Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Folha Tributária,
com periodicidade mensal, é um meio
de comunicação da Administração
Geral Tributária, para a divulgação
de informações, notícias, artigos
técnicos, eventos com relevância
fiscal e aduaneira ou novidades sobre
os seus serviços, dirigida a todos os
interessados em matérias tributárias.
FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE:
AGT - Administração Geral Tributária
Título: Folha Tributária
Edição: Setembro 2023 - N.o 64
Redacção e Edição:
Gabinete de Comunicação Institucional
(GCI - AGT)
EQUIPA DE TRABALHO:
Bráulio E. Assis, Fernando Costa,
Denise Garrocho Panzo, Osvaldo Domingos,
Tarciso Gourgel, Raúl Dias e Augusto
Delgado.
CONSELHO EDITORIAL:
Ondina Buca, António Rafael,
Divel Teixeira, Hermenegildo Gregório,
Francisco Sivone e Fernando Moisés.
AGT DIGITAL:
www.agt.minfin.gov.ao
portaldocontribuinte.minfin.gov.ao
apoio.agt@minfin.gov.ao
Central de Apoio ao Contribuinte:
+244 923 16 70 10
Justinho (Assistente Virtual)
WhatsApp AGT: +244 923 16 70 11
I FÓRUM NACIONAL DE INTEGRIDADE
FÓRUM PROMOVE PARTILHA DE MELHORES PRÁTICAS
PARA A PROMOÇÃO DA INTEGRIDADE NAS INSTITUIÇÕES
FOLHA TRIBUTÁRIA 3
Durante o evento foram abordados os temas criarem um programa ou plano de integridade
“Estratégia de Integridade nas Instituições que deverá constar um programa de supervisão
Públicas e Privadas”, a “Efectividade dos com vista a evitar desvios e comportamentos
Programas de Integridade e o seu Impacto inadequados.
na Formação de uma Cultura Íntegra nas
Organizações” e a “Integridade como Princípio A EFECTIVIDADE DOS PROGRAMAS DE
de Boa Gestão”. INTEGRIDADE E O SEU IMPACTO NA FORMAÇÃO
DE UMA CULTURA ÍNTEGRA NAS ORGANIZAÇÕES
ESTRATÉGIAS DE INTEGRIDADE NAS INSTITUIÇÕES O segundo painel de discussões teve como
PÚBLICAS E PRIVADAS prelectores o administrador da Agência
Durante o evento, o director de Estratégia Nacional de Petróleo, Gás e Biodiversidade
Empresarial do Porto de Luanda, Cesaltino (ANPG), Gerson Santos, o Economista Augusto
Kassuanga, o director do Centro de Ética da Fernandes, a Delegada Provincial da Inspecção
Universidade Católica de Angola, Frei José Geral da Administração do Estado (IGAE),
Manuel, e o Advogado Yannick Aragão, ao Maria de Lemos, e a directora do Gabinete de
abordarem o tema acima referido, convergiram Auditoria e Integridade Institucional da AGT,
ao considerar que a integridade nas organizações Ana de Oliveira.
envolve vários aspectos, sendo eles, a ética,
conformidade legal, responsabilidade social, De acordo com o representante da ANPG,
transparência e gestão de riscos. qualquer programa de integridade efectiva
assenta, essencialmente, em sete pilares, sendo
Segundo os prelectores, a integridade contribui eles o compromisso da alta direcção, o código
para a construção de uma reputação positiva, de conduta, políticas e procedimentos internos,
atraindo clientes, parceiros e talentos para a avaliação de riscos e diligência a terceiros.
organização. Organizações com uma reputação Assenta, de igual modo, no treinamento
sólida de integridade têm maior capacidade e comunicação, canal de denúncias e na
de enfrentar crises e lidar com elas de forma auditoria e monitoramento.
eficaz, minimizando danos à imagem.
Gerson Santos, ao falar da formação da cultura
Ainda de acordo com os prelectores, a cultura de integridade da ANPG, referiu que 90% dos
organizacional e a liderança são factores que agentes da instituição já foram abrangidos pelo
também influenciam a integridade dentro das programa de integridade da Instituição, sendo
organizações. “A integridade nas organizações que os 10% restantes se encontram em curso,
contribui para uma reputação positiva e “por razões de job assignment e job trainning”.
relacionamentos de confiança com partes Já a representante da IGAE, Maria de Lemos,
interessadas, contribuindo para se evitarem disse, na ocasião, que o sector público “está
escândalos, multas legais e danos à imagem em fase de maturidade da efectividade dos
da organização”, revelou Cesaltino Kassuanda, programas de integridade”.
tendo acrescentado que “a integridade promove
um ambiente de trabalho saudável e produtivo, Para Maria de Lemos, os resultados dos
onde os funcionários se sentem valorizados e programas de integridade no sector público
motivados a agir com ética”. ainda são “tímidos, mas muito encorajadores”.
“Precisamos de aumentar a consciencialização
Por sua vez, Yannick Aragão incentivou os dos gestores e funcionários públicos sobre
líderes das organizações presentes no evento a a mudança de paradigma de gestão e de
FOLHA TRIBUTÁRIA 4
governação pública, aumentar a adopção de Entre as personalidades presentes no I
um comportamento profissional assente nos Fórum de Integridade da AGT, destacam-se
códigos de ética e de conduta, bem como a igualmente, a PCA do Instituto de Gestão de
assimilação da obrigatoriedade de declaração Activos e Participação do Estado, (IGAPE),
de rendimentos, de bens e de interesses pelos Vera Escórcio, o Comandante da Polícia
gestores e titulares de cargos públicos”. Fiscal e Aduaneira, Comissário Manuel
Chima, o administrador da Empresa Nacional
Por sua vez, a directora do Gabinete de Auditoria de Distribuição de Electricidade (ENDE),
e Integridade Institucional (GAII) da AGT, Ana Simão Silva, e a administradora da AGT
de Oliveira, disse que a AGT tem adoptado um Roberta Malaquias, que proferiu o discurso de
conjunto de medidas voltadas à integridade. encerramento do evento.
“O GAII inovou a sua actuação em 2022 com a
implementação de fóruns regionais”. “AGT TEVE UMA BOA INICIATIVA”
Durante o evento promovido pela AGT, a Folha
“A experiência tem-nos mostrado que os Tributária ouviu, em entrevista, a directora dos
programas de integridade têm trazido aspectos Recursos Humanos da Comissão de Mercado
positivos, nomeadamente a diminuição de de Capitais (CMC), Tânia Mendes, que ao
risco de corrupção, transparência no acesso à fazer o seu balanço relativamente ao evento,
informação e controlo interno, responsabilidade considerou como “bom e deve continuar.
e excelência na gestão da coisa pública e maior Incentivamos outras instituições a fazê-lo
comprometimento dos líderes na adopção também”.
de uma estrutura adequada, com foco no
cumprimento do código de conduta”, referiu. Segundo a responsável, para a CMC, “o tema
integridade é importante e preocupante. É um
O terceiro e último painel esteve reservado à tema que temos em consideração no acto de
análise do tema “Integridade como princípio recrutamento.
de boa gestão” e foram prelectores o consultor
de empresas, José Serra Van-Dunem, o Aferimos o comportamento de cada candidato,
administrador da TV Zimbo, Amílcar Xavier, e a independentemente de existirem estruturas que
directora do Gabinete de Ética e Humanização lidam com esta matéria, no caso, a auditoria e o
do Ministério da Saúde, Djamila Príncipe. compliance. No entanto, os recursos humanos
fazem um acto preventivo de avaliação do perfil
Entre outros aspectos, no terceiro painel, os do candidato”, explicou.
oradores centralizaram o debate na importância
da liderança humanizada como mecanismo de “Penso que iniciativas desta natureza devem
coesão na gestão. iniciar nas escolas. A integridade deve,
igualmente, começar em casa, e deve ser
Segundo a directora do Gabinete de Ética e posta em primeiro lugar e nunca beliscada”,
Humanização do Ministério da Saúde, Djamila concluiu.
Príncipe, um líder humanizado “não rotula os
seus colaboradores, controla as suas emoções,
atenta-se aos factos e não ao “achismo”,
reconhece os pequenos esforços e busca auto-
conhecimento”.
FOLHA TRIBUTÁRIA 5
o gestor público já tem receio de cometer erros
pois sabe que a IGAE estará no seu encalço,
então daremos uma nota positiva aos nossos
gestores públicos, apesar de termos um
caminho longo a percorrer. Acreditamos que
iremos conseguir alcançar os nossos objectivos.
QUE AVALIAÇÃO FAZ DO 1º FÓRUM NACIONAL Temos igualmente outras actuações que são
SOBRE INTEGRIDADE REALIZADO PELA AGT? feitas no fórum da inspecção de carácter
É um evento pertinente e actual. Há aqui um “especial”. Nas nossas actuações conseguimos
casamento perfeito entre a IGAE e o Gabinete identificar irregularidades em matéria de
de Auditoria e Integridade Institucional (GAII) recursos humanos, gestão financeira, gestão
da AGT, apesar do GAII ser mais voltado para patrimonial. Relativamente a essas questões,
dentro e a IGAE ser um órgão de controlo mais dá-se um tratamento especial, por isso,
transversal. Mas as duas instituições velam não passa na comunicação social, dando a
pela integridade, boas práticas e transparência. impressão de que a IGAE só trabalha para “peixe
pequeno”, mas não é a verdade. Sendo que a
COMO ESTÃO OS FUNCIONÁRIOS DA IGAE NA IGAE tem mais processos relacionados com
QUESTÃO DE INTEGRIDADE? gestores públicos de topo, do que processos de
Nesta matéria os colaboradores estão muito “pequena corrupção”.
bem, prova disso é que não há nenhum
documento da IGAE a circular nas redes “O PAÍS SAI A GANHAR COM INICIATIVAS COMO
sociais. Para se estar na IGAE, é fundamental ESTAS”
ser alguém íntegro. Não é que não tenham O director da Sétima Região Tributária, que
existido funcionários que tenham saído dos compreende as províncias da Lunda-Norte,
“carris”, mas em regra, os funcionários do Lunda-Sul e Moxico, Paulo Francisco João,
IGAE são bem-comportados. referiu “pelos temas que foram abordados, e
pela experiência transmitida pelas instituições
DE MODO GERAL, QUE AVALIAÇÃO FAZ DO presentes, leva-nos a reflectir e dar passos
COMPORTAMENTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS mais assentes na actuação, alertando-nos
E PRIVADOS NO QUE CONCERNE À INTEGRIDADE? igualmente que o compromisso da integridade
Já esteve pior. Hoje temos gestores públicos deve começar nas famílias. O País sai a ganhar
mais conscientes e que gerem melhor a coisa com iniciativas como estas”.
pública, o que não acontecia há 5 anos. Hoje
FOLHA TRIBUTÁRIA 6
“Reforçamos, cada vez, mais a mensagem a AGT está num bom caminho, uma vez que
sobre os princípios éticos, questões como a tem técnicos tributários até nas zonas mais
honestidade, respeito ao próximo e, sobretudo, recônditas”.
para aqueles que lidam com os bens públicos.
“A nível da 7ª Região Tributária, no que
Acções como estas têm de continuar, e que concerne à integridade, temos realizado muitas
não seja somente em Luanda, mas também actividades, como por exemplo, Manhãs
noutras províncias, de maneira a observarmos de Alerta, de maneira a consciencializar os
e beneficiarmos das experiências de outras funcionários sobre a importância de se manterem
instituições fora de Luanda e ouvir dos próprios íntegros. No caso de incumprimento, temos
governos provinciais como se encontram a conduzido alguns processos disciplinares, a
nível de integridade pública. Ouve-se muito título de exemplo, em 2020 foram demitidos
as pessoas reclamarem do mau atendimento dois técnicos que tiveram uma conduta
dos funcionários públicos, no entanto, de imprópria”, referiu.
acordo com as estatísticas apresentadas aqui,
FOLHA TRIBUTÁRIA 7
III ENCONTRO SECTORIAL COM OS
GRANDES CONTRIBUINTES
AGT E GRANDES CONTRIBUINTES ANALISAM ADOPÇÃO DAS NORMAS
INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE EM ANGOLA
Ao proceder ao discurso de abertura, a administradora da AGT Nerethz Tati, referiu que em Angola
o início da harmonização do regime contabilístico das instituições financeiras, sob supervisão do
Banco Nacional de Angola (BNA) com as normas internacionais de contabilidade e reporte financeiro
(IAS/IFRS), deu-se no exercício económico de 2016, com objectivo de promover a sua convergência
financeira, sendo que apenas em 2017 a adopção das normas tornou-se obrigatória, inclusive, para
as instituições financeiras que “não satisfaziam os critérios predefinidos pelo BNA”.
“Em 2019, através do aviso n.º 5/19, de 30 de Agosto, procedeu-se a uma actualização normativa
muito devido à entrada em vigor da IFRS9, instrumentos financeiros, em substituição das AIS 39 e
à necessidade de adequação da regulamentação sobre a matéria, visando uniformizar os respectivos
registos contabilísticos, sistematizar os procedimentos e critérios de registo, estabelecer regras para
a divulgação de informações, bem como racionalizar e padronizar a utilização das contas”, proferiu.
FOLHA TRIBUTÁRIA 8
De acordo com a administradora da AGT, “a adopção plena das IAS/IFRS no sistema financeiro
angolano é um processo que requer a intervenção e cooperação das mais diversas entidades e,
neste sentido, um dos reptos que a introdução destas normas envolve é a necessidade do seu
acompanhamento pela AGT, para efeitos, também, da implementação das adequadas medidas de
cariz fiscal”, explicou.
De acordo com Hélder Calemba, a adopção das normas internacionais acarreta consigo algumas
implicações na contabilidade, nomeadamente, “impacto nos relatórios financeiros, como a mudança
na forma de contabilidade das comissões recebidas, alteração na mensuração da estimativa do valor
de risco e a introdução de novas regras de reconhecimento dos instrumentos financeiros”.
“Outras implicações estão relacionadas com o ajuste cultural e de negócios, isso significa que
podem existir desafios na interpretação e aplicação das normas de maneira consistente e adequada.
Por outro lado, as IAS/IFRS exigem contabilistas e profissionais financeiros altamente qualificados”,
explicou.
Em relação às implicações fiscais, o técnico da AGT referiu que “as normas internacionais de
contabilidade podem afectar a forma como as empresas calculam os seus activos, passivos,
proveitos e custos, impactando a base tributária. As mudanças das regras contabilísticas podem
exigir actualizações nas declarações de imposto, abarcando a inclusão de novos itens de proveitos,
custos ou ajustes, que poderá provocar, de igual modo, alterações no valor do imposto devido”.
FOLHA TRIBUTÁRIA 9
AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE NO SECTOR SEGURADOR
A administradora da Nossa Seguros, Cristina Nascimento, foi uma das prelectoras do evento,
tendo apresentado uma comunicação sobre “O impacto da Adopção das Normas Internacionais
de Contabilidade no Sector Segurador”. Durante a sua explanação, referiu que, entre as principais
implicações, constam “a classificação e mensuração de terrenos e edifícios, assim como dos
investimentos financeiros. Outros impactos estão relacionados com os contratos de seguros e a
mensuração de responsabilidades”.
“Os efeitos nos capitais próprios decorrentes da adopção, pela primeira vez, do PCES/IFRS
concorrem para a formação do lucro tributável correspondente ao exercício de início e aos quatro
exercícios subsequentes. A regra genérica de transição determina, normalmente, que todas as IFRS
devam ser aplicadas retrospectivamente, pelo que os ajustamentos necessários são efectuados por
contrapartida de resultados transitados à data da transição”, explicou.
Neste III evento dedicado aos Grandes Contribuintes, foram discutidos, de igual modo, os temas
“Adopção pela Primeira Vez das Normas Internacionais e as suas Implicações”, tendo como prelector
desse tema a Coordenadora do Conselho Nacional de Normalização Contabilística de Angola, Maria
da Cruz. O outro tema abordado foi “A Mensuração dos Elementos do Balanço e Implicações para a
Matéria Colectável”, numa comunicação apresentada pelo representante da Associação Angolana de
Bancos (ABANC), Rafael Nascimento.
Este, que foi o último encontro sectorial realizado em 2023, contou com a participação do director
da Direcção dos Grandes Contribuintes, Dénis Mingiedi, de representantes do Banco Nacional de
Angola, do Banco de Comércio e Indústria, da Nossa Seguros, do Banco de Poupança e Crédito
e da Associação de Distribuição de Valores Mobiliários. Estiveram representadas, de igual modo,
a Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), BIC Seguros, Banco Keve, a Empresa Nacional de
Seguros de Angola (ENSA), o Banco de Fomento de Angola, o Banco Valor, o Banco Angolano de
Investimentos, o Banco de Negócios Internacional, o Banco Yetu, a Global Seguros, o Finibanco, o
Banco Económico e o Banco Millennium Atlântico.
FOLHA TRIBUTÁRIA 10
A VOZ DOS
CONTRIBUINTES
CONTRIBUINTES PEDEM QUE AGT PASSE A IMPLEMENTAR
MAIS AS SUAS SUGESTÕES
“Dou nota positiva à AGT pelas discussões técnicas que tem promovido, são muito úteis, mas parece
haver alguma dificuldade com a materialização dos subsídios dos contribuintes. No final vemos que
os encontros não resultam em alterações efectivas no nosso sistema tributário”, enfatizou.
Por sua vez, a técnica fiscal da Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA), Carla Moura, disse,
na ocasião, que os eventos realizados pela AGT têm sido “proveitosos e muito pertinentes”.
Carla Moura revelou que a ENSA tem uma boa relação com a AGT, “há reciprocidade na nossa
relação. Nós usamos muito os serviços digitais da AGT e sempre que surge alguma situação anómala
relacionada com o pagamento de algum imposto ou submissão de algum documento a AGT dá-nos
suporte e conseguimos ultrapassar as dificuldades”, concluiu.
“Para o futuro penso que o passo é aplicar, cada vez mais, as conclusões saídas das auscultações
aos contribuintes. Obviamente, como entidade tributária não pode aceitar ou levar em consideração
todas as opiniões, até porque o País precisa de receitas e, de modo geral, a AGT está num bom
caminho”, realçou.
FOLHA TRIBUTÁRIA 11
FOLHA TRIBUTÁRIA 12
FOLHA TRIBUTÁRIA 13
LITERATURA
2ª EDIÇÃO DA REVISTA TÉCNICA TRIBUTÁRIA ULAMBU JÁ NAS BANCAS
FOLHA TRIBUTÁRIA 14
liberdades e garantias dos contribuintes. “A revista traz, primeiramente, um contributo
Por sua vez, no quarto painel, os leitores para a comunidade académica, e acredito que
encontrarão assuntos relacionados com a os artigos da ULAMBU são bastante valiosos
certidão de origem no contexto da zona livre do ponto de vista científico e podem trazer
de comércio, enquanto que no quinto e último discussões afloradas a nível do Direito Tributário
painel, os temas estão relacionados com a e matérias conexas. Em segundo lugar, a
justiça tributária, estrutura, oportunidades e ULAMBU é importante para os empresários,
opções gerais. O evento de lançamento contou, porque traz linhas orientadoras no que toca ao
também, com a presença do administrador tributo. É também substancial para o Estado,
da AGT, Tiago Cordeiro dos Santos, do sub- no que concerne às políticas públicas.
comissário da Polícia Fiscal e Aduaneira, Mário
Alberto, do director do Gabinete do Reitor da A Revista vem influenciar o Estado a abrir outras
Universidade Agostinho Neto, Sérgio Beia, perspectivas que podem ajudar na definição de
do secretário-geral da União dos Escritores melhores políticas públicas. Por último, uma
Angolanos, David Capelenguela, e do director vez que a ULAMBU tem visões de académicos
do Instituto de Pesquisas e Estudos Avançados, de várias áreas, também contribuirá para a
Deodato Francisco. Contou, igualmente, com melhoria da actuação da própria AGT que,
a presença da directora do Centro de Estudos neste momento de crescimento, precisa,
Tributários da AGT, Cristina Muengo, de cada vez mais, de pessoas que possam
directores regionais e centrais da AGT, bem trazer insights no sentido de a Administração
como outros convidados. Tributária implementar, exitosamente, as suas
estratégias”, disse. Ainda de acordo com
“REVISTA TÉCNICA TRIBUTÁRIA TRAZ UM Deodato Francisco, o surgimento de uma revista
CONTRIBUTO VALIOSO DO PONTO DE VISTA com o propósito de discutir ideias, perspectivas
CIENTÍFICO” e visões “demonstra que a AGT está preocupada
O director do Instituto de Pesquisa e em trazer educação e consciencialização para
Estudos Avançados, Deodato Francisco, os contribuintes e, do mesmo modo, oferecer
que testemunhou o acto de lançamento da orientação em questões ligadas à tributação o
ULAMBU, afirmou, em entrevista à Folha que beneficia a sociedade como um todo ao
Tributária, que a Revista Técnica Tributária traz promover a compreensão e a responsabilidade
um contributo valioso para quatro franjas da no sistema tributário”.
sociedade.
FOLHA TRIBUTÁRIA 15
IMPOSTO ESPECIAL DE JOGOS
INCIDÊNCIA OBJECTIVA
O Imposto Especial de Jogos (IEJ) é o Imposto que incide sobre o rendimento proveniente do
exercício da actividade de jogo de fortuna ou azar, jogos sociais ou outros jogos previstos na
lei, bem como sobre prémios atribuídos aos jogadores, conforme disposto na Lei n.º 5/16 de
17 de Maio, que aprova a Lei da Actividade de Jogos.
INCIDÊNCIA SUBJECTIVA
São sujeitos passivos do Imposto Especial de Jogos, as pessoas singulares ou colectivas que
exerçam actividade de exploração de jogos.
ISENÇÃO
De acordo com o n.º 1 do artigo 19.º da Lei n.º 2/22, de 13 de Março, Lei que aprova o
OGE 2023, estão isentos do pagamento do Imposto Especial de Jogos, os prémios cujos
valores sejam iguais ou inferiores a Kz 200 000,00 (Duzentos mil kwanzas) em todas as
modalidades de jogos, devendo ser tributado o excedente.
CAPITAL DE GIRO
De acordo as alterações legislativas introduzidas no OGE 2023, sobre os Jogos de Fortuna
ou Azar bancados de base territorial, é fixado em Kz 500 000,00 (Quinhentos mil Kwanzas)
o Capital em giro inicial mínimo de abertura de cada uma das mesas na sala de jogos gerais
e Kz 1 000 000,00 (Um milhão de Kwanzas) em cada uma das mesas de jogos localizadas
nas salas VIP.
FOLHA TRIBUTÁRIA 16
É fixado em Kz 150 000,00 (Cento e cinquenta mil Kwanzas) o Capital em giro inicial
mínimo de abertura de cada uma das máquinas automáticas de jogos localizadas na sala
de jogos gerais e Kz 500 000,00 (Quinhentos mil Kwanzas) em cada uma das máquinas de
jogos localizadas nas salas VIP.
TAXAS
. Sobre a Receita Bruta dos jogos bancados e não bancados de base territorial, on-line,
incluindo o jogo do bingo, aplica-se a taxa de 25%;
. Sobre as apostas desportivas de base territorial, aplica-se a taxa de 20%;
. Sobre as apostas desportivas on-line, aplica-se a taxa de 25%;
. Sobre o valor global dos prémios dos jogos de fortuna ou azar de base territorial e on-line,
aplica-se a taxa de 10%;
. Sobre o valor global dos prémios nos jogos sociais de base territorial e on-line, aplica-se a
taxa de 20%;
. Sobre o capital em giro inicial é aplicada a taxa de 1,1% no caso de bancas simples e
2,2% no caso de bancas duplas.
OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS
As entidades exploradoras dos jogos estão obrigadas a entregar à Administração Geral
Tributária, até ao dia 31 de Janeiro de cada ano, o encerramento da escrita do exercício
anterior e os seguintes documentos de natureza contabilística:
a) Demonstração de Resultados, por natureza;
b) Balanço;
c) Demonstração de Fluxo de Caixa;
d) Balancete Geral analítico, antes e depois dos lançamentos de rectificação ou regularização
e de apuramento dos resultados de exercício e respectivos anexos, devidamente assinados
pelo contabilista responsável pela sua elaboração.
FOLHA TRIBUTÁRIA 17
FOLHA TRIBUTÁRIA 18
COMITÉ NACIONAL DE FACILITAÇÃO DO
COMÉRCIO E BANCO MUNDIAL ABORDAM
IMPLEMENTAÇÃO DA JUCE
FOLHA TRIBUTÁRIA 19
alinhados antes mesmo de implementarmos Económico Autorizado, vejo com bons olhos
alguma medida de facilitação. É neste sentido esse processo de desenvolvimento. A AGT
que nós, em parceria com o Banco Mundial, tem uma agenda ambiciosa pela frente”,
preparámos esta sessão de esclarecimentos”. considerou.
Acrescentou que, a implementação da JUCE não Ernane Caccucci disse, por outro lado, que
é um processo simples, “é um processo que vai existem várias iniciativas que devem ser
exigir, naturalmente, mudança de consciência, implementadas de modo a melhorar a eficiência
alterações aos processos, nos procedimentos da AGT.
e, sobretudo, na legislação. Como referi é um
processo árduo, mas exequível”, sublinhou. Para o especialista, a AGT tem um sistema
Informou, ainda, que o CNFC irá implementar ambicioso de reforma, mas tem temas que
a JUCE no próximo ano, tal como orientado considera serem críticos e carecem de atenção.
pelo Executivo. “Um dos temas críticos é a melhoria do processo
de gerenciamento de risco tanto da alfândega
AVALIAÇÃO DO BANCO MUNDIAL SOBRE A como da integração da própria AGT na parte
EFICIÊNCIA DA AGT tributária e a gestão de risco coordenada com
Em entrevista à Folha Tributária, Ernane os demais órgãos de fronteiras. Esses processos
Caccucci, especialista do Banco Mundial na envolvem muito desenvolvimento para a sua
área de Facilitação do Comércio e Gestão de maturidade, mas já tem um caminho que está
Fronteiras, deu nota que, nos últimos dois a ser conduzido”.
anos, a AGT registou avanços na automação
dos processos alfandegários. Acrescentou, ainda, que outras iniciativas têm
que ver com a melhoria de infra-estruturas de
“A AGT tem tido avanços na aquisição postos de fronteiras e garantia da conectividade.
de dispositivos móveis para facilitar tanto “Para que os sistemas informáticos possam
os registos das inspecções alfandegárias operar de forma adequada, tem de se pensar
e a desmaterialização do processo de muito na parte da formação e capacitação,
desalfandegamento. Tem tido avanços em tanto dos funcionários como dos usuários”,
programas estratégicos no Programa Operador apelou.
FOLHA TRIBUTÁRIA 20
CLIQUE AQUI PARA LER
GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES NO
PROCESSO DE DESALFANDEGAMENTO
“NENHUM IMPOSTO É CRIADO SEM QUE ESTEJAM PREVISTAS
AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES”
O conhecimento dos direitos e garantias dos contribuintes é fundamental para uma sociedade justa
e equitativa, e isso desempenha um papel crucial no sistema tributário. Nesta edição da Folha
Tributária voltamos a abordar o tema, tendo como convidada Cynthia Ratle, chefe do Departamento
dos Serviços Aduaneiros da Terceira Região Tributária.
Sobre o Código Geral Tributário (CGT), adianta que “no seu artigo 23.º corporiza-se em detalhe a
premissa constitucional, que já referi, elencando um conjunto de direitos, nomeadamente, o de
não pagar impostos que não cumpram o emanado constitucional”. Define, ainda, que a mesma
FOLHA TRIBUTÁRIA 23
matéria não seja tributada mais de uma vez pelo mesmo imposto, bem como o direito à reclamação
e interposição de recurso hierárquico, à impugnação judicial, sem esquecer os direitos de audição
prévia, à informação vinculativa, entre outros. “Deste modo, todos os diplomas que criam impostos,
acautelam as garantias dos contribuintes sob pena de estarem feridos de ilegalidade constitucional”,
reforça a especialista.
Entretanto, explica a especialista, o direito de ser notificado ou informado sempre que as suas
mercadorias excedam os limites de armazenamento, é pela via da divulgação no jornal nacional de
maior tiragem.
“A necessidade de não divulgar os dados dos importadores, relacionados com o processo de avaliação
das mercadorias importadas, mantendo-os em segredo, está previsto no artigo 97.º do CA com as
devidas adaptações, as prerrogativas previstas no CGT, aplicam-se de igual modo no procedimento
aduaneiro”.
Nas etapas a seguir para o desalfandegamento das mercadorias, a interlocutora acentua que se deve ter
atenção aos seguintes temas:
A especialista lembra que quando se trata de alimentos, são exigíveis, além dos documentos já citados,
outras informações, como os certificados sanitários ou fitossanitários e comprovativos de análises
laboratoriais. “Quanto se trata de mercadorias cuja importação esteja condicionada à autorização
de entidade pública, ou entidades por ela investida, exige-se a apresentação dos documentos de
FOLHA TRIBUTÁRIA 24
autorização de importação. Na importação de roupas usadas, por exemplo, a importação pode ser
posta em causa, caso não seja fornecido o Certificado de Fumigação”, esclarece.
Para efectuar o pagamento dos encargos aduaneiros os contribuintes têm a possibilidade de recorrer
aos mais variados aplicativos electrónicos, designadamente, as Apps dos bancos comerciais, os
dispositivos TPA e ATM da rede Multicaixa, o aplicativo Multicaixa Express ou a App AGT mobile.
“Com as instruções simples e precisas o contribuinte paga os seus impostos de modo confortável
sem sequer se deslocar às delegações aduaneiras ou às repartições fiscais.”, elucida.
Sobre as taxas a pagar pelo desalfandegamento das mercadorias, a chefe do Departamento dos
Serviços Aduaneiros Regional da Terceira Região esclarece que a regra geral é, “no regime de
tributação simplificada, a taxa única definida ser de 16%. No regime geral de tributação, são devidos
os direitos de importação, o IVA e a taxa referente aos Emolumentos Gerais Aduaneiros. É de realçar
que incide, igualmente, o Imposto Especial de Consumo, dependentemente do tipo de mercadoria
previsto na norma de incidência do referido imposto”.
“Os contribuintes devem desalfandegar as mercadorias dentro dos prazos para a submissão da
declaração aduaneira, caso a mesma não seja submetida, a mercadoria é considerada demorada e
começam a contar as formalidades para que seja confiscada a favor do Estado”, reforçou.
No que toca às irregularidades que a AGT tem verificado durante o processo de desalfandegamento
de mercadorias, a entrevistada adianta que são consideravelmente significativas as tentativas de
contornar a lei, embora os oficiais aduaneiros, por força dos controlos no momento da importação e
na pós-importação, têm neutralizado tais práticas.
“Quando as nossas áreas de gestão de risco possuem informações que, pela sua natureza, dimensão
e significado justifiquem, algumas mercadorias são retidas e milimetricamente inspeccionadas, uma
vez que a actividade aduaneira visa igualmente proteger a sociedade da entrada de mercadorias que
atentem contra a saúde e o bem-estar da sociedade angolana”, explica a especialista.
FOLHA TRIBUTÁRIA 25
AGENDAMENTO ON-LINE
CONTRIBUINTES PODEM DEFINIR A HORA EM QUE PRETENDEM SER ATENTIDOS
NAS REPARTIÇÕES FISCAIS E DELEGAÇÕES ADUANEIRAS
“O Agendamento On-line prevê, igualmente, uma janela para consultas onde o utilizador poderá
visualizar ou acompanhar o agendamento, as solicitações e reclamações nos seus diferentes estados”,
explicou.
FOLHA TRIBUTÁRIA 26
CLIQUE AQUI PARA ACEDER
PASSO-A-PASSO
INSCRIÇÃO DE IMÓVEL: IMPOSTO PREDIAL
• 9 - Em seguida é-lhe apresentada a tela “Informações do Prédio Rústico” que deverá ser
igualmente preenchida e em seguida selecionar a opção “Próximo”.
• Zona para a informar a antiguidade do prédio, desde uma certa data e tipo.
• 10 - Após o preenchimento dos dados requeridos, lhe será apresentada a página de resumo de
FOLHA TRIBUTÁRIA 28
todo o cadastro preenchido, para que o utilizador confirme e salve, para finalizar o cadastro. O
sistema apresentará uma mensagem de sucesso do cadastro que lhe apresentará a lista de imóveis
cadastrados.
PASSO 9: LIQUIDAÇÕES
• Fazer apuramento - Despois de seleccionado o imóvel a ser pago Pressionar o botão “Fazer
apuramento”, para a emissão da NL.
• 15 - Para tal deverá seleccionar o tipo de liquidação que deseja pagar, o exercício e o sistema
lhe apresentará a lista de imóveis que têm liquidação pendente para o exercício seleccionado,
em seguida o utilizador deverá seleccionar os imóveis que deseja pagar e “Fazer Apuramento” e
“Emitir Liquidação”.
FOLHA TRIBUTÁRIA 29
AGT
EM NÚMEROS
BOLETIM MENSAL
PREÇO DO PETRÓLEO
AMBIENTE PETRO-MACROECONÓMICO
A recente Cimeira anual dos BRICS na África-do-Sul trouxe impactos geopolíticos importantes com
a adesão dos novos membros: Arábia Saudita, Argentina, EAU, Egipto, Etiópia e Irão, notando-se,
uma interessante reacção de silêncio “ensurdecedor”, por parte dos governos e imprensa ocidental.
Nesta senda, iremos abordar sobre as implicações energéticas consequentes da expansão dos BRICS,
nomeadamente:
Maior quota de produção mundial de petróleo - Com a expansão dos novos membros dos BRICS
representarão agora, colectivamente, cerca 43% da produção mundial de petróleo bruto. Uma
estimativa recente da Statisa conclui que a OPEP controla cerca 38% do petróleo bruto global. As
implicações geopolíticas desta realidade são óbvias.
Aumento do domínio económico mundial - Embora alguns analistas já tenham afirmado, em Dezembro
de 2022, o PIB total dos BRICS já tinha ultrapassado o do G7. A adição destes seis países, incluindo
o PIB de mais de um trilião de dólares da Arábia Saudita, acaba com todas as dúvidas, sendo que os
BRICS controlarão agora, em conjunto, cerca 29% do PIB mundial. Obviamente, a energia constitui
um dos principais motores deste domínio económico.
Maior cooperação entre a Arábia Saudita e a Rússia - Como principais actores da aliança OPEP+, a
Arábia Saudita e a Rússia têm frequentemente entrado em conflito entre si na definição da política
oficial desse grupo. Este facto foi mais notório em Março de 2020, quando um grande conflito entre
os dois resultou, temporariamente, numa quase ruptura total da aliança e provocou uma grande
queda dos preços do petróleo. Será interessante observar se o aumento da cooperação entre os dois
na aliança comercial mais alargada dos BRICS servirá para atenuar novos conflitos nas operações
da OPEP+.
Maior fragmentação dos mercados petrolíferos mundiais - Para além de se tornarem agora uma grande
potência no que diz respeito ao fornecimento de petróleo bruto, os BRICS já albergavam o primeiro
e o terceiro maiores importadores de petróleo bruto do mundo, a China e a Índia, respectivamente.
FOLHA TRIBUTÁRIA 31
Analistas do sector petrolífero, observaram ao longo do último ano e meio a crescente fragmentação
do comércio mundial de petróleo, que derivou principalmente da guerra entre a Rússia e Ucrânia. Na
medida em que esta expansão promove novas e melhores relações comerciais de petróleo entre os
parceiros dos BRICS, só servirá para dividir ainda mais o que anteriormente era um mercado global
único para a mercadoria mais transaccionada do mundo.
Diminuição da influência dos EUA e da Europa no Médio Oriente? - Os líderes da Arábia Saudita
persistiram na sua aspiração de adesão aos BRICS, apesar dos esforços dos EUA e de outras nações
ocidentais para os demover desta vontade. Esses esforços dos EUA incluíram não só a sensibilização
do Departamento de Estado, mas também uma visita a Riade, do próprio Presidente dos EUA Joe
Biden.
Porquê a inclusão da Etiópia? - Há quem se pergunte por que razão a Etiópia foi acrescentada a esta
aliança comercial, tendo em conta o seu modesto poder económico. A primeira motivação óbvia é o
facto de a Etiópia se ter tornado um participante significativo na iniciativa chinesa “Belt and Road
Initiative”. Além disso, a Etiópia ocupa uma posição geográfica estratégica, situada na foz do Mar
Vermelho, que dá acesso ao Canal do Suez, uma rota comercial fundamental para o petróleo do
Médio Oriente e para a maioria dos outros produtos de base.
Qual a relação entre o Egipto e o sector energético? - Talvez não seja muito conhecido, mas graças às
grandes descobertas efectuadas nos últimos 20 anos, o Egipto é actualmente é o 13º maior produtor
mundial de gás natural. É mais do que o produzido por potências petrolíferas como os Emirados
Árabes Unidos, o México e o Brasil, o que provavelmente contribuiu para a decisão de admissão.
O potencial energético da Argentina - embora a Argentina não seja actualmente uma grande potência
petrolífera, a sua jazida de xisto de Vaca Muerta promete tornar-se um interveniente mais significativo
nos mercados mundiais de gás natural, assim que estiver concluído um grande projecto de gasoduto
actualmente em desenvolvimento.
FOLHA TRIBUTÁRIA 32
PREVISÃO DAS RAMAS ANGOLANAS
As ramas angolanas continuam a acompanhar o movimento do principal índice petrolífero
BRENT. A variação continua mínima. No período transacto, o preço registava um
comportamento “bullish”, que levou às máximas de 120 dólares o barril. Em contraste,
este ano, os preços estão relativamente controlados e estabilizaram nos últimos meses
na casa dos $70/$80 por barril. Estando a entrar no último trimestre do ano, a equipa da
DTE apela aos leitores para retornarem até aos boletins do meio do ano, onde se previu
correctamente uma subida na recta derradeira do ano. Com os preços actualmente perto
dos 90$ e com alguns fenómenos geopolíticos a tomarem cada vez mais forma, o fim do
ano avizinha-se sorridente para os Bulls do petróleo.
140,00
120,00
100,00
86.22%
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
Jun/22
Jul/22
Ago/22
Set/22
Out/22
Nov/22
Dez/22
Jan/23
Fev/23
Mar/23
Abr/23
Mai/23
Jun/23
Jul/23
Ago/23
Brent Ramas Angolanas OGE
Tabela 1 - Comportamento do preço das ramas angolanas face ao Brent - Fonte: SAF vs Platts.
FOLHA TRIBUTÁRIA 33
RECEITA MENSAL PETROLÍFERA - JULHO DE 2023
DESCRIÇÃO EXPORTAÇÃO PREÇO MÉDIO IRP (KZ) IPP TAXA RECEITA DA TOTAL
Bloco 0 4 149 820 79,33 2 687 203 260 39 594 064 652 42 281 267 912
Bloco 0 ZMQ 259 000 79,96 588 868 312 588 868 312
Bloco 02/05 695 348 79,92 4 179 461 822 4 179 461 822
Bloco 14 1 813 144 76,17 5 708 201 826 57 522 692 736 63 230 894 562
Bloco 15 5 472 936 82,28 20 234 394 328 58 011 336 599 78 245 730 927
Bloco 15/06 3 050 796 75,63 1 986 765 649 56 908 542 788 58 895 308 437
Bloco 17 10 553 245 79,25 51 719 946 027 119 389 186 147 171 109 132 174
Bloco 18 1 994 740 76,60 15 004 017 517 15 004 017 517
Bloco 31 1 900 105 74,54 73 918 190 56 061 362 528 56 135 280 718
Bloco 32 5 701 422 77,90 31 566 755 016 54 345 770 838 85 912 525 854
Terrestre Cabinda
TOTAL 36 341 422 78,66 158 173 029 365 40 182 932 964 402 238 891 636 600 594 853 965
FOLHA TRIBUTÁRIA 34
EXPORTAÇÃO
Relativamente à exportação do mês de Julho, cujos impostos petrolíferos são pagos
em Agosto, o País registou um aumento de 10,16% comparativamente ao mês
de Junho, representando um aumento em cerca de 3,35 mmbbls a mais que no mês
transacto. A exportação diária teve uma média de 1,17 mmbbls/d.
PREÇO
Para as vendas de petróleo realizadas no mês de Julho, o preço médio das remas
angolanas foi de 78,66 $/bbl; 4,97 $/bbl a mais que no mês transacto, representando
um aumento na casa dos 6,74%.
RECEITA
No mês de Agosto, a receita petrolífera fechou em 600,60 mil milhões de Kwanzas.
Comparativamente ao mês transacto, este montante representou uma diminuição da
receita em cerca de 5,03%.
PREVISÃO
Para o mês de Setembro está estimada uma receita no montante de Kz 681,41 mil
millhões, com um previsão de exportação de 1,08 mmbbls/d e um preço de 82,10 $/
bbl.
FOLHA TRIBUTÁRIA 35
TOME NOTA
IRÁ A EXPANSÃO DOS BRICS
ACELERAR A DESDOLARIZAÇÃO?
POR NUNO FERNANDES & DINO PAULO
FOLHA TRIBUTÁRIA 36
1980. Quaisquer episódios ocasionais de mercado, esta foi em grande parte ocupada
especulação contra o rial, em grande parte pelo renminbi chinês no espaço asiático.
através do mercado a prazo de divisas, foram As notícias desta expansão mais rápida -
rapidamente combatidos pelas autoridades especialmente entre os exportadores de
sauditas. petróleo - acrescentam claramente algum
ímpeto ao debate sobre a desdolarização.
Se os sauditas começarem a desdolarizar
a sua economia, através do aumento das A energia representa apenas 15% do
receitas em moedas que não o dólar, os comércio mundial e que o facto de a Arábia
investidores podem começar a questionar se Saudita fixar os preços das exportações de
haverá mudanças na indexação, por exemplo, petróleo para a China e a Índia em moedas
se o rial deverá ser gerido em relação a um que não o dólar não significa o fim do dólar
cabaz de moedas e não apenas em relação como moeda internacional de eleição.
ao dólar.
O papel de responsabilidade de uma moeda
Presumivelmente, as autoridades sauditas internacional é de importância crucial.
não acolherão de bom grado esta especulação, Enquanto os emitentes e os investidores
mas espera-se que os investidores estejam internacionais não estiverem dispostos a
agora atentos ao USD/SAR a prazo de 12 emitir e a deter dívida internacional em
meses, actualmente negociado a 3,7570 e moedas que não sejam o dólar, e a aceitação
muito próximo da paridade. Este prazo de 12 das obrigações Panda em CNY tem sido
meses pode ser negociado acima de 3,85 em muito lenta, suspeitamos que esta será uma
alturas de especulação sobre um rial mais progressão de uma década para um mundo
fraco. multipolar, um mundo em que talvez o dólar,
o euro e o renminbi se tornem as moedas
A desdolarização tem sido muito lenta e que, dominantes nas Américas, na Europa e na
nos casos em que o dólar perdeu quota de Ásia, respectivamente.
FOLHA TRIBUTÁRIA 37
BOLETIM MENSAL DO IVA
AGOSTO 2023
+32%
108 193
+133%
82 177
82 070
35 330 62 246
18 637
12 291
7 059 625 12 043 14 689
10 447
249
7 978
5 172
6 246 7 888 11 434
1 638 3 688
2019 2020 2021 2022 2023
FOLHA TRIBUTÁRIA 38
2. RECEITA ARRECADADA DO IVA
Nesse mesmo período, a nível da importação, o valor arrecadado foi de Kz. 66 436 188 078
(Sessenta e seis mil milhões, quatrocentos e trinta e seis milhões, cento e oitenta e oito mil e setenta
e oito kwanzas) e registou-se um crescimento de 37% face ao período homólogo do ano anterior (Kz.
48 637 046 577).
Em termos gerais registou-se uma arrecadação total em sede de IVA no valor de Kz. 151 093 146
459 (Cento e cinquenta e um mil milhões, noventa e três milhões, cento e quarenta e seis mil e
quatrocentos e cinquenta e nove kwanzas), o que representa um acréscimo de 29% face ao período
homólogo do ano anterior.
Total Geral 151 093 146 459 116 783 207 161 29%
ARRECADAÇÃO MENSAL
50%
120 000 000 000
37%
40%
100 000 000 000 29%
30%
0%
40 000 000 000
-10%
-22%
20 000 000 000
-20%
0 -30%
Regime
IVA IVA IVA IVA
Simplificado Total Geral
Importação Regime Geral Cativo Outros
IVA
FOLHA TRIBUTÁRIA 39
REEMBOLSOS
Nesse período foram registados um total de 42 pedidos de reembolsos, correspondendo ao
montante em Kz. 12 922 264 860 (Doze mil milhões, novecentos e vinte e dois milhões,
duzentos e sessenta e quatro mil e oitocentos e sessenta kwanzas). Foram pagos 3 pedidos,
perfazendo um valor total de Kz. 810 849 493 (oitocentos e dez milhões, oitocentos e
quarenta e nove mil e quatrocentos e noventa e três kwanzas).
SOFTWARE E GRÁFICAS
Nesse mês, deram entrada 14 pedidos de validação de software, todas as restantes solicitações
continuam em validação, sendo que não houve qualquer rejeição por incumprimento dos
requisitos mínimos previstos no diploma legal que institui a obrigatoriedade de certificação
de sistemas de facturação.
Quanto às gráficas, deram entrada 8 pedidos de licenciamento, tendo sido todas licenciadas.
Em termos cumulativos, até à data, já foram licenciadas um total de 421 gráficas.
REEMBOLSOS AGOSTO
Solicitados 42
Suspensos 38
Indeferidos 16
Pagos 3
Software Validados 08
Gráficas Licenciadas 07
FOLHA TRIBUTÁRIA 40
FOLHA TRIBUTÁRIA 41
COMÉRCIO EXTERNO
AGOSTO 2023
Combustíveis foi o principal grupo de produtos mais vendido para o exterior, tendo atingido um
peso de 94,% sobre o total, todavia as suas exportações diminuíram 35,9% em comparação com o
mesmo período do ano anterior.
As transacções dos minerais e minérios contribuíram para as exportações com um peso de 3,6%,
contudo decresceram na ordem de 55,1% face ao mesmo período do ano anterior.
Minerais e Minérios 111 708 604 249 010 603 55,1% 3,6%
Veículos e outros materiais de Transporte 1 379 341 1 461 182 5,6% 0,0%
Total Geral 3 091 242 458 4 818 746 259 35,8% 100,0%
1 Combustíveis: compreende a exportação de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, isto é, de petróleo bruto.
FOLHA TRIBUTÁRIA 42
PRINCIPAIS PAÍSES DE DESTINO
No mês de Agosto, China, Estados-Unidos-da-América (EUA) e França foram os principais destinos
dos bens nacionais. Os seus pesos conjuntos concentram mais de metade das exportações totais
(71,8%). A China foi o principal cliente de Angola, com um peso de 56,8%, porém, verificaram-
se decréscimos das vendas na ordem de 0,5%, face ao mesmo período do ano anterior, sobretudo
devido à redução dos Combustíveis (petróleo bruto).
Para França exportou-se, igualmente Combustíveis (petróleo bruto, gás natural), Máquinas e Aparelhos
(aparelhos para recepção, transmissão ou recepção de voz, imagens ou de dados, incluindo aparelhos
de comutação e encaminhamento). As exportações para os EUA foram as que mais aumentaram,
devido à categoria dos Combustíveis (petróleo bruto e óleos de petróleo).
Emirados Árabes Unidos 91 538 092 163 625 778 44,1% 3,0%
Total Geral 3 091 242 458 4 818 746 259 35,8% 100,0%
2 Combustíveis: compreende a exportação de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, isto é, de petróleo bruto.
FOLHA TRIBUTÁRIA 43
Categoria CIF Agosto CIF Agosto Homóloga Peso
de Produtos 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa
Máquinas e Aparelhos 392 641 708 318 656 112 23,2% 26,8%
Bens Agrícolas e Alimentares 255 878 895 239 336 675 6,9% 17,5%
Veículos e outros materiais de Transporte 154 766 481 171 382 583 9,7% 10,6%
Total Geral 1 464 465 509 1 663 705 750 12,0% 100,0%
Portugal figura na 3ª posição, com um peso de 10,4%. Verifica-se um ligeiro acréscimo, reflexo
dos acréscimos registados nas importações de Máquinas e Aparelhos. Togo apresentou o maior
crescimento, sobretudo devido às importações dos Combustíveis (gasóleo).
Emirados Árabes Unidos 111 740 348 78 757 947 41,9% 7,6%
Total Geral 1 464 465 509 1 663 705 750 12,0% 100,0%
FOLHA TRIBUTÁRIA 44
DECLARAÇÕES ADUANEIRAS
No mês de Agosto de 2023, os Serviços Regionais da Administração Geral Tributária registaram a
submissão de 33 338 Declarações Aduaneiras, nos seus distintos regimes aduaneiros.
Vale referir que 66% das Declarações Aduaneiras submetidas na Terceira Região Tributária
correspondem ao regime de Importação Definitiva, e 19% são referentes ao regime de Importação
Simplificada de Mercadorias.
Durante o mês de Agosto, esteve igualmente em destaque, na terceira posição, a Primeira Região
Tributária (províncias de Cabinda e Zaire), onde foram tramitados um total de 6 595 processos,
cujo peso total das Declarações Aduaneiras submetidas corresponde a 20%. Este Serviço Regional
Tributário registou como principais regimes submetidos os de Exportação Simplificada de Mercadorias
(24%), Exportação Temporária Simplificada de Veículo (18%), Re-importação Simplificada de
Veículos (15%) Exportação Definitiva (14%), Importação Definitiva (11%) e Importação Simplificada
de Mercadorias (10,7%).
Regime Aduaneiro Código de Regime 1.ª RT 2.ª RT 3.ª RT 4.ª RT 5.ª RT 6.ª RT 7.ª RT Total
Re-exportação EX3 16 50 1 4 71
Re-importação IM6 2 54 4 60
Armazém IM7 52 52
Importação Simplificada de Mercadorias IMS4 706 3308 136 156 149 37 4492
FOLHA TRIBUTÁRIA 45
?
1
O Asycuda World é um sistema que informatiza todos os processos e
procedimentos da actividade aduaneira, desde a submissão do manifesto de
carga até a saída de mercadorias dos locais de deposito temporário, incluindo
a gestão integrada das liquidações, pagamento e reembolsos.
2
O Contencioso Fiscal Aduaneiro é uma nova funcionalidade do sistema
Asycuda, a mesma tem como objectivo administrar a interacção entre a AGT
e o Representante do Declarante em sede do Contencioso Fiscal Aduaneiro.
3
ao processo;
- Novos mecanismos automatizados de cobrança (oficiosa), liquidação e
pagamento sempre que o declarante solicitar durante o processo;
- Redução de processos manuais e burocráticos;
- Controlo, gestão e consulta dos processos submetidos e processados em
tempo real;
- Arquivamento dos anexos, dados processados e concluído.
A MINHA OPINIÃO
PROGRAMA DE OPERADOR ECONÓMICO AUTORIZADO EM ANGOLA
HIYAVALA SAMBENY
TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS ADUANEIROS
Aprovado aos 3 de Dezembro de 2018, pelo Decreto Legislativo Presidencial n.º 293/18,
o Programa de Operador Económico Autorizado (OEA) completou, em Dezembro de 2022,
cinco (5) anos de implementação.
Para além dos importadores e exportadores, a certificação do Programa de OEA foi alargada
aos Despachantes Oficiais e aos Transitários, pelo Despacho n.º 2945/2, de 5 de Julho,
conforme previsto no referido programa.
Convém reforçar que o Programa de OEA foi implementado no âmbito do Acordo de Facilitação
do Comércio e no Quadro de Normas SAFE, da Organização Mundial das Alfândegas, que, e
de modo geral, visa a criação de normas que garantem, acima de tudo, segurança, facilitação,
controlo integrado, cooperação e agilidade na cadeia logística do comércio internacional.
De forma resumida, o Programa de OEA assenta nos três Pilares das Normas SAFE,
nomeadamente, a associação alfândegas-alfândegas, referente à implementação de normas
harmonizadas para optimização da segurança e facilitação na circulação de mercadorias, com
foco principal nos mecanismos de combate ao terrorismo, tráfico de mercadoria proibida e
outros delitos, através do tratamento da informação electrónica. O segundo pilar representa a
associação alfândega-empresas. Cinge-se na criação de normas que permitem identificar as
empresas privadas que oferecem um alto grau de segurança, permitindo que tais empresas
possam receber benefícios tangíveis e mensuráveis, no que se refere ao processamento das
FOLHA TRIBUTÁRIA 47
mercadorias, considerando a necessidade do Estado, através dos seus órgãos, conhecer e
optimizar os mecanismos de controlo e de segurança que as empresas privadas implementam
nos seus processos.
Sobre o volume aproximado de importação para o ano de 2022, os OEA processaram um total
de catorze mil, quatrocentos e quarenta e seis (14 446) despachos aduaneiros, declarados
no valor aduaneiro (CIF) de um bilião, novecentos e setenta e seis mil milhões, trezentos e
trinta e nove milhões, setecentos e setenta e um mil e oitocentos e setenta kwanzas (AOA
1 976 339 771 870, 00), representando a receita de impostos pagos de cento e quarenta
e três mil milhões, quatrocentos e noventa e seis milhões, oitocentos e quarenta e três e
duzentos e quarenta e dois kwanzas (AOA 143 496 843 242, 00).
FOLHA TRIBUTÁRIA 48
PSICOLOGIA DO DINHEIRO
APOROFOBIA: AH! QUE HORROR! POBRES!
POR FÁTIMA SAMPAIO FERNANDES PSICÓLOGA DA SAÚDE
OPsA CEP N.º 2148
O Junilson nunca tem dinheiro. Mas ganha bem, tem um emprego estável, vive só com a
mãe. Onde é que ele gasta todo o dinheiro? Dá a todas as pessoas que lhe pedem ajuda e a
todos os meninos que encontra a pedir, em frente aos supermercados onde faz as compras.
Em sessão de psicoterapia, surge uma situação traumática que viveu: o patrão da sua mãe,
o Senhor Antunes, chamou-o lá a casa e acusou a mãe de andar a roubar comida da arca e
da dispensa. O Junilson ficou chocado, disse que era impossível. O Senhor Antunes olhou-o
com desprezo: “Pobre mesmo não tem cura! Nunca mais vos quero ver sequer a passar
diante da minha porta!”. Desde aí, o Junilson parece estar, inconscientemente, a tentar
provar que, de facto, é pobre, ficando sem nada, autoboicotando-se, num sofrimento atroz,
interno, profundo, baseado nos seus complexos de inferioridade, reprimidos, mas que as
palavras do Senhor Antunes trouxeram à tona de forma brutal.
A Marisa nunca tem dinheiro, mas parece ser muito rica e bem-sucedida. Aparece nas redes
sociais com maquilhagens geniais e vestidos deslumbrantes. Os sapatos são caros, as bolsas
são de marca. Só vai a sítios caros, só se dá com pessoas ricas. Num evento da empresa em
que se convidaram os pais dos colaboradores, a Marisa estava claramente desconfortável,
a tentar “fugir” dos pais – que tinham aparecido contra a sua vontade, a convite do PCA,
FOLHA TRIBUTÁRIA 49
que conhecia a família. Se a Marisa pudesse, desapareceria, de tanta vergonha dos pais,
claramente muito humildes, em comparação com ela. Por trás de si, no passado, a Marisa
tem toda uma história de bullying, por os seus ténis se terem descolado um dia, na escola.
Andou todo o dia com os ténis a “pedir pão” e, a partir daí, os colegas não deixavam passar
uma oportunidade para rir dela. Os pais disseram-lhe que isso não tinha importância e que
não ligasse aos colegas, mas não lhe compraram outros ténis até ao final do ano lectivo. A
Marisa tinha de fazer ginástica, com os colegas, de sabrinas.
Temos horror da pobreza, mas, acima de tudo, temos horror de podermos ser considerados
pobres!
Não é?
Pois é.
O dinheiro está associado ao poder e a pobreza à ausência do mesmo. Sem poder, aceitamos
o que nos dão, aceitamos o que nos fazem, aprendemos que somos inferiores.
E isso é discriminação!
Considerar que alguém é inferior por ser pobre é como acreditar que alguém é inferior por
causa da sua cor, do seu género ou da sua orientação sexual. Está errado!
Aporofobia refere-se à aversão, à hostilidade e ao medo sentidos pelas pessoas pobres e pela
pobreza, refere-se à discriminação de quem é pobre.
O conceito aporofobia surgiu na última década do século XX, proposto pela filósofa Adela
Cortina, professora catedrática de Ética e Filosofia Política da Universidade de Valência, para
identificar essa atitude de discriminação por quem não tem recursos financeiros.
Apesar do que a literatura motivacional das últimas décadas nos tem ferozmente passado,
sermos pobres ou ricos não depende sempre apenas de nós. O país em que nascemos importa
(e as suas políticas de inclusão, de ensino obrigatório, de serviços de saúde gratuitos).
As oportunidades existentes importam (há pessoas que só conseguiram estudar, porque a
instituição ou o Estado lhes atribuiu uma bolsa de estudos). O contexto familiar é importante
(imagine que tem dez anos, o pai desapareceu, a mãe está doente, os irmãos são mais
pequeninos ainda… vai poder ir para a escola?). A realidade cultural pode ser determinante
(imagine ser mulher e querer ter sucesso num país que defende que as mulheres não podem
andar na rua sem a escolta de um homem – marido ou filho, por exemplo). Até a sorte e o
acaso importam.
FOLHA TRIBUTÁRIA 50
Sabemos, hoje, que ninguém é mais ou menos inteligente, mais ou menos má pessoa por ser
negro ou por ser branco. A cor não determina o carácter. Também ninguém é mais ou menos
competente por ser homem ou mulher. O género não determina o valor. Ninguém é bom ou
mau, mais simpático ou mais frio por ser hétero ou homossexual. A orientação sexual não
determina a afabilidade. Pois bem: ser rico ou ser pobre também não define carácter, nem
competência, nem inteligência, nem educação!
Atenção: as pessoas pobres também não são melhores que as pessoas ricas só por serem
pobres, nem são mais honestas ou mais simpáticas! Isso seria também discriminar, fazendo
o julgamento da pessoa com base em uma característica apenas. Repito: a pobreza não
determina carácter!
Enquanto seres humanos, e perante a imensidão de informação com que nos confrontamos
diariamente, recorremos a vieses, atalhos mentais, para simplificarmos a nossa vida e mesmo
para tomarmos decisões, ainda que de forma inconsciente. Isso leva-nos aos preconceitos,
aos lugares comuns, à ideia que temos de que uma pessoa de determinada cor será mais
simpática, uma pessoa de determinado país será mais séria, um indivíduo de determinada
classe social será mais humilde, uma pessoa de determinado género será mais capaz de
tomar decisões. Vises. Preconceitos.
Lembre-se: uma pessoa deve ser avaliada pelas suas acções, pelo que faz, pela forma como
se comporta, e não pelo dinheiro que tem ou que não tem.
Não perca a oportunidade de conhecer histórias, de conhecer pessoas, de aprender mais, por
causa do preconceito.
Não se trate mal, não se boicote, por causa da aporofobia reinante. Não tenha medo que
pensem que é pobre. Não se torne pobre procurando mostrar aos outros que é rico.
O carácter, a dignidade e os nossos princípios não se regem por dinheiro. Devem existir com
ou sem dinheiro. São independentes.
Força!
Fique bem!
FOLHA TRIBUTÁRIA 51
CALENDÁRIO REGIME GERAL
FISCAL 2023
ACRÓNIMOS
FOLHA TRIBUTÁRIA 52
FOLHA TRIBUTÁRIA
AGOSTO | N.º 63
FOLHA TRIBUTÁRIA
AGOSTO 2023 - N.º 63
FOLHA TRIBUTÁRIA 53
RESENHA
LEGISLATIVA
DE JANEIRO A SETEMBRO DE 2023