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UNIDADE 3
Direito Tributário –
Direito Constitucional
Tributário
Incidência e aplicação do
Direito Tributário
2018
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Sumário
Incidência e aplicação
do Direito Tributário
Convite ao estudo
Caro aluno, esta unidade é dedicada ao tema Incidência e
aplicação do Direito Tributário.
Assimile
Contribuinte e responsável tributário são figuras distintas no Direito
Tributário, apesar de ambos serem elencados como sujeitos
passivos pelo artigo 121 do Código Tributário Nacional (BRASIL,
1966). Contribuinte é aquela pessoa, física ou jurídica, que tem
relação pessoal com o fato gerador do tributo, ou seja, é a pessoa
que realiza o fato gerador.
Pesquise mais
Quando a aquisição de estabelecimento comercial ocorre dentro de um
processo de falência ou recuperação judicial, o adquirente não se torna
responsável pelas dívidas tributárias do estabelecimento adquirido.
Exemplificando
Atualmente, a jurisprudência entende que existem algumas hipóteses
em que se presume a fraude dos sócios da pessoa jurídica, motivo pelo
qual, quando elas ocorrem, eles devem responder pela dívida tributária da
empresa, com seu patrimônio pessoal.
- Se a empresa fica unipessoal por mais de seis meses, entende-se que ela
está irregular. O Código Civil (BRASIL, 2002) permite que uma empresa
fique unipessoal, ou seja, com um único sócio, pelo prazo de 180 dias.
Após esse prazo, outro sócio deve ser colocado no quadro societário da
pessoa jurídica. Caso ninguém ingresse no contrato social, a empresa é
considerada irregular.
Por fim, as regras insertas nos artigos 136 e 137 do Código Tributário
Nacional (BRASIL, 1966) trazem o instituto da responsabilidade
por infrações e têm como destinatário qualquer pessoa que tenha
efetivamente praticado uma conduta tida como infratora, seja o próprio
contribuinte, um responsável ou terceira pessoa a estes relacionada.
Descrição da situação-problema
João era sócio de uma empresa que fazia embalagens plásticas,
tendo saído de referida sociedade há um mês. Ocorre que, ontem,
recebeu a visita, em sua casa, de um oficial de justiça, que o citou
em uma ação de execução fiscal promovida pelo fisco federal.
Lendo os documentos recebidos, verificou que o fisco alega que
houve fraude e excesso de poderes na administração da empresa,
motivo pelo qual deve existir a responsabilização pessoal dos
sócios para efetuarem o pagamento dos tributos devidos com
seus patrimônios pessoais.
Contudo, João, por ser sócio minoritário, era responsável, tão
somente, pela área comercial da empresa. Jamais assinou um
cheque ou teve função de decisão sobre a vida financeira da pessoa
jurídica. Os sócios Pedro e Paulo é que exerciam a administração
financeira da sociedade.
Nessa situação, João lhe procura, em seu escritório de advocacia,
para se aconselhar e verificar qual defesa pode ser elaborada para
que ele não precise efetuar o pagamento do débito.
Resolução da situação-problema
Essa é uma situação relativamente comum. Quando o fisco
verifica a eventual existência de fraude ou excesso de poderes na
administração de uma pessoa jurídica, responsabiliza de plano todos
os sócios para que estes respondam pela dívida, com seus patrimônios
pessoais. Trata-se de uma presunção relativa imposta pelo fisco.
Quando isso ocorre, o ônus da prova recai no sócio, ou seja, ele
é quem deve comprovar que sempre agiu com zelo e jamais com
fraude ou excesso de poderes.
Assim, no caso de João, deverá ser apresentada defesa na ação
de execução fiscal, demonstrando, por meio de provas, que ele era
tão somente o diretor comercial da pessoa jurídica, nunca tendo
tomado qualquer decisão com relação às finanças da empresa.
Assimile
O meio judicial pelo qual o fisco consegue compelir o contribuinte a
efetuar o pagamento de tributos e multas é por meio do ajuizamento da
ação de execução fiscal. Assim, o artigo 113, § 1º, não está equiparando
tributo a multa, mas está afirmando que a cobrança de ambos ocorre
da mesma forma, ou seja, por meio de uma ação de execução fiscal.
Pesquise mais
Um dos princípios constitucionais tributários que existe é o do não
confisco. De acordo com esse princípio, o tributo não pode ter efeito
confiscatório, ou seja, não pode retirar parcela do patrimônio do
contribuinte, que inviabilize ou seja superior àquilo devido pela tributação.
Exemplificando
O crédito tributário tem preferência sobre qualquer outro, a não ser
o crédito trabalhista.
Reflita
Como visto, o crédito tributário tem diversas garantias e privilégios que
o distinguem de outras espécies de crédito existentes no ordenamento
jurídico brasileiro.
Descrição da situação-problema
José foi citado de uma ação de execução fiscal, para que efetue
o pagamento da dívida tributária em cinco dias ou ofereça bens à
penhora. Explica-se José, que hoje se encontra aposentado, deixou de
lançar em seu imposto de renda de 2015 o recebimento de uma fonte
pagadora. O fisco federal, ao perceber referida omissão, acrescentou a
renda omitida ao cálculo do imposto de renda de José e apurou uma
diferença de R$ 20.000,00 a ser paga de IR naquele exercício.
Assim, houve uma inadequação do valor declarado por José
em relação ao critério quantitativo da regra matriz de incidência
tributária, que determina que toda a renda auferida pelo contribuinte
seja tributada pelo imposto de renda.
Como José não efetuou o pagamento na esfera administrativa
de forma espontânea, o fisco federal ingressou com a ação de
execução fiscal para cobrar a dívida judicialmente, o que resultou
na citação recebida por José.
Ocorre que, ao receber a citação, José não deu importância a
ela, não efetuou o pagamento e não apresentou bens à penhora.
Dois meses depois, José foi surpreendido com o bloqueio de
sua conta bancária. Ao se informar do ocorrido, verificou que se
tratava de penhora on-line deferida pelo juiz da ação de execução
fiscal de que havia sido citado.
Atualmente, José somente recebe em sua conta os valores de
sua aposentadoria.
Tendo em vista essa situação, José o procura em seu escritório,
para verificar o que pode ser feito a favor dele.
Resolução da situação-problema
Vimos anteriormente que o crédito tributário tem diversas
garantias e privilégios, que o tornam especiais em relação a outros
créditos em nosso ordenamento jurídico.
a) O lançamento.
b) A realização do fato gerador.
c) A notificação do contribuinte pelo fisco.
d) O vencimento do tributo.
e) O recebimento do boleto para pagamento do tributo.
Exemplificando
Imagine que uma pessoa tenha falecido em 5 de outubro de 2013
e que, nessa data, a legislação de ITCMD determinava que os bens
recebidos pelos herdeiros deveriam ser tributados com uma alíquota
de 3%, em razão da transmissão causa mortis.
Pesquise mais
A prescrição pode ocorrer tanto para o fisco, quanto para o
contribuinte. Para o fisco, a prescrição impede que seja cobrada a
dívida por meio da ação de execução fiscal.
Assimile
O artigo 174, parágrafo único, do Código Tributário Nacional (BRASIL,
1966), elenca as causas de interrupção da prescrição, que são as seguintes:
II – O protesto judicial.
Outro ponto que merece análise é o fato de que, nos termos do inciso
IV, anteriormente transcrito, se o contribuinte firma um parcelamento
do débito tributário com o fisco, o prazo prescricional é interrompido
e começa a contar novamente. O parcelamento, portanto, é um ato
extrajudicial que importa no reconhecimento do débito pelo devedor.
Reflita
Como já demonstrado, o parágrafo único do artigo 174 do Código
Tributário Nacional (CTN) (BRASIL, 1966) reza que o despacho do juiz
que ordena a citação em uma ação de execução fiscal tem o condão
de interromper a prescrição.
Por outro lado, o artigo 240, § 1º, do Código de Processo Civil (CPC)
(BRASIL, 2015), aduz que “a interrupção da prescrição, operada
pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo
incompetente, retroagirá à data de propositura da ação”.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
A empresa XPTO Ltda. cumpre com suas obrigações acessórias
e no mês de outubro de 2012 efetua declaração informando ao
fisco de que deve, naquele mês, o importe de R$ 100.000,00 a título
de ICMS. No entanto, não efetua o pagamento do tributo.
Em maio de 2015, a empresa, necessitando de Certidão Negativa
de Débitos Tributários, resolve parcelar o tributo em aberto, relativo
à competência de outubro de 2012, em 60 meses. Contudo, efetua
o pagamento tão somente das três primeiras parcelas, motivo pelo
qual é excluída do parcelamento.
Em junho de 2018, recebe carta de citação de ação de execução
fiscal cobrando a dívida relativa a outubro de 2012, bem como todos
os encargos moratórios, como multa e juros.
Ao analisar o processo, verifica-se que o juiz ordenou a citação
em 21 de março de 2018 e, por tal motivo, entende que o tributo
está prescrito e não pode ser cobrado, devendo a ação de execução
fiscal ser extinta.
Com essa situação, o sócio da empresa lhe procura em seu
escritório de advocacia para que você apresente a defesa cabível e
certifique a existência de prescrição.
Pergunta-se: nesse caso, realmente o tributo está prescrito?