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ESTUDO DIRIGIDO - Solidariedade Tributária

ALUNO(A): WAGNER ALEXANDRE DE ARAÚJO SENA E SENNA


MATRÍCULA: 218100283 PERÍODO: 8º TURNO: NOITE
CURSO: DIREITO
TÍTULO DA ATIVIDADE: ESTUDO DIRIGIDO - Solidariedade Tributária
DISCIPLINA: Direito Tributário DATA DA ATIVIDADE: 24/05/2022
PROFESSOR(A): Prof. Romero Auto

O que é Solidariedade:

Solidariedade é o substantivo feminino que indica a qualidade de solidário e um sentimento de identificação em


relação ao sofrimento dos outros.

A palavra solidariedade tem origem no francês solidarité que também pode remeter para uma responsabilidade
recíproca.

Em muitos casos, a solidariedade não significa apenas reconhecer a situação delicada de uma pessoa ou grupo social,
mas também consiste no ato de ajudar essas pessoas desamparadas. Ex: Depois do terremoto do Haiti, vários países
enviaram ajuda financeira como demonstração de solidariedade.

No âmbito jurídico, a solidariedade pode dizer respeito a um acordo que um elemento tem um sentido de obrigação
perante outro elemento. Normalmente acontece quando existem vários devedores interligados por determinados
interesses, cujo credor pode cobrar o pagamento. Neste caso é comum falar de solidariedade tributária, que está
contemplada nos artigos 124 e 125 do Código Nacional Tributário (CTN).

A solidariedade tributária ocorre quando duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas estiverem no mesmo pólo da
obrigação perante o fisco. A solidariedade tributária abrange, além do débito referente à obrigação principal, também
os deveres relativos às obrigações acessórias. Concluímos que, diferentemente do que ocorre no Direito Civil, no qual
há dois tipos de solidariedade, somente existe solidariedade passiva, em matéria tributária. Neste diapasão, a
solidariedade tributária passiva se consubstancia na situação em que duas ou mais pessoas se encontram,
simultaneamente, obrigadas perante o fisco. Nesse caso, o fisco poderá eleger qualquer dos sujeitos passivos para
proceder à arrecadação do tributo, sem beneficio de ordem. Pode ser natural ou legal (art. 124, I e II do CTN). Natural
é aquela em que os sujeitos passivos assumem simultaneamente, interesse comum na situação que dá origem ao fato
gerador da obrigação principal, respondendo, cada um deles, pela totalidade da dívida. Ex.: vários irmãos,
proprietários de um imóvel, são devedores solidários do IPTU. Legal é aquela em que os sujeitos passivos assumem
simultaneamente, por imposição de lei, determinada obrigação tributária. Ex.: os sócios, pelo pagamento de tributos
de uma sociedade de pessoas, no caso de encerramento de atividades.

Por sua vez, a responsabilidade é subsidiária ou supletiva quando a exigência deve ser feita prioritariamente sobre o
contribuinte, sendo possível exigir-se do responsável apenas na hipótese de a execução sobre o primeiro restar
frustrada pela insuficiência de patrimônio. Estabelece-se, pois, uma ordem de exigência: primeiro, cobra-se do
contribuinte, somente depois cobra-se do responsável. É o caso do CTN, art. 133, II, que estipula que na hipótese de
alienação de fundo de comercio ou estabelecimento comercial ou industrial ou profissional, em que o alienante não
cessa suas atividades empresariais ou, cessando, voltar a exercê-las dentro de um período de 6 meses a contar da
alienação. Nesse caso, responde o alienante, eis que, presumidamente, a cobrança sobre ele será factível, já que
continua a operar, reservando-se à Fazenda o direito de pleitear a execução contra o adquirente (responsável) caso se
torne impossível a cobrança sobre o alienante (contribuinte).

A responsabilidade dos sucessores (art. 129 e 133 do CTN) se verifica quando há transferência, por ato negocial ou por
força de lei, de direitos e obrigações, do campo tributário, a terceiros não originalmente sujeitos a determinada
relação jurídica com o fisco, mas de alguma forma vinculados a seu antecessor. A sucessão tributária pode ser causa
mortis, comercial, falimentar ou imobiliária. Assim, se alguém vende um terreno e estava a dever o IPTU referente ao
imóvel, o adquirente fica obrigado ao respectivo pagamento, salvo se da escritura de compra e venda constar a
certidão, do sujeito ativo do tributo, de que o mesmo havia sido pago.

A responsabilidade de terceiros, prevista nos arts. 134 e 135 do CTN. O primeiro cuida de responsabilidade por
transferência que ocorre nos casos de impossibilidade do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, pelo
que passam a responder, de forma subsidiária, os responsáveis. Exemplo: os pais, tutores e curadores respondem de
forma subsidiária, respectivamente, com seus filhos, tutelados ou curatelados, nos atos em que intervierem, ou pelas
omissões pelas quais forem responsáveis. Já no segundo dispositivo, há responsabilidade por substituição em que são
pessoalmente responsáveis os terceiros que atuam com excesso de poder ou infração de lei, contrato ou estatuto
como quando diretor de empresa adquire bem imóvel em nome da empresa sem ter poderes para tanto, sendo,
portanto, pessoalmente responsável pelo pagamento do ITBI.

Primeiramente, precisamos saber que o instituto da solidariedade foi definido no art. 264 do Código Civil da seguinte
forma:

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada
um com direito, ou obrigado, à dívida toda.

No Direito Tributário, o credor da obrigação tributária é o sujeito ativo, titular da competência para instituir o tributo
ou a pessoa jurídica de direito público a quem tenha sido delegada a capacidade tributária ativa.

Assim, ou o ente competente para instituir o tributo cobra ou delega a outra (e somente uma) pessoa jurídica de
direito público para realizar a arrecadação, que seria um caso de delegação da capacidade tributária ativa. Diante
disso, temos que, em matéria tributária, não há que se falar em solidariedade ativa.

Vejamos, então, o que estabelece o art. 124 do CTN, ao tratar do tema:

Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;

II – as pessoas expressamente designadas por lei.

Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.

O dispositivo legal apresenta duas situações em que ocorre a solidariedade. O primeiro caso de solidariedade, em que
há interesse comum, denomina-se solidariedade de fato ou natural. O segundo caso, em que as pessoas se tornam
solidariamente obrigadas por meio de previsão legal, denomina-se solidariedade de direito ou legal.

Há que se destacar que, mesmo quando a solidariedade decorra do interesse comum das pessoas na situação que
constitua o fato gerador, a solidariedade decorre de lei, tendo em vista que o CTN (norma geral que previu a
solidariedade) não deixa de ser uma lei. Sendo assim, pode-se dizer que a solidariedade sempre decorre de lei.

Na solidariedade de fato, duas ou mais pessoas se tornam obrigadas ao cumprimento de uma mesma obrigação
tributária, por terem interesse comum na situação.

O interesse comum pode se dar, por exemplo, quando uma propriedade pertence a mais de uma pessoa. Nesse caso,
a obrigação de pagar IPTU é solidária entre eles.

Em relação à solidariedade de direito, como o próprio nome diz, decorre de lei que estabeleça a obrigação solidária.
Nesse sentido, o legislador, por exemplo, encontra respaldo no art. 124, II, do CTN, se quiser obrigar diversas pessoas
ao cumprimento de determinada obrigação tributária para dar maior garantia ao recebimento do crédito tributário.

Uma característica comum tanto à solidariedade de fato como a de direito é que não há benefício de ordem (CTN, art.
124, par. único). Isso significa que o fisco pode exigir a dívida integralmente de qualquer um dos devedores solidários,
sem seguir qualquer ordem.
Vamos exemplificar para facilitar a compreensão: Carlos, José e Bruno são proprietários de um imóvel urbano,
localizado no Município de São Paulo. Carlos detém 5% do imóvel, José, 70% e Bruno, 25%. Vamos supor, ainda, que o
valor do IPTU no ano de 2013 foi de R$ 1.000,00.

Pela lógica da solidariedade, o credor (Município) pode exigir o valor de R$ 1.000, integralmente, de Carlos, mesmo
que este tenha a menor participação na propriedade. Após o pagamento, obviamente, Carlos poderá ajuizar uma ação
regressiva contra os demais devedores solidários, com o objetivo de recuperar 95% (70% de José e 25% de Bruno) do
valor pago que não cabia a ele.

Vamos ver agora os efeitos que a solidariedade produz, os quais foram previstos no art. 125 do CTN:

Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:

I – o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;

II – a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles,
subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo;

III – a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.

O primeiro efeito é que o pagamento efetuado por qualquer dos obrigados aproveita os demais. O que isso quer
dizer? No nosso exemplo, se Carlos pagou o valor de R$ 1.000,00, não cabe ao fisco exigir o valor em duplicidade dos
demais devedores, pois a obrigação tributária já foi satisfeita em sua totalidade.

Também há que se ressaltar que a isenção ou remissão exonera todos os obrigados, salvo se for outorgada
pessoalmente a um deles, subsistindo quanto aos demais pelo saldo restante.

Deve-se diferenciar o benefício fiscal objetivo e o subjetivo. Quando a isenção, por exemplo, é objetiva, isto é, relativa
ao objeto, ela reduz a dívida como um todo. Logo, todos os obrigados deixam de ser devedores.

Por outro lado, se a isenção é subjetiva, beneficiando apenas um dos obrigados, os demais continuam devedores do
valor restante da dívida tributária.

Mais uma vez vamos utilizar o exemplo dado. Se uma lei isenta determinados imóveis do pagamento do IPTU, e o
imóvel de Carlos, José e Bruno se enquadra nas características legais, todos são beneficiados pela isenção.

Por outro lado, se José é portador de necessidades especiais, e a lei isenta tais pessoas do pagamento do IPTU,
podemos dizer que a isenção foi outorgada pessoalmente a José. Nesse caso, ele deixa de pertencer à relação
jurídico-tributária, juntamente com o valor do imposto que correspondia à sua quota (R$ 700,00). Destaque-se que a
solidariedade continua a existir em relação a Carlos e Bruno, sendo que o valor total da dívida passa a ser de R$
300,00.

O terceiro e último efeito da solidariedade é um pouco mais complexo. Para facilitar, lembre-se que prescrição se
refere a dois tipos de prazos:

Prazo para o Estado promover a ação de execução fiscal, com o objetivo de receber o valor do crédito tributário não
pago pelo contribuinte;
Refere-se ao contribuinte que pagou tributo a maior e deseja restituição da diferença, sendo que é o prazo para
ajuizar a ação anulatória contra decisão administrativa que denegar a restituição.
Vamos esquematizar para facilitar a memorização:
A responsabilidade tributária por transferência pode ser por solidariedade, por sucessão, ou de terceiros. A
solidariedade é um conceito que coloca pessoas que estejam coobrigadas (vinculadas à mesma obrigação) em pé de
igualdade, podendo a obrigação tributária ser cobrada de qualquer um deles. A solidariedade tributária é um
conceito adaptado da solidariedade no Direito Civil, que assume características próprias, como, por exemplo, não
permitir benefício de ordem – contrariamente ao que o Direito Civil estabelece, mas que serve a propósitos de mais
efetividade na cobrança e cumprimento da obrigação principal.

O dispositivo legal apresenta duas situações em que ocorre a solidariedade. O primeiro caso de solidariedade, em que
há interesse comum, denomina-se solidariedade de fato ou natural. O segundo caso, em que as pessoas se tornam
solidariamente obrigadas por meio de previsão legal, denomina-se solidariedade de direito ou legal.

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