As ações passíveis de matéria tributária podem partir da iniciativa do fisco
com a execução fiscal e todos os seus desdobramentos assegurados pela Lei nº 6.830/80, como também por parte do contribuinte que se sentir lesado por algum motivo.
No que concerne ao contribuinte, classificamos tais ações como ordinárias
por não necessitar de rito especial para seu julgamento e se caracterizam por figurar no polo passivo a Fazenda Pública, diferentemente das execuções fiscais em que ela ocupa o polo ativo. São ações antiexacional, pois não objetivam a execução dos créditos tributários, pelo contrário, tem por finalidade a sua abstenção.
As ações movidas pelo contribuinte contra o fisco são divididas em
declaratórias, anulatórias ou condenatórias, em relação ao primeiro grupo estas podem ser positivas ou negativas. Inserem nessa relação às ações de nomenclatura declaratória, anulatória de débito fiscal, de consignação em pagamento, de repetição de indébito, o mandado de segurança e a ação cautelar, conforme explanado a seguir.
As ações declaratórias têm por finalidade declarar a existência ou não de
relação jurídica quanto ao tributo, alegando para tanto a inocorrência do fato gerador, a falsidade de um documento ou o reconhecimento de sua prescrição são alguns exemplos. É facultado ao contribuinte o depósito do débito, o qual se integral e em dinheiro suspenderá a exigibilidade do crédito tributado. Tal ação poderá ser comutada com repetição de indébito e compensação.
Já as ações anulatórias de débito fiscal busca invalidar o procedimento
administrativo de lançamento do débito, podendo ser proposto também um mandado de segurança. Assim como na ação declaratória o depósito é facultado ao autor e a propositura da ação deverá ser dada após notificação do lançamento ou após a inscrição na Dívida Ativa, seu ingresso implica desistência do processo na via administrativa. Tem-se o prazo de 5 anos para a anulação do lançamento, porém, uma vez proposta a execução fiscal, não será mais possível o ingresso de ação anulatória.
Em relação à ação de consignação em pagamento, nota-se que é cabível
em qualquer caso de recusa ou obstáculo ao pagamento do tributo sem motivo causal. Ou seja, a ação é proposta nos casos de: i) recusa de recebimento do valor; ii) subordinação do recebimento do tributo ao pagamento de outro tributo; iii) subordinação do tributo ao pagamento de venalidade ou do cumprimento da obrigação acessória; iv) subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; v) exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito publico idêntico sobre o fato gerador. Trata-se do pagamento tempestivo do tributo, em que o devedor deposita em juízo para o credor a coisa devida, esta importância é convertida em renda e o crédito extinto.
Entretanto, a ação de repetição de indébito tem como escopo o pedido de
condenação da Fazenda Pública para que restitua tributo pago indevidamente em virtude de erro material, de fato ou de direito. O art. 167 do CTN assegura a restituição da quantia na mesma proporção dos juros de mora e das penalidades pecuniárias da restituição do tributo, porém tal fatalidade deverá ser comprovada. O prazo prescricional é de 5 anos contados da data de extinção do crédito (erro) e da data em que tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha modificado a decisão condenatória da ação rescisória. É possível cumular o pedido de compensação com o de repetição de indébito e se a dívida for prescrita ou decaída, ainda assim caberá repetição.
Quanto ao mandado de segurança tem por intuito proteger direito líquido
e certo independente de prova, lesado ou ameaçado por autoridade que imponha tributação indevida. É possível no mandado pedir compensação na matéria tributária ou declarar sua inconstitucionalidade om o objetivo de cessar tal ameaça ou receio de lesão; deve ser proposta antes do lançamento e não possui prazo para isto. Por fim, a ação cautelar busca obter medidas urgentes e provisórias desde que haja “fumus boni iuris” e “periculum in mora”, ou seja, haja indícios de que o autor está correto e a demora poderá acarretar resultado indevido.
Contudo, é possível observar que há grande proteção também ao
contribuinte no que tange ao débito de Dívida ativa indevido, seja por erro (engano) ou mesmo no intuito de cobrança de valor indevido. No que concerne às garantias legais estabelecidas no ordenamento jurídico hodierno, tanto o fisco quanto o contribuinte encontram-se bem amparados.
REFERÊNCIAS
ESPINDOLA, Rosa. Processo judicial tributário: ações de iniciativa do contribuinte.