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Prefácio
Um – A Terceira Pessoa
Três – O Advogado
Quatro – O Santificador
Seis – O Iluminador
SINOPSE
EXISTÊNCIA E SUBSISTÊNCIA
Uma das brincadeiras que eu gostava de fazer com meus alunos de seminário era
perguntar-lhes: Deus existe? Eles respondiam: “É claro que Deus existe”. Então,
eu dizia: não, Deus não existe. E sempre era divertido ver a feição de horror que
aparecia no rosto deles, quando começavam a se perguntar se o seu professor
havia abandonado o cristianismo e renunciado a sua fé. Mas logo eu tinha
misericórdia deles e explicava que estava fazendo uma pequena brincadeira
filosófica, ao afirmar que Deus não existe.
A palavra existir vem do latim existere, que significa “estar fora de”.
Portanto, a palavra existir significa, literalmente, “estar fora de”. A pergunta
óbvia é: do que um ser existente está fora?
A ideia de existência tem suas raízes na filosofia antiga, quando os
filósofos se preocupavam muito com a questão do ser. Nós também nos
preocupamos com esta questão. De fato, quando fazemos a distinção entre Deus
e nós mesmos, nós o identificamos como o Ser Supremo, e a nós mesmo, como
seres humanos. Entretanto, essa distinção é, de certo modo, enganadora. Ambas
as descrições usam a palavra ser; por isso, buscamos adjetivos qualificadores para
estabelecer a diferença entre Deus e nós mesmos: ele é Supremo, e nós somos
humanos. Na realidade, a grande diferença entre Deus e o homem é o próprio
ser. Deus é um ser puro, um ser que tem sua vida em e por si mesmo,
eternamente. Um ser humano é uma criatura, um ser cuja própria existência
depende, de momento a momento, do poder do Ser Supremo. O ser de Deus não
depende de nada, nem se deriva de nada. Ele tem o poder de ser em e por si
mesmo.
Quando os filósofos antigos falavam sobre existência, usando a palavra
latina que significa “estar fora de”, pretendiam dizer que existir significa estar
fora do ser. O que isso significa? Imagine dois círculos que não se sobrepõem. O
primeiro circulo é “ser”, e o segundo é “não ser”, um termo requintado que
corresponde a “nada”. Agora imagine um boneco palito entre os dois círculos,
com seus braços estendidos. Um braço se estende e penetra o circulo intitulado
“ser”, e o outro braço chega até dentro do círculo intitulado “não ser”. Isto é uma
figura da humanidade. Participamos do ser, mas, ao mesmo tempo, estamos
sempre a um passo da aniquilação. A única maneira de podermos continuar
existindo é mantermos nossa conexão com o circulo intitulado “ser”, porque esse
circulo representa Aquele em quem, como o apóstolo Paulo disse, “vivemos, e
nos movemos, e existimos” (At 17:28) – ou seja, Deus. Mas, embora participemos
desse ser e sejamos sustentados por ele, estamos apenas a um passo do não ser.
Nosso boneco palito imaginário é uma ilustração do que os filósofos
tinham em mente, quando falavam sobre “estar fora” do ser. Podemos dizer que
os humanos estão num estado de “tornar-se”. Passamos por mudança. O que
somos hoje é diferente do que éramos ontem e do que seremos amanhã, se, ao
passarmos de um dia para outro, envelhecemos 24 horas. É esta faceta do ser
humano, a mudança, que define existência. Mudança, geração, decadência,
crescimento e envelhecimento são todas características de nossas vidas. Deus,
porém, é eternamente constante. Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre.
Em resumo, quando os filósofos falavam em existência, estavam definindo
o que significa ser uma criatura. Portanto, quando fiz a brincadeira com meus
alunos de seminário, quando afirmei que Deus não existe, não pretendia dizer
que não há Deus. Queria dizer apenas que Deus não é uma criatura. Ele não está
preso a espaço e tempo, sujeito a mudança, geração ou decadência. Deus é
sempre e eternamente o que ele é. Deus é o “EU SOU”.
Quando falamos sobre as pessoas da Divindade, não usamos tipicamente
a palavra existência, usamos a palavra subsistência. Qual é a diferença entre
estas palavras? Usamos a palavra subsistência em nosso vocabulário, quando
falamos sobre alguém que vive na pobreza. Falamos sobre uma renda de
subsistência, que é um salário deficiente, ou uma dieta de subsistência, que provê
somente os nutrientes básicos. Observe, porém, que esta palavra inclui o prefixo
sub, que significa “sob”. Portanto, subsistência é existência que está sob alguma
outra coisa. Esta ideia está implícita no conceito da Trindade. Deus é um ser com
três subsistências, com três pessoas distintas. Elas subsistem dentro do ser de
Deus.
A NATUREZA PESSOAL DO ESPÍRITO
O fato de que o Espírito Santo é uma pessoa pode ser visto de muitas maneiras
na Escrita. Uma das evidências básicas é que a Bíblia usa pronomes pessoais,
repetida e consistente, para se referir ao Espírito Santo. Ele é referido
frequentemente com o pronome masculino “ele”. Além disso, o Espírito Santo
faz coisas que associamos com personalidade. Ele ensina, inspira, guia, conduz,
se entristece, nos converte de pecado e outras coisas mais. Objetos impessoais
não se comportam desta maneira. Somente uma pessoa pode fazer estas coisas.
Mas o Espírito Santo é visto, na Escritura, não apenas como uma pessoa,
mas também como plenamente divino. Vemos isto numa história interessante do
livro de Atos dos Apóstolos:
Entretanto, certo homem, chamado Ananias, com sua mulher Safira, vendeu
uma propriedade, mas, em acordo com sua mulher, reteve parte do preço e,
levando o restante, depositou-o aos pés dos apóstolos. Então, disse Pedro:
Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito
Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura,
não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste
no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
(At 5:1-4 ARA)
O pecado de Ananias e Safira foi que eles fingiram que sua doação à igreja
era maior do que realmente era. Mentiram sobre a natureza da dádiva que
estavam ofertando para Deus. Acho que Pedro se preocupou mais com o estado
da alma deles do que com a quantia de dinheiro que contribuíram. Observe,
porém, as palavras de repreensão que Pedro dirigiu a Ananias e Safira. Ele
começou perguntando: “Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que
mentisses ao Espírito Santo?” Mas concluiu dizendo: “Não mentiste aos homens,
mas a Deus”. Portanto, a mentira que Ananias falou ao Espírito Santo, ele falou
realmente a Deus. A implicação clara é que o Espírito Santo é Deus.
Além disso, o Novo Testamento descreve, muitas vezes, o Espírito Santo como
possuindo atributos que são claramente divinos. Por exemplo, o Espírito Santo é
eterno (Hb 9:14) e onisciente (1 Co 2:10-11). Estes são, ambos, atributos de Deus.
Além disso, são atributos incomunicáveis de Deus, atributos de Deus que não
podem ser compartilhados pelos homens.
Vemos, na Escritura, que o Espírito participa das obras trinitárias de
criação e redenção. Gênesis 1, mostra que o Pai ordenou que o mundo viesse à
existência. O Novo Testamento nos diz que o agente por meio do qual o Pai
trouxe o universo à existência foi o Logos, a segunda pessoa da Trindade, nosso
Senhor Jesus Cristo. “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele,
nada do que foi feito se fez” (Jo 1:3). No entanto, o Espírito estava envolvido na
criação: “O Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (Gn 1:2). Por meio da
obra energizadora da parte do Espírito, a vida foi trazida à existência.
E, muito especialmente, a redenção é uma obra trinitária. O Pai enviou o
Filho ao mundo (1 Jo 4:14). O Filho realizou toda a obra que era necessária para
a nossa salvação – vivendo uma vida de obediência perfeita, e morrendo para
fazer uma santificação perfeita (Fp 3:9; 1 Co 15:3). Mas nenhuma destas coisas
nos será benéfica, se não nos for aplicada de maneira pessoal. Por conseguinte, o
Pai e o Filho enviam o Espírito Santo ao mundo para aplicar a salvação a nós (Jo
15:26; Gl 4:6). No Novo Testamento, o papel do Espírito Santo é principal e
fundamentalmente, aplicar a obra de Cristo aos crentes.
Você sabe quem é o Espírito Santo? Entende o Espírito Santo, em termos
de um relacionamento pessoal? Ou o Espírito Santo continua sendo, para você,
um conceito vago, obscuro e abstrato ou uma força ilusória e amorfa? Forças são,
em si e por si mesma, impessoais. Mas o Espírito Santo não é uma força abstrata.
Ele é uma pessoa, que capacita o povo de Deus para viver a vida cristã. Nos
capítulos seguintes, consideraremos algumas das maneiras como o Espírito Santo
realiza esta missão.
CAPÍTULO 2
O DOADOR DA VIDA
Ele vos deu vida, estando vos mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais
andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da
potestade do ar, do espirito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os
quais também todos nós andamos outrora, segundo às inclinações da nossa
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza,
filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia,
por causa do grande amor com que nos amou, e estando nos mortos em nossos
delitos , nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos, e,
juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais
em Cristo jesus (versos 1-6 ARA)
Paulo diz aos Efésios, “Vocês estavam mortos em delitos e pecados, seguindo o
curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar” (2:1). Ele se endereçou
aos cristãos, mas todos os cristãos em certo ponto de suas vidas são não-cristãos,
e todos os não-cristãos manifestam um padrão de comportamento. Paulo diz que
todos aqueles mortos espiritualmente seguem um curso e um príncipe.
Em Romanos 3, Paulo escreve: “Não há justo, nem um sequer, não há quem
entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram
inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (versos 10b-12). Ele diz
que todos se “extraviaram”, se desviaram do caminho. Se por natureza nós não
buscamos a Deus, é de surpreender que nos afastemos do caminho para Deus? É
fascinante para mim que no Novo Testamento, os seguidores de Cristo não se
referem a si mesmos como “cristãos”. A primeira vez em que foram chamados
de cristão foi em Antioquia (At 11:26), mas acredita-se que o termo foi criado por
não-cristãos para zombar deles. A palavra ou frase que os cristãos usavam para
se descreverem inicialmente era como pessoas “do Caminho” (At 19:9, 23),
porque eles ouviram que Cristo falava sobre dois caminhos, um estreito e outro
largo (Mt 7:13-14). A grande maioria das pessoas está trilhando o caminho
errado. De fato, todos nós começamos no caminho errado, pois o caminho largo
é o curso deste mundo. Paulo diz, “também todos nós andamos outrora” (veja
Efésios 2:3). Ser espiritualmente morto é ser mundano. É adotar e seguir
servilmente os valores e costumes da cultura secular.
Os mortos espiritualmente não somente seguem o curso deste mundo, eles
seguem “o príncipe da potestade do ar” (verso 2). Alguma dúvida sobre a quem
Paulo se refere aqui? Esse é um titulo dado por Paulo a Satanás, “o espirito que
agora atua nos filhos da desobediência” (verso 2). Todos aqueles que são
espiritualmente mortos seguem as vontades de Satanás em rejeitar a Deus e Seus
justos caminhos.
Esse, então, é nosso estado natural. Esse é o cenário que a teologia chama
de pecado original, o estado de corrupção mortal, de morte espiritual, em que
todos nós nascemos.
“OUTRO AJUDADOR”
O que Kierkegaard e Nietzsche tem a ver com a obra do Espírito Santo? Na noite
antes de Sua crucificação, Jesus fez a Seus discípulos promessas importantes
sobre o Espírito. Ele lhes disse que Ele estava para partir e que eles não poderiam
segui-Lo, mas Ele prometeu “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador,
a fim de que esteja para sempre convosco” (Jo 14:16). Alguns tradutores usam a
palavra “Consolador” em vez de “Ajudador”. A palavra grega que é traduzida
como “Ajudador” ou “Consolador” é parakletos; é de onde vem a palavra em
português paracleto. Essa palavra possui o prefixo para-, que significa “ao lado”,
e uma raiz que é uma variação do verbo kletos, que significa “Aquele que é
chamado”. Então, um parakletos era alguém que era convocado para estar ao lado
de outra pessoa. É normalmente aplicado a um advogado, mas não a qualquer
advogado. Tecnicamente, o parakletos era o advogado da família que era um
retentor permanente. Sempre que surgia um problema na família, o parakletos era
chamado e deveria prestar assistência durante o período de crise. É assim que
funciona em nosso relacionamento com o Espírito Santo. Somos parte da família
de Deus, e o juiz da família é o próprio Espírito Santo. Ele está sempre presente
para estar ao nosso lado e nos ajudar em momentos de crise.
Eu creio que a maior parte das traduções do Novo Testamento em inglês
para parakletos, o fizeram pobremente, especialmente os que usaram a palavra
“consolador”. Essa tradução foge do sentido principal. Quando Jesus disse que
Ele pediria ao Pai para enviar aos discípulos outro Paracleto, Ele não falava de
Alguém que viria para curar suas feridas quando estivessem feridos. Claro, uma
das principais atividades do Espírito Santo é consolar os corações feridos; Ele é
um bálsamo de Gileade quando estamos em meio ao lamento e pesar. Mas
devemos nos lembrar do contexto em que Jesus prometeu enviar o Espírito – Ele
estava dizendo aos discípulos que Ele estava para deixá-los. Eles estavam para
seguir em frente sem Ele num mundo hostil, onde seriam odiados como Ele foi
odiado. Cada momento de suas vidas seria cheio de pressão, hostilidade e
perseguição da parte do mundo. Ninguém quer estar em um cenário desses sem
poder contar com alguma ajuda.
Os tradutores da Versão King James escolheram unir parakletos com a
palavra “Consolador” porque naquele tempo a língua inglesa era mais
intimamente conectada com suas raízes históricas do latim. Hoje, entendemos a
palavra conforto como sendo um alivio em meio aos problemas. Mas o sentido
original é outro. É derivado da palavra em latim comfortis, que consiste do prefixo
com-, que significa “com”) e uma raiz fortis, que significa “forte”. Então o sentido
é “com força” no original. Portanto, o Espírito Santo vem ao povo de Cristo não
para curar suas feridas após uma batalha, mas para fortalecê-los antes e durante
uma batalha. A ideia é que a igreja opera nem tanto como um hospital, mas como
um exército, e o Espírito vem para dar-lhes poder e força, para garantir a vitória
e conquista.
Então, Nietzsche disse “A vida não tem sentido, mas tenha coragem assim
mesmo.” Jesus também convocou Seu povo a ser corajoso diante das
dificuldades, adversidades e hostilidade, mas Ele não os chamou a uma coragem
infundada. Como sabemos, Jesus disse “tende bom ânimo” (Jo 16:33). Contudo,
Ele não lhes pediu isso apenas por pedir. Ele deu a eles uma razão para se
manterem firmes e convictos na caminhada cristã. Ele disse “Eu venci o mundo.”
Nietzsche ansiava por um super-homem, um conquistador. Ele deveria ter
olhado para Cristo. Ele venceu o mundo, e Ele o fez no poder do mesmo Espírito
que Ele enviou ao Seu povo. O Espírito Santo veio para fortalecer e conceder
poder ao povo de Deus. Como resultado, as Escrituras dizem, “Somos mais que
vencedores, por meio daquele que nos amou” (Rm 8:37). Isso é um passo além das
ideias de Nietzsche.
A obra do Espírito Santo complementa a obra de Cristo. Cristo foi o
primeiro Paracleto, que veio para nos fortalecer por meio de Sua morte. Agora, o
poder para vivermos a vida que Cristo nos chama para viver vem do Espírito
Santo.
CAPÍTULO 4
O SANTIFICADOR
HOSTILIDADE À DOUTRINA
E o populacho que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas
dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram:
Quem nos dará carne a comer? Lembremo-nos dos peixes, que, no Egito,
comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas
e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão
este maná. Era o maná como semente de coentro, e a sua aparência, semelhante
à de bdélio. Espalhava-se o povo, e o colhia, e em moinhos o moía ou num gral
o pisava, e em panelas o cozia, e dele fazia bolos; o seu sabor era como o de
bolos amassados com azeite. Quando, de noite, descia o orvalho sobre o arraial,
sobre este também caía o maná (11:4-9)
“Disse Moisés ao SENHOR: Por que fizeste mal a teu servo, e por que não
achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este
povo? Concebi eu, porventura, todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me
digas: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que,
sob juramento, prometeste a seus pais? Donde teria eu carne para dar a todo
este povo? Pois chora diante de mim, dizendo: Dá-nos carne que possamos
comer. Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais.
Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos
teus olhos; e não de deixes ver a minha miséria. (versos 11-15)
Creio que a lição aqui seja a seguinte: Muito cuidado com suas orações. O
povo clamava por carne, e Deus disse: “OK, se querem carne, então carne vocês
terão. Terão carne no café da manhã, no almoço, no jantar e no lanchinho da meia-
noite, e não apenas por um ou dois dias, mas por um mês inteiro, até que ela saia
pelas suas narinas.” Deus disse que lhes daria carne até que eles não aguentassem
nem olhar mais para ela.
Poderia parecer que Moisés se sentiria aliviado após essa fala de Deus.
Afinal, Ele estava dando ao povo o que eles queriam, aliando a carga de Moisés.
Poderia parecer lógico Moisés dizer: “Obrigado, Senhor, por cuidar da situação.
Muito agradecido, viu?” Mas não foi o que aconteceu. Moisés teve uma crise de
fé. Ele disse a Deus: “Seiscentos mil homens de pé é este povo no meio do qual
estou; e tu disseste: Dar-lhes-ei carne, e a comerão um mês inteiro. Matar-se-ão
para eles rebanhos de ovelhas e de gado que lhes bastem? Ou se ajuntarão para
eles todos os peixes do mar que lhes bastem?” (versos 21-22).
Quando Moisés cita os seiscentos mil homens de pé, ele se referia ao
tamanho do exército dos Israelitas, os homens aptos para a batalha. Essa menção
não incluiu os jovens, as crianças, os velhos, os enfermos, ou as mulheres. Moisés
provavelmente era responsável por dois milhões de pessoas. Por isso, ele não via
nenhuma forma possível para que Deus cumprisse Sua promessa de dar carne a
essa quantidade de pessoas por um mês.
Eu amo a resposta que Deus deu às perguntas de Moisés: “Ter-se-ia
encurtado a mão do SENHOR? Agora mesmo, verás se se cumprirá ou não a
minha palavra!” (verso 23). Basicamente, Deus perguntou a Moisés, “Sou Eu
Deus ou não?” Então Ele desafia Moisés a simplesmente esperar e ver o que Ele
faria.
Após ouvir isso, Moisés se cala. Ele fez o que Deus lhe ordenou: “Saiu,
pois, Moisés, e referiu ao povo as palavras do SENHOR, e ajuntou setenta
homens dos anciãos do povo, e os pôs ao redor da tenda. Então, o SENHOR
desceu na nuvem e lhes falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs
sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles,
profetizaram; mas, depois, nunca mais. (versos 24-25).
“Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto
que fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de
ti, desde a manhã até o pôr-do-sol? Respondeu Moisés a seu sogro: É porque
o povo me vem a mim para consultar a Deus; quando tem alguma questão,
vem a mim, para que eu julgue entre um e outro e lhes declare os estatutos de
Deus e as suas leis. O sogro de Moisés, porém, lhe disse: Não é bom o que
fazes. Sem dúvida, desfalecerás, tanto tu como este povo que está contigo; pois
isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer. Ouve, pois, as minhas
palavras; eu te aconselharei, e Deus seja contigo; representa o povo perante
Deus, leva as suas causas a Deus, ensina-lhes os estatutos e as leis e faze-lhes
saber o caminho em que devem andar e a obra que devem fazer. Procura dentre
o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam
a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de
cinquenta e chefes de dez; para que julguem este povo em todo tempo. Toda
causa grave trarão a ti, mas toda causa pequena eles mesmos julgarão; será
assim mais fácil para ti, e eles levarão a carga contigo. Se isto fizeres, e assim
Deus to mandar, poderás, então, suportar; e assim também todo este povo
tornará em paz ao seu lugar. Moisés atendeu às palavras de seu sogro e fez
tudo quanto este lhe dissera. Escolheu Moisés homens capazes, de todo o
Israel, e os constituiu por cabeças sobre o povo: chefes de mil, chefes de cem,
chefes de cinquenta e chefes de dez. Estes julgaram o povo em todo tempo; e
causa grave trouxeram a Moisés e toda causa simples julgaram eles”
(versos 14-26).
FIM