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Normas do ICMS,

Diferencial de Alíquotas,
Substituição Tributária,
Frete.
ICMS
ICMS é a sigla que identifica o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. É um
imposto que cada um dos Estados e o Distrito Federal podem instituir, como determina a Constituição
Federal de 1988. Para atuar em um ramo de atividade alcançado pelo imposto, a pessoa, física ou
jurídica, deve se inscrever no Cadastro de Contribuintes do ICMS. Também deve pagar o imposto a
pessoa não inscrita quando importa mercadorias de outro país, mesmo sem habitualidade ou intuito
comercial.
O PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE/ CUMULATIVIDADE:

CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA


A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da não-cumulatividade no âmbito do Direito
Tributário Brasileiro, inicialmente com relação ao Imposto sobre Produtos Industrializados e ao
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, estendendo-o, posteriormente, às contribuições
sociais PIS/PASEP e COFINS.

O mesmo pode tanto ser considerado como princípio constitucional quanto como técnica de apuração
do valor a ser tributado.

Trata-se de uma operação contábil, na qual, do valor a ser recolhido a título de tributo, são deduzidos
os montantes pagos em relação ao mesmo produto nas fases pretéritas do processo produtivo. A
norma constitucional em evidência possui eficácia plena, não necessitando de normatização
infraconstitucional posterior.

Primeiramente, faz-se necessário analisar o conceito de não-cumulatividade. No nosso ordenamento


jurídico, pode-se retirar o conceito de não-cumulatividade mediante a interpretação das regras
previstas nos artigos 153, IV, § 3º, II, e 155, II, § 2º, I, ambas da Constituição Federal.

Conforme se depreende da leitura dos dispositivos constitucionais acima mencionados, os conceitos


de cumulatividade e não-cumulatividade pressupõem a existência de fatos geradores que componham
uma cadeia econômica, formada por várias operações. Isso porque a não-cumulatividade visa a evitar
o efeito “cascata” da tributação, compensando-se o valor referente ao tributo recolhido nas
operações anteriores com o valor a ser recolhido na operação ora considerada. Tem por escopo,
indubitavelmente, desonerar o contribuinte da repercussão econômica que um sistema de tributação
cumulativo acarretaria no preço final do produto.
Assim, somente se pode considerar a cumulatividade quando não se estiver tratando de um fato
unicamente considerado, mas sim de um ciclo econômico formado por várias operações, sejam elas
com o mesmo sujeito passivo, sejam com sujeitos passivos distintos.

A não-cumulatividade, nesse aspecto, pode ser alcançada, entre outras formas, pela tributação sobre
o valor agregado no produto, ou seja, deduzindo-se, do valor da produção aferida em determinado
lapso temporal, o montante gasto na aquisição de matéria-prima, outros materiais usados no
processo de produção, entre outros. Tal modo de apuração teve origem no ordenamento jurídico
francês, como alternativa a contornar os efeitos da cumulatividade.

Todo tributo não cumulativo, deve, necessariamente ser indireto. Isso por que pressupõe a
transferência jurídica do ônus tributário para o adquirente final. O tributo indireto pode ser
monofásico ou plurifásico, e, sendo purifásico, poderá ser cumulativo ou não-cumulativo.

FORMAS DE TRIBUTAÇÃO: MONOFÁSICA E PLURIFÁSICA

Monofásica
A forma de tributação do consumo monofásica considera a capacidade contributiva do consumidor,
mas, principalmente, os interesses da fiscalização.

A capacidade do contribuinte revela-se no momento do consumo, propriamente dito, já que o


indivíduo pode ter mais de uma opção de bem e optará pela qual puder honrar o ônus.

Já em relação à fiscalização, ao concentrar a tributação na produção, além de facilitar o recolhimento,


tem-se a antecipação do tributo a ser repassado ao consumidor final.
Plurifásica
A tributação plurifásica, poderá ser de forma cumulativa ou não cumulativa. A cumulativa incide a
cada etapa que a mercadoria é submetida até o consumidor final, sem considerar a tributação que o
bem foi submetido na etapa anterior, gerando uma tributação sobre tributação.

É nítido o problema: quanto maior o número de etapas, maior a tributação. Isso dificulta a sua
capacidade concorrencial.

Na modalidade não cumulativa, considera-se a tributação ocorrida nas transações anteriores,


incidindo, nas próximas, apenas o acréscimo sobre o valor atual da mercadoria, recolhendo apenas o
montante apurado por essa diferença, através do creditamento.

TRIBUTAÇÃO PLURIFÁSICA NÃO CUMULATIVA: CRÉDITO FÍSICO E CRÉDITO


FINANCEIRO
O crédito físico requer o contato entre o produto intermediário e o produto final, de forma que
somente será considerado crédito pago na etapa anterior, se esta compreendeu um produto
agregado, fisicamente, àquele tributado na etapa seguinte. Ou seja, a matéria prima que sofre
alterações até virar o produto final.

Mas também pode ocorrer que um determinado produto apenas tenha colaborado na produção do
produto revendido, podendo também, valer-se do creditamento.

Para fins de análise do momento da constituição do crédito tributário, deve-se analisar quais bens
efetivamente integraram o produto final

Já o crédito financeiro, considera os valores dos produtos usados na fabricação ou modificação do


produto final, porém, agregando, ainda, os bens intermediários que compõe o ativo permanente da
empresa, sendo incorporados, na medida de sua depreciação, ao custo dos bens revendidos.
Segundo Schoueri, “o valor acrescido é computado mediante dedução, do total das vendas de um
período (quer de bens produzidos no período, quer já existentes em seu início), das aquisições de
matérias-primas e materiais secundários no mesmo período (quer utilizadas, quer as existentes em
estoque ao fim do período).”

Quando se trata de tributos não cumulativos, tendo em vista que é possível a diferença na quantidade
de entradas e saídas de um período, existe a possibilidade da formação de saldo credor de tributo, a
ser aproveitado no período subsequente.

FORMAS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO


A sistemática da não-cumulatividade funciona mediante a utilização do mecanismo de créditos e
débitos.

No caso do ICMS, por exemplo, a cada aquisição tributada de mercadoria, o adquirente registra como
crédito o valor incidente na operação, que poderá ser abatido do montante incidente nas operações
subsequentes.

O contrário ocorre com cada alienação tributada de produto, o alienante registra como débito o valor
incidente na operação. Esse valor é uma obrigação do contribuinte, consistente no dever de recolher o
valor devido aos cofres públicos estaduais ou distritais, ou compensá-los com os créditos obtidos nas
operações anteriores.

Periodicamente, faz-se uma comparação entre os débitos e créditos. Caso os débitos sejam
superiores aos créditos, o contribuinte deve recolher a diferença e caso os créditos superem os
débitos, a diferença poderá ser compensada posteriormente ou mesmo, cumpridos os requisitos, ser
objeto de ressarcimento.

Esta previsão existe para vedar a dupla incidência de um mesmo imposto, neste caso, do ICMS,
durante o ciclo, de tal forma que, ao final, o Estado tenha recolhido o montante equivalente à alíquota
do produto acabado, incidente sobre o preço pago pelo consumidor.
ELISÃO E EVASÃO

Elisão
O planejamento tributário se define como a atividade preventiva que estuda "a priori" os atos e
negócios jurídicos que o agente econômico (empresa, instituição financeira, cooperativa, associação
etc.) pretende realizar.

Sua finalidade é de obter a maior economia fiscal possível, reduzindo a carga tributária para o valor
realmente devido por lei.

Para tanto, deve-se pesquisar, antes de cada operação, suas conseqüências econômicas e jurídicas,
porque uma vez concretizada, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos (art.
116 do CTN) surgindo a obrigação tributária.

Portanto, deve-se estudar e identificar todas as alternativas legais aplicáveis ao caso ou a existência
de lacunas ( " brechas ") na lei, que possibilitem realizar essa operação da forma menos onerosa
possível para o contribuinte, sem contrariar a lei.

Portanto, resta inquestionável que a economia tributária, se resulatante da adoção de uma


alternativa legal, menos gravosa, ou de lacuna da lei, denomina-se elisão fiscal.

Logo, a elisão fiscal é legitima e lícita, pois é alcançada por escolha feita de acordo com o
ordenamento jurídico.

É dever de todo administrador maximizar os lucros e minimizar as perdas.

Por essa razão, o planejamento tributário é um instrumento tão necessário de gestão de negócios,
quanto qualquer outro planejamento, seja de marketing, de vendas, de qualificação de pessoal, de
comércio exterior etc.
Além do mais, o planejamento tributário é a forma que os agentes econômicos têm de ver respeitada
a sua capacidade contributiva, que é princípio geral de direito tributário ( art.145, III, §1° da CF).

Tem sido tentado, com freqüência, passar para a sociedade a falsa idéia de que o planejamento
tributário é algo que prejudica o país, o que, no mínimo, é uma postura lamentável.

A verdade é que as alterações na legislação tributária, são feitas quase que semanalmente, de forma
torrencial, usando e abusando da edição e reedição de medidas provisórias (reedição que não é
autorizada pela CF —art. 62 ), uso e abuso esse que vem sendo tolerado, de forma inexplicável, pelo
Legislativo e pelo Judiciário.

Essas constantes alterações geram confusão e insegurança jurídica.

Além disso, essa legislação se contradiz, com freqüência em muitos pontos, produzindo diversas
alternativas e abrindo lacunas na lei.

Se o agente econômico não for bem assessorado na parte jurídica e contábil, ele não conseguirá
cumprir as infindáveis exigências detalhistas da lei.

Sem um bom planejamento tributário, será muito difícil competir num mercado globalizado e garantir
um bom retorno para o capital investido.

Evasão
Já a evasão fiscal, contrário de elisão, é prática que infringe a lei, cometida após a ocorrência do fato
gerador da obrigação tributária, objetiva reduzi-la ou ocultá-la.A evasão fiscal está prevista e
capitulada na Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de Consumo

( Lei n° 8.137/90). A citada lei, define que constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou
reduzir tributo mediante as condutas discriminadas no seu texto, das quais ressaltamos as seguintes:

a) omitir informação ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;


fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer
natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

b) falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda ,ou qualquer outro documento
relativo a operação tributável;

c) elaborar, distribuir ,fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou
inexato;

d) utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da


obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida á Fazenda
Pública;

e) fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude,
para eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributo.

O PAPEL DO GESTOR E A SONEGAÇÃO


Ao fazer o planejamento tributário, o gestor passa a ter uma visão integrada da administração
econômica e operacional da empresa, renovando quando necessário à forma de administrar,
corrigindo os erros da administração que influenciam na incidência dos impostos.

Ao utilizar as ferramentas próprias para o planejamento tributário, o gestor implanta métodos


administrativos com base técnica, elaborando ações necessárias que facilite a administração e
conduza a redução dos impostos, consequentemente a maximização dos lucros.

Uma boa administração empresarial resulta em agilidade na elaboração e implantação do


planejamento tributário, influenciando diretamente no fluxo do caixa, viabilizando a economia no
pagamento de impostos, portanto, o administrador deve entender que planejar é necessário,
tornando-se determinante para a economia da empresa.
DIDERENCIAL DE ALÍQUOTA

Difal – EC 87/15

Diferencial de alíquotas da EC n° 87/2015 – Necessidade de Lei


Complementar

A Emenda Constitucional (EC) nº 87/15 alterou a Constituição Federal para


prever, desde 1º.01.2016, o recolhimento do diferencial de alíquotas (difal)
nas operações e prestações interestaduais destinadas a não contribuintes
do ICMS, bem como determinar a aplicação da alíquota interestadual
nestas operações.

O Convênio ICMS nº 93/2015, por sua vez, regulamentou os procedimentos


a serem observados nas operações e prestações sujeitas ao recolhimento
do difal da EC 87/15.

A Lei Complementar nº 87/1996 é a lei que dispõe sobre o imposto dos


Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, e dá outras providências.
De acordo com o artigo 146 da Constituição Federal de 1988, cabe à Lei
Complementar, dentre outros aspectos, estabelecer normas gerais em
matéria de legislação tributária, especialmente sobre: definição de tributos
e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados
nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes.

Assim, em regra, não bastaria a publicação de Emenda Constitucional para


alterar a Constituição Federal, com a previsão de um novo recolhimento de
imposto. E, a publicação do Convênio ICMS nº 93/2015, também não supre
a necessidade da Lei Complementar para disciplinar o assunto.

Recentemente, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou


inconstitucional a cobrança do difal da EC nº 87/2015, sem a edição de Lei
Complementar para disciplinar esse mecanismo de compensação. A matéria
foi discutida no julgamento conjunto do Recurso Extraordinário (RE)
1287019, com repercussão geral (Tema 1093), e da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 5469.
Ao final do julgamento, os ministros decidiram que a decisão produzirá
efeitos apenas a partir de 2022, dando oportunidade ao Congresso
Nacional para que edite lei complementar sobre a questão.

Desta forma, até 31.12.2021, cabe a normal cobrança do difal nas


operações interestaduais destinadas a não contribuinte, sendo o remetente
empresa do Regime Periódico de Apuração (RPA).

Sendo o remetente optante do Simples Nacional, não cabe a cobrança do


difal da

EC nº 87/2015, por conta da ADI nº 5464 para suspender a eficácia da


cláusula nona do

Convênio nº 93/2015, que obrigava o Simples Nacional a este


recolhimento.
Destaca-se que, enquanto a decisão liminar da ADI nº 5464, proferida em
2016, afeta apenas os estabelecimentos optantes do Simples Nacional,
afastando a cobrança do difal da EC nº 87/205, a recente decisão da ADI nº
5469 refere-se à cobrança do referido difal em sua essência, pela ausência
de publicação de LC para regulamentá-lo, afetando todos os contribuintes
(RPA e Simples Nacional).

Regulamentação do DIFAL apenas em 2022

Da decisão do STF proferida em 2021, que determinou que a que a


diferença de alíquotas somente pode ser cobrada se instituída por Lei
Complementar; e

– A publicação da Lei Complementar n° 190/2022 ter ocorrido apenas em


2022;

– Para o COMSEFAZ – Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, a


cobrança do DIFAL da EC 87/2015 não será interrompida.

De acordo com nota divulgada (05/01/2022) pelo COMSEFAZ, Estados não


estão obrigados a interromper a cobrança do imposto.
Lei Complementar n° 190/2022 x Lei Kandir

A Lei Complementar n° 190/2022 (DOU 05/01) alterou a Lei


Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996 (Lei Kandir), para
regulamentar a cobrança do Imposto sobre Operações relativas à
Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) nas operações e
prestações interestaduais destinadas a consumidor final não contribuinte
do imposto.

Produção de efeitos

De acordo com o art. 3°, a Lei Complementar n° 190/2022, entra em vigor


na data de sua publicação, observado, quanto à produção de efeitos, o
disposto na alínea “c” do inciso III do caput do art. 150 da Constituição
Federal (art. 3°).

Contribuintes x Constituição Federal – Retorno da cobrança do imposto


Para contribuintes, seguindo a texto constitucional (art. 150, inciso III) a
cobrança deste imposto, somente pode ocorrer no ano seguinte da sua
instituição (2023), desde que respeitado o prazo de 90 dias de publicação
da Lei Complementar.
Contribuintes x Constituição Federal – Retorno da cobrança do imposto

Para contribuintes, seguindo a texto constitucional (art. 150, inciso III) a


cobrança deste imposto, somente pode ocorrer no ano seguinte da sua
instituição (2023), desde que respeitado o prazo de 90 dias de publicação
da Lei Complementar.

O que fazer com este dilema do DIFAL em 2022?

Se a cobrança for mantida pelos Estados, o contribuinte que pretende


garantir o direito de não recolher o DIFAL da EC 87/2015 deve recorrer ao
judiciário!
Superintendência de Tributação

COMUNICADO SUTRI Nº 01, DE 8 DE FEVEREIRO DE 2022.

O Superintendente de Tributação, no uso de suas atribuições, e


considerando,

1. que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 5.469 e o RE nº


1.287.019 (Tema 1093 da Repercussão Geral), decidiu pela necessidade da
edição de lei complementar para que os Estados e o Distrito Federal
possam exigir, a partir de 2022, a diferença entre as alíquotas interna e
interestadual - DIFAL, nas operações e prestações interestaduais
destinadas a consumidor final não contribuinte do ICMS, nos termos
previstos na Emenda Constitucional nº 87, de 16 de abril de 2015;

2. que o Supremo Tribunal Federal modulou os efeitos da decisão em


referência, para o fim de convalidar a cobrança do ICMS-DIFAL relativa aos
fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2021, com base no
cenário legislativo até então existente (ainda sem a lei complementar
federal veiculando normas gerais), exceto para as ações em curso até 24
de fevereiro de 2021, conforme esclarecido pelo referido Tribunal quando
do julgamento de embargos de declaração opostos no RE nº 1.287.019;

3. que, em 5 de janeiro de 2022, foi publicada a Lei Complementar Federal


nº 190, de 4 de janeiro de 2022, alterando a Lei Complementar Federal nº
87, de 13 de setembro de 1996, para regulamentar a cobrança da diferença
entre as alíquotas interna e interestadual - DIFAL, nas operações e
prestações interestaduais destinadas a consumidor final não contribuinte
do ICMS, com fundamento na Emenda Constitucional nº 87, de 2015;

4. que o portal a que se refere o art. 24-A da Lei Complementar Federal nº


87, de 1996, com a redação dada pela Lei Complementar nº 190, de 2022,
foi disponibilizado operacionalmente em 30 de dezembro de 2021, no
endereço eletrônico “difal.svrs.rs.gov.br”, antecipando-se à data prevista
na cláusula sétima do Convênio ICMS 235, de 27 de dezembro de 2021;

5. que a Lei Complementar Federal nº 190, de 2022, em seu art. 3º


estabeleceu a vacatio legis de noventa dias, para a produção dos efeitos de
seus dispositivos;

6. que a cobrança do ICMS-DIFAL no Estado de Minas Gerais já havia sido


instituída por meio da Lei Estadual nº 21.781, de 1º de outubro de 2015,
publicada em 2 de outubro de 2015 e com eficácia a partir de 1º de janeiro
de 2016, COMUNICA que, no Estado de Minas Gerais, após a edição da Lei
Complementar Federal nº 190, de 2022, o ICMS nas operações e prestações
interestaduais destinadas a consumidor final não contribuinte do imposto -
ICMS-DIFAL - será exigido a partir de 5 de abril de 2022.
APLICABILIDADE DA EXIGENCIA DO ICMS EM MINAS GERAIS

ATIVO FIXO E CONSUMO

Artigo 2º do RICMS. Efeitos a partir de 1º/04/2022 - Redação dada pelo


art. 2º e vigência estabelecida pelo art. 7º, ambos do Dec. nº 48.343, de
31/12/2021:

II - na entrada no território do Estado de bem ou mercadoria oriundos de


outro Estado adquiridos por contribuinte do imposto e destinados ao seu
uso ou consumo ou à integração ao seu ativo imobilizado;
Contribuinte do ICMS e a relação com o DIFAL

O fato de ser ou não contribuinte do ICMS importa apenas para definição


de quem é responsável pelo pagamento do DIFAL e para o período de
apuração dele.

Deste modo:

Se o destinatário é contribuinte do ICMS, quem recolhe o DIFAL é o


destinatário;
Se o destinatário não é contribuinte do ICMS, ou seja, não tem inscrição
estadual no estado de destino, a responsabilidade do recolhimento do
DIFAL é do estabelecimento de origem (vendedor).

De modo igual, ser ou não contribuinte do ICMS no estado de destino


interfere na forma de apuração:
Se o destinatário for contribuinte do ICMS no destino, o DIFAL pode ser
apurado mensalmente.
Se o destinatário não for contribuinte do ICMS no estado de destino, ou
seja, consumidor final, o recolhimento do DIFAL é de responsabilidade do
remetente e a guia de recolhimento deve acompanhar a mercadoria
durante o envio.

Artigo 2º do RICMS. Efeitos a partir de 1º/04/2022 - Acrescido pelo art. 2º


e vigência estabelecida pelo art. 7º, ambos do Dec. nº 48.343, de
31/12/2021:

XVI - no início da prestação de serviço de transporte interestadual, nas


prestações não vinculadas a operação ou prestação subsequente, cujo
tomador não seja contribuinte do imposto domiciliado ou estabelecido no
Estado de destino;

XVII - da saída, de estabelecimento de contribuinte, de bem ou mercadoria


destinados a consumidor final não contribuinte do imposto domiciliado ou
estabelecido em outro Estado.
Difal – EC 87/15
STF PERMITE COBRANÇA DE DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA DE ICMS NO
SIMPLES NACIONAL

"É constitucional a imposição tributária de diferencial de alíquota do ICMS pelo estado de destino
na entrada de mercadoria em seu território devido por sociedade empresária aderente ao
Simples Nacional, independentemente da posição desta na cadeia produtiva ou da possibilidade
de compensação dos créditos".

Ministro Edson Fachin disse que cobrança de diferencial de alíquota não viola o princípio da não
cumulatividade

Reprodução
Essa foi a tese de repercussão geral firmada pelo Plenário virtual do Supremo Tribunal Federal ao
negar recurso extraordinário interposto por uma microempresa gaúcha contra a cobrança do
diferencial de alíquota do ICMS. O julgamento se encerra nesta terça-feira (11/5) e a decisão
teve placar de seis votos a cinco.
A microempresa questionou acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que manteve a
validade da cobrança. A corte estadual afirmou que as Leis gaúchas 8.820/1989 e 10.045/1993,
que preveem essa cobrança, não extrapolam a competência atribuída aos estados pelo artigo
155 da Constituição Federal e que a incidência desta sistemática sobre as mercadorias adquiridas
por empresa optante do Simples Nacional possui respaldo no artigo 13 da "lei do Simples" (Lei
Complementar 123/2006).
As leis questionadas dispõem que o tratamento diferenciado dado aos micro e pequenos
empreendimentos não dispensa essas empresas de pagar o ICMS relativo à diferença entre a
alíquota interestadual e a alíquota interna do estado nas entradas de mercadorias ou bens
oriundos de outra unidade da federação. Assim, ao comprar um produto de outro ente federado,
a empresa adquirente deve pagar, no momento da aquisição, a diferença entre a alíquota de
ICMS interestadual e a praticada no Rio Grande do Sul.

O julgamento foi iniciado em 2018 e interrompido por pedido de vista do ministro Gilmar
Mendes. O relator do caso, ministro Edson Fachin, entendeu que é constitucional o diferencial de
alíquota do ICMS cobrado pelo estado de destino na entrada de mercadoria em seu território
quando a empresa optante pelo Simples Nacional faz uma compra.

Fachin apontou que a cobrança do diferencial é expressamente autorizada pela Lei


Complementar 123/2006, que criou o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de
Pequeno Porte.
O magistrado também rejeitou a alegação de ofensa ao princípio da não cumulatividade. Isso
porque o artigo 23 da LC 123/2006 veda, explicitamente, a apropriação ou a compensação de
créditos relativos a impostos ou contribuições abrangidas pelo Simples Nacional. Conforme
Fachin, não há como aderir parcialmente ao Simples Nacional, pagando as obrigações tributárias
centralizadas e com carga menor, mas deixando de recolher o diferencial de alíquota nas
operações interestaduais.
O relator propôs a seguinte tese de repercussão geral: "É constitucional a imposição tributária de
diferencial de alíquota do ICMS pelo estado de destino na entrada de mercadoria em seu
território devido por sociedade empresária aderente ao Simples Nacional, independentemente da
posição desta na cadeia produtiva ou da possibilidade de compensação dos créditos".
O voto de Fachin foi seguido pelos ministros Dias Toffoli, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Nunes
Marques e LuizFux.
Difal – EC 87/15

Esclarece os efeitos da suspensão da eficácia da cláusula nona do Convênio ICMS 93/2015,


em face da concessão de medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI 5.464.

1 - Os contribuintes optantes pelo Simples Nacional que realizarem operações e prestações


interestaduais que destinem bens e serviços a consumidor final não contribuinte do ICMS
ficam desobrigados de recolher a parcela do imposto correspondente à diferença entre a alíquota
interna e a alíquota interestadual que cabe ao Estado de DESINO.

2 -Cabe lembrar que a Lei Complementar n° 190/2022 não vai interferir no Simples Nacional,
porque a Lei Complementar n° 123/2006 não foi alterada!

3 - Já as empresas do Simples Nacional, possuem grandes oportunidades de recuperar


os valores já pagos desde fevereiro de 2016, quando foi deferida, em medida cautelar
na ADI 5464, a suspensão da cobrança
Existem nas rotinas tributárias de uma empresa, diversas particularidades que devem ser
observadas dependendo da situação, e a composição da base de cálculo do ICMS é uma delas.

O melhor jeito de saber se a base de cálculo do ICMS próprio está correta é inicialmente verificando
se existem valores de frete e despesas acessórias cobradas do adquirente. Se existir esses valores
têm de compor a base de cálculo do ICMS.

p. 34
Exemplo:

Valor da mercadoria: R$ 1.500,00

Valor do frete: R$ 500,00

Base de cálculo do ICMS: R$ 1500,00 + R$ 500,00 = R$ 2.000,00


A inclusão do IPI na base de cálculo do ICMS também deve ser observada, mas somente quando a
venda for para consumidor final. A base de cálculo do ICMS está disposta na constituição federal em
seu art. 155 §2, XI, e no art. 13 parágrafo 2º da LC 87/16 e em regra geral não se usa o valor do IPI
na base, mas isso não se aplica quando a operação não for realizada entre contribuintes, ou não
resultar em subsequente industrialização ou comercialização.

A inclusão do IPI na base de cálculo do ICMS também ocorre caso a posterior saída
não seja tributada.
Como regra geral para saber se o adquirente da mercadoria é um consumidor final, é importante
saber o que ele fará com a mercadoria. Se ele destinar a mercadoria para consumo próprio, ou para
integralizar em seu imobilizado, ele será um consumidor final, e isso é independente de ser ou não
um contribuinte de ICMS.

p. 35
Integra a base de cálculo do ICMS também o valor do seguro, e se deduz da base o valor dos
descontos incondicionais concedidos. Então basicamente, tudo o que for cobrado do destinatário,
integra a base de cálculo do ICMS.

Também é importante ressaltar que em termos de descontos, temos dois tipos, os descontos
condicionados, e os incondicionados.

Somente o desconto incondicionado deduz da base de cálculo do ICMS. Uma vez que o desconto
condicionado depende de uma condição futura, ele não afeta a base de cálculo do ICMS.

O desconto condicionado é o desconto que geralmente se encontram em boletos, que diz “se pago
até a data de vencimento, conceder 5% de desconto”, por exemplo. E o incondicionado é o que se
recebe no ato da compra, ou seja, não depende de nenhuma condição para acontecer.

IPI, despesas, fretes e as demais situações aqui citadas, é importante as empresas terem
conhecimento, pois isso impede que as suas notas sejam emitidas incorretamente, e gerem
retrabalhos como emissão de notas complementares, ou demais desconfortos com clientes, ou com o
fisco.

Veja o ICMS, e a sua composição de base de cálculo não só o valor da mercadoria tem muitas outras
questões a serem observadas para encontrar a base correta.

Uma vez encontrada a base correta, deve-se aplicar a alíquota devida de ICMS, para se obter o valor
do imposto a recolher.

p. 36
ICMS Próprio – Base de Cálculo Normal
Composição da Base de Cálculo
O montante do imposto integra a base de cálculo, inclusive nas hipóteses previstas nos incisos I e II
do Art. 43 P. Geral do RICMS, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de
controle. (art. 49 do RICMS/02).

Suponha que a empresa tenha adquirido mercadoria para revenda cujo valor total da NF seja de R$
1.000,00. Neste montante já estará incluído o ICMS Destacado na mencionada NF no valor de R$
180,00 (18%). A contabilização correspondente seria:

Diversos
a Fornecedores 1.000,00
Mercadorias em Estoque (R$ 1000,00 - R$ 180,00) 820,00
ICMS a Recuperar (ou C/C de ICMS) 180,00
Caso a empresa venda à mercadoria com margem de lucro de 100% sobre
o custo, o cálculo do valor
de venda seria efetuado da seguinte forma:
1º) cálculo do valor da venda:

p. 37
R$ 820,00 + 100% = R$ 1.640,00, o valor correspondente representa 82%
do valor da venda, pois não tem o montante do ICMS incidente sobre tal
valor.
82% = 100% - 18%
Valor da venda R$ 1.640,00 = 2.000,00
82%
2º) nota fiscal de venda:
Valor da nota fiscal de venda ...............R$ 2.000,00
ICMS Destacado (18%) ........................R$ 360,00
3º) cálculo da alíquota real (%) R$ 360,00 = x 100 = 21,951%
______
R$ 1.640,00
Pelo demonstrado, pode-se afirmar que o produto em questão foi
efetivamente tributado em 21,951% e não em 18%. A alíquota real foi,
portanto, 21,951% maior que a nominal (1 – 21,951%/18%)*100%.)
p. 38
p. 39
BASE DE CÁLCULO ICMS NA INPORTAÇÃO
Em termos práticos, a base de cálculo do ICMS é calculada da seguinte forma:

Base de Cálculo = (Valor Aduaneiro + II + IPI + PIS + COFINS + Taxa Siscomex + Demais Despesas*) ÷ (1 -
Alíquota devida do ICMS)

Valor do ICMS = Base de Cálculo x Alíquota devida do ICMS

Para ficar mais fácil, darei um exemplo com valores aleatórios:

Valor Aduaneiro: R$ 11.594,56

II: R$ 2.087,02

IPI: R$ 2.052,24

PIS: R$ 191,31

COFINS: R$ 881,19

TAXA SISCOMEX: R$ 214,50

p. 40
ALÍQUOTA DE ICMS - MG: 18%

Primeiro, soma-se o VALOR ADUANEIRO + II + IPI + PIS + COFINS + TAXA


SISCOMEX. Neste nosso exemplo não há nenhuma outra despesa.

R$ 11.594,56 + R$ 2.087,02 + R$ 2.052,24 + R$ 191,31 + R$ 881,19 + R$ 214,50 =


R$ 17.020,82

Depois, para achar o quociente da divisão:


(1 - Alíquota devida do ICMS)
(1 - 18%) = 1 – 18/100 = 1 – 0,18 = 0,82
Assim, a base de cálculo do ICMS na importação será:
Base de Cálculo = R$ 17.020,82 / 0,82 = R$ 20.757,09
Base de Cálculo = R$ 20.757,09
Ou seja, com esta divisão, acabamos de incluir o ICMS na base de
cálculo, por isso que chamamos de "cálculo por dentro".
p. 41
Agora, para encontrar o ICMS que será recolhido na importação
aplicamos diretamente a sua alíquota sobre esta base de cálculo:
Valor do ICMS = BC x Alíquota
Valor do ICMS = R$ 20.757,09 x 18% = R$ 3.736,27
Valor do ICMS = R$ 3.736,27

Bonificações

As mercadorias dadas em bonificação fazem parte do valor da operação e, consequentemente,


da base de cálculo do ICMS, em face da ocorrência do fato gerador do imposto, que é a
circulação de mercadoria, e da inexistência de procedimento específico. Caracteriza bonificação
a concessão feita pelo vendedor ao comprador, entregando-lhe quantidade maior que a
estipulada. Como exemplo de bonificação tem-se a promoção "leve 3 e pague 2".

p. 42
Alíquotas do ICMS

O contribuinte deverá aplicar o percentual de alíquota de acordo com a legislação vigente, sobre
a base de cálculo do imposto que incidirá sobre a operação ou prestação de serviço,
determinando assim, o valor do imposto a ser pago pelo sujeito passivo da obrigação tributária.
Sua variação será de acordo com a essencialidade das mercadorias ou serviço.

Logo, deve-se observar a particularidade de cada mercadoria, pois haverá situações em que
ocorrerá o benefício fiscal concedido pelo Governo Estadual como: a isenção, diferimento,
redução de base, suspensão ou crédito-presumido. Às alíquotas relacionadas com as operações
e prestações de serviços internas (dentro do Estado de Minas), ou nas operações e prestações
de serviços interestaduais, encontram-se, no art. 42 do RICMS/2002, aprovado pelo Decreto
43080/2002.

p. 43
p. 44
II - NAS OPERAÇÕES E PRESTAÇÕES INTERESTADUAIS:

p. 45
p. 46
TRATAMENTO ESPECIFICO PARA APLICAÇÃO DE ALÍQUOTAS:
Para o efeito de aplicação de alíquota, consideram-se operações ou prestações internas:

I - a entrada, real ou simbólica, de mercadoria ou bem importados do exterior por pessoa física ou
jurídica;

II - a arrematação, em licitação, de mercadoria ou bem importados do exterior e apreendidos ou


abandonados;

No retorno de mercadoria depositada por estabelecimento de outra unidade da Federação, a alíquota


aplicável será a mesma adotada quando da remessa para depósito neste Estado.

Para o efeito de aplicação de alíquota, consideram-se operações internas o abastecimento de


combustíveis, o fornecimento de lubrificantes e o emprego de partes, peças e outras mercadorias,
em decorrência de conserto ou reparo, relacionados com veículos de fora do Estado e em trânsito
pelo território mineiro.

Na devolução, total ou parcial, de mercadoria ou bem recebidos, inclusive em transferência, de outra


unidade da Federação, a alíquota aplicável será a mesma adotada no documento que acobertou o
recebimento.

p. 47
ANTECIPAÇÃO TRIBUTARIA DO ICMS

O contribuinte enquadrado como microempresa ou empresa de pequeno porte que


adquirir em operação interestadual mercadoria para industrialização, beneficiamento
ou acondicionamento não industriais complementares à produção primária,
comercialização ou utilização na prestação de serviço, fica obrigado a recolher, a título
de antecipação do imposto, o valor correspondente à diferença entre a alíquota
interna e a alíquota interestadual, observado o disposto no inciso I do § 8º e no § 9º
do art. 43 deste regulamento.

Conforme previsto no § 14 do art. 42 do RICMS, a partir de 01 de janeiro de 2016 a


fórmula de cálculo da Antecipação passou a considerar duas BC distintas, uma para o
ICMS sujeito à alíquota interestadual e outra para o ICMS sujeito à alíquota interna. A
título de exemplo, sugerese a leitura da Orientação Tributária DOLT/SUTRI nº
002/2016, item 1.3.1 (páginas 4 e 5), por instruir sobre a nova forma de cálculo
aplicável, inclusive, à antecipação de alíquota do Simples Nacional. Assim, uma vez
que a malha contempla NF-e emitidas entre 01/06/2014 até 31/12/2017, foram
usadas duas fórmulas para o cálculo da Antecipação: uma para NF-e emitidas até
31/12/2015 e outra para NF-e emitidas a partir de 01/01/2016.
p. 48
p. 49
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