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INSTITUTO POLITÉCNICO DE LISBOA

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE


E ADMINISTRAÇÃO DE LISBOA

Tipologias da Responsabilidade Tributária


__________________________________________

Andreia Ferreira
Nelma Elias

Lisboa, abril de 2020


INSTITUTO POLITÉCNICO DE LISBOA
INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE
E ADMINISTRAÇÃO DE LISBOA

Tipologias da Responsabilidade Tributária


__________________________________________

Andreia Ferreira (20190113)


Nelma Elias (20190096)

Mestrado: Fiscalidade
Unidade Curricular: Procedimento e Processo Tributário
Docente da Unidade Curricular: Prof.ª Jesuíno Alcântara Martins

Lisboa, abril de 2020


Índice
Lista de Siglas e Abreviaturas .................................................................. v
1. Introdução ......................................................................................... 1
2. O que é um Sujeito Passivo? ............................................................... 2
2.1 Sujeitos Passivos Originários/Sujeitos Passivos não Originários ......... 2
3. Responsabilidade Tri butária .............................................................. 3
3.1 Responsabilidade Sol idária ............................................................................... 3
3.2 Responsabilidade Subsidiária .......................................................................... 3
3.2.1 Exemplo ....................................................................................................................... 4
4. Contra quem pode reverter a execução ............................................... 5
5. Conclusão .......................................................................................... 6
Referências Bibliográf icas ........................................................................ 7

IV
Lista de Siglas e Abreviaturas

AT – Autoridade Tributária
CC – Código Civil
CPPT – Código do Procedimento e do Processo Tributário
LGT – Lei Geral Tributária
SP – Sujeito Passivo
STA – Supremo Tribunal Administrativo

V
1. Introdução

Cada vez mais as relações que existem estabelecem-se das mais diversas formas, quer a
nível pessoal, social ou até mesmo jurídico. A relação jurídica acaba por ser a atribuição
de direitos e deveres às partes que fazem parte dessa mesma relação.
De uma forma genérica, a relação jurídica compreende todos os sujeitos, o objeto, o facto
jurídico e a garantia. É com base no conceito de garantia, que se compreendem também
os direitos e deveres da AT, mas também dos contribuintes – artigo 1º, nº2 da LGT.
Os sujeitos na relação jurídica tributária podem ser ativos ou passivos. Como Sujeito
Ativo consideramos a AT, a quem é dado o direito de exigir o cumprimento das
obrigações tributárias, embora este direito possa também ser alargado a outros sujeitos
não estatais que sejam mencionados pela AT. Quanto aos SP, são consideradas todas as
pessoas singulares e coletivas, o património, ou a organização de facto ou de direito que,
nos termos da lei, está vinculado ao cumprimento da prestação tributária, seja como
contribuinte direto, substituto ou responsáveis solidários e subsidiários, de acordo com o
nº 3 do artigo 18º da LGT, cuja determinação destes baseia-se nas normas de incidência
subjetiva dos impostos.
Como em qualquer relação, a responsabilidade pelo cumprimento das obrigações dos
intervenientes está sempre presente, e na relação jurídica tributária para além da
responsabilidade dos SP Originários, a responsabilidade tributária pode abranger outras
pessoas, a título de responsabilidade solidária ou subsidiária, gozando dos mesmos
direitos e das garantias de segurança e proteção jurídica que o devedor original.

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2. O que é um Sujeito Passivo?

O SP, segundo o artigo 18º, nº3 da LGT, é aquele que nos termos da lei, está obrigado ao
cumprimento da prestação tributária, sendo que todos os sujeitos passivos têm
personalidade tributária, ou seja, são suscetíveis de serem titulares de direitos e
obrigações – artigo 15º da LGT.
No entanto nem todos os SP tem capacidade tributária, uma vez que, nem todos podem
exercer a título pessoal e de forma livre tanto os seus direitos como os seus deveres. Assim
sendo podemos concluir que, não têm capacidade tributária os não residentes, os menores,
os incapazes, necessitando assim de um representante legal ou de um representante
voluntário (depende da vontade de cada um) – artigo 5º, nº1 e 2 do CPPT.
Todos os SP possuem domicílio fiscal, segundo o artigo 19º, nº1 e 2 da LGT, no caso das
pessoas singulares é o local da sua residência habitual, já as pessoas coletivas é o local da
sua sede. Sendo que, também há a possibilidade de Domicílio Fiscal Eletrónico, que é
obrigatória para todos os SP de IVA e de IRC – artigo 19º, nº10 da LGT.
Por outro lado, todos os contribuintes têm o dever de comunicar qualquer alteração do
seu domicílio fiscal, caso não comunique a alteração é então considerada ineficaz, pois
este envio, faz com que fique considerado notificado.

2.1 Sujeitos Passivos Origin ários/Sujeitos Passivos não


Originários

Devemos primeiramente distinguir os Sujeitos Passivos Originários, dos Sujeitos


Passivos não Originários.
O Sujeito Passivo Originário surge quando não se verificam os pressupostos constantes
da norma de incidência do tributo, mas mesmo assim é chamado ao cumprimento da
obrigação tributaria.
Por outro lado, o Sujeito Passivo não Originário, surge quando se verificaram os
pressupostos constantes da norma de incidência do tributo e tal como acontece com o
sujeito passivo originário é também chamado ao cumprimento da obrigação tributária.
Os Sujeitos Passivos não Originários, subdividem-se em: Substitutos, Responsáveis
Tributários (Subsidiária e Solidária) e os Sucessores.

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3. Responsabilidade Tributária
O objeto de estudo, é a Responsabilidade Tributária, e como se viu anteriormente, pode-
se dividir em Responsabilidade Solidária e Responsabilidade Subsidiária – artigo 22º, nº
2 da LGT.
Os responsáveis solidários e subsidiários gozam dos mesmos direitos de reclamação e
impugnação da dívida tributária, bem como das necessidades de garantia, da segurança e
da proteção jurídica, segundo o artigo 22º, nº 4 da LGT.
A responsabilidade tributária abrange, para além da totalidade da dívida tributária, os
juros e demais encargos legais, tanto ao devedor como ao responsável ou responsáveis.

3.1 Responsabilidade Solidária

A Responsabilidade Solidária por dívidas tributárias remete para a noção de obrigação


solidária, como está previsto no artigo 512º do CC, e é quando um sujeito ativo pode optar
entre exigir o cumprimento integral da prestação tributária ao SP Originário ou ao SP não
Originário. Ou seja, os responsáveis solidários respondem igual e integralmente pelo
cumprimento da dívida tributária, sendo que o cumprimento da prestação tributária por
um deles, libera o ativo da obrigação.
Quando o facto tributário se verifica em relação a mais do que uma pessoa, todas elas são
solidariamente responsáveis pelo cumprimento da dívida tributária, no que toca à
liquidação de sociedades de responsabilidade ilimitada, estas são solidariamente
responsáveis por todos os impostos em dívida, segundo o artigo 21º, nº2 da LGT.
Mas, na liquidação de qualquer sociedade, os liquidatários devem começar por satisfazer
as dívidas fiscais, sob pena de ficarem pessoal e solidariamente responsáveis pelas
importâncias respetivas, segundo o artigo 26º da LGT.

3.2 Responsabilidade Subsidiária

A Responsabilidade Subsidiária ocorre quando o SP não Originário, responde pelo


cumprimento da obrigação depois de verificada a insuficiência patrimonial do devedor
originário, segundo o artigo 23º, nº2 da LGT.
A responsabilidade do SP concretiza-se através de um mecanismo processual
denominado de reversão contra o devedor subsidiário, do processo de execução fiscal
movido contra o devedor principal e os devedores solidários que eventualmente existam,

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devendo este ser sempre procedido de audição prévia e a decisão deve ser sempre
fundamentada.
O devedor subsidiário goza do benefício de poder recusar o cumprimento da dívida
tributária enquanto a AT não tiver penhorado todos os bens dos devedores sem obter a
satisfação do seu crédito, ou então se o devedor subsidiário provar que o crédito não foi
satisfeito por culpa da AT.
Os SP não Originários são responsáveis pela totalidade de dívida incluindo juros e custos
processuais, contudo caso efetue o pagamento dentro do prazo da oposição, que são 30
dias, ficam isentos dos custos acessórios, segundo o artigo 23º, nº5 da LGT. Estes sujeitos
podem reclamar ou impugnar a dívida nos mesmos termos do devedor originário.
Como já referimos anteriormente, deve-se proceder ao Princípio da Audição Prévia,
mesmo quando há a presunção de culpa, de seguida deve ser devidamente fundamentada
nos seus pressupostos na citação do responsável subsidiário.
O STA, diz que os herdeiros do responsável subsidiário, falecido sem que tenha sido
citado para a reversão, contra quem revertera a execução fiscal originariamente instaurada
contra o devedor principal, respondem pela dívida exequenda até ao limite das forças da
herança.

3.2.1 Exemplo
No caso da Sociedade X que seja notificada para pagar uma dívida e não o faz porque não
tem meios financeiros, nem património que responda pela mesma, então a AT pode
realizar o procedimento de reversão da execução fiscal contra o responsável subsidiário.
Segundo o artigo 23º, nº 2 da LGT, tem de haver uma fundada insuficiência de bens
penhoráveis, isto é, de bens suscetíveis de penhora para satisfazer a dívida.
Para que seja possível o processo de reversão, é necessário que se consiga provar que a
empresa não tem qualquer bem suscetível de penhora e sem prejuízo do beneficio da
execução, o que quer dizer que a AT só pode realmente executar o património do
responsável subsidiário desde que tenha esgotado completamente o património do
devedor originário.
Se o devedor originário tiver uma dívida de um determinado valor, mas se esse património
que detêm é inferior ao valor em dívida, a AT terá de executar primeiro o património da
empresa (devedor originário) e só depois poderá exigir ao responsável subsidiário a parte
restante, através do mencionado no processo de reversão.

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4. Contra quem pode reverter a execução

Por vezes, as responsabilidades solidárias e subsidiárias aparecem articuladas, no caso


dos administradores, diretores e gerentes, que exerçam funções de administração ou
gestão em pessoas coletivas – artigo 24º da LGT – que podem por vezes ter
responsabilidade na dissipação do património, o que faz com que possa ser
subsidiariamente responsável pela dívida.
A lei refere que são responsáveis pelas dívidas tributárias, se se verificar que no período
do exercício a seu cargo ou o prazo legal de pagamento ou a entrega tenha terminado,
quando se verifica que tenha sido por culpa sua que o património da empresa se tenha
tornado insuficiente para a satisfação da dívida, a menos que prove que na realidade não
é por culpa sua que a empresa deixou de pagar.
Se um gerente de uma sociedade, durante o período da sua gerência se se constituir um
facto gerador de imposto, pode vir a ser responsabilizado pelas dívidas fiscais da
sociedade que incumpriu a sua obrigação de pagamento, mas cabe à AT provar que a
responsabilidade pela dissipação do património da sociedade devedora é do gerente e
também pode ser responsabilizado pelas dívidas tributárias cujo prazo legal de pagamento
tenha terminado no prazo de exercício do cargo.

Há outras pessoas que poderão ter responsabilidade e que não exerçam funções de
administração da sociedade, como o caso dos ROC`s. Desde que se demonstre que a
violação dos deveres tributários das sociedades resultou do incumprimento das suas
funções de fiscalização, pois se as tivesse exercido de forma correta, poderia não resultar
o incumprimento das obrigações fiscais.

Os TOC`s, também podem ser responsabilizados, se se vier a demonstrar que assinou e


validou documentos, sendo presumível que sabia da existência das irregularidades e não
deu cumprimento aos seus deveres, também poderá ser responsabilizado pelas dívidas,
sendo certo, como se disse, que se trata também aqui de uma responsabilidade subsidiária.

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5. Conclusão

Assim em jeito de conclusão a responsabilidade tributária está dividida na


responsabilidade solidária e na responsabilidade subsidiária.
Na responsabilidade solidária o sujeito ativo pode optar por exigir o pagamento integral
da obrigação ao sujeito passivo originário ou ao sujeito passivo não originário. E por sua
vez o pagamento efetuado por um deles liberta o outro do cumprimento da obrigação.
Por outro lado, a responsabilidade subsidiaria surge quando o sujeito passivo não
originário só responde pelo cumprimento da obrigação tributária depois de verificada a
insuficiência patrimonial do devedor originário. A responsabilidade subsidiaria efetiva-
se através de mecanismos de reversão, mecanismos esses que estão expressamente
previstos na lei. No que toca à reversão está é sempre precedida de audição prévia
devendo a decisão final ser fundamentada. Importa reforçar que antes da respetiva
reversão o contribuinte é sempre notificado.
Por fim, importa realçar que em qualquer das situações a responsabilidade do sujeito
passivo não originário. Abrange a totalidade da divida, incluindo juros e custas
processuais.

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Referências Bibliográficas

Catarino, J., & Guimarães, V. (2018). Lições de Fiscalidade. In A Contituição e as Normas


Fiscais. Noção de Imposto e Taxa. A Relação Jurídica Tributária (p. 192). Almedina.

Códigos Tributários e Legislação Complementar (2019). Código do Imposto sobre O


Valor Acrescentado (17°edição). Lisboa: Almedina.

DL n.º 398/98, 17 de dezembro, Lei Geral Tributaria.

Machado, J., & Costa, P. (2016). Manual de Direito Fiscal - perspetiva multinível.
Coimbra: Almedina

Nabais, J. C. (2019). Direito Fiscal (11ª edição). Coimbra: Almedina.

Xavier, A. (2017). Direito Tributário Internacional (2ª edição). Almedina.

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