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Atividade de Civil

Obrigação vs atribuição patrimonial


Preliminarmente, salienta-se a diferenciação entre uma obrigação e uma
atribuição patrimonial. A obrigação estabelece uma relação jurídica entre a parte
credora com a parte devedora, ou seja, diante de uma prestação é obrigatório uma
contraprestação. Por outro lado, quando há uma atribuição patrimonial não existe a
obrigação de uma contrapartida pela parte que recebeu um bem, é o caso - por exemplo
– da doação, para que um bem seja considerado doado, a parte doadora não pode cobrar
nenhum valor pelo bem; logo, temos uma atribuição patrimonial. Sendo assim, os
contratos unilaterais/ bilaterais estão relacionados com as obrigações, enquanto os
contratos onerosos e gratuitos estão relacionados com a atribuição patrimonial.

Liberalidade X Gratuidade A liberalidade e gratuidade são conceitos distintos


e, por vezes são confundidos como um único conceito. Assim, será diferenciado
primeiro a liberalidade, sendo esse entendido como característica subjetiva do doador,
seu animus donandi, que diz respeito aos motivos da livre intenção de doar seu
patrimônio ao donatário. Já a gratuidade é referente a transferência do patrimônio doado
ocorrerá de maneira gratuita, sem recompensa jurídico-patrimonial ao doador. Por
consequência disso, haverá o enriquecimento do donatário sem contraprestação
nenhuma, necessitando apenas sua aceitação tácita, expressa ou presumida.

Pesquisa doutrinária sobre os contratos gratuitos e onerosos:

Enquadramento da natureza jurídica dos contratos onerosos e gratuitos em linhas


gerais, para os contratos onerosos e gratuitos, deve-se levar em consideração o critério
econômico, sendo oneroso aquele em que há um equilíbrio financeiro, logo, ambas as
partes ganham e perdem (patrimônio), e gratuito aquele em que há um desequilíbrio
económico, isto é, vantagem somente para uma das partes. Ademais, a dicotomia
gratuita e onerosa é amplamente utilizada tanto pela doutrina, quanto pela
jurisprudência e a lei, seu significado legal está longe de ser pacífico. 
Segundo Antunes Varela, “diz-se oneroso o contrato em que a atribuição
patrimonial efetuada por cada um dos contraentes tem por correspectivo, compensação
ou equivalente a atribuição da mesma natureza proveniente do outro (...)”. É gratuito o
contrato em que, um deles proporciona vantagem patrimonial ao outro, sem qualquer
correspectivo ou contraprestação. Corrobora com esse entendimento o doutrinador
Manuel António Pita, quando diferencia oneroso e gratuito, utiliza como paradigmas os
contratos de compra e venda e de doação, respectivamente e esclarece “na compra e
venda” o enriquecimento patrimonial de qualquer das partes é obtido em contrapartida
de um empobrecimento: o comprador para obter a propriedade tem de pagar o preço; o
vendedor para obter a quantia em dinheiro tem de perder a propriedade transmitida.
Destarte, quanto à exceção do mútuo, em que, havendo juros a pagar (mútuo retribuído),
é considerado oneroso, e não correndo juros, é considerado gratuito; em situação
análoga temos: o comodato, conforme art. 1129º; o mandato, consoante art. 1158º; e
depósito, segundo art. 1186º, todos do Código Civil.

Galvão Telles faz menção à análise do caso concreto, pois quando o contrato


possuir mais de duas partes, a relação do primeiro com o segundo pode ser gratuita,
enquanto a relação do segundo com o terceiro pode ser onerosa. Conforme Carlos
Ferreira de Almeida o entendimento definindo sobre a “gratuidade deve-se em função
do sacrifício (ou custo) apenas para uma só das partes e da vantagem (ou benefício)
apenas para a outra, sem atender à natureza patrimonial”. O interesse prático da
distinção entre contratos onerosos e gratuitos é de extrema importância em razão de sua
repercussão jurídica, nomeadamente nos seguintes casos: diferenças entre os requisitos
para a impugnação, art. 621º, 1; dos efeitos da nulidade ou anulação do negócio, art.
289º, 2 e 291º, 1; do enriquecimento sem causa, art. 481º,1; da irrevogabilidade dos
pactos sucessórios, arts. 1.701º e 1.702º; dentre outros.

Contratos onerosos e suas subespécies


Nos contratos onerosos são levados em consideração os critérios econômicos, havendo
um equilíbrio económico entre as partes, em que ambos perdem e ganham patrimônio.
Sendo que os contratos onerosos são divididos em subespécies, são elas: desinteressado,
comutativo, aleatório por natureza e aleatório pela vontade das partes.
I- Oneroso Desinteressado: ocorre quando umas das partes tem vantagem em
razão da manifestação de vontade da outra parte, exemplo disso são os contratos mútuos
simples.
II- Oneroso Comutativos: Existe uma equivalência de prestações. Assim ambas as
partes estabelecem prestações certas e determinadas, pretendendo antever as vantagens
e perdas, ocorrendo geralmente a equivalência, decorrente de sua celebração não
envolvendo nenhum risco.
III- Oneroso Aleatórios por natureza: o contrato é naturalmente incerto, sendo a
incerteza referente ao cumprimento do contrato, pois essa é condicionado a um
acontecimento futuro que caso ocorra deve haver o cumprimento contratual. Exemplo
disso são os contratos de jogo e no contrato de seguro.
IV- Oneroso Aleatório pela vontade das partes: o contrato se torna incerto não
pela natureza contratual, mas pelas vontades das partes que estabelece o cumprimento
do contrato condicionado a um evento futuro. Esse tipo de contrato é típico em razão de
certas circunstâncias aleatórias. Muito comum a coisa existente, mas exposta a risco ou
venda de coisas futuras.

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