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FOLHA TRIBUTÁRIA

SETEMBRO 2023 - N.º 64


FOLHA TRIBUTÁRIA

A Folha Tributária,
com periodicidade mensal, é um meio
de comunicação da Administração
Geral Tributária, para a divulgação
de informações, notícias, artigos
técnicos, eventos com relevância
fiscal e aduaneira ou novidades sobre
os seus serviços, dirigida a todos os
interessados em matérias tributárias.

FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE:
AGT - Administração Geral Tributária
Título: Folha Tributária
Edição: Setembro 2023 - N.o 64
Redacção e Edição:
Gabinete de Comunicação Institucional
(GCI - AGT)

EQUIPA DE TRABALHO:
Bráulio E. Assis, Fernando Costa,
Denise Garrocho Panzo, Osvaldo Domingos,
Tarciso Gourgel, Raúl Dias e Augusto
Delgado.

CONSELHO EDITORIAL:
Ondina Buca, António Rafael,
Divel Teixeira, Hermenegildo Gregório,
Francisco Sivone e Fernando Moisés.

AGT DIGITAL:
www.agt.minfin.gov.ao
portaldocontribuinte.minfin.gov.ao
apoio.agt@minfin.gov.ao
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I FÓRUM NACIONAL DE INTEGRIDADE
FÓRUM PROMOVE PARTILHA DE MELHORES PRÁTICAS
PARA A PROMOÇÃO DA INTEGRIDADE NAS INSTITUIÇÕES

O Presidente do Conselho de Administração ocupar dentro das organizações em que nos


da Administração Geral Tributária (AGT), encontramos. Cada vez mais a integridade
José Leiria, defendeu, durante a abertura do deve ser colocada num patamar superior ao
I Fórum Nacional de Integridade, que “um lado da competência”, disse. Acrescentou, que
dos principais desafios que a integridade “é exactamente pela força que a integridade
apresenta é de as pessoas não terem vícios tem, na caracterização da personalidade, que
com merecimentos. Muitas vezes, alguns pode ser considerada daqueles elementos das
integrantes de determinada empresa acham pessoas que dificilmente é alterado”.
que merecem mais do que a empresa lhes
oferece, o que acaba por afectar a integridade O Fórum, que decorreu sob lema “Juntos
dos mesmos”. O evento promovido pela AGT por instituições mais íntegras”, teve como
decorreu a 27 de Setembro, em Luanda. objectivo promover a cultura de integridade e
combater práticas “perversas” no desempenho
“Esse comportamento de achar que a empresa das funções dentro das instituições, assim
nos deve mais do que aquilo que auferimos, como a boa gestão pública e corporativa.
faz com que muitos sejam tentados a praticar
actos que, de alguma forma, afectam a Visou, também, abordar os desafios que as
nossa integridade. Uma das ferramentas instituições enfrentam para a monitorização
da integridade é a transparência. A nossa e o alcance da efectividade dos programas de
caracterização, enquanto pessoas íntegras, integridade e o impacto na formação de uma
vai determinar o posicionamento que vamos cultura íntegra nas instituições.

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Durante o evento foram abordados os temas criarem um programa ou plano de integridade
“Estratégia de Integridade nas Instituições que deverá constar um programa de supervisão
Públicas e Privadas”, a “Efectividade dos com vista a evitar desvios e comportamentos
Programas de Integridade e o seu Impacto inadequados.
na Formação de uma Cultura Íntegra nas
Organizações” e a “Integridade como Princípio A EFECTIVIDADE DOS PROGRAMAS DE
de Boa Gestão”. INTEGRIDADE E O SEU IMPACTO NA FORMAÇÃO
DE UMA CULTURA ÍNTEGRA NAS ORGANIZAÇÕES
ESTRATÉGIAS DE INTEGRIDADE NAS INSTITUIÇÕES O segundo painel de discussões teve como
PÚBLICAS E PRIVADAS prelectores o administrador da Agência
Durante o evento, o director de Estratégia Nacional de Petróleo, Gás e Biodiversidade
Empresarial do Porto de Luanda, Cesaltino (ANPG), Gerson Santos, o Economista Augusto
Kassuanga, o director do Centro de Ética da Fernandes, a Delegada Provincial da Inspecção
Universidade Católica de Angola, Frei José Geral da Administração do Estado (IGAE),
Manuel, e o Advogado Yannick Aragão, ao Maria de Lemos, e a directora do Gabinete de
abordarem o tema acima referido, convergiram Auditoria e Integridade Institucional da AGT,
ao considerar que a integridade nas organizações Ana de Oliveira.
envolve vários aspectos, sendo eles, a ética,
conformidade legal, responsabilidade social, De acordo com o representante da ANPG,
transparência e gestão de riscos. qualquer programa de integridade efectiva
assenta, essencialmente, em sete pilares, sendo
Segundo os prelectores, a integridade contribui eles o compromisso da alta direcção, o código
para a construção de uma reputação positiva, de conduta, políticas e procedimentos internos,
atraindo clientes, parceiros e talentos para a avaliação de riscos e diligência a terceiros.
organização. Organizações com uma reputação Assenta, de igual modo, no treinamento
sólida de integridade têm maior capacidade e comunicação, canal de denúncias e na
de enfrentar crises e lidar com elas de forma auditoria e monitoramento.
eficaz, minimizando danos à imagem.
Gerson Santos, ao falar da formação da cultura
Ainda de acordo com os prelectores, a cultura de integridade da ANPG, referiu que 90% dos
organizacional e a liderança são factores que agentes da instituição já foram abrangidos pelo
também influenciam a integridade dentro das programa de integridade da Instituição, sendo
organizações. “A integridade nas organizações que os 10% restantes se encontram em curso,
contribui para uma reputação positiva e “por razões de job assignment e job trainning”.
relacionamentos de confiança com partes Já a representante da IGAE, Maria de Lemos,
interessadas, contribuindo para se evitarem disse, na ocasião, que o sector público “está
escândalos, multas legais e danos à imagem em fase de maturidade da efectividade dos
da organização”, revelou Cesaltino Kassuanda, programas de integridade”.
tendo acrescentado que “a integridade promove
um ambiente de trabalho saudável e produtivo, Para Maria de Lemos, os resultados dos
onde os funcionários se sentem valorizados e programas de integridade no sector público
motivados a agir com ética”. ainda são “tímidos, mas muito encorajadores”.
“Precisamos de aumentar a consciencialização
Por sua vez, Yannick Aragão incentivou os dos gestores e funcionários públicos sobre
líderes das organizações presentes no evento a a mudança de paradigma de gestão e de

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governação pública, aumentar a adopção de Entre as personalidades presentes no I
um comportamento profissional assente nos Fórum de Integridade da AGT, destacam-se
códigos de ética e de conduta, bem como a igualmente, a PCA do Instituto de Gestão de
assimilação da obrigatoriedade de declaração Activos e Participação do Estado, (IGAPE),
de rendimentos, de bens e de interesses pelos Vera Escórcio, o Comandante da Polícia
gestores e titulares de cargos públicos”. Fiscal e Aduaneira, Comissário Manuel
Chima, o administrador da Empresa Nacional
Por sua vez, a directora do Gabinete de Auditoria de Distribuição de Electricidade (ENDE),
e Integridade Institucional (GAII) da AGT, Ana Simão Silva, e a administradora da AGT
de Oliveira, disse que a AGT tem adoptado um Roberta Malaquias, que proferiu o discurso de
conjunto de medidas voltadas à integridade. encerramento do evento.
“O GAII inovou a sua actuação em 2022 com a
implementação de fóruns regionais”. “AGT TEVE UMA BOA INICIATIVA”
Durante o evento promovido pela AGT, a Folha
“A experiência tem-nos mostrado que os Tributária ouviu, em entrevista, a directora dos
programas de integridade têm trazido aspectos Recursos Humanos da Comissão de Mercado
positivos, nomeadamente a diminuição de de Capitais (CMC), Tânia Mendes, que ao
risco de corrupção, transparência no acesso à fazer o seu balanço relativamente ao evento,
informação e controlo interno, responsabilidade considerou como “bom e deve continuar.
e excelência na gestão da coisa pública e maior Incentivamos outras instituições a fazê-lo
comprometimento dos líderes na adopção também”.
de uma estrutura adequada, com foco no
cumprimento do código de conduta”, referiu. Segundo a responsável, para a CMC, “o tema
integridade é importante e preocupante. É um
O terceiro e último painel esteve reservado à tema que temos em consideração no acto de
análise do tema “Integridade como princípio recrutamento.
de boa gestão” e foram prelectores o consultor
de empresas, José Serra Van-Dunem, o Aferimos o comportamento de cada candidato,
administrador da TV Zimbo, Amílcar Xavier, e a independentemente de existirem estruturas que
directora do Gabinete de Ética e Humanização lidam com esta matéria, no caso, a auditoria e o
do Ministério da Saúde, Djamila Príncipe. compliance. No entanto, os recursos humanos
fazem um acto preventivo de avaliação do perfil
Entre outros aspectos, no terceiro painel, os do candidato”, explicou.
oradores centralizaram o debate na importância
da liderança humanizada como mecanismo de “Penso que iniciativas desta natureza devem
coesão na gestão. iniciar nas escolas. A integridade deve,
igualmente, começar em casa, e deve ser
Segundo a directora do Gabinete de Ética e posta em primeiro lugar e nunca beliscada”,
Humanização do Ministério da Saúde, Djamila concluiu.
Príncipe, um líder humanizado “não rotula os
seus colaboradores, controla as suas emoções,
atenta-se aos factos e não ao “achismo”,
reconhece os pequenos esforços e busca auto-
conhecimento”.

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o gestor público já tem receio de cometer erros
pois sabe que a IGAE estará no seu encalço,
então daremos uma nota positiva aos nossos
gestores públicos, apesar de termos um
caminho longo a percorrer. Acreditamos que
iremos conseguir alcançar os nossos objectivos.

QUE TRATAMENTO A IGAE TEM DADO AOS CASOS


DOS ABUSOS DE PODER QUE TEM REGISTADO?
O IGAE tem duas formas de actuação.
Primeiramente, no âmbito da pequena
corrupção e da grande corrupção. Temos
recebido casos relacionados com processos de
averiguação, que surgem no nosso Call Center,
DELEGADA PROVINCIAL DA INSPECÇÃO GERAL DA onde os munícipes ligam para participar os
ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO (IGAE) casos de corrupção, e esta atuação é rápida e
MARIA DE LEMOS urgente.

QUE AVALIAÇÃO FAZ DO 1º FÓRUM NACIONAL Temos igualmente outras actuações que são
SOBRE INTEGRIDADE REALIZADO PELA AGT? feitas no fórum da inspecção de carácter
É um evento pertinente e actual. Há aqui um “especial”. Nas nossas actuações conseguimos
casamento perfeito entre a IGAE e o Gabinete identificar irregularidades em matéria de
de Auditoria e Integridade Institucional (GAII) recursos humanos, gestão financeira, gestão
da AGT, apesar do GAII ser mais voltado para patrimonial. Relativamente a essas questões,
dentro e a IGAE ser um órgão de controlo mais dá-se um tratamento especial, por isso,
transversal. Mas as duas instituições velam não passa na comunicação social, dando a
pela integridade, boas práticas e transparência. impressão de que a IGAE só trabalha para “peixe
pequeno”, mas não é a verdade. Sendo que a
COMO ESTÃO OS FUNCIONÁRIOS DA IGAE NA IGAE tem mais processos relacionados com
QUESTÃO DE INTEGRIDADE? gestores públicos de topo, do que processos de
Nesta matéria os colaboradores estão muito “pequena corrupção”.
bem, prova disso é que não há nenhum
documento da IGAE a circular nas redes “O PAÍS SAI A GANHAR COM INICIATIVAS COMO
sociais. Para se estar na IGAE, é fundamental ESTAS”
ser alguém íntegro. Não é que não tenham O director da Sétima Região Tributária, que
existido funcionários que tenham saído dos compreende as províncias da Lunda-Norte,
“carris”, mas em regra, os funcionários do Lunda-Sul e Moxico, Paulo Francisco João,
IGAE são bem-comportados. referiu “pelos temas que foram abordados, e
pela experiência transmitida pelas instituições
DE MODO GERAL, QUE AVALIAÇÃO FAZ DO presentes, leva-nos a reflectir e dar passos
COMPORTAMENTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS mais assentes na actuação, alertando-nos
E PRIVADOS NO QUE CONCERNE À INTEGRIDADE? igualmente que o compromisso da integridade
Já esteve pior. Hoje temos gestores públicos deve começar nas famílias. O País sai a ganhar
mais conscientes e que gerem melhor a coisa com iniciativas como estas”.
pública, o que não acontecia há 5 anos. Hoje

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“Reforçamos, cada vez, mais a mensagem a AGT está num bom caminho, uma vez que
sobre os princípios éticos, questões como a tem técnicos tributários até nas zonas mais
honestidade, respeito ao próximo e, sobretudo, recônditas”.
para aqueles que lidam com os bens públicos.
“A nível da 7ª Região Tributária, no que
Acções como estas têm de continuar, e que concerne à integridade, temos realizado muitas
não seja somente em Luanda, mas também actividades, como por exemplo, Manhãs
noutras províncias, de maneira a observarmos de Alerta, de maneira a consciencializar os
e beneficiarmos das experiências de outras funcionários sobre a importância de se manterem
instituições fora de Luanda e ouvir dos próprios íntegros. No caso de incumprimento, temos
governos provinciais como se encontram a conduzido alguns processos disciplinares, a
nível de integridade pública. Ouve-se muito título de exemplo, em 2020 foram demitidos
as pessoas reclamarem do mau atendimento dois técnicos que tiveram uma conduta
dos funcionários públicos, no entanto, de imprópria”, referiu.
acordo com as estatísticas apresentadas aqui,

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III ENCONTRO SECTORIAL COM OS
GRANDES CONTRIBUINTES
AGT E GRANDES CONTRIBUINTES ANALISAM ADOPÇÃO DAS NORMAS
INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE EM ANGOLA

A “Adopção das Normas Internacionais de Contabilidade em Angola e as suas implicações Fiscais”


foi o tema central do III Encontro Sectorial com os Grandes Contribuintes do Sector Financeiro,
promovido pela Administração Geral Tributária (AGT), no dia 28 de Setembro, em Luanda. O evento
teve, entre outros objectivos, a troca de conhecimento e o estreitamento das relações com os
contribuintes e demais agentes que concorrem para o processo de arrecadação de receitas para os
cofres do Estado.

Ao proceder ao discurso de abertura, a administradora da AGT Nerethz Tati, referiu que em Angola
o início da harmonização do regime contabilístico das instituições financeiras, sob supervisão do
Banco Nacional de Angola (BNA) com as normas internacionais de contabilidade e reporte financeiro
(IAS/IFRS), deu-se no exercício económico de 2016, com objectivo de promover a sua convergência
financeira, sendo que apenas em 2017 a adopção das normas tornou-se obrigatória, inclusive, para
as instituições financeiras que “não satisfaziam os critérios predefinidos pelo BNA”.

“Em 2019, através do aviso n.º 5/19, de 30 de Agosto, procedeu-se a uma actualização normativa
muito devido à entrada em vigor da IFRS9, instrumentos financeiros, em substituição das AIS 39 e
à necessidade de adequação da regulamentação sobre a matéria, visando uniformizar os respectivos
registos contabilísticos, sistematizar os procedimentos e critérios de registo, estabelecer regras para
a divulgação de informações, bem como racionalizar e padronizar a utilização das contas”, proferiu.

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De acordo com a administradora da AGT, “a adopção plena das IAS/IFRS no sistema financeiro
angolano é um processo que requer a intervenção e cooperação das mais diversas entidades e,
neste sentido, um dos reptos que a introdução destas normas envolve é a necessidade do seu
acompanhamento pela AGT, para efeitos, também, da implementação das adequadas medidas de
cariz fiscal”, explicou.

A VISÃO DA AGT SOBRE A ADOPÇÃO DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE EM ANGOLA


Segundo o técnico tributário do Departamento de Fiscalização dos Grandes Contribuintes, Hélder
Calemba, as IAS/IFRS representam “um conjunto de normas utilizadas para preparar demonstrações
financeiras de alta qualidade, comparáveis internacionalmente, e que permitem melhorar a
transparência das demonstrações financeiras das empresas, tornando-as mais atraentes”.

De acordo com Hélder Calemba, a adopção das normas internacionais acarreta consigo algumas
implicações na contabilidade, nomeadamente, “impacto nos relatórios financeiros, como a mudança
na forma de contabilidade das comissões recebidas, alteração na mensuração da estimativa do valor
de risco e a introdução de novas regras de reconhecimento dos instrumentos financeiros”.

“Outras implicações estão relacionadas com o ajuste cultural e de negócios, isso significa que
podem existir desafios na interpretação e aplicação das normas de maneira consistente e adequada.
Por outro lado, as IAS/IFRS exigem contabilistas e profissionais financeiros altamente qualificados”,
explicou.

Em relação às implicações fiscais, o técnico da AGT referiu que “as normas internacionais de
contabilidade podem afectar a forma como as empresas calculam os seus activos, passivos,
proveitos e custos, impactando a base tributária. As mudanças das regras contabilísticas podem
exigir actualizações nas declarações de imposto, abarcando a inclusão de novos itens de proveitos,
custos ou ajustes, que poderá provocar, de igual modo, alterações no valor do imposto devido”.

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AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE NO SECTOR SEGURADOR
A administradora da Nossa Seguros, Cristina Nascimento, foi uma das prelectoras do evento,
tendo apresentado uma comunicação sobre “O impacto da Adopção das Normas Internacionais
de Contabilidade no Sector Segurador”. Durante a sua explanação, referiu que, entre as principais
implicações, constam “a classificação e mensuração de terrenos e edifícios, assim como dos
investimentos financeiros. Outros impactos estão relacionados com os contratos de seguros e a
mensuração de responsabilidades”.

“Os efeitos nos capitais próprios decorrentes da adopção, pela primeira vez, do PCES/IFRS
concorrem para a formação do lucro tributável correspondente ao exercício de início e aos quatro
exercícios subsequentes. A regra genérica de transição determina, normalmente, que todas as IFRS
devam ser aplicadas retrospectivamente, pelo que os ajustamentos necessários são efectuados por
contrapartida de resultados transitados à data da transição”, explicou.

Neste III evento dedicado aos Grandes Contribuintes, foram discutidos, de igual modo, os temas
“Adopção pela Primeira Vez das Normas Internacionais e as suas Implicações”, tendo como prelector
desse tema a Coordenadora do Conselho Nacional de Normalização Contabilística de Angola, Maria
da Cruz. O outro tema abordado foi “A Mensuração dos Elementos do Balanço e Implicações para a
Matéria Colectável”, numa comunicação apresentada pelo representante da Associação Angolana de
Bancos (ABANC), Rafael Nascimento.

Este, que foi o último encontro sectorial realizado em 2023, contou com a participação do director
da Direcção dos Grandes Contribuintes, Dénis Mingiedi, de representantes do Banco Nacional de
Angola, do Banco de Comércio e Indústria, da Nossa Seguros, do Banco de Poupança e Crédito
e da Associação de Distribuição de Valores Mobiliários. Estiveram representadas, de igual modo,
a Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), BIC Seguros, Banco Keve, a Empresa Nacional de
Seguros de Angola (ENSA), o Banco de Fomento de Angola, o Banco Valor, o Banco Angolano de
Investimentos, o Banco de Negócios Internacional, o Banco Yetu, a Global Seguros, o Finibanco, o
Banco Económico e o Banco Millennium Atlântico.

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A VOZ DOS
CONTRIBUINTES
CONTRIBUINTES PEDEM QUE AGT PASSE A IMPLEMENTAR
MAIS AS SUAS SUGESTÕES

O professor universitário, Alberto Ferreirinha, considera positivo o facto de a Administração Geral


Tributária realizar regularmente encontros com os contribuintes, no entanto, gostaria que houvesse
mais acolhimento das sugestões que os contribuintes apresentam.

“Dou nota positiva à AGT pelas discussões técnicas que tem promovido, são muito úteis, mas parece
haver alguma dificuldade com a materialização dos subsídios dos contribuintes. No final vemos que
os encontros não resultam em alterações efectivas no nosso sistema tributário”, enfatizou.

Por sua vez, a técnica fiscal da Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA), Carla Moura, disse,
na ocasião, que os eventos realizados pela AGT têm sido “proveitosos e muito pertinentes”.

“Recebemos informações importantes sobre as normas internacionais de contabilidade para o sector


financeiro. Deixamos as nossas sugestões, esperamos agora a implementação, tendo em atenção às
necessidades da AGT e também às nossas, enquanto contribuintes”, disse.

Carla Moura revelou que a ENSA tem uma boa relação com a AGT, “há reciprocidade na nossa
relação. Nós usamos muito os serviços digitais da AGT e sempre que surge alguma situação anómala
relacionada com o pagamento de algum imposto ou submissão de algum documento a AGT dá-nos
suporte e conseguimos ultrapassar as dificuldades”, concluiu.

Já o chefe do Departamento de Tesouraria e Investimento da Nossa Seguros, Wilson Francisco,


referiu que “diferente dos anos anteriores, hoje a AGT está mais disponível para ouvir, precisa de
facto melhorar em alguns aspectos, como qualquer outra instituição”.

“Para o futuro penso que o passo é aplicar, cada vez mais, as conclusões saídas das auscultações
aos contribuintes. Obviamente, como entidade tributária não pode aceitar ou levar em consideração
todas as opiniões, até porque o País precisa de receitas e, de modo geral, a AGT está num bom
caminho”, realçou.

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LITERATURA
2ª EDIÇÃO DA REVISTA TÉCNICA TRIBUTÁRIA ULAMBU JÁ NAS BANCAS

Decorreu, no dia 18 de Setembro, no auditório de modo crítico, abordam questões ligadas ao


da Biblioteca e Sala de Exposições da AGT, a direito fiscal e aduaneiro, bem como temas à
sessão de apresentação da 2ª edição da Revista volta da fiscalidade. “As críticas feitas pelos
Técnica Tributária da Administração Geral especialistas na ULAMBU apelam a que a
Tributária (AGT), denominada ULAMBU. AGT repense a sua política em relação ao
alargamento da base tributária e encontre os
A ULAMBU, que na língua regional Umbundo melhores elementos que permitam ao Estado
significa tributo, conta com um total de 363 arrecadar receitas para satisfazer as inúmeras
páginas e está disponível nas livrarias das Irmãs necessidades públicas”, realçou.
Paulinas de Angola, assim como nas sedes das
Sete Regiões Tributárias. A revista apresentada na ocasião por Júlio
Londa, técnico do Centro Estudos Tributários
No acto de lançamento da revista, o da AGT, permite que profissionais, académicos
administrador da AGT, Leonildo Manuel, e os demais interessados nas questões fiscais,
referiu que o objectivo do Conselho de económicas, jurídicas, sociais e outros,
Administração da Instituição “é tornar a partilhem a sua visão e conhecimento técnico
ULAMBU num sinalizador do grande esforço em prol da literacia fiscal. Na ULAMBU,
que a AGT tem vindo a desenvolver para que os leitores encontrarão estudos de vários
o contribuinte tenha informação diferenciada profissionais, divididos em cinco painéis. No
e, de igual modo, fortalecer as garantias primeiro painel constam temas relacionados
disponíveis aos contribuintes”. De acordo com doutrinas e estudos tributários, o segundo
com o administrador, a ULAMBU traz consigo retrata a reforma tributária, enquanto que no
estudos doutrinais de vários especialistas que, terceiro aborda os novos desafios dos direitos,

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liberdades e garantias dos contribuintes. “A revista traz, primeiramente, um contributo
Por sua vez, no quarto painel, os leitores para a comunidade académica, e acredito que
encontrarão assuntos relacionados com a os artigos da ULAMBU são bastante valiosos
certidão de origem no contexto da zona livre do ponto de vista científico e podem trazer
de comércio, enquanto que no quinto e último discussões afloradas a nível do Direito Tributário
painel, os temas estão relacionados com a e matérias conexas. Em segundo lugar, a
justiça tributária, estrutura, oportunidades e ULAMBU é importante para os empresários,
opções gerais. O evento de lançamento contou, porque traz linhas orientadoras no que toca ao
também, com a presença do administrador tributo. É também substancial para o Estado,
da AGT, Tiago Cordeiro dos Santos, do sub- no que concerne às políticas públicas.
comissário da Polícia Fiscal e Aduaneira, Mário
Alberto, do director do Gabinete do Reitor da A Revista vem influenciar o Estado a abrir outras
Universidade Agostinho Neto, Sérgio Beia, perspectivas que podem ajudar na definição de
do secretário-geral da União dos Escritores melhores políticas públicas. Por último, uma
Angolanos, David Capelenguela, e do director vez que a ULAMBU tem visões de académicos
do Instituto de Pesquisas e Estudos Avançados, de várias áreas, também contribuirá para a
Deodato Francisco. Contou, igualmente, com melhoria da actuação da própria AGT que,
a presença da directora do Centro de Estudos neste momento de crescimento, precisa,
Tributários da AGT, Cristina Muengo, de cada vez mais, de pessoas que possam
directores regionais e centrais da AGT, bem trazer insights no sentido de a Administração
como outros convidados. Tributária implementar, exitosamente, as suas
estratégias”, disse. Ainda de acordo com
“REVISTA TÉCNICA TRIBUTÁRIA TRAZ UM Deodato Francisco, o surgimento de uma revista
CONTRIBUTO VALIOSO DO PONTO DE VISTA com o propósito de discutir ideias, perspectivas
CIENTÍFICO” e visões “demonstra que a AGT está preocupada
O director do Instituto de Pesquisa e em trazer educação e consciencialização para
Estudos Avançados, Deodato Francisco, os contribuintes e, do mesmo modo, oferecer
que testemunhou o acto de lançamento da orientação em questões ligadas à tributação o
ULAMBU, afirmou, em entrevista à Folha que beneficia a sociedade como um todo ao
Tributária, que a Revista Técnica Tributária traz promover a compreensão e a responsabilidade
um contributo valioso para quatro franjas da no sistema tributário”.
sociedade.

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IMPOSTO ESPECIAL DE JOGOS
INCIDÊNCIA OBJECTIVA
O Imposto Especial de Jogos (IEJ) é o Imposto que incide sobre o rendimento proveniente do
exercício da actividade de jogo de fortuna ou azar, jogos sociais ou outros jogos previstos na
lei, bem como sobre prémios atribuídos aos jogadores, conforme disposto na Lei n.º 5/16 de
17 de Maio, que aprova a Lei da Actividade de Jogos.

INCIDÊNCIA SUBJECTIVA
São sujeitos passivos do Imposto Especial de Jogos, as pessoas singulares ou colectivas que
exerçam actividade de exploração de jogos.

ISENÇÃO
De acordo com o n.º 1 do artigo 19.º da Lei n.º 2/22, de 13 de Março, Lei que aprova o
OGE 2023, estão isentos do pagamento do Imposto Especial de Jogos, os prémios cujos
valores sejam iguais ou inferiores a Kz 200 000,00 (Duzentos mil kwanzas) em todas as
modalidades de jogos, devendo ser tributado o excedente.

CAPITAL DE GIRO
De acordo as alterações legislativas introduzidas no OGE 2023, sobre os Jogos de Fortuna
ou Azar bancados de base territorial, é fixado em Kz 500 000,00 (Quinhentos mil Kwanzas)
o Capital em giro inicial mínimo de abertura de cada uma das mesas na sala de jogos gerais
e Kz 1 000 000,00 (Um milhão de Kwanzas) em cada uma das mesas de jogos localizadas
nas salas VIP.

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É fixado em Kz 150 000,00 (Cento e cinquenta mil Kwanzas) o Capital em giro inicial
mínimo de abertura de cada uma das máquinas automáticas de jogos localizadas na sala
de jogos gerais e Kz 500 000,00 (Quinhentos mil Kwanzas) em cada uma das máquinas de
jogos localizadas nas salas VIP.

LIQUIDAÇÃO E PAGAMENTO DO IMPOSTO


A liquidação e pagamento do Imposto Especial do Jogo deve ser efectuado até ao final do
mês seguinte ao do trimestre a que disser respeito às operações da actividade de jogos,
devendo o contribuinte apresentar documento de natureza contabilística, comprovativo das
receitas resultantes da exploração da actividade de jogo e dos pagamentos dos prémios,
designadamente o fluxo de caixa.

DETERMINAÇÃO DA MATÉRIA COLECTÁVEL


A matéria colectável do Imposto Especial de Jogos da entidade exploradora, corresponde
ao total de receita bruta, o qual consiste na diferença entre o total de apostas e o total dos
prémios pagos. A matéria colectável do Imposto Especial de Jogos sobre os prémios dos
apostadores, corresponde ao total dos prémios pagos pela entidade exploradora.

A matéria colectável do Imposto Especial de Jogos sobre o capital de giro, corresponde ao


somatório da abertura inicial das bancas simples e duplas pela entidade exploradora, cuja
liquidação do IEJ deve ocorrer sempre que houver abertura de bancas ou máquinas.

TAXAS
. Sobre a Receita Bruta dos jogos bancados e não bancados de base territorial, on-line,
incluindo o jogo do bingo, aplica-se a taxa de 25%;
. Sobre as apostas desportivas de base territorial, aplica-se a taxa de 20%;
. Sobre as apostas desportivas on-line, aplica-se a taxa de 25%;
. Sobre o valor global dos prémios dos jogos de fortuna ou azar de base territorial e on-line,
aplica-se a taxa de 10%;
. Sobre o valor global dos prémios nos jogos sociais de base territorial e on-line, aplica-se a
taxa de 20%;
. Sobre o capital em giro inicial é aplicada a taxa de 1,1% no caso de bancas simples e
2,2% no caso de bancas duplas.

OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS
As entidades exploradoras dos jogos estão obrigadas a entregar à Administração Geral
Tributária, até ao dia 31 de Janeiro de cada ano, o encerramento da escrita do exercício
anterior e os seguintes documentos de natureza contabilística:
a) Demonstração de Resultados, por natureza;
b) Balanço;
c) Demonstração de Fluxo de Caixa;
d) Balancete Geral analítico, antes e depois dos lançamentos de rectificação ou regularização
e de apuramento dos resultados de exercício e respectivos anexos, devidamente assinados
pelo contabilista responsável pela sua elaboração.

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COMITÉ NACIONAL DE FACILITAÇÃO DO
COMÉRCIO E BANCO MUNDIAL ABORDAM
IMPLEMENTAÇÃO DA JUCE

Membros do Comité Nacional de Facilitação do de Modernização Administrativa, da Agência


Comércio (CNFC) participaram, no dia 13 de Reguladora de Certificação e Logística de
Setembro, de uma sessão de esclarecimento Angola, entre outras instituições.
sobre a implementação da Janela Única do
Comércio Externo (JUCE), num encontro A JUCE é uma interface através da qual
orientado por Lazar Ristic e Ernani Checcucci, entidades envolvidas na cadeia do comércio
consultores do Banco Mundial, com o objectivo exterior trocam informações de forma unificada
de se identificar os mecanismos para a e simplificada.
implementação da plataforma em Angola.
Durante a sessão foram analisados “Os
A sessão, que decorreu na Sala de Reuniões do conceitos da JUCE: Efeitos de Importação e
Banco Mundial, em Luanda, foi moderada pela Exportação”; “O Estágio de Implementação
administradora Nerethz Tati, por indicação da JUCE em Angola” e “As Próximas Etapas e
do coordenador do Secretariado Executivo do Prazos”.
CNFC, função desempenhada pelo Presidente
do Conselho de Administração da AGT, José Na ocasião, Nerethz Tati, administradora da
Leiria. AGT, referiu que “a CNFC tem a missão de
auxiliar o Governo angolano a implementar as
Participaram, igualmente, representantes medidas do Acordo de Facilitação do Comércio.
dos ministérios das Relações Exteriores, do E uma das notas que os órgãos internacionais
Comércio e Indústria, bem como membros estabelecem é garantirmos a comunicação
da Casa Civil do Presidente da República, neste processo, que cada um do órgão do
da Câmara dos Despachantes, do Instituto Estado e toda a comunidade privada estejam

FOLHA TRIBUTÁRIA 19
alinhados antes mesmo de implementarmos Económico Autorizado, vejo com bons olhos
alguma medida de facilitação. É neste sentido esse processo de desenvolvimento. A AGT
que nós, em parceria com o Banco Mundial, tem uma agenda ambiciosa pela frente”,
preparámos esta sessão de esclarecimentos”. considerou.

Acrescentou que, a implementação da JUCE não Ernane Caccucci disse, por outro lado, que
é um processo simples, “é um processo que vai existem várias iniciativas que devem ser
exigir, naturalmente, mudança de consciência, implementadas de modo a melhorar a eficiência
alterações aos processos, nos procedimentos da AGT.
e, sobretudo, na legislação. Como referi é um
processo árduo, mas exequível”, sublinhou. Para o especialista, a AGT tem um sistema
Informou, ainda, que o CNFC irá implementar ambicioso de reforma, mas tem temas que
a JUCE no próximo ano, tal como orientado considera serem críticos e carecem de atenção.
pelo Executivo. “Um dos temas críticos é a melhoria do processo
de gerenciamento de risco tanto da alfândega
AVALIAÇÃO DO BANCO MUNDIAL SOBRE A como da integração da própria AGT na parte
EFICIÊNCIA DA AGT tributária e a gestão de risco coordenada com
Em entrevista à Folha Tributária, Ernane os demais órgãos de fronteiras. Esses processos
Caccucci, especialista do Banco Mundial na envolvem muito desenvolvimento para a sua
área de Facilitação do Comércio e Gestão de maturidade, mas já tem um caminho que está
Fronteiras, deu nota que, nos últimos dois a ser conduzido”.
anos, a AGT registou avanços na automação
dos processos alfandegários. Acrescentou, ainda, que outras iniciativas têm
que ver com a melhoria de infra-estruturas de
“A AGT tem tido avanços na aquisição postos de fronteiras e garantia da conectividade.
de dispositivos móveis para facilitar tanto “Para que os sistemas informáticos possam
os registos das inspecções alfandegárias operar de forma adequada, tem de se pensar
e a desmaterialização do processo de muito na parte da formação e capacitação,
desalfandegamento. Tem tido avanços em tanto dos funcionários como dos usuários”,
programas estratégicos no Programa Operador apelou.

FOLHA TRIBUTÁRIA 20
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GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES NO
PROCESSO DE DESALFANDEGAMENTO
“NENHUM IMPOSTO É CRIADO SEM QUE ESTEJAM PREVISTAS
AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES”

O conhecimento dos direitos e garantias dos contribuintes é fundamental para uma sociedade justa
e equitativa, e isso desempenha um papel crucial no sistema tributário. Nesta edição da Folha
Tributária voltamos a abordar o tema, tendo como convidada Cynthia Ratle, chefe do Departamento
dos Serviços Aduaneiros da Terceira Região Tributária.

As garantias dos contribuintes são todos os instrumentos e mecanismos jurídico-procedimentais


que visam salvaguardar os direitos dos contribuintes, ante às eventuais condutas excessivas e/ou
arbitrárias e inoportunas, protagonizadas pelas administrações tributárias.

“Permita-me esclarecer, em primeira instância, que as garantias dos contribuintes estão


constitucionalmente consagradas. A Constituição da República de Angola (CRA), de 2010, por via do
legislador constituinte, definiu as variáveis basilares sobre as quais os impostos devem ser criados,
nomeadamente, a taxa, a incidência, os benefícios e, claro está, as garantias dos contribuintes, de
acordo com o artigo 102.º da CRA. Na prática, nenhum imposto deve ser criado sem que a mesma
preveja, dentre outros elementos, as garantias dos contribuintes”, começa por explicar a nossa
entrevistada.

Sobre o Código Geral Tributário (CGT), adianta que “no seu artigo 23.º corporiza-se em detalhe a
premissa constitucional, que já referi, elencando um conjunto de direitos, nomeadamente, o de
não pagar impostos que não cumpram o emanado constitucional”. Define, ainda, que a mesma

FOLHA TRIBUTÁRIA 23
matéria não seja tributada mais de uma vez pelo mesmo imposto, bem como o direito à reclamação
e interposição de recurso hierárquico, à impugnação judicial, sem esquecer os direitos de audição
prévia, à informação vinculativa, entre outros. “Deste modo, todos os diplomas que criam impostos,
acautelam as garantias dos contribuintes sob pena de estarem feridos de ilegalidade constitucional”,
reforça a especialista.

Já no processo de desalfandegamento das mercadorias, Cynthia Ratle adianta que a legislação


aduaneira, como não podia deixar de ser, prevê garantias para os contribuintes. “O Código Aduaneiro
(CA) em particular, estabelece dentre outros, que o importador seja informado sobre os processos
de importações submetidos, bem como reclamar de eventuais excessos ou inobservância das
formalidades aduaneiras. Os contribuintes têm, ainda, consagrado o direito de ser notificado sempre
que, por via de método indirecto a AGT é obrigada a alterar a matéria colectável (Valor Aduaneiro)
em situações de desalfandegamento e pós-desalfandegamento, conforme previsto nos artigos 127.º
e 130.º do CA”, aclara.

Entretanto, explica a especialista, o direito de ser notificado ou informado sempre que as suas
mercadorias excedam os limites de armazenamento, é pela via da divulgação no jornal nacional de
maior tiragem.

“A necessidade de não divulgar os dados dos importadores, relacionados com o processo de avaliação
das mercadorias importadas, mantendo-os em segredo, está previsto no artigo 97.º do CA com as
devidas adaptações, as prerrogativas previstas no CGT, aplicam-se de igual modo no procedimento
aduaneiro”.

Nas etapas a seguir para o desalfandegamento das mercadorias, a interlocutora acentua que se deve ter
atenção aos seguintes temas:

No momento da submissão do manifesto e condução da mercadoria a um local designado


(armazenagem aduaneira), todos contribuintes devem tomar atenção a determinados procedimentos.
“Um dos mais relevantes é o dever de declarar a mercadoria por via de um Documento Único (DU) no
sistema electrónico ASYCUDA World e sujeitá-la a um regime (importação, exportação ou trânsito)
ou outros regimes especiais. Deve ainda indicar o código pautal e o valor aduaneiro, a origem da
mercadoria, o exportador, a moeda da transacção, a referência do contentor e a sua capacidade,
entre outras informações”.

Após a submissão no sistema de gestão de declarações aduaneiras (Asycuda World), o mesmo há


de gerar uma nota de liquidação indicando o valor que o importador deverá quitar. Os documentos
necessários durante o desalfandegamento das mercadorias, em regra geral, são a factura definitiva,
o conhecimento de embarque ou Bill of Lading, o Certificado de Origem, o Certificado da Agência
Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola (ARCCLA) e a licença de importação.

A especialista lembra que quando se trata de alimentos, são exigíveis, além dos documentos já citados,
outras informações, como os certificados sanitários ou fitossanitários e comprovativos de análises
laboratoriais. “Quanto se trata de mercadorias cuja importação esteja condicionada à autorização
de entidade pública, ou entidades por ela investida, exige-se a apresentação dos documentos de

FOLHA TRIBUTÁRIA 24
autorização de importação. Na importação de roupas usadas, por exemplo, a importação pode ser
posta em causa, caso não seja fornecido o Certificado de Fumigação”, esclarece.

Para efectuar o pagamento dos encargos aduaneiros os contribuintes têm a possibilidade de recorrer
aos mais variados aplicativos electrónicos, designadamente, as Apps dos bancos comerciais, os
dispositivos TPA e ATM da rede Multicaixa, o aplicativo Multicaixa Express ou a App AGT mobile.
“Com as instruções simples e precisas o contribuinte paga os seus impostos de modo confortável
sem sequer se deslocar às delegações aduaneiras ou às repartições fiscais.”, elucida.

Sobre as taxas a pagar pelo desalfandegamento das mercadorias, a chefe do Departamento dos
Serviços Aduaneiros Regional da Terceira Região esclarece que a regra geral é, “no regime de
tributação simplificada, a taxa única definida ser de 16%. No regime geral de tributação, são devidos
os direitos de importação, o IVA e a taxa referente aos Emolumentos Gerais Aduaneiros. É de realçar
que incide, igualmente, o Imposto Especial de Consumo, dependentemente do tipo de mercadoria
previsto na norma de incidência do referido imposto”.

“Os contribuintes devem desalfandegar as mercadorias dentro dos prazos para a submissão da
declaração aduaneira, caso a mesma não seja submetida, a mercadoria é considerada demorada e
começam a contar as formalidades para que seja confiscada a favor do Estado”, reforçou.

No que toca às irregularidades que a AGT tem verificado durante o processo de desalfandegamento
de mercadorias, a entrevistada adianta que são consideravelmente significativas as tentativas de
contornar a lei, embora os oficiais aduaneiros, por força dos controlos no momento da importação e
na pós-importação, têm neutralizado tais práticas.

“Quando as nossas áreas de gestão de risco possuem informações que, pela sua natureza, dimensão
e significado justifiquem, algumas mercadorias são retidas e milimetricamente inspeccionadas, uma
vez que a actividade aduaneira visa igualmente proteger a sociedade da entrada de mercadorias que
atentem contra a saúde e o bem-estar da sociedade angolana”, explica a especialista.

FOLHA TRIBUTÁRIA 25
AGENDAMENTO ON-LINE
CONTRIBUINTES PODEM DEFINIR A HORA EM QUE PRETENDEM SER ATENTIDOS
NAS REPARTIÇÕES FISCAIS E DELEGAÇÕES ADUANEIRAS

O Agendamento On-line é um dos últimos serviços disponibilizados pela Administração Geral


Tributária (AGT) com o objectivo de melhor servir as empresas e cidadãos. Trata-se, assim, de uma
ferramenta criada no âmbito da estratégia de fortalecimento do atendimento aos contribuintes e de
melhorar a gestão do tempo.

O coordenador da Equipa de Sustentabilidade do Gabinete de Tecnologias de Informação da AGT,


Vanderson Van-Dunem, explicou à Folha Tributária que entre as vantagens da plataforma “Agendamento
On-line” constam a possibilidade de o contribuinte escolher como pretende ser atendido, se remoto
ou presencial. “O contribuinte vê-se livre de enchentes e filas do normal atendimento ao público nas
repartições fiscais e delegações aduaneiras, uma vez que não precisa deslocar-se fisicamente para
resolver determinados assuntos do seu interesse. Pode fazê-lo de forma remota e em qualquer parte
do mundo”.

De acordo com Vanderson Van-Dunem, a partir da plataforma Agendamento On-line, os contribuintes


podem fazer a actualização do Número de Identificação Fiscal (NIF) e obter esclarecimentos sobre
os diferentes impostos. Para o sector aduaneiro, podem solicitar informações sobre importações e
exportações, bem como pareceres técnicos.

“O Agendamento On-line prevê, igualmente, uma janela para consultas onde o utilizador poderá
visualizar ou acompanhar o agendamento, as solicitações e reclamações nos seus diferentes estados”,
explicou.

“Incentivamos os contribuintes a economizarem o seu tempo. A AGT criou o Agendamento On-


line com vista a oferecer um serviço personalizado, sem filas nem demoras, permitindo que os
contribuintes resolvam, de forma rápida, as suas questões fiscais e aduaneiras”.

COMO FAZER O AGENDAMENTO ON-LINE?


O agendamento pode ser efectuado com os seguintes passos:
1. O contribuinte deve acessar o site da AGT em www.minfin.gov.ao;
2. Seleccionar a secção Serviços e clicar em “Serviços Electrónicos”;
3. Seleccionar a opção “Atendimento por Marcação”;
4. Seleccionar a opção “Agendar”;
5. Efectuar o login com o seu Número de Identificação Fiscal;
6. Informar a repartição/delegação, o assunto, o regime (fiscal ou aduaneiro), o horário ou data entre
os disponíveis listados e salvar.
7. Caso o utilizador seleccione a opção “Solicitar Serviço” ao invés de “Agendar”, deverá informar
o sector, os serviços disponíveis, indicando a Conta Fiscal que pretende associar à sua solicitação e
a repartição fiscal onde pretende dirigir-se.

FOLHA TRIBUTÁRIA 26
CLIQUE AQUI PARA ACEDER
PASSO-A-PASSO
INSCRIÇÃO DE IMÓVEL: IMPOSTO PREDIAL

PASSO 1: INICIAR SESSÃO


Para efectuar a inscrição do seu imóvel, aceda ao Portal do Contribuinte através do link:
https://portaldocontribuinte.minfin.gov.ao
• 1 - Insira o ID do Utilizador (NIF).
• 2 - Insira a Palavra Passe.
• 3 - Pressione o botão “Iniciar Sessão”.

PASSO 2: CADASTRO DE PRÉDIO RÚSTICO


Seleccione a conta que pretende efectuar a inscrição do Imóvel.

• 4 - Em Menu de Serviços seleccione Património - Pré-Cadastro - Inscrever - (Será redireccionado


para a página, onde poderá efectuar o cadastro do imóvel).

PASSO 4: INCRIÇÃO DE PRÉDIO URBANO


• 6 - Pressione o botão “Inscrever imóvel”.
• 7 - Em seguida, deverá selecionar o tipo de imóvel que pretende increver, conforme a imagem na
página a seguir.

PASSO 5: SELECCIONAR O TIPO DE IMÓVEL A INSCREVE.


• 8 - Tela para que se seleccione o tipo de imóvel a registar.

Preencher Secção Identificação do declarante/Identificação do Titular - Ao selecionar o “Prédio


Rústico” lhe será apresentado um formulário com as áreas “Identificação do Declarante e
Identificação Titular” que deverá ser preenchida e em seguida selecionar a opção “Próximo”.

• 9 - Em seguida é-lhe apresentada a tela “Informações do Prédio Rústico” que deverá ser
igualmente preenchida e em seguida selecionar a opção “Próximo”.

• Deve preencher a zona de identificação do imóvel.

• Zona onde o utilizador deve informar a localização do imóvel, e os serviços disponíveis.

• Zona para a informar a antiguidade do prédio, desde uma certa data e tipo.

• 10 - Após o preenchimento dos dados requeridos, lhe será apresentada a página de resumo de

FOLHA TRIBUTÁRIA 28
todo o cadastro preenchido, para que o utilizador confirme e salve, para finalizar o cadastro. O
sistema apresentará uma mensagem de sucesso do cadastro que lhe apresentará a lista de imóveis
cadastrados.

PASSO 6: CADASTRO DE PRÉDIO URBANO


• 11 - Ao seleccionar “Prédio Urbano” lhe será apresentado um formulário com as áreas
“Identificação do Declarante e Identificação Titular” que deverá ser preenchida e em seguida
seleccionar a opção “Próximo”.

PASSO 7: CADASTRO DE PRÉDIO URBANO


• 12 - A seguir é-lhe apresentada a tela “Informações do Prédio Urbano” que deverá igualmente
ser preenchida e seguida seleccionar a opção “Próximo”.
• 13 - Logo lhe será apresentada a página resumo de todo o cadastro preenchido, para que o
utilizador confirme os dados de cadastro, só após confirmação deverá seleccionar a opção “Salvar”,
para finalizar o cadastro. O sistema apresentará uma mensagem de sucesso do cadastro que lhe
apresentará a lista de imóveis cadastrados.

PASSO 8: LIQUIDAÇÃO DO IMPOSTO


• 14 - O utilizador deverá selecionar a opção “Liquidar” para pagar o imposto do imóvel
cadastrado.

PASSO 9: LIQUIDAÇÕES
• Fazer apuramento - Despois de seleccionado o imóvel a ser pago Pressionar o botão “Fazer
apuramento”, para a emissão da NL.

• 15 - Para tal deverá seleccionar o tipo de liquidação que deseja pagar, o exercício e o sistema
lhe apresentará a lista de imóveis que têm liquidação pendente para o exercício seleccionado,
em seguida o utilizador deverá seleccionar os imóveis que deseja pagar e “Fazer Apuramento” e
“Emitir Liquidação”.

• Tipos de liquidação a seleccionar.

PASSO 10: LIQUIDAÇÕES


• O sistema apresentará o apuramento do imposto, e conseque possibilidade de emissão da nota
de liquidação, com os códig a liquidação.

• Imprimir Comprovativo de Liquidação - Pressionar o botão “Comprovativo de Liquidação”.

FOLHA TRIBUTÁRIA 29
AGT
EM NÚMEROS
BOLETIM MENSAL
PREÇO DO PETRÓLEO

AMBIENTE PETRO-MACROECONÓMICO

AS IMPLICAÇÕES DA EXPANSÃO DOS BRICS PARA O SECTOR ENERGÉTICO


Por Dino Paulo e Nuno Fernandes

A recente Cimeira anual dos BRICS na África-do-Sul trouxe impactos geopolíticos importantes com
a adesão dos novos membros: Arábia Saudita, Argentina, EAU, Egipto, Etiópia e Irão, notando-se,
uma interessante reacção de silêncio “ensurdecedor”, por parte dos governos e imprensa ocidental.

Nesta senda, iremos abordar sobre as implicações energéticas consequentes da expansão dos BRICS,
nomeadamente:

Maior quota de produção mundial de petróleo - Com a expansão dos novos membros dos BRICS
representarão agora, colectivamente, cerca 43% da produção mundial de petróleo bruto. Uma
estimativa recente da Statisa conclui que a OPEP controla cerca 38% do petróleo bruto global. As
implicações geopolíticas desta realidade são óbvias.

Aumento do domínio económico mundial - Embora alguns analistas já tenham afirmado, em Dezembro
de 2022, o PIB total dos BRICS já tinha ultrapassado o do G7. A adição destes seis países, incluindo
o PIB de mais de um trilião de dólares da Arábia Saudita, acaba com todas as dúvidas, sendo que os
BRICS controlarão agora, em conjunto, cerca 29% do PIB mundial. Obviamente, a energia constitui
um dos principais motores deste domínio económico.

Maior cooperação entre a Arábia Saudita e a Rússia - Como principais actores da aliança OPEP+, a
Arábia Saudita e a Rússia têm frequentemente entrado em conflito entre si na definição da política
oficial desse grupo. Este facto foi mais notório em Março de 2020, quando um grande conflito entre
os dois resultou, temporariamente, numa quase ruptura total da aliança e provocou uma grande
queda dos preços do petróleo. Será interessante observar se o aumento da cooperação entre os dois
na aliança comercial mais alargada dos BRICS servirá para atenuar novos conflitos nas operações
da OPEP+.

Maior fragmentação dos mercados petrolíferos mundiais - Para além de se tornarem agora uma grande
potência no que diz respeito ao fornecimento de petróleo bruto, os BRICS já albergavam o primeiro
e o terceiro maiores importadores de petróleo bruto do mundo, a China e a Índia, respectivamente.

FOLHA TRIBUTÁRIA 31
Analistas do sector petrolífero, observaram ao longo do último ano e meio a crescente fragmentação
do comércio mundial de petróleo, que derivou principalmente da guerra entre a Rússia e Ucrânia. Na
medida em que esta expansão promove novas e melhores relações comerciais de petróleo entre os
parceiros dos BRICS, só servirá para dividir ainda mais o que anteriormente era um mercado global
único para a mercadoria mais transaccionada do mundo.

Diminuição da influência dos EUA e da Europa no Médio Oriente? - Os líderes da Arábia Saudita
persistiram na sua aspiração de adesão aos BRICS, apesar dos esforços dos EUA e de outras nações
ocidentais para os demover desta vontade. Esses esforços dos EUA incluíram não só a sensibilização
do Departamento de Estado, mas também uma visita a Riade, do próprio Presidente dos EUA Joe
Biden.

Porquê a inclusão da Etiópia? - Há quem se pergunte por que razão a Etiópia foi acrescentada a esta
aliança comercial, tendo em conta o seu modesto poder económico. A primeira motivação óbvia é o
facto de a Etiópia se ter tornado um participante significativo na iniciativa chinesa “Belt and Road
Initiative”. Além disso, a Etiópia ocupa uma posição geográfica estratégica, situada na foz do Mar
Vermelho, que dá acesso ao Canal do Suez, uma rota comercial fundamental para o petróleo do
Médio Oriente e para a maioria dos outros produtos de base.

Qual a relação entre o Egipto e o sector energético? - Talvez não seja muito conhecido, mas graças às
grandes descobertas efectuadas nos últimos 20 anos, o Egipto é actualmente é o 13º maior produtor
mundial de gás natural. É mais do que o produzido por potências petrolíferas como os Emirados
Árabes Unidos, o México e o Brasil, o que provavelmente contribuiu para a decisão de admissão.

O potencial energético da Argentina - embora a Argentina não seja actualmente uma grande potência
petrolífera, a sua jazida de xisto de Vaca Muerta promete tornar-se um interveniente mais significativo
nos mercados mundiais de gás natural, assim que estiver concluído um grande projecto de gasoduto
actualmente em desenvolvimento.

Apesar da cobertura relativamente modesta da imprensa ocidental sobre a expansão da Aliança


BRICS, traz consigo uma grande variedade de implicações geopolíticas potencialmente impactantes.
Não é de surpreender que muitas dessas implicações tenham a ver com um maior grau de influência
que o grupo passará a ter nos mercados globais e nas relações comerciais relacionadas com o
petróleo bruto e, em menor grau, com o gás natural.

FOLHA TRIBUTÁRIA 32
PREVISÃO DAS RAMAS ANGOLANAS
As ramas angolanas continuam a acompanhar o movimento do principal índice petrolífero
BRENT. A variação continua mínima. No período transacto, o preço registava um
comportamento “bullish”, que levou às máximas de 120 dólares o barril. Em contraste,
este ano, os preços estão relativamente controlados e estabilizaram nos últimos meses
na casa dos $70/$80 por barril. Estando a entrar no último trimestre do ano, a equipa da
DTE apela aos leitores para retornarem até aos boletins do meio do ano, onde se previu
correctamente uma subida na recta derradeira do ano. Com os preços actualmente perto
dos 90$ e com alguns fenómenos geopolíticos a tomarem cada vez mais forma, o fim do
ano avizinha-se sorridente para os Bulls do petróleo.

140,00

120,00

100,00

86.22%
80,00

60,00

40,00

20,00

0,00
Jun/22

Jul/22

Ago/22

Set/22

Out/22

Nov/22

Dez/22

Jan/23

Fev/23

Mar/23

Abr/23

Mai/23

Jun/23

Jul/23

Ago/23
Brent Ramas Angolanas OGE

Tabela 1 - Comportamento do preço das ramas angolanas face ao Brent - Fonte: SAF vs Platts.

FOLHA TRIBUTÁRIA 33
RECEITA MENSAL PETROLÍFERA - JULHO DE 2023

DESCRIÇÃO EXPORTAÇÃO PREÇO MÉDIO IRP (KZ) IPP TAXA RECEITA DA TOTAL

(BBLS) (USD/BBL) (KZ) DE GÁS (KZ) CONCESSIONÁRIA (KZ) (KZ)

Bloco 0 4 149 820 79,33 2 687 203 260 39 594 064 652 42 281 267 912

Bloco 0 ZMQ 259 000 79,96 588 868 312 588 868 312

Bloco 02/05 695 348 79,92 4 179 461 822 4 179 461 822

Bloco 03/05 515 139 77,89

Bloco 14 1 813 144 76,17 5 708 201 826 57 522 692 736 63 230 894 562

Bloco 14/K-AMI 49 727 76,41

Bloco 15 5 472 936 82,28 20 234 394 328 58 011 336 599 78 245 730 927

Bloco 15/06 3 050 796 75,63 1 986 765 649 56 908 542 788 58 895 308 437

Bloco 17 10 553 245 79,25 51 719 946 027 119 389 186 147 171 109 132 174

Bloco 18 1 994 740 76,60 15 004 017 517 15 004 017 517

Bloco 31 1 900 105 74,54 73 918 190 56 061 362 528 56 135 280 718

Bloco 32 5 701 422 77,90 31 566 755 016 54 345 770 838 85 912 525 854

Bloco FS-FST 155 000 80,05

Bloco LNG 24 939 263 535 24 939 263 535

Bloco Zona Sul 31 000 85,92 73 102 195 73 102 195

Terrestre Cabinda

TOTAL 36 341 422 78,66 158 173 029 365 40 182 932 964 402 238 891 636 600 594 853 965

Tabela 2 - Comportamento da receita Agosto 2023.

FOLHA TRIBUTÁRIA 34
EXPORTAÇÃO
Relativamente à exportação do mês de Julho, cujos impostos petrolíferos são pagos
em Agosto, o País registou um aumento de 10,16% comparativamente ao mês
de Junho, representando um aumento em cerca de 3,35 mmbbls a mais que no mês
transacto. A exportação diária teve uma média de 1,17 mmbbls/d.

PREÇO
Para as vendas de petróleo realizadas no mês de Julho, o preço médio das remas
angolanas foi de 78,66 $/bbl; 4,97 $/bbl a mais que no mês transacto, representando
um aumento na casa dos 6,74%.

RECEITA
No mês de Agosto, a receita petrolífera fechou em 600,60 mil milhões de Kwanzas.
Comparativamente ao mês transacto, este montante representou uma diminuição da
receita em cerca de 5,03%.

PREVISÃO
Para o mês de Setembro está estimada uma receita no montante de Kz 681,41 mil
millhões, com um previsão de exportação de 1,08 mmbbls/d e um preço de 82,10 $/
bbl.

FOLHA TRIBUTÁRIA 35
TOME NOTA
IRÁ A EXPANSÃO DOS BRICS
ACELERAR A DESDOLARIZAÇÃO?
POR NUNO FERNANDES & DINO PAULO

Um conjunto de países, incluindo a Arábia não denominadas em dólares para o comércio


Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o de petróleo. Para alguns, poderia fazer
Irão, foram convidados a juntarem-se aos sentido que a Arábia Saudita começasse a
BRICS aumentando o domínio energético do aceitar o yuan chinês e a rupia indiana da
grupo, especificamente no que diz respeito China e da Índia para o seu petróleo bruto.
ao petróleo bruto. Actualmente, os membros Segundo consta, tem havido discussões entre
dos BRICS representam cerca de 20% da a Arábia Saudita e a China sobre o assunto.
produção mundial de petróleo.
No entanto, até à data, não parece que os
Com a entrada da Arábia Saudita, dos sauditas estejam dispostos a isso. O facto
Emirados Árabes Unidos e do Irão, o grupo de o rial saudita estar indexado ao dólar
BRICS passaria a representar quase 42% da americano pode significar que os sauditas
produção mundial de petróleo bruto, sendo estejam relutantes em começar a fazer esta
à Arábia Saudita, o maior exportador de mudança.
petróleo bruto. Em 2022, o Reino exportou
cerca de 7,3 milhões de bbls/d de petróleo Porém, o que se viu foi obviamente uma
bruto, o que representa um pouco mais de mudança em relação ao Irão. Dadas as
17% das exportações mundiais de petróleo sanções, todos os compradores do seu
bruto. petróleo bruto estarão a pagar em moedas que
não o dólar. A China é o maior comprador de
A maior parte dessas exportações (76%) petróleo iraniano neste momento e, segundo
vai para a Ásia, das quais 35% vão para os consta, está a pagar em yuan.
membros do BRICS, China e Índia.
Para além das implicações da rapidez com
Por conseguinte, dadas as ambições que o papel do dólar como única moeda
dos BRICS de se desdolarizarem, haverá internacional é posto em causa, interessa-
certamente uma maior especulação de que nos também saber o que tudo isto significa
esta última medida poderá levar a Arábia para o rial saudita, que está indexado ao
Saudita a mudar cada vez mais para moedas dólar a SAR3, 75/USD desde a década de

FOLHA TRIBUTÁRIA 36
1980. Quaisquer episódios ocasionais de mercado, esta foi em grande parte ocupada
especulação contra o rial, em grande parte pelo renminbi chinês no espaço asiático.
através do mercado a prazo de divisas, foram As notícias desta expansão mais rápida -
rapidamente combatidos pelas autoridades especialmente entre os exportadores de
sauditas. petróleo - acrescentam claramente algum
ímpeto ao debate sobre a desdolarização.
Se os sauditas começarem a desdolarizar
a sua economia, através do aumento das A energia representa apenas 15% do
receitas em moedas que não o dólar, os comércio mundial e que o facto de a Arábia
investidores podem começar a questionar se Saudita fixar os preços das exportações de
haverá mudanças na indexação, por exemplo, petróleo para a China e a Índia em moedas
se o rial deverá ser gerido em relação a um que não o dólar não significa o fim do dólar
cabaz de moedas e não apenas em relação como moeda internacional de eleição.
ao dólar.
O papel de responsabilidade de uma moeda
Presumivelmente, as autoridades sauditas internacional é de importância crucial.
não acolherão de bom grado esta especulação, Enquanto os emitentes e os investidores
mas espera-se que os investidores estejam internacionais não estiverem dispostos a
agora atentos ao USD/SAR a prazo de 12 emitir e a deter dívida internacional em
meses, actualmente negociado a 3,7570 e moedas que não sejam o dólar, e a aceitação
muito próximo da paridade. Este prazo de 12 das obrigações Panda em CNY tem sido
meses pode ser negociado acima de 3,85 em muito lenta, suspeitamos que esta será uma
alturas de especulação sobre um rial mais progressão de uma década para um mundo
fraco. multipolar, um mundo em que talvez o dólar,
o euro e o renminbi se tornem as moedas
A desdolarização tem sido muito lenta e que, dominantes nas Américas, na Europa e na
nos casos em que o dólar perdeu quota de Ásia, respectivamente.

FOLHA TRIBUTÁRIA 37
BOLETIM MENSAL DO IVA
AGOSTO 2023

1. QUANTIDADE DE CONTRIBUINTES REGISTADOS NO IVA


Em Agosto, o sistema de cadastro da AGT apresentou um registo de 14 689 contribuintes inscritos
no regime geral de tributação do IVA.

Relativamente ao regime simplificado, o registo foi de 11434 contribuintes inscritos e no regime de


exclusão 82 070.

+32%

108 193

+133%

82 177

82 070

35 330 62 246

18 637

12 291
7 059 625 12 043 14 689
10 447
249
7 978
5 172
6 246 7 888 11 434
1 638 3 688
2019 2020 2021 2022 2023

Regime Exclusão Regime Geral Regime Simplificado

FOLHA TRIBUTÁRIA 38
2. RECEITA ARRECADADA DO IVA
Nesse mesmo período, a nível da importação, o valor arrecadado foi de Kz. 66 436 188 078
(Sessenta e seis mil milhões, quatrocentos e trinta e seis milhões, cento e oitenta e oito mil e setenta
e oito kwanzas) e registou-se um crescimento de 37% face ao período homólogo do ano anterior (Kz.
48 637 046 577).

Em termos gerais registou-se uma arrecadação total em sede de IVA no valor de Kz. 151 093 146
459 (Cento e cinquenta e um mil milhões, noventa e três milhões, cento e quarenta e seis mil e
quatrocentos e cinquenta e nove kwanzas), o que representa um acréscimo de 29% face ao período
homólogo do ano anterior.

ENQUADRAMENTO AGOSTO 2023 AGOSTO 2022 VARIAÇÃO

Regime Geral 47 745 639 728 44 104 074 678 8%

Importação 66 436 188 078 48 637 046 577 37%

IVA Cativo 34 986 496 778 21 885 189 837 60%

Regime Simplificado 941 361 928 888 283 102 6%

Outros 983 459 947 1 268 612 967 -22%

Total Geral 151 093 146 459 116 783 207 161 29%

ARRECADAÇÃO MENSAL

160 000 000 000


60% 70%

140 000 000 000 60%

50%
120 000 000 000
37%
40%
100 000 000 000 29%
30%

80 000 000 000 20%


8% 6%
60 000 000 000 10%

0%
40 000 000 000
-10%
-22%
20 000 000 000
-20%

0 -30%
Regime
IVA IVA IVA IVA
Simplificado Total Geral
Importação Regime Geral Cativo Outros
IVA

Agosto 2023 Agosto 2022 Variação

FOLHA TRIBUTÁRIA 39
REEMBOLSOS
Nesse período foram registados um total de 42 pedidos de reembolsos, correspondendo ao
montante em Kz. 12 922 264 860 (Doze mil milhões, novecentos e vinte e dois milhões,
duzentos e sessenta e quatro mil e oitocentos e sessenta kwanzas). Foram pagos 3 pedidos,
perfazendo um valor total de Kz. 810 849 493 (oitocentos e dez milhões, oitocentos e
quarenta e nove mil e quatrocentos e noventa e três kwanzas).

Foram indeferidos 16 processos por não cumprirem com os pressupostos legais.

SOFTWARE E GRÁFICAS
Nesse mês, deram entrada 14 pedidos de validação de software, todas as restantes solicitações
continuam em validação, sendo que não houve qualquer rejeição por incumprimento dos
requisitos mínimos previstos no diploma legal que institui a obrigatoriedade de certificação
de sistemas de facturação.

Em termos cumulativos, até ao momento já foram certificados um total de 429 software.

Quanto às gráficas, deram entrada 8 pedidos de licenciamento, tendo sido todas licenciadas.
Em termos cumulativos, até à data, já foram licenciadas um total de 421 gráficas.

REEMBOLSOS AGOSTO

Solicitados 42

Suspensos 38

Indeferidos 16

Pagos 3

SOFTWARE E GRÁFICAS AGOSTO

Software Validados 08

Gráficas Licenciadas 07

Facturas emitidas no Portal do Contribuinte 26 127

FOLHA TRIBUTÁRIA 40
FOLHA TRIBUTÁRIA 41
COMÉRCIO EXTERNO
AGOSTO 2023

ANÁLISE POR GRUPOS DE PRODUTOS - EXPORTAÇÕES DE BENS


No mês de Agosto de 2023, as exportações de bens decresceram 35,8%, face ao mesmo período do
ano anterior, tendo atingindo US$ 3 091 milhões.

Combustíveis foi o principal grupo de produtos mais vendido para o exterior, tendo atingido um
peso de 94,% sobre o total, todavia as suas exportações diminuíram 35,9% em comparação com o
mesmo período do ano anterior.

As transacções dos minerais e minérios contribuíram para as exportações com um peso de 3,6%,
contudo decresceram na ordem de 55,1% face ao mesmo período do ano anterior.

Categoria FOB Agosto FOB Agosto Homóloga Peso


de Produtos 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa
Combustíveis 2 906 312 802 4 537 359 951 35,9% 94,0%

Minerais e Minérios 111 708 604 249 010 603 55,1% 3,6%

Bens Agrícolas e Alimentares 43 196 269 9 324 631 363,2% 1,4%

Máquinas e Aparelhos 11 800 091 8 906 236 32,5% 0,4%

Metais Comuns 9 036 926 6 000 323 50,6% 0,3%

Madeira e Cortiça 3 618 410 3 608 677 0,3% 0,1%

Outros 2 594 541 2 140 284 21,2% 0,1%

Veículos e outros materiais de Transporte 1 379 341 1 461 182 5,6% 0,0%

Químicos 701 843 328 373 113,7% 0,0%

Plásticos e Borrachas 491 648 304 727 61,3% 0,0%

Materiais Têxteis 401 983 301 272 33,4% 0,0%

Total Geral 3 091 242 458 4 818 746 259 35,8% 100,0%

1 Combustíveis: compreende a exportação de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, isto é, de petróleo bruto.

FOLHA TRIBUTÁRIA 42
PRINCIPAIS PAÍSES DE DESTINO
No mês de Agosto, China, Estados-Unidos-da-América (EUA) e França foram os principais destinos
dos bens nacionais. Os seus pesos conjuntos concentram mais de metade das exportações totais
(71,8%). A China foi o principal cliente de Angola, com um peso de 56,8%, porém, verificaram-
se decréscimos das vendas na ordem de 0,5%, face ao mesmo período do ano anterior, sobretudo
devido à redução dos Combustíveis (petróleo bruto).

Relativamente aos Estados-Unidos-da-América, que figura na 2ª posição, Angola exportou,


fundamentalmente Combustíveis (petróleo bruto), Máquinas e Aparelhos (conectores e suas partes,
destinados à indústria petrolífera).

Para França exportou-se, igualmente Combustíveis (petróleo bruto, gás natural), Máquinas e Aparelhos
(aparelhos para recepção, transmissão ou recepção de voz, imagens ou de dados, incluindo aparelhos
de comutação e encaminhamento). As exportações para os EUA foram as que mais aumentaram,
devido à categoria dos Combustíveis (petróleo bruto e óleos de petróleo).

Principais FOB Agosto FOB Agosto Homóloga Peso


Países 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa

China 1 757 050 186 1 766 247 063 0,5% 56,8%

EUA 257 147 478 62 891 885 308,9% 8,3%

França 204 443 107 527 598 384 61,3% 6,6%

Espanha 162 232 799 374 164 377 56,6% 5,2%

Índia 141 087 358 293 799 734 52,0% 4,6%

Canadá 118 032 510 268 522 428 56,0% 3,8%

Emirados Árabes Unidos 91 538 092 163 625 778 44,1% 3,0%

Itália 84 843 853 84 328 090 0,6% 2,7%

Indonésia 79 499 410 65 928 303 20,6% 2,6%

República Democrática do Congo 42 504 886 10 823 302 292,7% 1,4%

Outros 152 862 778 1 200 816 915 87,3% 4,9%

Total Geral 3 091 242 458 4 818 746 259 35,8% 100,0%

ANÁLISE POR GRUPOS DE PRODUTOS - IMPORTAÇÕES DE BENS


Em Agosto de 2023, as importações de bens decresceram 12%, face ao mesmo período do ano
anterior, atingindo US$ 1 464 milhões.

As Máquinas e Aparelhos, Combustíveis , Bens Agrícolas e Alimentares foram os principais grupos


de produtos adquiridos do exterior. No seu conjunto, estes grupos representaram 62,7% do total das
importações de bens. De destacar que, no período em análise, evidenciou-se uma evolução negativa
generalizada em quase todos os grupos de produtos, em que, apenas as Máquinas e Aparelhos, os
Bens Agrícolas e Alimentares registaram crescimentos.

2 Combustíveis: compreende a exportação de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, isto é, de petróleo bruto.

FOLHA TRIBUTÁRIA 43
Categoria CIF Agosto CIF Agosto Homóloga Peso
de Produtos 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa

Máquinas e Aparelhos 392 641 708 318 656 112 23,2% 26,8%

Combustíveis 269 230 761 393 211 987 31,5% 18,4%

Bens Agrícolas e Alimentares 255 878 895 239 336 675 6,9% 17,5%

Veículos e outros materiais de Transporte 154 766 481 171 382 583 9,7% 10,6%

Outros 109 862 545 110 040 100 0,2% 7,5%

Metais Comuns 97 692 811 127 929 101 23,6% 6,7%

Químicos 88 631 457 127 958 217 30,7% 6,1%

Plásticos e Borrachas 49 071 263 79 227 291 38,1% 3,4%

Materiais Têxteis 33 447 009 59 518 945 43,8% 2,3%

Minerais e Minérios 10 938 750 32 942 161 66,8% 0,7%

Madeira e Cortiça 2 303 830 3 502 580 34,2% 0,2%

Total Geral 1 464 465 509 1 663 705 750 12,0% 100,0%

PRINCIPAIS PAÍSES DE ORIGEM


Em Agosto de 2023, a China, Itália, Portugal, Togo, e os Emirados Árabes Unidos foram os principais
fornecedores de bens para Angola, representando globalmente 51,2% do total das importações.
A China foi o maior fornecedor de bens para Angola, com um peso de 13,7% principalmente em
resultado das importações de Máquinas e Aparelhos, Metais Comuns, Veículos e Outros Materiais de
Transporte, Outros Produtos. Da Itália, Angola importou, fundamentalmente, Máquinas e Aparelhos,
Outros Produtos, Veículos e Outros Materiais de Transporte, Máquinas e Aparelhos.

Portugal figura na 3ª posição, com um peso de 10,4%. Verifica-se um ligeiro acréscimo, reflexo
dos acréscimos registados nas importações de Máquinas e Aparelhos. Togo apresentou o maior
crescimento, sobretudo devido às importações dos Combustíveis (gasóleo).

Principais CIF Agosto CIF Agosto Homóloga Peso


Países 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa

CChina 200 179 257 298 684 872 33,0% 13,7%

Itália 162 992 082 32 013 419 409,1% 11,1%

Portugal 152 878 553 156 063 499 0,0% 10,4%

Togo 121 961 245 23 020 529 705,6% 8,3%

Emirados Árabes Unidos 111 740 348 78 757 947 41,9% 7,6%

EUA 78 590 022 55 664 241 41,2% 5,4%

Reino Unido 70 279 112 70 586 394 0,4% 4,8%

Índia 60 544 554 68 469 149 11,6% 4,1%

Brasil 55 745 938 71 311 882 21,8% 3,8%

Malásia 47 918 867 29 973 369 59,9% 3,3%

Outros 401 635 531 802 157 958 49,9% 27,4%

Total Geral 1 464 465 509 1 663 705 750 12,0% 100,0%

FOLHA TRIBUTÁRIA 44
DECLARAÇÕES ADUANEIRAS
No mês de Agosto de 2023, os Serviços Regionais da Administração Geral Tributária registaram a
submissão de 33 338 Declarações Aduaneiras, nos seus distintos regimes aduaneiros.

Tendo em referência o número acima mencionado, destaca-se a Terceira Região Tributária


(compreende as províncias de Luanda e Bengo) com um total de 17 745 Documentos Únicos
submetidos, correspondente a 53% do número total destas submissões.

Vale referir que 66% das Declarações Aduaneiras submetidas na Terceira Região Tributária
correspondem ao regime de Importação Definitiva, e 19% são referentes ao regime de Importação
Simplificada de Mercadorias.

No período em análise, tramitaram na Sexta Região Tributária (províncias de Cunene e Cuando


Cubango) 7 488 Declarações Aduaneiras (22% do peso total das submissões processadas), sendo os
regimes mais submetidos o de Importação Temporária Simplificada de Veículos (46%), Importação
Simplificada de Bens de Viajantes (33%) e Importação Definitiva (8%).

Durante o mês de Agosto, esteve igualmente em destaque, na terceira posição, a Primeira Região
Tributária (províncias de Cabinda e Zaire), onde foram tramitados um total de 6 595 processos,
cujo peso total das Declarações Aduaneiras submetidas corresponde a 20%. Este Serviço Regional
Tributário registou como principais regimes submetidos os de Exportação Simplificada de Mercadorias
(24%), Exportação Temporária Simplificada de Veículo (18%), Re-importação Simplificada de
Veículos (15%) Exportação Definitiva (14%), Importação Definitiva (11%) e Importação Simplificada
de Mercadorias (10,7%).

Regime Aduaneiro Código de Regime 1.ª RT 2.ª RT 3.ª RT 4.ª RT 5.ª RT 6.ª RT 7.ª RT Total

Exportação Definitiva EX1 950 920 74 31 124 391 2490

Exportação Temporária EX2 3 54 14 71

Re-exportação EX3 16 50 1 4 71

Exportação Simplificada de Mercadorias EXS1 1566 262 10 98 1936

Exportação Temporária Simplificada de Veículo EXS2 1199 298 77 1575

Re-exportação Simplificada de Veículos EXS3 66 1 227 78 371

Exportação Simplificada de Bens de Viajantes EXV1 154 85 261

Importação Definitiva IM4 734 22 11624 193 69 584 13204

Importação temporária IM5 5 65 17 87

Re-importação IM6 2 54 4 60

Armazém IM7 52 52

Importação Simplificada de Mercadorias IMS4 706 3308 136 156 149 37 4492

Importação Temporária Simplificada de Veículo IMS5 329 3439 58 3826

Re-importação Simplificada de Veículos IMS6 972 1 27 1000

Importação Simplificada de Bens de Viajantes IMV4 28 36 953 1 8 ### 3503

Trânsito Aduaneiro IM8 19 249 55 16 339

Total Geral 6595 59 17745 405 264 7488 782 33 338

FOLHA TRIBUTÁRIA 45
?

1
O Asycuda World é um sistema que informatiza todos os processos e
procedimentos da actividade aduaneira, desde a submissão do manifesto de
carga até a saída de mercadorias dos locais de deposito temporário, incluindo
a gestão integrada das liquidações, pagamento e reembolsos.

2
O Contencioso Fiscal Aduaneiro é uma nova funcionalidade do sistema
Asycuda, a mesma tem como objectivo administrar a interacção entre a AGT
e o Representante do Declarante em sede do Contencioso Fiscal Aduaneiro.

Para além da desmaterialização do processo atribuído ao Contencioso Fiscal


Aduaneiro até a conclusão final, esta nova funcionalidade do sistema Asycuda
apresenta também os seguintes benefícios:
- O representante do declarante terá acesso a todos os documentos referente

3
ao processo;
- Novos mecanismos automatizados de cobrança (oficiosa), liquidação e
pagamento sempre que o declarante solicitar durante o processo;
- Redução de processos manuais e burocráticos;
- Controlo, gestão e consulta dos processos submetidos e processados em
tempo real;
- Arquivamento dos anexos, dados processados e concluído.
A MINHA OPINIÃO
PROGRAMA DE OPERADOR ECONÓMICO AUTORIZADO EM ANGOLA

HIYAVALA SAMBENY
TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS ADUANEIROS

Aprovado aos 3 de Dezembro de 2018, pelo Decreto Legislativo Presidencial n.º 293/18,
o Programa de Operador Económico Autorizado (OEA) completou, em Dezembro de 2022,
cinco (5) anos de implementação.

Para além dos importadores e exportadores, a certificação do Programa de OEA foi alargada
aos Despachantes Oficiais e aos Transitários, pelo Despacho n.º 2945/2, de 5 de Julho,
conforme previsto no referido programa.

Convém reforçar que o Programa de OEA foi implementado no âmbito do Acordo de Facilitação
do Comércio e no Quadro de Normas SAFE, da Organização Mundial das Alfândegas, que, e
de modo geral, visa a criação de normas que garantem, acima de tudo, segurança, facilitação,
controlo integrado, cooperação e agilidade na cadeia logística do comércio internacional.

De forma resumida, o Programa de OEA assenta nos três Pilares das Normas SAFE,
nomeadamente, a associação alfândegas-alfândegas, referente à implementação de normas
harmonizadas para optimização da segurança e facilitação na circulação de mercadorias, com
foco principal nos mecanismos de combate ao terrorismo, tráfico de mercadoria proibida e
outros delitos, através do tratamento da informação electrónica. O segundo pilar representa a
associação alfândega-empresas. Cinge-se na criação de normas que permitem identificar as
empresas privadas que oferecem um alto grau de segurança, permitindo que tais empresas
possam receber benefícios tangíveis e mensuráveis, no que se refere ao processamento das

FOLHA TRIBUTÁRIA 47
mercadorias, considerando a necessidade do Estado, através dos seus órgãos, conhecer e
optimizar os mecanismos de controlo e de segurança que as empresas privadas implementam
nos seus processos.

Finalmente, e não menos importante, o terceiro pilar refere-se a cooperações alfândegas-


agências governamentais, recomendando a cooperação entre as agências governamentais,
o que permite ao governo responder de forma eficaz e célere aos desafios da segurança
da cadeia de logística, simplificando os procedimentos estatais, evitando a duplicação de
documentos de autorização exigíveis, entre outras.

Passados cinco anos, o Programa de OEA, em referência, certificou um total de quarenta e


nove (49) operadores económicos, dos quais um (1) Despachante Oficial e um (1) Transitário,
sendo que, no ano de 2022 foram recepcionadas dez (10) candidaturas, das quais se
concluíram duas (2), com parecer positivo.

Sobre o volume aproximado de importação para o ano de 2022, os OEA processaram um total
de catorze mil, quatrocentos e quarenta e seis (14 446) despachos aduaneiros, declarados
no valor aduaneiro (CIF) de um bilião, novecentos e setenta e seis mil milhões, trezentos e
trinta e nove milhões, setecentos e setenta e um mil e oitocentos e setenta kwanzas (AOA
1 976 339 771 870, 00), representando a receita de impostos pagos de cento e quarenta
e três mil milhões, quatrocentos e noventa e seis milhões, oitocentos e quarenta e três e
duzentos e quarenta e dois kwanzas (AOA 143 496 843 242, 00).

Pensando na evolução do Programa de OEA, os desafios identificados neste período


consideram-se transversais às instituições/empresas públicas e privadas, intervenientes no
processo de importação ou exportação de mercadorias, essencialmente, (i) a necessidade de
simplificar criando celeridade no procedimento de licenciamento dos diversos documentos
exigidos, (ii) optimizar melhorando os sistemas integrados do Estado, (iii) implementar
procedimentos específicos que se ajustem melhor às necessidades das empresas; (iv) criar
sistemas automatizados de tratamento de informação, (v) eliminar as barreiras não tarifárias
ao comércio internacional, dentre outros.

Inversamente, as oportunidades do Programa de OEA, para o próximo quinquénio, adivinham-


se inúmeras, fundamentalmente, (1) estabelecer acordos de reconhecimento mútuo, (2)
implementar a Janela Única do Comércio Externo (JUCE), (3) adequar os Sistema Automatizado
de Dados Aduaneiros (ASYCUDA World) às exigências dos operadores económicos, (4) revisar
o decreto que aprova o Programa de OEA observando as recomendações internacionais, bem
como dos OEA, dentre outras.

Adiante, compreendendo que no cumprimento da sua missão, recomenda-se que as


alfândegas interferiram o mínimo possível no comércio internacional lícito, garantindo, ao
mesmo tempo, segurança e facilitação. No nosso ponto de vista, o Programa de OEA oferece
uma óptima oportunidade para fomentar o comércio, através do incentivo ao cumprimento
dos procedimentos, sem descorar a criação de procedimentos de segurança e facilitação
padrão para os demais operadores económicos.

FOLHA TRIBUTÁRIA 48
PSICOLOGIA DO DINHEIRO
APOROFOBIA: AH! QUE HORROR! POBRES!
POR FÁTIMA SAMPAIO FERNANDES PSICÓLOGA DA SAÚDE
OPsA CEP N.º 2148

O Junilson nunca tem dinheiro. Mas ganha bem, tem um emprego estável, vive só com a
mãe. Onde é que ele gasta todo o dinheiro? Dá a todas as pessoas que lhe pedem ajuda e a
todos os meninos que encontra a pedir, em frente aos supermercados onde faz as compras.
Em sessão de psicoterapia, surge uma situação traumática que viveu: o patrão da sua mãe,
o Senhor Antunes, chamou-o lá a casa e acusou a mãe de andar a roubar comida da arca e
da dispensa. O Junilson ficou chocado, disse que era impossível. O Senhor Antunes olhou-o
com desprezo: “Pobre mesmo não tem cura! Nunca mais vos quero ver sequer a passar
diante da minha porta!”. Desde aí, o Junilson parece estar, inconscientemente, a tentar
provar que, de facto, é pobre, ficando sem nada, autoboicotando-se, num sofrimento atroz,
interno, profundo, baseado nos seus complexos de inferioridade, reprimidos, mas que as
palavras do Senhor Antunes trouxeram à tona de forma brutal.

A Marisa nunca tem dinheiro, mas parece ser muito rica e bem-sucedida. Aparece nas redes
sociais com maquilhagens geniais e vestidos deslumbrantes. Os sapatos são caros, as bolsas
são de marca. Só vai a sítios caros, só se dá com pessoas ricas. Num evento da empresa em
que se convidaram os pais dos colaboradores, a Marisa estava claramente desconfortável,
a tentar “fugir” dos pais – que tinham aparecido contra a sua vontade, a convite do PCA,

FOLHA TRIBUTÁRIA 49
que conhecia a família. Se a Marisa pudesse, desapareceria, de tanta vergonha dos pais,
claramente muito humildes, em comparação com ela. Por trás de si, no passado, a Marisa
tem toda uma história de bullying, por os seus ténis se terem descolado um dia, na escola.
Andou todo o dia com os ténis a “pedir pão” e, a partir daí, os colegas não deixavam passar
uma oportunidade para rir dela. Os pais disseram-lhe que isso não tinha importância e que
não ligasse aos colegas, mas não lhe compraram outros ténis até ao final do ano lectivo. A
Marisa tinha de fazer ginástica, com os colegas, de sabrinas.

Temos horror da pobreza, mas, acima de tudo, temos horror de podermos ser considerados
pobres!

A pobreza faz os outros rirem de nós, desprezarem-nos, humilharem-nos, diminuírem-nos,


ou terem pena de nós. Não queremos que as pessoas se riam de nós. Não queremos que
as pessoas tenham pena de nós! Não somos coitados! Vamos vencer e depois eles vão
arrepender-se do que nos fizeram, do modo como nos trataram!

Não é?

Pois é.

O dinheiro está associado ao poder e a pobreza à ausência do mesmo. Sem poder, aceitamos
o que nos dão, aceitamos o que nos fazem, aprendemos que somos inferiores.

E isso é discriminação!

Considerar que alguém é inferior por ser pobre é como acreditar que alguém é inferior por
causa da sua cor, do seu género ou da sua orientação sexual. Está errado!

Aporofobia refere-se à aversão, à hostilidade e ao medo sentidos pelas pessoas pobres e pela
pobreza, refere-se à discriminação de quem é pobre.

O conceito aporofobia surgiu na última década do século XX, proposto pela filósofa Adela
Cortina, professora catedrática de Ética e Filosofia Política da Universidade de Valência, para
identificar essa atitude de discriminação por quem não tem recursos financeiros.

Apesar do que a literatura motivacional das últimas décadas nos tem ferozmente passado,
sermos pobres ou ricos não depende sempre apenas de nós. O país em que nascemos importa
(e as suas políticas de inclusão, de ensino obrigatório, de serviços de saúde gratuitos).
As oportunidades existentes importam (há pessoas que só conseguiram estudar, porque a
instituição ou o Estado lhes atribuiu uma bolsa de estudos). O contexto familiar é importante
(imagine que tem dez anos, o pai desapareceu, a mãe está doente, os irmãos são mais
pequeninos ainda… vai poder ir para a escola?). A realidade cultural pode ser determinante
(imagine ser mulher e querer ter sucesso num país que defende que as mulheres não podem
andar na rua sem a escolta de um homem – marido ou filho, por exemplo). Até a sorte e o
acaso importam.

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Sabemos, hoje, que ninguém é mais ou menos inteligente, mais ou menos má pessoa por ser
negro ou por ser branco. A cor não determina o carácter. Também ninguém é mais ou menos
competente por ser homem ou mulher. O género não determina o valor. Ninguém é bom ou
mau, mais simpático ou mais frio por ser hétero ou homossexual. A orientação sexual não
determina a afabilidade. Pois bem: ser rico ou ser pobre também não define carácter, nem
competência, nem inteligência, nem educação!

Atenção: as pessoas pobres também não são melhores que as pessoas ricas só por serem
pobres, nem são mais honestas ou mais simpáticas! Isso seria também discriminar, fazendo
o julgamento da pessoa com base em uma característica apenas. Repito: a pobreza não
determina carácter!

Enquanto seres humanos, e perante a imensidão de informação com que nos confrontamos
diariamente, recorremos a vieses, atalhos mentais, para simplificarmos a nossa vida e mesmo
para tomarmos decisões, ainda que de forma inconsciente. Isso leva-nos aos preconceitos,
aos lugares comuns, à ideia que temos de que uma pessoa de determinada cor será mais
simpática, uma pessoa de determinado país será mais séria, um indivíduo de determinada
classe social será mais humilde, uma pessoa de determinado género será mais capaz de
tomar decisões. Vises. Preconceitos.

E os preconceitos levam-nos à discriminação.

Lembre-se: uma pessoa deve ser avaliada pelas suas acções, pelo que faz, pela forma como
se comporta, e não pelo dinheiro que tem ou que não tem.

Não perca a oportunidade de conhecer histórias, de conhecer pessoas, de aprender mais, por
causa do preconceito.

Não se trate mal, não se boicote, por causa da aporofobia reinante. Não tenha medo que
pensem que é pobre. Não se torne pobre procurando mostrar aos outros que é rico.

O carácter, a dignidade e os nossos princípios não se regem por dinheiro. Devem existir com
ou sem dinheiro. São independentes.

Força!

Fique bem!

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CALENDÁRIO REGIME GERAL

FISCAL 2023
ACRÓNIMOS

Imposto sobre o Valor Acrescentado IVA


Imposto Especial de Consumo IEC
Imposto Industrial II
Imposto sobre Aplicação de Capitais IAC
Imposto sobre o Rendimento de Trabalho IRT
OBRIGAÇÕES DECLARACTIVAS Imposto de Selo
Imposto Predial
IS
IP
Imposto sobre Veículos Motorizados IVM
E DE PAGAMENTO Imposto Especial de Jogos IEJ

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FOLHA TRIBUTÁRIA
AGOSTO | N.º 63

FOLHA TRIBUTÁRIA
AGOSTO 2023 - N.º 63

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FOLHA TRIBUTÁRIA 53
RESENHA
LEGISLATIVA
DE JANEIRO A SETEMBRO DE 2023

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