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Juros demora comerciais estão previstos no art.º 102, paragrafo 3/4/5 do C. Comercial e o
decreto-lei 62/2013, veio aditar o paragrafo ao art.º 102 e passaram-se a prever dois tipos de
mora comercia, um à taxa mais baixa regulada afixada semestralmente prevista no paragrafo 4
do 102, mínimo de 7% - aplicam-se a todos os contratos que tenham uma envolvência
comercial mas que não sejam regulados pelo decreto lei 62/2013 ou seja antes da entrada de
vigor deste decreto. A seguir à entrada em vigor deste decreto aplica- se a taxa de juro mais
gravosa prevista no art.º 102/paragrafo 5 do C. Comercial.
Mesmo que os sujeitos não sejam considerados comerciantes este decreto pode ser aplicado.
Artigo 2.º
Âmbito de aplicação
1 - O presente diploma aplica-se a todos os pagamentos efetuados como remuneração de transações comerciais.
2 - São excluídos do âmbito de aplicação do presente diploma:
a) Os contratos celebrados com consumidores;
b) Os juros relativos a outros pagamentos que não os efetuados para remunerar transações comerciais;
c) Os pagamentos de indemnizações por responsabilidade civil, incluindo os efetuados por companhias de seguros.
3 - O presente diploma não prejudica:
a) A aplicação do Decreto-Lei n.º 118/2010, de 25 de outubro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 2/2013, de 9 de janeiro,
aplicando-se supletivamente;
b) As regras relativas à assunção de compromissos e aos pagamentos em atraso das entidades públicas, nos termos da
Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, alterada pelas Leis n.os 20/2012, de 14 de maio, 64/2012, de 20 de dezembro e
66-B/2012, de 31 de dezembro, e demais legislação complementar.
O consumidor aqui não se confunde com o não comerciante. Mesmo que cheguemos à
conclusão que a obrigação é conjunta ainda assim se não estivermos perante alguém que é
protegido como consumidor temos de aplicar a taxa de juro mais gravosa. Transação comercial
é aquela que é efetuada nos termos do art-º 3. Mesmo que em abstrato seja uma transação
comercial mesmo que o devedor não seja comerciante nós podemos ter de aplicar esta taxa de
juro de mora do decreto lei. Não confundir consumidor nos termos do art.º 2/a com não
comerciante.
Consumidor fomos todos nós. O que distingue consumir do não consumidor (lei de defesa do
consumidor .
Decreto-Lei 62/2013
Artigo 4.º
Transações entre empresas
3 - Sempre que do contrato não conste a data ou o prazo de vencimento, são devidos juros de mora após o termo de
cada um dos seguintes prazos, os quais se vencem automaticamente sem necessidade de interpelação:
a) 30 dias a contar da data em que o devedor tiver recebido a fatura;
b) 30 dias após a data de receção efetiva dos bens ou da prestação dos serviços quando a data de receção da fatura
seja incerta;
c) 30 dias após a data de receção efetiva dos bens ou da prestação dos serviços, quando o devedor receba a fatura
antes do fornecimento dos bens ou da prestação dos serviços;
d) 30 dias após a data de aceitação ou verificação, quando esteja previsto, na lei ou no contrato, um processo
mediante o qual deva ser determinada a conformidade dos bens ou serviços e o devedor receba a fatura em data
anterior ou na data de aceitação ou verificação.
Artigo 7.º
Indemnização pelos custos suportados com a cobrança da dívida
Quando se vençam juros de mora em transações comerciais, nos termos dos artigos 4.º e 5.º, o credor tem direito a
receber do devedor um montante mínimo de 40,00 EUR (quarenta euros), sem necessidade de interpelação, a título
de indemnização pelos custos de cobrança da dívida, sem prejuízo de poder provar que suportou custos razoáveis
que excedam aquele montante, nomeadamente com o recurso aos serviços de advogado, solicitador ou agente de
execução, e exigir indemnização superior correspondente.
Sem prejuízo desses juros de mora são sempre devida uma compensação de um montante
mínimo de 40 euros, sem necessidade de interpelação a titulo de in demonização pelos custos
de cobrança da divida.
Artigo 9.º
Divulgação da taxa de juros moratórios
A taxa de juros moratórios é divulgada por aviso da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, publicado na 2.ª série do
Diário da República até 15 de janeiro e 15 de julho de cada ano.
Artigo 11.º
Alteração ao Código Comercial
O artigo 102.º do Código Comercial passa a ter a seguinte redação:
«Artigo 102.º
[...]
[...].
§1.º [...].
§2.º [...].
§3.º [...].
§4.º A taxa de juro referida no parágrafo anterior não poderá ser inferior ao valor da taxa de juro aplicada pelo
Banco Central Europeu à sua mais recente operação principal de refinanciamento efetuada antes do 1.º dia de
janeiro ou julho, consoante se esteja, respetivamente, no 1.º ou no 2.º semestre do ano civil, acrescida de sete
pontos percentuais, sem prejuízo do disposto no parágrafo seguinte.
§5.º No caso de transações comerciais sujeitas ao Decreto-Lei n.º 62/2013, de 10 de maio, a taxa de juro referida no
parágrafo terceiro não poderá ser inferior ao valor da taxa de juro aplicada pelo Banco Central Europeu à sua mais
recente operação principal de refinanciamento efetuada antes do 1.º dia de janeiro ou julho, consoante se esteja,
respetivamente, no 1.º ou no 2.º semestre do ano civil, acrescida de oito pontos percentuais.»
Vem efetuar a alteração ao art.º 102 do C. Comercial.
Artigo 14.º
Aplicação no tempo
O presente diploma é aplicável aos contratos celebrados a partir da data de entrada em vigor do mesmo, salvo
quando esteja em causa:
a) A celebração ou renovação de contratos públicos decorrentes de procedimentos de formação iniciados antes da
sua entrada em vigor e à execução dos contratos que revistam natureza de contrato administrativo celebrados na
sequência de procedimentos de formação iniciados antes dessa data;
b) Prorrogações, expressas ou tácitas, do prazo de execução das prestações que constituem o objeto de contratos
públicos cujo procedimento tenha sido iniciado previamente à data de entrada em vigor do presente diploma.
Não se aplica a contratos anteriores à entrada em vigor deste diploma. Se estivermos a falar de
um contrato de 2011 a taxa de juro de mora aplicável se se tratar de juro de mora comercial é
a taxa de juro de 7% , art.º102 paragrafo 4 do C. Comercial. Agora se estivermos a falara de um
contrato posterior à entrada em vigor deste diploma em princípio já será o art.º 102 paragrafo
5 do C. Comercial.
CASO N.º 5
José e Luís, arquitectos, pretendendo remodelar o atelier de que são
proprietários, no Chiado, contrataram Matias, empreiteiro, para fazer as obras.
No dia 15 de agosto de 2022, já com as obras prontas e aprovadas, Matias
apresenta a fatura a José, conhecido pelas suas maiores disponibilidades
financeiras. Contudo, até agora, José não pagou a dívida, alegando que só está
obrigado a pagar metade do valor da fatura. (i) José tem razão? (ii) A dívida
está vencida? (iii) Em caso de mora, qual a taxa de juro aplicável, sabendo que
nada foi convencionado?
R: tendo em conta o critério objetivo constante no art.º 2/1.ª parte são atos
objetivamente comerciais aqueles que estejam regulados no código ou legislação
comercial. O contrato de empreitada previsto no art.º 1207 do CC será um ato
objetivamente comercial tendo em conta o art.º 230/6. Coloca-se uma questão
controversa acerca de olhar o art.º 230.º com cariz objetivista ou subjetivista, ou seja,
se este artigo define os atos de comercio em sentido objetivo, ou se define
comerciantes. Quando o C. Comercial foi feito a expressão pessoas coletivas era
desconhecida pela doutrina segundo o argumento do professor Meneses Cordeiro, por
isso inclino-me para uma interpretação objetivista e considero o contrato de
empreitada como um contrato objetivamente comercial. José e Luís tendo em conta o
critério subjetivo constante no art.º 2/2.ª parte, serão subjetivamente comerciais os
atos e contratos praticados pelos comerciantes que não foram exclusivamente civis e o
contrário desse não resultar. O contrato de empreitada não é um ato subjetivamente
comercial, desde logo, porque não foi praticado por comerciantes. Tendo em conta o
art.º 7 do C. Comercial e o art.67 do CC José e luís tem capacidade para atos de
comercio, mas não praticam de forma reiterada e não fazem do comercio profissão
por isso não estão preenchidos os três requisitos do art. º 13/1, logo, José e Luís não
são comerciantes. Quanto aos ultimo requisito fazem do comercio profissão importar
analisar os vetores apresentados pelo Meneses Cordeiro, eles não praticam, desde
logo, eles não praticam de forma reiterada e sistemática o comércio, não exercem uma
prática comercial lucrativa, não exercem uma prática comercial juridicamente
autónoma e não exercem uma prática tendencialmente exclusiva, Ora nenhum dos
vetores se verifica, por outro lado, José e Luiz são profissionais liberais isto é pessoas
singulares que exercem de modo habitual e autónomo atividades primordialmente
intelectuais e por isso não são comerciantes por razões de ordem moral histórica e
política, tendo em conta, o que diz o professor Menezes cordeiro. Relativamente a
Matias tendo em conta o critério subjetivo art.º 2/2.ª parte o contrato de empreitada
será um ato subjetivamente comercial porque Matias é comerciante, sendo que
também estão preenchidos os três requisitos dessa condição por força dos art.º 7 e
art. º13/1 do C. Comercial. Então estamos perante um ato unilateralmente comercial
tendo em conta o artigo 99 do código comercial pois a comercialidade verifica-se
apenas em relação a Matias e segundo este artigo o ato mercantil em relação a apenas
uma das partes será regulado por disposições da lei comercial porém excetuam-se
deste preceito as disposições da lei comercial, que só forem aplicadas àquele por cujo
respeito até mercantil ou seja o artigo 100 do código comercial que prevê a
solidariedade dos coobrigados por isso aplicar-se ao regime civil o artigo 513 do código
civil e a obrigação será conjunta, José pagaria metade do valor da obra e Luiz pagaria a
outra metade, assim sendo, José tem razão.
Aqui levantava se aquela questão de pessoas semelhança a comerciantes, arquitetos
por uma questão moral tendem a não se equiparados a comerciantes, doutrina
professor do Meneses Cordeiro, é uma é uma questão doutrinaria, vocês naturalmente
são livres de dizer aquilo que quiserem. Desde logo teríamos então que perceber a
comercialidade deste contrato de empreitada, não são comerciantes por estas razões,
portanto desse dessa maneira o art. 2/2.ª parte não está então verificado, não há um
ato de comercio em sentido subjetivo, e por outro lado se nós quiséssemos olhar para
o contrato da empreitada no ponto de vista objetivo podíamos fazê-lo da seguinte
forma ora bem o contrato de empreitada está regulado, no código civil no 1207 do
código Civil.
Mas a verdade é que também surge aqui uma divergência doutrinaria quanto a isto, há
aqui umas há aqui umas ideias digamos de contrato de empreitada no art.º 230/6
paragrafo, quando se diz que haver-se-ão comerciais as empresas singulares ou
coletivas que se dispuserem edificar ou construir casas para outrem com materiais
subministrados pelo empresário, ora bem, há quem venha dizer muito bem ISTO é um
ato de comercio, se forem matérias subministrados pelo empresário há quem entenda
que estamos perante um ato de comercio em sentido objetivo, se não se tratar de
materiais subministrados pelo empresário, então estamos perante um contrato de
empreitada regulado pelo 1207 do cc.
Qual a taxa de juros de mora aplicável sabendo que nada foi convencionado?
As partes podem querer afixar uma taxa de juro de mora diferente da supletiva. Se
estivéssemos a falra do 2º semestre do ano de 2021 era o aviso 13 486/2021 de 16 de
julho 8%, se fosse do 2.º semestre de 2022 estávamos a falar de 13997/2022 de 14 de
junho e portanto vocês aqui tinham que falar regime dos juros distingir os juros de
mora civis dos comerciais, falar do 559, falar do art.º 805 e do 806, referir que isto é
fixado em portaria em conjunto como ministro finanças, e falar do concreto artigo 102
em concreto n.º 5 veio então a ser aditado pelo decreto lei 62/2013 que fixa esta taxa
de juro moratória no mínimo 8% a contar da mais recente operação principal de
financiamento. Naturalmente que desde o momento do vencimento se a fatura tinha
sido entregue em 15 de agosto, cse ela se vencesse a 15 de setembro só a 16 de
setembro é que estaria constituída em mora. De 16 de setembro até a data de Hoje 19
de outubro tínhamos que fazer um cálculo tipo 8% ao ano para perceber qual é que
era o valor do juro em moratório, também consoante o preço em dívida. Se era
10/1000/100000. As taxas são fixadas para o semestre seguinte.
CASO N.º 6
Francisco, estudante, decidiu montar uma pequena livraria: tomou de
arrendamento uma loja na Baixa, comprou as estantes e todo o mobiliário necessário,
encomendou os computadores e celebrou um contrato de fornecimento de livros com
uma editora. No entanto, mesmo antes de a loja abrir, Francisco apercebeu-se que o
curso de Direito lhe deixava pouco tempo para gerir o negócio, acabando por vender a
loja a Gustavo e Octávio, estudantes de gestão. Estes nunca pagaram o preço. A
responsabilidade de Gustavo e Octávio é solidária ou é conjunta?