevado um hipócrita pode alcançar no caminho para o céu –
e não ter graça alguma”. O santo pode até chegar bem próximo do abismo
do inferno – e jamais cair ali; e o hipócrita pode quase tocar os portões
celestiais – e jamais passar por ali. O santo pode quase perecer – e ser salvo
eternamente; o hipócrita pode quase ser salvo – e perecer eternamente. O
santo em seu pior estado – ainda é um salvo; o hipócrita em seu melhor
estado – ainda é um pecador impenitente.
Antes de adentrarmos sobre a doutrina, preciso lançar três coisas, que
podem ser de grande uso para os crentes mais fracos, para que não sejam
desencorajados pela doutrina em si:
Primeiro, não há absolutamente nada na doutrina que deva servir de tropeço
ou desencorajamento para os crentes fracos. O evangelho não toca nesses
assuntos visando ferir os verdadeiros crentes – mas visando despertar
pecadores impenitentes e os professos convictos de sua fé. Assim como os
mais fracos podem ser rápidos em aplicar as promessas e confortos do
evangelho a si mesmos; da mesma forma, infelizmente, eles podem ser
rápidos também em aplicar a si mesmos as ameaças e severidades da
Palavra. Assim como os discípulos inocentes suspeitaram de si mesmos
quando Cristo disse “Um de vós irá me trair” e perguntaram “Mestre, serei
eu?”, assim também o cristão fraco quando ouve o pecador sendo
repreendido ou o hipócrita sendo exposto, irá clamar a plenos pulmões
“Mestre, serei eu? Será que fala de mim??”
O hipócrita comete o erro de olhar os testes e descobertas na Palavra e não
as considerar devidamente. O crente fraco erra quando tira conclusões
precipitadas sobre seu próprio estado baseado em premissas que não lhe
dizem respeito.
O uso correto desta doutrina na vida de todo crente é evidenciado pelos
seguintes efeitos:
1. Os faz olhar atentamente para o fundamento onde se encontram – para
que o fundamento de sua esperança esteja devidamente assentado sobre
a rocha, e não sobre a areia.

2. Os ajuda a serem elevados em admiração do soberano amor de Deus em


nos conduzir nas veredas antigas – onde muitos perecem no caminho –
e em capacitar nossas almas para a conversão, quando muitos tem nada
mais que uma profissão fora da graça.

3. Os convence da excelência do dever do autoexame, para que sejam


aprovados em sinceridade perante Deus.

4. Torna suas almas duplamente diligentes, para que não somente creiam,
mas perseverem na fé até o fim. Esses deveres – assim como este, fazem
com que esta doutrina seja bem usada e aplicada a todos os crentes;
tendo o cuidado para não a tornar em pedra de tropeço em sua busca por
paz e conforto.

Primeiramente, meu intento em lhes pregar nesse assunto não é tornar tristes
as almas a quem Cristo não tornou tristes. Venho lhes trazer água – não para
“apagar a torcida que fumega”, mas para apagar o fogo falso aceso pelo falso
convertido que, pensando estar na luz, em breve perecerá em trevas. Meu alvo
é demolir a montanha da confiança do falso convertido, e não enfraquecer as
mãos da verdadeira fé do cristão fraco. Meu alvo é despertar os pecadores
professos de sua fé – e não desencorajar os fracos cristãos.
Em segundo, direi o seguinte: Ainda que muitos possam ir muito longe no
caminho para o céu e ainda jamais alcança-lo, a alma que possui a graça divina
jamais perecerá; “O justo segue o seu caminho” (Jó 17:9). Ainda que muitos
realizem muita coisa em seus deveres religiosos e ainda saiam do caminho,
como mostrarei – porém a alma sincera jamais se desviará “pois Ele salva os
retos de coração” (Sl 7:10). A menor medida da verdadeira graça é tão salvífica
quanto a maior medida; ela salva com certeza, mas não de modo confortável. A
menor porção da graça nos concede uma imersão plena no sangue de Cristo; e
nos dá Sua força e poder, para sermos preservador. Cristo preserva a fé na alma
e a fé preserva a alma em Cristo; e assim “somos guardados pelo poder de Deus,
mediante a fé para a salvação” (1Pe 1:5).
Em terceiro, direi o seguinte: Aqueles que lerem as verdades aqui escritas e
não refletirem e se examinarem com a devida seriedade, suspeito de sua
condição espiritual. Assim como você suspeita que, alguém que não examina
suas contas e gastos está próximo da falência, do mesmo modo eu penso que
alguém que nunca perscruta o próprio coração é um hipócrita. Uma pessoa que
simplesmente segue a vida cumprindo deveres religiosos sem nunca duvidar de
seu estado de alma – duvido de sua salvação mais do que de qualquer outra!
Quando vemos uma pessoa doente num estado de insensibilidade, podemos
concluir que os sinais da morte estão próximos. De igual modo, quando
pecadores já estão insensíveis quanto a sua condição espiritual, fica claro que
já estão mortos em seus pecados; os sinais da morte eterna pairam sobre eles!
Tenham essas três coisas em mente durante todo o tempo que lerão estes
escritos.
Doutrina: Irei mostrar-lhes a verdade de minha proposta aqui; e o farei usando
de evidências bíblicas, que falam amplamente do assunto.
Primeiro, aquele jovem rico que falou com Jesus prova totalmente a veracidade
de meus argumentos; ali vemos um jovem querendo saber o caminho da vida
eterna, “Bom Mestre, o que devo fazer para alcançar a vida eterna?” Cristo lhe
disse, “Se queres a vida guarde os mandamentos”. E aí o jovem responde,
“Senhor, tudo isso tenho feito desde minha mocidade; então o que falta?”
Agora veja com atenção o quão longe aquele jovem conseguiu ir na caminhada:
1. Ele obedecia – ele não apenas ouvia os mandamentos, mas os guardava;
a Bíblia diz, “Bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e
a guarda.”

2. Ele a obedecia integralmente – não apenas essa ordem ou aquela – mas


tanto esta quanto aquela; ele não negociava com Deus, nem escolhia qual
era mais fácil. Não, ele obedecia a tudo, “Todas essas coisas tenho feito”.
3. Ele obedecia constantemente – não num acesso de zelo temporário – mas
era seu dever continuamente; sua piedade não era temporária. Não, “tudo
isto tenho guardado desde minha mocidade.”

4. Ele professou seu desejo em conhecer mais e mais – seu desejo de


aperfeiçoar aquilo que estava faltoso de obediência. Por isso foi a Cristo
para instrui-lo em seu dever, “Mestre, o que ainda me falta?”

Não poderíamos pensar que este é um bom jovem? Veja! Atenção! Olhe isso! O
quão longe ele foi! E mesmo assim ele não alcançou! Ele quase alcançou – mas
ficou no quase. Um quase-cristão! Ele era um hipócrita declarado; abandonou a
Cristo e se agarrou a seus desejos! Pronto, aqui fica totalmente provado a
veracidade desta doutrina que irei expor aqui.
Uma segunda prova desta doutrina é a parábola das dez virgens em Mateus
25. Veja o progresso delas, o quão longe elas foram em sua profissão de Cristo.
1. Eram chamadas “virgens”. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento,
esse nome é dado aos santos de Cristo, “As virgens o amam!” (Ct 1:3). Aí
em Apocalipse, os “cento e quarenta e quatro mil” que estavam diante do
Cordeiro no Monte Sião, foram chamadas “virgens”, porque não estavam
maculados com as corrupções deste mundo.

2. Elas tinham suas “lâmpadas” – ou seja, fizeram sua profissão de Cristo.

3. Elas tinham “alguma medida de óleo” nas lâmpadas. Ou seja, elas tinham
alguma medida de convicções e alguma medida de fé, embora não da fé
salvífica que manteria suas lâmpadas acesas.

4. Elas “saíram” – ou seja, sua profissão de fé não era estática; elas tinham
deveres, cumpriam ordenanças – e seguiam as ordens direitinho. Elas
faziam progresso.

5. Elas “saíram ao encontro” – ou seja, deixaram muitas coisas pra trás; se


separaram do mundo e das coisas do mundo.

6. Foram junto às virgens sábias – ou seja, foram companheiras de


caminhada com outras pessoas que se decidiram pelo Senhor.

7. Foram “ao encontro do noivo” – elas buscavam a Cristo.

8. Quando ouviram que o noivo estava próximo, “despertaram e foram atrás


de suas lâmpadas”; aqui elas professam a Cristo com mais intensidade,
ansiando estar com o noivo.

9. Elas buscavam a verdadeira graça. Alguns de nós dizem que o desejo


pela graça é, em si, uma graça. Concordo, desde que esse desejo venha
em tempo oportuno. Por exemplo, veja as virgens, elas desejavam a
graça, “Nos dê um pouco de seu óleo!” Era um desejo, mas não um desejo
sincero. Não era sincero porque não foi no tempo devido; foi falso por ser
fora de tempo; foi tarde demais. Seu erro foi não ter buscado óleo
enquanto tinha tempo; o tempo certo era no momento que foram a Cristo
pela primeira vez. Mas agora já era tarde demais. Deviam ter buscado
graça quando fizeram sua profissão: mas agora chega o noivo e o tempo
acabou! E por isso, “elas ficaram de fora!” E mesmo que chorando
dissessem, “Senhor, abra-nos a porta!”, Ele lhes dirá, “Em verdade te digo
que não vos conheço!”.

Consegue perceber o quão longe essas virgens foram em sua caminhada – e


quão longe irão até o dia da vinda do noivo; chegarão até os portais do Paraíso
– e ali, como os Sodomitas, perecerão com as mãos na maçaneta da glória!
Eram apenas quase-cristãos... Quase salvos... e pereceram!
Ouçam-me todos os que professam o evangelho de Cristo! Ouçam-me e tremam!
Se aqueles que se foram antes de nós ficaram aquém do céu, o que será de nós
se ficarmos aquém deles!? Se aqueles eram virgens, que professaram a Cristo,
tiveram alguma fé na profissão, que tiveram algum fruto nessa fé, que falavam
de Cristo a outros, que aprimoravam sua profissão, que se adequavam a ela;
que buscavam graça, se eles que faziam tudo isso, foram quase-cristãos,
Senhor, o que é que somos então!?
E se a parábola das virgens e a história do jovem rico não lhe forem suficientes
pra provar a verdade desta doutrina, lhes dou uma terceira prova, desta vez
tirada do Antigo Testamento. Isaías 58:2: “Ainda me procuram dia a dia, têm
prazer em saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa
o direito do seu Deus, perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se
chegar a Deus”. Veja o que Deus disse do povo; alguém pode pensar, “nossa,
Deus estimou e muito o caráter do povo”. Veja o quão longe este povo foi! Se
Deus não tivesse dito noutro texto, que eles eram podres e doentes, até
pensaríamos, pela mera leitura, que Deus os estava colocando entre os grandes.
Observe:
1. Eles buscavam a Deus. Essa é uma característica de um verdadeiro
santo. Verdadeiros santos são chamados de “buscadores de Deus”. “Essa
é a geração daqueles que te buscam” (Sl 24:6). Buscavam a Deus
mesmo; não são esses verdadeiros santos? Não, veja bem,

2. Eles o buscavam diariamente. Diligencia continuada, dia após dia; todo


dia. Não o buscavam apenas em meio a aflição, como muitos fazem.
“Senhor, na angústia te buscaram; vindo sobre eles a tua correção,
derramaram as suas orações” (Is 26:16). Muitos só vão até Deus quando
Deus vai até eles! Quando Deus lhes põe em aflições – só aí eles
derramam suas súplicas. Isso não é devoção de verdade, é devoção de
marujo! Quando a tempestade vem com tudo sobre eles – só aí clamam
ao Senhor. Muitos nunca irão ao Senhor enquanto tiverem tudo sob
controle; nunca pedirão Sua ajuda, enquanto puderem ajudar a si
mesmos.

Mas esses aqui do texto de Isaías 58:2, eram mais zelosos em sua
devoção; outros faziam da necessidade uma virtude, mas esses faziam
da consciência o seu dever, “me buscam dia a dia”. Alguém pode pensar,
“Ah, mas isso é um ato de sinceridade!” Porém, Jó disse o seguinte sobre
o hipócrita, “Invocará a Deus em todo o tempo?” (Jó 27:10). Claro que
não! Mas esse povo invocava a Deus sempre, logo alguém pode achar
que por isso não eram hipócritas!

3. Deus disse, “Têm prazer em saber os meus caminhos”. Pronto, agora


alguém pode pensar de vez que esse povo não era hipócrita! Afinal, eles
não diziam a Deus, “Afasta-te de nós, pois queremos seguir nossos
próprios caminhos.”

4. Eles eram como uma nação correta. Não apenas uma nação que falava
de justiça, ou que conhecia justiça ou que professava justiça; mas uma
nação que praticava a justiça, que praticava o que era justo e reto. Eles
pareciam, aos olhos do mundo, os melhores do mundo.

5. Eles não se esqueciam das ordenanças de Deus. Eles pareciam


autênticos em seus princípios e constantes em sua profissão. Pareciam
melhores que muitos de nós aqui hoje, que negligenciam seus deveres e
se esquecem das ordens de Deus. Mas eles? Não, eles sempre se
lembravam de tudo.

6. “Eles perguntam-me pelos direitos da justiça”. Eles não tinham suas


próprias leis de certo e errado – mas tinham a lei e a vontade de Deus; e,
portanto, em todos os seus modos de lidarem com as coisas e pessoas,
seu desejo era guiado e aconselhado por Deus, “Eles perguntam-me
pelos direitos da justiça”.

7. Eles se alegravam em se aproximar de Deus. “Claro que isso não pode


ser sinal de hipocrisia”, alguém pode pensar. Mesmo Ele sendo o maior
deleite do homem, ainda assim os hipócritas não irão se deleitar Nele. A
menos que nossos afetos sejam feitos espirituais, nunca teremos afeição
nas coisas espirituais. Deus é espírito – e por isso os hipócritas estão
impedidos de se deleitarem Nele. Mas veja! Esse povo se deleitava em
Deus!

8. Eles eram um povo que jejuava. Agora, esse é um dever que requer a
presença da graça no ser completo, e não apenas no coração. Para jejuar
devidamente, devemos ter não apenas a verdade da graça em nosso
coração, mas a força da graça em nosso corpo. Cristo disse, “Ninguém
põe vinho novo em odres velhos, pois o odre se quebra e o vinho se
perde.” O novo vinho é forte – e os odres velhos são fracos; e o vinho forte
quebra o odre velho: Essa é a razão dada por Cristo quanto a seus
discípulos – que eram novos convertidos e ainda fracos – não serem ainda
treinados para esta austera disciplina. Mas esse povo de Isaías 58:2, era
um povo que jejuava, que afligiam suas almas, praticavam atos de
humilhação. Alguém pode pensar, “Ah isso sim é vinho novo em odres
novos! Esse povo era forte na graça!”

E mesmo com todas essas características, eles não passavam de uma


geração de hipócritas; fizeram um santo progresso – e foram longe – mas
não longe o suficiente; foram deixados de fora. Espero que a esta altura,
a veracidade desta doutrina já esteja suficientemente provada para vós –
é possível sim que alguém vá muito longe na caminhada, mas não passe
de um quase-cristão.

Agora para prosseguirmos mais direto ao ponto:

1. Vou lhes mostrar, passo a passo, o quão longe alguém pode ir, que feitos
pode alcançar, quão singular e especial seu progresso pode ser – e ainda
assim ser apenas um quase-cristão.

2. Lhes mostrarei o porquê de alguém conseguir ir tão longe mesmo sendo


um quase-cristão.

3. Mostrarei por que eles são considerados quase-cristãos, mesmo tendo


ido tão longe na caminhada.

4. Mostrarei o porquê de alguém, mesmo tendo ido tão longe, não


conseguirá ir além de ser um quase-cristão.

FIM DA INTRODUÇÃO
TEM MUITO MAIS. AGUARDE

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