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Nesta webaula, estudaremos o imposto sobre a renda, bem como o processo administrativo e judicial tributário.
Introdução e função
O Imposto de Renda é tributo de competência da União, possuindo, essencialmente, finalidade fiscal, dado que
responde pelo maior montante em termos de arrecadação aos cofres públicos federais. Trata-se de imposto que
é exceção ao princípio constitucional da anterioridade nonagesimal, isto é, a alteração que porventura sofra, para
fins de instituição ou majoração, não precisará aguardar o prazo de noventa dias para ter eficácia, devendo
aguardar apenas a anterioridade anual.
Fonte: Shutterstock.
Princípios (IR)
Existem alguns princípios que o Imposto de Renda deve observar de maneira específica. Em primeiro lugar, o
princípio da generalidade, segundo o qual todas as pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, deverão se submeter
à sua incidência. Em segundo lugar, a universalidade diz respeito à incidência do IR sobre a totalidade de
rendimentos e proventos.
Por fim, a progressividade diz respeito à variação da base de cálculo que resulta na também variação da
alíquota. Desse modo, quanto maiores forem os rendimentos, maior será o valor devido do imposto, isto é,
quanto maior a base de cálculo, maior a alíquota incidente e, como consequência, maior será o valor
devido.
Fato gerador
O fato gerador do IR está previsto no art. 43 do CTN, que consiste na disponibilidade econômica ou jurídica de
renda e proventos de qualquer natureza. Econômica é a disponibilidade econômica, é o acréscimo efetivo de
patrimônio que se pode gozar, isto é, poder ser convertido em dinheiro; já a disponibilidade jurídica é para casos
de obtenção de direito à crédito, os quais não podem ser imediatamente gozados, mas já integram o patrimônio
do contribuinte.
Para fins de identificação do que é renda, trata-se do produto do capital ou do trabalho e até mesmo a
combinação de ambos. Os proventos de qualquer natureza é tudo aquilo que se acresce ao patrimônio, não
compreendido no conceito de renda. Vige aqui, com efeito, o princípio pecunia non olet, pois o fato gerador do
IR desconsidera a origem lícita ou ilícita da renda e dos proventos.
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Vale lembrar que o IR não incide sobre parcelas indenizatórias, numa dada relação trabalhista por exemplo
ou em outras situações de recebimento de indenizações. Isso porque a indenização corrige um patrimônio
perdido, ao ponto que o IR incide sobre o patrimônio acrescido. Tal entendimento aplica-se até mesmo às
indenizações por danos morais, segundo a Súmula 498 do STJ.
Já a modalidade de lucro arbitrado é quando o Fisco não tem condições de aplicar qualquer umas das outras
formas de apuração, de modo que, neste caso, deverá, fundamentadamente, arbitrar, indicar, o lucro numa dada
situação. A alíquota do IR será progressiva, conforme a variação da base de cálculo.
Sujeito passivo e lançamento
Sujeito passivo é a pessoa física ou jurídica. Por fim, o lançamento é por homologação, podendo existir a
modalidade de ofício em virtude da necessidade apurada de se proceder à correção ou à complementação.
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Contencioso administrativo
Duas são as normas básicas que interessam para este estudo. Primeiro, a norma básica do processo
administrativo como um todo. Trata-se de uma norma federal, sendo que podem haver variações nos Estados e
nos Municípios. Esta norma, no entanto, orienta a elaboração legislativa em nível estadual e municipal, que, com
efeito, não poderá ir contra suas disposições, pois a legislação federal nada mais faz do que reproduzir
importantes preceitos constitucionais.
Relativamente ao processo administrativo fiscal em nível federal, a norma é o Decreto nº 70.235/72. Aqui,
cabe comentar que cada ente da federação elaborará sua própria norma para regular o processo
administrativo fiscal.
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Do contrário, o contribuinte será intimado para cumprimento da decisão no prazo de 30 dias, sob pena de
encaminhamento para a promoção de execução fiscal.
Execução fiscal
Ocorrido o lançamento tributário, notificado o sujeito passivo e esgotado o processo administrativo fiscal, torna-
se plenamente exigível o crédito tributário. Mas a exigibilidade não faz com que haja imediata exequibilidade.
Somente com a inscrição do crédito na dívida ativa é que poderá ser promovida a competente execução fiscal.
Executa-se assim, a certidão de inscrição em dívida ativa, pois é título executivo extrajudicial. A Execução Fiscal é
regulada pela Lei nº 6.830/90. Trata-se de procedimento simples e célere, via de regra.
Embargos do devedor
Proposta a execução fiscal, é possível a apresentação de embargos do devedor, como ação autônoma, porém
distribuída por dependência no juízo da execução. O prazo é de 30 dias contados da garantia do juízo (pelo
depósito, fiança bancária ou da penhora). Pode-se alegar toda a matéria útil à defesa. Seguidamente, será
intimada a Fazenda para fins de impugnação no prazo de 30 dias. Não haverá recebimento, caso o juízo não
esteja garantido.
Após, marca-se audiência de instrução e julgamento se for o caso; pois, na hipótese de matéria de direito ou de
fato constante de prova documental apenas, não é necessário realizar aquele ato. O juiz então, decidirá em 30
dias. Da sentença proferida em condenações igual ou inferior a 50 Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional
(ORTN), só se admitem embargos infringentes e de declaração.
Embargos de terceiro
Trata-se de hipótese onde a execução fiscal está garantia por penhora incidente sobre bem de propriedade de
terceiro, que não a pessoa do executado. A remição aqui é quanto à possibilidade de livrar o bem da penhora,
motivo pelo qual o terceiro deverá ser intimado para manifestar-se de acordo com tal oportunidade.
Remido o bem, o terceiro se sub-rogará nos direitos do crédito, podendo cobrá-lo no mesmo processo
contra o executado originário, hipótese em que se declinará da competência do juízo fazendário para a
Justiça Comum, eis que falecerá interesse de permanência no processo para a Fazenda Pública.
Exceção de pré-executividade
Trata-se de meio de defesa possível de ser exercitado no curso mesmo da execução fiscal, sem que tenha havido
garantia do juízo. É construção oriunda da jurisprudência e da doutrina. Serve para manifestar a frontal e cabal
nulidade do título executivo, por faltar-lhe liquidez, certeza e exequibilidade. O título assim não preenche os
requisitos formais indispensáveis para ser executado de plano. O reconhecimento da nulidade deve ser cabal,
não se admitindo dilação probatória. Caso haja essa necessidade, é caso de cabimento dos embargos do
devedor, que possui amplo espectro instrutório e, assim, probatório.
Consignação em pagamento
O montante relativo ao crédito tributário pode ser consignado judicialmente pelo sujeito passivo nas hipóteses
do art. 164 do CTN. Se for procedente a ação, o crédito consignado converte-se em renda, extinguindo-se aquele.
Do contrário, o sujeito passivo deverá arcar com o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo de eventuais
penalidades cabíveis.
Repetição de indébito
A ação de repetição do indébito é direito do contribuinte contra a fazenda pública na hipótese de pagamento
indevido de tributo ou a maior, bem como diante de erro na identificação do sujeito passivo, da alíquota
aplicável ou do cálculo do débito. Também nascerá a pretensão de repetição do indébito nos casos de reforma,
anulação, revogação ou rescisão da decisão condenatória.
Nas duas primeiras hipóteses, o prazo é de 5 anos contados da data da extinção do crédito tributário; na
derradeira hipótese (reforma, anulação...) o prazo é também de 5 anos, porém contado a partir do trânsito em
julgado da decisão administrativa ou judicial.
Mandado de segurança
O mandado de segurança é ação de origem constitucional, destinado à tutela de direito líquido certo, violado ou
ameaçado de violação por autoridade pública coatora, em ato de ilegalidade ou abuso de poder. Possui prazo de
120 dias, contados da ciência do ato coator. Depende, essencialmente, de prova pré-constituída e demonstração
cabal de direito líquido certo. Admite pedido liminar que, como sabido, suspende a exigibilidade do crédito
tributário.
Pode ser usado, por exemplo, quando a autoridade nega-se a expedir certidão negativa de débitos fiscais ou
para discussão de pontos de pronto demonstráveis no âmbito do lançamento, da aplicação de penalidades,
de decisão que rejeita a impugnação na via administrativa, inscrição em dívida ativa etc.
Fonte: Shutterstock.
Situação-problema
Origem duvidosa
Uma pessoa recebeu Auto de Infração por não ter recolhido o respectivo valor do Imposto sobre a Renda (IRPF),
bem como por não ter declarado à Receita Federal, o acréscimo patrimonial no valor de R$ 1.000.000,00 (um
milhão de reais). Recebido o Auto de Infração, essa pessoa o procura para tomar as medidas cabíveis, à medida
que, segundo lhe informou, no rigor do sigilo profissional, tais valores haviam sido obtidos em função de
atividades criminosas que havia praticado.
Aliás, em função de tais delitos, estava até mesmo cumprindo pena, após o regular trânsito em julgado da
sentença penal condenatória. Neste caso, você deverá formular um parecer escrito para esse cliente,
informando-lhe sobre a legalidade ou não da cobrança de IR nesta situação.